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Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe

Associação de Ensino e Pesquisa “Graccho Cardoso”


Autorizada a funcionar por intermédio da Portaria
Ministerial nº 2.246 de 19/12/1997

DISCENTE: MOISÉS DE QUEIROZ PEREIRA MATRÍCULA: 19115037 TURNO: NOTURNO


DOCENTE: Prof FELIPE MENDES
CURSO: DIREITO NOTURNO DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO PERÍODO:2022/2

RELATÓRIO

ASSUNTO ABORDADO: A CONCEITUAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS ESSENCIAIS E INDISPENSÁVEIS


TRAZIDAS PELA LC Nº 194/2022, QUE CRIOU O ART 18-A DO CTN.

REFERÊNCIAS
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 13. ed. São Paulo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp194.htm
https://blog.synchro.com.br/constitucionalidade-da-lei-complementar-no-194-2022/
http://www.molina.adv.br/2022/06/30/lei-complementar-no-194-2022-principais-alteracoes/

I – INTRODUÇÃO

As alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 194/2022 acabou por alterar a Lei nº
5.172/66 - CTN, bem como e Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir), passando a considerar bens
e serviços essenciais os relativos aos combustíveis, à energia elétrica, às comunicações e ao
transporte coletivo.
A interpretação sumária do que propõe o neo-normativo em um primeiro momento deixou
transparecer que o novo regramento seria amplamente recepcionado pela sociedade, face a
significativa diminuição da incidência de impostos, o que em nosso país não é algo comum, mas
não foi isso que aconteceu na realidade.
Diversos motivos podem ser elencados como justificativa para essa inesperada dicotomia e
antagonismo sobre a recepção de tal norma, sendo discutida inclusive a sua constitucionalidade.
O cenário político do Brasil certamente foi um dos fatores que contribuiu para a
polarização da aceitação da nova norma. Por outro enfoque, a interferência da União ao editar tal
lei complementar, o que representou diminuição de arrecadação das receitas dos estados e
municípios, suscitou a violação do tal Pacto Federativo.
II – DESENVOLVIMENTO

O cenário político internacional vigente na época da entrada em vigor da Lei


Complementar nº 194/22, era completamente desfavorável ao consumo de combustíveis, não
somente pela indústria, mas também ao consumidor final.
Corrobora esse pensamento não somente a retomada do consumo no mundo pós-Covid,
com as leis de mercado, oferta x demanda, desajustadas, fruto de um longo período de demanda
reprimida do consumo face o terrível lockdow.
Por outro olhar, a guerra Rússia x Ucrânia, sendo aquela uma das maiores fornecedores de
gás natural e petróleo do mundo, fez o preço do barril do petróleo no mercado internacional
disparar, e obviamente com reflexos no Brasil.
Assim, nesse cenário economicamente desfavorável nasceu a Lei Complementar nº 194/22
que passou a considerar bens e serviços essenciais aqueles relacionados aos combustíveis,
comunicações, energia elétrica, e transporte, sendo a alteração mais significativa as alterações
contidas em seu artigo primeiro, que alterou o CTN. Vejamos:

Art. 1º - A Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário


Nacional), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 18-A:

Art. 18-A. Para fins da incidência do imposto de que trata o inciso II


do caput do art. 155 da Constituição Federal, os combustíveis, o gás
natural, a energia elétrica, as comunicações e o transporte coletivo
são considerados bens e serviços essenciais e indispensáveis, que não
podem ser tratados como supérfluos.

Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo:

I - é vedada a fixação de alíquotas sobre as operações referidas no


caput deste artigo em patamar superior ao das operações em geral,
considerada a essencialidade dos bens e serviços;

II - é facultada ao ente federativo competente a aplicação de


alíquotas reduzidas em relação aos bens referidos no caput deste
artigo, como forma de beneficiar os consumidores em geral; e

III - é vedada a fixação de alíquotas reduzidas de que trata o inciso II


deste parágrafo, para os combustíveis, a energia elétrica e o gás
natural, em percentual superior ao da alíquota vigente por ocasião da
publicação deste artigo.

Sendo a tributação um fator inerente à própria organização do Estado para a consecução


dos seus fins, não se pode afastar a procura por uma sociedade igualitária defendida por nossa
Carta Magna com um dos fins almejados. Desta forma, justifica-se a contestada desoneração de
parte dos impostos que recaem sobre os produtos e serviços objetos das alterações da Lei
Complementar 194/22.
Ainda, sob o ponto de vista principiológico, tal alteração encontra-se estribado sob o
Princípio da Capacidade Contributiva, sendo esse aliás o princípio norteador dos demais princípios
tributários, na medida que promove a isonomia fiscal, resgatando o Estado Social, onde a
diminuição de impostos favorece as classes menos favorecidas economicamente, sabidamente os
maiores recolhedores de impostos em nosso país.

III – CONCLUSÃO

Em que pese o antagonismo político existente no país, e ser contrário às introduções legais
da Lei nº 194/22, uma importante reflexão pode ser trazida à baila: Até que ponto a vontade
política pode promover não só a desoneração de impostos e a promoção de uma sociedade
igualitária?
A edição da Lei 194/22 pode representar uma nova forma de pensar na tributação no país,
pois neste caso, a União comprometeu-se a reparar eventuais perdas de arrecadação dos entes
federativos, o que fulminou o argumento de quebra do Pacto Federativo.
Finalmente, é justo salientar que toda a sociedade se beneficiou com a edição da norma,
que em tempos de pouco crescimento econômico, contribuiu para a estabilização da economia na
medida que significou um contenedor à inflação.

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