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Tratamento da Água de Lavagem dos

Gases da Chaminé das Caldeiras

Resumo Sobre as Normas do CONAMA

Manoel de Almeida
Novembro 2014

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Tratamento da Água de Lavagem dos

Gases da Chaminé das Caldeiras

Resumo Sobre as Normas do CONAMA

Há 02 resoluções do CONAMA que definem os limites máximos de emissão de


particulados e NOx em caldeiras que queimam bagaço de cana (e palha). Para
entender as normas é necessário conhecer 03 conceitos:

1. Conceitos:

1º - Potência Térmica Nominal da Caldeira:


𝑃𝐶𝐼 𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 𝑥 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜
 𝑷𝑻𝑵 = (𝑀𝑊)
𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜

Onde: PCI do bagaço = Poder Calorífico Inferior


O PCI do bagaço varia de acordo com a umidade. A 50% que é a umidade que
o bagaço normalmente alimenta a caldeira, nestas condições podemos
considerar o PCI de 1.700 kcal/kg.

Exemplo: para uma caldeira de 100.000 kg/h de vapor de capacidade nominal,


que queima 50 t/h de bagaço de cana com 50% de umidade, determinar a PTN.
𝑃𝑇𝑁 = 1.700 𝑥 50.000 = 85 𝑥 106 kcal/h
Transformando em MW:
Como 1 W equivale a 0,86 kcal ou 1 kcal = 1,16 W, temos;
85 𝑥 106
𝑷𝑻𝑵 = 𝑥 1,16 = 𝟗𝟖, 𝟔 𝑴𝑾
106

2º. MP - Conforme definição do CONAMA “Material Particulado - MP: todo e


qualquer material sólido ou líquido, em mistura gasosa, que se mantém neste
estado na temperatura do meio filtrante, estabelecida pelo método adotado.”

3º. NOx - Conforme definição do CONAMA: “NOx : refere-se à soma das


concentrações de monóxido de nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2),
sendo expresso como (NO2).”

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2. Resoluções CONAMA: as 02 resoluções do CONAMA sobre as emissões
de caldeiras a bagaço de cana, até o presente momento, são:

a. Resolução nº 382/2006 editada em 26/12/2006.


Artigo 3 - “Ficam estabelecidos, na tabela a seguir, os seguintes limites de
emissão para poluentes atmosféricos provenientes de processos de
geração de calor, a partir da combustão externa de bagaço de cana-de-
açúcar:”

Potencia Térmica
MP(1) NOx(1) como NO2
Nominal (MW)

𝑴𝑾 < 10 280 N.A

𝟏𝟎 ≤ 𝑴𝑾 ≤ 𝟕𝟓 230 350

𝑴𝑾 > 𝟕𝟓 200 350

(1) Os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg/Nm 3, em base


seca e 8% de excesso de oxigênio.
N.A. – não aplicável.

Esta resolução criou duas situações interessantes:


1ª – Como é que fica a queima da palha diretamente sem passar pela moenda?
A palha, sabemos, não é bagaço de cana.
2ª – Caldeiras antigas de baixa tecnologia não estavam conseguindo atender a
emissão de MP estabelecida pela norma 382/2006.

b. Resolução nº 436/2011 - em 22/12/2011 o CONAMA editou uma


segunda resolução, que complementa a resolução 382/2006, definindo o
combustível como biomassa, agora portanto incluindo a palha da cana.
Também alterou os limites máximos, mas somente para caldeiras instaladas
ou com licença de instalação requeridas antes de 02/01/2007.
As alterações foram basicamente estas:
Artigo 1 “Ficam definidos os limites de emissão para poluentes atmosféricos
provenientes de processos de geração de calor, a partir da combustão de

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biomassa de cana-de-açúcar, para fontes instaladas ou com licença de
instalação requerida antes de 2 de janeiro de 2007.”

Artigo 2 “Para aplicação deste anexo devem ser consideradas as seguintes


definições:
2.1 Biomassa de cana-de-açúcar: subprodutos da colheita e
processamento industrial da cana-de-açúcar.”

Desta maneira a Resolução nº 436/2011 editada em 22/12/2011 ficou


assim:
Artigo 3 - “Ficam estabelecidos, na tabela a seguir, os seguintes limites
de emissão para poluentes atmosféricos provenientes de processos de
geração de calor, a partir da combustão externa de biomassa de cana-
de-açúcar:”

Potencia Térmica
MP(1) NOx(1) como NO2
Nominal (MW)

𝑴𝑾 < 50 520 N.A.

𝟓𝟎 ≤ 𝑴𝑾 ≤ 𝟏𝟎𝟎 450 350

𝑴𝑾 > 𝟏𝟎𝟎 390 350

(1) Os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg/Nm 3, em base


seca a 8% de excesso de oxigênio.
N.A. – não aplicável.

3. Comentários:

3.1. Como está escrito acima, a norma 436/2011 vem sendo aceita somente para
caldeiras instaladas antes de 02/01/2007. Caso a caldeira passe por modificação
que seja necessária mudar a Placa de Identificação, por exemplo aumento de
capacidade, ela é então enquadrada na norma 382/2006.

3.2. A resolução 436/2011 estabeleceu um critério de tolerância, que não consta


na 382/2006, que é este:

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Artigo 3, item 3.1: “Deverá ser realizada a verificação do atendimento aos limites
estabelecidos, por meio de amostragem em chaminé, pelo menos uma vez por
safra, nas condições de plena carga. Para esta verificação deverá ser admitida
uma tolerância de 10% devido às incertezas inerentes ao processo de
medição.”

3.3. Quanto ao NOx, as emissões têm atendidas as normas, raramente


passando de 250 mg/Nm3, mesmo nas caldeiras antigas.

3.4. Os lavadores de gases via úmida tipo spray, que são a grande maioria, com
um bom projeto, têm atendido a norma 382/2006. Na compra de uma caldeira
nova, o comprador deve obter a garantia por escrito que a Caldeira irá atender
as normas. No Estado de SP, a CETESB exige esta carta de garantia nos
projetos de licenciamento.

3.5. Para a Usina que for instalar o retentor de fuligem via úmida em caldeira
existente, procurar obter um bom projeto de retentor, que enquadre as emissões
dentro das normas.

3.6. É importante, como já dissemos, se ter água de boa qualidade e em


quantidade para atender um bom retentor. Não adianta um bom projeto de
retentor se a água é de má qualidade e/ou em quantidade insuficiente ou vice
versa.

Obs.: para informações mais completas consultar as normas editadas pelo


CONAMA em seu site.

Manoel de Almeida
03/11/2014

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