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FARMACOVIGILANCIA

DESCRIÇÃO

Farmacovigilância: histórico, métodos, reações adversas, fatores de


riscos e segurança do paciente.

PROPÓSITO

Compreender a Farmacovigilância para fins de conhecimento dos seus


métodos e práticas empregadas no âmbito dos eventos adversos aos
medicamentos e segurança do paciente, sendo um tema de extrema
importância, pois facilitará a sua atuação em diversas áreas de
farmacêutica.

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Farmacovigilância é


a ciência e atividade relacionada com a detecção, avaliação,
compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer outro
problema relacionado com o medicamento. De acordo com a definição,
esta temática é aplicável para prevenir danos de reações adversas em
humanos decorrentes do uso de medicamentos autorizados ou fora dos
termos de autorização de comercialização ou de exposição ocupacional;
como também, promoção da utilização segura e eficaz dos
medicamentos. É, portanto, uma atividade que contribui para a proteção
da saúde pública e dos pacientes.

MÓDULO 1

Descrever o histórico e os métodos da Farmacovigilância

IMPORTÂNCIA DA FARMACOVIGILÂNCIA

As informações coletadas durante a fase de pré-venda do medicamento


são incompletas em relação a reações medicamentosas. Isso ocorre,
principalmente, porque os pacientes participantes dos ensaios clínicos
são limitados em número e não são representativos do público em geral.
Além disso, as condições de uso dos medicamentos diferem daquelas
em prática clínica, e a duração do tratamento também é limitada. Outro
fator que deve ser considerado é que as informações sobre reações
adversas raras, mais graves, toxicidade crônica, uso em grupos
especiais (como crianças, idosos ou mulheres grávidas) ou interações
medicamentosas, muitas vezes, são incompletas. Portanto, a vigilância
pós-comercialização é importante para permitir a detecção de danos
menos comuns, porém, às vezes, são muito graves. Logo, os
profissionais de saúde em todo o mundo devem relatar as Reações
Adversas aos Medicamentos (RAM), pois podem salvar as vidas de seus
pacientes e outros usuários de medicamentos.

OBJETIVOS DA FARMACOVIGILÂNCIA

A Farmacovigilância pretende melhorar o atendimento ao paciente e a


segurança em relação ao uso de medicamentos, bem como melhorar a
saúde e segurança na saúde pública. Além disso, objetiva detectar
problemas relacionados ao uso de medicamentos e comunicar os
resultados de forma oportuna, de modo a contribuir para a avaliação do
benefício, a eficácia e o risco dos medicamentos, encorajando seu uso
seguro, racional e mais eficaz (incluindo custo-benefício). Por fim,
podemos dizer que promove a compreensão, a educação e o
treinamento clínico em Farmacovigilância e a comunicação eficaz com os
profissionais de saúde e a sociedade.

HISTÓRICO DA FARMACOVIGILÂNCIA

A Farmacovigilância começou há cerca de 170 anos, embora ainda não


tivesse esse nome na época. As fases históricas nos ajudam a entender
por que a Farmacovigilância nos ajudou a alcançar resultados tão
importantes para a saúde da sociedade e para a própria Farmacologia,
além de identificar os desafios que aguardam a Farmacovigilância nos
próximos anos. Neste sentido, veremos os marcos que levaram à
evolução das atividades de Farmacovigilância ao longo da história.

Ao contrário da história da Farmácia, a história da Farmacovigilância é


bastante recente. É importante apontar as preocupações passadas dos
médicos com as reações adversas a medicamentos, ilustradas em
Hipócrates primum non nocere (primeiramente, não cause danos), até o
nascimento e desenvolvimento da Farmacovigilância, que ocorreu em
uma fase posterior e progressiva. Essa evolução se deu por meio de
problemas de Farmacovigilância, debates e escândalos que surgiram no
século XIX, sendo alguns dos que impulsionaram uma legislação com
intuito de proteger os pacientes, no sentido de segurança, por meio da
criação de agências nacionais ou supranacionais. Descrever a história da
Farmacovigilância requer certas questões representativas das principais
fases da história da segurança de medicamentos e as consequências na
sociedade.

O primeiro exemplo de um problema de segurança que levou a uma


reflexão coordenada e racional sobre Farmacovigilância é fornecido
pelo clorofórmio, descoberto na França por Eugène Soubeiran em
1831. Embora a primeira anestesia geral tenha sido aplicada
publicamente com éter por William Morton, em Boston, em 1846, o
clorofórmio foi usado pela primeira vez como um anestésico obstétrico
em Edimburgo, em 1847, por James Young Simpson. O clorofórmio
alcançou a fama alguns anos depois, quando a rainha Vitória foi
anestesiada com a substância para o nascimento do oitavo filho dela em
1853. No entanto, desde os primeiros anos após seu uso, a atenção foi
atraída por acidentes fatais na forma de síncope, conhecidos como
“síncope induzida por clorofórmio”. As mortes também foram relatadas
com o éter e, devido à crescente preocupação do público em geral e dos
médicos, o The Lancet criou uma comissão incitando médicos do Reino
Unido e suas colônias a relatarem quaisquer mortes relacionadas com a
anestesia, coleta de dados e publicação dos resultados em 1893. Este foi
o primeiro exemplo de uma notificação solicitada, associada com
estimativas de incidência, que deu ao clorofórmio uma desvantagem
clara em comparação ao éter, e o levou às primeiras descrições,
quarenta anos depois, de mortes ligadas ao clorofórmio e, finalmente, à
sua substituição em favor do éter.

O Laboratório Bayer estudou os efeitos da diacetilmorfina em um


experimento em pacientes com tuberculose, e identificou que a
substância era extremamente eficaz e poderosa. Animados com os
resultados, os gerentes dos Laboratórios Bayer pensaram que a
diacetilmorfina deveria ser clinicamente classificada como um
"medicamento heroico’’. Portanto, deram-lhe o nome de Heroína e a
comercializaram, em 1898, como antitússico e analgésico. No entanto, o
poder viciante da Heroína inevitavelmente veio a ser reconhecido.
Centenas de milhares de pessoas se tornaram dependentes da droga no
início da década de 1910 (um número de 500.000 pacientes
dependentes foi relatado nos EUA). Os primeiros passos para limitar o
uso clínico desta droga foram tomados em 1912 e o Laboratório Bayer
interrompeu sua produção em 1913. Contudo, desde então, o uso da
Heroína, que está bem estabelecido como droga de abuso, continua a
causar estragos em todo o mundo.

Deixando o século XIX para trás, agora podemos ver o que aconteceu no
século XX. A sulfanilamida foi sintetizada em 1908, mas não foi usada
até 1935, ano que uma equipe do Instituto Pasteur demonstrou que este
produto era na verdade o metabólito sulfonamida ativo e incolor,
sulfamidocrysoïdine (Prontosil), um corante azólico de sulfonamida,
inicialmente destinado a tintas de carpete, mas para o qual Gerhard
Domagk identificou propriedades antiestreptocócicas. Embora tenha sido
colocado no mercado na forma de comprimidos ou cápsulas nos EUA, o
desenvolvimento comercial da sulfanilamida levou uma pequena
empresa do Tennessee a solubilizar o produto em dietilenoglicol e
comercializar Elixir Sulfanilamida em 1937, sem realização de nenhum
teste toxicológico. Muito rapidamente, uma relação foi estabelecida entre
uma série de mortes por insuficiência renal e a comercialização desta
nova forma farmacêutica de sulfanilamida, envolvendo a toxicidade do
medicamento ao solvente utilizado na sua formulação. Uma campanha
de recall foi organizada em grande escala pela Food and Drug
Administration (FDA), minimizando assim as consequências desta
tragédia responsável pela morte de 105 pessoas, incluindo 34 crianças.
Um ano depois, em 1938, o presidente Franklin Roosevelt assinou a
Federal Food, Drug and Cosmetics Act, que incluiu na lei a necessidade
de as empresas farmacêuticas apresentarem um relatório ao FDA sobre
a segurança de todos os medicamentos. Pela primeira vez, os dados de
segurança sobre os medicamentos eram necessários antes de serem
colocados no mercado. Um primeiro passo foi dado para a avaliação do
risco-benefício dos medicamentos.

Ampola de Prontosil ®.
Em 1948, um caso muito emblemático da Farmacovigilância foi o da
substância dietilestilbestrol (DES), ocorrido na Alemanha, e que mudou
a perspectiva sobre os riscos da medicação durante a gravidez,
mostrando que os efeitos dos medicamentos usados pelas mães e que
afetam os filhos no útero podem vir à tona muito tempo após a
exposição.

O DES, um estrogênio não esteroide, foi amplamente usado a partir de


1948 na prevenção dos riscos de aborto espontâneo. A vantagem deste
produto nesta indicação particular foi, no entanto, contestada e, dez anos
depois, demonstrou-se sua ineficácia em um ensaio clínico rigoroso,
controle vs. placebo. Vinte anos depois da sua comercialização, nos
EUA, Herbst e colaboradores viram 7 casos de adenocarcinoma vaginal
em mulheres jovens de 15 a 22 anos em seu atendimento ginecológico
em Boston. A sugestão da mãe de uma das mulheres foi de que o DES
administrado durante a gravidez poderia ser o culpado, junto com a
raridade de tais cânceres nesta idade e a ligação com adenose vaginal, o
que incitou os ginecologistas a realizarem um estudo de caso-controle
em 8 casos de adenocarcinoma vaginal e 32 indivíduos de controle, para
os quais 7 fatores de correspondência foram tomados em consideração.
A ligação desses cânceres ao uso de dietilestilbestrol foi claramente
estabelecida no estudo, já que 7 entre 8 mães, cujas filhas estavam
sofrendo de adenocarcinoma, foi tratada com DES durante a gravidez,
em comparação com nenhuma no grupo controle. Os riscos foram
posteriormente estudados com mais profundidade, além disso, foi
observado um risco de mal formação do útero e da tuba uterina nos
bebês do sexo femininos. Assim, as mulheres cujas mães fizeram uso de
DES durante a gravidez eram mais suscetível a esterilidade, gravidez
extrauterina e a abortos espontâneos repetidos. Alguns riscos eram
identificados em pacientes de terceira geração, e não preocupavam
apenas meninas, uma vez que anormalidades no sistema geniturinário
também eram possíveis em meninos.

Ocorrido na França, em 1954, o episódio do Stalinon é particularmente


importante. Um ano antes, um químico de um pequeno laboratório
decidiu combinar, na forma de pérola (uma antiquada forma galênica),
um subproduto orgânico derivado de estanho (diiododietil de estanho, 15
mg/pérola) usado como antiestafilocócico. Problemas de instabilidade do
estanho foram escondidos e a quantidade de sais de estanho em cada
pérola variava consideravelmente de um lote de Stalinon para outro. Os
perigos do Stalinon foram rapidamente identificados depois de sua
comercialização, especialmente, na área de Niort, onde três mortes
suspeitas levaram um clínico a denunciar a neurotoxicidade do produto.
O número final de mortes subiu para 102, resultando, principalmente, em
encefalopatia, e mais de cem pacientes desenvolveram sequelas
neurológicas graves e irreversíveis.

Em 1971, o FDA reagiu muito rapidamente nos EUA, onde uma


contraindicação para DES durante a gravidez foi decidida e um registro
americano de casos de adenocarcinoma vaginal foi configurado.
Infelizmente, este não foi o caso na França, onde a reatividade foi lenta e
foi estimado haver 160.000 casos de exposição a DES no útero. A
história do DES foi uma das primeiras a habilitar farmacoepidemiologia
- backup espontâneo de notificação - para tomar uma decisão rápida.
Não era assim, até que dez anos depois a Farmacoepidemiologia foi
reconhecida no domínio da Farmacovigilância.

Não há dúvida de que a avaliação de risco e risco-benefício de


medicamentos continuará a evoluir no futuro, ao custo de mudanças,
polêmicas e desafios dos sistemas existentes. Mas você não deve
esquecer que a Farmacovigilância é construída dia a dia, unindo forças
com todos os envolvidos, incluindo os pacientes e suas associações,
uma vez que o objetivo é garantir aos pacientes a segurança ideal no uso
dos medicamentos que obtiveram autorização de venda. A seguir, você
pode identificar uma relação cronológica com os eventos marcantes na
história da Farmacovigilância.

Eventos na história da Farmacovigilância


1848
Um paciente de 15 anos morreu durante a anestesia de rotina com
clorofórmio. O paciente tinha problema de unha encravada do dedo do
pé e, para removê-la, recebeu clorofórmio, o que lhe causou fibrilação
dos ventrículos, levando-o a falecer.

1893
Lancet iniciou a fundação de uma comissão e começou a coleta de
notificações sobre efeitos colaterais.

1936
Nos EUA, 107 casos letais após sulfanilamidas (dietilenoglicol foi usado
para solubilizar).

1938
Lei Federal de Alimentos e Medicamentos dos EUA - exigia que os
produtos farmacêuticos fossem "puros" e "livres de qualquer
contaminação" (nada sobre a eficácia).
A TRAGÉDIA DA TALIDOMIDA (1957-1961)
A talidomida entrou pela primeira vez no mercado alemão em 1957 como
um medicamento de venda livre, com base nas alegações de segurança
do fabricante. Eles anunciaram seu produto como "completamente
seguro" para todos, incluindo mãe e filho, "mesmo durante a gravidez",
pois seus desenvolvedores "não conseguiam encontrar uma dose alta o
suficiente para matar um rato". Em 1960, a talidomida era comercializada
em 46 países. Nessa época, o obstetra australiano Dr. William McBride
descobriu que a substância também aliviava os enjoos matinais. Ele
passou a recomendar o uso off-label do medicamento para suas
pacientes grávidas, estabelecendo uma tendência mundial. Muitas
crianças, na década de 1960, nasceram com focomelia, um efeito
colateral do medicamento talidomida, resultando no encurtamento ou na
ausência dos membros.

1961
Dr. William McBride (Austrália) relatou aumento de 20% nas anomalias
fetais e focomelia em relação ao uso da talidomida, posteriormente
numerosos relatórios de outros países (mais de 4000 casos).

1962
Emenda dos EUA Kefauver-Harris à lei (requisito para provar a
segurança e eficácia antes de emitir MA).

1964
O Reino Unido iniciou o sistema de “cartões amarelos”.

1965
A União Europeia emitiu a Diretiva CE 65/65 - primeira diretiva
farmacêutica europeia. A diretiva foi uma reação à tragédia da talidomida
no início da década de 1960 e visava estabelecer e manter alto nível de
proteção da saúde pública na Europa.

1968
O Projeto Piloto da Organização Mundial da Saúde começou a reunir
reações adversas a medicamentos de vários países.

1997
ICH E2B adotou o padrão de relatório eletrônico aprovado mundialmente.

1999
Institute of Medicine - relatório sobre erros e questões de risco.
Introdução de conceitos de gerenciamento de risco.

2001
Diretrizes para relatórios de segurança pós-comercialização - FDA
Orientações sobre como relatar eventos adversos na fase pós-
comercialização

2002
PDUFA III - Leis sobre taxas de usuários de medicamentos controlados
permitiram que a FDA cobrasse taxas.

2004
Esboço das diretrizes de gestão de risco.

2005
Diretrizes finais de gestão de risco.

2014
Boas Práticas de Farmacovigilância para Medicamentos.

SISTEMAS DE FARMACOVIGILÂNCIA

O sistema de Farmacovigilância envolve a coleta, o monitoramento, a


pesquisa e a avaliação das informações recebidas de médicos, dentistas,
farmacêuticos, enfermeiras e de outros profissionais de saúde para
compreender a reação adversa ao medicamento. A definição de
Farmacovigilância inclui o monitoramento de todas as drogas
farmacêuticas e de outros produtos médico-hospitalares, incluindo
vacinas, meios de contraste de raios-X, medicamentos tradicionais e
fitoterápicos, especialmente quando a reação é incomum, potencialmente
séria, ou clinicamente significativa.

FARMACOVIGILÂNCIA EM DIFERENTES PAÍSES / REGIÕES

Todas as regiões do mundo têm seu próprio sistema de


Farmacovigilância particular, embora tenham como base comum as
diretrizes da OMS.

Farmacovigilância na Europa
O sistema de Farmacovigilância na Europa é coordenado pela Agência
Europeia de Medicamentos (AEM) e conduzido pelas Autoridades
Nacionais Competentes. A AEM mantém e desenvolve a base de dados
de Farmacovigilância que inclui todas as suspeitas de reações adversas
graves a medicamentos observadas na região europeia. Lá, o sistema de
Farmacovigilância é denominado EudraVigilance e contém bancos de
dados separados, mas semelhantes, de reações humanas e veterinárias.

Farmacovigilância nos Estados Unidos


Neste país, a Farmacovigilância tem uma abordagem multifacetada. Três
ramos da Farmacovigilância nos EUA podem ser definidos pela FDA; os
fabricantes de produtos farmacêuticos; e as organizações acadêmicas
sem fins lucrativos como RADAR e Public Citizen. Já a Food and Drug
Administration (FDA) dos Estados Unidos recebe relatórios sobre
reações adversas a medicamentos e toma as medidas adequadas para a
segurança dos medicamentos.

Farmacovigilância na Índia
A Central Drugs Standard Control Organization (CDSCO), do Ministério
da Saúde e Bem-Estar da Família do governo da Índia, lançou o
Programa Nacional de Farmacovigilância (NPP) em novembro de 2004.
A Farmacovigilância no país foi baseada nas recomendações da OMS
feitas no documento intitulado Monitoramento de Segurança de Produtos
Medicinais: Diretrizes para Criação e Funcionamento de um Centro de
Farmacovigilância. Todo o país é dividido em zonas e regiões para
eficiência operacional. A CDSCO, em Nova Delhi, está no topo da
hierarquia, seguida por outros dois centros de Farmacovigilância, Seth
GS Medical College, em Mumbai e AIIMS, em Nova Delhi.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) NO


BRASIL

O papel essencial da ANVISA é garantir a segurança pública no uso de


medicamentos através de uma série de ações. Com relação à
Farmacovigilância, essas ações incluem o gerenciamento de relatórios
de suspeita de RAM, realização de estudos pós-autorização,
gerenciamento de bancos de dados de relatórios suspeitos de RAM,
treinamento e distribuição de produto relatórios de segurança e fichas de
dados. O sistema do Brasil é coordenado pelo Centro Nacional de
Monitoramento de Medicamentos (CNMM), com sede em Brasília,
através da Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à
Vigilância de Saúde (GGMON), que coordena o Sistema de Notificação
de EAM (Eventos Adversos relacionados com Medicamentos),
denominado VigiMed, e também pratica vigilância ativa por meio da Rede
Hospital Sentinela. Ambas são estratégias de Relatórios de Vigilância em
Saúde e Sistema de Investigação na Vigilância Pós-Comercialização
(VIGIPOS).

OS SISTEMAS DE FARMACOVIGILÂNCIA NO BRASIL E NO


MUNDO.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. A Farmacovigilância é a ciência responsável pela detecção e análise


de eventos adversos com medicamentos. Muitos desses eventos podem
variar em gravidade, que vai desde leves sintomas passageiros à morte.
Dentre os eventos que marcaram a Farmacovigilância, assinale o que foi
considerado mais emblemático:
Mortes causadas pelo clorofórmio, usado como agente anestésico.

Dietilenoglicol foi usado para solubilizar sulfonilamidas.

A tragédia da Talidomida.

Lançamento das Boas Práticas de Farmacovigilância para


Medicamentos.

Reino Unido iniciou o sistema de “cartões amarelos”.

Responder
Comentário

2. Assinale a alternativa a seguir, que representa o sistema de


notificação de RAM no Brasil e sua agência reguladora.

Notivisa - FDA

RADAR - FDA

GGMON - ANVISA

EudraVigilance - AEM

Vigimed - ANVISA

Responder
Comentário
MÓDULO 2

 Classificar as Reações Adversas aos Medicamentos (RAM) e seus


fatores de risco

EVENTOS ADVERSOS AOS MEDICAMENTOS

A terapia moderna melhorou a forma de como as doenças são tratadas e


obteve muito sucesso. Ainda assim, as Reações Adversas aos
Medicamentos (RAM) são causas comuns de morbidade e mortalidade
evitáveis.

Estudos têm mostrado que RAM são a quarta causa de morte nos EUA.
A literatura também demonstra que as RAM são uma das principais
causas de internação hospitalar, permanência hospitalar prolongada e
gastos adicionais em dinheiro e perda de tempo da equipe de saúde,
bem como baixa satisfação do paciente.

Também é relatado que as admissões hospitalares relacionadas à RAM


representavam 10% de todas as hospitalizações. No momento em que o
medicamento é comercializado, pouco se sabe a respeito de sua
segurança, pois, geralmente, apenas cerca de 1.500 pessoas podem ter
sido expostas ao medicamento durante os testes clínicos. Assim, apenas
os casos de RAM que ocorrem em uma frequência maior que 1 em 500
terão sido detectados antes que o medicamento seja comercializado.

Além disso, a composição genética das pessoas que participam dos


ensaios clínicos, não é representativa de toda a população que tomará o
medicamento após a comercialização. Podemos encontrar na literatura
que a avaliação de RAM, portanto, é provavelmente o aspecto mais
importante do tratamento medicamentoso.

ALGUMAS DEFINIÇÕES

Conheça os termos relacionados a Reações Adversas aos


Medicamentos (RAM):

Clique nas barras para ver as informações.


REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS
A Organização Mundial da Saúde define RAM como uma resposta ao
medicamento que é nociva e não intencional e que ocorre em doses
normalmente usadas em humanos para a profilaxia, diagnóstico ou
terapia de doenças ou para a modificação de funções fisiológicas. As
RAM, ao contrário de eventos adversos a medicamentos, incluem
relação causal entre o fármaco e sua ocorrência, também são
diferenciadas dos efeitos colaterais que podem ser benéficos.
EVENTO ADVERSO DE MEDICAMENTO (EAM)
É qualquer ocorrência clínica desagradável que pode se apresentar
durante o tratamento com um medicamento, mas não tem
necessariamente relação causal direta com este tratamento. Evento
adverso a medicamento refere-se a qualquer resultado adverso ocorrido
durante o tratamento, mas não necessariamente causado pelo
mecanismo de ação do medicamento. A reação adversa ao medicamento
é um evento adverso em que a natureza e a gravidade não são
consistentes com a rotulagem ou autorizações de mercado ou esperada
da caracterização do medicamento.
EFEITO COLATERAL
É qualquer efeito indesejado de um produto farmacêutico, ocorrendo em
doses normalmente usadas por um paciente, que está relacionado às
propriedades farmacológicas e ao mecanismo de ação do medicamento.
Esta definição foi formulada para incluir efeitos colaterais que, embora
não sejam o objetivo principal da terapia, podem ser benéficos em vez de
prejudiciais, por exemplo, um agente β-bloqueador usado para tratar
hipertensão pode, por β-bloqueio, também aliviar a angina do paciente.
EVENTO SENTINELA
É um incidente grave, seja pelo dano, seja pelo risco do dano, ou mesmo
pelo desgaste da imagem institucional, que merece ser investigado pelo
método mais robusto como a análise de causa raiz.
EVENTO ADVERSO GRAVE
É qualquer ocorrência clínica desagradável que em qualquer dose resulta
em morte, ou requer hospitalização do paciente ou prolongamento da
hospitalização existente, resultando em deficiência persistente ou
significativa ou anomalia congênita.
ERRO DE MEDICAÇÃO
É qualquer evento evitável que pode causar o uso inadequado de
medicamentos ou danos ao paciente enquanto o medicamento está sob
controle do profissional de saúde ou do paciente. Pode estar relacionada
à prática profissional, aos procedimentos de cuidado à saúde como
prescrição, dispensação, manipulação, rotulagem, distribuição,
administração, monitoramento e uso de medicamentos.
FATORES PREDISPONENTES A REAÇÕES ADVERSAS A
MEDICAMENTOS

Os riscos de desenvolver RAM são multifatoriais. Eles incluem fatores


relacionados aos medicamentos, ao paciente, a doenças e fatores
sociais. Em seguida, você poderá compreender a classificação desses
fatores.

Fatores relacionados ao medicamento

Dose e frequência do medicamento


A dose do medicamento, a frequência de administração e a hora do dia
em que o medicamento é administrado afetam significativamente a
ocorrência de RAM. A aspirina, por exemplo, quando ingerida à noite,
produz uma melhor ação antiplaquetária. Já os diuréticos, como a
bendrofluazida, não devem ser tomados à noite, para evitar distúrbios do
sono.

Politerapia
Envolve a prescrição de muitos medicamentos ao mesmo tempo para um
único paciente. Um único paciente (especialmente, os idosos) pode ser
atendido por prescritores diferentes para suas várias condições de
doença que podem resultar em politerapia ou polimedicação. É
relatado na literatura que pacientes acima de 65 anos usam em média 2
a 6 medicamentos prescritos e 1 a 3 medicamentos não prescritos. Outro
exemplo importante descrito na literatura é o fato de que o paciente
tratado com anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) e corticosteroides
ao mesmo tempo pode ter 15 vezes mais riscos de desenvolver úlcera
péptica do que os pacientes que não tomam nenhum dos dois
medicamentos.

Erro de medicação
É clinicamente errado usar dois medicamentos da mesma classe e
eficácia para tratar uma condição de doença, porque promoverá a
ocorrência de RAM, por exemplo, uso de dois AINE ou anti-histamínicos
terapeuticamente equivalentes.
Fatores relacionados ao paciente

Idade: A idade tem um efeito significativo no desenvolvimento de RAM,


especialmente, nas idades extremas (pacientes pediátricos e geriátricos).
Erros devido ao cálculo da dose pediátrica levam a RAM em muito mais
casos do que em adultos, devido à sua natureza frágil. Pacientes idosos
apresentam baixa quantidade de água no corpo levando ao aumento dos
tecidos adiposos em relação à proporção de água. Isso faz com que
fármacos solúveis em água atinjam maior concentração devido à
presença de menos água para dissolvê-los. Por outro lado, nesses
pacientes, fármacos muito solúveis em lipídios apresentam menor
concentração quando comparados a indivíduos mais jovens. Isso se
justifica pela presença de alto teor de gordura para dissolvê-los.

Gênero: Os homens diferem das mulheres na motilidade do trato


gastrintestinal (TGI), também têm maior peso corporal, tamanho dos
órgãos internos e filtração glomerular, mas menor gordura corporal.
Esses fatores afetam tanto a Farmacocinética quanto a
Farmacodinâmica do medicamento. Menstruação, gravidez e menopausa
são peculiares às mulheres, sua ocorrência pode afetar
significativamente as ações do medicamento.

Gravidez: Durante a gravidez ocorrem várias alterações fisiológicas que


podem afetar a farmacocinética dos medicamentos, bem como a
farmacodinâmica. Durante a gravidez, as RAM podem afetar apenas a
mãe, o feto ou ambos.

Desenvolvimento fetal: O feto é sensível a fármacos na circulação


materna devido à sua natureza frágil, baixo metabolismo e capacidade
de excreção que podem causar teratogenicidade. Esses efeitos adversos
dependem do tipo e da quantidade do medicamento ingerido, da duração
e do estágio de crescimento fetal.
Função renal: A doença renal altera a taxa de depuração e metabolismo
do medicamento, levando à sua toxidez e baixo efeito terapêutico, que
pode ser diagnosticado pelo nível de depuração da creatinina. A
insuficiência renal também afeta a depuração não renal do medicamento,
introduzindo outra doença ou infecção que leva à possibilidade de RAM.

Alergia: Antígenos de reação cruzada independentes de fármacos


podem desencadear sensibilizações que podem se tornar alergia a
medicamentos. A utilização de sulfonamidas e os antibióticos β-
lactâmicos, por exemplo, é uma causa comum de alergia a
medicamentos.

Fatores relacionados à doença


A presença de várias doenças ao mesmo tempo predispõe o paciente à
interação fármaco-doença que pode eventualmente levar a RAM. Por
exemplo, aumento na frequência de toxicidade idiossincrática com
medicamentos anti-infecciosos, como sulfametoxazol/trimetoprima. A
literatura aponta que a AIDS aumenta a possibilidade de desenvolver
RAM, como a síndrome de Stephen Jonson e a necrose epidérmica
tóxica.

Fatores sociais

Polimorfismo genético
Acredita-se que a origem étnica seja controlada por fatores genéticos
que são responsáveis pelo polimorfismo genético, por diferenças
individuais na capacidade enzimática de metabolizar os medicamentos,
diferenças nos receptores e transportadores de fármacos. A literatura
atual indica que pacientes que desenvolveram RAM têm mais CYP1A2,
com combinações de alelos baixos (8/12; 67%) e menos CYP1A2-mRNA
do que pacientes que não desenvolveram RAM (6/22; 27%).

Álcool
O álcool afeta o metabolismo dos fármacos e promove o
desenvolvimento de RAM. O consumo de álcool com AINE por paciente
com úlcera péptica ou gastrite pode causar hemorragia interna, por
exemplo. A ingestão simultânea de álcool com alguns fármacos leva a
muitas RAM, como náuseas, vômitos, dor de cabeça, sonolência,
desmaios e hipotensão.

Tabagismo
O tabagismo é identificado como um dos fatores de risco para úlcera
péptica, doenças cardiovasculares e câncer. A investigação clínica prova
que, em média, os fumantes diabéticos insulinodependentes precisam de
15-20% a mais de insulina do que os não fumantes e até 30% mais para
os fumantes pesados.

CLASSIFICAÇÃO DE EVENTO ADVERSO A MEDICAMENTO

Na verdade, há uma grande variedade de sistemas de classificação


possíveis para reações adversas a medicamentos e pode parecer que
qualquer sistema amplamente aceito daria uma resposta razoável, desde
que se mantivesse o mesmo sistema para toda a resposta. Não está
claro na literatura qual sistema de classificação é o mais adequado.

Um evento adverso ocorre durante a terapia medicamentosa, mas não


tem necessariamente uma relação causal com o mecanismo de ação, ao
passo que uma reação adversa está diretamente relacionada ao
medicamento e ocorre no curso de seu uso apropriado. Os eventos
adversos podem ser classificados como:

Clique nas informações a seguir


Tipo A
Tipo B
Tipo C
Tipo D
Tipo E
Tipo F

CLASSIFICAÇÃO DA OMS

De acordo com a OMS, as RAM podem ser classificadas como:

Clique nas barras para ver as informações.


DEFINIDA
• Evento ou anormalidade de teste laboratorial, com plausível relação do
tempo com a ingestão do medicamento
• Não pode ser explicada por doença ou outros medicamentos
• Resposta à retirada plausível (farmacologicamente ou patologicamente)
• Evento definitivo farmacologicamente ou fenomenologicamente (uma
objetiva e específica desordem clínica ou fenômeno farmacológico
reconhecido);
• Reutilização do medicamento (se necessário)
PROVÁVEL
• Evento ou anormalidade de teste laboratorial, com relação de tempo
razoável com a ingestão do medicamento
• Improvável atribuição a uma doença ou outro medicamento
• Resposta à retirada clinicamente razoável
• Reutilização do medicamento desnecessária
POSSÍVEL
• Evento ou anormalidade de teste laboratorial, com relação de tempo
razoável com a ingestão do medicamento
• Também pode ser explicado por doença ou outro medicamento
• Informações sobre a retirada do medicamento em falta ou pouco claro
IMPROVÁVEL
• Evento ou anormalidade de teste laboratorial, com um relacionamento
com o tempo de uso do medicamento improvável (mas não impossível)
• Doenças ou outros medicamentos fornecem explicações plausíveis

OUTROS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO PARA REAÇÕES


ADVERSAS A MEDICAMENTOS

Você também pode encontrar na literatura classificações que são de


acordo com a possibilidade que os eventos adversos apresentam de
ocorrer em qualquer paciente ou determinada população suscetível.

Reações que podem ocorrer em qualquer pessoa:

Overdose de medicamentos
Reações tóxicas ligadas ao excesso de dose ou excreção prejudicada,
ou a ambos

Efeito colateral do medicamento


Efeito farmacológico indesejável nas doses recomendadas

Interação medicamentosa
Ação de um medicamento na eficácia ou toxicidade de outro
medicamento

Reações que ocorrem apenas em pessoas suscetíveis:

• Intolerância a drogas: Baixo limiar para a ação farmacológica normal


de uma droga.

• Idiossincrasia de medicamentos: Reação anormal qualitativamente


determinada geneticamente a um fármaco, relacionada a uma deficiência
metabólica ou enzimática.

• Alergia a medicamentos: Reação mediada imunologicamente,


caracterizada por especificidade, transferibilidade por anticorpos ou
linfócitos e recorrência na reexposição.

• Reação pseudoalérgica: Reação com as mesmas manifestações


clínicas de uma reação alérgica (por exemplo, como resultado da
liberação de histamina), mas sem especificidade imunológica.

• Reações esperadas: Extensões do efeito terapêutico; efeitos colaterais


indesejáveis; interações com outros medicamentos.

• Reações inesperadas: Anafilaxia; reações alérgicas; erro de


prescrição; erros de administração; reações do metabolismo
idiossincrático, levando ao aumento ou diminuição da depuração.

• Interação com o ambiente de cuidados intensivos: Depuração por


diálise ou plasmaferese; interação com dispositivos médico-hospitalares.

EXEMPLOS DE CLASSIFICAÇÃO DE RAM E APLICAÇÃO DO


ALGORÍTIMO DE NARANJO.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
2. Como podemos classificar uma RAM cujo evento ou anormalidade de
teste laboratorial, com relação de tempo razoável com a ingestão do
medicamento e há improvável atribuição a uma doença ou outro
medicamento?

Definida

Improvável

Provável

Possível

Certa

Responder
Comentário

2. Dentre os fatores que podem causar RAM, há o que é mais atribuído a


pacientes idosos. Assinale a alternativa que representa esse fator:

Dose

Alergia

Gravidez

Politerapia
Gênero

Responder
Comentário

MÓDULO 3

Descrever os métodos de Farmacovigilância e sua relação com a


segurança do paciente

MÉTODOS DE FARMACOVIGILÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM A


SEGURANÇA DO PACIENTE

As RAM representam um fardo importante nos cuidados de saúde, pois


elas estão entre a quarta e sexta principais causas de morte e levam a
US $ 1,56 a US $ 4 bilhões em custos hospitalares diretos por ano nos
EUA. A metodologia de detecção e monitoramento de RAM varia
amplamente e, nas últimas décadas, várias abordagens para
Farmacovigilância foram desenvolvidas.

A seguir, você verá alguns dos métodos mais utilizados na


Farmacovigilância:

Clique nas barras para ver as informações.


NOTIFICAÇÃO ESPONTÂNEA
É a notificação de uma potencial RAM por um membro da equipe de
saúde ou cidadão. É o principal método utilizado no mundo, mas a
subnotificação é um problema. O Programa da Organização Mundial da
Saúde (OMS), o International Drug Monitoring, depende de relatórios
espontâneos de mais de 100 países, incluindo o Brasil, e constrói uma
base de dados global para identificar possíveis relações entre o uso de
um medicamento e efeitos adversos e RAM.
MONITORAMENTO INTENSIVO
É o padrão-ouro, no qual uma equipe de especialistas examina
prospectivamente os pacientes hospitalizados e aplica critérios para
identificar e classificar RAM. No entanto, é extremamente caro e requer
tempo de rotina. O Brasil utiliza essa estratégia no programa da Rede de
Hospitais Sentinela da ANVISA.
REVISÃO DE GRÁFICOS EPIDEMIOLÓGICOS (PROSPECTIVA OU
RETROSPECTIVA)
É razoável, mas também consome tempo e recursos.
SISTEMAS COMPUTADORIZADOS
Geram sinais de RAM em vários grupos de pacientes, posteriormente
validados por uma equipe de especialistas. Este é um método
interessante, mas atenção é necessária para construir regras e
algoritmos com alta especificidade, caso contrário, também pode gerar
gastos elevados. Outros problemas desta metodologia são a
dependência de dados estruturados e a dificuldade em usar dados de
notas narrativas.
BANCOS DE DADOS
São administrativos e não são amplamente usados, mas podem ter
algumas vantagens, como uso de dados já existentes.
Em muitos países europeus, o relato espontâneo é o único método de
Farmacovigilância aplicado continuamente devido ao seu baixo custo. O
monitoramento prospectivo também é frequentemente realizado em
vários países da Europa. Nos Estados Unidos, métodos
computadorizados e a busca em grandes bancos de dados de seguros
são amplamente utilizados.

Atualmente, não há formação específica para médicos, farmacêuticos,


enfermeiras e outros profissionais de saúde para desenvolver
monitoramento prospectivo ou intensivo para a detecção de RAM e
caracterização em uma base de dados regular. Entretanto, devido à RDC
36/2013 da ANVISA, os hospitais brasileiros são obrigados à notificação
compulsória de RAM e outros eventos adversos em saúde nos sistemas
de notificações oficiais, como o NOTIVISA e VIGIMED, que é específico
para medicamentos.

CONCEITO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE NOTIFICAÇÃO


ESPONTÂNEA

Notificação espontânea de reações adversas a medicamentos é uma


estrutura de relato espontâneo e é a forma voluntária mais comum pela
qual os órgãos reguladores coletam informações de RAM para
medicamentos, assim que eles entram no mercado.

Na Jordânia e no Reino Unido, o cartão amarelo é usado para coletar


informações sobre RAM de profissionais de saúde e membros da
sociedade. Cada cartão amarelo refere-se a um caso individual de RAM,
portanto, também é chamado de Relatório de Segurança de Caso
Individual.

Quem deve realizar notificações espontâneas de RAM?

Profissionais de saúde são a fonte preferencial de informações em


Farmacovigilância, como médicos especialistas, médicos de família,
farmacêuticos e dentistas. Enfermeiros e outros profissionais de saúde
também podem administrar medicamentos e devem relatar reações
adversas a medicamentos apresentadas pelos pacientes, assim como os
cidadãos também podem notificar. Os farmacêuticos podem
desempenhar um papel importante na estimulação da notificação e no
fornecimento de informações adicionais (por exemplo, sobre
comedicação e problemas com uso anterior de medicamentos). Os
pacientes e seus familiares também podem relatar suas reações
adversas a medicamentos vivenciadas diretamente para a ANVISA, ou
por meio de seus profissionais de saúde. O titular do registro do
medicamento no mercado, sendo o principal responsável pela segurança
de seus produtos, é obrigado a relatar reações adversas graves aos
medicamentos que souber sobre seus produtos. Embora as RAM
detectadas nos testes clínicos devam ser incluídas na bula do
medicamento, os fabricantes devem atualizar com os dados obtidos pós-
comercialização.

MECANISMOS DE NOTIFICAÇÃO ONLINE

Para que a suspeita de reação adversa ao medicamento seja relatada,


um formulário unificado deve ser usado para facilitar o relatório e para
garantir que as informações necessárias sejam incluídas. Portanto, a
ANVISA desenvolveu um formulário de relatório unificado, que foi
adaptado do modelo internacional.

Características de um bom relato de caso

A qualidade dos relatórios é um ponto crítico para uma avaliação


adequada da relação entre os produtos e reações adversas, portanto,
bons relatos de caso incluem os seguintes elementos:

Descrição da reação adversa ou experiência da doença, incluindo o tempo para


dos sinais ou sintomas e a gravidade da(s) reação(ões).

Detalhes de medicamentos suspeitos e concomitantes (ou seja, nome, concent


dose, posologia, via de administração, indicação de uso, duração do uso e núm
lote, especialmente para vacinas), incluindo medicamentos de venda livre, supl
dietéticos e, recentemente, medicamentos descontinuados.

Documentação do diagnóstico das reações, incluindo os métodos usados para


diagnóstico.

Curso clínico da reação e dos resultados do paciente (por exemplo, hospitalizaç


morte).

Características do paciente, incluindo nome ou iniciais, idade, sexo, peso e linh


base de condição clínica anterior à terapia do produto, condições de comorbida
de medicamentos concomitantes, história familiar relevante de doença e presen
outros fatores de risco.

Medidas terapêuticas relevantes e dados laboratoriais no início do estudo, dura


terapia e subsequentes à terapia, incluindo níveis séricos, caso apropriado.

Informações sobre a resposta à eliminação e reexposição.

Qualquer outra informação relevante (por exemplo, outros detalhes relativos à r


ou informações sobre benefícios recebidos pelo paciente, se importantes para a
avaliação da reação).

Fonte: JFDA, 2014.


Consequentemente, tem sido necessário estabelecer mecanismos de
monitoramento de medicamentos relacionados à detecção, avaliação,
compreensão e prevenção de eventos adversos ou quaisquer outros
problemas relacionados aos medicamentos. A Farmacovigilância, ou
segurança do medicamento, implica em um estado constante de
vigilância para reconhecer quando as coisas estão dando errado, para
agir a fim de resolver problemas imediatos e compartilhar informações
sobre as causas do dano para influenciar políticas e práticas futuras.
Entre os diferentes métodos de notificação de suspeitas de RAM, os
sistemas de notificação espontânea fornecem o maior volume de
informações com o menor custo de manutenção e provaram seu valor na
detecção precoce de problemas relacionados a medicamentos.

No Brasil, a portaria nº 696 do Ministério da Saúde, de 7 de maio de


2001, nomeou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA como centro nacional de Farmacovigilância e, em 2007, o
sistema eletrônico espontâneo nacional de notificação - o Sistema de
Notificação de Vigilância Sanitária Notivisa - foi montado com banco de
dados próprio. Como membro do PIDM da OMS desde 2001, o Brasil é
obrigado a enviar notificações de suspeitas de RAM ao VigiBase em um
formato compatível com o padrão internacional para transmissão
eletrônica, definido na Conferência Internacional sobre Harmonização de
Requisitos Técnicos para Registro de Fármacos para Uso Humano (ICH).
Este formato é uma estrutura padronizada para o envio eletrônico de
informações entre bancos de dados e contém todos os elementos de
dados relevantes para avaliar as RAM. No entanto, como o Notivisa não
é compatível com o formato ICH E2B, isso significava inserir
manualmente os dados do Notivisa em uma versão gratuita limitada do
VigiFlow (base de dados da OMS).

Além de não ser compatível com o ICH E2B, o Notivisa também era
limitado pela instabilidade do sistema, incapacidade de importar séries de
dados ou exportar o banco de dados para análise, falta de ferramentas
analíticas e estatísticas e funcionar apenas com o navegador Internet
Explorer.

A necessidade de substituição foi reforçada em 2016, quando o Brasil


aderiu ao ICH, o que tornou obrigatória a incorporação das diretrizes do
ICH.

No início de 2018, a Anvisa decidiu adotar o VigiFlow (que recebeu o


nome de VIGIMED) como sistema oficial de notificação das RAM no
Brasil.

VigiFlow é um sistema de gerenciamento de ICSRs para países que


exigem um banco de dados eletrônico de Farmacovigilância para a
coleta, processamento e compartilhamento de ICSRs para uma análise
de dados eficaz.

Foi inicialmente desenvolvido para a agência reguladora suíça


Swissmedic. Hoje, é oferecido a centros nacionais em países de baixa e
média renda como uma forma de baixo custo de gerenciar seus dados de
Farmacovigilância. Anteriormente, uma versão gratuita do VigiFlow com
funcionalidade limitada também estava disponível para oferecer suporte
aos países que relatavam ICSRs ao VigiBase.
Para conhecer detalhadamente o funcionamento do VigiFlow e
apresentar suas necessidades e seus requisitos, a Anvisa realizou
diversas conferências e, em novembro de 2018, cinco membros da
equipe viajaram para Uppsala, na Suécia, em visita técnica. As
características e as funcionalidades do VigiFlow foram comparadas com
as do Notivisa e os requisitos do Sistema Nacional de Farmacovigilância
do Brasil.

Veja algumas definições importantes utilizadas nas notificações:

Queixa Técnica

É a notificação de suspeita de desvio de qualidade ou qualquer alteração


ou irregularidade de um produto/empresa relacionada a aspectos
técnicos ou de requisitos legais, que poderá ou não levar a um dano à
saúde individual e coletiva. Podemos tomar como exemplo empresas
sem Autorização de Funcionamento (AFE) ou medicamentos sem
registro, além de produtos falsificados ou com aspectos alterados, e até
mesmo presença de corpo estranho no produto.

Inefetividade Terapêutica

É considerado como ausência ou diminuição do efeito terapêutico do


medicamento.

Uso abusivo

É o ato de utilização de medicamento por conta própria, sem orientação


médica ou de um profissional de saúde, e muitas vezes levando à
dependência ou intoxicação.

Farmacovigilância e segurança do paciente


A taxa de incidência de Reações Adversas a Medicamentos adquiridas
durante a hospitalização parece ser um fator crucial para decidir a
qualidade do cuidado dos pacientes. Curiosamente, neonatos e bebês
têm uma maior propensão a desenvolver RAM devido a vários motivos.
Esses motivos variam entre incapacidade de comunicação,
inconsistência inerente em relação à Farmacocinética e
Farmacodinâmica dos medicamentos, variação de seu processo de
doença em comparação com adultos, escassez de formulação pediátrica,
maior incidência de falha terapêutica, uso off-label e exposição inevitável
aos medicamentos devido ao uso materno durante a amamentação.

Métodos ideais e um padrão para o reconhecimento de RAM ainda não


foram desenvolvidos. A abordagem atual para detecção de RAM é
fortemente dependente do sistema de notificação espontânea, mas,
devido às suas restrições intrínsecas, métodos adicionais apropriados e
eficientes ainda são necessários para a detecção, a fim de aumentar
ainda mais a segurança do paciente. Além disso, deve-se enfatizar que o
método de ferramentas de gatilho demonstrou ter capacidade 50 vezes
maior para identificar RAM em comparação com o sistema de notificação
espontânea de RAM adquiridas em hospitais, tanto em adultos quanto
em pediatria. Além disso, essa abordagem distinta foi amplamente
reconhecida por pioneiros da Farmacovigilância, como o Institute for
Healthcare Improvement (IHI) e o Institute of Medicine para a
identificação de RAM. O conceito de gatilho ou pista eletrônica para
detectar uma RAM do prontuário do paciente usando o sistema de
informações do hospital foi desenvolvido pela primeira vez pelo Institute
of Healthcare Improvement em 1999, a fim de melhorar a segurança do
paciente.

As ferramentas de gatilho são destinadas à detecção de RAM e não de


erros de medicação, além disso nem todos os gatilhos positivos são
identificados como RAM, portanto, pode ser apenas uma suspeita ou
uma pista.

A medicação e os gatilhos de valor laboratorial podem ser automatizados


e facilmente capturados do sistema de informação. A revisão
subsequente de especialistas do prontuário do paciente torna possível
autenticá-la como uma RAM.

Vamos a alguns exemplos de gatilhos, também conhecido com o termo


em inglês TRIGGER TOOLS:

Clique nas barras para ver as informações.


MEDICAMENTOS COMO A HIDROCORTISONA E DIFENIDRAMINA
São considerados gatilhos de RAM de hipersensibilidade. Quando o
farmacêutico detecta a prescrição desses medicamentos, deve buscar no
prontuário sinais ou sintomas de reações alérgicas.
MEDICAMENTOS COMO FLUMAZENIL E NALOXONA
O uso de “antídotos” é considerado gatilho de EAM consequente de
sedação e analgesia. O farmacêutico deve buscar evidências de
depressão cardiorrespiratória e/ou redução do nível de consciência.
MEDICAMENTOS COMO VITAMINA K E PROTAMINA
São considerados gatilho para eventos relacionados ao uso de
anticoagulantes. Resultados de INR elevado, redução do hematócrito ou
descrição de sangramentos em prontuário devem ser buscados pelos
farmacêuticos para averiguação de evento adverso.
Em estudos Farmacoepidemiológicos, métodos quantitativos para
detecção de RAM, como sinais de antídoto de medicamento (SAM) e
sinais laboratoriais, encontram aceitação significativa, principalmente em
grandes bancos de dados clínicos de registros clínicos eletrônicos (RCE)
dos hospitais. Suas vantagens são bastante marcantes por incluírem
grande tamanho de amostra, serem praticamente econômicas e não
apresentarem preconceito pessoal. Além disso, espera-se que os sinais
obtidos a partir de ferramentas de gatilho de RAM e bancos de dados de
EMR forneçam uma perspectiva de detecção de RAM desconhecidas,
incomuns e graves.

O documento Errar é humano identificou que cerca de 98.000 pessoas


morrem em um ano por causa de erros na assistência à saúde que
ocorrem em hospitais. A partir desse documento, a OMS em 2004
apontou aos governos do mundo a necessidade de estabelecer
programas que garantam ações seguras no cuidado ao paciente e
sugere uma estratégia global para cumprir esse propósito. O Brasil só
adotou medidas mais específicas em 2013, ao lançar o Programa
Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), com a publicação da
Portaria 529/2013 do Ministério da Saúde e com a RDC 36/2013 da
ANVISA.

Apesar dos programas liderados pela OMS, as consequências negativas


para a saúde dos pacientes ainda estão longe de serem controladas ou
minimizadas devido, entre outros motivos, ao atual modelo biomédico
que visa solucionar os problemas de saúde com intervenções médicas,
em que os medicamentos são uma parte essencial, e uma economia
neoliberal que fez da saúde um modelo de negócios, que não levam as
estatísticas de EAM a níveis aceitáveis.
A segurança do paciente é a ausência de danos evitáveis a um paciente
durante o processo de cuidados de saúde e redução do risco de danos
desnecessários associados aos cuidados de saúde ou a redução a um
mínimo aceitável. Um mínimo aceitável refere-se às noções coletivas de
determinado conhecimento atual, recursos disponíveis e o contexto no
qual o cuidado foi prestado, ponderado em relação ao risco de não
tratamento ou de outro tratamento. Entretanto, cada ponto no processo
de cuidar contém um certo grau de insegurança inerente. Políticas claras,
capacidade de liderança organizacional, dados para impulsionar
melhorias na segurança, profissionais de saúde qualificados e
envolvimento efetivo dos pacientes em seus cuidados são necessários
para garantir melhorias sustentáveis e significativas na segurança dos
cuidados de saúde.

Conheça as iniciativas internacionais para segurança do paciente


A necessidade global de qualidade de atendimento e segurança do
paciente foi discutida pela primeira vez durante a Assembleia Mundial da
Saúde em 2002, e a resolução WHA55 sobre “Qualidade do
atendimento: segurança do paciente” na 55ª Assembleia Mundial da
Saúde instou os Estados Membros a “maior atenção possível ao
problema da segurança do paciente”. Desde então, houve várias
iniciativas internacionais, que trouxeram a importância do assunto à
atenção dos formuladores de políticas em muitos países, incluindo:

• Promoção de mecanismos de reconhecimento internacional da


excelência em segurança do paciente.
• Prestação de assistência a países em várias áreas-chave.
• Desenvolvimento de normas e padrões globais.
• Promoção de políticas baseadas em evidências.
• Incentivo à pesquisa.

MEDICAMENTOS SEM DANOS

Práticas inseguras de medicação e erros de medicação são uma das


principais causas de lesões e danos evitáveis nos sistemas de saúde em
todo o mundo. Globalmente, o custo associado a erros de medicação foi
estimado em US $ 42 bilhões anuais. Erros podem ocorrer em diferentes
estágios do processo de uso de medicamentos. Erros de medicação
ocorrem quando sistemas de medicação são fracos e/ou fatores
humanos como fadiga, condições ambientais ruins ou falta de pessoal
afetam as práticas de prescrição, transcrição, dispensação,
administração e monitoramento, o que pode resultar em danos graves,
incapacidade e até morte. Várias intervenções para abordar a frequência
e o impacto dos erros de medicação já foram desenvolvidas, mas sua
implementação é variada. É necessária uma ampla mobilização
de stakeholders (partes interessadas) para apoiar ações sustentadas.
Em resposta a isso, a OMS identificou Medication Without Harm como o
tema do terceiro Desafio Global para a Segurança do Paciente.

O terceiro Desafio Global para a Segurança do Paciente da OMS:


Medicação sem Dano proporá soluções para lidar com muitos dos
obstáculos que o mundo enfrenta hoje para garantir a segurança das
práticas de medicação. O objetivo da OMS é alcançar o envolvimento e o
compromisso generalizados dos Estados Membros da OMS e
organismos profissionais em todo o mundo para reduzir os danos
associados à medicação.

Objetivo do Desafio Global para a Segurança do Paciente

O terceiro Desafio Global de Segurança do Paciente com o tema


medicamentos seguros é definido dentro da filosofia da segurança do
paciente anteriormente desenvolvida pela OMS, onde preconiza que os
erros são inevitáveis e provocados em grande parte por sistemas de
saúde frágeis, e assim o desafio é reduzir a frequência e impacto de
problemas relacionados com medicamentos. O desafio foi lançado em
março de 2017, na Reunião Ministerial Global Cúpula sobre Segurança
do Paciente em Bonn, Alemanha. Buscando o comprometimento de alto
nível delegados, ministros da saúde e especialistas, o lançamento criou
uma oportunidade para líderes para impulsionar a mudança e trabalhar
juntos para fazer diferença real na vida dos pacientes, familiares e
profissionais de saúde.

Este desafio se baseará na experiência acumulada durante os desafios


anteriores e conduzirá um processo de mudança para reduzir danos ao
paciente gerados por medicação insegura, práticas e erros de
medicação.

Todos os erros de medicação são potencialmente evitáveis. Eles podem,


portanto, ser muito reduzidos ou mesmo evitados por sistemas e práticas
de medicação, incluindo pedido, prescrição, preparação, dispensação,
administração e monitoramento. Dado que o assunto é tão vasto, a
abordagem deste terceiro desafio visa salvar vidas e reduzir os danos
relacionados a medicamentos causados por práticas inseguras e erros,
abordando especificamente os pontos fracos da prestação de serviços e
desenvolvimento de sistemas de saúde mais eficazes.

Gravidade do problema

Práticas de medicação inseguras e erros de medicação são as principais


causas de danos evitáveis nos sistemas de saúde em todo o mundo.
Esses apresentam as seguintes características:

Erros de medicação ocorrem quando sistemas frágeis de medicação e/ou fatore


humanos como fadiga, mau ambiente, condições ou falta de pessoal afetam a
prescrever, transcrever, dispensar, práticas de administração e monitoramento,
pode resultar em danos graves, deficiência e até morte.

Pacientes que vivem em países de baixa renda têm experiências de duas veze
de anos de vida perdidos devido a danos por medicamentos do que aqueles em
de alta renda.

A escala e a natureza deste dano são diferentes entre países de baixa, média e
renda. Globalmente, o custo associado com erros de medicação é estimado em
42 bilhões anuais.

Erros ocorrem com mais frequência durante a administração, no entanto existe


em diferentes estágios do processo da medicação.

O desafio na segurança de medicamentos é ganhar o compromisso


mundial e a ação para reduzir dano grave e evitável relacionado à
medicação, especificamente, abordando os danos resultantes de erros
ou práticas inseguras devido a deficiências em sistemas de saúde. O
desafio visa fazer melhorias em cada etapa do processo da medicação,
incluindo prescrição, dispensação, administração, monitoramento e uso.

Objetivos do Desafio Global sobre Segurança de Medicamentos

A Segurança de Medicamentos facilitará o fortalecimento de sistemas e


práticas que podem iniciar ação corretiva dentro dos países para
melhorar a segurança do paciente e diminuir danos evitáveis
relacionados aos medicamentos. Para conseguir isso, o Desafio adotará
cinco objetivos específicos:
CRIAR uma estrutura de ação direcionada em pacientes, profissionais de
saúde e Estados Membros, para facilitar melhorias no pedido, na
prescrição, na preparação, na dispensação, na administração e no
monitoramento de práticas, que podem ser adotadas e adaptadas pelos
Estados-Membros.

CAPACITAÇÃO de pacientes, famílias e cuidadores para que se


envolvam ativamente em decisões de tratamento ou cuidados, façam
perguntas, identifiquem erros e, de forma eficaz, gerenciem seus
medicamentos.

AVALIAR o escopo e a natureza dos danos evitáveis e fortalecer os


sistemas de monitoramento para detectar e rastrear este dano.

DESENVOLVER orientações, materiais, tecnologias e ferramentas para


apoiar o estabelecimento de sistemas de uso de medicamentos mais
seguros para reduzir os erros de medicação.

ENVOLVER as principais partes interessadas, parceiros e indústria para


aumentar a conscientização sobre o problema e buscar ativamente
esforços para melhorar segurança de medicamentos.

Quatro problemas fundamentais estabelecem as bases para a


estratégia do Desafio Global para a Segurança do Paciente -
segurança de medicamentos:

• Os pacientes e o público nem sempre são conhecedores em termos de


medicação. Eles são, com muita frequência, receptores passivos de
medicamentos e não são informados a fazerem parte do processo
decisório de sua medicação.

• Os medicamentos, às vezes, são complexos e podem ser confusos em


seus nomes ou embalagem e, às vezes, apresentar falta de informação
suficiente ou clareza. Confusão de nomes e/ou rótulos de medicamentos
“parecidos” e a embalagem são fontes frequentes de erro e danos
relacionados à medicação que podem ser endereçados.

• Profissionais de saúde, às vezes, prescrevem e administram


medicamentos de maneiras e circunstâncias que aumentam o risco de
danos aos pacientes.
• Sistemas e práticas de medicação são complexos e frequentemente
disfuncionais, e podem ser mais resistentes a riscos e danos se forem
bem compreendidos e planejados.

As ações planejadas neste Desafio são com base em quatro domínios de


trabalho, um para cada problema fundamental identificado. Esses são:

• Pacientes e o público
• Medicação
• Profissionais de saúde
• Sistemas e práticas de medicação.

Em cada um desses domínios, existem muitas maneiras pelas quais o


uso de medicamentos pode causar danos evitáveis. Existem muitas
maneiras também nas quais o cuidado poderia ser mais seguro.

Principais áreas de ação


Ações prioritárias iniciais (propostas pelo Desafio) que devem ser
tomadas de forma precoce e eficaz são gerenciar três áreas principais
para proteger os pacientes do dano, a saber:

Situações de alto risco

O impacto dos erros de medicação é maior em certas circunstâncias


clínicas, como com pacientes internados em hospitais, em vez de
ambulatoriais. Isso pode estar relacionado à forma mais aguda ou a
situações clínicas graves nesses ambientes e ao uso de regimes de
medicação mais complexos.

Politerapia medicamentosa

A politerapia é o uso rotineiro de quatro ou mais medicamentos ou


medicamentos tradicionais ao mesmo tempo por um paciente. A
politerapia aumentou com a maior expectativa de vida. A politerapia
aumenta a probabilidade de efeitos colaterais, bem como o risco de
interações entre medicamentos, e pode tornar a adesão mais difícil.
Transições de cuidado

As transições de cuidado ocorrem quando um paciente é transferido


entre instalações, setores e equipe de saúde; por exemplo: uma
transferência do pronto-socorro para a unidade de terapia intensiva, de
uma casa de repouso para um hospital, de um médico de atenção
primária a um especialista ou de uma enfermeira para outra durante uma
mudança de turno. Transições de cuidado aumentam a possibilidade de
erros de comunicação, que podem levar a erros graves de medicação.

EXEMPLOS DE NOTIFICAÇÃO ESPONTÂNEA NO VIGMED.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Considerando os métodos de notificação em Farmacovigilância,


assinale o que representa o mais utilizado no mundo:

Notificação espontânea

Revisão de gráficos epidemiológicos

Monitoramento intensivo

Sistemas computadorizados

Banco de dados

Responder
Comentário
2. A literatura aponta que as RAM apresentam uma incidência muito
grande em pacientes hospitalizados, devido a diversos motivos. Uma
metodologia reconhecidamente eficaz para detecção de RAM em
serviços hospitalares é:

Notificação espontânea

Ferramentas de gatilho

Monitoramento intensivo

Sistemas computadorizados

Banco de dados

Responder
Comentário

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste tema, visitamos os principais Sistemas de


Farmacovigilância pelo mundo, bem como as definições dos termos
utilizados nessa área. Vimos, também, que a Farmacovigilância
apresenta diversas formas de detecção e classificação de RAM, bem
como métodos diferentes para essas práticas.

Além disso, observamos que a Farmacovigilância apresenta uma relação


bastante estreita com a segurança do paciente e que a OMS, juntamente
com os países membros, vem desenvolvendo estratégias para
minimização de problemas relacionados com medicamentes, e entre eles
as RAM.

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