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INTRODUÇÃO

AO PROJETO
ARQUITETÔNICO

Cássia Morais Mano


Teorias e métodos
projetuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer os métodos projetuais.


„„ Identificar os processos de organização de um projeto de arquitetura.
„„ Avaliar a importância da organização do processo projetual.

Introdução
O conceito de método refere-se ao conjunto de procedimentos, regras e
técnicas utilizado para chegar à determinada solução. Trata-se da maneira
como você organizará as etapas de trabalho, de modo objetivo e cons-
ciente, para atingir o resultado: a elaboração de um projeto de arquitetura.
Você sabia que o método nem sempre foi utilizado na arquitetura? Nas
primeiras escolas da área, o aluno aprendia diretamente no ateliê do
arquiteto, mas essa maneira de aprender a projetar foi modificando-se
ao longo dos anos.
Neste capítulo, serão analisados os principais métodos utilizados na
elaboração de um projeto arquitetônico. Vamos avaliar a importância do
uso de método no processo projetual e como sua utilização pode facilitar
o processo criativo, além de identificar os processos de organização de
um projeto de arquitetura e verificar a importância da organização do
processo projetual em etapas de desenvolvimento.
2 Teorias e métodos projetuais

Métodos projetuais em arquitetura


Aprender a projetar em arquitetura nem sempre foi ensinado por meio de uma
metodologia projetual clara. A história da profissão é marcada pelo modelo
francês (século XIX), com influência da Escola de Belas Artes (arquitetura) e
da Escola Politécnica (engenharia). A Escola Politécnica adotava um manual
composto por tipologias arquitetônicas, elaborado por Jean-Nicolas-Durand,
chamado de Coleção Tipos de Edifícios Antigos e Modernos, em que apren-
der a projetar consistia em dominar a composição das partes de um edifício.
Por outro lado, na Escola de Belas Artes, que tinha a tradição acadêmica da
imitação de estilos, havia um manual didático para iniciantes redigido por
Julien Guadet. Durante muitos anos, o livro foi a referência mais popular entre
estudantes e arquitetos nas primeiras décadas do século XX (MACIEL, 2009).
Esse livro era chamado de Elementos e Teoria da Arquitetura, e apresentava
exemplares de edificações, por vezes partes delas, que formavam o repertório
dos alunos. Em ambas as escolas, o aluno aprendia as disciplinas teóricas
e deveria acompanhar o cotidiano da profissão no ateliê de um arquiteto.
Aprendia-se fazendo.

O termo projeto tem sua origem nos vocábulos latinos: jactare (verbo que significa
“lançar”, “arremessar”); pro (preposição que significa “em frente de”, “a favor de”); projectio
(substantivo que significa “ação de lançar para a frente”); projectus (adjetivo que significa
“lançado para a frente”, “saliente”); projicere (verbo que significa “lançar para a frente”)
(SILVA, 1998). Em outras palavras, fazer um projeto é visualizar uma ideia para o futuro.

Surgida após as instituições francesas de arquitetura, a Bauhaus foi uma


escola de design fundada em 1919, onde a arquitetura passou a ser uma das
atividades integrantes no ano de 1928. O ensino da arquitetura focava a prá-
tica e a teoria, havia ênfase sobre os aspectos de composição do projeto, e o
usuário era ignorado (MACIEL, 2009). A preocupação com o programa da
edificação (atividades e usos) era deixada em segundo plano, predominando
o estudo da forma e as questões plásticas e estéticas em torno da edificação.
A partir dos anos de 1960, o estudo do processo criativo na arquitetura
passou a ser mais explorado. A publicação de Christopher Alexander, Análise
Teorias e métodos projetuais 3

do Contexto e Síntese da Forma, e o simpósio sobre Metodologia do Projeto


Arquitetônico realizado em 1967 colocaram luz sobre a questão metodológica
(SILVA, 1998). Pesquisas desenvolvidas por Donald Schön, nos Estados Unidos,
durante a década de 1970, tiveram como foco as interações entre professores e
alunos nos ateliês de arquitetura e urbanismo (MEDEIROS; RESENDE, 2014).
Apesar de não ter proposto métodos para a arquitetura, Schön contribuiu de
forma significativa para a compreensão sobre a maneira de ensinar arquitetura,
além de influenciar diversos trabalhos na área.
Atualmente, a utilização de métodos projetuais em arquitetura é reconhe-
cida, e várias técnicas são utilizadas como uma maneira de tornar a atividade
de projetar interessante e criativa (exploração do processo lógico, exploração
do processo criativo, avaliação e controle de tempo) (ABRAMOVITZ, 2013).
Existem vários métodos de projeto utilizados em ateliês e escritórios de arqui-
tetura, os quais podem ser divididos em dois tipos: os mais tradicionais, que
focam o resultado final e as etapas de projeto (Figura 1); e os mais recentes,
que priorizam o processo criativo de projetar em conjunto com as etapas de
projeto. Já o método tradicional de ensino de arquitetura organiza as etapas
de criação de forma linear, como mostra a Figura 2.
SOLUÇÃO

Definição crescente

Programa Estudos Anteprojeto Projeto

Incerteza decrescente
PROBLEMA

Figura 1. Processo projetual na arquitetura.


Fonte: Silva (1998, p.79).
4 Teorias e métodos projetuais

Confira um exemplo de proposta de método projetual!

PROBLEMA DE PROJETO: NECESSIDADE HUMANA


Pré-concepção
„„ Planejamento
■■ Cliente (definição, briefing): nome, idade, profissão, personalidade e características.
■■ Cronograma: período de desenvolvimento do projeto.
„„ Análise
■■ Estudo de caso
a) Materiais e soluções técnicas: estrutura, luz natural, tecnologias.
b) Relações com o entorno: análises relativas à forma e ao contexto urbano.
c) Fluxos e circulações: entrada, usos, definição dos espaços, inferior e exterior.
d) Análise da forma (usar autor de preferência): massa, planta e elevação, unidade e
conjunto, repetido e singular, simetria/equilíbrio, retícula/geometria, hierarquia,
justaposição de superfícies.
■■ Terreno – levantamento (fotos, mapas, etc.)
a) Histórico, identidade e características do local: informações, levantamento de dados.
b) Aspectos físicos: insolação, ventos, topografia, vegetação, hidrografia.
c) Legislação: Plano Diretor, Código de Obras, Código Ambiental, Código de Zonea-
mento, parcelamento do solo, sistema viário.
d) Relações com o entorno: infraestrutura urbana (localização de postes, bueiros,
pavimentação, sinalização, etc.), uso atual dos espaços vizinhos (indústria, comércio,
residência, serviços), sistema viário (fluxos, hierarquias), potencial e deficiências do
local (pontos positivos e negativos da área).
Concepção
„„ Início/criação
■■ Conceito: perfil do cliente, programa de necessidades.
■■ Partido (uso de técnicas criativas): mapa mental, listagem de atributos.
„„ Estudos preliminares
■■ Estudo de manchas: setorização (serviço, social, íntimo).
■■ Fluxograma: ligação entre os ambientes.
■■ Pré-dimensionamento.
■■ Análise da proposta (Scamper/Mescrai).
■■ Maquete de estudos.
„„ Desenvolvimento do projeto
■■ Funcionalidade
■■ Estrutura e instalações
■■ Estética
■■ Materiais e acabamentos
Teorias e métodos projetuais 5

Pós-concepção
„„ Graficação
■■ Detalhes
■■ Cobertura
■■ Implantação/situação/localização
■■ Fachadas
■■ Cortes
■■ Plantas
„„ Finalização
■■ Memorial descritivo/justificativo
■■ Layout de pranchas
■■ Maquete de apresentação
„„ Apresentação
■■ Oral
■■ Gráfica

Problema Programa de Estudo Projeto


Anteprojeto
de projeto necessidades preliminar arquitetônico

Figura 2. Etapas de criação.

Primeiramente, o problema projetual é apresentado ao aluno (elaborar


o projeto de um quiosque, por exemplo) e, a partir desse problema, os itens
relativos ao programa de necessidades serão elencados. O programa é o levan-
tamento das informações pertinentes ao projeto, cujo propósito é responder às
seguintes questões: o que precisa ter nesse projeto? Onde ele será construído?
Existe alguma condicionante no terreno? Munido dessas informações, o aluno
iniciará o estudo preliminar, que corresponde ao lançamento do projeto. A
solução inicial volumétrica, que responderá às questões levantadas no programa
de necessidades, é chamada de partido arquitetônico. Em seguida, teremos a
etapa de anteprojeto – que consiste no desenvolvimento do partido arquitetônico
com a justificativa da solução formal – e o desenvolvimento da representação
gráfica (plantas baixas, cortes, fachadas) e volumétrica (maquete e perspectivas)
do projeto. Por fim, é elaborado o projeto arquitetônico (também chamado de
executivo), no qual a proposta definitiva é apresentada com os mesmos itens
6 Teorias e métodos projetuais

gráficos e volumétricos do anteprojeto, porém detalhados de maneira que


permita a compreensão do projeto como um todo para sua possível execução
(SILVA, 1998; MAHFUZ, 2003).
Os métodos projetuais mais recentes em arquitetura buscam inspiração no
Design, área de criação que apresenta vasta bibliografia metodológica, além de
técnicas que priorizam o processo criativo, a fim de produzir a melhor solução.
Não há uma “receita de bolo”, mas a composição de fases e etapas projetuais
serve como uma bússola, orientando o processo criativo (ABRAMOVITZ,
2013; SPADOTTO; VECCHIA; WERGENES, 2011; BALESTRIN; SANTOS,
2014; PONZIO; MACHADO, 2015). De modo geral, com ênfase em uma etapa
ou em outra, os métodos do Design aplicados à Arquitetura apresentam uma
estrutura similar, conforme ilustra a Figura 3.

Figura 3. Métodos do Design aplicados à Arquitetura.

A análise corresponde à preconcepção do projeto, etapa em que serão


realizados:

a)  definição do problema (o que se quer projetar);


b)  levantamento de dados por meio de imagens conceituais que remetam
ao problema de projeto (técnica Moodboard: com o uso de colagens
e desenhos, você expressa em imagens o sentimento que envolve o
projeto);
Teorias e métodos projetuais 7

c)  reflexão conceitual por meio de ideias e palavras que lembrem o tema
de projeto (técnica Brainstorming);
d)  construção de cenários, ou a busca por um repertório de soluções
prévias para o problema; tipologias possíveis que serão utilizadas como
referência;
e)  identificação das condicionantes do lugar (características físico-espaciais
que podem interferir no projeto, legislação, história do lugar, etc.).

A síntese corresponde à concepção do projeto, momento em que será feita


a verificação dos dados produzidos na análise por meio de um painel (espaço
onde você organizará as principais ideias que remetem ao problema). Isso
possibilita a visualização do problema como um todo, antes de iniciar a solução
projetual. Assim, o aluno terá em mãos o conceito do projeto, podendo elaborar
o partido arquitetônico que é a criação da forma (sempre haverá comparações
e associações com a etapa de análise, para a validação da proposta). Aqui é
desenvolvido o estudo preliminar, cujos itens entregues consistem em: zonea-
mento dos usos, fluxograma das circulações, pré-dimensionamento, maquete
de estudos, sugestão de sistema construtivo, conexões com o espaço aberto.
A avaliação corresponde à pós-concepção, ou seja, a validação do estudo
preliminar desenvolvido na síntese com maior detalhamento dos elementos
que constituem o projeto arquitetônico. Nessa etapa, todos os itens necessários
para a compreensão do projeto devem ser completos e definidos: conceito,
zoneamento, fluxograma, sistema construtivo, projetos complementares (hi-
dráulico, elétrico, ar-condicionado), detalhamento, mobiliário, ambientação/
interiores e definição do espaço aberto.
A organização cíclica do processo criativo possibilita a verificação do
conceito (desenvolvido na análise) nos passos subsequentes. Além disso, a
conferência dos dados ocorre em todas as fases (análise, síntese e avaliação)
por intermédio das seguintes questões: os objetivos e resultados foram alcan-
çados? A solução formal proposta corresponde adequadamente ao problema
de projeto? Essa maneira de projetar contribui para o desenvolvimento de um
projeto criativo com maior flexibilidade na concepção, considerando que a
criatividade não está nos elementos em si, mas em sua associação (MAHFUZ,
2003). A partir do estudo de vários métodos projetuais, um diagrama para
a elaboração de um projeto arquitetônico é proposto, conforme mostra a
Figura 4. O uso de um método estruturado permitirá uma visualização mais
clara das etapas do projeto, além de auxiliar na compreensão da importância da
análise inicial para o desenvolvimento do projeto arquitetônico (SPADOTTO;
VECCHIA; WERGENES, 2011).
8 Teorias e métodos projetuais

Definição do problema (o que se quer projetar)


Levantamento dos dados (imagens conceituais
que remetam ao problema)
Reflexão conceitual (ideias, palavras que
remetam ao problema)
Análise Construção de cenários (tipologias possíveis
para solucionar o problema)
Condicionantes do lugar (aspectos físicos do
terreno, legislação, histórico do lugar, entorno
imediato)

Verificação dos dados


Criação da forma (comparação e associação
com os elementos da análise)
Conceito
Síntese Partido arquitetônico
Estudo preliminar (zoneamento, fluxograma,
pré-dimensionamento, maquete de estudos,
sistema construtivo, conexão espaço aberto
e edificação)

Verificação das ideias/revisão (retomada da


análise para validação do estudo preliminar)
Objetivos/resultados
Avaliação Anteprojeto (conceito, justificativa, zoneamento,
fluxograma, dimensionamento, maquete, sistema
construtivo, detalhamentos, ambientação/
interiores, mobiliário, espaço aberto)

Análise + Síntese = resultado atende o problema?


Figura 4. Exemplo de método projetual arquitetônico. Passo a passo para a elaboração de
um projeto arquitetônico: da concepção ao resultado.
Fonte: adaptada de Spadotto, Vecchia e Wergenes (2011, p.100) e Ponzio e Machado (2015).
Teorias e métodos projetuais 9

O processo de criação em arquitetura não possui métodos rígidos ou universais entre


os profissionais, embora alguns procedimentos sejam comumente utilizados, como:
análise inicial do terreno (condicionantes), programa de necessidades, estudo preliminar,
anteprojeto e projeto arquitetônico. Segundo Kowaltowski e colaboradores (2006),
a dificuldade de encontrar uma metodologia na arquitetura deve-se ao fato de a
área estar localizada entre a ciência e a arte, o que permite múltiplas abordagens do
projeto arquitetônico.

Organização do projeto arquitetônico


O projeto de arquitetura é organizado em etapas, um processo que se inicia
com o programa de necessidades do objeto a ser construído (definição do
problema), passando pela busca por referências (projetos similares em que
o programa foi resolvido da melhor forma possível), até chegar ao projeto
arquitetônico em si. As etapas de projeto são muito utilizadas em escritórios
de arquitetura uma vez que auxiliam a organização e a criação, além de ficar
claro para o cliente qual é o produto que ele receberá ao final de cada etapa.
Existem normas técnicas que norteiam o processo projetual e garantem a
qualidade na construção civil. As mais importantes para a arquitetura são:

„„ NBR16280:2015 Reformas em Edificações: trata dos requisitos para a


elaboração de reformas em áreas privativas de edificações, considerando
aspectos estruturais e construtivos, a fim de garantir a segurança dos
envolvidos.
„„ NBR 9050:2015 Acessibilidade: trata da acessibilidade universal a ser
garantida em edificações: mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
„„ NBR 15575:2013 Edificações habitacionais – Desempenho: trata da
qualidade da produção em habitação e estabelece normativas para sis-
temas de piso, cobertura, hidrossanitário, etc., garantindo a segurança
dos usuários e a funcionalidade adequada da edificação.
„„ NBR 13532:1995 Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura:
trata da elaboração de projetos de arquitetura; descreve as etapas do
projeto arquitetônico e as características que devem estar presentes
para garantir o bom desempenho da edificação.
10 Teorias e métodos projetuais

„„ NBR 6492:1994 Representação de projetos de Arquitetura: trata do


projeto arquitetônico e de sua representação gráfica: formatos de folhas,
escalas do desenho e parâmetros técnicos.

A seguir, estão elencados tópicos importantes para a organização do projeto


(BALESTRIN; SANTOS, 2014; PONZIO; MACHADO, 2015):

„„ Programa de necessidades: partindo de uma situação-problema, define-


-se o programa,, ou seja, “o que quer/precisa ter nesse projeto”. No
exercício acadêmico, esse programa é definido pelo professor e, na
profissão, é definido pelo cliente em conjunto com o arquiteto. Um
exemplo de programa de necessidades: casa com área aproximada de
100m², três quartos, dois banheiros, sala, cozinha, lavanderia, varanda,
garagem para um carro, etc.
„„ Conceito: intenção do projetista em relação à solução proposta; atua
como uma linha-guia, ou seja, como uma referência para o processo
criativo.
„„ Partido arquitetônico: surge a partir do desenvolvimento do programa
de necessidades; é a síntese das principais características do projeto
traduzida pela forma arquitetônica escolhida.
„„ Estudo preliminar: a situação-problema passa a ter uma definição mais
clara com o intuito de desenvolver uma proposta para o anteprojeto. São
trabalhados os aspectos de concepção da proposta de projeto: conceito,
partido arquitetônico e aspectos formais.
„„ Anteprojeto: proposta arquitetônica que soluciona a situação-problema,
com seus aspectos definidos e justificados nas etapas anteriores.

Importância da organização do processo


projetual
Aprender a projetar de forma organizada com o emprego de métodos projetuais
é fundamental para a compreensão da arquitetura, embora não exista uma
teoria específica que apresente a maneira mais adequada para ensinar a projetar
(ARSENIC; LONGO; BORGES, 2011). A presença da metodologia nos ateliês
é importante, pois há evidências de que os alunos encontram dificuldades no
processo de projeto e, muitas vezes, acabam elaborando cópias ou réplicas
Teorias e métodos projetuais 11

de projetos existentes, sem compreender as condicionantes do lugar onde é


proposto o seu projeto (ARSENIC; LONGO; BORGES, 2011; SPADOTTO;
VECCHIA; WERGENES, 2011). Na Figura 5, apresentamos uma análise de
terreno que demonstra a importância de saber para onde se está projetando,
para qual público e com que finalidade.
A organização do processo projetual em etapas garante a padronização
dos resultados entregues por diferentes profissionais da área da arquitetura.
A organização desse processo deve ser garantida, uma vez que o projeto ar-
quitetônico é a comunicação da ideia de edificação elaborada pelo arquiteto,
devendo ser bem compreendido pelo receptor (cliente, engenheiro, mestre de
obras, etc.). Vale reforçar que o processo projetual auxilia a distribuição do
tempo e das tarefas, além de garantir maior qualidade ao produto final.

Figura 5. Exemplo de análise de terreno.


12 Teorias e métodos projetuais

Croquis são desenhos que representam as primeiras ideias sobre um projeto de arqui-
tetura. A arquiteta Maristela Rodrigues organizou uma série de vídeos sobre croquis
e desenhos em arquitetura.

https://goo.gl/DWpXFY

O arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl conta como passou a questionar


a antiga forma de fazer arquitetura, voltada para a estética, adotando a prática de
projetos voltados para os usuários da cidade.

https://goo.gl/7hgQoL

O projeto da residência AB House, realizado pelo escritório Jacobsen Arquitetura, é


apresentado desde sua implantação no terreno até seus espaços internos, conferindo
uma visão completa do projeto arquitetônico.

https://goo.gl/5cdKXP

Vamos imaginar que seu tio pediu para você fazer o projeto de uma mesa para a
sua nova casa. Se você começar a desenhar imediatamente a ideia da mesa que
está imaginando (um apoio central, rendonda, tampo de pedra, etc.), as chances de
não ser a mesa desejada pelo seu tio são grandes. Agora, se você colher algumas
informações básicas antes de iniciar o projeto, como: onde a mesa ficará localizada,
existe preferência por algum material, quantas pessoas utilizarão a mesa, e assim por
diante, não só o processo de projetar será mais fácil, como o resultado ficará mais
próximo do que o seu tio imagina. Essa regra é fundamental e serve para qualquer
tipo de projeto arquitetônico.
Teorias e métodos projetuais 13

1. O Arquiteto Vicente Del Rio (1998), 3. Durante o exercício de projeto


no livro Projeto de Arquitetura: entre arquitetônico, é comum o
criatividade e método, afirma que aluno querer saltar direto para a
o uso do método projetual pode solução final, sem compreender
proporcionar maiores estímulos as reais necessidades do usuário
à criatividade do que o método e as condicionantes do lugar,
intuitivo tradicional (em que a aspectos fundamentais para
concepção do partido arquitetônico produzir uma solução adequada.
é baseada na imitação de outros Sobre a metodologia projetual,
projetos conhecidos). Os estudos aponte a alternativa correta.
sobre metodologia projetual a) Pode dificultar a compreensão
em arquitetura tiveram início: das questões que
a) na Escola de Belas Artes, envolvem o projeto.
localizada na França. b) Não auxilia o processo
b) na Escola Politécnica, criativo, uma vez que impõe
localizada na França. uma linha de raciocínio
c) na Escola Bauhaus, obrigatória para o aluno.
localizada na Alemanha. c) Todos os arquitetos utilizam
d) sempre existiram estudos métodos projetuais.
sobre metodologia d) Contribui somente para
projetual em arquitetura. o estudo preliminar.
e) a partir dos anos de e) Auxilia o aluno a mapear
1960, na Inglaterra. os caminhos gerais que
2. Na aula de introdução ao projeto orientam o processo de
arquitetônico, o professor criação, identificando
ressaltou que o arquiteto é um o que há de comum e
formulador de conceitos. Sobre o racional nessa trajetória.
conceito em projeto de arquitetura, 4. Você precisa avaliar uma etapa de
aponte a alternativa correta. projeto arquitetônico produzida pelo
a) Trata-se de uma técnica aplicada seu colega de sala de aula, o qual
no projeto arquitetônico. apresentou o conceito a ser utilizado
b) Corresponde à solução formal no projeto, a análise do terreno e um
dada pelo arquiteto para resolver croqui com a volumetria básica. Em
o problema de projeto. qual etapa de projeto arquitetônico
c) Constitui a etapa final de um o seu colega se encontra?
projeto de arquitetura. a) Programa de necessidades.
d) Corresponde à ideia que irá b) Estudo preliminar.
auxiliar o direcionamento c) Anteprojeto.
para a solução de projeto. d) Projeto executivo.
e) É dispensável na elaboração e) Projeto legal.
de um projeto arquitetônico.
14 Teorias e métodos projetuais

5. Imagine que você está pesquisando referências de projeto para a disciplina


de projeto arquitetônico e encontra os seguintes desenhos de um aluno do
semestre anterior:

Algeroz em chapa galvanizada dobrada


Vegetação
Substrato retirado do terreno
Cano furado para drenagem em pvc Ø100mm
Impermeabilização geomembrana PEAD o=2mm
Camada de regularização caimento i=5%

Você pode afirmar que esse projeto encontra-se em qual etapa?


a) Projeto executivo.
b) Anteprojeto.
c) Projeto legal.
d) Programa de necessidades.
e) Estudo preliminar.
Teorias e métodos projetuais 15

ABRAMOVITZ, J. Metodologia de projeto. Desenvolvimento de material didático ou


instrucional – Design. Revisado. Rio de Janeiro, 2013.
ARSENIC, N.; LONGO, O. C.; BORGES, M. M. O ensino e aprendizagem da disciplina
Projeto no curso de Arquitetura e Urbanismo. CES Revista, v. 25, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: representação de projetos
de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a edifica-
ções, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532: elaboração de projetos
de edificações – arquitetura. Rio de Janeiro, 1995.
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Leituras recomendadas
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BORBA, I. M. M.; ADRIAZOLA, M. K. O.; TAMASHIRO, H. A. Projeto “Mão na Massa” -
conhecimento do canteiro experimental da UTFPR aplicado na Vila Nova Esperança.
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CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
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REIS, A. T. L. Repertório, análise e síntese: uma introdução ao projeto arquitetônico.
Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2002.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:

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