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FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO - FUNAG

INSTITUTO DE PESQUISA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - IPRI

Cúpula Mundial sobre


Desenvolvimento Sustentável
Relatório da Delegação Brasileira
2002

COLEÇÃO

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Joanesburgo

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Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável
MRE
Ministério das Relações Exteriores
Ministro de Estado
Embaixador Celso Luiz Nunes Amorim

Secretário-Geral
Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães

Fundação Alexandre Gusmão - FUNAG

Presidente
Embaixadora Thereza Maria Machado Quintella

=[IPRI
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais

Diretora
imbaixadora Heloísa Vilhena de Araújo
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO - FUNAG
INSTITUTO DE PESQUISA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - IPRI

Cúpula Mundial sobre


Desenvolvimento Sustentável

Relatório da Delegação do Brasil

COLEÇÃO

QUESTÕES INTERNACIONAIS
Elaboração
Departamento do Meio Ambiente e Temas Especiais - Divisão de Política Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável: Missão junto às Nações Unidas

Editora
Fundação Alexandre de Gusmão - FUNAG
Esplanada dos Ministérios Bloco “H” Anexo TI - Térreo - Cep.: 70.170-900 - Brasília - DF
Telefones: (61) 411 - 6033 / 411 - 6034 ou 411 - 6847 - Fax: (61) 322 - 2931 ou 322 - 2188
www. funag.gov.br
e-mail: publicacoes(dfunag.gov.br

Capa e Programação Visual


Paulo Pedersolli

Assistentes:
Clara do Carmo Rios dos Santos
Rachel Couto Falcão Freire Gomes

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (2002 : Joanesburgo, África do


Sul).
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável : relatório da delegação do
Brasil. — Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2004.
p. — (Coleção questões internacionais)

ISBN: 85-7631-018-X

1. Desenvolvimento Sustentável. LI. Fundação Alexandre de Gusmão. 1. Título.


II. Título : Relatório da delegação do Brasil.
CDU: 504.03
Efetuado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional Conforme Decreto nº 1.825, de 20.12.1907
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO - Celso AMOTIM cce. VII

O PROCESSO PREPARATÓRIO .......econcseaaaoo 1


2.1 Visão Geral cce 3
2.2 Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para
o Desenvolvimento: sustentável (ILAC) cessouNes 7
2,3 Preparação Brastleira sessao SSSASSAACSSSCREIAVAMESENVSS 8
2.4 Cerimônia de Transferência de Sede da Cúpula sobre
Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro para Joanesburgo ....... 11
2.5 As sessões do Comitê Preparatório da Conferência ......1iia 13

3. A CÚPULA MUNDIAL SOBRE


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..... vinci 31
3.1 Processo Negociador ...icisce 33
3.2 Negociações - Principais Temas ..cccsiseieiieiesss css ses 34
Hdl. PERCÍDIOS comece esvnssssss vSOSIOSTTASEIASSAA 34
32.2 Erradicação: da pobreza. cvescenscossusssseeosseas
sa 36
3.2.3 Padrões de consumo € produção ...iciccciiiisçao 38
3.2.4 Proteção e manejo dos recursos naturais ...clclciiciios 42
3.2.5 Saúde e desenvolvimento sustentável ...iciiceo 43
3.2.6 Meios de implementação e globalização ....clccii 4
3.2.7 Arranjos institucionals/gSovernança «uia 50
3.2.8 Declaração política ...iicicescaen 54
3.3 Sessões Plenárias ..cccecee sec: 56
3.3.1 Saúde e meio ambiente ....ises 37
LIZ: BIGIvesidade:: «uinasseeesmesssasÓ1M0SuSSVASANNSAS 58
5 NS TNIA TS à LeEL E 9 15 1% MORRA NS ARA 59
3:34 Temas transetoriais consensos
ST 6!
3.3.5 Água E SAnEAMENtO cisco: 62
3.3.6 Energia eee 63
3.4 Segmento de Cúpula ..icccccsss a. 66

A, CONCLUSÃO: pesar lisos 69

5. ANEXOS ec 77
5.1 Discurso do Senhor Presidente da República, em 2
de Setembro de 2002, cscssceseseresvescasasu
san ES 79
5.2 Decreto de Criação da Comissão Interministerial para a
Preparação da Participação do Brasil na Cúpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável ....iccse
ço 83
5.3 Portaria do Ministro de Estado das Relações Exteriores
Designando os Membros da Comissão Interministerial ...11.11111ee 87
3.4 Declatacão Política seseecesseseslilsSSSO ASIAN TESES 89
5.5 Plataforma de Acción de Rio de Janeiro Hacia
Johannesburgo 2002 ...iiccccs os 7
5.6 Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para
o Desenvolvimento Sustentável (ILAÃAC) scenes [E
3.7 Delegação Brasileira à CÓÚpula, secs Nasa 129
1. Apresentação
Celso Amorim
Apresentação

A publicação do Relatório da Delegação Brasileira à Cúpula Mundial


sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em Joanesburgo, de 26 de
agosto a 4 de setembro de 2002, tem como objetivos divulgar os princípios
que orientaram a atuação do Brasil — os quais resultaram do amplo processo
de preparação para a Conferência - e deixar um registro histórico para
negociadores e especialistas brasileiros em desenvolvimento sustentável.
O documento analisa, ainda, os compromissos assumidos pela comunidade
internacional em Joanesburgo com vistas à promoção do desenvolvimento
sustentável, cuja realização exigirá a participação da sociedade civil, inclusive
no acompanhamento das ações governamentais.
Decorrido pouco mais de um ano da realização da Cúpula de
Joanesburgo, deve-se lembrar que as grandes conferências não se encerram
em si mesmas, e que resta muito a fazer, nos níveis interno e internacional,
para a promoção do desenvolvimento sustentável.
Em âmbito multilateral, deve-se registrar que a XI Sessão da
Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, em abril
e maio de 2003, aprovou o programa de trabalho plurianual que prevê o
acompanhamento da implementação das propostas da Agenda 21, bem
como a revisão da execução das metas e calendários acertados em
Joanesburgo. Até o ano 2017, o calendário da Comissão prevê o tratamento
de temas, como: água, energia, gestão de produtos químicos e biodiversidade,
e de temas transversais, como erradicação da pobreza e transformação
dos padrões de consumo e produção.
O Brasil tem atribuído prioridade à promoção do desenvolvimento
sustentável no âmbito regional. O documento-base que traduz a ótica e as
necessidades de nossa região é a Iniciativa Latino-Americana e Caribenha
para o Desenvolvimento Sustentável (ILAC), elaborada a partir de proposta
brasileira de ação conjunta relativa à Agenda 21, AILAC, incorporada ao
Plano de Implementação de Joanesburgo, constitui marco político e moldura

IX ô :
coLt
cestos EE WItENA CONAN CÚPULA MunDIaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
- Lroeç

institucional em que serão contempladas parcerias para o desenvolvimento


de programas e projetos regionais, sub-regionais, bilaterais e locais,
envolvendo agentes governamentais, do setor privado e de organizações
não-governamentais. A iniciativa será incluída no Plano de Ação do Foro
de Ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe, no biênio
2004/2005, o que permitirá o acompanhamento sistemático de sua
implementação e o estabelecimento de prioridades pelos governos da região.
No campo das energias renováveis, o Brasil deseja que tenha pleno
êxito a Conferência Mundial sobre Energias Renováveis, a ser realizada na
Alemanha no primeiro semestre de 2004.
O Brasil tem coordenado trabalho preparatório que culminou na
realização, em Brasília, da Conferência Regional da América Latina e do
Caribe sobre Energias Renováveis, em outubro de 2003, com o apoio dos
Ministérios das Minas e Energia e do Meio Ambiente. O Brasil participa,
igualmente, de iniciativa voluntária com o Reino Unido, a Renewable Energy
and Energy Efficiency Partnership (REEP), cuja primeira Conferência
Regional se realizou em Campos do Jordão, em agosto de 2003, com o
apoio do Governo do Estado de São Paulo.
A continuidade dos esforços internacionais na área tem significado
especial, uma vez que os resultados alcançados em Joanesburgo ficaram
aquém das expectativas de muitos países, inclusive do Brasil, e de
organizações não-governamentais. Embora não tenha definido metas e
prazos, o texto negociado constituiu base suficiente para o aprofundamento
da cooperação entre os países interessados em aumentar a proporção de
fontes renováveis na sua oferta total de energia.
Ainda é cedo para avaliar os benefícios decorrentes dessas
iniciativas e de outras ações adotadas pela comunidade internacional desde
Joanesburgo. No entanto, elas deixam claro que as preocupações com o
desenvolvimento sustentável são duradouras e tendem a fortalecer-se à
medida que surjam alternativas tecnológicas economicamente viáveis e
saudáveis no plano ambiental. O relatório a seguir pretende contribuir para
CúruLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL centros: EEE re boia

a memória desse marco na promoção do desenvolvimento sustentável, que


foi a Cúpula de Joanesburgo, reafirmando, ao mesmo tempo, a busca do
desenvolvimento sustentável como um interesse permanente da política
externa brasileira.

CELSO AMORIM
Ministro de Estado das Relações Exteriores

XI
2. O Processo Preparatório
2.1 Origem e Características

A Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável foi


convocada pela Resolução 55/199 da Assembléia-Geral das Nações Unidas,
intitulada “Revisão decenal do progresso alcançado na implementação dos
resultados da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento”. Nessa Resolução, a Assembléia-Geral sublinhou a
importância dos preparativos para a Cúpula, que se desenvolveram em três
frentes: nacional, regional e global.
No nível nacional, a preparação para Joanesburgo ocorreu no âmbito
da Comissão Interministerial para a Preparação da Participação do Brasil
na Cúpula Mundial do Desenvolvimento Sustentável, instalada por Decreto
de 13 de março de 2001, sob a presidência do Embaixador Luiz Augusto de
Araujo Castro, Subsecretário-Geral de Assuntos Políticos Multilaterais do
Itamaraty, e integrada por órgãos governamentais e representantes dos
diversos setores da sociedade civil. Sua função foi a de coordenar o processo
de avaliação da implementação da Agenda 21, bem como o de preparar
subsídios para a delegação brasileira nas negociações por ocasião da
Conferência e de seu processo preparatório.
A Comissão Interministerial, que se reuniu sete vezes entre outubro
de 2001 e agosto de 2002, consagrou a promoção de um processo
participativo amplo na formulação das posições negociadoras do Brasil.
Esse caráter democrático ficou também evidente na composição das
delegações brasileiras às reuniões do Comitê Preparatório das Nações
Unidas para a Cúpula de Joanesburgo, integradas por representantes do
Governo e da sociedade civil.
No plano regional, foram realizadas, em 2001, reuniões das
Comissões Econômicas Regionais das Nações Unidas, das quais emanaram
propostas de temas para a Cúpula. Nos dias 23 e 24 de outubro daquele
ano, realizou-se, no Rio de Janeiro, a Conferência Regional Preparatória
da América Latina e do Caribe para a Cúpula Mundial sobre o
COLEÇÃO

auESTO! EB NitANAS/ONaIs——— (CÚPULA MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento Sustentável. A reunião, aberta pelo Presidente da


República e presidida pelo Ministro Celso Lafer, contou com a participação
de vários Chanceleres e Ministros do Meio Ambiente da região.
Na ocasião, foi adotada a Plataforma de Ação do Rio de Janeiro
em direção a Joanesburgo-2002, em que estão indicadas as áreas de
prioridade para os países da região no que tange ao desenvolvimento
sustentável, a partir dos resultados das quatro Reuniões Preparatórias sub-
regionais, realizadas no Chile (Cone Sul), Cuba (Caribe), Equador (Países
Andinos) e El Salvador (América Central e México), nos meses de junho e
julho de 2001. O Grupo de Trabalho que deu a redação final ao documento,
na reunião do Rio de Janeiro, foi presidido pelo Ministro Everton Vieira
Vargas, Diretor-Geral do Departamento do Meio Ambiente e Temas
Especiais.
A América Latina e o Caribe propuseram o seguinte tema central
para a Cúpula: “Hacia una nueva globalización que garantice un desarrollo
sostenible, equitativo y incluyente”. Com isso, a região buscava encaminhar
a discussão para a temática mais abrangente do desenvolvimento
sustentável, bem como evitar que o foco em Joanesburgo passasse a se
voltar exclusivamente para os problemas dos países em desenvolvimento,
tendência que se verificava em outros processos preparatórios regionais,
especialmente na África e na Europa, nos quais o problema da pobreza
vinha recebendo grande ênfase.
Além de definir a proposta regional de tema central para Joanesburgo,
a Plataforma de Ação reafirmou os princípios e compromissos em matéria
de meio ambiente e desenvolvimento sustentável estabelecidos na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
de 1992, assim como em outros instrumentos internacionais ambientais, como
a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima e a Convenção sobre
Diversidade Biológica.
O documento também avaliou os avanços e as dificuldades
encontradas na implementação desses compromissos. Alguns dos progressos
coLIÇÃO

CúPuLA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——— euro: ÉS" ANACIONAIS

citados incluem o aumento da consciência ambiental, a codificação do direito


ambiental, o fortalecimento institucional e a promoção, na região, de um
entorno favorável à transferência de tecnologias e novos enfoques
produtivos, ambientalmente limpos e eficientes do ponto de vista energético.
O texto destacou, entretanto, o impacto negativo das modalidades de
produção e consumo dos países desenvolvidos, bem como as práticas e
políticas vigentes nestes últimos que distorcem ou que podem distorcer o
comércio e os fluxos financeiros internacionais.
Na seção destinada a considerações atuais, os países da região
salientaram a importância da cooperação internacional para enfrentar
problemas como a pobreza extrema, a degradação ambiental, o
subdesenvolvimento, a desigualdade e os padrões de produção e consumo
insustentáveis que afetam toda a comunidade internacional, mas, sobretudo
os países em desenvolvimento. Destacaram, ainda, entre outros aspectos,
a necessidade de maior integração entre as políticas sociais, econômicas e
ambientais, com vistas a atenuar os efeitos sobre o meio ambiente do
desenvolvimento econômico e social, para o que seria instrumental a
facilitação da difusão do conhecimento tecnológico.
No que diz respeito aos compromissos futuros, o documento propõe
o fortalecimento institucional nos níveis local, nacional e regional, com o
objetivo de intensificar a troca de experiências e conhecimentos dentro dos
países e entre eles, bem como aperfeiçoar a participação regional nos foros
multilaterais. O financiamento ao desenvolvimento sustentável e a
transferência de tecnologia são outros aspectos tratados no texto, com ênfase
nos compromissos assumidos pelos países desenvolvidos na Agenda 21 e
em outros acordos internacionais.
A preparação para a Cúpula no plano global se deu no marco das
Nações Unidas, em especial a Comissão de Desenvolvimento Sustentável,
que atuou na qualidade de Comitê Preparatório da Cúpula (PrepCom). O
Brasil ocupou uma das vice-presidências da mesa do PrepCom, em
representação da América Latina e Caribe, na pessoa da Ministra-
estro CEE Oni— Cúrura MunDiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Conselheira do Brasil na Missão junto às Nações Unidas, Maria Luiza


Ribeiro Viotti. Foram realizadas quatro reuniões do PrepCom, a última delas
em nível ministerial (Bali, 27 de maio a 7 de junho).
Os dois principais documentos que resultaram da Cúpula são a
Declaração Política e o Plano de Implementação da Agenda 21, o qual
define estratégias concretas para o cumprimento das recomendações da
Agenda 21, bem como dos objetivos da comunidade internacional em matéria
de desenvolvimento sustentável. Entre as áreas mais importantes para ação
incluem-se energias renováveis, água e saneamento, saúde, combate à
pobreza, biodiversidade, padrões de produção e consumo, governança e
aperfeiçoamento institucional.
A principal dificuldade nas negociações girou em torno dos meios
de implementação — financiamento ao desenvolvimento, acesso aos
mercados dos países desenvolvidos. Para os países do Norte, o problema
dos meios de implementação já estaria equacionado como resultado da
Conferência de Monterrey sobre o Financiamento ao Desenvolvimento e
da Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC),
em Doha. Na visão dos países em desenvolvimento, a implementação efetiva
e plena da Agenda 21 exige meios específicos, que poderão ultrapassar o
âmbito restrito daquelas duas conferências. Daí a importância de
Joanesburgo ter enviado ao menos um sinal político do comprometimento
da comunidade internacional em dar impulso ao acesso aos mercados e ao
financiamento para o desenvolvimento sustentável.
No processo negociador para Joanesburgo, o Brasil buscou
coordenar-se com seus parceiros latino-americanos, com vistas a refletir
nos resultados da Cúpula os interesses específicos do país e da região.
Como fruto desse exercício, o Brasil liderou o lançamento, pela América
Latina e o Caribe, de iniciativa própria para a Rio+10 (Iniciativa Latino-
Americana e Caribenha para o Desenvolvimento Sustentável - ILAC) -
acolhida no Plano de Implementação da Agenda 21 - na qual são definidas
metas voltadas a tornar realidade no contexto regional a integração dos
CúPuLAa MunDiarL SoBrRe DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —<—————— svceros LED PP.

pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.


O Brasil apresentou, ainda, uma proposta na área de energias
renováveis, de iniciativa do Professor José Goldemberg, que estabelecia a
meta de ampliar para 10% até 2010 a proporção de fontes energéticas
renováveis, como a biomassa, a energia eólica e a energia solar, na matriz
energética dos países. Incorporada à ILAC, essa iniciativa recebeu o
respaldo de toda a América Latina e o Caribe e acolhida positiva também
de alguns países industrializados.
Também foram anunciadas em Joanesburgo algumas iniciativas e
parcerias voluntárias (resultados do tipo II), que consistiram numa série de
compromissos e coalizões - envolvendo governos, iniciativa privada e
sociedade civil - válidos apenas entre seus participantes e voltados para a
ação, incluindo metas, prazos, mecanismos de coordenação e implementação,
bem como previsão de meios de implementação e transferência de
tecnologia.

2.2 Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o


Desenvolvimento Sustentável (ILAC)

A Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o Desenvolvimento


Sustentável (ILAC) é uma proposta brasileira de ação conjunta no sentido
de promover uma contribuição efetiva para a implementação da Agenda
21, segundo a ótica e as necessidades de nossa região.
Sua principal fonte de inspiração foi a Plataforma Regional adotada
na Conferência da América Latina e do Caribe Preparatória para a Cúpula
Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, ocorrida nos dias 23 e 24
de outubro de 2001, no Rio de Janeiro, que relacionou algumas áreas
prioritárias para a ação internacional em matéria de desenvolvimento
sustentável, como erradicação da pobreza e das desigualdades sociais,
gestão dos recursos hídricos; geração sustentável de energia e ampliação
da participação de fontes renováveis; gestão de áreas protegidas e uso
PR EE" NACIONAL CúPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

sustentável da biodiversidade; adaptação aos impactos provocados pela


mudança do clima; gestão sustentável das áreas urbanizadas: transferência
de tecnologia; reforço das instituições de pesquisa e desenvolvimento e
ampliação das fontes de financiamento existentes.
Seu texto foi aprovado na VII Reunião do Comitê Intersessional do
Fórum de Ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe,
realizada em São Paulo, de 15 a 17 de maio de 2002. Posteriormente, a
Delegação brasileira logrou incluir a ILAC no Plano de Implementação
que seria adotado pela Cúpula de Joanesburgo, juntamente com outras
iniciativas regionais.
A ILAC constitui-se em marco político e moldura institucional na
qual serão contempladas parcerias para o desenvolvimento de programas
e projetos regionais, sub-regionais, bilaterais e locais. Tais parcerias poderão
englobar os mais variados agentes, desde governos da região ou de outras
regiões, iniciativa privada e organizações não-governamentais.
As áreas prioritárias contempladas pela ILAC são energia,
diversidade biológica, recursos hídricos, vulnerabilidades, assentamentos
humanos, cidades sustentáveis, saúde, eliminação da pobreza, produção
limpa, indicadores e formação de recursos humanos.
A existência de uma Iniciativa Latino-Americana e Caribenha
Justifica-se pela necessidade de dar sentido prático à Cúpula Mundial do
Desenvolvimento Sustentável, tendo presente o princípio de responsabilidades
comuns, porém diferenciadas dos Estados. Deve, ainda, permitir a adoção de
ações concretas voltadas ao desenvolvimento sustentável, com a cooperação
de países desenvolvidos, organizações multilaterais e regionais e instituições
de financiamento e com o fortalecimento da cooperação Sul-Sul.

2.3 Preparação brasileira

O Senhor Presidente da República criou a Comissão Interministerial


para a Preparação da Participação do Brasil na Cúpula Mundial sobre
COLEÇÃO

CúPuLA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——————aúss SS ss A ENTE

Desenvolvimento Sustentável, sob a presidência do Itamaraty, pelo Decreto


de 13 de março de 2001, pouco após a convocação oficial da Cúpula de
Joanesburgo em dezembro de 2000, através da resolução 55/199 das Nações
Unidas.

Nos termos do artigo 2º do Decreto constitutivo, são competências da


Comissão:
“a) coordenar, em articulação com a Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável- CPDS, o processo de avaliação e implementação
da Agenda 21 e dos outros documentos adotados pela Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro,
de 2. a 12 de junho de 1992; e
b) preparar subsídios que possam informar a participação do Brasil nas
negociações que terão lugar na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável e seu processo preparatório”.
Entre órgãos públicos, entidades empresariais, sindicais, acadêmicas
e organizações não-governamentais, a Comissão contou com 28
representantes oficiais: dezesseis oriundos da esfera pública, três da
comunidade científica e acadêmica, dois de fóruns representando diversas
ONGs, quatro de entidades vinculadas a setores empresariais e três indicados
pelas maiores centrais sindicais do país.
Em fevereiro de 2002, o Senhor Presidente da República nomeou o
Senhor Fábio Feldmann, Secretário-Executivo do Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas e membro titular da Comissão Interministerial, para
exercer o cargo de Representante do Presidente da República para a
participação da sociedade brasileira na Rio+10.
Houve sete reuniões da Comissão Interministerial, sob a Presidência
do Embaixador Luiz Augusto de Araujo Castro, Subsecretário-Geral de
Assuntos Políticos Multilaterais do Itamaraty: a primeira aconteceu em 3
de outubro de 2001, seguida de outras em novembro e, no ano de 2002, em
Janeiro, março, maio e julho. Em 13 de agosto de 2002, pouco antes da
COLEÇÃO

aus or CEB Fo mese Cúrura MunDiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

NV
Cúpula, foi realizada Reunião Extraordinária da Comissão, com a presença
do Senhor Presidente da República.
Antes da II, II e IV Sessões do Comitê Preparatório, (celebradas
respectivamente em janeiro/fevereiro, março/abril e maio/Junho do ano em
curso), foram solicitados subsídios por escrito aos membros da Comissão.
Incorporados às instruções para os PrepComs, esses subsídios serviram de
fundamento para as sugestões de enfoque, redação e edição dos documentos
de trabalho apresentadas pela delegação brasileira. Dessa maneira, diversas
contribuições emanadas da Comissão Interministerial foram incorporadas
ao Plano de Implementação, que orientará decisões em escala global em
matéria de desenvolvimento sustentável.
Os integrantes da Comissão realizaram trabalho complexo, extenso
e construtivo, prestigiando as reuniões de forma consistente, e trouxeram
aportes de alto nível que fundamentaram a atuação do Brasil nas sessões
do Comitê Preparatório e na própria Cúpula de Joanesburgo.
O cerne das atividades da Comissão foi a leitura crítica dos textos
elaborados pelo Secretariado e pelo Presidente do Comitê Preparatório da
Cúpula de Joanesburgo, Emil Salim. Nas reuniões de maio e julho a Comissão
concentrou-se no texto de trabalho elaborado pelo Presidente do Comitê
Preparatório, que após as negociações do IV PrepCom em Bali, de 27 de
maio a 7 de junho, culminou na minuta do Plano de Implementação da
Cúpula Mundial, cujas partes mais polêmicas tiveram sua negociação
concluída em Joanesburgo.
A Comissão teve o privilégio de contar com a presença de
convidados especiais, tais como o Doutor José Goldemberg, Secretário
do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e formulador da iniciativa de
utilização de energia renovável; do Doutor Cláudio Langone, presidente
da Associação Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente
(ABEMA) e Secretário Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do
Sul; e do Doutor Sérgio Besserman Vianna, Presidente do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos aportes sobre indicadores

IO
CÚPULA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———suiros
— — <EEED NTLANKCIONAIS

de desenvolvimento sustentável se mostraram valiosos para subsidiar as


posições brasileiras.

Os trabalhos da Comissão Interministerial trouxeram para o


Itamaraty as diferentes facetas da questão do desenvolvimento sustentável,
o que permitiu às delegações do Brasil nos PrepComs e na Conferência
desempenhar um papel destacado e respeitado, tanto no âmbito do Grupo
dos 77 e China quanto em relação aos demais países e grupos de países
que participam da negociação.

2.4 Cerimônia de transferência de sede da Cúpula sobre


Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro para
Joanesburgo

Os preparativos do governo brasileiro para a Cúpula incluíram a


realização, entre os dias 23 e 25 de junho de 2002, no Rio de Janeiro, de
conjunto de eventos destinados a marcar politicamente a transferência
simbólica da sede da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
daquela cidade para Joanesburgo. Tais eventos contaram com o envolvimento
pessoal do Senhor Presidente da República e a presença do Presidente da
África do Sul, Thabo Mbeki, e do Primeiro-Ministro da Suécia, Gôran Persson.
Além dos três mandatários, participaram igualmente altas
personalidades brasileiras e estrangeiras dos setores político, acadêmico,
empresarial, de organizações internacionais e de organizações não-sovernamentais.
Entre as personalidades estrangeiras destacam-se o Vice-Primeiro-Ministro
do Reino Unido, John Prescott; a Princesa Basma Bint Talal, da Jordânia;
o Ministro Jan Pronk, dos Países Baixos, na qualidade de Representante
Especial do Secretário Geral das Nações Unidas; o Senhor Nitin Desai,
Secretário Geral da Cúpula de Joanesburgo; o Senhor Emil Salim, Presidente
do Comitê Preparatório da Cúpula de Joanesburgo; o Senhor Klaus Tôpfer,
Diretor-Executivo do PNUMA;: o Ministro Mohammed Valli Moosa, da

1
COLEÇÃO

ooeeros FE ienvaciona s— ——Cúrpura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

África do Sul; o Senhor José Ocampo, Diretor da CEPAL, e o Senhor


Maurice Strong, Secretário-Geral da Conferência do Rio.
Entre as personalidades brasileiras registrem-se as presenças dos
Ministros de Estado das Relações Exteriores, da Ciência e Tecnologia e do
Meio Ambiente; a Senhora Governadora do Estado do Rio: o Senhor Prefeito
da Cidade do Rio de Janeiro; o Senhor Fábio Feldman, Representante do
Presidente da República para a participação da sociedade brasileira na
Rio+10 e organizador do evento; o Doutor José Goldembereg, Secretário de
Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Além desses, estiveram presentes
numerosos representantes da academia e da sociedade civil, em número
aproximado de 800 pessoas.
A expressiva participação de personalidades representativas,
brasileiras e estrangeiras, além do grande número de participantes e o
singular interesse da imprensa brasileira e internacional atestou o êxito da
iniciativa e o papel de destaque desempenhado pelo Brasil no campo do
desenvolvimento sustentável. Os eventos do Rio de Janeiro lograram
promover o necessário apoio político em prol do êxito da Cúpula de
Joanesburgo e sinalizaram a passagem da liderança do processo para a
África do Sul. Em todas as discussões ficou patente a preocupação em
preservar a via multilateral como conduto privilegiado para o tratamento
das questões globais, como o desenvolvimento sustentável. Foi reafirmada
a necessidade de liderança dos países industrializados na mudança do
paradigma do desenvolvimento, em favor de padrões de produção e consumo
mais sustentáveis. Houve consenso em que a erradicação da pobreza é
imperativa para que se possa avançar no caminho da sustentabilidade.
A reunião do Rio representou importante oportunidade de
concertação política, tendo ensejado a redação de uma carta dos três
mandatários endereçada à Cúpula do G-8, que então se realizava no Canadá,
com o objetivo de assinalar a importância da Conferência de Joanesburgo,
a necessidade de avanços concretos nos temas de sua agenda e da plena
participação de Chefes de Estado e de Governo de todos os países. Essa

2
CúrPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— avestos LE memneona

carta foi levada, em mãos, pelo Presidente Mbeki e entregue ao Primeiro-


Ministro canadense, Jean Chrétien.

2.5 As sessões do Comitê Preparatório da Conferência

A I Sessão do Comitê Preparatório da Cúpula de Desenvolvimento


Sustentável (PrepCom), realizou-se, em Nova York, no período de 30 de
abril a 2 de maio de 2001. A delegação brasileira foi chefiada pelo Embaixador
Gelson Fonseca Junior, Representante Permanente do Brasil junto às
Nações Unidas.
« O Senhor Emil Salim (Indonésia) foi eleito por aclamação para
presidir os trabalhos do Comitê Preparatório. Foram eleitos para o Bureau,
também por aclamação, os seguintes Vice-Presidentes: Maria Luiza Ribeiro
Viotti (Brasil), Diane Marie Quarless (Jamaica), Ahmed Ihab Gamaleldin
(Egito), Ositadinma Anaedu (Nigeria), Jan Kara (República Tcheca),
Alexandru Niculescu (Romênia), Richard Ballhorn (Canadá), Lars-Gôran
Engfeldt (Suécia), Kiyotaka Akasaka (Japão) e Jeanette Ndhlovu (África
do Sul).
A reunião organizacional do PrepCom da Rio+10 estabeleceu as
regras de funcionamento das duas sessões preparatórias programadas para
Nova York (28 de janeiro — 8 de fevereiro e 25 de março — 5 de abril de
2002), e da reunião ministerial em Bali (27 de maio — 7 de junho de 2002).
O Comutê Preparatório adotou cinco decisões referentes ao processo
preparatório nacional, regional e internacional, às sessões seguintes do
PrepCom (local, data e agenda provisória), à organização dos trabalhos
durante a Cúpula (sessões plenárias, mesas-redondas, eventos paralelos),
às regras de procedimento da Cúpula e à questão do credenciamento e
participação de representantes não-governamentais.
No que diz respeito à decisão sobre “Progresso nas atividades
preparatórias nos níveis local, nacional, regional e internacional e pelos
principais grupos de interesse (major groups)”, os seguintes pontos merecem

13
TO: EE NasienNaIs———— CúPura MunpIAL SogrRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

especial destaque: a recomendação de que o resultado de todos os eventos


preparatórios fosse submetido à consideração do PrepCom, inclusive o do
exercício sobre Governança Ambiental Internacional (GAI): e a de que as
atividades preparatórias em nível nacional, regional, sub-regional e inter-
regional, bem como a dos “principais grupos de interesses”, viessem a contribuir
para a definição de possíveis temas para a Cúpula, que seriam propostos pelo
Comitê Preparatório, juntamente com a agenda provisória, na terceira sessão
substantiva do PrepCom (Nova York, março/abril de 2002).
As decisões adotadas definiram a data da Conferência e a questão
do credenciamento e participação no processo preparatório e na Cúpula de
organizações não-governamentais relevantes e outros grupos de interesse.
Sobre esse tema, foi assegurado o mesmo nível de participação que tiveram
os representantes de organizações não-governamentais e outros “grupos
principais” na Rio-92.
Nessa sessão do PrepCom, a intervenção do Brasil no debate geral
realçou o estabelecimento da Comissão Interministerial para a Preparação
da Participação do Brasil na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, sob a presidência e coordenação do Itamaraty, e a ampla
consulta realizada pelo Ministério do Meio Ambiente para o estabelecimento
de uma Agenda 21 brasileira, refletindo o grau de engajamento político e de
interesse do Governo e da sociedade brasileira na implementação da Agenda
21 e na temática do desenvolvimento sustentável.
Cabe notar que houve uma clara convergência em todas as intervenções
sobre a natureza político-diplomática do processo. Embora subsídios de
natureza técnica pudessem vir a serem necessários para informar as
recomendações resultantes da Conferência de Joanesburgo, estava claro
que este deveria constituir processo no qual se buscariam soluções políticas
negociadas para superar os impasses e os obstáculos para a implementação
da Agenda 21 e dos demais acordos da Rio-92.
A II Sessão do Comitê Preparatório para a Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável realizou-se, de 28 de janeiro a 8 de fevereiro

14
CúrPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— eu: or E" TERNÁS (ONA

de 2002, em Nova York. A reunião marcou, no plano multilateral, o início


das discussões substantivas acerca do estágio de implementação da Agenda
21] é da definição de uma agenda para Joanesburgo. Os trabalhos do II
PrepCom incluíram o debate intersovernamental, o diálogo entre governos
e os principais atores não-governamentais (multistakeholders) e eventos
paralelos que abordaram, sob a ótica do desenvolvimento sustentável, temas
como agricultura e segurança alimentar, educação, mineração e ciência e
tecnologia, entre outros.
O debate geral ocorreu nos dias 31 de janeiro e | de fevereiro. O
discurso pronunciado pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores
destacou, entre outros pontos, a necessidade de implementação da Agenda
21 e dos princípios e compromissos assumidos no Rio, em particular no que
se refere ao financiamento do desenvolvimento sustentável e transferência
de tecnologia; a necessidade de um enfoque que integre políticas e
programas nos planos econômico, social e ambiental: a necessidade de
alteração dos padrões de consumo e produção nos países desenvolvidos; a
importância de se ampliar o acesso dos países em desenvolvimento aos
mercados dos países desenvolvidos; a necessidade de promover ações e
mecanismos concretos para a efetiva implementação dos princípios e
compromissos acordados, em 1992; e o entendimento de que a Cúpula
Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável é parte de um processo que
começa em Monterrey e que continuará através das negociações lançadas
em Doha.
A segunda semana dos trabalhos foi dedicada ao debate sobre
possíveis ações para assegurar a efetiva implementação da Agenda 21.
Essas discussões, além dos demais elementos disponíveis - entre os quais
as intervenções nacionais, as plataformas regionais e as contribuições
recebidas dos multistakeholders - deveriam contribuir para a elaboração,
pelo Presidente do PrepCom, Senhor Emil Salim, de um texto destinado a
servir de base para as negociações de um “plano de ação” na terceira
sessão do PrepCom (Nova York, 25/03 a 5/04/2002).

=
" E)
COLEÇÃO

auES TOS EEE irreNA CIO NA IB CóPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O texto do Senhor Emil Salim foi considerado, por todos, como uma
base adequada para negociações. De modo geral, tratava-se de documento
equilibrado, abrangente, que refletia muitas das posições do Grupo dos 77/
China e, em particular, questões de interesse para o Brasil, sobretudo no
que se refere aos meios de implementação — financiamento do desenvolvimento,
transferência de tecnologia, ciência, formação de pessoal e acesso aos
mercados dos países desenvolvidos.
O documento apresentava, entretanto, algumas deficiências, que
deveriam ser sanadas durante o processo negociador. Não incluía, por
exemplo, menção ao princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, que tem sido o elemento reitor dos entendimentos norte-sul
nas negociações sobre desenvolvimento sustentável. Tampouco identificava
os atores responsáveis pela execução das ações listadas, inclusive no que
se refere à mudança nos padrões de consumo e produção. Outro elemento
ausente era a questão da competitividade do desenvolvimento sustentável
e, especificamente, a necessidade de adoção de medidas de valoração dos
bens e serviços obtidos de forma ambientalmente sustentável (mecanismos
regulatórios, incentivo ao consumo, políticas públicas de apoio ao manejo
sustentável de recursos naturais, etc.).
Esse primeiro esboço do que seria o Plano de Implementação da
Agenda 21 dividia-se nas seguintes partes:
(D introdução;
(II) erradicação da pobreza;
(III) alteração dos padrões insustentáveis de consumo e produção;
(IV) proteção e administração da base de recursos naturais do
desenvolvimento econômico e social;
(V) desenvolvimento sustentável num mundo em processo de
globalização;
(VD saúde e desenvolvimento sustentável;
(VII) desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas (SIDS);
(VIII) iniciativas de desenvolvimento sustentável para a África; e

I6
CúruLa MunDIAL SoBrRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL — ento on ÉS: Ecos

(IX) meios de implementação (financiamento, comércio, transferência


de tecnologia, ciência e educação, e informação para o processo decisório).
Posteriormente, foi acrescentada uma nova seção, sobre governança
ou arranjos institucionais, tema que foi objeto de debate preliminar nos dois
últimos dias do Il PrepCom. São resumidos, a seguir, os principais aspectos
da discussão acerca desse texto inicial do Senhor Emil Salim:
- Introdução: o texto apresentava introdução equilibrada, com a
reafirmação dos princípios e compromissos acordados na Conferência do
Rio; da importância de um ambiente interno e internacional favorável ao
desenvolvimento sustentável; da necessidade do apoio da comunidade
internacional aos esforços nacionais. Assinalava que paz, segurança e
estabilidade constituem elementos essenciais para alcançar o desenvolvimento
sustentável e apelava à renovação da vontade política e à promoção de
ações concretas para impulsionar o desenvolvimento sustentável.
- Erradicação da pobreza: o texto consolidava o princípio de que a
erradicação da pobreza representa aspecto central do desenvolvimento
sustentável; referia-se ao lançamento de um “plano de ação global” com
compromissos claros, metas temporais, recursos e mecanismos de
monitoramento para atingir a meta da Declaração do Milênio de reduzir
pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável; para promover
O acesso à energia, a agricultura sustentável e o desenvolvimento rural;
para avançar no combate à desertificação e no acesso a serviços de saúde.
Embora o conteúdo da seção fosse, de modo geral, satisfatório, o texto
ainda conferia ênfase excessiva à vertente rural (seis parágrafos) da pobreza,
em detrimento da pobreza urbana (um parágrafo); a questão da educação
era tratada num único parágrafo e estava restrita à área rural; não havia
menção a questões como indústria, trabalho e emprego, bem como
desenvolvimento social. Conforme posição manifestada pelo Brasil no
âmbito do G-77/China, logrou-se evitar que a questão da pobreza - e, por
extensão, os países em desenvolvimento - fosse tratada como fator
responsável pela degradação ambiental.

I7
auestO€ EE Nanscionais————————— CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- Alteração dos padrões insustentáveis de consumo e produção:


muitos dos pontos tratados nesse documento inicial seriam mantidos no
Plano de Implementação afinal acordado em Joanesburgo, tais como: maior
eficiência e diversificação na área energética; eficiência nos transportes e
qualidade do ar; iniciativas para a reciclagem do lixo; ratificação da
convenções internacionais sobre produtos químicos (Convenção da Basiléia;
Convenção de Roterdã sobre Consentimento Prévio Informado e
Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes); redução
da poluição; conservação dos recursos naturais; adoção pelo setor industrial
de medidas voluntárias, como a certificação: e mudança do clima (menção
específica ao Protocolo de Quioto e ao Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo — CDM). O texto era deficiente no que tange à atribuição aos países
desenvolvidos da responsabilidade primária pela alteração de seus padrões
de consumo e produção, optando por uma referência genérica à necessidade
de alterar os padrões de consumo e produção das “sociedades industriais”,
o que, em princípio, poderia incluir países em desenvolvimento.
- Proteção e manejos das bases de recursos naturais para o
desenvolvimento sustentável: a seção dava grande ênfase e tratava de forma
ampla e equilibrada a questão dos recursos hídricos, bem como da pesca e
dos oceanos; desastres naturais e vulnerabilidade; mudança do clima; camada
de ozônio; desertificação; montanhas; turismo; biodiversidade; florestas e
mineração. Foi excluído desta versão o conceito de “tutela global” (global
stewardship) da biodiversidade, expressão que constava do relatório do
Secretário-Geral das Nações Unidas (“Implementando a Agenda 21”), bem
como da primeira minuta do Presidente do PrepCom, à qual se opôs o
Brasil e o G-77/China de modo geral. Tampouco foi incluída no relatório
final qualquer referência a um “quadro jurídico” (legal framework) sobre
florestas, que também aparecia no relatório de Kofi Annan, preferindo-se
realçar a importância da implementação das propostas de ação do Painel
Intergovernamental sobre Florestas (IPF) e do Fórum Internacional sobre
Florestas (TIFF), incluídas no plano de ação do Fórum das Nações Unidas

-- I8
ILEÇAO

CúruLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— eus EEE enem

sobre Florestas (UNFF), bem como a necessidade de dar tratamento


integrado às questões do comércio ilegal de madeiras, produtos florestais
não-madeireiros e recursos genéticos.
- Desenvolvimento sustentável num mundo globalizado: destacava-
se na seção V o objetivo de promover uma globalização mais equitativa,
inclusiva e sustentável — tal como proposto na Plataforma Regional da
América Latina e Caribe. Esse objetivo incluiria ações para evitar a
marginalização de parcela considerável dos Países em desenvolvimento,
reduzir a instabilidade do sistema econômico e financeiro internacional e
promover um sistema multilateral de comércio mais eqiiitativo e não —
discriminatório. Outros pontos suscitados nessa seção incluíam: fluxo de
investimentos externos (FDI); eliminação de barreiras tarifárias e não-
tarifárias; disseminação das tecnologias de comunicação e informação para
reduzir o hiato digital: fortalecimento da capacidade institucional dos países
em desenvolvimento; e promoção de parcerias entre os setores público e
privado.
- Saúde e desenvolvimento sustentável: a seção incorporava as
preocupações básicas do Brasil e dos países em desenvolvimento em geral.
Além dos parágrafos sobre HIV/AIDS, o texto abordava questões tão
diversas quanto à da cooperação a ser prestada pelos países desenvolvidos
aos países em desenvolvimento; a proteção dos conhecimentos tradicionais; -
e a redução do teor de chumbo, enxofre e benzeno nos combustíveis. O
tratamento do tema relacionava saúde, sobretudo a questões de cunho
ambiental (qualidade do ar e da água, por exemplo); baseava-se, ademais,
na premissa de um “sistema de saúde pobre para os pobres”, modelo que
não seria condizente com o objetivo de promover o desenvolvimento
sustentável. Ao longo das negociações posteriores sobre o tema, contudo,
o texto do Plano de Implementação foi aperfeiçoado.
- Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas: seção constituída
de onze parágrafos propostos pelos Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento (SIDS), abarcando as questões específicas que afetam

19
COLEÇÃO

sto CEEE imunes ——— Cópura MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

essa categoria de países: vulnerabilidade; pesca; exploração dos recursos


da zona econômica exclusiva; acesso a mercados; energia; turismo; e
mudança climática.
- Iniciativas de desenvolvimento sustentável para a África: seção
constituída de catorze parágrafos que tratavam dos seguintes temas:
implementação do NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da
África); apoio e promoção da TICAD (Conferência Internacional de Tóquio
para o Desenvolvimento da África); acesso à tecnologia, finanças e
capacitação; paz, segurança e estabilidade; HIV/AIDS; produtividade
industrial e competitividade; acesso e diversificação energética; aumento
da produtividade agrícola, entre outros.
- Meios de implementação: a seção IX foi dedicada à questão dos
meios de implementação. O documento inicial do presidente do PrepCom
constituía uma boa base para as negociações, ao reforçar os compromissos
assumidos pelos países desenvolvidos, por exemplo, em termos de ajuda
oficial ao desenvolvimento (ODA). A novidade nesse campo foi, conforme
sugerido pelo Brasil e endossado pelo G-77/China, a inserção de um sub-item
neste capítulo sobre comércio e acesso a mercados, além das questões de
finanças, tecnologia e fortalecimento institucional, tradicionalmente tratadas
como meios de implementação.
- Governança: no debate preliminar sobre governança para o
desenvolvimento sustentável, os EUA, secundados pelo Japão, União
Européia (UE), Noruega e Suíça, buscaram priorizar a dimensão nacional
em detrimento dos níveis regional e internacional. A delegação norte-
americana delineou, nesse contexto, cinco características do que considerava
“boa governança”:
a) instituições eficientes;
b) processo decisório bem informado e baseado em dados
científicos;
Cc) acesso à justiça;
d) acesso à informação; e

20
COLEÇÃO

CúruLa MunDIaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———euvesvór E ESEANAS

e) participação das partes interessadas (stakeholders). No que


concerne à governança internacional, a posição norte-americana privilegiou
as discussões em torno do fortalecimento da CDS, tendo expressado
claramente reservas quanto à ampliação do debate às instituições de Bretton
Woods e ao sistema financeiro internacional de modo geral. O G-77/China,
por sua vez, reiterou a importância de assegurar o equilíbrio entre os níveis
nacional, regional e internacional no tratamento da questão. Nesse contexto,
o elemento novo foi a ênfase dada a imensão regional da governança e o
debate em torno do papel que as comissões econômicas regionais poderiam
assumir na promoção do desenvolvimento sustentável. O G-77/China
salientou ainda que a discussão sobre governança para o desenvolvimento
sustentável não deveria ser confundida com o processo sobre governança
ambiental internacional, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA).
A III Sessão do Comitê Preparatório da Cúpula Mundial do
Desenvolvimento Sustentável realizou-se também em Nova York, de 25 de
março a 5 de abril. O principal objetivo do III PrepCom era o de examinar o
texto do Senhor Emil Salim (“Texto do Presidente”) resultante do II PrepCom
com vistas à preparação de um documento - com propostas de ação e definição
de prazos para sua consecução - voltado à implementação da Agenda 21 e dos
compromissos assumidos em relação ao desenvolvimento sustentável
(Resolução 55/199). Com essa finalidade, foram constituídos três Grupos de
Trabalho. O Grupo de Trabalho I examinou os capítulos I a IV (introdução do
texto, erradicação da pobreza, mudança nos padrões de consumo e produção,
e proteção e manejo dos recursos naturais). Os parágrafos relativos à energia
€ Oceanos, por sua extensão e complexidade, foram objeto de consultas informais.
O Grupo de Trabalho TI considerou os capítulos sobre globalização, saúde,
pequenas ilhas, iniciativas para a África e meios de implementação. O Grupo
de Trabalho III dedicou-se à questão da governança. Na segunda semana,
realizaram-se também consultas informais sobre critérios para as parcerias e
iniciativas a serem anunciadas durante a Cúpula (“resultados de tipo 11”).

= 21
COLIÇÃO

.—— ED eo CúPULA MuNnDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A primeira semana do PrepCom foi dedicada à consideração


preliminar do texto do Presidente com comentários gerais e apresentação
de emendas por parte das diferentes delegações. Desse exercício resultou
texto compilado, examinado ao longo da segunda semana. Tendo em vista
a extensão do texto de compilação, dado o elevado número de propostas de
emendas e a complexidade de certos temas, como os relativos à energia,
água, mudança do clima, oceanos, e meios de implementação (recursos
financeiros, acesso a mercados e transferência de tecnologia), não foi
possível avançar significativamente durante a segunda semana, tendo as
consultas servido mais para um intercâmbio sobre as propostas apresentadas
de parte a parte do que propriamente para uma negociação do texto. Ao
cabo desse processo, o Comitê decidiu solicitar ao Presidente a preparação
de um documento revisto, mais objetivo, conciso e voltado para a ação, que
constituiria a base do programa de implementação que seria efetivamente
negociado em Bali.
À delegação brasileira atuou em estreita coordenação com o G-77/
China, tendo obtido o endosso do Grupo para praticamente todas as propostas
apresentadas — na linha das instruções recebidas — no decorrer das reuniões
mantidas pelo Grupo antes e durante o III PrepCom. Em termos gerais, as
tendências já observadas no II PrepCom começaram a definir-se com maior
clareza. No Grupo de Trabalho 1, os países em desenvolvimento buscaram
reafirmar o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas —
que alguns países desenvolvidos preferiam não mencionar — e acentuar a
necessidade de intensificar a cooperação internacional e tornar disponíveis
os meios de implementação (recursos financeiros, transferência de
tecnologia, capacitação e acesso a mercados), insistindo em que o tema
recebesse tratamento transversal. Além disso, o estabelecimento de um
Fundo de Solidariedade para a Erradicação da Pobreza, objeto de duas
resoluções da Assembléia-Geral das Nações Unidas, voltou a ser defendido
pelos países em desenvolvimento no contexto do processo preparatório
para a Cúpula de Joanesburgo, como medida concreta que demonstraria a

22
ECHLEÇÃO
Cúrura MunDiaL Sogre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— evrsrosFÉEERD nm (ónais

vontade política e o compromisso da comunidade internacional com a


erradicação da pobreza. As propostas norte-americanas, por sua vez,
continuavam a ressaltar a importância da “boa governança” interna, a
importância do setor privado e da participação ampla de todos os setores
da sociedade civil, conferindo clara prioridade aos “resultados de tipo IT”.
A União Européia, além da questão da boa governança, realçou os temas
da erradicação da pobreza com foco na formulação de estratégias nacionais
para a redução da pobreza — “PRSPs”, e da mudança nos padrões de
produção e consumo; por outro lado, colocou em evidência seu interesse
em assegurar avanços mais concretos no plano normativo, que criassem
um ambiente favorável para investimentos do setor privado, com clara ênfase
nos setores da água e energia.
As consultas informais sobre energia transcorreram em clima
construtivo. Posição defendida pelo G-77/China, resultante de um equilíbrio
que acomodava os interesses divergentes de países produtores de petróleo
e daqueles, como o Brasil, que desejavam avançar na promoção de energias
renováveis, foi a de que os parâmetros para a negociação do tema fossem
as recomendações da IX Sessão da Comissão sobre Desenvolvimento
Sustentável (CDS-9), celebrada em 2001, cuja negociação foi difícil, mas
que resultou em texto equilibrado. Já a UE, que desde o início do processo
defendeu seu tratamento em capítulo à parte, manifestou sua preferência
por avançar o debate e ir além da linguagem da CDS-9, procurando, para
tanto, introduzir uma série de propostas específicas e de cunho regulatório.
Ao cabo de duas reuniões, acordou-se que o facilitador, o diplomata Gustavo
Ainchil, da Argentina, prepararia novo texto levando em conta as diferentes
propostas e comentários.
No que se refere a oceanos, as consultas revelaram o interesse em
que o assunto fosse discutido sob uma perspectiva que integrasse os
diferentes aspectos, tratados até agora de forma fragmentada (proteção e
uso sustentável dos recursos marinhos, poluição marinha, pesca,
implementação dos instrumentos internacionais, mecanismos de cooperação,

23
COLFÇÃO

úlcar Cm reâNacIoNAI so (CÚPuLa MunDIAL SogrRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

fortalecimento institucional e formação de recursos humanos, fomento da


pesquisa e disseminação de conhecimentos).
Asreuniões do Grupo de Trabalho II repetiram, em alguns aspectos,
as negociações do processo preparatório para a Conferência de Monterrey,
em razão da coincidência de vários temas nas duas conferências, como
globalização, assistência oficial ao desenvolvimento, comércio, alívio de dívida
externa e investimentos. Além disso, houve debates importantes referentes
à transferência de tecnologia e saúde. Como nos demais grupos, não houve
propriamente uma negociação sobre o texto, mas um intercâmbio de opiniões
em torno das emendas apresentadas, que permitiu às partes indicar
prioridades, explicar posições e reagir às propostas de outras delegações
ou grupos. Tal como no processo preparatório para Monterrey, os principais
atores na negociação apresentaram diferentes reações ao processo de
globalização. O G-77/China defendeu a necessidade de fazê-lo mais
“sustentável, eqúitativo e inclusivo”. A União Européia afirmou a necessidade
de “complementar” Doha, incluindo a agenda ambiental. Os Estados Unidos
procuraram minimizar os efeitos negativos da globalização, admitindo apenas
que os países em desenvolvimento e os países com economias em transição
enfrentam dificuldades especiais para responder aos desafios e oportunidades
da globalização. Os europeus procuraram promover certos temas, como o
enfoque da precaução, a boa cidadania corporativa e as avaliações de
impacto na sustentabilidade (sustainability impact asssessments).
Pretenderam, também, fazer avançar a discussão sobre bens públicos
globais, tendo sugerido a criação de uma força-tarefa para sua identificação.
No debate sobre saúde, o G-77/China ressaltou a importância de que
o Acordo de TRIPS seja implementado de maneira flexível. Os EUA, por
sua vez, propuseram texto que destaca a relevância da pesquisa. Na área de
ciência e tecnologia, um ponto promissor seria a transferência de tecnologias
de domínio público por meio da criação de um mecanismo específico.
Às duas reuniões do Grupo de Trabalho III sobre governança
deixaram pontos em aberto para serem negociados na sessão seguinte do

2
COLEÇÃO

CúrPura MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL aee EO SuteanNeTeNAIE


>

PrepCom, em Bali. O G-77/China considerou que o texto apresentado pelos


Vice-Presidentes necessitava aprimoramento para melhor refletir a posição
do Grupo. Após tentativa de utilizá-lo como “guia” para a coordenação de
posições, o Grupo decidiu que prepararia novo texto a ser submetido à
presidência contendo os pontos de vista dos países em desenvolvimento. Já
os países desenvolvidos expressaram satisfação com o resultado do trabalho
dos Co-Presidentes e propuseram apenas emendas limitadas ao texto. Com
base nisso, o Senhor Emil Salim se comprometeu a preparar um texto
compilado, que, juntamente com o texto em preparação pelo G-77/China,
seria negociado na reunião de Bali do PrepCom.
Foram realizadas ainda durante essa sessão encontros para tratar
das iniciativas/parcerias não-negociadas a serem lançadas em Joanesburgo
(resultados de tipo II). Nesse contexto, foi salientado que as “novas parcerias”
deveriam contribuir para traduzir em ação o compromisso dos países com
relação aos documentos negociados ou resultados de tipo I (plano de
implementação e declaração política) e não substituí-los: ser de natureza
voluntária e participação abrangente (governos, organizações internacionais
ou principais atores): os parâmetros deveriam ser suficientemente flexíveis
para acomodar diferentes iniciativas, mas deveriam assegurar que as mesmas
estivessem vinculadas às três dimensões do desenvolvimento sustentável
(econômica, social e ambiental).
A IV Sessão do Comitê Preparatório realizou-se, em Bali, de 27 de
maio a 7 de junho, precedida por consultas informais, nos dias 25 e 26 de
maio. O segmento ministerial ocorreu no período de 5 a 7 de junho. À
delegação brasileira foi chefiada pelo Ministro do Meio Ambiente, José
Carlos Carvalho.
O principal objetivo da IV Sessão era concluir as negociações do
plano de implementação tendo por base o texto do Presidente revisto entre
a Ill e a IV sessão, além de avançar as discussões sobre a definição dos
elementos da Declaração Política a ser adotada pelos Chefes de Estado e
de Governo em Joanesburgo, bem como sobre os critérios e termos de

25 =
COLIÇÃO
escoa É emaciom s————— Cúrura MunDIAL So8RE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

referência para as parcerias de tipo II. A exemplo do ITI PrepCom, foram


constituídos três grupos de trabalho: o GT-I examinou da introdução ao
capítulo 4 do texto do Presidente (erradicação da pobreza; mudança nos
padrões de consumo e produção; e proteção e gerenciamento dos recursos
naturais para o desenvolvimento econômico e social: recursos hídricos,
desastres naturais, mudança climática, agricultura, desertificação, montanhas,
turismo, biodiversidade e florestas); o GT-II examinou os capítulos 5 a 9
(desenvolvimento sustentável no mundo em globalização; saúde e
desenvolvimento sustentável; desenvolvimento sustentável das pequenas
1lhas (SIDS); desenvolvimento sustentável para a África; outras iniciativas
regionais, no novo capítulo 8 (bis) onde foi incluída a ILAC; e meios de
implementação); e o GT-III encarregou-se do tema dos arranjos institucionais
para o desenvolvimento sustentável. Os grupos de contato sobre oceanos e
energia, constituídos durante o III PrepCom, voltaram a se reunir nesta
Sessão. Além disso, para atender ao interesse das delegações que
privilegiavam a discussão da questão da boa governança interna, e que
considerou não estar o tema refletido de forma satisfatória no texto revisto
do Presidente, criou-se um novo grupo de contato sobre “boa governança”.
Um dos principais resultados da reunião de Bali para o Brasil foi a
criação, por iniciativa da delegação brasileira, de uma nova seção do Plano
de Implementação, dedicada às outras iniciativas regionais, em especial a
Iniciativa Latino-Americana e do Caribe, que passaria a figurar em seguida
à iniciativa africana “New Partnerships for African Development”
(NEPAD). Ao iniciar-se o PrepCom de Bali, a primeira reação de diversas
delegações — inclusive de membros do G-77/China — assim como do
Secretariado e da Presidência do Comitê Preparatório, foi a resistir a
qualquer alteração na estrutura do Documento do Presidente. Apesar das
reticências de alguns países africanos, que temiam que a atenção ao seu
continente pudesse diluir-se — e de alguns Estados insulares — que já estavam
contemplados na seção VII —, foram pouco a pouco vencidos os obstáculos.
Ao final, em emulação à iniciativa brasileira, outras regiões também

26
COLEÇÃO

CúrPuLa MunDIAL Sosre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


—— ev. vo CEEE meme

buscaram incluir no texto referências a suas iniciativas regionais. À Seção,


dessa maneira, ficou dividida em quatro subseções: Desenvolvimento Sustentável
na América Latina e no Caribe; Desenvolvimento Sustentável na Ásia e
Pacífico; Desenvolvimento Sustentável na Região Leste da Ásia (West
Asia Region); e Desenvolvimento Sustentável na Região UNECE (Europa
e América do Norte). O texto da nova seção foi totalmente aprovado em
Bali, com a exceção de apenas uma frase da subseção sobre Ásia e Pacífico.
Durante a IV sessão do PrepCom, Bolívia, Brasil, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela adotaram, no marco do Tratado
de Cooperação Amazônica (TCA), a Declaração dos Países Amazônicos
para a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável. Na Declaração,
os Países Partes ressaltam a importância da reafirmação dos princípios
consagrados pela Conferência do Rio e da implementação da Agenda 21
para a proteção e a gestão adequadas dos ecossistemas amazônicos e para
o bem-estar das populações locais, e exortam a comunidade internacional
em geral e os países desenvolvidos em particular, representados na Cúpula
de Joanesburgo, a contribuírem para o desenvolvimento sustentável da região
amazônica, por meio de transferência de tecnologia ambientalmente saudável
e de recursos financeiros em condições favoráveis aos países da região. À
Declaração teve a importância política de registrar a percepção dos países
do TCA sobre os temas da agenda da Conferência, à luz das especificidades
e dos desafios da Amazônia.
Embora as negociações da totalidade do plano de implementação
não tenham sido concluídas em Bali, como previa a organização dos
trabalhos, foi possível avançar e alcançar consenso em diversos pontos do
texto, em particular nos temas do GT-L Em linhas gerais, os pontos que
permaneceram entre colchetes referiam-se às metas temporais (saneamento,
energia renovável, reversão da perda da biodiversidade, ratificação e/ou
entrada em vigor de certas convenções), ao lançamento de programas de
ação (saneamento básico; energia; programa de trabalho para a mudança
dos padrões de consumo e produção) e ao estabelecimento de novos

ES
coLtçãÃo
euvistor Ep IoNaIs—————=— CúrPurA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

mecanismos (mecanismo para a transferência de tecnologia, por exemplo).


No GT-I houve avanços importantes como no capítulo sobre saúde,
praticamente todo acordado e os capítulos sobre África e pequenos Estados
insulares, em que houve progresso significativo.
Outro ponto que foi questionado pelos países desenvolvidos foram
as diversas referências ao princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas ao longo do texto. Segundo argumentaram esses países, não
era apropriado destacar apenas um dos princípios do Rio; argumentaram
ainda que o princípio diz respeito exclusivamente à responsabilidade maior
sobre a degradação ambiental e que, portanto, sua menção na introdução
de um documento sobre a temática mais ampla do desenvolvimento
sustentável não era adequada, mas que poderia ser considerada, desde que
devidamente adaptada, em outras partes do texto. Em consegiiência, todas
as referências ao princípio 7 ao longo do texto permaneceram entre
colchetes.
Grande parte do texto sobre globalização permaneceu pendente
em Bali. Algumas delegações chegaram a colocar em questão a própria
necessidade de uma seção específica sobre globalização, tendo em vista
que a maioria dos temas já é abordada em outras partes do documento.
Acabou sendo aceita a argumentação no sentido de que a globalização seria
o fenômeno de dimensão internacional de maior impacto desde a Conferência
do Rio e que, portanto, não poderia deixar de ser destacado no texto.
As indefinições resultaram, evidentemente, de algumas diferenças
profundas de posições entre as delegações, o que acabou por gerar o
enrijecimento das posturas de todos os grupos. Temas como a própria
definição de globalização — para os EUA, um fenômeno essencialmente
positivo, posição que a União Européia não compartilhou -, a identificação
de “ligações entre comércio, meio ambiente e desenvolvimento”, a menção
à necessidade de os países em desenvolvimento adotarem “políticas
macroeconômicas sólidas” para se qualificarem a colher os frutos da
globalização, contribuíram para adiar um acordo sobre esse capítulo para

28
Cúrura MunDtar SoBgrE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———evesios ED emana:

Joanesburgo. A posição do G-77/China tornou-se mais rígida à medida que


eram diluídas pelos países desenvolvidos as menções a subsídios, barreiras
comerciais e volatilidade dos mercados financeiros.
Já o capítulo mais fundamental do documento para os países em
desenvolvimento, o referente aos meios de implementação (financiamento,
comércio e transferência de tecnologia), permaneceu quase todo entre
colchetes.
O impasse registrado em Bali em torno da questão dos meios de
implementação revelou, de forma clara, a contradição fundamental entre,
de um lado, as expectativas legítimas dos países em desenvolvimento de
que as ações acordadas viessem acompanhadas de compromissos em
matéria de financiamento e comércio capazes de viabilizá-las e, de outro, a
resistência dos países desenvolvidos em arcar com o ônus principal no
processo de tornar realidade os compromissos assumidos na Rio-92.
Os países em desenvolvimento entendiam que o alcance político de
Joanesburgo seria ampliado com uma mensagem política inequívoca dos
Estados acerca do papel crítico que o acesso a mercados e a provisão de
recursos financeiros novos e adicionais desempenham para viabilizar o
desenvolvimento sustentável de maneira competitiva diante do quadro
econômico mundial. Para os países do Norte, o problema dos meios de
implementação já estaria “resolvido”, depois da Conferência de Monterrey
sobre o Financiamento ao Desenvolvimento e da Conferência Ministerial
da Organização Mundial do Comércio, em Doha. Portanto, os meios de
implementação já “existiam” no argumento dos desenvolvidos, e nada além
de referências genéricas seriam aceitáveis no documento de Joanesburgo.
Quanto ao GT-III, foi possível avançar na maior parte do Capítulo
X, mas as questões ligadas à “boa governança” interna e a seu contraponto
da boa governança internacional permaneceram abertas para solução final
em Joanesburgo.

29
3. A Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável
3.1 Processo negociador

Em termos operacionais, a abertura da Cúpula foi precedida de


reuniões dos principais grupos de coordenação de posições — G-77/China,
União Européia e JUSCANZ (Japão, Estados Unidos, Canadá. Austrália e
Nova Zelândia) — no dia 23 de agosto e de consultas informais entre as
delegações no formato de Viena (Vienna Setting), nos dias 24 e 25. O
“Formato Viena”' repetiu tentativa semelhante de encaminhar a solução
dos temas pendentes em Bali, pelo qual as posições das delegações eram
manifestadas preferencialmente pelos porta-vozes dos grupos principais
de negociação (G-77/China, União Européia, JUSCANZ e os países da
Europa Oriental), acompanhados eventualmente de alguns países-chave
na qualidade de assessores. O objetivo era conferir, ao mesmo tempo, maior
equilíbrio e celeridade às negociações, evitando que cada ponto da
negociação fosse submetido a um plenário no formato tradicional das Nações
Unidas. O G-77/China e a UE pronunciaram-se, em geral, por intermédio
de seus respectivos presidentes de turno, Venezuela e Dinamarca; a Hungria
falou em nome dos europeus orientais; os países do JUSCANZ (Japão,
Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia), por sua vez,
apresentaram posições coordenadas, mas manifestaram-se individualmente.
O Embaixador Kumalo, Representante Permanente da África do
Sul junto às Nações Unidas, atuou como facilitador do “Formato Viena”,
auxiliado pelo Embaixador Gelson Fonseca Junior e pelo Embaixador
Mochamad Hidayat, da Indonésia.
Quando as reuniões passaram ao nível ministerial, estabeleceu-se
o que se chamou de “Formato de Joanesburgo” (Johannesburg Setting),

' O chamado formato de Viena foi criado no contexto das negociações, ocorridas naquela cidade, do
Protocolo de Biossegurança da Convenção de Diversidade Biológica. Sua criação respondeu à necessidade
de garantir participação numericamente equilibrada dos grupos de interesse nas negociações informais. Em
sua versão original, a representação do G-77/China, a mais numerosa, contava com um porta-voz, um porta-
voz adjunto, e dois representantes por sub-região (África, Ásia e América Latina). Tanto em Bali quanto em
Joanesburgo, o modelo utilizado foi uma variação do formato original do “Vienna setting”.

33
COLIÇAO

cessar EEB emacs CúPuLA MunDiAaL SoBrE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

estruturado basicamente da mesma forma que o “Formato de Viena”, embora,


neste caso, os Ministros dos países que não eram porta-vozes dos grupos
principais de negociação tenham tido maior oportunidade de manifestação. À
presidência do “Formato de Joanesburgo” esteve a cargo do Senhor Valli
Moosa, Ministro do Meio Ambiente da África do Sul. Este foro ministerial
procurou resolver os pontos que não puderam ser resolvidos no “Formato de
Viena”, mas revelou, em pouco tempo, suas limitações. O Ministro Moosa
convidou, então, um grupo selecionado de Ministros e Delegados, entre os
quais os do Brasil, para com ele proporem soluções aceitáveis a todos.
A instância formal de negociação da conferência era, no entanto, o
Comitê Principal (Main Committee), sob a presidência do Senhor Emil
Salim. O Brasil ocupou uma das Vice-Presidências do comitê.
A participação dos países em desenvolvimento foi articulada no
âmbito do G-77/China, presidido pela Venezuela, na pessoa do Embaixador
Oscar Hernández, Diretor-Geral de Economia e Cooperação Internacional
da Chancelaria venezuelana. O Brasil desempenhou papel de destaque nas
negociações do plano de implementação, seja na coordenação das posições
do G-77/China sobre alguns dos temas mais delicados do documento, como
mudança do clima, biodiversidade e princípios do Rio; seja como porta-voz
do Grupo nas negociações sobre meios de implementação e globalização e
co-porta-voz nas negociações sobre arranjos institucionais.

3.2 Negociações Principais temas

3.2.1 Princípios

O princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e o


enfoque da precaução, respectivamente o princípio 7 e o princípio 15 da
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, dominaram
as negociações sobre o conteúdo e a oportunidades da referência aos
princípios do Rio no Plano de Implementação de Joanesburgo.

34
COLIÇÃO

Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL << evrrror o Êo concionas

Os países em desenvolvimento defenderam que se deveria realçar


o princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas em relação
aos demais constantes na Declaração do Rio, uma vez que seria da essência
de um documento voltado para a implementação definir compromissos
distintos para países com capacidades distintas e contribuições diferenciadas
para o processo de degradação ambiental. Os países em desenvolvimento
acrescentaram que, passados dez anos da Rio-92, o princípio das responsa-
bilidades comuns porém diferenciadas poderia ser inclusive ampliado para
abranger todos os aspectos do desenvolvimento sustentável, não estando
limitado à questão da degradação ambiental, como se poderia supor a partir
de uma interpretação literal do Princípio 7 da Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Os países desenvolvidos, por sua vez, consideravam que o princípio
das responsabilidades comuns, porém diferenciadas seria mais um entre os
27 princípios incluídos na Declaração do Rio, não merecendo por isso menção
especial no Plano de Implementação. O enfoque da precaução, segundo o
qual “quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência
de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental”, deveria, para os desenvolvidos, ter tanta prioridade
no Plano de Implementação quanto o princípio das responsabilidades comuns,
porém diferenciadas.
O resultado da negociação resguardou, em linhas gerais, os
interesses dos países em desenvolvimento, com a inclusão de forma
equilibrada dos princípios 7 e 15 da Declaração do Rio. O princípio das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas foi mencionado na
introdução do documento, o que lhe confere caráter transversal, o que não
ocorreu com o enfoque da precaução, cujas referências no texto são
pontuais, como na subseção sobre gestão de produtos químicos e na seção
sobre proteção e manejo da base de recursos naturais para o
desenvolvimento econômico e social.

35
COLEÇÃO

SSIS CEE mumeiormme ——— CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.2.2 Erradicação da pobreza

A questão da pobreza, destacada na Rio-92 e incluída no Capítulo 3


da Agenda 21, voltou a adquirir preeminência nas deliberações da Cúpula
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo,
de 26 de agosto a 4 de setembro. Embora o foco prioritário da ação
internacional nessa área seja a situação dos países africanos, o Brasil, assim
como os demais países da América Latina e do Caribe, considera a pobreza
tema de grande relevância, por representar uma realidade extensiva à região.
Por outro lado, à luz do quadro político internacional que surgiu dos atentados
de setembro de 2001, a pobreza deixou de ser um tema circunscrito às
fronteiras nacionais, para converter-se em uma questão política global e
catalisador de insegurança internacional.
O principal problema suscitado pelo tema da pobreza no contexto
das discussões sobre desenvolvimento sustentável consiste em nela
identificar o principal fator de degradação do meio ambiente. Em consonância
com o disposto na Agenda 21, o Brasil tem adotado a posição de princípio
de que a degradação ambiental é antes fruto dos padrões de consumo e
produção dos países industrializados do que propriamente da pobreza. Sem
uma ação vigorosa de combate à pobreza não se pode esperar, por outro
lado, que os países em desenvolvimento adotem um paradigma de desenvol-
vimento menos predatório, nem que se logrem condições mínimas para
despertar o envolvimento do setor privado em investimentos que suplementem
a assistência oficial ao desenvolvimento e os esforços nacionais dos países
em desenvolvimento, especialmente os de menor desenvolvimento relativo.
Com base na Declaração do Milênio das Nações Unidas, o Plano
de Implementação da Agenda 21, aprovado em Joanesburgo, definiu a meta
de reduzir à metade a proporção da população mundial que sobrevive com
menos de 1 dólar por dia e que é vítima da fome, bem como procurou
contemplar de forma abrangente os principais aspectos da pobreza rural e
urbana.

36
COLEÇÃO

CúPuLaA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —— over FFEEDDmenco nas

No caso da pobreza rural, foram incluídas no documento propostas


de ação relativas ao acesso de populações mais pobres a recursos da
agricultura, à propriedade da terra e ao crédito rural; à construção de uma
infra-estrutura básica no meio rural; à transferência de técnicas agrícolas
sustentáveis para os países em desenvolvimento e ao combate à
desertificação e às enchentes.
Quanto à pobreza urbana, os principais motivos de preocupação
são saneamento, habitação, tratamento de resíduos sólidos e a preservação
dos mananciais hídricos e das áreas florestais. O principal resultado da
Cúpula de Joanesburgo nessa área foi a adoção de meta de redução à
metade, até o ano de 2015, do número de pessoas sem acesso a água
potável e saneamento. O Plano de Implementação também inclui medidas
para melhorar, até 2020, o problema da habitação nos centros urbanos, em
especial no caso dos moradores de favelas, mediante, por exemplo, o
emprego de tecnologias de baixo custo na construção civil.
Existe, ainda, um conjunto de soluções que apresentam caráter
transversal, aplicando-se tanto ao meio rural quanto às cidades, entre as
quais se destacam o aumento do emprego, a promoção da educação e a
melhoria das condições de saúde. À comunidade internacional também se
manifestou sobre essas questões em Joanesburgo, incluindo no Plano de
Implementação metas sobre incremento da oferta de emprego, provisão de
serviços básicos de saúde e acesso à educação em todos os níveis, em
especial ao ensino básico.
A implementação de metas de erradicação da pobreza somente será
possível, no entanto, com o fornecimento de meios de implementação,
sobretudo na forma de recursos financeiros novos e adicionais para os países
em desenvolvimento. O Consenso de Monterrey, adotado pela Conferência
Internacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento, ressalta o combate
à pobreza como alvo das políticas macroeconômicas, dos investimentos
(inclusive dos investimentos diretos estrangeiros), da assistência oficial para
o desenvolvimento e dos programas dos bancos multilaterais e regionais de

3
COLEÇÃO

otros EEE meme Cúpura MunDiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

desenvolvimento. A Cúpula de Joanesburgo também produziu resultados nessa


área, como a criação de um Fundo Mundial de Solidariedade para o Combate
à Pobreza, baseado em contribuições voluntárias dos países.

3.2.3 Padrões de consumo e produção

Os principais pontos pendentes da seção III, sobre padrões de


consumo e produção, diziam respeito aos seguintes temas: a definição de
um programa de trabalho de 10 anos para acelerar a mudança em direção
a padrões de consumo mais sustentáveis, no parágrafo 14; a utilização do
método de análise de ciclo de vida (life-cycle analisys), no parágrafo 14-
c; mecanismos de informação ao consumidor, no parágrafo 14-e; energias
renováveis, no parágrafo 19; e gestão de produtos químicos, no parágrafo 22.
Emrrelação ao programa de trabalho, o texto inicial do parágrafo 14
previa, entre colchetes, o desenvolvimento de um programa de trabalho de
10 anos para acelerar a mudança em direção a padrões de produção e
consumo sustentáveis. Esse texto foi alterado ao longo das negociações,
em virtude da objeção de alguns países industrializados, que defendiam
uma redação mais flexível, que não impusesse padrões homogêneos a todos
os países e levasse em conta as iniciativas regionais e nacionais. À princípio,
esses países industrializados propuseram “um arcabouço de programas”,
alternativa recusada pelos países em desenvolvimento, que preferiam uma
redação mais cogente. A redação de conciliação (“quadro de programas
de 10 anos”) atendeu à posição dos desenvolvidos em favor de maior
flexibilidade, bem como à demanda dos países em desenvolvimento por
compromissos mais concretos, com a manutenção da meta temporal de 10
anos.
No que diz respeito ao enfoque do ciclo de vida, a preocupação dos
países em desenvolvimento era com as possíveis implicações comerciais
da introdução de critérios nas políticas de produção e consumo que levassem
em conta não o produto final, mas os métodos e processos de produção.

38
coLtçÇÃO

Cúrura MunDIaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— urso: EEE remncio nas

No comércio internacional, as regras da OMC não favorecem políticas que


singularizem produtos com base nos métodos e processos de produção
(PPMs) em detrimento de sua destinação final (end-use). No texto afinal
acordado, o enfoque do ciclo de vida passou a ser denominado “análise de
ciclo de vida” e adquiriu caráter exemplificativo (“usando, quando apropriado,
enfoques baseados na ciência, tais como a análise do ciclo de vida”), por
oposição ao tom mais imperativo do texto original entre colchetes (“usando
um enfoque do ciclo de vida”).
Nas negociações sobre ferramentas de informação ao consumidor,
as principais discussões se concentraram no seu caráter voluntário e na
conveniência de se fazer menção à rotulagem ambiental (eco-labelling).
A preocupação dos países em desenvolvimento era preservar o
caráter voluntário, no plano internacional, dos mecanismos de informação ao
consumidor. O Brasil defendeu a posição de que esses mecanismos poderiam
e deveriam ser obrigatórios no âmbito interno dos países, segundo as
legislações nacionais, mas voluntários no plano internacional, em conformidade
com as regras da OMC, posição que acabou consagrada ao final da negociação.
Os parágrafos sobre energia foram os que exigiram maior esforço
negociador no capítulo de padrões de consumo e produção, talvez em toda a
Conferência, tendo mobilizado também as organizações não-governamentais
e a mídia. Seu tratamento se concentrou nas vertentes do acesso à energia
a baixo custo pelas populações pobres, preferencialmente de fontes limpas
e renováveis, e do aumento da participação de energias renováveis na matriz
energética dos países.
A questão do acesso à energia é ligada ao combate à pobreza e foi
contemplada em Joanesburgo, sobretudo no parágrafo 8 (a), da seção sobre
erradicação da pobreza, pelo qual os países concordam em atuar conjuntamente
para melhorar o acesso a serviços de energia sustentáveis, seguros, eficientes
e economicamente viáveis, como forma de atingir a meta da Declaração
do Milênio das Nações Unidas de reduzir pela metade, até 2015, a proporção
da população mundial que vive na pobreza.

39
cCoLEÇÃO

evesros ECO NTERNA CIO NAS(CÚPULA MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Quanto às energias renováveis, diversos Governos propuseram a


adoção de metas quantitativas e prazos para aumentar a participação das
fontes de energia renováveis no fornecimento total de energia. O Brasil,
que apresenta uma matriz energética das mais limpas, constituída em parte
considerável pela hidroeletricidade e pela biomassa, propôs que os países
se comprometessem a alcançar a meta de 10% de fontes renováveis de
energia no total da matriz energética até o ano 2010. No entendimento do
Governo brasileiro, o desenvolvimento das energias renováveis apresentaria
as seguintes vantagens:
- diversificação do suprimento de energia;
- redução das emissões globais e locais;
- geração de novas oportunidades de emprego;
- aumento da segurança no suprimento (como são produzidas
localmente, não há risco de interrupção do fornecimento).
Os resultados referentes à utilização de energias renováveis
ficaram aquém das expectativas brasileiras e de outros países que
favoreciam a negociação de compromissos ambiciosos em Joanesburgo.
A proposta brasileira era apoiada por todos os países da América Latina
e Caribe, pela União Européia — que tinha proposta própria - e pela maioria
dos países africanos, embora houvesse divergências entre estes quanto
aos prazos e metas exatos a serem definidos. A isso se opunham, porém,
alguns países desenvolvidos e os países árabes exportadores de petróleo.
Em consegiiência, não foi possível a adoção de meta específica. Essa
divergência impediu, por exemplo, que o Grupo dos 77 e China pudesse
endossar a proposta brasileira sobre energia renovável. Não obstante, os
delegados brasileiros lograram, nos contatos informais, acordar um texto
no Plano de Implementação sobre energia renovável, em especial o
prágrafo 19 (e), de modo a consagrar o reconhecimento das metas regionais
acordadas.
Como resultado do empenho brasileiro e de outros países, verificou-se
na Cúpula importante avanço no tratamento internacional da questão da

40
COLEÇÃO

Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL — ——— euros EEE ceia

energia renovável, sobretudo se comparado o texto final do Plano de


Implementação com os textos acordados na Agenda 21 e no âmbito da
Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. À exceção
do estabelecimento de metas e prazos globais, a comunidade internacional
logrou um compromisso político no sentido de diversificar o fomecimento
de energia mediante o desenvolvimento de tecnologias energéticas mais
avançadas limpas, eficientes e baratas, incluindo tecnologias de
combustíveis fósseis e energias renováveis, e sua transferência em termos
concessionais aos países em desenvolvimento. Foi tomada, ainda, a decisão
de elevar significativamente, e com sentido de urgência, a participação
de fontes renováveis de energia na matriz energética mundial e de avaliar
regularmente o progresso nesse sentido, com o reconhecimento da
contribuição que representam para esse propósito as metas nacionais e
regionais existentes, de que é exemplo a Iniciativa Latino-Americana e
Caribenha sobre Desenvolvimento Sustentável (ILAC), que incorporou a
proposta brasileira sobre energias renováveis. Outro ponto importante foi
o parágrafo sobre a eliminação dos subsídios à energia que sejam
particularmente danosos ao meio ambiente (parágrafo 19 (p)), o qual
reflete a preocupação da comunidade internacional, especialmente com
os subsídios a fontes energéticas que concorrem para a emissão de gases
de efeito estufa.
A subseção relativa à gestão de produtos químicos apresentava
poucas pendências após o PrepCom de Bali. À União Européia, apoiada,
sobretudo pela Suíça, desejava que o texto do Plano de Implementação
representasse algum avanço do ponto de vista conceitual em relação à
Agenda 21, ao contrário do G-77/China, que priorizava a negociação de
medidas concretas de implementação. Isso era claro na discussão do
primeiro trecho entre colchetes, no caput do parágrafo 22, que fazia
referência ao capítulo 19 da Agenda 21. Os europeus argumentaram que o
capítulo 19 era muito restrito, estando limitado aos produtos químicos tóxicos,
quando o parágrafo 22 do Plano de Implementação tratava do problema

41
COoOLeção

sure EEE emas roNais—


——— A Ú Cúórura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

dos produtos químicos em geral (“gerenciamento adequado dos químicos”).


Como fórmula de conciliação, foi acordada redação alternativa (“...como
avançado na Agenda 21...”), que omite a menção ao Capítulo 19 e admite
que houve, desde 1992, progressos nas negociações sobre o tema.
A meta tentativa de 2020, favorecida pela União Européia, para
que os químicos passassem a serem utilizados de forma menos nociva ao
meio ambiente e à saúde, também pendente após a reunião de Bali, foi
mantida no texto em troca de uma maior ênfase na questão da assistência
técnica e financeira, com o item (f) do parágrafo 22 sendo deslocado
para o caput.

3.2.4 Proteção e manejo dos recursos naturais

O primeiro item de negociação nesta seção dizia respeito ao


estabelecimento da meta de 2015 para “interromper e reverter a perda de
recursos naturais”. Os países em desenvolvimento ressaltaram que era
imprópria, do ponto de vista técnico, a definição de uma meta geral
abrangendo a ampla variedade de recursos naturais, sobretudo se traduzida
numa linguagem tão peremptória quanto a que constava no trecho entre
colchetes. Essa argumentação vingou durante a negociação e o texto foi
acordado de um modo que possibilita seu cumprimento pela comunidade
internacional, sobretudo pelos países em desenvolvimento.
A decisão de retirar a meta geral para todos os recursos naturais abriu
espaço para o estabelecimento de metas setoriais, como no caso de estoques
pesqueiros e biodiversidade, neste último caso sob a condição de que sejam
proporcionados meios de implementação aos países em desenvolvimento,
Um resultado fundamental para o Brasil na área de biodiversidade
foi o acordo em torno do lançamento da negociação de um instrumento
internacional sobre a repartição de benefícios derivados da utilização de
recursos genéticos, tema de grande interesse para o Brasil e outros países
em desenvolvimento com abundante patrimônio nessa área. Oriundo de

42
COLEÇÃO

Cúrura MunDiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL — ——— ever o o ÉEED macias

uma proposta do Grupo dos Países Megadiversos e Afins”, esse regime


constitui o único instrumento jurídico internacional de 2º geração cuja
negociação foi lançada em Joanesburgo e deverá representar importante
complemento à Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio
de Janeiro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento.
Finalmente, a negociação sobre o parágrafo de mudança do clima
teve um desfecho igualmente satisfatório. O texto afinal acordado, teve
decidida contribuição da delegação do Brasil, que desde o PrepCom de
Bali coordenou o Grupo dos 77 e China nesse tema. O Plano de
Implementação deixa claro que os países que ratificaram o Protocolo de
Quioto fazem um forte apelo aos países que ainda não o fizeram para que
o ratifiquem tempestivamente. Essa redação é mais contundente do que o
que estava originalmente entre colchetes, que continha apenas uma
exortação vaga aos Estados para que cooperassem na direção de atingir o
objetivo último da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima. O parágrafo ressalta, ainda, o papel da Convenção como o
instrumento-chave para o tratamento do problema das mudanças climáticas
e expressa a preocupação da comunidade internacional com o impacto
negativo desse fenômeno, com reflexos nas questões da pobreza, da
degradação da terra, da saúde e do acesso à água e à alimentação.

3.2.5 Saúde e Desenvolvimento Sustentável

Ao iniciar-se a Cúpula, toda a seção sobre saúde e meio ambiente


estava acordada, com exceção do parágrafo 51, que versava sobre as

? O Grupo dos Países Megadiversos e Afins foi constituído em fevereiro de 2002, em Cancún, por iniciativa
do México e com decidido apoio brasileiro. O grupo tem entre seus objetivos atuar na coordenação de
posições dos países em desenvolvimento ricos em biodiversidade nos foros internacionais em que o tema
é negociado. Por ocasião da Cúpula de Joanesburgo faziam parte do Grupo os seguintes países: Brasil,
Bolívia, China, Costa Rica, Colômbia, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Quênia, Malásia, México,
Peru, África do Sul e Venezuela.

4
COLEÇÃO

Susro: EEE mio — CÚPULA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

relações entre as políticas de saúde pública dos países, com destaque para
as doenças infecto-contagiosas como HIV/AIDS, tuberculose, malária e
outras epidemias, e a aplicação do Acordo sobre Direitos de Propriedade
Intelectual relacionados ao Comércio (TRIPS), matéria na qual o Brasil
teve uma posição de liderança, consoante a atuação que tivera na Reunião
Ministerial da OMC em Doha (novembro de 2001). O parágrafo 51 foi
retirado da seção sobre saúde e deslocado para a seção sobre meios de
implementação, com redação modificada, porém compatível com os
interesses e preocupações dos países em desenvolvimento.
Além desse dispositivo, o Canadá manifestou durante a Conferência
que o caput do parágrafo 47 figurava prematuramente como tendo sido
acordado no PrepCom de Bali (documento A/CONF./CRP.1). Segundo a
delegação canadense, a expressão “consistente com as legislações nacionais
e os valores religiosos e culturais”, ao final do parágrafo, qualificava de
maneira indevida o objetivo de fortalecer a capacidade dos sistemas de
saúde e a provisão de serviços básicos de saúde, com repercussões,
sobretudo no problema da saúde reprodutiva. Como compensação, o texto
deveria fazer referência também aos direitos humanos e liberdades
fundamentais. A proposta canadense contava com a simpatia do Brasil,
mas enfrentou algumas objeções no âmbito do G-77/China. A proposta
canadense, em sua essência, acabou sendo acolhida na negociação,
sobretudo em virtude da articulação promovida no G-77/China pelos países
que lhe eram favoráveis, como o Brasil.

3.2.6 Meios de implementação e Globalização

Na versão final do “Texto do Presidente” aprovada no PrepCom


de Bali as Seções V (Globalização) e IX (Meios de Implementação)
permaneciam em grande parte entre colchetes. A preocupação com a falta
de progresso nessa área — considerada a própria essência do “Plano de
Implementação” - havia levado o Ministro do Comércio e Indústria da África
-

44
COLEÇÃO

CúruLa MunDIaL Sosre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL avion FERE Sueiiveionas


Co

do Sul, Alec Erwin, a enviar ao Ministro Celso Lafer, em 9 de agosto,


minuta de texto alternativo sobre globalização, comércio e finanças, ao
qual o Brasil tespondeu em 16 de agosto.
O texto de Erwin foi veiculado informalmente no primeiro dia em
Joanesburgo e baseava-se em parte no texto alternativo apresentado no
último dia do PrepCom de Bali, em uma última tentativa de se encerrarem
as negociações, texto que não obteve consenso e havia sido descartado.
Alegando a grande dificuldade de se superar os impasses que se
criaram em torno de muitos dos parágrafos dos capítulos V e IX, o
Embaixador John AÁshe, Presidente do Grupo de Contato sobre as Seções
V a IX no PrepCom de Bali, apresentou um novo texto como base para
negociação, já na primeira reunião do Grupo de Contato em Joanesburgo,
realizada no dia 23 de agosto, três dias antes da abertura da Cúpula.
O texto propunha nova redação que procurava contornar as
principais dificuldades enfrentadas pelo “Texto do Presidente” em Bali, e
criava sob o título “Meios de Implementação” uma nova estrutura, que
incorporava grande parte das Seções V e IX, dividida em subtítulos:
comércio, finanças e globalização. Com isso, isolavam-se os temas mais
controvertidos para facilitar as negociações.
A reação inicial mais favorável registrou-se, compreensivelmente,
de parte dos países desenvolvidos, que o aceitaram imediatamente como
base para a negociação. A proposta mantinha o viés europeu original, como
se depreendia das referências à incorporação de considerações de
desenvolvimento sustentável em acordos comerciais e no Sistema Geral de
Preferências, nos critérios para investimentos e créditos à exportação, na
escolha da linguagem referente a comércio e subsídios e na promoção dos
estudos de impacto de sustentabilidade.
As maiores resistências vieram do G-77/China, em que as opiniões
se dividiam entre os que estavam dispostos a tentar novo caminho para superar
o impasse de Bali e aqueles que viam o texto como irremediavelmente
desequilibrado em favor das posições dos países desenvolvidos.

45
COLEÇÃO

Seuistõe CE tera cIoNAIs———— Cúpura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O Brasil, que atuou como coordenador do G-77/China na negociação,


buscou estimular a aceitação pelos países em desenvolvimento do novo
“Texto do Presidente” como base para a negociação, desde que fossem
incorporadas, antes da primeira leitura, algumas alterações que o tormassem
mais equilibrado para os países em desenvolvimento. Acordou-se então no
G-77/China apresentar emendas iniciais para que o texto servisse como
base para a negociação. Uma das modificações previa a recriação da Seção
V (originalmente prevista no documento de Bali) para dar maior destaque
aos parágrafos referentes à globalização.
Aceitas essas emendas pelos demais grupos e países representados
no Grupo de Contato, foi apresentada uma nova versão básica do “Texto
do Presidente”. Na primeira leitura desse texto, no dia seguinte, o G-77/
China foi responsável pela quase totalidade das novas emendas propostas.
Embora se possa argumentar que isso refletia — e compensava - Oo
desequilíbrio inicial do texto, não se pode negar que houve, por parte das
delegações dos países desenvolvidos, um esforço de contenção, que
surpreendeu o G-77/China e acabou contribuindo para um clima negociador
mais positivo do que o que se havia registrado em Bali.
No quinto dia de reunião — segundo após a abertura oficial da
Conferência — foi possível acordar a redação para a porção majoritária do
texto sobre comércio e finanças. O fator decisivo para o desbloqueio do
texto foi o reconhecimento, por parte das principais delegações, da
esterilidade do esforço de obtenção de ganhos em relação à Declaração de
Doha e ao Consenso de Monterrey. As tentativas para ganho nas questões
de comércio e meio ambiente, por parte dos europeus, e de subsídios, por
parte da maioria dos demais países, ficaram assim circunscritas a um número
limitado de parágrafos.
A seção referente a finanças ficou pendente apenas de acordo
com relação à referência ao princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, que vinha sendo tratada no Grupo de contato sobre princípios.
Além disso, os países africanos mantiveram até o último momento a

46
COLEÇÃO

CúruLa MunDIaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——— euros FÉEEDDmv comer vas

expectativa de incluir uma referência vinculando a utilização de SDRs para


fins de desenvolvimento ao financiamento da infra-estrutura em países em
desenvolvimento.
Em relação a comércio, ficaram pendentes parágrafos referentes:
(1) à eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias, inclusive
para produtos agrícolas;
(2) à eliminação de subsídios danosos ao meio ambiente e distorcivos
do comércio;
(3) à relação entre meio ambiente, comércio e desenvolvimento;
(4) à relação entre o sistema de comércio multilateral e os acordos
ambientais multilaterais (MEAs);
(5) à incorporação de considerações sobre desenvolvimento
sustentável em acordos comerciais;
(6) à utilização do SGP para promover o desenvolvimento sustentável; e
(7) ao apoio aos bens produzidos de maneira sustentável.
No tocante à globalização, o G-77/China manteve sua grande
resistência com relação ao primeiro parágrafo, que procurava definir o
« fenômeno acentuando as oportunidades que criava, ignorando as distorções
que provoca, e, por iniciativa dos EUA e da UE, passou a mencionar a
contribuição da globalização para a “difusão da democracia e do Estado de
direito”. O G-77/China propôs uma nova formulação do parágrafo que
reordenava textos acordados de Doha, Monterrey e Copenhague. Criou-se
um impasse que provocou a apresentação por um grupo de países, entre os
quais o México, de mais uma versão do primeiro parágrafo da Seção, o que
levou o “Texto do Presidente” a conter três (longas) propostas diferentes
de parágrafo 1.
Outro ponto prioritário para o G-77/China em globalização referia-
se ao parágrafo sobre responsabilidade empresarial (corporate
responsibility and accountability): o texto mencionava apenas “iniciativas
voluntárias”, e permanecia a resistência dos desenvolvidos quanto à criação
de um “marco internacional acordado”. À UE, com o apoio dos EUA, insistia

47
COLEÇÃO

euesTOE E" aus eiroNAIDe— CúPura MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

na menção no mesmo parágrafo de “boas práticas baseadas em acordos


internacionais sobre direitos humanos, meio ambiente e padrões trabalhistas”.
A posição do G-77/China, com o forte apoio de diferentes ONGs, foi a de
Insistir na importância da criação de um “marco” que permitisse ir além
das “parcerias públicas e privadas existentes” e “iniciativas voluntárias”.
Das negociações resultou um texto apresentado pela Presidência
da Conferência (África do Sul), o qual resultara de consultas aos diferentes
grupos de interesse e delegações mais atuantes, entre elas a do Brasil.
Por ocasião da apresentação do texto do Embaixador Ashe, em
reunião informal do Grupo de Contato, prevaleceu a tese do Brasil de que
o documento deveria ser aprovado sem nenhuma modificação, pois
quaisquer alterações introduzidas gerariam uma demanda por modificações
por parte de todos os grupos.
Essa argumentação foi aceita com o compromisso do Presidente
do Grupo de Contato de que, ao apresentar o texto aos ministros, mencionaria
dois comentários do Grupo:
1) que no caput do parágrafo 91 a expressão “assegurando
consistência com a OMC” não significava uma superioridade hierárquica
entre a OMC e outros organismos: e
2) que no parágrafo 3 de globalização a menção a “acordos
intergovernamentais” se referia a “acordos existentes”. O texto, com esses
comentários, foi enviado pelo Grupo de Contato aos Ministros sem
modificações.
Nareunião de Ministros, no entanto, Noruega e Suíça arsumentaram
que os “comentários” do Grupo de Trabalho não poderiam fazer parte do
texto tendo em vista o caráter informal do Grupo. Com isso, os comentários
foram eliminados do “Texto do Presidente”.
O resultado final pode ser considerado como positivo no que tange
às discussões sobre meios de implementação. Na parte referente a finanças,
o Brasil não tinha expectativa de ganhos substanciais. O objetivo era enviar
um sinal político de Joanesburgo que reafirmasse o conteúdo e o espírito do

48
COLEÇÃO

CúruLa MunDiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——— eviro:o ÊÊESESyiur Meta

Consenso de Monterrey. Além disso, a inclusão de referência ao princípio


das responsabilidades comuns, porém diferenciadas no parágrafo inicial do
capítulo sobre meios de implementação, ainda que circunscrita, foi um avanço
conceitual e político considerável.
Globalização foi mantida como uma seção independente, e foram
vencidas as tentativas da UE de transferir para essa seção elementos que
encontravam dificuldades de serem aceitos em outras partes do documento.
O parágrafo sobre responsabilidade corporativa foi considerado um passo
significativo, sobretudo por ter deixado espaço para a eventual negociação
de um acordo internacional a esse respeito, graças à eliminação no
documento final do “comentário” do Grupo de Trabalho.
Na seção relativa a comércio, não seria realista esperar linguagem
que pudesse vir a se refletir em ganhos concretos nas negociações em
Genebra sobre acesso a mercados e subsídios. Ao contrário, havia a
preocupação com as tentativas da UE de ampliar o escopo do enfoque da
precaução e com a adoção de linguagem sobre a relação entre comércio e
meio ambiente que pudesse vir a ser utilizada para a imposição de restrições
comerciais.
O objetivo de evitar a adoção de referências que concedessem
preponderância ao enfoque da precaução sobre as regras do sistema de
comércio multilateral, abrindo novas barreiras ao acesso aos mercados, foi
atingida. De fato, a única referência ao enfoque da precaução no capítulo
sobre meios de implementação encontra-se na seção sobre ciência e
tecnologia, acoplada à expressão “promover e aperfeiçoar a tomada de
decisões em bases científicas” e seguida pela reprodução integral do
Princípio 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Foram superadas todas as tentativas de inclusão de linguagem que pudesse
ser interpretada de forma mais extensiva do que o caput do artigo XX do
Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Foram também resolvidas
satisfatoriamente as tentativas por parte dos países desenvolvidos para
dividirem suas responsabilidades, como no caso da concessão de acesso

49
COLEÇÃO

ontios EEE macio CúPuLA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

livre de tarifas às exportações dos Países menos avançados (PMAs)


(parágrafo 87 do Plano de Implementação).

3.2.7 Arranjos Institucionais/Governança

Ao iniciar-se a Cúpula de Joanesburgo, um terço dos parágrafos do


Capítulo X - referentes ao Quadro Institucional para o Desenvolvimento
Sustentável - permanecia aberto. Isto se deveu, em boa medida, à dinâmica
do processo preparatório, pois somente durante o PrepCom de Bali deu-se
Início efetivo à negociação do Capítulo X, no Grupo de Trabalho III.
Em Joanesburgo não se poderia reconvocar o GT-III, uma vez que
o PrepCom não mais existia, mas criou-se um Grupo de Contato, co-presidido
pelos representantes da Nigéria e da Suécia, respectivamente o Senhor
Osita Anaedu e o Senhor Lars-Goran Engfeldt, com a tarefa de concluir as
negociações do Capítulo X.
Às negociações finais em Joanesburgo, no Grupo de Contato, foram
conduzidas, em nome do G-77/China, por um núcleo negociador formado
por Venezuela (presidente do G-77/China), Brasil e Irã.
Os temas sobre os quais se concentraram as negociações do
documento A/CONF.199/L. 1 podem ser agrupados da seguinte maneira:
a) menção ao princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, no parágrafo inicial (parágrafo 120);
b) boa governança interna e internacional;
c) integração do pilar social e referência à OIT;
d) questões relativas a meios de implementação e ao GEF;
e) seguimento da implementação das parcerias tipo II;
f) relação entre direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
A menção individualizada a alguns princípios adotados pela
Conferência do Rio ao longo do texto foi objeto de um Grupo de Contato
específico. Como resultado dessas negociações, a menção ao princípio das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas foi eliminada do parágrafo

50
COLEÇÃO

CúrPuLa MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——— aves ro so É im enmaciona:

introdutório do Capítulo X. O principal argumento utilizado pelos países


industrializados contra sua permanência foi o de não caber o conceito de
responsabilidades díspares no contexto dos temas tratados no capítulo, ou
seja, de arranjos institucionais para o desenvolvimento sustentável e boa
governança.
O tema da “boa governança” foi, desde o início do processo
preparatório de Joanesburgo, um dos pontos de mais difícil negociação
em todo documento. Já a partir da Il Reunião do PrepCom, em Nova
York, alguns países industrializados (como Estados Unidos, Suíça e
Noruega) circularam propostas ligadas exclusivamente aos aspectos
internos da boa governança. O Grupo dos 77/China, em suas reuniões de
coordenação, via com sentimento de apreensão o rumo do tratamento da
questão, mas demonstrava certa incapacidade de formular idéias próprias
sobre a matéria. Muitos de seus membros manifestavam rejeição aberta
à consideração de temas ligados à boa governança interna - como respeito
aos direitos humanos, promoção da democracia, o Estado de Direito etc.
- considerando-os alheios ao tratamento internacional da questão do
desenvolvimento sustentável.
A delegação brasileira teve papel decisivo na estruturação da postura
comum do G-77/China sobre esse tema e em sua negociação em
Joanesburgo. Junto ao G-77/China a delegação insistiu em que os países
em desenvolvimento não poderiam furtar-se ao debate e ao registro no
documento de questões que deveriam ser fundamentais para todos os países,
como a democracia e o Estado de Direito, considerando inaceitável que o
G-77/China pudesse cogitar postura contrária a tais conceitos. A Delegação
defendeu, por outro lado, que os temas de boa governança interna fossem
acompanhados pelos de boa governança internacional, como duas faces de
uma mesma questão. Essa posição brasileira prevaleceu no âmbito do Grupo
e foi vitoriosa no texto final do Plano de Implementação.
Os textos dos parágrafos 123 e 124, sobre boa governança
internacional, são de autoria da delegação do Brasil. Embora tenha

51
COLEÇÃO

eus ELEED umas CÚPULA MunDIAaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

encontrado grande resistência por parte de alguns países industrializados, o


texto terminou por ser incluído no documento sem alterações. Tem como
principal característica a consolidação do conceito de que a boa governança
no plano internacional - aí incluída à governança econômica, financeira e
comercial, bem como o reforço das Nações Unidas e do multilateralismo -
é fundamental para a consecução do desenvolvimento sustentável.
O tema da integração do pilar social do desenvolvimento sustentável
foi tratado de maneira muito polarizada entre, de um lado, alguns países
industrializados que exigiam menção explícita e exclusiva à Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e aos chamados padrões trabalhistas
fundamentais (core labour standards) e de outro, alguns países em
desenvolvimento que têm dificuldades na aceitação de tais padrões. À
postura equilibrada, defendida pela maior parte das delegações, inclusive o
Brasil, considerava que o pilar social do desenvolvimento sustentável em
muito ultrapassa a questão específica dos padrões laborais sem, contudo,
desmerecer sua importância. O resultado final foi um texto (parágrafo 122
(c)) que trata da questão social como um todo - ao referir-se aos resultados
da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social - tendo prevalecido a
posição majoritária de não restringir o pilar social apenas a seus aspectos
de proteção ao trabalho.
As questões relativas a meios de implementação e ao GEF
mereceram tratamento em separado. As primeiras foram objeto de debate
no Grupo de Contato sobre Meios de Implementação e, como resultado, os
parágrafos 122 (b) e (c) do documento A/CONF.199/L..1 foram eliminados.
Quanto ao papel do GEF, este foi considerado em pequeno grupo de contato
e, como resultado, incluído nos parágrafos 19 (n), 39 (D), 52 (a) e (d.i), 81,
122 (a) e 133.
Um dos pontos contenciosos do Capítulo X teve origem na
insistência da União Européia em atribuir um papel específico à Comissão
de Desenvolvimento Sustentável (CDS) e ao ECOSOC no seguimento
da implementação das iniciativas de tipo II, ou parcerias. Como se sabe,

52
CúPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— den 101: ÉS WIERNACIONAIS

o G-77/China, desde o início do processo preparatório da Cúpula, encarava


com reservas as iniciativas de tipo II, especialmente em virtude de
repetidas declarações de delegações de alguns países industrializados que
as caracterizavam como o principal resultado que se esperava de
Joanesburgo. As reservas do G-77/China eram acompanhadas por postura
igualmente reticente das organizações não-governamentais, que temiam
que as iniciativas tipo II pudessem ser usadas pelos países desenvolvidos
para se eximirem dos compromissos específicos para a implementação
da Agenda 21. À respeito, o Governo brasileiro reconhecia a importância
do estabelecimento de parcerias entre governos e outros atores - como a
iniciativa privada, os organismos de financiamento, as organizações não-
governamentais - para o desenvolvimento de projetos específicos para o
desenvolvimento sustentável. Por outro lado, entendia que tais parcerias
teriam caráter necessariamente acessório aos compromissos estabelecidos
no Plano de Implementação de Joanesburgo, e a eles não poderiam
sobrepor-se.
O seguimento das Iniciativas tipo II pela CDS ou o ECOSOC,
pretendido pela União Européia, esbarrava em forte oposição do JUSCANZ
e do G-77/China, baseada na postura de que tais iniciativas têm caráter
meramente voluntário e abarcam apenas aqueles que nelas se envolverem,
portanto não se justificaria sua revisão por foro multilateral. Adicionalmente,
as parcerias são arranjos não-negociados internacionalmente, portanto não
caberia seu acompanhamento pelos foros das Nações Unidas. O G-77/
China entendia, além disso, que atribuir à CDS um papel no seguimento das
iniciativas tipo II congestionaria a pauta da Comissão reduzindo sua eficácia,
além de impedir que pudesse dedicar-se aos temas ligados diretamente à
implementação da Agenda 21.
A postura do G-77/China ao final prevaleceu. Como resultado das
negociações, a CDS servirá como ponto focal para a consideração e o
fomento das parcerias, mas sem assumir função de monitoramento ou
seguimento.

53
coLIÇÃO

evisTO! EE rasa sroNan———


Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A última questão controversa diz respeito ao relacionamento entre


direitos humanos e proteção ambiental. Essa área, cuja consideração já se
encontra avançada nos debates acadêmicos e em algumas legislações
nacionais, carece ainda de maior elaboração no plano multilateral. Como
resultado dessa falta de definição conceitual internacionalmente aceita, os
debates ultrapassaram os limites rígidos dos grupos de interesse que
conformavam as negociações em Joanesburgo. À apoiar uma referência
mais explícita à relação entre direitos humanos e meio ambiente estavam
alguns países em desenvolvimento (como Costa Rica e Panamá) e alguns
desenvolvidos (como Suíça e Noruega). Na oposição, alguns membros do
G-77/China que tradicionalmente mantêm postura restritiva nos temas
ligados aos direitos humanos. O grupo mais expressivo era constituído pela
maioria dos países industrializados e do G-77/China, incluindo o Brasil, que
consideravam importante prosseguir na exploração multilateral da questão,
sem, contudo, avançar em Joanesburgo na elaboração de conceitos. Como
resultado, o parágrafo 152 traz o reconhecimento da consideração do tema,
para a qual se requer a participação plena e transparente dos Estados
membros das Nações Unidas.

3.2.8 Declaração Política

O Plano de Implementação da Agenda 21 absorveu a maior parte


do esforço negociador empreendido em Joanesburgo. À discussão dos
elementos de uma Declaração Política estava prevista para a última sessão
do Comitê Preparatório da Cúpula, em Bali, mas não ocorreu de forma
organizada em virtude das pendências que permaneciam na negociação do
Plano de Implementação.
No intervalo entre Bali e Joanesburgo, o Senhor Emil Salim circulou
proposta de elementos para a declaração política que não chegou a ser
tomada como base para as negociações em Joanesburgo. Em seu lugar, o
Governo da África do Sul preparou texto de consenso, em relação ao qual

54
Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL diets WESNAGIDNAE

não houve propriamente negociação, mas o recolhimento de impressões e


comentários por escrito dos países e grupos de coordenação de posições
(G-77/China, União Européia e JUSCANZ).
O documento preparado pelo Governo sul-africano buscou refletir
um equilíbrio entre os diversos atores, evitando explicitar conceitos que
haviam sido objeto de delicadas negociações para o Plano de Implementação
da Agenda 21, como o princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas ou o enfoque da precaução, substituídos por uma referência
genérica aos “Princípios do Rio”, no parágrafo 8.
O tema principal da primeira seção do texto (“De nossas Origens
para o Futuro”) é a responsabilidade dos representantes dos “povos do
mundo” pelas gerações futuras, pelas crianças, mediante a construção de
um novo mundo de esperança, livre da pobreza, da degradação ambiental e
de padrões de desenvolvimento insustentável.
À segunda seção do documento (“De Estocolmo ao Rio de Janeiro
e a Joanesburgo”) faz um histórico das tratativas multilaterais recentes
sobre a temática do desenvolvimento sustentável, de Estocolmo a
Joanesburgo. Estocolmo-1972 teria marcado o despertar da comunidade
internacional para o problema da degradação ambiental. À Rio-92, por sua
vez, teria consagrado os três pilares do desenvolvimento sustentável
(ambiental, social e econômico) e definido uma nova agenda para o tema,
com a adoção do programa de ação global contido na Agenda 21.
Joanesburgo, por sua vez, teria reunido uma multiplicidade de visões numa
busca construtiva por uma via comum, em direção a um mundo que respeite
e implemente a visão do desenvolvimento sustentável. Embora essa
periodização da história recente das discussões ambientais multilaterais
esteja correta, terá faltado uma caracterização mais precisa da Rio-92 como
uma etapa de construção normativa e conceitual, por oposição à prioridade
conferida à implementação no âmbito da Cúpula de Joanesburgo.
As duas seções seguintes da declaração (“Os Desafios que
Enfrentamos” e “Nosso Compromisso com o Desenvolvimento Sustentável”),

So
COLEÇÃO

eve vos LED macio s————— Cúrpura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

respectivamente, fazem um diagnóstico do estado do mundo contemporâneo


e delineiam as prioridades de ação da comunidade em matéria de
desenvolvimento sustentável. De maneira geral, trata-se de um resumo dos
principais temas tratados no Plano de Implementação da A genda 21, como
pobreza, globalização, proteção de recursos naturais e padrões de consumo e
produção. Como no resto do texto, o Governo sul-africano teve o cuidado de
não incluir os temas que geraram maior controvérsia na negociação do Plano
de Implementação, como energias renováveis, em razão da exigiidade do
tempo disponível para que os participantes da Cúpula deliberassem sobre a
declaração, já no último dia da Conferência. Tampouco atribui o texto
responsabilidades específicas aos países desenvolvidos em termos de
alteração de seus padrões insustentáveis de consumo e produção, que
constituem a principal causa da degradação ambiental. O documento faz um
apelo aos países desenvolvidos, contudo, para que atinjam os níveis acordados
internacionalmente para a assistência oficial ao desenvolvimento.
Na quinta seção do documento (“Multilateralismo no Futuro”), a
comunidade internacional reafirma seu compromisso com o multilateralismo
e as Nações Unidas, como a melhor via para a promoção do desenvolvimento
sustentável.

A declaração termina com uma convocação (Making it Happen)


por uma ação internacional conjunta, envolvendo os governos, a sociedade
civil e outros atores, em favor do planeta, da promoção do desenvolvimento
humano e da paz e prosperidade universal, segundo as diretrizes e metas
estabelecidas no Plano de Implementação da Agenda 21.

3.3 Sessões Plenárias

As sessões plenárias da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento


Sustentável ocorreram à margem das negociações sobre o Plano de
Implementação da Agenda 21 e dividiram-se, na primeira semana dos

56
COLEÇÃO

CúPura MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL euros GEE imensos

trabalhos (26 a 30 de agosto), nas seguintes etapas: Plenárias sobre Parcerias,


Implementação Regional e Pronunciamentos de Entidades Intersovernamentais
e Não-Estatais (UNCTAD, GEF, OIT, por exemplo). Na segunda semana,
o plenário foi reservado aos discursos dos Chefes de Estado, de Governo e
de Delegação presentes em Joanesburgo, no âmbito do segmento de alto
nível da Conferência.
Às “Plenárias sobre Parcerias”, entre os dias 26 e 28 de agosto,
foram organizadas sob a presidência da Ministra das Relações Exteriores da
África do Sul, Senhora Nkosazana Dlamini Zuma, e a mediação dos debates
coube ao Senhor Jan Pronk, Enviado Especial do Secretário-Geral das Nações
Unidas para a Cúpula de Joanesburgo. Os temas das plenárias foram tirados
dos 5 pontos da sigla WEHAB (água, energia, saúde, agricultura e
biodiversidade), aos quais foram acrescentados os temas transetoriais
(finanças e comércio, transferência de tecnologia, padrões de consumo e
produção, educação, ciência, capacitação e informação). As sessões incluíram
apresentações de especialistas nos temas citados, seguidas de discussões
entre os “grupos principais” (organizações não-governamentais, empresários,
trabalhadores, jovens, mulheres, indígenas, autoridades locais) e representantes
de organismos internacionais. Por fim, a palavra era franqueada às delegações
governamentais para reagirem aos comentários feitos durante o debate.

3.3.1 Saúde e Meio Ambiente: o painel foi iniciado com uma


apresentação do Senhor David Nabarro, Diretor Executivo da Organização
Mundial da Saúde (OMS), quem destacou as relações entre saúde, erradicação
da pobreza e desenvolvimento sustentável. O dirigente da OMS salientou,
ainda, a questão do acesso aos serviços de saúde, o combate à desnutrição e
a necessidade de aprimorar os mecanismos de avaliação de risco nos países.
Muitos representantes dos “erupos principais”, por sua vez, ressaltaram
a importância da política de saneamento para a melhoria das condições de
saúde nos países pobres, que teria reflexos também nos esforços de
erradicação da pobreza.

SE
COLEÇÃO

sã e LEE os ron(CY PuLA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Nesse sentido, alguns países, como a Noruega, manifestaram apoio


à meta de reduzir pela metade, até 2015, a parcela da população mundial
que não tem acesso a condições adequadas de saneamento, no âmbito da
negociação para o Plano de Implementação da Agenda 21. Outro tema
central no debate sobre saúde foi o combate à AIDS, abrangendo a provisão
de recursos financeiros para o tratamento da doença — a União Européia
anunciou doação de US$ 1 bilhão de dólares para o Fundo Global de Combate
à AIDS, Tuberculose e Malária — medidas de prevenção, como estímulo ao
uso de preservativos, e os problemas relacionados à política comercial, com
impacto sobre o acesso a medicamentos.

3.3.2 Biodiversidade: a apresentação inicial coube ao Senhor


Peter Schei, Assessor Especial do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente. O Senhor Schei realçou o valor econômico da
biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas. A biodiversidade
movimentaria, anualmente, US$ 2,9 trilhões, enquanto os “serviços dos
ecossistemas” poderiam ser avaliados em US$ 33 trilhões/ano. Schei
acrescentou que, além do valor econômico, a biodiversidade teria valor
científico, estético, recreativo, cultural e espiritual. Segundo ele, houve
desdobramentos positivos desde a Rio-92 na área de biodiversidade, como
a entrada em vigor e implementação da Convenção sobre Diversidade
Biológica e o desenvolvimento de Estratégias Nacionais sobre
Biodiversidade em mais de 100 países. À comunidade internacional ainda
tem pela frente, contudo, os seguintes desafios principais: conhecimento
e informação sobre biodiversidade; a integração da biodiversidade à
economia, aos mercados e às estratégias dos setores produtivos; a
capacitação humana e institucional; o financiamento à biodiversidade; o
desenvolvimento de legislações, regulamentos e controles e o
desenvolvimento e transferência de tecnologia.
Para Peter Schei, a contribuição das Nações Unidas para enfrentar
esses desafios poderia materializar-se da seguinte forma: financiamento e

58
COLEÇÃO

CúrPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


——— a ue sro: <E NIBRNACIONAIS

apoio à capacitação; pesquisa, avaliação, informação e educação;


monitoramento de tendências e promoção de parcerias entre os stakeholders.
A segunda apresentação coube ao Senhor Hamdallah Zedan,
Secretário Executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica, que
sublinhou a necessidade de assegurar coerência entre o regime internacional
de comércio, a assistência financeira ao desenvolvimento e as políticas
ambientais. Apoiou, além disso, a negociação entre os países de metas
quantitativas em matéria de biodiversidade, acompanhadas de mecanismos
efetivos de monitoramento e implementação, bem como da disponibilidade
de recursos financeiros e tecnológicos adicionais. |
No debate entre os “erupos principais”, a União Internacional
para Conservação da Natureza (IUCN) registrou a importância de
aprimorar a comunicação entre Governos e comunidade científica no
processo de formulação de políticas sobre biodiversidade (close the
feedback loop). Às autoridades locais alertaram para a importância de
se criarem mecanismos de informação ao público sobre o tema. O
representante dos grupos indígenas salientou, por sua vez, o problema da
proteção aos conhecimentos tradicionais, e o representante dos
trabalhadores a questão da geração de empregos em atividades que não
exaurem os ecossistemas. Para os trabalhadores, é preciso desenvolver
um mecanismo de transição para que os custos da conservação ambiental
não sejam transferidos integralmente para os setores produtivos, gerando
desemprego.
Os países da União Européia e a Noruega defenderam a proposta
de reduzir de maneira significativa, até 2010, a média atual de perda da
biodiversidade. Os países em desenvolvimento, por sua vez, realçaram a
necessidade de meios financeiros e capacitação para implementar as
políticas necessárias na área de biodiversidade.

3.3.3 Agricultura: À primeira apresentação coube ao Senhor M.5.


Swaminathan, da M.S. Swaminathan Research Foundation, que destacou

52
escros CEE meo is——— truta MunDIaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

a importância do desenvolvimento da agricultura no combate à fome e à


pobreza. O Senhor Swaminathan apontou a agricultura como um meio de
vida fundamental dos países em desenvolvimento. O segundo apresentador
foi o Senhor Pedro Sanchez, membro de uma força-tarefa das Nações
Unidas sobre as Metas do Milênio, que propôs o direcionamento de parte
dos subsídios agrícolas europeus e norte-americanos para o combate à
pobreza e à fome nos países em desenvolvimento.
No debate subsegiiente, o representante do Banco Mundial
lembrou a necessidade de proporcionar incentivos aos pequenos agricultores,
no que foi apoiado pelo representante da FAO. O representante da FAO
disse, ainda, que é preciso promover o aumento da competitividade interna
da agricultura nos países em desenvolvimento, que vem enfrentando
concorrência crescente de alimentos importados dos países desenvolvidos.
As ONGs, por sua vez, defenderam que o tema da agricultura não fosse
examinado de uma ótica puramente comercial, sendo também a base de
estilos de vida e culturas. O representante da UNCTAD alertou que a
liberalização comercial no âmbito da OMC, com a eliminação dos picos
tarifários e da escalada tarifária, poderia melhorar o acesso formal a
mercados, mas não o ingresso real nos mercados dos países desenvolvidos.
O representante da juventude exortou os países desenvolvidos a reduzirem
os subsídios agrícolas que provocam a superprodução e a degradação do
solo.
Na parte do painel dedicada às intervenções dos países, a
Dinamarca, em nome da União Européia sugeriu algumas estratégias que
poderiam auxiliar os países em desenvolvimento a produzir subsídios
exportáveis. Seriam elas: reforma de políticas internas, assistência financeira
e maior acesso a mercados em favor dos países de menor desenvolvimento
relativo, e implementação dos compromissos da Conferência Ministerial
da OMC em Doha.
Devido ao grande número de oradores inscritos, a reunião teve de
ser encerrada antes que todos os países que solicitaram a palavra pudessem

60
SOLEÇÃO

CúPuLA MUNDIAL SoBrRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——————— eues co BED emana

manifestar-se. O Brasil submeteu comentários por escrito ao Secretariado


da Conferência, ressaltando as conexões entre liberalização do comércio
agrícola e desenvolvimento sustentável, incluindo a erradicação da pobreza.
Para o Brasil, as exportações agrícolas representam uma oportunidade de
Os países em desenvolvimento gerarem emprego e renda por seus próprios
meios. Além disso, os subsídios agrícolas nos países desenvolvidos, por
criarem incentivos artificiais à produção, podem ser prejudiciais ao meio
ambiente, levando à superprodução e à utilização excessiva da terra e de
produtos químicos.

3.3.4 Temas Transetoriais (comércio e finanças, transferência


de tecnologia, padrões de consumo e produção, educação e capacitação):
a sessão plenária sobre temas transetoriais foi iniciada diretamente com o
debate entre os “grupos principais” e os especialistas. As intervenções dos
participantes concentraram-se de maneira excessiva na questão da
capacitação, em detrimento da temática comercial e da assistência oficial
ao desenvolvimento, o que foi notado por diversos países em
desenvolvimento — e alguns desenvolvidos, como a Suécia, a Noruega e o
Japão — em seus comentários no plenário.
O PNUMA defendeu uma maior integração entre a atividade
científica e o processo de formulação de políticas, como forma de otimizar
a alocação de recursos financeiros. O Instituto das Nações Unidas para
Treinamento e Pesquisa (UNITAR) ressaltou, com referência ao tema da
capacitação, a necessidade de melhor coordenação e intercâmbio de
informações entre países doadores e recipiendários de cooperação.
Nos comentários dos Governos ao debate, vale mencionar os
discursos de Suécia, Noruega e Japão, que acompanharam os países em
desenvolvimento ao priorizarem os aspectos comerciais e financeiros da
temática em discussão. À Suécia manifestou a necessidade de que os países
em desenvolvimento ocupem um lugar central nas negociações comerciais
resultantes da Conferência Ministerial de Doha e reiteraram seu

61
COLTÇÃO

= EEE sreenAcIo
Is Na
CúPuLA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

compromisso com a prestação de assistência oficial ao desenvolvimento,


nos termos da Agenda 21 e do Consenso de Monterrey. À Noruega foi
além, defendendo uma ação internacional ambiciosa de combate à pobreza
e propondo a duplicação da assistência oficial ao desenvolvimento. O Japão,
por fim, enumerou “três princípios e três iniciativas”. Os três princípios
seriam os seguintes: alcançar, simultaneamente, o desenvolvimento e a
proteção ambiental; cooperação entre Governos, organizações internacionais
e ONGs (global sharing) e cumprimento dos compromissos de Doha e
Monterrey. As três iniciativas incluiriam: desenvolvimento de recursos
humanos; solidariedade e sentido de participação (ownership) no
desenvolvimento, incluindo a expansão da cooperação e da capacitação
em matéria comercial e a provisão de ajuda alimentar de emergência à
África meridional; por último, implementação do Protocolo de Quioto, no
espírito de que “a complacência de hoje é o apuro de amanhã”.

3.3.5 Água e Saneameto: Às apresentações couberam à Senhora


Margaret Catley-Carlson, da Global Water Partnership, e ao Senhor
Gourisankar Ghosh, do Water Supply and Sanitation Collaborative Council.
Margaret Carlson sublinhou a necessidade de uma gestão integrada dos recursos
hídricos, bem como a priorização do tema nas agendas dos países desenvolvidos,
que teriam perdido interesse no assunto por já terem resolvido esse problema
internamente. A oradora destacou, ainda, a necessidade de se protegerem as
fontes/nascentes de água. O Senhor Gouri Ghosh observou que seria necessário
um investimento adicional de US$ 9 bilhões no setor para o cumprimento da
Meta do Milênio de reduzir pela metade até 2015 a parcela da população mundial
sem acesso a água e propôs uma meta separada para o problema do saneamento,
também em negociação no âmbito do Plano de Implementação da Agenda 21.
No debate, o UNICEF alertou para o papel das escolas como
difusoras de bons hábitos de higiene e saneamento. Um dos participantes
ressaltou a importância de um ambiente favorável ao investimento
(investment friendly environment), como incentivo para o envolvimento

62
COLEÇÃO

CúruLra MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL evraro CEP irem cionars

do setor privado na questão do saneamento. Em contrapartida, os


representantes das ONGs e dos trabalhadores argumentaram em favor da
definição de padrões rígidos de responsabilidade empresarial (corporate
accountability) na prestação de serviços públicos essenciais, como é o
caso do fornecimento de água e saneamento.
Entre as intervenções governamentais, cabe destacar a dos
Estados Unidos, que enumeraram alguns critérios de gestão exitosa dos
recursos hídricos, entre os quais os seguintes: integração (tanto no nível
interno quanto nos espaços transfronteiriços); higiene; políticas claras e
transparentes e aumento da “produtividade da água”, evitando-se o
desperdício. O Uruguai lembrou a importância das águas subterrâneas,
em cuja gestão prepondera o aspecto regional, podendo ser citado como
exemplo o Aqiiífero Guarani. O Egito, por sua vez, relacionou as três
utilidades principais dos recursos hídricos (água para alimentação, água
para saneamento e água para beber).
Ao final, Margaret Carlson apresentou um sumário das idéias
discutidas, com destaque para os seguintes pontos: gestão integrada dos
recursos hídricos; proteção das fontes/nascentes e águas subterrâneas;
iniciativas e inovações legislativas: semelhanças entre os problemas dos
países desenvolvidos e os problemas dos países em desenvolvimento.
Carlson enumerou, ainda, os temas que não foram, mas deveriam ter sido
abordados no painel: participação comunitária, descentralização da gestão
das águas e relações entre produção industrial e poluição.

3.3.6 Energia: o painel sobre energia foi aberto com apresentações


dos Senhores Stephen Karekesi, da African Energy Policy Research
Network, e Thomas Johansson, do International Institute for Industrial
Environmental Economics. À exposição de Karekezi foi iniciada com uma
pergunta: o que a comunidade do setor energético pode fazer para aliviar
os problemas das populações pobres? Sua resposta é uma crítica à ênfase
de alguns países nos investimentos de larga escala em fontes energéticas

63
COLEÇAÃS
svteross FEED cumes — Cúpula MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

convencionais. Para Karekezi, uma pequena quantidade de energia limpa


pode transformar a vida nos lares rurais. À prioridade da comunidade
internacional — da comunidade energética em particular — deveria ser a
ampla disseminação de tecnologias limpas de escala e custos reduzidos,
que poderiam ser desenvolvidas e mantidas localmente. Thomas Johansson,
por sua vez, defende que as políticas energéticas tenham metas bem
definidas e sejam voltadas para o combate à pobreza. Manifestando
preocupação com as conseqiiências do funcionamento desimpedido dos
mercados no setor energético, Johansson terminou sua exposição com a
seguinte questão: como criar um mecanismo pelo qual os investimentos se
direcionem para fontes de energia sustentáveis?
Muitos participantes do debate manifestaram apoio à proposta
brasileira de aumentar para 10%, até 2010, a participação de fontes
renováveis na matriz energética dos países, em especial os representantes
das ONGs e da juventude, que também exortaram os países a reduzir os
subsídios a fontes tradicionais de energia. O representante do setor empresarial
ponderou que a idéia de Stephen Karekezi de desenvolvimento de tecnologias
limpas de baixa escala era adequada para o consumo doméstico, mas não
poderia ser estendida à indústria de grande porte. Propôs, em lugar disso,
um enfoque abrangente, que não desconsidere a importância das novas
tecnologias na área de combustíveis fósseis.
As intervenções governamentais ficaram divididas entre aqueles
países que consideram as propostas sobre energias renováveis possíveis
obstáculos ao desenvolvimento, e aqueles que, como o Brasil, incluem a
maior utilização de fontes energéticas renováveis no centro de suas políticas
de desenvolvimento sustentável. O Professor José Goldemberg fez uma
apresentação no plenário da Iniciativa Brasileira de Energia, que propõe a
meta citada de 10% de energias renováveis na matriz energética global até
2010. Sua exposição recebeu excelente acolhida, tanto dos participantes
não-governamentais quanto de outros Governos, em particular da Dinamarca,
em nome da União Européia.

64
COLIÇÃO

CúrurLa MunDtaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ——— avos ET NIESNAGIONAIS

No dia 29 de agosto, realizou-se uma sessão plenária sobre


Implementação Regional, presidida pela Senhora Rosa Elena Simeon,
Ministra de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento de Cuba. Foi dada
oportunidade, nesse contexto, para que as comissões econômicas regionais
das Nações Unidas fizessem breves relatos de suas atividades. A Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) destacou a
complementaridade entre as instituições mundiais e regionais em uma
comunidade internacional heterogênea. À esfera regional permite, com efeito,
articular melhor as realidades nacionais com as prioridades globais, tendo
em vista os problemas comuns e outras especificidades que derivam da
proximidade geográfica, a história compartilhada e a maior semelhança
das tradições institucionais. O papel crítico do espaço regional se fundamenta
também na grande desigualdade entre os atores que intervêm nos processos
globais. Em termos políticos, isto implicaria, para o representante da CEPAL,
que a voz dos países menores dentro da ordem global será mais bem escutada
se manifestada como voz regional.
O Ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, fez um
pronunciamento nessa sessão sublinhando a importância das ações regionais
para o desenvolvimento sustentável, como soluções para conferir sentido
prático aos resultados da Cúpula, bem como a necessidade de fortalecimento
da cooperação Sul-Sul. Nesse contexto, o Ministro José Carlos Carvalho
fez um breve relato da Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o
Desenvolvimento Sustentável (ILAC), que incorporou a proposta sobre
energias renováveis constante da Iniciativa Brasileira de Energia, e
mencionou a Plataforma Regional da América Latina e do Caribe para a
Cúpula, aprovada na Conferência Regional Preparatória realizada no Rio
de Janeiro, nos dias 23 e 24 de outubro de 2001.
No segmento reservado aos Pronunciamentos de Entidades
Intergovernamentais e Não-Estatais, nos dias 29 e 30 de agosto, a palavra foi
cedida aos representantes de agências e programas das Nações Unidas,
Secretariados de Convenções e outras organizações, como a Organização

65
CULEÇÃO

Oo. ED emo CÚPULA MunDiaL SogrE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização


dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). O Embaixador Rubens
Ricupero, Secretário-Geral da UNCTAD, fez um pronunciamento na sessão
do dia 30 de agosto, em que identificou, como temas prioritários da Cúpula,
o financiamento ao desenvolvimento, a transferência de tecnologia e a
abertura de mercados.

3.4 Segmento de Cúpula

Nos dias 2 e 3 de setembro, o plenário foi destinado aos discursos


dos Chefes de Estado e de Governo e das Delegações presentes em
Joanesburgo. À sessão foi aberta pelo Presidente da África do Sul, Thabo
Mbeki, que alertou para a expectativa predominante em todo o mundo de
que os mandatários presentes à Cúpula seriam capazes de responder de
forma clara e sem ambiguidade aos desafios do desenvolvimento sustentável.
As manifestações da sociedade civil durante a Cúpula transmitiram uma
mensagem de que os Governos devem unir-se para assegurar um processo
de desenvolvimento global que conduza à erradicação da pobreza e ao
progresso humano, num contexto de conservação do meio ambiente do
planeta. Para o Presidente Mbeki, a Cúpula deveria apontar a objetivos
concretos e metas para o cumprimento desses objetivos, assim como
processos de implementação e monitoramento que garantam o respeito
aos acordos celebrados pela comunidade internacional.
Em seguida, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan,
fez um discurso no qual destacou a palavra “responsabilidade”:
responsabilidade perante os pobres, os vulneráveis e os oprimidos, o planeta
e as gerações futuras. Kofi Annan também realçou o papel das parcerias
entre Governos, setor privado e sociedade civil para a implementação da
Agenda 21. Segundo o Secretário-Geral das Nações Unidas, a ação deve
começar pelos governos, com os países ricos à frente, visto que possuem
OS recursos, a tecnologia e uma responsabilidade maior pelos problemas

66
EOLEÇÃO
CúPura MunDiaL SoBre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————euvrsror Eme: dns

ambientais. Segundo Annan, entretanto, os governos não podem fazer tudo


sozinhos. À sociedade civil deve desempenhar um papel fundamental, como
associados, propulsores e vigilantes das ações governamentais. O setor
privado, por sua vez, deveria desempenhar suas atividades comerciais “de
uma maneira diferente”, sem o que desenvolvimento sustentável não será
mais do que um sonho distante.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso fez seu pronunciamento


no dia 2 de setembro, mesmo dia em que usaram a palavra o Chanceler
Gerhard Schrõder, o Primeiro-Ministro Tony Blair e o Presidente Jacques
Chirac. O discurso do Senhor Presidente da República salientou a
necessidade de incorporar considerações ambientais aos projetos de
desenvolvimento. Segundo o Presidente, o objetivo da Cúpula não consiste
em apenas reafirmar princípios, mas, sobretudo em assumir compromissos
com ações concretas. Para o Presidente Fernando Henrique Cardoso, é
imprescindível encontrar o equilíbrio entre prosperidade econômica,
proteção do meio ambiente e justiça social, mediante a adoção de um
novo paradigma de desenvolvimento, baseado no princípio das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas e nos valores da justiça,
da igualdade e da cooperação. O Presidente da República citou ações do
Governo brasileiro no sentido de uma gestão ambiental responsável, como
a criação, na Amazônia setentrional, da maior área de proteção de floresta
tropical do mundo — o Parque Nacional do Tumucumaque — e a proposta
brasileira no campo das energias renováveis. O Presidente alertou, ainda,
que o desenvolvimento não será sustentável se estiver constrangido pelas
dificuldades de uma globalização assimétrica. A luta pela sustentabilidade
passa pela construção de trocas internacionais mais equitativas, menos
excludentes, bem como por uma maior previsibilidade e estabilidade dos
fluxos de capitais. O Presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou a
necessidade de que cada país vá além da perspectiva meramente nacional
e reiterou o compromisso do Brasil com o legado da Rio-92 e a Agenda

67
COLEÇÃO

euesiõe Es ANAEIGNAISO——
Cúpura MunDIAL SoBrRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

21, cujo cumprimento só será garantido pela colaboração entre os Governos,


em todos os níveis, e a sociedade civil?

* Discurso em anexo.

68
4. Conclusão
Conclusão

À Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável foi encerrada


no dia 4 de setembro, em Joanesburgo, sob avaliações cautelosas de boa
parte da mídia e da opinião pública brasileira e internacional, para as quais
não houve avanços satisfatórios na definição de medidas concretas para a
implementação da Agenda 21, em especial em relação ao tema das energias
renováveis.
Cerca de 190 países participaram da Cúpula, entre os quais mais de
100 foram representados por seus Chefes de Estado ou de Governo. Acredita-
se que o evento tenha reunido em torno de 60 mil pessoas, o que dá a dimensão
de sua importância para a comunidade internacional. A delegação brasileira
foi chefiada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e integrada pelos
Ministros das Relações Exteriores, Celso Lafer, da Ciência e Tecnologia,
Ronaldo Mota Sardenberg, do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, e da
Integração Regional, José Luciano Barbosa da Silva, além de representantes
de órgãos federais, estaduais e municipais, de organizações não-
governamentais, sindicatos, entidades empresariais e da comunidade
acadêmica. Acompanharam a comitiva presidencial os Senhores Presidentes
da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, e do Senado Federal, Ramez Tebet.
Joanesburgo distinguiu-se da Conferência do Rio em alguns aspectos
fundamentais. Na Rio-92, buscava-se elaborar o arcabouço conceitual para
um novo paradigma no tratamento da questão ambiental em conjunto com
o desenvolvimento econômico e o progresso social, consubstanciado no
conceito de desenvolvimento sustentável. Estabeleceu-se, naquela ocasião,
um diálogo entre países industrializados e países em desenvolvimento sobre
as possíveis conotações do conceito. Esse diálogo resultava, de um lado,
das preocupações levantadas pelo relatório Brundtland; e, de outro lado, da
necessidade de se atenderem as demandas dos países em desenvolvimento,
em busca de crescimento econômico.
Em Joanesburgo, não se buscava mais uma definição para o conceito
de desenvolvimento sustentável, mas sim traduzi-lo em ações concretas. À

71
COLEÇÃO

serao EBD em cionman—— CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

principal vocação da Cúpula foi a de buscar os meios de implementação


dos caminhos apontados no Rio. Seu caráter instrumental opõe-se, assim,
ao caráter de diagnóstico que caracterizou a Rio-92.
Cabe salientar, também, os diferentes ambientes políticos em que
se deram as duas reuniões. A Conferência do Rio foi marcada por uma
atmosfera de otimismo. Predominava a visão de que se iniciava uma nova
era nas relações internacionais, em que preponderavam valores
democráticos, solidários e de liberdade de mercado. Com o fim da Guerra
Fria, teoricamente seriam liberados recursos que estavam anteriormente
imobilizados em gastos de defesa, que poderiam passar a serem utilizados
no desenvolvimento das nações menos favorecidas.
Em contraste, a conjuntura de 2002 mostrou-se comprometida pelo
pessimismo resultante dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e
das dificuldades por que passa a economia mundial. Esse quadro, no entanto,
não torna o desenvolvimento sustentável menos relevante. Ao contrário, a
questão da segurança está ligada à agenda da pobreza e das frustrações
associadas às assimetrias presentes nas relações internacionais. É necessária
uma resposta coletiva e solidária tanto para os dilemas de segurança,
novamente trazidos para o centro da agenda internacional, quanto para a
promoção do desenvolvimento sustentável em todos os países.
Um evento da magnitude de Joanesburgo tende a gerar expectativas
muito elevadas. Visto que se confrontam múltiplos interesses nacionais, é
natural que parte dessas expectativas não sejam atendida. As frustrações
daí decorrentes, porém, não devem obscurecer os êxitos logrados pela
Conferência. Do ponto de vista do Brasil, vários foram os resultados positivos,
entre os quais vale mencionar:
a) a reafirmação do princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, consagrado pela Conferência do Rio, nas seguintes seções:
na introdução do plano de implementação; nos parágrafos referentes a
energia, mudança de clima, poluição atmosférica e proteção da camada de
ozônio; na seção sobre mudança dos padrões insustentáveis de produção e

72
COLEÇÃO

Cúrura MunDiaL SogrE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL sue SS urraseteNnai:


Ea

consumo; e no capítulo sobre meios de implementação;


b) a adoção de meta de redução à metade, até o ano de 2015, do
número de pessoas sem acesso ao saneamento e à água potável;
c) a criação do Fundo de Solidariedade para a erradicação da pobreza;
d) a adoção de meta para a recomposição, até o ano de 2015, dos
estoques pesqueiros em níveis que possibilitem sua exploração sustentável;
e) a adoção de esforços para a redução, até o ano de 2010, da
perda de biodiversidade, associados à implementação mais efetiva da
Convenção sobre Diversidade Biológica e à provisão de recursos financeiros
e técnicos adicionais aos países em desenvolvimento;
£) a decisão de negociar um instrumento internacional que garanta
aos países de origem a repartição dos benefícios decorrentes da exploração
de recursos genéticos;
g) a adoção de meta referente à minimização, até o ano de 2020,
dos efeitos adversos sobre a saúde e o meio ambiente causados pela produção
e pelo consumo de produtos químicos tóxicos;
h) a decisão de elevar significativamente, e com sentido de urgência,
a participação de fontes renováveis de energia na matriz energética mundial
e de avaliar regularmente o progresso nesse sentido, com o reconhecimento
da contribuição que representam para esse propósito as metas nacionais e
regionais existentes;
1) o apelo à ratificação do Protocolo de Quioto;
]) a formulação adequada do capítulo sobre meios de implementação
(financiamento, comércio e transferência de tecnologia), em que se reiteram
a necessidade de se implementarem os compromissos assumidos em
Monterrey e em Doha;
k) o reconhecimento de que a boa governança internacional, e não
apenas interna, é fundamental para o desenvolvimento sustentável; e
1) a valorização de iniciativas regionais para o desenvolvimento
sustentável, entre as quais a da América Latina e Caribe (ILAC).
Entre os resultados citados acima, foi de particular importância para

73
COLEÇÃO

susioo CÓD uameionmim— crua MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

o Brasil e demais países megadiversos a decisão de lançar negociações


para um regime internacional que trate da repartição com os países de
origem dos benefícios auferidos com a exploração de recursos genéticos.
O instrumento será vinculado à Convenção sobre Diversidade Biológica,
adotada na Conferência do Rio. A Convenção assenta-se sobre três pilares:
acesso aos recursos genéticos, repartição dos benefícios e proteção do
conhecimento tradicional. O desenvolvimento desse regime permitirá a
concretização desses três princípios basilares da Convenção.
Foi, também, de particular importância para o Brasil e para os países
em desenvolvimento, de maneira geral, a reafirmação do princípio das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Tal princípio, desde a
Conferência do Rio, converteu-se num dos pilares políticos e conceituais
sobre o quais se apóiam a cooperação internacional em meio ambiente e
desenvolvimento sustentável. Assim, reafirmou-se na Cúpula que os países
industrializados, cujos padrões insustentáveis de produção e de consumo
estão na raiz da degradação ambiental, devem liderar a implementação de
um paradigma de desenvolvimento menos predatório, com especial atenção
às necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento.
Cabe ressaltar, ainda, a adoção das metas de se reduzir pela metade
o número de pessoas sem acesso ao saneamento básico e à água potável
até o ano de 2015. A concretização desses dois objetivos resultará em enorme
benefício para as populações, além de aliviar as redes de serviços públicos
de saúde.
Os resultados referentes à utilização de energias renováveis ficaram
aquém das expectativas brasileiras. O Brasil desejava que se adotasse a
meta de elevação para 10%, até o ano de 2010, da participação de fontes
renováveis de energia na matriz energética global, no que era apoiado pelos
outros países da América Latina e Caribe, pela União Européia — que tinha
proposta própria - e pela maioria dos países africanos. O texto final, conforme
assinalado, representou, contudo, importante avanço conceitual no tratamento
da matéria no plano multilateral.

74
EOLIÇÃO

CúPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —— eve sror (FÉEEZ vo rcesacionars

Tem-se apontado a questão dos subsídios como outra expectativa


frustrada da Conferência. Cabe lembrar que a Cúpula não tinha mandato
para negociar medidas concretas em matéria de acesso a mercados e
subsídios agrícolas de maneira geral. A Cúpula logrou, no capítulo sobre
Meios de Implementação, enviar importante mensagem política à OMC,
reafirmando os resultados alcançados na Reunião Ministerial de Doha,
especialmente ante as medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos
após aquela Reunião. O Brasil teve importante papel nessas negociações,
como porta-voz do G-77/China, empenhando-se na elaboração de um texto
equilibrado, capaz de contribuir com novo impulso político para a
implementação dos resultados de Doha e do Consenso de Monterrey.
Vale ressaltar que o Governo da África do Sul solicitou o auxílio da
experiência brasileira como país-sede da Rio-92 — especialmente do Ministro
Celso Lafer como Presidente daquela Conferência - em diversos momentos-
chave da Cúpula.
O Senhor Presidente da República cumpriu intenso programa
durante o segmento de Cúpula da Conferência, tendo discursado na sessão
de abertura, no dia 2 de setembro. No dia seguinte, o Presidente participou
como anfitrião de evento em que se lançou o Programa ARPA (Áreas
Protegidas da Amazônia), em cooperação com o Banco Mundial, o GEF e
a WWF. O Programa — uma iniciativa do Governo brasileiro coordenada
pelo Ministério do Meio Ambiente e executada pelo Ibama - resulta do
compromisso assumido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso de
proteger uma área equivalente a 10% das florestas naturais da Amazônia
em parques e reservas de proteção integral. Cabe mencionar, ainda, a
participação do Presidente no café da manhã de Chefes de Estado e de
Governo do Grupo de Países Megadiversos, organizado pelo Presidente do
México.
O fato de o Brasil haver sediado a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, conferiu ao Presidente
Fernando Henrique Cardoso e ao Ministro Celso Lafer um papel destacado

zS
CcoLIÇÃOoO

eutsros CCEE amena — CÚPULA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

nos contatos com as autoridades das Nações Unidas e outros líderes


internacionais, especialmente os líderes da África do Sul, com vistas a
promover a Cúpula de Joanesburgo e assegurar seu êxito. A cerimônia de
transferência da sede, realizada no Rio de Janeiro em 2002, concorreu para
reafirmar o comprometimento do Brasil, tanto de sua sociedade quanto do
Governo, com a sustentabilidade.
Em intervenção na última sessão plenária da Cúpula, quando foi
adotado o Plano de Implementação da Agenda 21, ocorrida no dia 4 de
setembro, a Delegação do Brasil comentou os resultados obtidos pela Cúpula
em relação à energia, os quais, embora aquém das expectativas brasileiras,
representaram um avanço em relação aos textos acordados na Agenda 21
e no âmbito da Comissão de Desenvolvimento Sustentável. A Delegação
mencionou a meta proposta pelo Brasil, lembrando que se trata de um
compromisso já assumido pelos países da América Latina e Caribe, e
anunciou a disposição do País de continuar promovendo o uso de energias
renováveis e trabalhando em conjunto com outras regiões que adotaram
metas de energia renovável, como a União Européia e a África. À
intervenção do Brasil foi apoiada por várias delegações.
A participação brasileira na Cúpula de Joanesburgo foi resultado de
preparação cuidadosa a cargo do Itamaraty, que presidiu a Comissão
Interministerial criada para tal fim. A participação de representantes de
outros Ministérios, do meio acadêmico, da comunidade científica, do setor
produtivo e sindical, além de organizações não-governamentais, permitiu a
elaboração das posições brasileiras sobre uma base de consultas amplas e
transparentes. O interesse pelos trabalhos da Cúpula de Joanesburgo
refletiu-se na dimensão e na representatividade da delegação brasileira,
que incluiu mais de uma centena de representantes de entidades da sociedade
civil.

76
5. Anexos
5.1 - Discurso do Senhor Presidente da República, em 2 de
setembro de 2002;

Discurso do Senhor Presidente da República, Fernando Henrique


Cardoso, na sessão de abertura da Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável

Joanesburgo, 2 de setembro de 2002


Somos milhares aqui, mas certamente expressamos preocupações
e ansiedades de milhões de pessoas. Na verdade, de toda a humanidade.
Por isso, gostaria de cumprimentar o Governo da África do Sul ê;
em especial, o meu amigo, Presidente Thabo Mbeki, por sua liderança na
realização desta reunião de cúpula.
Há dez anos, no Rio de Janeiro, iniciamos uma ambiciosa jornada.
Esse empreendimento visionário consagrou a necessidade de
incorporar considerações ambientais aos projetos de desenvolvimento.
Hoje estamos reunidos não apenas para reafirmar esses princípios,
mas, sobretudo para assumir compromissos com ações concretas.
O Brasil vem a Joanesburgo com olhos postos no futuro, mas com
as mãos prontas para o trabalho de agora.
Seria imoral assistir passivamente à destruição dos complexos
ecossistemas de que depende a vida na Terra.
Precisamos explorar os recursos naturais com racionalidade.
Há resistências, há oposições a serem vencidas. É nossa tarefa
comum vencer o poder da inércia ou da indiferença.
É imprescindível encontrar o equilíbrio entre prosperidade econômica,
proteção do meio ambiente e justiça social.
Só há uma resposta possível: um novo paradigma de desenvolvimento.
Um paradigma que esteja baseado no princípio das responsabilidades
comuns, mas diferenciadas.

79
COLEÇÃO

alésTOR CCD vunmam—————CúPuA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Nossa aspiração ao desenvolvimento e ao bem-estar não pode


limitar o direito das gerações futuras de fazerem suas próprias
escolhas.
Queremos preservar a biodiversidade, não apenas por seu valor
intrínseco, mas também por seus benefícios, que devem ser repartidos com
as comunidades detentoras dos recursos.
O mesmo princípio vale para a proteção dos conhecimentos
tradicionais.
Por isso, estamos propondo a criação do Fundo para a Diversidade
Biológica, que começará com modestos, quase simbólicos, recursos
financeiros dos países detentores de maior biodiversidade.
Este Fundo estará, naturalmente, aberto a contribuições de outros
países, organizações e empresas.
Há cerca de duas semanas, criamos, na Amazônia setentrional, a
maior área de proteção de floresta tropical do mundo — o Parque Nacional
do Tumucumaque.
Desejo convidar a comunidade internacional a apoiar esta iniciativa.
Orgulhoso de sua extraordinária diversidade biológica, o Brasil não
fugirá de suas responsabilidades.
Queremos uma matriz energética mais limpa.
Para tanto, o Brasil trouxe a esta Conferência a proposta de que,
até 2010, 10% de toda a energia utilizada no mundo seja de fontes renováveis.
É preciso deter o processo de aquecimento global.
O Brasil deseja trabalhar junto com seus parceiros — como já
começamos a fazer com a Alemanha — no sentido de viabilizar projetos
concretos de cooperação sob a égide do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo do Protocolo de Quioto.
Temos de que encontrar resposta ao problema dos padrões
insustentáveis de produção e consumo, que, infelizmente, ainda convivem
com níveis desumanos de pobreza.

80
COLEÇÃO

Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— ev. CEE" rERNACIONAIS

O novo desenvolvimento que buscamos é baseado nos valores da


Justiça, da igualdade e da cooperação.
O desenvolvimento não será sustentável se for injusto.
Nem será sustentável se estiver constrangido pelas dificuldades de
uma globalização assimétrica.
A luta pela sustentabilidade passa pela construção de trocas
internacionais mais eqiiitativas, menos excludentes. |
Passa por uma maior previsibilidade e estabilidade dos fluxos de
capitais. |
Pelo maior acesso a mercados para os países em desenvolvimento.
Precisamos fortalecer as parcerias internacionais para gerar
melhores oportunidades de emprego.
Por tudo isso, precisamos de uma cooperação internacional
fortalecida, para que o comércio seja, de fato, um motor do crescimento e
do desenvolvimento.
Daí a nossa luta contínua contra o protecionismo no mundo
desenvolvido.
Daí o combate permanente aos subsídios agrícolas e todo tipo de
barreira tarifária ou não-tarifária.
São imperativos fundamentais na luta pela erradicação da pobreza.
O acordo alcançado em Doha sobre direitos de propriedade
intelectual e saúde pública foi um sinal de esperança.
Foi muito importante para o Brasil, bem como para a África e
diversas outras partes do mundo que sofrem a tragédia da AIDS e outras
doenças.
Percorremos uma longa trajetória desde a Conferência do Rio.
O desenvolvimento sustentável foi alçado a uma posição de destaque
na agenda internacional.
À mensagem éÉ clara: temos que de agir.
Senhoras e Senhores,

81
COLEÇÃO

non EE essa cIoNa Is CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Gosto do conceito de “cidadania planetária”.


Cabe-nos ir além da perspectiva meramente nacional, por mais
legítima que seja.
Aqui estou para honrar o compromisso do Brasil com o legado da
Rio-92.
Aimplementação efetiva e abrangente da Agenda 21 deve ser nossa
máxima prioridade.
Seu cumprimento só será garantido pela colaboração entre os
Governos, em todos os níveis, e a sociedade civil.
Sabemos o que é necessário fazer. Haveremos de enfrentar decisões
políticas difíceis.
Este é o momento. À responsabilidade é nossa.
Muito obrigado.

82
COoOLrÇÃo

CúPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL———ave 5761 EE HA cIONAIS

5.2 - Decreto de criação da Comissão Interministerial para


a Preparação da Participação do Brasil na Cúpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável;

DECRETO DE 13 DE MARÇO DE 2001.


Cria a Comissão Interministerial para a Preparação da Participação
do Brasil na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que


lhe confere o art. 84, inciso VI, da Constituição, e
Considerando que a Assembléia-Geral das Nações Unidas, em sua
Resolução 55/199, adotada em 8 de dezembro de 2000, resolveu convocar
a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a realizar-se em
2002, na África do Sul;
Considerando que o tema do desenvolvimento sustentável merece
atenção prioritária do Governo brasileiro;
Considerando a necessidade de adequada preparação da
participação do Brasil na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável;
DECRETA:
Art. 1º É criada a Comissão Interministerial para a Preparação da
Participação do Brasil na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável.
Art. 2º Compete à Comissão Interministerial:
I - coordenar o processo de avaliação da implementação, no Brasil,
da Agenda 21 e dos outros documentos adotados pela Conferência celebrada
no Rio de Janeiro, de 2 a 12 de junho de 1992, tendo presente o objetivo
estabelecido para a Cúpula na Resolução 55/199 da Assembléia-Geral das
Nações Unidas;
II - preparar subsídios que possam informar a participação do Brasil
nas negociações que terão lugar na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

83
aursTors uam: toNIg——— CúPuLA MuNnDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Sustentável e seu processo preparatório.


Art. 3º A Comissão Interministerial será integrada por:
I-dois representantes do Ministério das Relações Exteriores, sendo:
1. o Subsecretário-Geral para Assuntos Políticos, que a presidirá;
2. o Diretor-Geral do Departamento de Temas Especiais, que será
o seu Secretário-Executivo;
Ol- um representante de cada órgão e entidade a seguir indicados:
1. Ministério do Meio Ambiente;
2. Ministério da Ciência e Tecnologia;
3. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
4. Ministério do Desenvolvimento Agrário;
5. Ministério da Agricultura e Abastecimento;
6. Ministério da Fazenda;
7. Ministério de Minas e Energia;
8. Ministério dos Transportes;
9. Ministério da Defesa;
10. Ministério da Integração Nacional;
11. Ministério da Saúde;
12. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
13. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis/IBAMA;
14. Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas;
15. Programa Comunidade Solidária;
16. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência/SBPC;
17. Academia Brasileira de Ciências;
18. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável;
19. Fórum Brasileiro de Organizações Não-Governamentais e
Movimentos Sociais para Meio Ambiente e Desenvolvimento;
20. Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável;
21. Confederação Nacional da Indústria;

84
CúruLa MunDiaL Sosre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— eve 1o ÉS CRETA

22. Confederação Nacional da Agricultura;


23. Comitê Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional;
24. Centrais sindicais.
Parágrafo único. Os membros de que trata o inciso II serão
designados pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, mediante
indicação dos titulares dos órgãos e das entidades representados.
Art. 4º À Comissão poderá estabelecer grupos de trabalho sobre
temas específicos, cuja composição e funcionamento serão por ela
estabelecidos.
Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 13 de março de 2001; 180º da Independência e 113º da


República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Celso Lafer
5.3 - Portaria do Ministro de Estado das Relações Exteriores
designando os membros da Comissão Interministerial;

Portaria MRE de 09.10.2001

O MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES,


no uso da atribuição que lhe confere o artigo 3º, parágrafo único, do Decreto
de 13 de março de 2001, que criou a Comissão Interministerial para a
Preparação da Participação do Brasil na Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável, resolve:
Art. 1º Designar os seguintes membros da Comissão Interministerial
para a Preparação da Participação do Brasil na Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável, indicados pelos órgãos e entidades enumerados
. pelo artigo 3º do Decreto de 13 de março de 2001 e pelo artigo 2º do Decreto
de 6 de agosto de 2001, que alterou sua redação:
1. Ministério do Meio Ambiente- Senhora Regina Elena Crespo Gualda;
2. Ministério da Ciência e Tecnologia- Doutor Luiz Carlos de
Miranda Joels;
3. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão- Doutor José
Paulo Silveira;
4. Ministério do Desenvolvimento A grário- Senhora Marília Marreco;
5. Ministério da Agricultura e do Abastecimento- Senhor Paulo Luís
Valério Borges;
6. Ministério da Fazenda- Senhora Lígia Pinheiro Barbosa;
7. Ministério de Minas e Energia- Doutor Célio Francisco França;
8. Ministério dos Transportes- Doutora Ieda Maria Neiva Rizzo;
9. Ministério da Defesa- Doutor João Brígido Bezerra Lima;
10. Ministério da Integração Nacional- Senhora Mary Dayse Kinzo;
11. Ministério da Saúde- Secretário José Marcos Nogueira Viana;
12. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-
Senhora Maria Olívia de Moraes Jardim Lamaziêre;

87
COLEÇÃO

Suse sc páreo saeioNII——— Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

13. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis (IBAMA)- Engº Agrônomo Hamilton Nobre Casara;
14. Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas- Doutor Fábio Feldmann;
15. Programa Comunidade Solidária- Senhora Dilma Loureiro Borba;
16. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência- Doutor
Aldaberto Luis Val;
17. Academia Brasileira de Ciências- Acadêmico Diógenes de
Almeida Campos;
18. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável- Doutor
Israel Klabin;
19. Fórum Brasileiro de Organizações Não-Governamentais e
Movimentos Sociais para Meio Ambiente e Desenvolvimento- Senhor João
Paulo Ribeiro Capobianco; i
20. Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável- Doutor Fernando Almeida;
21. Confederação Nacional da Indústria- Senhora Susana Maria
Kakuta;
22. Confederação Nacional da Agricultura- Senhor Tibério Leonardo
Guitton;
23. Comitê Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional- Doutor
Marcelo Barreto Vianna;
24. Centrais Sindicais;
a) Central Única dos Trabalhadores- Senhor Temístocles Marcelos
Neto;
b) Confederação Geral dos Trabalhadores- Senhor Antônio Maria
Thaumaturgo Cortizo;
c) Força Sindical- Senhor Herbert Passos Filho; e
25. Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda
21 Nacional- Doutor José Carlos Carvalho.

CELSO LAFER

88
CúruLra MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL avestars FA INTERNACIONAIS

5.4 - Declaração Política

Declaração de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável

Das origens ao futuro

1. Nós, representantes dos povos do mundo, reunidos durante a


Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, África
do Sul, entre 2 e 4 de setembro de 2002, reafirmamos nosso compromisso
com o desenvolvimento sustentável.
2. Assumimos o compromisso de construir uma sociedade global
humanitária, eqilitativa e solidária, ciente da necessidade de dignidade humana
para todos.
3. No início desta Cúpula, crianças do mundo nos disseram, numa
voz simples, porém clara, que o futuro pertence a elas e, em consegiiência,
conclamaram todos nós a assegurar que, através de nossas ações, elas
herdarão um mundo livre da indignidade e da indecência causadas pela
pobreza, pela degradação ambiental e por padrões de desenvolvimento
insustentáveis.
4. Como parte de nossa resposta a essas crianças, que representam
nosso futuro coletivo, todos nós, vindos de todos os cantos do mundo,
formados por diferentes experiências de vida, estamos unidos e animados
por um sentimento profundo de que necessitamos criar, com urgência, um
novo e mais iluminado mundo de esperança.
5. Por conseguinte, assumimos a responsabilidade coletiva de fazer
avançar e fortalecer os pilares interdependentes e mutuamente apoiados do
desenvolvimento sustentável - desenvolvimento econômico, desenvolvimento
social e proteção ambiental - nos âmbitos local, nacional, regional e global.
6. Neste Continente, Berço da Humanidade, declaramos, por meio
do Plano de Implementação e desta Declaração, sermos responsáveis uns
pelos outros, pela ampla comunidade da vida e por nossas crianças.

89
COLIÇÃO

eutsto: ED srotais———— Cúpura MunpDiaL SoBre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

7. Reconhecendo que a humanidade se encontra numa encruzilhada,


estamos unidos numa determinação comum, a fim de realizar um esforço
determinado para responder afirmativamente à necessidade de apresentar
um plano prático e visível, que leve à erradicação da pobreza e ao
desenvolvimento humano.

De Estocolmo ao Rio de Janeiro a Joanesburgo

8. Trinta anos atrás, em Estocolmo, concordamos na necessidade


urgente de reagir ao problema da deterioração ambiental. Dez anos
atrás, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, concordamos em que a
proteção do meio ambiente e o desenvolvimento social e econômico são
fundamentais para o desenvolvimento sustentável, com base nos
Princípios do Rio. Para alcançar tal desenvolvimento, adotamos o
programa global Agenda 21 e a Declaração do Rio, aos quais
reafirmamos nosso compromisso. À Cúpula do Rio foi um marco
significativo, que estabeleceu uma nova agenda para o desenvolvimento
sustentável.
9. Entre o Rio e Joanesburgo as nações do mundo se reuniram em
diversas conferências de larga escala sob à coordenação das Nações Unidas,
incluindo a Conferência de Monterrey sobre Financiamento ao
Desenvolvimento, bem como a Conferência Ministerial de Doha. Essas
conferências definiram para o mundo uma visão abrangente para o futuro
da humanidade.
10. Na Cúpula de Joanesburgo muito se alcançou na convergência
de um rico tecido de povos e pontos de vista, numa busca construtiva por
um caminho comum rumo a um mundo que respeite e implemente a visão
do desenvolvimento sustentável. Joanesburgo também confirmou haver sido
feito progresso significativo rumo à consolidação de um consenso global e
de uma parceria entre todos os povos de nosso planeta.

90
COLEÇÃO

CúruLra MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


— a«ursior CE NTLANACIONAIS

Os Desafios que Enfrentamos

11. Reconhecemos que a erradicação da pobreza, a mudança


dos padrões de consumo e produção e a proteção e manejo da base de
recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social são
objetivos fundamentais e requisitos essenciais do desenvolvimento
sustentável.
12. O profundo abismo que divide a sociedade humana entre ricos
e pobres, junto à crescente distância entre os mundos desenvolvidos e em
desenvolvimento, representam uma ameaça importante à prosperidade, à
segurança e à estabilidade globais.
13. O meio ambiente global continua sofrendo. A perda de
biodiversidade prossegue, estoques pesqueiros continuam a serem exauridos,
a desertificação toma mais e mais terras férteis, os efeitos adversos da
mudança do clima já são evidentes e desastres naturais são mais fregilentes
e mais devastadores; países em desenvolvimento são mais vulneráveis e a
poluição do ar, da água e do mar segue privando milhões de pessoas de
uma vida digna.
14. A globalização adicionou uma nova dimensão a esses desafios.
A rápida integração de mercados, a mobilidade do capital e os significativos
aumentos nos fluxos de investimento mundo afora trouxeram novos desafios
e oportunidades para a busca do desenvolvimento sustentável. Mas os
benefícios e custos da globalização são distribuídos desigualmente, e os
países em desenvolvimento enfrentam especiais dificuldades para encarar
esse desafio.
15. Corremos o risco de perpetuação dessas disparidades globais e,
a menos que ajamos de modo a modificar fundamentalmente suas vidas, os
pobres do mundo podem perder a confiança em seus representantes e nos
sistemas democráticos com os quais permanecemos comprometidos,
enxergando em seus representantes nada além de imagens pomposas e
sons retumbantes.

É
COLEÇÃO

STE LE tran cien Cúpura MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Nosso Compromisso com o Desenvolvimento Sustentável

16. Estamos determinados a assegurar que nossa rica diversidade,


que é nossa força coletiva, será usada numa parceria construtiva para a
mudança e para alcançar o objetivo comum do desenvolvimento sustentável.
17. Reconhecendo a importância de ampliar a solidariedade humana,
instamos a promoção do diálogo e da cooperação entre os povos e
civilizações do mundo, a despeito de raça, deficiências, religião, idioma,
cultura e tradição.
18. Aplaudimos o foco da Cúpula de Joanesburgo na indivisibilidade
da dignidade humana e estamos resolvidos, através de decisões sobre metas,
prazos e parcerias, a rapidamente ampliar o acesso a requisitos básicos
tais como água potável, saneamento, habitação adequada, energia, assistência
médica, segurança alimentar e proteção da biodiversidade. Ao mesmo
tempo, trabalharemos juntos para nos ajudar mutuamente a ter acesso a
recursos financeiros e aos benefícios da abertura de mercados, assegurar
O acesso à capacitação e ao uso de tecnologia moderna que resulte em
desenvolvimento, e nos assegurar de que haja transferência de tecnologia,
desenvolvimento de recursos humanos, educação e treinamento para banir
para sempre o subdesenvolvimento.
19. Reafirmamos nossa promessa de aplicar foco especial e dar
atenção prioritária à luta contra as condições mundiais que apresentam
severas ameaças ao desenvolvimento sustentável de nosso povo. Entre
essas condições estão: subalimentação crônica; desnutrição; ocupações
estrangeiras; conflitos armados; problemas com drogas ilícitas; crime
organizado; corrupção; desastres naturais; tráfico ilegal de armamentos:
tráfico humano; terrorismo; intolerância e incitamento ao ódio racial, étnico
e religioso, entre outros; xenofobia; e doenças endêmicas, transmissíveis e
crônicas, em particular HIV/AIDS, malária e tuberculose.
20. Estamos comprometidos a assegurar que a valorização e
emancipação da mulher e a igualdade de gênero estejam integradas em

= — 97 —
COoOUÇÃo

CúruLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— vero EE emcionas

todas as atividades abrangidas pela Agenda 21, as Metas de Desenvolvimento


do Milênio e o Plano de Implementação de Joanesburgo.
21. Reconhecemos o fato de que a sociedade global possui os meios
e está dotada de recursos para encarar os desafios da erradicação da pobreza
e do desenvolvimento sustentável que confrontam toda a humanidade. Juntos
tomaremos medidas adicionais para assegurar que os recursos disponíveis
sejam usados em benefício da humanidade.
22. À esse respeito, visando contribuir para o alcance de nossos
objetivos e metas de desenvolvimento, instamos os países desenvolvidos
que ainda não o fizeram a realizar esforços concretos para atingir os
níveis internacionalmente acordados de Assistência Oficial ao
Desenvolvimento.
23. Aplaudimos e apoiamos o surgimento de grupos e alianças
regionais mais robustos, tais como a Nova Parceria para o Desenvolvimento
da África (NEPAD), para a promoção da cooperação regional, do
aperfeiçoamento da cooperação internacional e do desenvolvimento
sustentável.
24. Continuaremos a dedicar especial atenção às necessidades de
desenvolvimento dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e
dos Países Menos Desenvolvidos.
— 25. Reafirmamos o papel vital dos povos indígenas no desenvolvimento
sustentável.
26. Reconhecemos que o desenvolvimento sustentável requer uma
perspectiva de longo prazo e participação ampla na formulação de políticas,
tomada de decisões e implementação em todos os níveis. Na condição de
parceiros sociais, continuaremos a trabalhar por parcerias estáveis com
todos os grupos principais, respeitando os papéis independentes e relevantes
de cada um deles.
27. Concordamos que, na busca de suas atividades legítimas, o setor
privado, tanto grandes quanto pequenas empresas, tem o dever de contribuir
para a evolução de comunidades e sociedades equitativas e sustentáveis.

93
COLEÇÃO

sumo EE raiva cienCuPurA MunDiaL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

28. Concordamos também em prover assistência para ampliar


oportunidades de emprego geradoras de renda, levando em consideração a
Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da
Organização Mundial do Trabalho (OMT).
29. Concordamos em que existe a necessidade de que as corporações
do setor privado implementem suas responsabilidades corporativas. Isto deve
ocorrer num contexto regulatório transparente e estável.
30. Assumimos o compromisso de reforçar e aperfeiçoar a governança
em todos os níveis, para a efetiva implementação da Agenda 21, das Metas
de Desenvolvimento do Milênio e do Plano de Implementação de
Joanesburgo.

O Multilateralismo é o Futuro

31. Para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável,


necessitamos de instituições multilaterais mais eficazes, democráticas e
responsáveis.
32. Reafirmamos nosso compromisso com os princípios e propósitos
da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional, bem como com o
fortalecimento do multilateralismo. Apoiamos o papel de liderança das Nações
Unidas na condição de mais universal e representativa organização do mundo,
e a que melhor se presta à promoção do desenvolvimento sustentável.
33. Assumimos adicionalmente o compromisso de monitorar, em
intervalos regulares, o progresso alcançado na implementação das metas e
objetivos do desenvolvimento sustentável.

Fazendo Acontecer!

34. Estamos de acordo que este deve ser um processo inclusivo,


envolvendo todos os grupos principais e os governos que participaram da
histórica Cúpula de Joanesburgo.

94
COLEÇÃO
CúrPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— «ves EEE Mpb Só

35. Assumimos o compromisso de agirmos juntos, unidos por uma


determinação comum de salvar nosso planeta, promover o desenvolvimento
humano e alcançar a prosperidade e a paz universais.
36. Assumimos compromisso com o Plano de Implementação de
Joanesburgo e com acelerar o cumprimento das metas sócio-econômicas e
ambientais com prazo determinado, nele contidas.
37. Do continente Africano, Berço da Humanidade, afirmamos
solenemente, aos povos do mundo e às gerações que certamente herdarão
este planeta, estarmos determinados a assegurar que nossa esperança
coletiva para o desenvolvimento sustentável seja realizada.
Expressamos nossa mais profunda gratidão ao povo e ao Governo
da África do Sul por sua hospitalidade generosa e excelentes acomodações
destinadas à Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável.

5
5.5 - PLATAFORMA DE ACCIÓN DE RIO DE JANEIRO
HACIA JOHANNESBURGO 2002

Conferencia Regional de América Latina y el Caribe preparatoria de la


Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible (Johannesburgo, Sudáfrica, 2002)

Rio de Janeiro, Brasil, 23 y 24 de octubre de 2001

Los ministros y representantes de los gobiernos de América Latina y


el Caribe, reunidos en Rio de Janeiro, Brasil, los días 23 y 24 de octubre de
2001, con motivo de la Conferencia Regional de América Latina y el Caribe
preparatoria de la Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible, que se
celebrará en Johannesburgo, Sudáfrica, del 2 al 11 de septiembre de 2002.

A. REAFIRMACIÓN DE PRINCIPIOS Y COMPROMISOS

1. Recuerdan los compromisos contraídos en la Reunión Regional


para América Latina y el Caribe Preparatoria de la Conferencia de las
Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo, celebrada en la
México D.F. en marzo de 1991, así como en la propia Conferencia de las
Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo, celebrada en
Rio de Janeiro en junio de 1992.
2. Reafirman los principios y objetivos de la Declaración de Rio
sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo, el Programa 21, 1a Declaración
autorizada, sin fuerza Jurídica obligatoria, de principios para un consenso
mundial respecto de la ordenación, la conservación y el desarrollo sostenible
de los bosques, la Convención Marco de las Naciones Unidas sobre el
Cambio Climático y el Protocolo de Kyoto, el Convenio sobre la Diversidad
Biológica, el Protocolo de Cartagena sobre la seguridad de la biotecnologia,
la Convención de las Naciones Unidas de lucha contra la desertificación en
los países afectados por sequia grave o desertificación, en particular en

7
SOLEÇÃO

evesros EEE rumos — Cúpula MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

África, el Convenio de Estocolmo sobre Contaminantes Orgánicos


Persistentes, y el Convenio para la aplicación del procedimiento de
consentimiento fundamentado previo a ciertos plaguicidas y productos
químicos peligrosos objeto de comercio internacional.
3. Reafirman también los principios y objetivos del Convenio de
Viena sobre la protección de la capa de ozono, el Protocolo de Montreal
relativo a las sustancias que agotan la capa de ozono y el Convenio de
Basilea sobre el control de los movimientos transfronterizos de los desechos
peligrosos y su eliminación, los cuales han sentado las bases para los diversos
instrumentos internacionales adoptados tanto en la Conferencia de las
Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo como
posteriormente.
4. Reafirman asimismo la Declaración de la Conferencia Mundial
sobre el Desarrollo Sostenible de los Pequenõos Estados Insulares en
Desarrollo, aprobada en Barbados en 1994, y los convenios y acuerdos
subregionales derivados de la Cumbre de Rio de Janeiro de 1992.
5. Recuerdan también los compromisos adoptados con ocasión de
la Cumbre Mundial sobre Desarrollo Social, la Conferencia Internacional
sobre la Población y el Desarrollo, la Conferencia de las Naciones Unidas
sobre los Asentamientos Humanos (Hábitat) celebrada en Estambul, y la
importante contribución que hicieron a la mejor aplicación del Programa 21,
teniendo en cuenta la necesidad de una integración más efectiva del desarrollo
económico y social y las estrategias de protección del medio ambiente en el
marco del desarrollo sostenible.
6. Reafirman el derecho soberano de todos los Estados de
aprovechar sus propios recursos según sus políticas nacionales ambientales
y de desarrollo, de conformidad com los principios 2 y 13 de la Declaración
de Rio.
7. Reiteran su compromiso con el principio de precaución, conforme
a la definición que figura en la Declaración de Rio, como un componente
clave de la política ambiental.

98
COLEÇÃO

CúPura MunDial SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —————sveor LE LkNSCIONAIS

8. Reiteran asimismo su compromiso con el principio de


responsabilidades comunes pero diferenciadas, según el cual los países
desarrollados deben asumir en un grado proporcionalmente mayor la
responsabilidad de asegurar el desarrollo sostenible.

B. OBSTÁCULOS Y LECCIONES APRENDIDAS

9. Consideran a la Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible


como una oportunidad singular para evaluar los avances logrados en el
cumplimiento de los compromisos contraídos en la Conferencia de las
Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo. Reconocemos
que ha habido avances significativos, en particular en cuanto a la toma de
conciencia y a la codificación del derecho ambiental. Sin embargo, a diez
afios, las condiciones para el desarrollo sostenible no son mejores que las
prevalecientes en 1992. La población mundial en condiciones de pobreza
se ha incrementado de manera dramática, además son cada vez más
apremiantes las necesidades del desarrollo, el deterioro del medio ambiente
se ha agudizado, y el ritmo acelerado de la globalización plantea nuevos
retos de sostenibilidad pero sobre todo de equidad.
10. Consideran que el fortalecimiento de las instituciones
democráticas en toda la región de América Latina y el Caribe, los logros
alcanzados en los procesos de paz en algunos países de la región y la
mayor conciencia pública existente han contribuido a incorporar la
dimensión ambiental al proceso de desarrollo y a convertir el desarrollo
sostenible orientado a la población en la primera prioridad de los programas
políticos, económicos y sociales de los Estados de América Latina y el
Caribe.
11. Reconocen la importancia de una participación transparente y
con responsabilidades compartidas de la sociedad civil, incluidos los grupos
principales identificados en el Programa 21, en el diseãõo, la ejecución y el
seguimiento de las políticas de desarrollo sostenible y de los compromisos

2
COLEÇÃO

currioss EEE vem CúPIA MuNnDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

regionales e internacionales sobre estas materias. Es imprescindible afianzar


la base cultural, educativa y de capacitación sobre el medio ambiente que
permita incorporar a la sociedad civil en la consecución del desarrollo
sostenible.
12. Reconocen también, que 10 afios después de la Conferencia
de Naciones Unidas sobre Medio Ambiente y Desarrollo y ante los nuevos
eventos y desafíos globales que tienen impacto sobre nuestros pueblos y el
medio ambiente, se hace necesario avanzar en la construcción de las bases
para una nueva ética que dé fundamento al desarrollo sostenible.
13. Destacan que las persistentes e insostenibles modalidades de
producción y consumo, y el impacto negativo de ciertos mecanismos comerciales
y financieros, sobre todo en los países desarrollados, representan una grave
amenaza para alcanzar el desarrollo sostenible en todo el mundo y reiteran
la necesidad de desplegar mayores esfuerzos para cumplir las disposiciones
de los instrumentos internacionales pertinentes.
14. Lamentan que, si bien los países de la región de América Latina
y el Caribe han avanzado en la promoción de un entorno favorable a la
transferencia de tecnologias y enfoques productivos nuevos, ambientalmente
limpios y energéticamente eficientes, así como de los conocimientos técnicos
correspondientes, en especial mediante el establecimiento de regímenes
adecuados de protección de la propiedad intelectual, los países desarrollados
no han adoptado medidas eficaces que aseguren esa transferencia,
principalmente respecto de tecnologias más apropiadas en términos de
sostenibilidad ambiental, social y económica.
15. Reconocen que la viabilidad del desarrollo sostenible en la
región requiere de un sistema económico internacional estable, predecible,
abierto e incluyente, donde la dimensión ambiental se reconozca como una
oportunidad para las inversiones y el comercio.
16. Rechazan todo los principios o políticas que distorsionen el
comercio internacional, las inversiones y los flujos de capital e instan a
eliminar todas las formas de subsidios a la exportación, mejorar

100
COLEÇÃO

CúPuLaA MunDIAL SoBrE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —<———-—sussios Eee

sustancialmente el acceso a los mercados y reducir, con miras a su


eliminación, el apoyo nacional que distorsiona el comercio y la producción.
17. Manifiestan su preocupación respecto de la posible
condicionalidad que pudieran imponer los países desarrollados al vincular
estándares ambientales a la aprobación de créditos oficiales a la exportación.
18. Expresan su preocupación por evitar que los países
industrializados hagan una interpretación abusiva del enfoque de precaución,
que los lleve a utilizar las medidas de política comercial como un medio de
discriminación arbitraria o injustificable o como una restricción velada al
comercio internacional (principios 12 y 15).
19, Reconocen la necesidad de simplificar las organizaciones, los
foros y las iniciativas para el fomento del desarrollo sostenible, así como la
necesidad de racionalizar el calendario de reuniones relacionados con la
agenda de desarrollo sostenible, para velar por un uso más eficiente y eficaz
de los recursos que se utilizan para prestar servicios a estas reuniones.
Destacan también la necesidad de contribuir al fortalecimiento de la capacidad
de los países en desarrollo para aplicar políticas y cumplir los compromisos
adquiridos en dichos marcos.
20. Reconocen la importancia de las iniciativas regionales para
promover la consecución del desarrollo sostenible en América Latina y el
Caribe.
21. Reconocen también las necesidades especiales de los
ecosistemas regionales y subregionales, incluidos los áridos y semiáridos,
de montafia, boscosos, marinos, acuáticos e insulares, que son ricos y
variados pero generalmente frágiles, así como la importancia de asegurar
su conservación, protección y uso sostenible.
22. Reconocen y se identifican con la preocupación de las Naciones
Unidas, que basada en los lineamientos establecidos en el capítulo 13 del
Programa 21, han declarado el 2002 como el Afio Internacional de las
Montaãas, teniendo en cuenta que la importancia de los ecosistemas de
montafias no radica únicamente en su gran vulnerabilidad, sino en que son

IO!
COLEÇÃO

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fuente de importantes recursos para el futuro de la humanidad, como son el


agua, la energía, la diversidad biológica, los recursos minerales, la diversidad
cultural, los medios de esparcimiento, así como los espacios físicos para
muchas poblaciones.
23. Renuevan asimismo su compromiso con el Fondo para el
Medio Ambiente Mundial y otros importantes organismos multilaterales de
financiación, los cuales deberían ampliar los criterios para seleccionar las
cuestiones y actividades que reúnen los requisitos necesarios para su
financiación, con miras a atender esferas a las que los países en desarrollo
han otorgado prioridad.

C. CONSIDERACIONES ACTUALES

24. Consideran que la pobreza extrema, la degradación ambiental,


el subdesarrollo y los patrones de producción y consumo insostenibles, así
como la falta de equidad en materia de distribución del ingreso, afectan a
todos los países de la comunidad internacional, sobre todo a los países en
desarrollo. Es en esta medida que la cooperación internacional debe
considerarse un elemento de unión entre los esfuerzos de los pueblos y
gobiernos de todo el mundo para construir un objetivo común: mejorar las
condiciones de vida de las generaciones presentes y futuras.
25. Reiteran que deben promoverse esfuerzos multidimensionales
en el desarrollo de las capacidades nacionales y regionales, con miras a reforzar
los esquemas de cooperación regional y subregional y atender las necesidades
de los países en desarrollo y los grupos y regiones más vulnerables.
26. Recuerdan que en el período extraordinario de sesiones de la
Asamblea General de las Naciones Unidas para realizar un examen y una
evaluación generales de la ejecución del Programa 21 se constató que la
globalización se manifestaba como un fenómeno no uniforme que influye
tanto positiva como negativamente en todas las sociedades. Algunos de los
efectos negativos de la globalización —entre otros, la inestabilidad económica

102
ECOLIÇÃO

CúPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL avrstõe Í SENNA SISNA


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y financiera, la exclusión social y el asotamiento de los recursos nacionales-


se han acentuado desde entonces, sobre todo en algunos países en desarrollo,
por lo que instan a la adopción de políticas y medidas para facilitar el
desarrollo económico con equidad, mediante la incorporación de todos los
actores sociales y la protección de los recursos naturales para beneficio de
las generaciones presentes y futuras.
27. Destacan que el avance del desarrollo sostenible exige integrar
las políticas sociales, económicas y ambientales, a fin de invertir, antes que
sean irreversibles, las tendencias que amenazan la calidad de vida de los
seres humanos y evitar un gran aumento de los costos para la sociedad. En
ese sentido, es preciso detener la continua degradación ambiental com
medidas tendientes a atenuar los efectos negativos del desarrollos
económicos y sociales, y velar por la existencia de un vínculo sostenible
entre la humanidad y la naturaleza.
28. Reconocen la necesidad de fomentar una comprensión, aceptación
y aplicación más amplias del enfoque integrador del desarrollo sostenible, sobre
todo entre los encargados de la formulación de políticas en el ámbito local,
nacional y regional, para lo cual la construcción participativa de las bases para
una nueva ética es urgente. Reconocen también la necesidad de fomentar
una cultura del desarrollo sostenible en las comunidades, la sociedad civil y el
sector privado, a través de la educación y estrategias de concientización.
29, Destacan la importancia de asegurar que la difusión del
conocimiento científico, la promoción de la investigación y el desarrollo de
tecnologias limpias estén al servicio de la comunidad internacional, sobre
todo de los países en desarrollo, en lo que respecta a la adopción de decisiones
y la formulación de políticas relacionadas con el desarrollo sostenible.
30. Reconocen que la investigación científica, la innovación
tecnológica y las nuevas tecnologías de la información y la comunicación
pueden ser instrumentales para la formulación de políticas económicas,
sociales y ambientales, por lo que deben promoverse y facilitarse a través
de la cooperación regional e internacional.

103
coLEÇÃO
aê CE NACIONAIS CÚPULA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

31. Reconocen también que las comunidades indígenas y locales


que entrafian estilos tradicionales de vida pertinentes para la conservación
y el uso sostenible de recursos naturales son un grupo importante para la
producción y el consumo sostenible de bienes y servicios, por lo que deben
participar en la formulación de políticas y acciones para alcanzar el desarrollo
sostenible; acceder con respeto al aprovechamiento, uso y disfrute de los
recursos naturales en los lugares que ocupan; proteger legalmente sus
conocimientos, innovaciones y prácticas, y así lograr una retroalimentación
permanente en la cual todos se beneficien.
32. Reconocen que la equidad de género ha sido fundamental
para avanzar en la búsqueda de un desarrollo sostenible y que la plena
participación de las mujeres en la formulación y aplicación de políticas debería
reforzarse en los ámbitos local, nacional, regional y global.
33. Consideran que, para enfrentar los graves dafios al medio
ambiente y las condiciones de pobreza extrema que persisten en muchos
países, las acciones de la comunidad internacional debe ser preciso, eficiente
y eficaz en la promoción del desarrollo sostenible.

D. COMPROMISOS FUTUROS

1. Institucionalidad para el desarrollo sostenible

34. Desarrollar la capacidad local, nacional y regional, partiendo


de una alianza estratégica duradera entre todos los actores del desarrollo,
para aprovechar al nivel local las potencialidades de la globalización a través
del intercambio de experiencias exitosas y mejores prácticas en los países
y entre ellos, la promoción de la educación formal e informal para líderes
nacionales y locales, y el fomento de la investigación aplicada y la innovación
tecnológica en los diferentes niveles.
35. Promover el fortalecimiento de instituciones públicas y privadas
abiertas y normas claras que faciliten a todos los sujetos, individuales y

104
ESLEÇÃO
CúrPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— ev vor FEED mumeionas

colectivos, forjar su propio desarrollo y fortalecer los vínculos institucionales


entre las políticas económicas, sociales y ambientales con la participación
ciudadana, de acuerdo a lo dispuesto en el Programa 21, a través de los
consejos nacionales de desarrollo sostenible.
36. Fortalecer las instituciones regionales para el diseão e
instrumentación de programas y proyectos que promuevan la integración de las
políticas económicas, sociales y ambientales, a través de la realización de talleres,
foros y conferencias de alto nivel y programas de cooperación sur-sur.
37. Promover formas más eficientes de abordar en los foros
multilaterales el desarrollo sostenible, mediante mecanismos flexibles y
adecuados para una mayor racionalización de los esfuerzos y recursos y la
promoción de sinergias entre las convenciones pertinentes, tal como lo
establece el Programa 21, a través de los Consejos Nacionales de Desarrollo
Sostenible, entre otras, para una efectiva articulación entre las políticas
económicas, sociales y ambientales con la participación ciudadana.
38. Apoyar, en este sentido, los esfuerzos que está realizando el
Programa de las Naciones Unidas para el Medio Ambiente a fin de examinar
y estructurar la política y gobernabilidad ambientales sin perjuício de las
respectivas competencias de los objetivos de los acuerdos ambientales
multilaterales, logrando mayores sinergias entre ellos y evaluando la
conveniencia de uniformar y armonizar los requisitos para la presentación
de informes y los procedimientos de ejecución.
39, Reafirmar la importancia de alcanzar mayor coherencia y
coordinación entre las estrategias y políticas ambientales, sociales y
económicas. Invitar para ello, entre otras instituciones, al Programa de las
Naciones Unidas para el Desarrollo, al Programa de las Naciones Unidas
para el Medio Ambiente, a la Comisión sobre el Desarrollo Sostenible de
las Naciones Unidas y a la Comisión Económica para América Latina y el
Caribe a que continúen e incrementen su apoyo a los países para lograr
esta integración y fortalecer los mecanismos de cooperación tanto a nivel
global como regional.

105
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eu: vos EEE eco CÚPULA MuNnDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2. Financiamiento y transferencia de tecnología

40. Instar a la comunidad internacional en general y a los países


desarrollados en particular a que asignen recursos suficientes, previsibles,
nuevos y adicionales, a fin de asegurar el cumplimiento eficaz del Programa
21, sobre todo de los capítulos 33 y 34, y de otros acuerdos internacionales.
41. Reiterar la importancia de que los países desarrollados cumplan
el compromiso de destinar el 0.7% de su PIB a la cooperación al desarrollo
en el resto del mundo.
42. Definir incentivos económicos y fiscales que efectivamente
propicien la participación del sector privado en los esquemas públicos de
promoción del desarrollo sustentable y corrijan las fallas del mercado que
tienen un impacto negativo en la sustentabilidad del desarrollo.
43. Exhortar a los principales contribuyentes a incrementar sus
esfuerzos para que el Fondo para el Medio Ambiente Mundial pueda contar
con fondos concesionales adicionales en el futuro y que esos recursos
sean asignados y administrados de manera más transparente, eficiente y
oportuna.
44. Reconocer que la carga de la deuda y el servicio de la deuda
que afectan a muchos países de la región, sobre todo ante la reducción de
la asistencia oficial para el desarrollo y su limitada capacidad para atraer
nueva financiación y nuevas inversiones, han seguido debilitando las
estrategias destinadas a movilizar recursos para el desarrollo sostenible.
Tomar nota con creciente inquietud que la relación entre la deuda y el
producto en los países muy endeudados no ha mejorado considerablemente.
Subrayar la necesidad de que se vuelva a considerar la posibilidad de crear
mecanismos destinados a aliviar la carga de los países muy endeudados, así
como la necesidad de incrementar, mediante la creación de nuevos y
novedosos instrumentos financieros, el financiamiento multilateral en
condiciones concesionales para la ejecución de programas de desarrollo
sostenible.

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CúruLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— aeuvervor CE ea:

45. Recomendar que en la Conferencia de Naciones Unidas sobre


el Financiamiento para el Desarrollo, a celebrarse en Monterrey, México,
en marzo del 2002 se aborde la necesidad de explorar mecanismos
innovadores y más eficaces para financiar la protección de bienes públicos
nacionales de beneficio global, y se propongan mecanismos para vincular la
dimensión ambiental con las políticas fiscales de los países, logrando así la
eficaz incorporación de los sectores financieros en la consecución hacia las
metas de desarrollo sostenible.
46. Reafirmar que el cumplimiento de parte de los países en
desarrollo de los compromisos internacionales para el desarrollo sostenible
solamente podrá ser alcanzado siempre y cuando tengan aquellos países
acceso al financiamiento adecuado y a la transferencia de tecnologías,
teniendo en cuenta que el fomento del desarrollo y la erradicación de la
pobreza son las prioridades de mayor relevancia para los países en
desarrollo.
47. Subrayar las complementariedades existentes entre el comercio,
la inversión y la calidad ambiental, el bienestar social y el crecimiento, los
beneficios derivados del uso sostenible de los recursos naturales, así como
la conformación de un sistema económico mundial abierto e incluyente,
donde la dimensión ambiental constituye una oportunidad y no una barrera
para las mversiones y el comercio.
48. Asegurar el acceso a los mercados de los productos de los
países en desarrollo como factor esencial para el desarrollo sostenible,
así como promover la competitividad de los bienes y servicios de los
países en desarrollo que sean manejados y producidos de manera
sostenible.
49, Destacar la necesidad de que en la Cumbre se recomiende
que las empresas multinacionales adopten los principios y estándares
internacionales de la responsabilidad social en la esfera del medio ambiente
y el desarrollo sostenible y pongan en marcha mecanismos y procedimientos
para la rendición de cuentas periódica a los organismos pertinentes.

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io ED tan GIONA Is CúPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

50. Exhortar a que en la Cumbre de Johannesburgo se impulse el


establecimiento de modalidades eficaces para facilitar la transferencia de
tecnologias y enfoques productivos nuevos, en condiciones más favorables,
de conformidad con el principio 9 de la Declaración de Rio, en especial a
partir de la adopción de mecanismos financieros y tratamientos fiscales
preferenciales por parte de los países desarrollados.

3. Formulación de acciones

S1. Exhortar a todos los países que todavía no lo han hecho a que
ratifiquen a la brevedad posible el Convenio sobre la Diversidad Biológica
como un instrumento clave para la conservación de la diversidad biológica,
la utilización sostenible de sus componentes y la participación justa y
equitativa en los beneficios que se deriven de la utilización de los recursos
genéticos.
52. Asegurar el acceso equitativo a los beneficios derivados del
uso de los recursos genéticos mediante la instrumentación de esquemas de
regulación nacionales e internacionales para estos fines, teniendo en cuenta
todos los derechos sobre esos recursos y esas tecnologías, así como mediante
una financiación apropiada y la transferencia de las tecnologías pertinentes.
53. Fomentar la cooperación para lograr la conservación y el
manejo sostenible de los ecosistemas naturales de la región, con el propósito
de profundizar los compromisos mundiales para la conservación in situ de
la biodiversidad y trabajar para establecer en ellos planes de desarrollo
sostenible que integren a nivel local los acuerdos que figuran en todas las
convenciones y que incluyan la creación y el fortalecimiento de áreas
protegidas y corredores biológicos y el fomento de actividades productivas
sostenibles.
54. Solicitar el disefio de una estrategia de desarrollo sostenible de
los ecosistemas montafiosos que promueva el manejo integral de tierras,
cuerpos de agua y recursos vivos mediante la aplicación de un enfoque

108
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CúPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————auvcsroe CDs

ecosistémico a la prevención de desastres naturales.


55. Subrayar la necesidad de preservar, apoyar y proteger los
conocimientos tradicionales, como parte importante de los esfuerzos por
asegurar el aprovechamiento y uso armónicos de los recursos naturales, a
fin de promover el logro de los objetivos del desarrollo sostenible.
56. Solicitar a la CEPAL, al PNUD y al PNUMA para que apoyen
la discusión participativa entre los diferentes actores de la sociedad
latinoamericana y caribefia sobre las bases éticas para el desarrollo
sostenible.
S7. Instar a la comunidad internacional a continuar los esfuerzos
para la implementación y la pronta entrada en vigor con la mayor
universalidad posible del Protocolo de Cartagena sobre la Seguridad de
Biotecnologia, tomando en cuenta sus procedimientos constitucionales
nacionales, con miras a asegurar su entrada en vigor antes de la Cumbre
Mundial sobre el Desarrollo Sostenible.
58. Fortalecer los marcos regulatorios e institucionales nacionales
y regionales relativos a la bioseguridad.
59. Insistir en la importancia de evaluar la vulnerabilidad y
cuantificar el progreso logrado en materia de desarrollo sostenible; tomar
nota de la falta de información e indicadores que permitan hacer las
evaluaciones pertinentes, y destacar la necesidad de desarrollar un conjunto
esencial de datos e indicadores, incluído un índice de vulnerabilidad, que
posibilita la medición del progreso logrado en la búsqueda de un desarrollo
sostenible, tomando en consideración las peculiares características de los
países caribefios, y de conformidad con el Programa 21 y el Programa de
Acción de Barbados.
60. Reducir la vulnerabilidad frente a desastres naturales sobre la
base de instrumentos de planificación como el ordenamiento ecológico y
económico del territorio, así como promover una cultura de riesgo para su
prevención y mitigación a través de procesos educativos y mejores sistemas de
información y alerta temprana, estimulando la participación de la sociedad civil.

109 ——õ, —
auesioes utero nar CuúPULA MuNnDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

61. Fortalecer la cooperación subregional y regional, incluida la


participación del sector financiero nacional e internacional, particularmente
en los sistemas de monitoreo y para mejorar la eficacia en las tareas de
reconstrucción, con especial atención a los pequefios Estados insulares en
desarrollo.
62. Solicitar el reconocimiento de la notable vulnerabilidad de los
pequefios Estados insulares en desarrollo del Caribe y, por lo tanto, prestar
mayor atención al Programa de Acción de Barbados y canalizar recursos
para su implementación, especialmente en cuanto a la adaptación al cambio
climático, el cuidado de los recursos marinos y costeros, el manejo integrado
de los desechos, la protección y el incremento de los recursos hídricos,
tanto en términos de cantidad como de calidad, y el desarrollo del turismo
sustentable.
63. Establecer una estrategia regional con acciones de mediano y
largo plazo relativas a la prevención y atención de emergencias ante el
fenómeno de El Nifio.
64. Promover una gestión integral de cuencas, haciendo hincapié
en la gestión intersectorial y descentralizada, con una visión ecosistémica y
un cambio en la cultura y la percepción social del agua. Adecuar los
mecanismos económicos y de mercado a las condiciones de escasez
creciente, mediante la adopción de instrumentos indirectos que
complementen la regulación directa, y permitan un manejo y una
conservación eficaz del recurso.
65. Potenciar los esquemas de cooperación internacional a nivel
global, regional y subregional, particularmente en ecosistemas compartidos,
e incrementar la coordinación entre las múltiples instancias y actores que
inciden en la gestión del agua.
66. Respaldar la cooperación internacional para un manejo
sustentable de los bosques, tomando en cuenta los aspectos económicos y
comerciales relacionados con éstos, así como promover la instrumentación
del plan de acción del foro de las Naciones Unidas sobre bosques.

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COLEÇÃO
CúPurA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————————auvetr Es c=== NKEIONATS

67. Fortalecer los esquemas de cooperación con las comunidades


indígenas y locales, que entrafian estilos tradicionales de vida pertinentes,
para la conservación y el uso sostenible de la diversidad biológica, a fin de
promover programas y recursos financieros para asegurar su plêna
participación.
68. Recalcar la necesidad de diversificar la oferta energética y
fomentar la eficiencia energética, evaluando el potencial de fuentes
convencionales y mejorando la participación de las fuentes renovables, para
lo cual deberá contarse con un apoyo más amplio de los organismos
financieros, según las necesidades de cada país.
69. Establecer las sinergias de largo plazo entre las políticas
energéticas de la región y las políticas ambientales, tanto para lograr mayor
eficiencia energética como para reducir las emisiones de gases de efecto
invernadero y promover el uso de tecnologias limpias.
TO. Exhortar a todos los países que aún no lo han hecho a que
agilicen la ratificación del Protocolo de Kyoto de la Convención Marco de
las Naciones Unidas sobre el Cambio Climático, teniendo en cuenta sus
procedimientos constitucionales nacionales, con miras a asegurar su entrada
en vigor antes de la Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible.
71. Promover y potenciar programas regionales e internacionales
de adaptación al cambio climático que fortalezean y complementen los
esfuerzos nacionales y considerar los esfuerzos de reforzamiento de
capacidades para la adaptación en las áreas de mayor vulnerabilidad, teniendo
en cuenta el trabajo y las decisiones de las conferencias de las partes de la
Convención Marco de Naciones Unidas sobre el Cambio Climático.
72. Promover políticas que fortalezean el ordenamiento territorial
en aras de contribuir al desarrollo sostenible de la diversidad biológica.
73. Exhortar a todos los países a ratificar el Convenio para la
aplicación del procedimiento de consentimiento fundamentado previo a ciertos
plaguicidas y productos químicos peligrosos objeto de comercio internacional
y el Convenio de Estocolmo sobre Contaminantes Orgánicos Persistentes,

1H
COLEÇÃO

evesros Essas TeaNACIONAI Fc CúPura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

así como apoyar la Declaración de Bahía y las Prioridades para la Acción


más allá del 2000, adoptadas por el Foro Intergubernamental sobre Seguridad
Química, por lo que significan en la solución de los problemas de la
contaminación química y su influencia en la salud humana y el medio ambiente.
74. Destacar la importancia de una población sana para el logro
del desarrollo sostenible, debido a la influencia de la salud en la calidad de
vida y la productividad. Insistir en la necesidad de que se preste más atención
al fortalecimiento del sector salud, lo que incluye el perfeccionamiento de la
sinergia entre medio ambiente y políticas de salud. Solicitar a la comunidad
internacional que preste asistencia para el fortalecimiento de la capacidad
de los países en esta área, teniendo en cuenta los enormes desafíos que se
le plantean plantean en ese sector, especialmente la creciente prevalencia
del VIH y el SIDA.
75. Reconocer que las tendencias demográficas en la región,
incluyendo la notable migración de las áreas rurales a urbanas se ha traducido
en una urbanización rápida y en muchos casos no planificada, lo que eleva
la presión ejercida sobre los recursos naturales, incluidos el agua y los
recursos energéticos; recarga a la infraestructura de control de la
contaminación, saneamiento y manejo de desechos sólidos, y debilita las
estrategias de prevención de la destrucción de bosques, la erosión de los
suelos y de degradación de la tierra. Destacar la necesidad de una
planificación urbana y un manejo de las tierras más eficientes, como medios
para mejorar las condiciones de los asentamientos humanos en la región y
reducir el riesgo de desastres provocados por el ser humano, en vista de los
dramáticos fenómenos naturales que se han producido.
76. Reconocer e identificar la relación entre población y medio
ambiente, y lograr una mayor interacción entre las instituciones que, tanto a
nivel nacional como internacional, abordan los temas de población y medio
ambiente, y promover el acceso a recursos financieros adicionales que
permitan encaminar acciones de análisis y desarrollo del vínculo entre medio
ambiente y población.
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CúrPura MunDiAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— « v «o EEE FERIAS

77. Impulsar una gestión urbana ambientalmente sostenible


vinculada a patrones de producción y consumo más racionales asociados a
la reducción de emisiones y menor generación de residuos, así como
establecer mecanismos más eficaces para la planificación urbana y para
incrementar la infraestructura de tratamiento de aguas servidas.
78. Destacar que la consecución del desarrollo sostenible y el
mejoramiento de la calidad de vida requiere una integración más efectiva
de los componentes ambientales, sociales y económicos en las políticas
públicas, programas y proyectos a nivel local, nacional, regional e
internacional.
79. Solicitar a la CEPAL, al PNUD y al PNUMA que den seguimiento
a los acuerdos de esta reunión y continúen haciéndolo con respecto a la
agenda global de desarrollo sostenible de acuerdo con sus mandatos y
capacidades.
80. Declarar que los países y los pueblos de América Latina y el
Caribe consideran la Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible como
una oportunidad singular para evaluar los avances logrados en todos los
niveles en el cumplimiento de los compromisos contraídos en la Conferencia
de las Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo y para
emprender nuevas y eficaces acciones para el cumplimiento pleno de esos
compromisos y enfrentar los retos futuros que implica alcanzar el desarrollo
sostenible.
81. Proponer que en la agenda de la Cumbre Mundial sobre el
Desarrollo Sostenible se otorgue una alta prioridad a los temas
intersectoriales, entre otros las finanzas, la ciencia y tecnología, el desarrollo
de la capacidad y la vulnerabilidad.
82. Convocar a la comunidad internacional a reiterar su compromiso
y voluntad política para que, mediante una renovada y solidaria cooperación
y con fundamento en el reconocimiento de una relación responsable y ética
entre los seres humanos y la naturaleza, se realicen acciones efectivas a
nivel local, nacional, regional y global, que garanticen el pleno cumplimiento

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COLEÇÃO

Foo EE racionais CúPura MunDIAaL Sogre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

de los compromisos vigentes sobre desarrollo sostenible, como la mejor


garantía para un mundo justo en un ambiente de paz global. A la luz de estas
consideraciones, proponer el siguiente tema central para la Cumbre: “Hacia
una nueva globalización que garantice un desarrollo sostenible, equitativo e
incluyente”.

114
Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL evesTor INTERNACIONAIS

5.6 - Iniciativa Latinoamericana y Caribefa para el Desarrollo


Sostenible

l. Contexto

1. La Conferencia de Río 1992 fue convocada a partir del


reconocimiento de que los patrones de producción y consumo, principalmente
enlos países desarrollados, habían alcanzado niveles insostenibles, poniendo
en riesgo la estabilidad de diversos bienes y servicios ambientales que
garantizan tanto la continuidad de las actividades productivas como la propia
calidad de vida, con la finalidad de iniciar el camino para revertir tal situación
en beneficio de todo el mundo.
2. El Plan de Acción de Barbados adoptado por la Conferencia de
las Naciones Unidas sobre el Desarrollo Sostenible de los Pequeãos Estados
Insulares en desarrollo, la primera Conferencia post-CNUMAD, plantea
claramente los temas clave que deben ser abordados en la búsqueda del
desarrollo sostenible de los Pequeãõios Estados Insulares en Desarrollo
(SIDS).
3. Transcurridos diez afios desde Río 1992, los Gobiernos de América
Latina y el Caribe reconocen que ha habido avances significativos,
principalmente en lo que se refiere a la toma de conciencia y a la entrada
en vigor de normas jurídicas nacionales e internacionales. Sin embargo,
persisten importantes desafíos y se presentan nuevos imperativos para tornar
el desarrollo sostenible en realidad y para materializar los cambios necesarios
de los actuales modelos de desarrollo. Es indispensable revertir las tendencias
actuales de degradación ambiental del medio natural y del medio urbano y,
en particular, eliminar à un ritmo vigoroso la pobreza y la inequidad —
conjuntamente con sus impactos-, que afligen a los países de la región.
4. Esta iniciativa reconoce la importancia de los procesos
subregionales y regionales para promover el desarrollo sostenible en América
Latina y el Caribe, en el marco de la Plataforma para la Acción hacia

[15
voa EEB memso CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Johannesburgo 2002, aprobada en Río de Janeiro, Brasil, en octubre de


2001. El lanzamiento de una Iniciativa Latinoamericana y Caribeãa
responde a la necesidad de otorgar sentido práctico a proceso hacia la
Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible reflejando las
singularidades, visiones y metas de la región, teniendo en cuenta ante
todo la vigencia del principio de responsabilidades comunes pero
diferenciadas de los estados.
5. Los pueblos y países de la región consideran la Cumbre Mundial
sobre el Desarrollo Sostenible como una oportunidad única para evaluar
el progreso logrado, en todos los niveles, respecto al cumplimiento de los
compromisos asumidos en Río 1992 y para adoptar acciones efectivas en
la búsqueda de soluciones para los nuevos desafíos del desarrollo
sostenible. La Cumbre constituye, asimismo, una ocasión histórica para
asumir que no sólo es posible sino que también es necesario dar respuestas
a la raíz económica y social de la problemática ambiental y asegurar un
financiamiento redireccionado hacia una nueva globalización, que garantice
undesarrollo sostenible, equitativo e incluyente. Debe además, propiciar
la adopción de acceiones concretas a través de la cooperación de los países
desarrollados, de organizaciones multilaterales y regionales, incluyendo
las de financiamiento, y mediante el fortalecimiento de la cooperación
Sur-Sur.
6. La tarea consiste en identificar programas y proyectos para
instrumentar los objetivos sefialados. Esta iniciativa presupone la adecuación
al escenario actual, integrando las dimensiones sociales, económicas y
ambientales y transformando,sobre la base de un fundamento ético, el desarrollo
sostenible en prioridad estratégica en América Latina y el Caribe.

Il. Objetivos
7. Constituyen objetivos de la Iniciativa Latinoamericana y Caribefia
los siguientes:
COLEÇÃO

Cúruta MunDIAL Sosre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— cus: 66 CEE:

a) Consolidar y continuar los esfuerzos de América Latina y el


Caribe, en los distintos niveles de Gobierno, y de la sociedad civil, para
superar los obstáculos en la implementación de programas y proyectos de
interés de la región y con ello lograr la concreción de las recomendaciones
del Programa 21, enfatizando una efectiva implementación y el desarrollo
de mecanismos participativos.
b) Desarrollar acciones en áreas seleccionadas que, con base en la
voluntad política de los Estados, estimulen la participación activa del sector
privado y de las entidades de la sociedad civil, para promover inversiones
que puedan generar actividades productivas sostenibles, fomentar formas
de vida sostenible, y al mismo tiempo permitir la conservación y el uso
sostenible de bienes y servicios ambientales esenciales para la vida;
c) Promover la instrumentación de modelos de desarrollo sostenible
sobre la base de un fundamento ético que sean competitivos, sustentados
en políticas públicas formuladas para desarrollar la ciencia y la tecnología,
el financiamiento, la capacitación de recursos humanos, el desarrollo
institucional, la valoración de bienes y servicios ambientales y el desarrollo
de indicadores de sostenibilidad adecuados a las condiciones sociales,
económicas, ambientales y políticas de cada país o a las necesidades de las
subregiones; y,
d) Contribuir, en su calidad de marco político, a identificar y
priorizar mecanismos financieros, técnicos e institucionales para la efectiva
implementación del Programa 21, el Plan de Acción de Barbados y los
resultados de la 22º Sesión Especial de la Asamblea General de las
Naciones Unidas, así como facilitar la transferencia, acceso y desarrollo
de tecnologias y conocimientos y promover la adopción de marcos
regulatorios adecuados.
8. Esta Iniciativa identificará también temas que permitan la
articulación y la cooperación con propuestas de otras regiones, tales como
la Nueva Alianza para el Desarrollo de África (NAPDA), y la Iniciativa de
Asia y el Pacífico.
ursos FED anscioNa isAR PucLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ll. Directrices Operativas de la Iniciativa

9. Las directrices operativas de esta Iniciativa son:


a) Reiterar las posiciones adoptadas en Río 1992 y consolidadas
desde entonces para:
i) Exigir el cumplimiento por los países desarrollados del compromiso
de destinar el 0.7% del PIB de los países industrializados a la asistencia
oficial para el desarrollo, tal como reiterado en el Programa 21;
ii) Promover la entrada en vigor del Protocolo de Kyoto del Convenio
Marco de Naciones Unidas sobre el Cambio Climático y hacer un Ilamado
a los países que aun no lo han hecho, a que lo ratifiquen, particularmente
aquellos que son los mayores emisores de gases efecto invernadero;
111) Cumplir con los compromisos contenidos en la Declaración de
Doha y en el Consenso de Monterrey para asegurar el acceso al mercado
y la disponibilidad de los recursos financieros requeridos para alcanzar las
metas del desarrollo sostenible, particularmente en apoyo a los esfuerzos
de los países en desarrollo;
1v) Orientar la creación de nuevos mecanismos financieros,
incluyendo la eliminación de la deuda de los países en desarrollo, en particular
de los países menos desarrollados, y la creación de un fondo de contingencia
frente a desastres naturales:;
v) Aplicar plenamente el principio de las responsabilidades comunes
pero diferenciadas de los Estados, y el respeto al derecho soberano de
cada país sobre sus recursos naturales;
vi) Reiterar el compromiso con el principio de precaución conforme a
la definición que figura en la Declaración de Río, como un componente clave
de la política ambiental a fin de salvaguardar nuestro patrimonio natural y social;
vii) Exigir el cumplimiento por parte de los paises desarrollados de
su compromiso de otorgar prioridad a los Pequeifios Estados Insulares en
Desarrollo de la región, especialmente en el financiamiento de la
implementación del Plan de Acción de Barbados;

118
COLEÇÃO

CúruLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL — euros FEED mei 1oNAIS

viii) Actuar sobre la vulnerabilidad económica, social y ambiental


de los países de la región que disminuye su capacidad para alcanzar el
desarrollo sostenible y la integración económica
ix) Reforzar la participación de los diversos actores no
gubernamentales y la transparencia en los procesos de toma de decisiones,
fortaleciendo iniciativas tales como los Consejos Nacionales de Desarrollo
Sostenible y la formulación de Programas 21 nacionales y locales.
x) Promover la construcción de una nueva práctica ética para el
desarrollo sostenible, teniendo en cuenta procesos desarrollados hasta ahora,
tal como la Carta de la Tierra.
xi) Implementar las Directrices sobre Consumo Sostenible aprobadas
por la Comisión de Desarrollo Sostenible de la Organización de las Naciones
Unidas, en 1999,

b) Seguir las directrices operativas en los programas y proyectos


propuestos para enfrentar los desafíos del desarrollo sostenible en la región,
dentro de un marco ético a través de:
1) Promover el crecimiento económico sostenible y establecer
mecanismos e instrumentos para encarar nuevos frentes de inestabilidad,
propiciando la capacidad de ahorro interno y el flujo de capitales privados;
1i) Apoyar la implementación de políticas públicas orientadas a la
reducción de la pobreza y la desigualdad social, a la generación de empleo
y ala promoción de un desarrollo sostenible con justicia, equidad e inclusión
social;
111) Promover cohesión social y estabilidad, a través entre otras
actividades, del control de la proliferación del crimen, la violencia y sus
impactos debilitadores.
iv) Poner en ejecución medidas integradas en salud humana y
ambiente para asegurar que la salud y el bienestar de las poblaciones de la
región se vean crecientemente reconocidos y sistemáticamente traducidos
en políticas y programas;

LES
coLIÇÃO

suor EEE macio CúPuLA MunDIiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

v) Destacar los vínculos entre patrones de consumo insostenibles


y la internacionalización de patrones de producción, en particular la
creciente importancia de la concienciación de consumidores y de las
empresas para aplicar concepciones sobre la responsabilidad social y
ambiental;
vi) Desarrollar nuevas bases sostenibles de competitividad para la
estructura productiva de los países de la región, en aras de ampliar su
inserción en la economía mundial proponiendo estrategias tendientes hacia
la efectiva apertura de los mercados externos sobre todo de los países
desarrollados, condición sine qua non para el objetivo del desarrollo
sostenible en la región;
vii) Crear o fortalecer instrumentos económicos, fiscales y tributarios
para la promoción del desarrollo sostenible:;
viii) Estimular la adopción por los gobiernos y el sector productivo
de instrumentos voluntarios (certificaciones, ISO 14.000, certificaciones
para la sostenibilidad turística, etc.), aplicables al proceso de desarrollo
sostenible; |
ix) Iniciar o continuar los procesos de valoración ambiental y de los
recursos naturales, para el aprovechamiento de ventajas comparativas de
la región, incorporando indicadores en materia de pasivos y activos
ambientales, a fin de incluiírlos en los sistemas de cuentas nacionales;
x) Apoyar las acciones regionales y los esfuerzos subregionales, en
particular los del Caribe (SIDS), de los países amazónicos (TCA), de la
región Andina (CAN), del Mercosur y de Centroamérica (ALIDES);
xi) Fortalecer las instituciones regionales, subregionales y
nacionales, así como las instancias subnacionales para la instrumentación,
seguimiento y monitoreo de políticas, programas y proyectos derivados
de esta Iniciativa;
x11) Formular estrategias de incorporación, transferencia y desarrollo
de tecnologias que deberán ser apoyadas a través de movilización y
ampliación de recursos de las instituciones financieras existentes:

120
COLEÇÃO

Cúrura MunDIal. SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL euros: ES: aNACIONAIS

xiu) Fortalecer o ajustar los sistemas de indicadores de sostenibilidad


existentes o construir nuevos sistemas de indicadores que respondan a las
particularidades sociales, económicas y políticas de la región;
xiv) Desarrollar acciones de cooperación Sur-Sur que favorezcan
el empleo de las fortalezas y las oportunidades de los países en desarrollo,
en función del desarrollo sostenible de los pueblos de la región;
xv) Promover el desarrollo de un regímenes sui generis de
protección de los conocimientos tradicionales, basados en instrumentos y
mecanismos de distinta naturaleza; y propiciar que los actuales sistemas de
propiedad intelectual tomen en cuenta los conocimientos tradicionales
asociados a la diversidad biológica al evaluar solicitudes de patentes y otros
derechos relacionados;
xvi)Promover el fortalecimiento de la capacidad a través de la
consolidación de instituciones nacionales, subregionales y regionales y el
desarrollo de recursos humanos.

IV. Prioridades para La Acción

A. Temas Prioritarios

9. Los países de la región, en ocasión de la XIII Reunión del Foro


de Ministros de Medio Ambiente de América Latina y el Caribe y de la
Conferencia Regional de América Latina y el Caribe preparatoria de la
Cumbre Mundial sobre el Desarrollo Sostenible, celebrada en octubre de
2001, acordaron identificar acciones que puedan orientar los esfuerzos para
laimplementación de esta Iniciativa.
10. Las áreas prioritarias en las cuales se requiere acción urgente
incluyen entre otras, la erradicación de la pobreza y las desigualdades
sociales; la introducción de la dimensión ambiental en procesos económicos
y sociales; el fortalecimiento de instituciones de capacitación técnica y
vocacional: la promoción del desarrollo de recursos humanos,

[21
corLéÇÃO

aves: ÊÊE> NERNACIONAIITAA—== (CÚPULA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

particularmente en lo relacionado con tecnologías de información y


comunicación; el desarrollo de micro-empresas; el empoderamiento de
organizaciones de la sociedad civil; el fomento de la diversificación
económica; la promoción de la cooperación y colaboración regional que
aumente la capacidad de la región para tener acceso a los mercados
internacionales; la necesidad de trabajo cualitativo y analítico sobre índices
para definir la vulnerabilidad de los países afectados; la gestión sostenible
de los recursos hídricos; la generación sostenible de energía y la ampliación
de la participación de fuentes renovables; la gestión de áreas protegidas
para el uso sostenible de la biodiversidad; la adaptación de los impactos
provocados por los cambios climáticos y a la gestión sostenible de áreas
urbanizadas y rurales, con especial énfasis en las acciones de salud,
saneamiento ambiental y minimización de riesgos de vulnerabilidad a los
desastres naturales. Son relevantes además, acciones que promuevan la
innovación científica y tecnológica, el refuerzo de las instituciones de
investigación y desarrollo y la ampliación de las fuentes de fimanciamiento
existentes. En este contexto, centros de excelencia en investigación y
desarrollo deben favorecer la construcción de una alianza científica sólida,
por medio, entre otros de actividades de intercambio académico, del
establecimiento de redes de información interdisciplinaria y de la formulación
de proyectos conjuntos de investigación.
11. Los países de la región deben movilizarse para que las
instituciones financieras multilaterales, de cooperación, así como los
organismos regionales y subregionales, otorguen apoyo a programas y
proyectos de acción identificados en esta Iniciativa.
12. Deben además promover acciones de cooperación inter-
regional, con miras a reforzar la cooperación intra-regional e inter-regional
técnico-científica entre América Latina y el Caribe, África y Asia y el
Pacífico.
13. Asimismo, los países de la región deberán fortalecer asociaciones
público-privadas para promover el progreso técnico-científico fundado en

122
COLEÇÃO

Cúrura MunDIAaL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL——— eves 166 <EE> nIERNACIONAIS

la conservación y uso sostenible de los recursos naturales.


14. Los países de la región deberán fomentar acciones concretas
para la promoción de la ética para el desarrollo sostenible en las discusiones
ante los escenarios internacionales consistentemente con la Plataforma de
Acción de Río de Janeiro, de octubre de 2001,
15. La implementación de las metas orientadoras y propósitos
indicativos a nivel regional será motivo de una revisión quinquenal periódica.
16. Las propuestas identificadas en esta Iniciativa constituyen la
base de acción futura de América Latina y el Caribe ante los imperativos
del desarrollo sostenible. La región reconoce que, para el logro de estos
propósitos, se requiere todavía determinar medios de implementación y
posibles alianzas, y enfatiza la necesidad de un escenario internacional
favorable, fundamentalmente un escenario de paz y solidaridad, que se
afiance con el efectivo compromiso de los países desarrollados para la
transferencia y adaptación de tecnologías, la provisión de recursos
financieros nuevos y adicionales suficientes, la eliminación de subsidios y la
mayor apertura de sus mercados, entre otros.

B. Metas orientadoras y propósitos indicativos

1) Diversidad biológica
- Aumento de la superficie boscosa.
1) Asegurar el manejo sostenible de los recursos forestales de la
región, reduciendo significativamente las tasas actuales de deforestación.

- Territorio bajo áreas protegidas.


1) Incrementar significativamente la superficie del territorio regional
bajo áreas de protección, considerando en su definición zonas de transición
y corredores biológicos.

- Recursos genéticos - Distribución equitativa de benefícios.

123
COLEÇÃO

cursro a FEED mumeioma————— Cúrua MunDiaL SoBre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1) Adoptar marcos de regulación para el acceso a los recursos genéticos


así como para la participación justa y equitativa en los beneficios derivados de
su utilización, compatibles con el Convenio sobre la Diversidad Biológica.

- Diversidad Marina
1) Asegurar la conservación y uso adecuado de los recursos marinos
de los Países de la Cuenca del Caribe, en particular en los ecosistemas
marino-costeros.

2) Gestión de recursos hídricos


- suministro de agua
1. Mejorar la tecnología para incrementar la eficiencia en el uso del
agua en la industria y la agricultura y para el consumo doméstico,
ii. Introducir tecnologias modernas para la sal, desalinización del
agua marina,
11. Integrar el manejo de acuíferos costeros para evitar la intrusión salina.

- Manejo de cuencas.
1. Mejorar y fortalecer la institucionalidad para el manejo integrado
de cuencas y acuíferos, entre otros a través del establecimiento de comités
de cuencas hidrográficas, con la participación de todos los niveles sub-
nacionales de gobierno, la sociedad civil, el sector privado y de todos los
actores involucrados.

- Manejo marino-costero y sus recursos.


1) Implementar planes de acción para el manejo integrado de los
recursos costeros y ecosistemas costeros, con particular atención a los
pequefios estados insulares en desarrollo.
11) Adoptar un enfoque comprehensivo e integrado para el manejo
del Mar Caribe a través de desarrollo de una estrategia comprensiva para
su protección y manejo.

= 124
COLEÇÃO

Cúrura MunDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


———— aves Ee === MANIA tdos

- Mejor calidad de aguas terrestres.


1) Mejorar la calidad de los efluentes y disminuir la descarga de
contaminantes à cuerpos de agua superficiales y subterráneos así como a
la zona costera.

3) Vulnerabilidad, asentamientos humanos y ciudades sostenibles


- Ordenamiento territorial
i) Implementar planes y políticas de ordenamiento territorial, a partir
de un enfoque de desarrollo sostenible.
ii) Incorporar instrumentos para la gestión del riesgo en los planes
de ordenamiento.

- Áreas afectadas por procesos de degradación.


1) Reducir significativamente la superficie del territorio regional
sometida a erosión, salinización y otros procesos de deterioro del suelo.

- Contaminación del aire.


1) Reducir la concentración de emisiones contaminantes en el aire.

- Contaminación del agua.


1) Ampliar la cobertura de los servicios de agua potable y de
tratamiento de aguas residuales.

- Desechos sólidos.
1) Reducir significativamente la generación de desechos sólidos
(domiciliarios e industriales) y promover, entre otros, el reciclaje y la
reutilización.
11) Implementar el manejo integrado de los desechos sólidos,
incluyendo el tratamiento y la disposición final adecuada.
- Vulnerabilidad ante los desastres antrópogenicos y aquellos
causados por fenómenos naturales.

125
COLEÇÃO

eutsIOt CCE masi CÚPULA MunDial SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

i) Implementar y fortalecer mecanismos de cooperación regional


para la gestión de riesgos y la mitigación de desastres antrópogenicos y
aquellos causados por fenómenos naturales, incluyendo la formulación de
un sistema regional de alerta temprana y la formación de grupos de respuesta
inmediata.

- Vulherabilidad y manejo de riesgos


1) Refinar y aplicar indicadores de vulnerabilidad.
à1) Incorporar indicadores en los planes nacionales de desarrollo:

4) Temas sociales, incluyendo salud, inequidad y pobreza


- Salud y ambiente.
1) Implementar políticas y planes para reducir riesgos ambientales
causantes de dafios a la salud, en especial las de transmisión hídrica, por
vectores, por contaminación atmosférica y por exposición a sustancias
químicas.
11) Implementar medidas integrales para controlar y revertir la
diseminación del virus del SIDA incluyendo el desarrollo de enfoques
coordinados para investigación, educación, tratamiento y acceso de
farmacéuticos retrovirales.
111) ampliar la proporción de áreas verdes y sanas per cápita.

- Ambiente y generación de empleo.


i) Promover la formulación y puesta en marcha de proyectos y
programas de desarrollo sostenible, que contribuyan a la generación de
empleo y a evitar las migraciones y el desarraigo.

- Pobreza e inequidad.
1) Reducir drásticamente los niveles de pobreza en los países de la región.
11) Crear formas de vida sostenibles a través del desarrollo de micro-
empresas.

126
cCoLEÇÃO

CúPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— e<uv« EEE NTLRNACIONAIS

111) Formular y ejecutar estrategias para las mujeres, la juventud, los


pueblos indígenas, las comunidades afro-descendientes, los migrantes, los
discapacitados y otros grupos minoritarios de la región, de acuerdo con los
derechos humanos y las libertades fundamentales.

5) Aspectos económicos, incluídos la competitividad, el comercio y los


patrones de producción y consumo (energia)
- Energia.
1) Implementar el uso en la región, de al menos un 10% de energía
renovable del porcentaje total energético de la región para el aio 2010
- Producción más limpia.
1) Instalar Centros de Producción Más Limpia en todos los países
de la región.
11) Incorporar el concepto de producción más limpia en una fracción
significativa de las principales industrias con énfasis en la pequefia y mediana
industria.

- Instrumentos económicos.
1) Establecer un sistema de incentivos económicos para proyectos
de transformación productiva e industrial que conserve los recursos naturales
y energía, y produzcan la reducción final de efluentes vertidos al agua,
suelo y aire.

6) Aspectos institucionales

- Educación ambiental.
1) Mejorar y fortalecer la incorporación de la dimensión
ambiental en la educación formal y no formal, en la economía y en la
sociedad.

- Formación y capacitación de recursos humanos.

[27
cColLEÇÃO

sesross FEED emas is —— .Cúrur MUNDIAL SoBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1) Erradicar el analfabetismo y universalizar la matrícula de


ensefianza básica y secundaria.
11) Desarrollar capacidades para enfrentar la vulnerabilidad en la región.
111) Establecer programas para la creación de capacidades en la
gestión del desarrollo sostenible, para el sector público, el sector privado y
el nivel comunitario.

- Evaluación e indicadores.
i) Desarrollar e implementar un proceso de evaluación para dar
seguimiento al avance en el logro de los objetivos del desarrollo sostenible,
incluyendo los resultados del Plan de Acción de Johannesburgo, adoptando
sistemas de indicadores de sostenibilidad, a nivel nacional y regional, que
respondan a las particularidades sociales, económicas y políticas de la
región.

- Participación de la sociedad.
1) Crear y fortalecer mecanismos de participación en temas de
desarrollo sostenible, con representación gubernamental, no gubernamental,
y de los grupos principales en todos los países de la región.

[28
Cúruta MunDtal SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— evestos EFE AT eta

5.7 - Delegação brasileira à Cúpula

a) Chefe da Delegação:
- Senhor Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

b) Presidente da Câmara dos Deputados:


- Deputado Aécio Neves.

c) Presidente do Senado Federal:


- Senador Ramez Tebet.

d) Delegados:
- Professor Celso Lafer, Ministro das Relações Exteriores;
- Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg, Ministro de Ciência e
Tecnologia;
- Senhor José Carlos Carvalho, Ministro do Meio Ambiente;
- Senhor José Luciano Barbosa da Silva, Ministro da Integração
Nacional;
- Embaixador Gelson Fonseca Jr., Representante Permanente junto
às Nações Unidas;
- Embaixador Jório Salgado Gama Filho, Embaixador em Pretória;
- Embaixador Frederico Cezar de Araujo, Chefe do Cerimonial,
Presidência da República;
- Embaixador João Carlos de Souza-Gomes, Chefe da Assessoria
de Relações com o Congresso do Ministério das Relações Exteriores;
- Embaixador Eduardo dos Santos, Assessor Especial, Presidência
da República;
- Embaixador Ruy de Lima Casaes e Silva, Chefe do Cerimonial;
- Embaixador Joaquim Augusto Whitaker Salles, Embaixador em
Nairóbi;
- Embaixador José Israel Vargas, Representante Permanente junto

129
QLIÇÃO

Ses vo LÊEED macios CúputA Munbial. SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura;


- Senhor Fábio Feldmann, Representante do Presidente da República
para Assuntos Relativos à Rio+10;
- Senhor José Goldemberg, Secretário de Meio Ambiente do Estado
de São Paulo;
- Ministro Fernando Paulo de Mello Barreto Filho, Chefe de Gabinete
do Ministro de Estado das Relações Exteriores;
- Ministro Paulo Fernando Telles Ribeiro, Ministro-Conselheiro da
Embaixada em Pretória;
- Ministra Maria Luiza Ribeiro Viotti, Ministra-Conselheira da
Missão junto às Nações Unidas;
- Ministro Everton Vieira Vargas, Diretor-Geral do Departamento
de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores;
- Ministro Antônio Fernando Cruz de Mello, Assessor Especial para
Assuntos Internacionais do Ministério do Meio Ambiente;
- Ministro Sergio Mauricio da Costa Palazzo, Subchefe do
Cerimonial;
- Ministro Pedro Luiz Rodrigues, Chefe da Assessoria de
Comunicação Social do Ministério das Relações Exteriores;
- senhor Luiz Gylvan de Meira Filho, Secretário de Políticas e
Programas de Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia;
- Senhora Mary Dayse Kinzo, Secretária de Programas Regionais
Integrados do Ministério da Integração Nacional;
- Senhor José Pedro de Oliveira Costa, Secretário de Biodiversidade
e Florestas/Ministério do Meio Ambiente;
- Senhora Regina Elena Crespo Gualda, Secretária de Qualidade
Ambiental nos Assentamentos Humanos do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Raymundo José dos Santos Garrido, Secretário de Recursos
Hídricos do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhora Mary Helena Allegreti, Secretária de Coordenação da
Amazônia do Ministério do Meio Ambiente;

130
Cúrura MunDIiaL Sogre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —————<sunsior LES NiESNACIONAIS

- Senhor João Brígido Bezerra Lima, Chefe de Gabinete do Ministro


de Estado da Defesa;
- Conselheiro Luiz Alberto Figueiredo Machado, Chefe da Divisão
de Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Ministério das
Relações Exteriores;
- Conselheiro Carlos Sérgio Sobral Duarte, Assessor do Ministro
de Estado das Relações Exteriores;
- Conselheiro André Aranha Corrêa do Lago, Assessor do Diretor-
Geral do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério
das Relações Exteriores;
- Conselheiro Paulo Estivallet de Mesquita, Assessor do Ministro
de Estado das Relações Exteriores;
- Senhor Jerson Kelman, Diretor-Presidente da Agência Nacional
de Águas do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Henrique Brandão Cavalcanti, Presidente do Fórum
Intergovernamental de Segurança Química;
- Senhor Rômulo José Fernandes Barreto Mello, Presidente do
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis do
Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor José Eli da Veiga, Secretário-executivo do Conselho
Nacional do Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do
Desenvolvimento Agrário.

e) Outros Representantes do Poder Legislativo:


- Senador Juvêncio César da Fonseca:
- Senador Luiz Otávio Oliveira Campos;
- Senhora Fairte Nassar Tebet;
- Senhora Suely Brandão de Souza;
- Senhora Liliam Lúcia Cabral de Campos:
- Senhor Umberto Aspesi, Chefe do Cerimonial do Senado
Federal.

131
OLEÇÃO

auestoe == reRNA GINA Cúrura MunDiaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

D Assessores:
- Senhora Thelma Krug, Secretária Adjunta de Políticas e Programas
de Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia;
- Ministra Débora Vainer Barenboim, Chefe do Escritório Regional
do Itamaraty em Minas Gerais;
- Secretário José Roberto Procopiak, da Embaixada em Pretória;
- Secretário Francisco Carlos Soares Luz, da Embaixada em
Pretória;
- Secretária Maria Luísa Escorel de Moraes, da Missão junto às
Nações Unidas;
- Secretário João Genésio de Almeida Filho, da Embaixada em
Pretória;
- Secretário Bernard Jorg Leopold de Garcia Klingl, Assessor do
Ministro de Estado das Relações Exteriores;
- Senhora Sandra Cureao, Sub-procuradora Geral da República,
Coordenadora da 4º Câmara de Coordenação e Revisão (Meio Ambiente e
Patrimônio Cultural);
- Senhor Bruno Pagnoccheschi, Secretário-Geral da Agência
Nacional de Águas;
- Secretária Cláudia de Borba Maciel, da Assessoria Especial da
Presidência da República;
- Secretário Elias Antônio de Luna e Almeida Santos, da Divisão de
Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável;
- Senhora Eliana Barreto de Lucena, Assessora de Comunicação
Social do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Raimundo Deusdará Filho, Diretor do Programa Nacional
de Florestas do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Antônio Carlos Rebouças Lins, Assessor da Presidência
do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis;
- Senhor Humberto Candeias Cavalcanti, Diretor de Florestas do
Ministério do Meio Ambiente;

132
Cúrura MunDIal SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ———— euro: EE Ria

- Senhor Donizetti Aurélio do Carmo, Diretor de Licenciamento e


Qualidade Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis:
- Senhor João Batista Drummond Câmara, Coordenador-Geral de
Licenciamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis;
- Senhor Julio Cesar Baena, Coordenador, Departamento de
Negociações Internacionais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior;
- Senhora Maria do Carmo Lima Bezerra, Coordenadora do Projeto
Agenda 21 do Departamento de Articulação Institucional e Agenda 21 do
Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Pedro Sávio Rocha, Assessor Técnico da Assessoria de
Comunicação Social do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Aldenir Chaves Paraguassu, Diretor de Programa do
Ministério do Meio Ambiente;
- Senhora Denise Hamu Marcos de la Penha, Gerente de Projeto
do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhora Cecília Foloni Ferraz, Coordenadora Adjunta para
Assuntos de Articulação da Rio+10; do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Fernando Antonio Lyrio Silva, Assessor do Grupo de
Trabalho Rio+10 do Ministério do Meio Ambiente:
- Senhor Marcel Burstyn, Consultor Técnico da Secretaria de
Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhora Raquel Breda dos Santos, Assessora Técnica da Assessoria
Internacional do Ministério do Meio Ambiente;
- Senhor Ricardo Rodrigues de Carvalho, Presidente da ECOM e
consultor da Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Meio
Ambiente;
- Senhor Guilherme Franco, Coordenador-Geral de Vigilância
Ambiental da Fundação Nacional de Saúde, Ministério da Saúde;

133
OLEÇÃO

avESTGE CE eso CUPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- Senhora Ana Maria Tapajós, Chefe da Divisão de Análise Técnica


da Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde, Ministério da Saúde:
- Senhora Magali Silva Santos Naves, Gerente de Assuntos
Internacionais, Jurídicos e Parlamentares da Secretaria de Estado dos
Direitos da Mulher do Ministério da Justiça;
- Senhor Marcelo Khaled Poppe, Diretor do Departamento Nacional
de Desenvolvimento Energético;
- Senhor Célio Francisco França, Coordenador-Geral de
Informações Energéticas do Ministério de Minas e Energia;
- Senhor Marcelo Ribeiro Tunes, do Ministério de Minas e Energia;
- Senhor Raul Antônio Mello de Camargo Branco, do Ministério de
Minas e Energia;
- Senhor Mário do Nascimento Moraes, Consultor do Projeto de
Avaliação dos Programas das Mesorregiões Diferenciadas da Secretaria
de Programas Regionais Integrados e Coordenador técnico do Centro
Internacional de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Getúlio Vargas/
RJ;
- Senhor Leopoldo Klosovski, Engenheiro Florestal, Assessor da 4º
Câmara de Coordenação e Revisão (Meio Ambiente e Patrimônio Cultural)
da Sub-Procuradoria Geral da República;
- Senhora Isaura Maria de Rezende Lopes Frondizi, Gerente
Executiva de Meio Ambiente do BNDES;
- Senhor Antônio Herman Benjamin, Conselheiro do Conselho
Nacional do Meio Ambiente e especialista em Direito Ambiental;
- Senhor Antonio Ayalla Gitirana, Superintendente do Instituto
Euvaldo Loddi de Pernambuco;
- Senhora Rita de Cássia Rosa Pinto, Diretora do Departamento de
Meio Ambiente da Prefeitura de Sumaré/SP;
- Senhor Ricardo França, do PROTEGER/Programa Piloto para
Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (Mobilização e Capacitação em
Prevenção de Incêndios Florestais);

134
coLEçãÃo

CúPura MunDIAaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————-evesror EE IeRNAGIONAIS

- Senhor Gersem Luciano, do PDI/ Programa Piloto para Proteção


das Florestas Tropicais do Brasil (Demonstrativo dos Povos Indígenas);
- Senhor Joaquim Corrêa de Souza Belo, do Conselho Nacional de
Seringueiros;
- Senhora Betsey Neal, da Rede Mata Atlântica;
- Senhora Victoria Von Heuss, do Programa Piloto para Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil;
- Senhor Rui Bananeira, da Fundação Estadual de Meio Ambiente
do Estado de Mato Grosso;
- Senhora Mônica Celeida Rabelo Nogueira, do Instituto Sociedade,
População e Natureza da Rede Cerrado de ONGs;
- Senhor Wigold Schaffer, do Programa Piloto para Proteção das
Florestas Tropicais do Brasil;
- Senhora Lucila Pinsard, Coordenadora de Educação Ambiental
do MEC;
- Senhora Tânia Jardim, Consultora da Agência Brasileira de
Cooperação (ABC);

g) Representantes Estaduais e Municipais:


- Senhor Martinho Carmona, Deputado Estadual, Presidente da
Assembléia Legislativa do Pará;
- Senhor Claúdio Langone, Secretário de Meio Ambiente do Rio
Grande do Sul e Presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais
de Meio Ambiente;
- Senhor Antônio Carlos da Silva Farias, Secretário de Meio
Ambiente do Estado do Amapá;
- Senhor Frederico G de Moura Miiller, Secretário de Meio Ambiente
do Estado do Mato Grosso;
- Senhora Alexandrina S. de Moura, Secretária de Meio Ambiente
do Estado de Pernambuco;
- Senhor Liszt B.Vieira, Secretário de Meio Ambiente e

135
suor LED taeioni —————— CúPuLA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento Sustentável do Estado do Rio de Janeiro;


- Senhor Lívio W. Reis de Carvalho, Secretário de Planejamento
do Estado de Tocantins;
- Senhor Othelino Nova Alves Neto, Gerente de Meio Ambiente do
Estado do Maranhão;
- Senhora Stela Goldenstein, Secretária do Meio Ambiente da Cidade
de São Paulo:
- Senhor Alfredo Hélio Sirkis, Secretário Municipal de Urbanismo
da Prefeitura do Rio de Janeiro;
- Senhora Suani Teixeira Coelho, Assessora-executiva da Secretaria
de Meio Ambiente do Estado de São Paulo;
- Senhor Fernando Cardoso Fernandes Reis, Diretor de
Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia, da Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do
Estado de São Paulo;
- Senhor Oswaldo dos Santos Lucon, da Secretaria de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo;
- Senhor Aldem Bourscheit Cezarino, da Associação Brasileira de
Entidades Estaduais de Meio Ambiente;
- Senhora Sandra do Carmo Menezes, da Associação Brasileira de
Entidades Estaduais de Meio Ambiente;
- Senhor Estevão Vicente C. Monteiro de Paula, da Associação
Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente;
- Senhor Elino Alves de Moraes, Secretário-adjunto de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal;
- Senhor Pedro Novaes, Diretor da Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Estado de Goiás;
- Senhor Paulo de Souza Neto, Presidente da Agência Goiana;
- Senhor José Luciano Pereira, da Associação Brasileira de Entidades
Estaduais de Meio Ambiente;
- Senhor Nilvo L. Alves, da Associação Brasileira de Entidades

136
COLEÇÃO

Cúrura MunDIAL SogrRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— ev: oo LEDs:

Estaduais de Meio Ambiente;


- Senhor Paulo de Souza Coutinho, da Associação Brasileira de
Entidades Estaduais de Meio Ambiente;
- Senhor Henrique Carlos Labaig, da Agenda 21 de Goiânia;
- Senhor Adair Antônio Meira, da Agenda 21 de Goiânia;
- Senhor Etevaldo Marques Pessanha, Secretário Municipal da
Prefeitura de Campos dos Goytacazes;
- Senhor Sidney Salgado dos Santos, Secretário Municipal da
Prefeitura de Campos dos Goytacazes;
- Senhor Mauro Soares, Secretário de Meio Ambiente de Alto Paraíso
(GO);

h) Representantes não-governamentais:
- Senhor Ney de Barros Bello Filho, Vice-presidente, Associação
dos Juízes Federais do Brasil;
- Senhor Eládio Lecey, Desembargador, Associação dos Juízes
Federais do Brasil;
- Senhor Fernando Almeida, Presidente-executivo do Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável;
- Senhor Paulo Henrique Cardoso, do Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável;
- Senhor Stefan Bogdan Sale], Presidente do Conselho de Meio
Ambiente da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhora Suzana Kakuta, Secretária-executiva do Conselho de
Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhora Karen Oliveira, Analista de Estudos e Desenvolvimento
da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhor André Vilhena, Diretor-executivo do Conselho Empresarial
para Reciclagem;
- Senhor Édio Laudelino da Luz, Presidente da Câmara de Qualidade
Ambiental da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina;

137
corteçÃo

SuLsTOS EE" 1a cIoNAIS————— CúPuLA MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- Senhor Nilton Fornasari, Diretoria de Meio Ambiente da Federação


de Indústrias de São Paulo;
- Senhor Joaquim Machado, da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhor Paulo Vodianitskaia, da Confederação Nacional da
Indústria;
- Senhor Gabriel Di Blasi, da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhor Fernando Vaz, Presidente da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo;
- Senhor Eduardo Szazi, da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhora Sheila Leitão, da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhor Vítor Gomes, da Confederação Nacional da Indústria;
- Senhor José Mendo Mizael de Souza, Vice-presidente do Instituto
Brasileiro de Mineração;
- Senhor Assuero Doca Veronez , Presidente da Comissão Nacional
do Meio Ambiente da Confederação a Agricultura e da Pecuária do Brasil:
- Senhor Tibério Leonardo Guitton, Assessor Técnico do
Departamento Econômico da Confederação a Agricultura e da Pecuária
do Brasil:
- Senhor Emerson de Almeida, Presidente, Desenvolvimento de
Executivos e Empresas;
- Senhora Aspásia Brasileiro Alcântara Camargo, da Fundação
Getúlio Vargas, Membro titular da Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável;
- Senhor João Luiz Silva Ferreira, do Movimento Onda Azul, Membro
titular da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável;
- Senhor Gustavo Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais,
Membro titular da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável;
- Senhor Otto Toledo Ribas, da Universidade de Brasília, Membro
da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável;
- Senhor Marcus Augusto Egito Barbosa, Membro da Comissão do
Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil;

138
CúPuLA MunDIAaL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ————— A<eu: SM ESsEs==) HbINSIRNEIS

- Senhor Kjeld Aagaard Jakobsen, Secretário de Relações


Internacionais da Central Única dos Trabalhadores;
- Senhor Nilton Benedito Branco Freitas, da Central Única dos
Trabalhadores;
- Senhor Eduardo Moacyr Krieger, Presidente da Academia
Brasileira de Ciência:
- Senhor Paulo de Góes Filho, da Academia Brasileira de Ciência;
- Senhor Paulo César Gonçalves Egler, da Academia Brasileira de
Ciência;
- Senhor Carlos Alfredo Joly, do Departamento de Botânica da
UNICAMP;
- Senhor Rubens Harry Born, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Sérgio Talocchi, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Simone Jardim, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Patricia Meirelles Coutinho, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais:
- Senhor Fídelis Paixão, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhora Lisa Gunn, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhor Ninon Machado, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Lúcia Ortiz, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhor Pedro Ivo Batista, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Maria Adelia Cruz, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;

139
aves! o EEE mem: INI CúPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- Senhor Rodrigo Antonio de Agostinho Mendonça, do Fórum


Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhor José Adilson Vieira de Jesus, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais;
- Senhor Ivaneide Bandeira Cardozo, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais;
- Senhor Renato Cunha, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais:
- senhora Karla Mattos, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhora Cimara Correa Machado, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais;
- Senhora Muriel Saragoussi, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Jose Augusto Padua, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- senhor Sergio Schelesinger, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Tania Pacheco, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora lara Pietricovsky, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Helcio Marcelo de Souza, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais;
- Senhora Analuce Freitas, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Juliana Santilli, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Carlos Alberto Ricardo, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Adriana Ramos, do Fórum Brasileiro de ONGs e

140
COLEÇÃO

Cúrura MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —————— ev sto 6 E terna CIONAIS

Movimentos Sociais;
- Senhor Nurit Bensusan, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Orlando Oliveira, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Simone Athayde, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Aurélio Rios, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhor Egydio Brunetto, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Moacyr Urbano Villela, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Paulo Moutinho, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Ana Cristina Barros, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Cláudio Ramos, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Maria de Conceição Oliveira, do Fórum Brasileiro de
ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhora Rita de Cássia Lima, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Alzira Nogueira, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Sebastião Manchinery, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Maria Cristina Weyland Vieira, do Fórum Brasileiro de
ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhor Sergio Santana, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;

Mles—c— — —
Se o CEE ou CúPurta MunDtIal Sogre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

- Senhora Yma de Almeida, do Fórum Brasileiro de ONGs e


Movimentos Sociais;
- Senhor Juca Cunha, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhora Maria Alice Cintra, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Orovida Servya, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Lara Miranda Guimarães, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais;
- Senhor Julio Wainer, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhor Garo Batmanian, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Rosa Lemos de Sá, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Solon Fagundes, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Neuza Maria Trauzzola, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Luiz Alberto Freitas Pereira, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais;
- Senhor Marcelo Gonçalves Nunes Oliveira Morais, do Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhor Paulo Bubach, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Bety Rita Rodrigues Ramos, do Fórum Brasileiro de
ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhor José Eduardo Siqueira, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais:
- Senhora Yara Toledo, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos

42
COLEÇÃO
CúPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL —————euvestos EE EAD e

Sociais;
- Senhora Laura Jesus de Moura e Costa, do Fórum Brasileiro de
ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhor Alexandre Melo Soares, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhor Antonio Soler, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Makupá Kaiabi, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Onkrai Xikrin, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais:
- Senhora Orovida Serruya, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Sandra Failace, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Maria de Lourdes Davies de Freitas, do Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais;
- senhora Cláudia Azevedo Ramos, do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais:
- Senhor Ulisses Lacava, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais
- Senhora Thais Corral, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhora Maria Aparecida Schumaher, do Fórum Brasileiro de
ONGs e Movimentos Sociais;
- Senhora Patricia Kranz, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Rita Andrea, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais;
- Senhora Alzira Nogueira, do Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais;
- Senhora Maria da Conceição Maia, do Fórum Brasileiro de ONGs

==
COLEÇÃO

vo FEEDS IWTERNA Ion Ig CÚPULA MunDtIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

e Movimentos Sociais;
- Senhor José Patrício Melo, Secretário-adjunto da Fundação
Araripe;
- Senhor João Carlos Veríssimo, Presidente Executivo da
BrasilConnects;
- Senhor Eduardo Martins, da BrasilConnects;
- Senhora Jeane Capelli Pen, da BrasilConnects:;
- Senhor Fernando Martins, da BrasilConnects;
- Senhora Denise Andrade, da BrasilConnects:
- Senhora Regiane Queirós, da BrasilConnects;
- Senhor Luis Cesas Stano, Coordenador de Desenvolvimento
Sustentável da Petrobrás;
- Senhor Milas Evangelista de Souza, Gerente de Segurança da
Petrobrás;
- Senhor Ricardo Castello Branco, Gerente de Segurança da
Petrobrás:
- Senhor João Norberto Noschang Neto, Gerente de Biotecnologia
da Petrobrás;
- Senhora Camila Argolo Godinho, Presidente da Ecco Internacional,
de Salvador;
- Senhora Larissa Maria Lima da Costa, Diretora Jurídica da Ecco
Internacional, de Salvador;
- Senhor Rodrigo Agostinho, Conselheiro do Instituto Ambiental
Vidágua;
- Senhora Isis Lima Soares, Integrante Fundadora do Projeto Cala-
Boca já Morreu;
- Senhora Poema Milemberg Homem da Costa, do Instituto de
Pesquisa, Ação e Mobilização;
- Senhor Nélio Paes de Barros, Conselheiro do Comitê Brasileiro
do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente;
- Senhora Clementina Moreira Alves, Coordernadora de Projetos

[44
CúPuLa MunDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL avesTOS SMA 5

com Ênfase em Economia Sócio-Ambiental, Fundação Getúlio Vargas;


- Senhora Neuza Maria Trauzzola, Conselheira Federal do Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia;
- Senhor Luiz Alberto Freitas Pereira, Conselheiro Federal do
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia;
- Senhor Marcelo Gonçalves Nunes Oliveira Morais, Presidente do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Piauí;
- Senhor Paulo Bubach, do Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia;
- Senhora Bety Rita Rodrigues Ramos, do Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia;
- Senhor Manoel José dos Santos, Presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura;
- Senhor Eugênio Conolly Peixoto, Assessor da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura;
- Senhor Luiz Vicente Facco, Ássessor da Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura;
- Senhor Edis Milaré, Faculdade de Saúde Pública - SP / Revista de
Direito Ambiental;
- Senhor Fernando Solano, Rádio Eldorado:
- Senhora Susana Vieira Camargo, do Instituto Pró Sustentabilidade;
- Senhor Paulo Nogueira Neto, Instituto Pró Sustentabilidade;
- Senhora Keylah Tavares, Instituto Ambiental Biosfera;
- Senhor Dorival Correia Bruni, Instituto Ambiental Biosfera; e
- Senhor Ricardo Maia Cappelletti, Instituto Ambiental Biosfera.

145
| | [/
envolvendo agentes governa- á /

|
|
mentais, do setor privado e de
organizações não-governa-
mentais. EX 6 jÁ
Deve-se lembrar que as
grandes conferências não se en-
cerram em si mesmas, e que resta
muito a fazer, nos níveis interno e
internacional, para a promoção do
desenvolvimento sustentável.
Ainda é cedo para avaliar os bene-
fícios decorrentes das iniciativas e
ações adotadas pela comunidade
internacional desde Joanesburgo.
No entanto, elas deixam claro que
as preocupações com o desenvol-
vimento sustentável são duradou-
ras e tendem a fortalecer-se à
medida que surjam alternativas
tecnológicas economicamente
viáveis e saudáveis no plano am-
biental. O relatório a seguir preten-
de contribuir para a memória des-
se marco na promoção do desen-
volvimento sustentável, que foi a
Cúpula de Joanesburgo, reafir-
mando, ao mesmo tempo, a busca
do desenvolvimento sustentável
como um interesse permanente
da política externa brasileira.

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