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MANUAL PARA GESTÃO

INTEGRADA E SUSTENTÁVEL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS EM EVENTOS
Organização ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade – Secretariado para América do Sul
Jussara Lima de Carvalho [Diretora Regional para América do Sul]

Supervisão, Concepção Igor Reis de Albuquerque [Gerente de Mudanças Climáticas, ICLEI]


e Coordenação Geral

Consultoria técnica, Giral viveiro de projetos


gestão do projeto e conteúdo Mateus Mendonça

Redação e edição Julio Lamas

Consultoria técnica e revisão Menos Lixo


Patrícia Blauth
Edison Carvalho de Oliveira
Georgeta de Oliveira Gonçalves

Projeto gráfico e design Start Digital


Luciano Arnold

Colaboração de pesquisa Bruna Cerqueira [Gerente de Políticas e Estratégias, ICLEI]


Sophia Picarelli [Coordenadora de Projetos, ICLEI]
Gustavo Pereira [Estagiário, ICLEI]
Guilherme Johnston [Gerente de Projetos, Embaixada Britânica em Brasília]

Apoio Useful Simple Projects


Dan Epstein
Jo Carris
Jim Fielder

MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos

E
m todo o mundo o setor de resíduos O quarto relatório analítico do Pai- esses aspectos, o ICLEI enxergou que os

PREFÁCIO
sólidos representa um grande de- nel Intergovernamental de Mudanças do grandes eventos realizados anualmente
safio para regiões urbanizadas. Clima (IPCC, na sigla em inglês) mostra nas cidades brasileiras, além da recente
Apesar da grande diferença no uso de que os resíduos urbanos são resposáveis Copa da FIFA 2014 e da próxima Olimpí-
estratégias e iniciativas para a gestão por 5% das emissões globais de gases de ada do Rio de Janeiro em 2016, podem
da questão entre países desenvolvidos efeito estufa. No entanto, embora pare- promover a introdução de melhores prá-
e países em desenvolvimento, ambos os ça uma parcela pequena, é importante ticas de gestão de resíduos como legados
grupos de nações se esforçam para en- ressaltar que as iniciativas de manejo perenes para governos locais.
contrar soluções ambientalmente ade- adequado de resíduos ocorrem em nível Esta publicação tem o objetivo de
quadas e viáveis em suas cidades. local e a sua contribuição para a pegada auxiliar no desenvolvimento de planos de
A literatura especializada no tema de carbono em cidades tende a ser muito gestão de resíduos em eventos e inspirar
estabelece uma relação bem clara e direta mais significativa do que as verificadas ações que possam contribuir, de alguma
entre crescimento econômico e inserção em inventários nacionais. forma, para a diminuição do avanço dos
no mercado de consumo com o aumento Recentemente, o ICLEI comprovou impactos das mudanças climáticas, uma
de taxas de geração de resíduos. Porém, tal discrepância em Recife e Fortaleza, necessidade atual que definirá o futuro
esta relação também deve ser compre- duas das principais cidades do Nordeste das próximas gerações.
endida na dimensão da operalização de brasileiro. Por lá, a gestão de resíduos foi
serviços e todas as etapas intrínsecas ao o setor econômico com a segunda maior
setor de planejamento de sustententabi- taxa de emissões de gases de efeito estufa
lidade no contexto das mudanças climáti- (i.e. Recife com aproximadamente 25% e
cas e de crescentes taxas de urbanização. Fortaleza com cerca de 20%). Não por aca-
Neste sentido, o ICLEI, cumprindo so, os governos locais estão gradativamen-
sua missão em aportar recursos para ci- te se tornando mais atentos ao fato de que
dades elaborarem melhores práticas no a mitigação desses gases está principal-
aproveitamento de seus resíduos, vê com mente atrelada à redução na geração de
muito otimismo e entusiasmo avanços resíduos, reaproveitamento e reciclagem,
nos planejamentos dos munícipios que seja através de políticas como a dos 3R’s
visam introduzir boas práticas ao setor e (i.e. Reduzir, Reutilizar e Reciclar) ou na ICLEI – Governos Locais pela
promover formas de inclusão social, além aplicação de tecnologias e inovação. Sustentabilidade – Secretariado
de mitigar gases de efeito estufa. Levando em consideração todos para América do Sul
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ÍNDICE A PLANEJAMENTO

B EXEMPLOS

C EMISSÕES
PREFÁCIO ___________________________ 4

INTRODUÇÃO ____________________ 8

REFERÊNCIAS ________________ 78 ANEXOS


PLANEJANDO A GESTÃO DE RESÍDUOS EM EVENTOS _________________________________________________________________________________________________________________________ 12
1 | ESTABELECENDO OBJETIVOS E METAS _ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________14
2 | ENVOLVENDO PARCEIROS ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________16
3 | Conhecendo os resíduos do seu evento ______________________________________________________________________________________________________________________________ 20
4 | Produzindo menos resíduos _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________25
5 | Definindo a destinação dos resíduos_____________________________________________________________________________________________________________________________________ 32
6 | Organizando o sistema de descarte, coleta e armazenamento____________________________________________________________________________ 41
7 | Motivando o público__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 48
8 | Avaliando e compartilhando resultados_____________________________________________________________________________________________________________________________49

Aproveitando a experiência de outros_ _________________________________________________________________________________________________________________________________________52


1 | Copa da África do Sul 2010 – Redução de resíduos destinados aos aterros_ _________________________________________________ 54
2 | Rock in Rio 2011 – Superação pelo engajamento______________________________________________________________________________________________________________ 56
3 | Jogos Olímpicos de Londres 2012 – estabelecendo novos padrões_ ____________________________________________________________________ 58
4 | Jornada Mundial da Juventude 2013 – conscientização sobre impactos__________________________________________________________62
5 | Réveillon Sustentável em Copacabana 2014______________________________________________________________________________________________________________________ 63
6 | CarnaVAL de Recife 2014 – Tecnologia e ações interativas de sensibilização________________________________________________ 65

EVITANDO A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM EVENTOS_______________________________________________________________________________________________ 68

I – REGULAMENTO PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS PELOS PARCEIROS________________________________________________________________________________________ 74


II – Roteiro para o monitoramento da GESTÃO dos resíduos____________________________________________________________________________________________ 76

MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos

Um contexto do Brasil nos eventos e geração de resíduos

A
relação entre consumo e geração maioria por picos de população flutuante Nos últimos dez anos, o número de
INTRODUÇÃO

de resíduos é direta e correlata. e consequente geração de resíduos. cidades que sediaram eventos como con-
De acordo com dados da Orga- Estimativas do Ministério do Turis- gressos e festivais aumentou em 145%,
nização para a Cooperação e Desenvol- mo apontam que são realizados cerca de passando de 22 para 54. Ou seja, eles
vimento Econômico (OCDE), nos países 330 mil eventos por ano no país, capazes não mais se concentram nas mais ricas
emergentes, o avanço de 1% no poder de atrair quase 80 milhões de participan- e desenvolvidas cidades do país, como
de compra da população corresponde tes. A expectativa é que ainda mais even- as já citadas São Paulo e Rio de Janeiro.
a um aumento de 0,69% na geração de tos sejam realizados nos próximos anos Essa inclusão de novas cidades mostra a
resíduos em escala municipal. No Brasil, devido à projeção alcançada durante a diversificação de locais que podem sediar
porém, o volume anual de resíduos sólidos Copa do Mundo de 2014 e a vindoura eventos internacionais, beneficiando
urbanos cresceu 21%, acompanhando Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. diretamente os municípios por meio da
paralelamente a variação de 20,8% do De fato, o Brasil já desponta entre entrada de divisas e na qualificação des-
PIB entre 2003 e 2012. Estamos geran- os dez destinos mais procurados para ses destinos. Isso, todavia, não significa
do mais do que a média entre os Brics realização de eventos, segundo a Inter- que estejam preparadas, assim como a
(grupo político de cooperação econômica national Congress and Convention (ICCA) maior parte dos organizadores, para re-
formado por Brasil, Rússia, Índia e Áfri- Association. Conforme um estudo da alizar eventos a partir de diretrizes con-
ca do Sul), países com os quais seria justo entidade, entre 2003 e 2013, o total de sideradas sustentáveis para resíduos e a
manter uma comparação. Anualmente, eventos de negócios realizados no Bra- contenção de emissões de gases de efeito
são 62 milhões de toneladas de resíduos, sil registrou um aumento de 408%. Em estufa (GEEs).
ou quase 1,2 quilos por pessoa ao dia, se- 2013, por exemplo, congressos e conven- Apenas 30% das cidades brasileiras
gundo o IBGE. O Brasil é o quinto maior ções dos mais variados trouxeram 126 estabeleceram metas para a redução de
gerador de resíduos do planeta ao mes- mil turistas estrangeiros, que permane- resíduos sólidos, de acordo com o Instituto
mo tempo em que é o maior consumidor ceram em média 3,8 dias no país, geran- Lixo Zero. E dados do Instituto de Pesquisa
mundial de cosméticos, segundo maior de do um movimento de US$ 137 milhões. Econômica Aplicada (IPEA) mostram que
cerveja, terceiro de computadores, quarto Ressaltando que, em 2014, a cidade de 59,6% dos municípios ainda não contam
de carros e motos e quinto de calçados e São Paulo foi palco para o fórum mundial com sistemas apropriados de disposição
roupas. As tendências de consumo e po- da International Solid Waste Association final em aterros sanitários, descartando
der de aquisição crescentes vão afetar o (ISWA), o que também reflete sua impor- suas coletas em lixões e aterros controla-
futuro e, evidentemente, serão impulsio- tância dentro do contexto global dos re- dos – ambientalmente inadequados.
nadas pelos eventos, responsáveis em sua síduos sólidos e sua discussão. Mas cuidar da destinação final ade-
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quada é apenas um entre vários aspectos em todas as etapas da organização com síduos com base no conhecimento atual.

INTRODUÇÃO
que devem ser planejados cuidadosa- fortes campanhas de engajamento popu- Veremos com uma abordagem pragmá-
mente com base na legislação em vigor, lar entre seus respectivos públicos. tica que, embora de natureza efêmera,
a Política Nacional de Resíduos Sólidos Outro ponto que fomenta a discus- os eventos podem deixar legados para
(PNRS), sancionada em 2010. Prevenção, são dentro do contexto de eventos e re- quem participa deles, os organiza e re-
redução, reutilização, reciclagem e com- síduos são as emissões de GEEs, como já cebe. Esperamos que uma das lições para
postagem são ferramentas priorizadas foi dito. De acordo com o Quarto Relatório os futuros eventos seja a conscientização
na PNRS para lidar com os resíduos antes do Painel Internacional das Mudanças do sobre a importância de um planejamento
de sua disposição em aterros sanitários. Clima (IPCC, na sigla em inglês), os resí- claro, integrado e elucidante tanto para
Do mesmo jeito, eventos devem redirecio- duos provenientes do pós-consumo con- organizadores e parceiros quanto para o
nar de preferência seus resíduos para es- tribuem apenas com 5% das emissões público que se beneficiará deles.
ses fins. A vantagem em suas aplicações globais de gases de efeito estufa. Mas
não é apenas econômica, como mostrará o desperdício de alimentos é a terceira
este manual, mas também ambiental maior fonte emissora e o transporte de
e social, pois os mecanismos de gestão produtos, serviços e pessoas, além dos
aqui apresentados envolvem a partici- resíduos, responde por cerca de 22%
pação de parceiros, caso dos catadores das emissões de dióxido de carbono
de materiais recicláveis. equivalente (CO2e), conforme dados da
Uma estatística alarmante é que, Organização das Nações Unidas (ONU).
em média, apenas 15% dos resíduos De tal maneira, os grandes eventos já
gerados em eventos são reaproveitados adentram o espectro de dois terços do to-
para fins como a reciclagem. Veremos tal de emissões. Esse aspecto é abordado
neste manual que não é preciso ser assim. profundamente no capítulo 3.
Exemplos como a Olimpíada de Londres, No mais, o seguinte manual do
em 2012, e o planejamento de festivais, ICLEI não vem apenas para determinar
como Rock in Rio, mostram que é possível diretrizes e ressaltar valores amplamen-
atingir índices maiores, na casa dos 70%. te divulgados do político e ecologicamen-
Eventos como estes, que são estudados no te correto, mas também para mostrar
capítulo 2 detalhadamente, conseguiram quais caminhos são potencialmente
conjugar um planejamento consciente melhores para o gerenciamento de re-
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PlanEJamEntO
A

PLANEJANDO A GESTÃO
DE RESÍDUOS EM EVENTOS
A
manUal PaRa gEstãO IntEgRada E sUstEntÁvEl dE REsídUOs sÓlIdOs Em EvEntOs

PLANEJANDO A GESTÃO DE RESÍDUOS EM EVENTOS

E
sta seção reúne diretrizes e Neste diagnóstico também é 1. Estabelecendo objetivos
PlanEJamEntO

recomendações para uma importante descobrir se a cidade O que pretendo exatamente?


gestão pragmática e sus- que sediará o evento já elaborou 2. Envolvendo parceiros
tentável dos resíduos em grandes seu Plano de Gestão de Resíduos Com quem preciso trabalhar para atingir os
eventos. Sólidos, conforme determina a Po- objetivos?
Ressalta-se, porém, que vi- lítica Nacional de Resíduos Sólidos 3. Conhecendo os resíduos
sitas técnicas aos locais que ser- (Lei 12.305/10). Se o elaborou, é Quais os tipos e quantidades estimadas de
virão de palco são fundamentais provável que você encontre várias resíduos? Em quais locais podem se originar e
para reconhecer o atual cenário informações de que necessita reu- durante quais períodos?
de gerenciamento de resíduos e nidas neste plano. Se o município 4. Produzindo menos lixo
identificar as oportunidades de ainda não fez sua lição de casa, Como elimino ou reduzo a geração de resíduos?
adoção das melhores práticas ao questione. Afinal, será um pouco 5. Definindo a destinação
longo do planejamento. Dentre mais difícil gerenciar os resíduos do Quem levará e qual o destino dos resíduos do
outros pontos, o diagnóstico deve seu evento de modo sustentável se o evento?
levantar a existência de: município ainda tiver um lixão como 6. Organizando descarte, coleta e armazenamento
única alternativa para destinar re- Quais suportes físicos serão necessários?
• Lixões, aterros controlados e síduos. Mais do que isso, apresente Quais serão os caminhos dos resíduos no evento?
aterros sanitários; seu plano, pois as boas práticas de 7. Motivando o público
• Programa municipal de coleta gestão de resíduos concebidas e O que devo fazer para que o público do evento
seletiva; praticadas no seu evento poderão adote os procedimentos previstos para a limpeza
• Cooperativas e associações de ser incorporadas permanentemen- e o gerenciamento dos resíduos?
catadores; te em políticas públicas locais que 8. Avaliando
• Iniciativas e programas de com- tenham interface com o tema. O que deu certo, quais foram os pontos fracos e
postagem; As recomendações estão or- fortes e como divulgo os resultados?
• Ecopontos ou bota-foras licen- ganizadas em tópicos seguidos de
ciados para descarga de entulho; perguntas que resumem os objeti- O esquema ao lado resume o manejo ideal dos resíduos
• Transportadores de resíduos ca- vos de cada etapa do planejamento em um evento.
dastrados na Prefeitura. e suas prerrogativas. As respostas
ajudarão a elaborar processos de
gestão de resíduos do evento.
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manUal PaRa gEstãO IntEgRada E sUstEntÁvEl dE REsídUOs sÓlIdOs Em EvEntOs

REDUÇÃO NA GERAÇÃO DESCARTE SELETIVO COLETA ARMAZENAMENTO DESTINAÇÃO

PlanEJamEntO
COOPERATIVA E
reCiCláveiS SACO INCOLOR DEPÓSITO X
INDÚSTRIAS

COMPOSTAGEM
DEPÓSITO Y
EXTERNA
COMpOStáveiS BOMBONA
COMPOSTAGEM
IN LOCO

RESÍDUOS
rejeitO SACO CINZA DEPÓSITO Z ATERRO

TRATAMENTO
perigOSOS EM EMPRESA
LICENCIADA
(pilhas, lâmpadas, eletrônicos, sobras de tintas,
solventes » destinação pelo próprio gerador)

de Saúde ESTERILIZAÇÃO

OBSERVAÇÕES
• Sensibilização de parceiros e corresponsabilização contratual devem ocorrer para desincentivar a geração dos resíduos.
• Os cestos devem ser identificados de forma clara e instalados em locais de fácil visibilidade e acesso para os públicos interno e externo. As categorias de
resíduos a serem segregadas serão definidas pelas alternativas de processamento de resíduos disponíveis na região. A coordenação deverá se preparar para
remanejamentos emergenciais de cestos durante o evento, caso haja acúmulos não esperados.
• O recolhimento deve ser seletivo, em sacos diferenciados, e a equipe de limpeza deve estar bem orientada.
• Os resíduos deverão ser armazenados em área demarcada, identificada e de fácil acesso para carga e descarga.
• A saída dos resíduos deve ser controlada e registrada, com cada categoria quantificada para permitir a avaliação do sistema.
• A destinação dos resíduos deve ser socioambientalmente responsável, sobretudo para cooperativas, aterros e empresas de tratamento licenciados, o mais
próximos possível do local do evento, para diminuir as emissões de gases de efeito estufa pelo transporte.

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1 | EstaBElECEndO OBJEtIvOs E mEtas

G arantir que a área do evento etc. – deve ser levada em conta Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10).
PlanEJamEntO

seja mantida limpa é o mí- no planejamento, de forma a as- Em seu artigo 9º, a lei observa a
nimo que se pode esperar de um segurar seu tratamento em locais seguinte ordem de prioridade na
planejamento básico de resíduos devidamente licenciados. gestão de resíduos: não geração,
neste tipo de cenário. Contudo, A Copa das Confederações redução, reutilização, reciclagem,
uma gestão realmente susten- de 2013, considerada um even- tratamento e disposição final ade- Plano de Gestão
tável dos resíduos vai além: ela to-teste pela FIFA para a Copa quada dos rejeitos. Quaisquer que de Resíduos do
Estádio Nacional
prevê a maior redução possível do Mundo, por exemplo, definiu sejam as metas, porém, é impres-
de Brasília
na geração ao mesmo tempo que como objetivo geral do seu plano cindível lembrar que o principal é (Mané Garrincha)
impõe o máximo aproveitamento de resíduos: “desenvolver uma es- criar estratégias que minimizem da Copa das
dos detritos que venham a surgir tratégia de gestão de resíduos que os resíduos no pré e no pós consu- Confederações
2013
para a reciclagem, logística rever- minimiza os impactos ambientais mo de produtos no evento.
sa ou compostagem. Não bastasse e sociais causados pela geração, Estabelecer tais metas é im-
isso, a geração de resíduos poten- transporte, destino e disposição portante não apenas para que os
cialmente perigosos – pilhas, lâm- final de resíduos”. E na verdade, sucessos e as dificuldades da ges-
padas, sobras de tintas e solventes, buscar este objetivo nada mais é do tão de resíduos sejam avaliados
resíduos de atendimento médico que atender à Política Nacional de ao final do evento em questão,
mas também para a criação de um
registro que servirá de base para
NÃO GERAÇÃO outros eventos futuros.
A bem dizer, a definição dos
REDUÇÃO
objetivos deve levar em conta da-
REUTILIZAÇÃO dos de eventos similares, além de
previsões de consumo e descarte.
RECICLAGEM Estimativas como essas podem ser
obtidas dos mais variados agentes
TRATAMENTO envolvidos diretamente na gera-
ção e no manejo dos resíduos. Mas
DISPOSIÇÃO FINAL para fazer esse cálculo pode-se
ADEQUADA adotar também a fórmula “Públi-
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1 | EstaBElECEndO OBJEtIvOs E mEtas

co esperado x Produção per capi- recuperar 80% de todas as garrafas de Resíduos Sólidos, que trata, den-

PlanEJamEntO
ta diária da cidade onde o evento de bebidas comercializadas duran- tre outras, da redução na disposi-
acontece x Tempo de permanência te o evento. A estimativa de quantas ção de resíduos em aterros. Com
estimado das pessoas no evento”. garrafas serão ofertadas ao públi- base neste documento, a tabela
Essa operação matemática foi uti- co pode ser repassada pelos forne- indica as metas de redução, em %,
lizada pela FIFA tanto para a Copa cedores desses produtos. E o coefi- dos resíduos recicláveis e dos com-
das Confederações de 2013 quan- ciente entre o que foi consumido e postáveis entre 2015 e 2019.
to para a Copa do Mundo de 2014. o que foi coletado é um indicador De qualquer modo, é impres-
importante para avaliar o quanto cindível lembrar que melhor do

r
da meta foi de fato alcançado. que definir uma meta de recupe-

= G x 24P x T
Também devem ser conside- ração de resíduos é definir como
radas as metas do Plano Nacional premissa sua não geração.

R = Total de resíduos
G = Geração diária per capita METAS DE REDUÇÃO DO
P = Público estimado PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (%)
T = Tempo estimado de duração (horas)
reCiCláveiS COMpOStáveiS
Consideremos que o evento 2015 2019 2015 2019
aconteça na cidade de São Paulo,
onde a geração per capita é de 1,2 braSil 22 26 19 28
kg/dia, de acordo com a Autorida-
nOrte 10 13 10 20
de Municipal de Limpeza Urbana
(Amlurb). A duração prevista é de nOrdeSte 12 16 15 20
8 horas – 1/3 de dia – e o público
estimado é de 1.000 pessoas. Po- Sul 43 50 30 40
demos estimar pela conta que o
evento produza aproximadamente SudeSte 30 37 25 35
400 kg de resíduos.
CentrO-OeSte 13 15 15 25
Vamos supor que a meta seja
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2 | EnvOlvEndO PaRCEIROs

T odos os participantes de um sável pelos resíduos criados com • Montagem e desmontagem de


PlanEJamEntO

evento são potenciais gerado- base em seus produtos e serviços. estruturas efêmeras, a exemplo
res de resíduos: fornecedores, cola- Alguns pressupostos da de palcos e estandes por artistas
boradores, prestadores de serviços PNRS, como a minimização e se- ou expositores;
e, principalmente, o público. Com gregação dos resíduos, devem es- • Construção civil, abordando a
isto, é importante envolver e capa- Veja na íntegra o tar explícitos e ser formalmente legislação que exige das pró-
citar todos nos processos de gestão texto da lei da exigidos de todos os participantes. prias construtoras a elaboração
Política Nacional
para o êxito do sistema. Algo que se Ou seja, nos acordos com fornece- de Plano de Gerenciamento de
de Resíduos
faz necessário diante da exigência Sólidos (PNRS) dores, patrocinadores, empresas Resíduos;
da Política Nacional de Resíduos prestadoras de serviços, entre ou- • Comércio de alimentos e bebidas;
Sólidos (PNRS), de responsabilida- tros parceiros do evento, a questão • Comércio de souvenires, roupas,
de compartilhada – entre prefeitu- dos resíduos deve estar presente, acessórios e similares.
ras, empresas e sociedade civil, no visando a mínima geração, a recu-
caso, o público – no pós-consumo. peração pela reciclagem ou com- Um grupo de trabalho com
A lei não trata só de definir postagem e a destinação final am- representantes e parceiros de
diretrizes, mas de uma mudança biental e legalmente correta para diversas áreas, inclusive repre-
de comportamento e inclusão so- o que não pode ser reaproveitado. sentantes do poder público local,
cial de agentes como os catadores Mas não basta firmar um protocolo pode ser criado, mas também é
e cooperativas. Em alguns países ou contrato com seus fornecedo- importante que seja dada ao ges-
desenvolvidos, onde este cenário res. É preciso conversar bastante tor de uma área funcional (como
social é inexistente ou ínfimo, ado- com esses parceiros desde o início manutenção e serviços, ou susten-
tou-se o conceito de responsabili- do planejamento e prever meca- tabilidade) responsabilidade e au-
dade estendida do produtor (REP), nismos de fiscalização e notifica- toridade para coordenar o plano.
que propõe que os fabricantes se ção no caso de irregularidades. Cabe ao grupo ou ao gestor
façam responsáveis coletivamente Para tanto, devem ser feitas determinar uma agenda de tra-
pelos impactos ambientais de seus reuniões de alinhamento e reco- balho e as responsabilidades dos
produtos ao longo de toda sua vida mendações na contratação de pro- colaboradores antes, durante e
útil: produção, uso, descarte e dis- dutos e serviços para o manejo dos depois do evento.
posição final. Nesse modelo, o se- resíduos pelo menos nas seguintes Um exemplo de tabela de ta-
tor empresarial é o único respon- operações do evento: refas pode ser visto a seguir:
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2 | EnvOlvEndO PaRCEIROs

PlanEJamEntO
LISTA DE TAREFAS DOS COLABORADORES
COLABORADOR(ES) QUANDO
avaliação do
potencial de geração

pesquisa e definição dos


parceiros para destinação

aquisição
de infraestrutura

Criação da
comunicação visual

instalação
de infraestrutura

Monitoramento do descarte

Supervisão da coleta e
armazenamento

Supervisão da retirada e
quantificação dos resíduos

Organização dos resultados

elaboração de documento
com todas as informações
sobre a gestão, incluindo
avaliação final

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2 | EnvOlvEndO PaRCEIROs

Entenda o papel de cada um dos setores envolvidos no sistema


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POPULAÇÃO PODER PÚBLICO


Contribuir com os Traçar um plano para gerenciar os resíduos gerados em seu território,
esforços para reduzir conforme as diretrizes legais, buscando a inclusão dos catadores
a geração de resíduos
Erradicar lixões com a criação de aterros sanitários, segundo as normas
Separar os resíduos ambientais
para coleta seletiva
nas fontes geradoras, Criar programas de compostagem para o reaproveitamento de resíduos
conforme a orgânicos
destinação para cada
categoria definida Organizar a coleta seletiva de resíduos para atender toda a população,
no plano municipal fiscalizar e controlar os custos desse processo
(reciclagem,
compostagem, Incentivar a organização dos catadores em cooperativas a fim de
perigosos e rejeito) melhorar suas condições de trabalho

Promover programas permanentes de educação e comunicação ambiental

Implantar programas internos de minimização de resíduos nas


repartições públicas, dando o bom exemplo

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2 | EnvOlvEndO PaRCEIROs

de responsabilidade compartilhada, previsto na PNRS

PlanEJamEntO
EMPRESAS CATADORES
Investir no tratamento ambientalmente Buscar qualificação pessoal e
adequado dos resíduos gerados por seus profissionalização das cooperativas ,
produtos no pós-consumo atualizando-se sobre novas tecnologias e
equipamentos de manejo de resíduos
Estabelecer acordos setoriais para
o aperfeiçoamento da logística reversa Receber estímulos mais efetivos para sua
de seus produtos com a participação formação contínua e organização setorial
e inclusão social de catadores
Estabelecer parcerias com empresas e
Garantir a transparência das ações, prefeituras para realizar a coleta, triagem,
investimentos e resultados da gestão dos beneficiamento e reciclagem/compostagem
resíduos sob suas responsabilidades dos resíduos, quando possível

Expandir a implantação de postos de Ser remunerados pelo serviço


entrega voluntária para o descarte de seus ambiental prestado
produtos no pós-consumo

Garantir a compra dos resíduos recicláveis


a preços de mercado

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3 | COnHECEndO Os REsídUOs dO sEU EvEntO

O s tipos de resíduos, os locais e RESÍDUOS GERADOS Por exemplo, um folheto com a


PlanEJamEntO

o período em que serão gera- DURANTE O EVENTO programação do evento e um guar-


dos são informações indispensá- danapo. Ambos são orgânicos (pois
veis para o plano de gestão. Um A maioria dos resíduos gerados em papel é produzido com árvores,
grande evento pode ter atividades eventos costuma ser composta de que são organismos) e secos. Mas,
em vários locais – as do evento em embalagens, utensílios descartá- enquanto o folder pode seguir para
si, estacionamentos e imediações, veis, alimentos e resíduos sanitá- reciclagem, o guardanapo pode vi-
estações rodoviárias, hotéis e res- rios, podendo também haver pe- rar adubo.
taurantes, dentre outros. Cada quenas quantidades de resíduos Logo, levando em conside-
uma delas possui suas demandas de atendimento médico. ração as alternativas mais corri-
e gera resíduos sólidos em dife- Há várias maneiras de clas- queiras de destinação, teremos
rentes fases, seja na organização, sificar os resíduos sólidos. Em quatro categorias de resíduos, in-
durante e após o evento, poden- função da sua origem, há resídu- dependentes de suas origens ou
do durar horas, dias ou semanas, os de construção, domiciliares, características:
caso de exposições artísticas e comerciais, de serviços de saúde,
educacionais. E é inevitável que dentre outros. Quanto à compo-
em algum momento a quantidade sição e características físico-quí-
de resíduos seja maior como, por micas, há resíduos orgânicos, não
exemplo, durante o intervalo de orgânicos, inertes, úmidos e secos
um jogo ou espetáculo, quando as etc. A classificação em orgânico e
pessoas estão com tempo para con- reciclável, embora comum, não é
sumir. Considerar estas fases e os recomendável, pois não abrange
tipos de resíduos gerados ajuda a todos os resíduos. Louça quebra-
planejar onde concentrar esforços da, por exemplo, não se enquadra
operacionais. nestas categorias: não é orgânica
nem reciclável.
No entanto, a classificação
mais interessante para fins práti-
cos é a que se baseia nas possibili-
dades de destinação dos resíduos.
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Os resíduos sólidos urbanos (RSU)

PlanEJamEntO
O que SãO eXeMplOS de reSíduOS
brasileiros são compostos aproximada-
mente de 51,4% de orgânicos e 16,7%
RECICLÁVEIS

Embalagens e
de rejeito (Abrelpe / Ipea – Pnad, 2010). O
utensílios fabricados Papel, papelão, plásticos,
com materiais que metais, vidros, caixas restante – 31,9% dos resíduos recolhidos
podem voltar à multicamadas e óleo de cozinha por ano no Brasil (cerca de 18 milhões de
indústria toneladas) – é composto pela chamada
fração seca, potencialmente reciclável:
plástico, papel, metal e vidro. Fazer com
COMPOSTÁVEIS

Resíduos orgânicos
que estes materiais retornem à cadeia
que podem ser Restos de alimentos,
produtiva e ao mercado é um dos gran-
processados por guardanapos, serragem,
des desafios do modelo de responsabili-
organismos e resíduos de poda e capina,
devolvidos ao solo borra de café, esterco, etc. dade compartilhada adotado no Brasil.
como adubo Parte disso pode gerar novos re-
cursos ou ser reaproveitada. Uma pro-
jeção realizada pela LCA Consultores,
Resíduos ainda não Embalagens laminadas,
com base nos dados do Ipea e associações
REJEITO

aproveitáveis por falta plastificadas, metalizadas,


empresariais, revela que, no Brasil, em
de viabilidade técnica borracha, espumas, isopor,
ou econômica; só estes cerâmica, louça, embalagens 2012, apenas 27% dos resíduos reciclá-
poderão ser aterrados sujas, resíduos sanitários* veis foram recuperados, muito aquém
do índice da Alemanha, líder mundial
Resíduos que precisam Pilhas e baterias, lâmpadas, no setor, que reaproveita 48% dos resí-
PERIGOSOS

de tratamento especial, medicamentos, resíduos duos. Mas índices maiores de geração e


a fim de evitar pérfuro-cortantes de atendimento aproveitamento recicláveis podem ser
riscos ambientais e médico (como seringas), esperados em eventos. A Olimpíada de
à saúde humana tintas e eletroeletrônicos Londres, em 2012, é considerada um
dos melhores exemplos de gestão de re-
* Dentre os resíduos sanitários, papel toalha e higiênico são potencialmente síduos do setor de eventos e conseguiu
compostáveis. A dificuldade de segregá-los na origem de contaminantes como fraldas,
absorventes e outros resíduos não degradáveis, ainda mais num evento de grande recuperar 70% dos materiais recicláveis
público, leva à classificação destes resíduos como rejeito, pelo menos neste contexto. utilizados em sua organização.
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3 | COnHECEndO Os REsídUOs dO sEU EvEntO

Afinal, o que é compostagem?


PlanEJamEntO

A compostagem é um tipo de decompo-

JEPSON PRAIRIE ORGANICS


sição biológica controlada e acelerada, que tra-
ta e estabiliza resíduos orgânicos, produzindo
composto orgânico, excelente condicionador
do solo para a agricultura, jardins, hortas, va-
sos, gramados e recuperação de áreas degra-
dadas. Embora o processo seja conhecido há
séculos, a compostagem ganhou reconheci-
mento recente por estar contemplada como
medida recomendada pela Política Nacional de
Resíduos Sólidos. O processo é relativamen-
te simples e não traz nenhum inconveniente
estético ou sanitário se bem monitorado, Digestor usado
para processar
podendo ser realizado em escala domiciliar,
resíduos do
comunitária, institucional e empresarial. E, programa de
além dos óbvios benefícios como gerar adubo São Francisco
e diminuir a quantidade de resíduos aterrada,
a compostagem, especialmente em estações pátio de compostagem grande, com graus de te triturados, para obterem a composição e a
descentralizadas e com logística otimizada mecanização diferentes conforme o tamanho umidade ideais. A mistura é então disposta em
de coleta, pode mitigar a emissão de gases de do terreno. Para acelerar a compostagem o digestores especiais, com controle dos níveis
efeito estufa (GEE) e aliviar a distância entre a revolvimento dos resíduos pode envolver pás de temperatura e oxigênio, o que ajuda a eli-
fonte de geração e a destinação. Em São Paulo, carregadeiras, aeração forçada ou implemen- minar os organismos potencialmente nocivos.
por exemplo, os resíduos orgânicos coletados, tos agrícolas especiais. Na fase seguinte, o material é organiza-
transportados e dispostos em aterros geram As instalações mais sofisticadas cos- do em pilhas ao ar livre, chamadas leiras, onde
14% de todo o GEE emitido no município, de tumam ser chamadas de “usinas de compos- é “curado”. O programa exemplar de composta-
acordo com dados de 2013 da prefeitura. tagem”. Nestas, os resíduos de alimentos (de gem de São Franscisco, já em meados de 2012,
Municípios com poucas áreas livres, no cozinha) são misturados com resíduos mais conseguiu reduzir suas emissões de GEE para
entanto, recorrem à construção de um único secos (de jardim, serragem, etc.), normalmen- 12% abaixo do nível de 1990 .
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A relação detalhada do que Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre

PlanEJamEntO
é abrangido como reciclável deve e Recife – o seu preço não cobre o
Nesta linha, a Prefeitura de São ser definida com os parceiros a custo com logística se o evento for
Paulo pretende instalar até 2016 oito serem consultados para sua re- realizado em Manaus, na Amazô-
unidades de compostagem de peque- moção [ver Definindo a destinação]. A nia, por exemplo.
no porte (5.000-10.000 mil m2) para 50 reciclabilidade de um resíduo de- Para garantir maior higiene
toneladas diárias e, a partir de 2015, 4 pende de processos tecnológicos, nas atividades de coleta interna,
unidades de 120 mil m2 para processar industriais, mas especialmente de armazenamento, transporte e
600 toneladas diárias cada. sua aceitação no mercado. Alguns triagem, consideram-se reciclá-
Em qualquer caso, o processo resíduos, por exemplo, são rentá- veis apenas resíduos limpos. Po-
será mais eficiente, gerando adubo de veis na região Sudeste, mas não no tes com sobras de sobremesas, de
qualidade, quanto melhor for a separa- Norte do país. margarina e gordura (a menos que
ção dos resíduos (compostáveis, reci- Um bom exemplo de recicla- sejam lavados), e sacos de carne
cláveis e rejeito) nas fontes geradoras. gem no Brasil é o que ocorre com com sangue, por exemplo, devem
as latinhas de alumínio: 98,3% ser descartados como rejeito. Isto
delas são recuperadas, segundo a requer comunicação especial nas
Associação Brasileira de Alumínio áreas de alimentação [ver Organizan-
(Abal). Com outros materiais, po- do o descarte].
rém, os processos são mais com- A relação detalhada do que
plicados, porque o valor agregado de fato é compostável também
à embalagem recuperada não re- depende dos parceiros a serem
munera toda a cadeia envolvida do envolvidos. É possível processar
fabricante ao consumidor e do des- sobras de preparo de refeições,
carte e coleta à destinação para a restos e resíduos de jardim in loco,
Programa de Reportagem reciclagem. É o caso da tonelada do ou em instalações pequenas e mé-
compostagem da National vidro incolor, cujo preço é o menor dias. Já a compostagem em gran-
com sacos Geographic sobre
entre os resíduos sólidos – de R$ de quantidade como a de cascas
de fato compostagem em
biodegradáveis Nova York e São 30 a R$ 100/tonelada, mas como de coco e de resíduos de poda, por
em Sudbury Francisco (EUA) há apenas quatro grandes centros exemplo, merece uma instalação
(Canada) de reciclagem no país – em São especial, com máquina trituradora.
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RESÍDUOS tagem e desmontagem do evento


PlanEJamEntO

DE INSTALAÇÕES podem gerar quantidades signifi-


CONSTRUÍDAS cativas de resíduos, cujo manejo
deve ser bem planejado mesmo
Em geral, os resíduos gerados an- que seus respectivos geradores
tes e depois de um grande evento sejam responsabilizados por sua
são materiais provenientes da coleta e destinação. Caso contrá-
construção de infraestruturas e rio, pode haver acúmulo de resí-
peças de uso temporário, como duos e dificuldades ocasionadas
placas de sinalização, publicidades, pelo tráfego de diferentes veícu-
banners, mobiliários, decorações e los e empresas contratadas para
outros equipamentos. A estrutura sua remoção. Orientações claras e
pode ser considerada uma insta- rigorosas sobre a gestão dos resí-
lação efêmera, como um palco, ou duos devem integrar os contratos
efetivamente produto de constru- a serem firmados com todos os
ção civil, a exemplo de uma arqui- parceiros [ver Anexo I].
bancada. Neste caso, conforme a
legislação federal, cabe às constru-
toras elaborar um plano de geren-
ciamento de resíduos sólidos, de
acordo com as diretrizes, critérios e
procedimentos definidos pelo Con-
selho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA (Resoluções 307/02,
348/04, 431/11 e 448/12). Essas
resoluções classificam os resíduos
da construção civil de modo se-
melhante aos demais (recicláveis,
perigosos, rejeitos, etc.).
Em qualquer caso, a mon-
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Q uanto menos resíduos gerados, municipal local, caso ela exija

PlanEJamEntO
A prevenção de resíduos foi
mais simples será o sistema de prioridade durante a Copa do comprovação da destinação dos
descarte, limpeza e manutenção de Mundo de 2006, na Alemanha. resíduos apenas para os locais
cestos, coleta, consumo de sacos de O controle da aquisição de permitidos.
lixo, transporte, armazenamento produtos e a infraestrutura
e destinação. Portanto, produzir nos locais do evento permitiu Nos itens a seguir, são in-
menos lixo significa administrar redução de 20% na geração dicadas algumas medidas para
melhor os recursos financeiros e de resíduos, se comparada a evitar a produção de resíduos,
o tempo de maneira inteligente. eventos similares até então. agrupadas em estruturas, resí-
Este esforço também atende ao duos alimentares, embalagens e
Plano para Produção e Consumo utensílios, e resíduos de atividades
Sustentável do Ministério do Meio de apoio (escritórios, limpeza e ma-
Ambiente (MMA), que recomenda geração e gestão dos resíduos. Isso nutenção). As sugestões podem ser
“a adoção de padrões sustentáveis pode ser feito, claro, em contrato consideradas e aplicadas de forma
de consumo de forma a atender as específico determinando, entre diferente, dependendo das carac-
necessidades das atuais gerações outras coisas, que o fornecedor: terísticas do evento e do local onde
e permitir melhores condições de será realizado.
vida, sem comprometer a qualidade • Pague uma taxa específica de
ambiental e o atendimento das ne- limpeza, conforme sua geração
cessidades das gerações futuras”. de resíduos;
Assim, devem ser analisadas todas • Selecione minuciosamente seus Criada pela WRAP, instituição inglesa dedicada
as possibilidades imagináveis para resíduos nas categorias solicita- a auxiliar pessoas, negócios e governos a gerir
evitar a geração de resíduos junto das (para compostagem, recicla- seus resíduos de modo mais sustentável, a
aos prestadores de serviços de ali- gem, etc.), segundo orientações Resource Management Plan (RMP) é uma
mentação, patrocinadores e outros específicas; ferramenta interessante, online e gratuita, que
fornecedores do evento. • Responsabilize-se pela remo- ajuda organizadores de eventos e fornecedores a
Como mencionado no item ção completa de todos os resí- vislumbrar as oportunidades para reduzir a geração
Envolvendo Parceiros, é importante duos oriundos de sua atividade de resíduos antes, durante e depois do evento.
prever a corresponsabilização no evento; nesse caso, o gera- Registre-se e alimente os dados do seu evento para
formal dos agentes envolvidos na dor deve respeitar a legislação obter as recomendações.
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ESTRUTURAS RESÍDUOS al do rio Volga, o maior da Europa,


PlanEJamEntO

ALIMENTARES sendo usado em vão.


Estruturas de fácil desmontagem e As atividades de preparo,
reaproveitamento são preferíveis. Praticamente todos os eventos apresentação e consumo devem
Por exemplo, itens de uso temporá- oferecem opções de alimentação. ser observadas cuidadosamente
rio como assentos, tendas, palcos, Deste serviço resultam, à primei- para reduzir a geração de resídu-
peças de decoração, entre outros, ra vista, embalagens e utensílios, os. Se forem contratados serviços
podem ser alugados. pelo seu volume. Mas as sobras e que levam alimentos pré-prontos,
Caso não haja possibilidade Reportagem restos de comida pesam também. a geração de orgânicos será me-
local de reutilizar ou reciclar mate- do programa E o desperdício de alimentos no nor. Neste sentido, calcular com
Consciente
riais como isopor, espumas, tecidos, mundo é o terceiro maior res- o fornecedor a quantidade de re-
Coletivo sobre
borrachas e/ou carpetes, considere a relação entre ponsável pela emissão de gases feições que potencialmente serão
conceber a estrutura necessária consumo e de efeito estufa, segundo o rela- servidas pode ajudar.
para o evento evitando ou utilizando geração de GEEs tório “A Pegada do Desperdício Alimentos não processa-
o mínimo possível o emprego desses. Alimentar”, apresentado pela dos como pães, frutas e verduras
Para a iluminação procure Organização das Nações Unidas cruas podem ser entregues a en-
optar por lâmpadas de LED. Embo- para Agricultura e a Alimentação tidades sociais. O programa Mesa
ra mais caras, diferentemente das (FAO) em 2013. Estima-se que a Brasil, por exemplo, recolhe estes
lâmpadas fluorescentes, as de LED emissão de dióxido de carbono dos alimentos no local, distribuindo-os
têm maior durabilidade e não pre- alimentos desperdiçados seja de a entidades assistenciais cadas-
cisarão ser tratadas como resíduos 3,3 bilhões de toneladas por ano. tradas. Consulte o Sesc (Serviço
perigosos após o descarte. Até o final Aproximadamente 1,3 bilhão de Social do Comércio), que coorde-
de 2014, não haverá mais lâmpadas Saiba mais toneladas de alimentos são des- na o programa, sobre a existência
incandescentes de 100 W à venda. sobre o programa perdiçadas anualmente, junta- desse serviço social na cidade que
Além disso, versões de 60, 40 e 25 W Mesa Brasil mente com toda a energia, água sedia o evento.
desaparecerão gradativamente até e produtos químicos necessários Ressalta-se que, mesmo
2016. O produto será banido por ser para produzi-los e descartá-los. para alimentação animal, o código
pouco sustentável – apenas 5% da É o equivalente a 30% das terras sanitário determina que sobras de
energia consumida vira luz. Os ou- agrícolas do mundo, e um volume comida só devem ser aproveitadas
tros 95% perdem-se em calor. de água equivalente à vazão anu- se forem coletadas em recipientes
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exclusivos – “limpos e desinfeta- EMBALAGENS Na Olimpíada de Londres,

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dos de acordo com as instruções E UTENSÍLIOS em 2012, os prestadores de
da autoridade sanitária” – e so- serviços de alimentação foram
frerem cocção (cozimento) prévia. Quanto menos embalagens, me- obrigados contratualmente
Quanto ao resto ingestão lhor. Se a embalagem for indispen- a adquirir a maioria de suas
– alimentos deixados nos pratos sável, que seja, prioritariamente, embalagens de um único
– recomenda-se que sua quanti- reutilizável (lavável e retornável), fornecedor, de forma a garantir
dade seja inferior a 7% do total reciclável ou, por último, compos- que fossem recicláveis ou
de alimentos produzidos. Um sis- tável (desde que haja sistema de compostáveis. Além disso, as
tema de refeições por peso, por compostagem acessível no local do embalagens foram rotuladas
sua vez, considerando só as partes evento ou próximo) [ver Definindo a com destaque gráfico facilmente
comestíveis, gera menos de 3% de destinação]. Por exemplo, uma es- visível para ajudar o público a
restos. Os serviços de alimentação ponja “plástica” não é aceita para descartá-las corretamente.
podem adotar: reciclagem e, portanto, teria que
ser descartada como rejeito. Já
• Cardápio ilustrado, indicando o uma bucha vegetal é, pelo menos,
tamanho dos pratos e porções compostável. ÁGUA ENVASADA
em peso; A quantidade de resíduos De acordo com a legislação federal
• Oferta de meias porções e/ou também pode ser diminuída com (Portaria n° 518/2004 do Ministé-
pratos infantis; a compra de produtos em atacado rio da Saúde), a água de abasteci-
• No caso de buffet livre, um in- e a substituição de embalagens pe- mento, em qualquer ponto da rede,
forme indicando que as pessoas quenas por embalagens maiores, deve ser potável. Entende-se, por-
podem repetir, evitando exces- que são fabricadas proporcional- tanto, que a água que sai da tornei-
sos na primeira servida; mente com menos material. Nos ra num sanitário ou numa cozinha,
• Pratos e tigelas menores, pois as processos de compras tente nego- inclusive no local de um evento, é
pessoas tendem a ocupar todo ciar com os fornecedores a redu- boa parar consumo humano, tor-
o espaço disponível com os ali- ção nas embalagens por meio de nando água envasada completa-
mentos. sua substituição ou devolução. Al- mente dispensável. Mas já que exis-
guns tipos de embalagens e uten- te certo preconceito contra a água
sílios são comentados a seguir. encanada, recomenda-se a adoção,
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purifiCadOreS de água conforme o local, de purificadores COPOS DESCARTÁVEIS


PlanEJamEntO

de abaSteCiMentO de torneira, parede ou pressão. Para uso interno pelos colabora-


públiCO Se for o caso, e houver be- dores e prestadores de serviços,
bedouros e purificadores disponí- recomenda-se sua substituição
veis, a divulgação do evento pode completa por um utensílio pessoal,
fornecer essa informação com como caneca durável, squeezer, ou
antecedência para que as pesso- garrafa reutilizável. Por sua vez,
as tragam seus squeezes, copos o público, dependendo do evento,
ou outros utensílios duráveis. Na pode ser abastecido com copos
Copa do Mundo da África do Sul, duráveis sob a condição de serem
em 2010, água engarrafada foi ba- retornados.
nida e substituída por bebedouros. A medida mais visível de
Parceiros do evento como prevenção de resíduos na Copa
hotéis, restaurantes, lanchonetes do Mundo de 2006, na Alemanha,
e bares tem como alternativa para foi a oferta de copos retornáveis,
reduzir a quantidade de embala- distribuídos mediante o depósito
gens oferecer aos clientes e par- de 1 euro. Já na Copa do Mundo de
ticipantes do evento, em jarras ou 2014, no Brasil, medida semelhan-
refresqueiras, água filtrada. te teve muito êxito: foram vendidos
nos estádios apenas copos duráveis
e colecionáveis, que o público reu-
tilizava e depois levava para casa.

Conheça a iniciativa Água na Jarra


Criada pela ONG Igtiba, tem como objetivo valorizar o acesso do cidadão à água tratada, direito universal
reconhecido pela ONU. Incentiva o consumo da água filtrada em substituição à água engarrafada em
restaurantes, empresas, hotéis e nas residências, buscando eliminar os impactos ambientais negativos
associados à produção, transporte e disposição final das embalagens descartáveis.
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SAChÊS E Revendo a legislação

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EMBALAGENS INDIVIDUAIS
A lógica é a mesma dos copos e É importante que os organizadores
garrafas descartáveis. Frascos, de um evento que busca ser
açucareiros, saleiros, galheteiros e mais sustentável analisem
paliteiros, ou seja, qualquer uten- cuidadosamente normas e leis que
sílio durável ou reciclável pode afetem qualquer etapa da gestão
substituir sachês individuais de local de resíduos. Entender sua
molhos, temperos, palitos etc. Por fundamentação e até questioná-
outro lado, o consumo de produ- la pode contribuir para ajustes
GARRAFAS DESCARTÁVEIS tos como café espresso e chá, por e atualização desta legislação,
E LATAS DE BEBIDAS exemplo, é comum em máquinas trazendo grande contribuição
Essas embalagens são as mais fre- de venda automáticas. Se for o para as políticas públicas sobre
quentes em grandes eventos. Elas caso no evento, prefira as que fun- o tema. No caso dos sachês de
podem ser reduzidas com a oferta cionam com produtos a granel ao molhos, por exemplo, a intenção era
de refrigerantes, sucos e cervejas invés de sachês individuais. garantir maior higiene ao consumo
servidas por máquinas post mix Geralmente, as embalagens do produto, evitando frascos
(foto acima). Este equipamento foi laminadas de sachês não são re- manuseados por muitas pessoas.
adotado em estabelecimentos de cicláveis, além de promover um Entretanto, esta exigência legal
alimentação na Copa do Mundo de consumo que gera desperdício. aumentou a quantidade de resíduos
2010, na África do Sul. Com um açucareiro, por exemplo, e não teve o resultado esperado,
Quando isso não for possível, o usuário pode dosar a quantidade considerando que muitos sachês
garrafas retornáveis, que fazem de açúcar, evitando o uso parcial foram encontrados contaminados
aproximadamente 25 viagens entre do produto, como ocorreria com por fungos e bactérias, incluindo
consumidor e o fornecedor antes de os sachês. É importante checar coliformes fecais, pelo Laboratório
quebrarem ou ficarem gastas (Sindi- se há legislação sobre os sachês. de Microbiologia dos Alimentos
cerv, 2011), são opção viáveis. Neste Em alguns municípios seu uso é da Universidade Federal do Rio de
caso, porém, também é possível co- obrigatório por ambulantes e em Janeiro. De outro lado, o adequado
brar uma taxa de depósito para que estabelecimentos de alimentação manuseio e refrigeração dos molhos
sejam devolvidas pelos clientes. temporários. em frascos evita riscos à saúde.
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Se puder e o evento tiver esse OUTROS DESCARTÁVEIS


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perfil, evite também embalagens (NORMALMENTE ASSOCIADOS AOS SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO)


individuais para guardanapos,
toalhas de papel e kits de higiene. Medida para reduzir a
Itens duráveis, feitos de tecido, po- iteM
geraçãO
dem ser limpos depois em lavan-
Trocar por caixas retornáveis,
derias e pequenas embalagens de Caixas de papelão
como monoblocos plásticos
sabonete, xampu e condicionador,
como as de hotéis, podem ser subs- Salvo em bebidas especiais
tituídas por dispensers maiores (como alguns drinques), podem
com refil nos lavatórios. ter seu acesso restrito e serem
Canudos
ofertados apenas mediante
solicitação; para mexer sucos podem
ser usadas colheres de cabo longo

Adotar similares laváveis,


Equipamento de considerando que a maioria
proteção individual-EPIs dos descartáveis (de plástico e
(jalecos, toucas e luvas) fibras sintéticas, por exemplo)
não é reciclável

Forros de papel Se tiverem função meramente


para bandejas decorativa podem ser eliminados

Evitar, especialmente por


Isopor (bandejas, não ser aceito para reciclagem
caixas e copos de na grande maioria das cidades
poliestireno expandido) brasileiras por falta de viabilidade
técnica e/ou econômica

Papel alumínio e Para embalar alimentos opte


plástico filme por travessas com tampa

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RESÍDUOS DE

PlanEJamEntO
iteM COMO reduzir Sua geraçãO
ATIVIDADES DE APOIO
(ESCRITÓRIO, LIMPEZA E MANUTENÇÃO) Baterias e pilhas Substituir as descartáveis por recarregáveis

Embora não resultem das ativi- Opte por recarregar os cartuchos com tinta
Cartuchos de impressora
e não substituí-los por novos
dades diretas de um evento, estes
resíduos também podem ter sua Apagar as luzes quando o cômodo não estiver
geração reduzida. Veja como: Lâmpadas em uso e/ou adotar sensores de presença
ou temporizadores

Avaliar a necessidade da impressão; adotar


impressão frente e verso; reutilizar folhas para
rascunho; restringir a distribuição de folhetos
Papel promocionais; adotar crachás retornáveis;
trocar flipchart por quadro branco nas salas de
apresentação; preferir cadastro eletrônico de
participantes e comunicações por email

Adotar secador a ar ou, pelo menos, papeleiras


com rolo picotado, ao invés de interfolhas;
Papel toalha
solicitar à equipe de limpeza o uso de rodinhos
para secar pia, no lugar de papel toalha

Merecem atenção, dada sua toxicidade;


Produtos de limpeza priorizar treinamento dos funcionários para uso
correto e adoção em embalagens retornáveis

Regras da Anvisa
sobre serviços de
higiene e limpeza
de serviços de saúde

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5 | dEFInIndO a dEstInaçãO dOs REsídUOs

D e fato, quando se fala de ges- Grande gerador é aquele estabelecimento que produz para cooperativas ou associações
PlanEJamEntO

tão de resíduos em grandes resíduos acima de um limite definido em lei municipal. de catadores é uma das priorida-
eventos, uma das primeiras dúvi- No Rio de Janeiro, por exemplo, este limite é de 120 des da Política Nacional de Resí-
das é quantas lixeiras será neces- litros por dia. Em São Paulo, 200 litros/dia. O grande duos Sólidos. Inclusive, antes dis-
sário instalar. Na prática, o que gerador não pode contar com o sistema público so, esses agentes já haviam sido
precisa ser considerado antes é a de coleta e deve contratar serviço de remoção e reconhecidos e valorizados pelo
existência de parceiros interessa- destinação dos seus resíduos. Nas cidades ainda sem Decreto 5.940/2006, que institui
dos nos resíduos. Uma vez planeja- legislação específica, os geradores podem destinar a separação dos resíduos reciclá-
do isso, pode-se definir como serão seus resíduos para a Prefeitura. veis pelos órgãos e entidades da
descartados e organizados. administração pública federal e
Sempre que possível, os re- a sua destinação às associações e
síduos gerados pelo evento devem cooperativas de catadores. A Orga-
ser tratados na região de forma a ria de grande gerador de resíduos Acesso para nização das Cooperativas do Esta-
evitar emissões de carbono cau- e quais as normas da região para o site Rota da do de São Paulo (Ocesp) também é
Reciclagem
sadas pelo transporte. Além disso, cada descarte. uma ótima fonte de consulta.
conhecer detalhes do destino dos Na inexistência de coleta
resíduos pode enriquecer as ações seletiva pública e de cooperativas,
de comunicação e educação. Caso RECICLÁVEIS procure entidades assistenciais
um determinado material seja que aceitam recicláveis e, em úl-
processado localmente para reci- Em seu diagnóstico preliminar da timo caso, sucateiros.
clagem ou compostagem, informar região é importante consultar a Em qualquer caso, como o
Saiba sobre a
esse fato ao público pode motivá-lo prefeitura e se informar sobre os gerador é corresponsável por seus
Organização das
a descartar com mais atenção. dias, horários e formas de coleta de Cooperativas resíduos até a destinação final, não
Este tópico orienta para a recicláveis. Se um sistema público do Estado convém encaminhar os recicláveis
destinação dos resíduos reciclá- ainda não existe na cidade, pro- de São Paulo a instituições com irregularidades.
veis, compostáveis, perigosos e cure cooperativas ou associações Portanto, como critério para a es-
rejeitos. Isso também depende de de catadores, informando-se pela colha dos parceiros, considere:
uma breve consulta à legislação lo- internet em sites como o Rota da
cal sobre o tema. Ela pode respon- Reciclagem. • A formalidade da entidade e
der se seu evento entra na catego- A destinação dos recicláveis alguma comprovação de autori-
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A importância das parcerias com as cooperativas de catadores

PlanEJamEntO
O trabalho de um catador autô- quais têm depósitos que não atendem rativas. Seria bom que esse índice
nomo nas ruas ou lixões é uma árdua a critérios sanitários, ambientais e aumentasse, pois a renda média men-
tarefa individual. Calcula-se que o país legais. Nos ciclos de alguns produtos, sal de um cooperado vai de R$ 800 a
tenha cerca de 600 mil catadores, se- o resíduo, do catador ao começo do R$ 1.300, valor máximo alcançado em
gundo o Instituto de Pesquisa Econô- processo, passa por até três interme- São Paulo. Os não cooperados rece-
mica Aplicada (Ipea). Um estudo de diários para ganhar escala – tudo de bem, em média, R$ 570. As cooperati-
2011 feito pelo Compromisso Empre- maneira informal, sem nota de pres- vas – em que todos trabalham e dividem
sarial para a Reciclagem (Cempre), tação de serviços ou contabilidade –, os lucros – organizam os processos de
entidade que reúne empresas como o que também revela um problema de coleta e triagem dos recicláveis em
Coca-Cola, Unilever e Gerdau, calcula falta de mão de obra. Apenas a quar- diferentes cadeias e profissionalizam
que 90% dos resíduos recuperados ta ou quinta venda ocorre de maneira a atuação dos catadores, facilitando a
Release sobre
passam pelas mãos desses milhares formal, com volume suficiente para a contratação por empresas e a venda o programa
de brasileiros, que recolhem o material indústria aproveitar. de materiais a preços competitivos. Coletivo
das ruas das cidades ou dos lixões do Já os catadores organizados Nesse sistema, há uma verticalização Reciclagem

país. É por ter desempenho relevante e em cooperativas ou associações têm de trabalho, com a criação de unidades
experiência nos processos de triagem mais força para enfrentar práticas produtivas, como coleta, triagem, cria-
que eles são reconhecidos na Política exploratórias e oportunidade de ven- ção de estoque e venda. Isso torna mais
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) der materiais em maior volume, mais fácil ganhar escala para venda, sem a
como importantes agentes para sua limpos e enfardados, diretamente à presença de tantos intermediários.
execução. Os catadores desempe- indústria. Sem a presença de tantos
nham um papel de imenso valor estra- atravessadores, a remuneração é
tégico para a indústria, além de presta- maior. O apoio às cooperativas con- No projeto Coletivo Reciclagem, a Coca-Cola
rem um importante serviço ambiental tribui para gerar alternativas de renda Brasil apoiou 300 cooperativas de 22 estados, dando
pelo qual são pouco valorizados. e condições de sobrevivência digna a suporte para sua gestão e capacitação. Nas 12 cidades-
Os materiais coletados costu- milhares de pessoas excluídas do mer- sede da Copa do Mundo da FIFA de 2014, a empresa
mam ser vendidos a baixos preços e cado formal de trabalho. contratou o serviço de 840 catadores(as), responsáveis
o melhor resultado da catação acaba De acordo com o Ipea, só 10% pela distribuição de cestos, coleta interna e operação de
nas mãos de sucateiros, alguns dos dos catadores pertencem a coope- centrais de triagem nos estádios.
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zação para funcionamento pela


PlanEJamEntO

EDISON CARVALHO DE OLIVEIRA


Prefeitura;
• As condições sanitárias e de
segurança do local; embora um
galpão de triagem possa parecer
desorganizado, ele não deve ser
inóspito, apresentar mau chei-
ro, moscas, mosquitos, indícios
de roedores, água empoçada,
instalação elétrica visivelmente
perigosa, etc.;
• A situação de trabalho dos coo-
perados/associados ou funcio-
nários; não deve haver envolvi- Centrais mecanizadas de triagem
mento de crianças, uso de álcool
e drogas, etc.; Por mais que cresçam as parcerias francesa e espanhola, estas centrais pro-
• O destino do rejeito da triagem, entre o poder público e as cooperativas cessam até 15 toneladas de resíduos por
que não deve ser depositado em algumas cidades, assim como a ca- hora por meio de um conjunto de esteiras
em terrenos contíguos, corpos pacidade de recuperação de recicláveis automatizadas e dispositivos mecânicos,
d’água e nem queimado; isso pelos catadores, nem sempre a triagem ópticos e magnéticos que separam os
pode ser conferido com a Prefei- manual dos resíduos, nas diversas cate- materiais por tipo, formato e até cor. O
tura, checando-se se o galpão faz gorias exigidas para comercialização, dá sistema é controlado por computador e a
parte do roteiro de coleta pública. conta das quantidades descartadas. Por inspeção do processo e o monitoramento
isso, na cidade de São Paulo, por exemplo, de qualidade são feitos por trabalhadores
que gera 18.000 toneladas de resíduos do- das cooperativas conveniadas, em ambien-
miciliares por dia, a Prefeitura já construiu te com instalações ergonomicamente ade-
duas “megacentrais” ou centrais mecani- quadas. Este ganho em produtividade per-
zadas de triagem para complementar o mite a ampliação gradativa do sistema de
trabalho das cooperativas. coleta seletiva na cidade. O plano é instalar
Utilizando tecnologias alemã, mais duas centrais mecanizadas até 2016.
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COMPOSTÁVEIS No SWU Music & Arts Fes- Verdecoop

PlanEJamEntO
tival, realizado em 2010 na cida-
O serviço de remoção de resí- de Itu, em São Paulo, um pátio de Localizada em Entre Rios, no litoral
duos para compostagem em- compostagem montado no pró- norte da Bahia, a Verdecoop – Coope-
presarial (ou industrial) ainda prio evento processou 560 kg de rativa de Reciclagem e Compostagem
é incipiente no Brasil, mas está resíduos como ação educativa. Veja como da Costa dos Coqueiros – se dedica
sendo impulsionado pela Políti- E, mesmo que não haja funciona o à coleta remunerada, triagem e com-
ca Nacional de Resíduos Sólidos. área externa para a montagem mercado de postagem de resíduos orgânicos.
carbono
Procure empresas licenciadas de composteiras demonstrati- Seus serviços incluem coleta podas,
para esta atividade na sua re- vas, a instalação de minhocá- casca de coco, óleo cozinha e gor-
gião. Solicite relação detalhada rios é viável. Minhocários são duras residuais, além de limpeza de
dos tipos de resíduos aceitos, estruturas, na forma de cantei- eventos. Criada em 2003, juntamente
pois diferentes métodos e condi- ros, tanques ou caixas, em que com o Complexo Hoteleiro Costa do
ções de compostagem envolvem minhocas são colocadas (e se Sauípe em implantação na época, a
resíduos distintos. reproduzem) para se alimentar Verdecoop processa via composta-
Na inexistência destes de resíduos orgânicos dispostos Saiba mais sobre gem natural (sem adição de biocata-
serviços, considere a composta- nestes recipientes. O produto é o minhocários lizadores ou inoculantes) mais de 3,5
gem parcial in loco buscando as- vermicomposto, excelente con- mil toneladas de resíduos por mês,
sessoria técnica especializada. dicionador do solo. gerando composto orgânico para a
agricultura, paisagismo, jardinagem
e produção de mudas. A Verdecoop
foi a primeira cooperativa do mundo a
solicitar créditos no mercado de car-
Bioland bono pela neutralização do metano
Empresa de biotecnologia voltada para a produção e comercialização que seria emitido pela decomposição
de fertilizante orgânico, em Piracicaba, no Estado de São Paulo. anaeróbica dos resíduos se fossem
A Bioland promove a compostagem de resíduos de restaurantes aterrados. Este metano não foi emi-
industriais e de estações de tratamento de efluentes. Ou seja, até tido graças ao processo aeróbico da
esgoto vira adubo. O composto resultante – o Ecosolo – tem registro compostagem, que gera apenas gás
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. carbônico, vapor d’água e calor.
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RESÍDUOS PERIGOSOS
PlanEJamEntO

reSíduO COMO tratá-lO


Esses resíduos devem ser mane- As lojas de vendas e de assistência técnica são obrigadas
jados e destinados conforme a le-
Baterias de celulares e
a recebê-las, para que sejam devolvidas aos fabricantes
outras recarregáveis
gislação da área do evento, sob a (Resolução 401/2008 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA)
responsabilidade do gerador. Em
muitos casos, isso significa que os Consulte as cooperativas que retiram os recicláveis,
Cartuchos de
materiais podem passar pelo pro- pois algumas conseguem destinar os cartuchos
impressora e toner
corretamente. Caso contrário, devolva ao fornecedor
cesso de logística reversa, ou seja,
a devolução obrigatória aos fa- Equipamentos
bricantes para reaproveitamento Retorne-os aos respectivos fornecedores
eletroeletroeletrônicos
em seu ciclo produtivo, ou outra
destinação final ambientalmente Encaminhe para empresas licenciadas para sua
Lâmpadas fluorescentes
adequada. Veja alguns exemplos descontaminação
na tabela ao lado.
Latas com sobras de
Todas as empresas contrata- Devolva aos respectivos fornecedores
tintas e solventes
das para transportar e/ou tratar
resíduos perigosos devem apre- Encaminhe para empresas licenciadas para
sentar declaração da destinação Pilhas sua descontaminação ou postos de coleta pública.
de cada resíduo. No estado de Consulte a prefeitura local
São Paulo, as empresas devem
providenciar um Certificado de Apenas os resíduos infectantes, pérfuro-cortantes e
Movimentação de Resíduos de químicos são considerados potencialmente perigosos
e devem ser separados e destinados para tratamento
Interesse Ambiental (popular-
especial, com supervisão de um técnico da área de saúde.
mente denominada CADRI). No (Resolução 358/2005 do CONAMA)
Resíduos de saúde
Paraná, o órgão fiscalizador do
transporte e destinação dos re- Consulte a Secretaria Municipal de Saúde sobre a
coleta destes resíduos. Os demais resíduos resultantes
síduos é o Instituto Ambiental do
de atendimento médico (papel, embalagens vazias, etc.)
Paraná-IAP. Portanto, confira a podem ser descartados como recicláveis e rejeitos
legislação local.
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Logística reversa, uma REJEITO

PlanEJamEntO
solução ainda problemática no Brasil A matemática é simples: a quanti-
Uma das prerrogativas da gestão dos secos e a necessidade de uma reforma dade de rejeito será menor quan-
de resíduos sustentável que o Brasil quer tributária são os principais entraves para to mais eficiente for a segregação
emplacar nos próximos 20 anos passa pela as indústrias produzirem com base nos pi- dos resíduos recicláveis e compos-
logística reversa, ou seja, desenvolver bens lares de prevenção de geração, redução e táveis. O rejeito deve ser encami-
nos quais a lógica linear “matéria-prima reutilização previstas na PNRS. Além disso, nhado para aterramento.
– fabricante – vendedor – consumidor – pagam-se os mesmos tributos duas vezes, Se a legislação local ainda
descarte” retorne sempre do último para como o Imposto sobre Circulação de Mer- não tiver definido o grande gera-
o primeiro. Por impor um sistema circular, cadorias e Serviços (ICMS) e a Contribuição dor de resíduos e suas responsa-
ou biomimético, o conceito também é cha- para Financiamento da Seguridade Social bilidades, o rejeito poderá ser co-
mado de cradle-to-cradle (na tradução, do (Cofins) para usar a mesma matéria-prima. letado pelo sistema público. Caso
berço ao berço). O termo foi cunhado pelo Alguns setores defendem a redução do Im- contrário, deverá ser contratada
arquiteto e cientista político suíço Walter posto sobre Produtos Industrializados (IPI) uma empresa transportadora de
Stahel na década de 1970 e é aplicado ao em artigos fabricados com material recicla- resíduos que deve:
design de produtos e aos processos indus- do comprado de cooperativas.
triais, como os das embalagens. Para contornar a questão complica- • Comprovar autorização, junto a
Na PNRS, não fica claro como a da do pós-consumo, o governo nas esferas todos os órgãos competentes, para
indústria implantará a logística reversa federal e estadual tem investido nos acor- executar os serviços contratados;
e quais serão os estímulos dados pelo dos setoriais, previstos na lei como me- • Dispor de motorista e equipe de
governo para os mais variados mercados canismos para a política nacional. Esses coleta habilitada, uniformiza-
e segmentos. A articulação entre os dife- acordos devem ser renegociados de quatro da, dotada de equipamentos de
rentes setores da indústria e a viabilidade em quatro anos, como forma de incluir na proteção individual (EPIs), como
econômica, como está previsto na lei, não logística reversa novos processos e ma- luvas e calçados seguros;
são problemas pequenos para superar teriais que venham a surgir na indústria. O • Utilizar veículo apropriado e li-
inicialmente. Uma latinha tem uma lógica governo paulista, por exemplo, já firmou 14 cenciado, em perfeito estado de
de reinserção na cadeia produtiva bem di- pactos diferentes com indústrias das áreas conservação, higiene e uso, com
ferente de uma geladeira. A informalidade de limpeza, cosméticos, alimentos, pilhas, todos os equipamentos e acessó-
no processo de triagem dos resíduos sóli- eletroeletrônicos, entre outras, desde 2012. rios em pleno funcionamento;
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Superando a destinação inadequada


62,7 milhões de
PlanEJamEntO

A destinação inadequada do que para a universalização com uma mé-


toneladas/ano
se joga fora é outro grande problema dia de abrangência de 90,17%, muito
para o PNRS, que prevê a universaliza- ainda fica para trás, apontam dados
ção dos aterros sanitários como uma da Abrelpe. De cada 100 toneladas de
meta. No momento, 60,2% dos 5.565 resíduos sólidos gerados no Brasil pelo
municípios brasileiros enviam tudo ou menos dez toneladas ficam para trás
parte do que é coletado aos lixões ou nos rios, córregos e terrenos baldios. A
aterros controlados, segundo a Asso- prefeitura de São Paulo, por exemplo,
ciação Brasileira de Empresas de Lim- precisou do equivalente a 30 mil cami-
peza e Resíduos Especiais. Em 2012, nhões em 2010 para retirar cerca de 180
foram cerca de 23,7 milhões de tonela- mil metros cúbicos de entulho de seus
das de resíduos (42% do total). Outras córregos. E o departamento de limpeza
32,7 milhões de toneladas (ou 58%) fo- urbana não tem estimativa de quanto é
ram despejadas em aterros sanitários.
Ocorre uma concorrência desleal entre
deixado diariamente nos 4.372 “pon-
tos viciados”, lugares com disposição
90,17%
dos resíduos gerados
o lixão que é gratuito, e os aterros sa- irregular de resíduos pela população. são coletados
nitários, uma disposição ainda cara. A Nacionalmente, porém, a coleta coloca
média é de R$ 60 e R$ 65 por tonelada em perspectiva os contrastes históricos
aterrada em espaços seguros. De acor- de desenvolvimento entre as regiões. As 2,9%
do com a entidade, entre mão de obra e cidades do Sudeste e Sul, as mais ricas e
infraestrutura, seriam necessários R$ industrializadas do país, que respondem
13,5%
884 milhões para universalizar a coleta por 63,4% dos resíduos coletados, pos-
COMpOSiçãO 13,1%
e mais R$ 5,8 bilhões para que todos suem índices de abrangência de coleta
dOS reSíduOS
os municípios dispusessem de aterros de 96,8% e 92,5%, respectivamente. COletadOS 2,4%
apropriados. Por sua vez, as do nordeste, com 22,1%
Para muitos municípios, porém, de participação nesse mesmo contexto, 16,7%
o drama da gestão começa na cole- têm apenas 77,4% dos seus resíduos só-
51,4%
ta. Embora o serviço no país caminhe lidos coletados.
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deStinO • Observar e adotar medidas para apresentação pela contratada de

PlanEJamEntO
dOS reSíduOS evitar espalhamento da carga e manifesto de carga, umcompro-
COletadOS vazamento de líquidos residuais vante emitido pela empresa res-
durante o transporte nas vias ponsável por aterro sanitário da
públicas; entrega dos resíduos no destino;
Veja mais dados • Indicar um representante da em- 4. Se o contrato incluir o emprésti-
sobre coleta e presa, com número de telefone mo ou locação de caçamba para
destinação
58,0% de resíduos de
todo o Brasil
para contatos emergenciais, a
quem a coordenação do evento
o armazenamento dos resídu-
os, o equipamento deverá estar
Aterro sanitário poderá convocar a qualquer mo- em perfeitas condições, coberto
mento para a solução de eventu- por lona ou tampa e identifica-
ais pendências. do quando necessário a pedido
da fiscalização; sua lavagem e
Além disso, as seguintes con- manutenção são atribuições da
dições devem ser observadas: empresa contratada, cabendo a
ela sua substituição em caso de
1. Os resíduos removidos do evento defeito ou desgaste.
não devem ser triados para reu-
so ou reciclagem antes de seu Para resíduos volumosos

24,2% tratamento ou disposição final;


2. O aterro sanitário que receberá
(isopor, madeira, etc.) consulte a
prefeitura local sobre empresas
Aterro os resíduos deve estar licenciado cadastradas para remoção de entu-
controlado pelos órgãos competentes (geral- lho e pontos de entrega voluntária
mente secretarias estaduais de (por vezes chamados de ecopontos).
meio ambiente) e a empresa con- Normalmente, esse serviço é dispo-
tratada deverá apresentar estas nível mediante volumes limitados
17,8% licenças atualizadas;
3. Os serviços de remoção e desti-
por pessoa e empresas cadastradas
para remoção de entulho. Também
Lixão
nação final dos resíduos devem neles devem ser solicitados com-
Fonte: IBGE – PNAD, 2010 ser pagos apenas mediante a provantes de destinação.
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É importante ressaltar que


PlanEJamEntO

reSíduO deStinaçãO
absolutamente nenhum resíduo
deve ser queimado dentro ou fora Resíduos alimentares
dos locais abrangidos pelo evento. Compostagem in loco
A queima é considerada fonte de Resíduos de jardinagem
ou contratada
poluição, sujeita à multa e outras
Serragem
penalidades conforme a legislação
de cada município ou estado. Além Óleo de cozinha
disso, desde 2004 o Brasil é signa-
tário da Convenção de Estocolmo, Embalagens e utensílios recicláveis
Reciclagem
na qual há a recomendação para a Papel
eliminação gradativa dos incinera-
dores de resíduos. Cartuchos de impressoras
Alguns exemplos de desti-
Lâmpadas fluorescentes Descontaminação em empresas
nação adequada para cada tipo
de resíduo: Pilhas e baterias licenciadas

Bota-fora ou aterro específico,


Entulho e inservíveis volumosos
licenciado

Resíduos (perigosos) de atendimento médico Esterilização

Rejeito Aterro sanitário

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6 | ORganIZandO O sIstEma dE dEsCaRtE, COlEta E aRmaZEnamEntO

E ste tópico trata das diretrizes A escolha do modelo de ces-

PlanEJamEntO
para o manejo dos resíduos
COreS padrãO to também depende do local – se
gerados pelo público participante é público ou privado e ocorre em
do evento. Orientações específicas
PLÁSTICOS ambiente externo ou fechado. Ten-
para parceiros, como prestado- do isso em vista, em linhas gerais,
res de serviços, patrocinadores e PAPÉIS recomenda-se o seguinte:
apoiadores constam do Anexo I.
• Para eventos em locais públicos,
METAIS
o sistema de descarte pode se
DESCARTE alinhar ao padrão adotado pela
VIDROS municipalidade;
Definidas as alternativas de desti- • Utilizar, preferencialmente, os
nação, os cestos devem ser identifi- PERIGOSOS mesmos tipos e cores de cestos em
cados de acordo com as categorias todos os locais do evento, inclusive
de resíduos a serem segregados. bastidores e áreas de apoio;
Embora não seja exigência for- COMPOSTÁVEIS
mal, recomenda-se o padrão de
cores proposto pela Resolução n° REJEITO

EDISON CARVALHO DE OLIVEIRA


275/2001 do Conselho Nacional
de Meio Ambiente-CONAMA (ao
lado). Como não existe padrão para
identificar um cesto para o descar- “rejeito”, não é proibido identificar
te conjunto de recicláveis, pode-se estes resíduos como não reciclá-
escolher, dentre as primeiras qua- veis, adotando a cor cinza para
tro cores, aquela que compõe es- suas estruturas. Veja o exemplo
teticamente com a comunicação da Conferência Rio + 20 (foto). Vale
visual do evento, com as marcas de notar que o modelo usado no even-
patrocinadores, ou outro critério. to carioca utiliza cestos aramados
E ainda que seja interessan- “vestidos” com tecido colorido, am-
te e didático usar a denominação bos leves e de fácil lavagem.
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6 | ORganIZandO O sIstEma dE dEsCaRtE, COlEta E aRmaZEnamEntO

• Cestos devem possuir design que


PlanEJamEntO

facilite a lavagem; caixas de pa-


pelão, por exemplo, devem ser
usadas apenas em áreas de apoio
administrativo, onde o descarte
é basicamente de papel e emba-
lagens secas;
• Cestos devem estar sempre dis-
postos em pares (para recicláveis
e rejeito); e em trios nas áreas de
alimentação, onde serão gerados
os resíduos orgânicos;
• Cestos para recicláveis e papel
toalha (nos toaletes) podem ter
até 100 litros de capacidade; Abertura frontal Com haste na tampa Com tampa basculante
• Cestos para compostáveis e rejei-
tos devem ter até 50 litros para
evitar peso excessivo dos sacos; A quantidade de cestos de- Embora cestos nas áreas de
• Cestos acessíveis para cadeiran- pende muito do esforço prévio de maior circulação sejam essenciais
tes e crianças; se reduzir a geração de resíduos. – entradas, locais de alimentação,
• Em áreas externas, os cestos te- Se o evento tiver definido com os etc. – convém investir mais em
nham tampas ou fiquem sob co- fornecedores de alimentação o uso recursos humanos (educadores e
bertura; nos eventos onde se pre- de copos retornáveis e a oferta de orientadores) do que na instalação
vê o descarte de embalagens de bebidas em máquinas post mix, excessiva de cestos. No contexto
bebidas, guardanapos e sobras além da disponibilização de be- da Copa das Confederações em
de lanches, é preferível o uso de bedouros para o público, a quan- Brasília, por exemplo, foi previsto
cestos que evitam contato ma- tidade necessária de cestos será um cesto para cada 70 pessoas.
nual com as tampas (exemplos substancialmente menor. De qual- Quanto à identificação dos
nas figuras 1 e 2); o exemplo da quer modo, convém prever cestos cestos, é importante que sejam
figura 3 não é adequado. extras para ajustes de última hora. acompanhados de placa ou ade-
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6 | ORganIZandO O sIstEma dE dEsCaRtE, COlEta E aRmaZEnamEntO

Óleo de cozinha sivo grande listando o que efeti- rem descartados como recicláveis

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vamente deve ser neles descar- para posterior triagem: papéis de
pode virar tado. Para isso podem ser usados bala, bitucas de cigarro, chicletes,
combustível textos, como também ícones ou canudos, embalagens de canudo,
verde fotos dos resíduos mais comuns, o tampas metálicas de garrafa, pa-
Saiba mais que contribui para o entendimen- litos de picolé, etc.
Desde 2012, cooperativas ligadas sobre o programa to de estrangeiros. É interessante Deve-se também evitar po-
a Rede Cata Sampa, no estado do MIT e da FGV indicar no piso a localização dos luição visual, inclusive a associada
com a Rede
de São Paulo, fazem uso do óleo Cata Sampa cestos, facilitando sua reposição às marcas de patrocinadores.
vegetal de cozinha como biocom- pela equipe de limpeza após sua Se os cestos forem perma-
bustível para veículos de coleta retirada para lavagem. necer no local após o término do
seletiva de resíduos. A técnica Recomenda-se que a lista de evento, é importante que o mode-
veio dos Estados Unidos e apli- rejeitos aborde justamente os re- lo adotado seja o mais integrado
cada em parceria com o Massa- síduos mais “confundidos” (como possível ao ambiente. E para que
chusetts Institute of Technology guardanapos e sacos de salgadi- sejam passíveis de aproveitamento
(MIT) e a Fundação Getulio Vagas nhos, bolachas e picolés, metaliza- em outros eventos, convém colocar
(FGV). Por meio de algumas mo- dos) ou pequenos demais para se- as informações específicas, como
dificações para tornar o veículo
híbrido, a ideia é utilizar o óleo de
cozinha coletado diretamente no

FOTOS EDISON CARVALHO DE OLIVEIRA


abastecimento dos caminhões.
Um custo logístico significativo
das cooperativas é em combus-
tível. Reduzir esses custos tra-
ta-se de um retorno direto para
os catadores. As cooperativas
pesquisadas para a implanta-
ção do projeto tinham um custo
logístico de 20% em média com
combustível. Orientações visíveis Orientações pouco atraentes
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logos de patrocinadores, não no Cestos com balde interno


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corpo dos cestos, mas em placas removível dispensam sacos, e são


ou peças destacáveis. alternativas interessantes para o
Nas áreas de alimentação, descarte de compostáveis: quando
embalagens muito sujas e en- o cesto enche, é esvaziado numa
gorduradas serão consideradas bombona plástica com alças e
rejeitos, a menos que sejam enxa- tampa de rosca (foto), instala-
guadas. Além disso, materiais cor- da em pontos estratégicos. Esta
tantes como vidros e louça quebra- bombona pode ser transportada
dos devem ser manejados de modo para área de armazenamento, ou
a evitar acidentes de trabalho e pátio de compostagem no local, e
garantir a segurança dos funcioná- depois devidamente higienizada
rios de limpeza. Estes cacos devem e devolvida para o ponto de des-
ser descartados como rejeito. Bombona para compostáveis carte. Além de reduzir o consumo
Embalagens secundárias de sacos, assim como o risco de
(como plásticos grandes e caixas rompimento dos mesmos, o siste-
de papelão) devem ser desmonta- Antes de adquirir os cestos é ma facilita a descarga dos resíduos
das pelos próprios geradores e le- importante consultar a legislação nos pátios de compostagem.
vadas diretamente aos respectivos municipal e estadual. Em São Pau- Independentemente da bem
abrigos, evitando encher os cestos. lo, os estabelecimentos de alimen- planejada estrutura para descarte
Considerando seu efeito po- tação devem dispor de cestos com de resíduos, as equipes que traba-
luidor se descartado no sistema tampa acionada por pedal e a lei lharão no evento devem ser prepa-
de esgotos, o óleo usado nas áreas municipal 14.973/2009 determi- radas para orientar os participan-
de alimentação deve ser guarda- na que os grandes geradores – ou tes a descartar corretamente.
do em frascos com tampa segura seja, qualquer evento – tenham
e encaminhado para aproveita- no mínimo um conjunto de cestos
mento na produção de outros ma- coloridos para a separação dos re-
teriais. A estimativa é de que um síduos em papéis, plásticos, metais,
litro de óleo possa contaminar até vidros e rejeito, com informações
25 mil litros de água. detalhadas também em braile.
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6 | ORganIZandO O sIstEma dE dEsCaRtE, COlEta E aRmaZEnamEntO

COLETA Folhas e resíduos de jardim, Para uma coleta eficiente,

PlanEJamEntO
caso sejam aproveitados ou desti- deve ser elaborado um procedi-
Como equipe de coleta dos resíduos, nados para compostagem no local, mento operacional detalhado,
considere contratar uma empresa podem ser coletados em sacos de com horários e rotinas a serem
de limpeza, mas também catadores ráfia reutilizáveis. seguidos pela empresa contratada
de uma associação ou cooperativa. Deve-se observar o tamanho para a limpeza no evento. Este pro-
Certifique-se na contratação do de saco adequado a cada cesto, cedimento deve ser discutido com
serviço de que os candidatos têm evitando desperdício e incômodo a equipe de limpeza e apresentado
idade e condição física adequadas estético (como as bordas dos sacos também, se possível, na forma de
para o serviço, inclusive conforme muito salientes). A espessura tam- cartazes fixados em locais visíveis
o local do evento. Em um estádio, bém merece atenção uma vez que para consulta em caso de dúvidas.
por exemplo, com muitas escadas, sacos finos são mais baratos, mas Garantir a limpeza das
catadores mais idosos terão mais seu consumo é dobrado, já que se áreas é fundamental, mas frisar
dificuldade para cumprir as rotinas rompem mais facilmente. a importância de não misturar
necessárias. Podem ser usados sacos com- os conteúdos dos cestos também.
Para facilitar o trabalho da postáveis/biodegradáveis, mas suas
equipe de limpeza e deixar claro condições de degradação devem ser
para servidores e público que exis- certificadas antes de se divulgar
te um sistema efetivo de separação este suposto benefício ambiental
de resíduos, é recomendável que a aos participantes do evento.
coleta seja feita em sacos plásticos O transporte dos resíduos ao
de cores diferentes, por exemplo: local de armazenamento deve pre-
ver o uso de carrinho coletor com
• Transparente ou incolor para reci- lateral dobrável (foto). Para distân-
cláveis (ou verde, ou azul, confor- cias maiores e terrenos inclinados, é
me a comunicação visual do cesto); recomendável o uso de carrinho elé-
• Cinza para rejeito; trico. Outros modelos podem ser ado-
• Marrom para compostáveis (se não tados, mas não containers fechados
forem usados cestos com balde in- e fundos, cujo manuseio é pouco er-
terno removível). [ver Descarte] gonômico. [ver mais em Armazenamento]
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6 | ORganIZandO O sIstEma dE dEsCaRtE, COlEta E aRmaZEnamEntO

Se isso acontecer, não apenas se ARMAZENAMENTO a menos que sejam carregados por
PlanEJamEntO

compromete a credibilidade do sis- cima (numa doca, por exemplo) e


tema de descarte seletivo perante Os resíduos deverão ser guardados descarregados mecânica e direta-
os participantes do evento como em local abrigado e de fácil aces- mente nos veículos de coleta. Caso
também se prejudica a qualidade so para a equipe de limpeza e par- contrário, é excessivo o esforço de
dos resíduos a serem destinados. ceiros que farão sua retirada. Tais retirada manual dos sacos, consi-
No caso de eventos mais abrigos devem permitir a retirada derando seu peso e a profundidade
longos, treinamentos se fazem dos resíduos no nível do chão (sem de alguns tipos contêineres, muitas
imperativos. Mas além de um ca- degraus), além de serem cobertos e vezes exigindo seu tombamento
ráter puramente informativo, as ventilados. De preferência, devem ou a entrada de uma pessoa nele.
ações educativas junto às equipes possuir piso cerâmico de fácil lava- Apenas se não houver espaço ade-
de coleta devem criar empatia, gem e serem dotados de lâmpada quado, cogite a instalação de equi-
promovendo reflexão sobre con- interna protegida, torneira e ralo, pamentos como esses, antes verifi-
sumo e desperdício, a importân- atendendo também às normas es- cando as normas municipais para
cia de produzir menos resíduos taduais e municipais complemen- sua disposição em locais públicos
e a responsabilidade de cada tares (como alinhamento junto à caso não fiquem em área interna.
um na preservação dos recursos calçada, por exemplo). E, contanto que o depósito
naturais finitos. Procure usar lin- Por uma questão de flexibili- seja amplo, os resíduos recicláveis
guagem acessível e referências dade no manejo não se recomenda merecem abrigo à parte com ex-
de boas iniciativas, evitando um o uso de contêineres ou caçambas, tintor de incêndio próximo. É im-
enfoque catastrófico da questão portante organizar e aperfeiçoar
dos resíduos. Ao apresentar o ca- a capacidade da área de armaze-
minho a ser percorrido pelos di- namento dos recicláveis para que
versos tipos de resíduos gerados Em locais grandes, com seja possível juntar uma carga que
pelo evento e o caráter também depósitos de resíduos mais interesse a algum parceiro. Não é
social/humano da destinação dos distantes dos pontos de geração, incomum que o custo do frete seja
resíduos, alerte para a importân- devem ser previstas áreas para alto e para viabilizar a parceria,
cia dos recicláveis como fonte de armazenamento provisório se não for remunerada, o trabalho
renda para agentes como catado- para aliviar a circulação destes pode ser compensado pela quan-
res e cooperativas. resíduos “dentro” do evento. tidade e qualidade (limpeza) dos
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6 | ORganIZandO O sIstEma dE dEsCaRtE, COlEta E aRmaZEnamEntO

recicláveis. Neste sentido, pode ser guardá-las em recipientes imper-

PlanEJamEntO
interessante ter no local do evento, meáveis para conter eventual va-
uma central de triagem dos reci- zamento de substâncias corrosivas
cláveis nas subcategorias papel, é importante. Assim, organize o ar-
plástico, metais, vidros e outras. mazenamento dos resíduos no seu
No caso dos rejeitos, uma evento conforme a tabela abaixo.
compactadora pode ser ideal, pois
diminui o volume de resíduos e a
aCOndiCiOnaMentO e arMazenaMentO dOS reSíduOS
frequência necessária de remo-
ção. Sua adoção requer estudo reSíduO aCOndiCiOnaMentO lOCal
prévio para seu posicionamento e
área necessária para manobra do
Recicláveis Sacos plásticos
veículo coletor. De qualquer modo, Caixas desmontadas e
Papelão
considerando que pode haver fa- empilhadas
lhas ou atrasos no recolhimento
Rejeito Sacos plásticos
dos resíduos, é ideal que o abrigo
para rejeito comporte o volume Bombonas de 50 litros ou
Compostáveis
equivalente a dois dias de geração. minhocários
Por sua vez, resíduos poten-
Entulho e resíduos
cialmente perigosos como lâm- Sacos reforçados (de
volumosos não
padas fluorescentes devem ser ráfia) ou caçambas
recicláveis (se houver)
armazenados separadamente,
Lâmpadas fluorescentes Nas caixas originais
em local seguro e sinalizado. As
lâmpadas não devem ser quebra- Pilhas e baterias Frascos impermeáveis
das nem ter suas extremidades
Sobras de tintas e Nos próprios recipientes
rompidas, pois isso libera vapor de
similares originais
mercúrio, altamente tóxico. O ideal
é acondicioná-las nas embalagens
das lâmpadas novas, no ato da tro- Um exemplo de roteiro de monitoramento das atividades de descarte, coleta, transporte
ca. Já no caso de pilhas e baterias, e armazenamento dos resíduos é apresentado no Anexo II.
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7 | mOtIvandO O PÚBlICO

E ventos são atividades de alta in- benefícios da criação de postos de


PlanEJamEntO

DIVULGAÇÃO/COMITÊ ORGANIZADOR LOCAL


tensidade em curtos períodos, trabalho e de inclusão social, além
onde o cuidado com os resíduos é das vantagens ambientais, também
geralmente a última preocupação. são importantes.
É, portanto, fundamental tornar o Quanto aos meios, podem ser
descarte correto atrativo para os explorados todos os possíveis, den-
participantes. tre eles:
Fornecer a infraestrutura
para o descarte seletivo é apenas o 1. Artista ou celebridade abordan-
primeiro passo. As pessoas também do o assunto no palco, durante
precisam saber como usá-la e por um espetáculo ou na abertura
qual razão. Aí entra um bom plano do evento;
de comunicação, tratando do que 2. Cartazes nas portas nos sanitários compostas de catadores e estudan-
se quer comunicar (a mensagem) (ou dentro das cabines dos vasos); tes treinados para mobilizar e orien-
e como (o meio) com criatividade. 3. Cartazes em totens ou displays nos tar os participantes desses eventos
Quanto à mensagem, experi- balcões das áreas de alimentação; no descarte correto de seus resídu-
ências anteriores sugerem que as 4. Guias de espectadores, mapas de os. Cada um recebeu certificado e
chamadas globais, tais como “salvar locais públicos e de eventos; U$ 120 por dia de trabalho.
o planeta” e “reduzir as emissões de 5. Mensagens em telões que pos- A humanização do trabalho
carbono” não são eficientes na mo- sam ser vistos de vários ângulos educativo pode inclusive levar a ges-
tivação. Enquanto, por outro lado, as na área principal do evento; tão sustentável dos resíduos além das
mensagens divertidas, comemorati- 6. Mídias sociais como Twitter e dependências do evento, estimulan-
vas e edificantes são mais eficazes. Facebook; do as pessoas a reverem suas práti-
Sempre que possível essa mensa- 7. Orientadores de público (contrata- cas cotidianas de consumo e descar-
gem deve estar em harmonia com o dos e voluntários) uniformizados. te em casa, no trabalho, na escola.
contexto do evento, seja ele musical, Mais que isso, pode provocar grande
desportivo, cultural ou religioso. Tendo isso em mente, os orga- reflexão em torno da nossa relação
Dado o importante papel dos nizadores da Conferência Rio +20 com nossos resíduos e os valores por
catadores na gestão dos resídu- e da Copa das Confederações, em trás de um modelo insustentável de
os no Brasil, mensagens sobre os 2013 (foto), contrataram equipes uso dos recursos naturais.
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8 | avalIandO E COmPaRtIlHandO REsUltadOs

N o final do evento, você deve- Além destes, há indicadores rência na organização de eventos

PlanEJamEntO
rá se perguntar: consegui- qualitativos, como: similares por outros interessados.
mos atingir nossas metas? Para Portanto, a avaliação do
respondê-la, o planejamento deve • A limpeza geral do ambiente, que evento merece ampla divulgação,
definir indicadores e meios de pode ter registro fotográfico que poderá ser feita através de:
mensurá-los. Os indicadores po- • A percepção dos funcionários e
dem ser quantitativos, como: terceiros • Encontros/reuniões com todas
• A satisfação de parceiros e as partes envolvidas, inclusive
• Resíduos gerados (em peso ou • As manifestações do público (elo- fornecedores e prestadores de
volume) gios, críticas e sugestões) serviços
• Resíduos destinados à recicla- • Comunicação pessoal, boletins de
gem; e destes, quanto foi rejeito Esta avaliação geral, conten- notícias e websites
após a triagem nas cooperativas do os resultados obtidos, pontos po- • Relatórios técnicos
• Resíduos processados via com- sitivos, debilidades e desafios per-
postagem mitirá a formação de um banco de Por meio das várias mídias
• Resíduos aterrados dados, ferramenta para a melhoria disponíveis, o público merece sa-
• Resíduos tratados; no caso de contínua do evento a cada nova ber os resultados das iniciativas e a
alguns resíduos perigosos (como edição, bem como servirá de refe- importância de sua participação.
lâmpadas, pilhas e equipamentos
e componentes eletrônicos), a me-
dição talvez ocorra por unidade
• Quantidade doada (alimentos?)
ou reutilizada

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ExEmPlOs
B

APROVEITANDO A EXPERIÊNCIA
DE OUTROS EVENTOS
B
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APROVEITANDO A EXPERIÊNCIA DE OUTROS

A
realização de um grande não somente pelo ponto de vista que preza por sua sustentabilida-
ExEmPlOs

evento passa pelo desafio do marketing, mas principalmente de. Um plano detalhado precisa
de se fazer uma gestão de como disseminadoras de atitudes garantir que toda a informação
resíduos sólidos eficiente. As difi- sustentáveis. Inevitavelmente, obtida – antes, durante e depois do
culdades perpassam desde o plane- mais cedo ou mais tarde, o público evento – esteja disponível. Isso não
jamento das ações até a elaboração entende e reconhece quais ações apenas ajuda a entender os impac-
do relatório final. Fazer compara- são realmente efetivas. tos das iniciativas, mas como elas
ção plena de dados não é possível, Essa “sustentabilidade”, po- podem ser trabalhadas no futuro
ainda que sejam analisados eventos rém, vai além do aspecto econô- para aumentar seu potencial e au-
de naturezas semelhantes. Avaliar mico, englobando decisões sendo xiliar outros organizadores.
a sustentabilidade do mesmo pode tomadas com responsabilidade Alguns dos grandes eventos
levar em conta seu perfil, quanti- social e ambiental. Estes princípios globais contam com relatórios que
dade de público, quantidade total devem ser preservados na inten- seguem diretrizes diversas, como
de resíduos gerados, quantidade ção de se fazer um evento que não as determinadas pela Global Re-
de resíduos recicláveis, não reci- impacte negativamente e envolva port Initiative ou pela Internatio-
cláveis e compostáveis e metas es- organizadores, parceiros, fornece- nal Organization for Standartiza-
tabelecidas e atingidas, além das dores e clientes. tion (ISO). Desde 2006, a Fifa usa
destinações utilizadas. Monitorar e avaliar é um as- seu próprio padrão: o Green Goal.
Qualquer evento, seja um pecto essencial de qualquer evento Ele foi adotado no planejamento
congresso, feira, show ou festival,
começa bem antes do dia mar-
cado no folder de divulgação. A
organização demanda tempo e
Copa do Mundo 2014 no Brasil
planejamento para a economia
com transporte e água, por exem- No caso do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, todo material coletado foi destinado à
plo. A busca por sustentabilidade Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal. Cerca de 70 catadores
ainda na etapa de concepção per- tiveram uma carga horária de treinamento de quatro horas antes do evento. Nas aulas, eles
mite encontrar soluções que mi- aprenderam como manusear os equipamentos que seriam utilizados durante o evento e também
nimizem os custos. Além disso, as sobre a dinâmica de trabalho dentro do estádio, além de terem recebido informações sobre
iniciativas devem ser divulgadas segurança e questões comportamentais.
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da gestão de resíduos da Copa do

ExEmPlOs
Mundo de 2014, no Brasil, e é es-
truturado de maneira integrada
com os principais parceiros comer-
ciais, caso da Coca-Cola.
Quaisquer que sejam os pa-
drões adotados é importante seu
uso no estabelecimento de metas
e na obtenção de conclusões para
o mensuramento de performance.
Para entender o funcio-
namento da gestão de resíduos
sólidos em grandes eventos e
conhecer as ações realizadas e
as dificuldades encontradas, foi
feita uma breve análise de casos
exemplares. Para a coleta dessas
informações foram utilizados os
seguintes critérios de seleção:

• Eventos internacionais que ocor-


reram nos últimos 5 anos e dis-
ponibilizaraminformações em
meio digital;
• Eventos no Brasil que tiveram
iniciativas inovadoras na gestão
de resíduos sólidos.

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1 | COPa da ÁFRICa dO sUl 2010 – REdUçãO dE REsídUOs dEstInadOs aOs atERROs

A Copa do Mundo de 2010, re- toneladas) e 65% (155 toneladas) Um exemplo


ExEmPlOs

alizado na África do Sul, foi o no estádio de Cape Town.


na recuperação
maior evento recebido pelo país até Não obstante, prevenção e
então. O fluxo de turistas, segundo reutilização ainda marcaram ou-
de resíduos
as autoridades locais, aumentou tras iniciativas sujeitas também de construção
em 25% no mês do evento com 1,5 aos parceiros comerciais, tais como: Entre as estruturas essen-
milhão de pessoas desembarcando ciais para a realização de uma Copa
no país. E, embora apenas um terço • Uso de talheres duráveis no lu- do Mundo estão os estádios. Na
desses visitantes tivesse ingressos gar dos descartáveis em todas as preparação para receber o evento, a
para os 64 jogos disputados, seu áreas de alimentação; África do Sul foi obrigada a construir
plano de gestão resíduos buscou • Uso de engradados e bandejas e adaptar suas arenas locais, geran-
sensibilizar o público para a pre- reutilizáveis de plastico resis- do quantidades massivas de resídu-
venção de geração, reutilização e tente entre os fornecedores nas os de construção. Um dos exemplos
reciclagem fora e dentro do campo. áreas de recepção e alimentação; marcantes foi a reconstrução do
Essas ações foram essenciais • Proibição na distribuição de pan- Soccer City, o maior do país, em Jo-
para não sobrecarregar os poucos fletos e kit de propaganda na en- anesburgo. Lá, 70% dos materiais da
aterros sanitários disponíveis, já trada dos estádios e da Fan Fest; antiga estrutura foram reaproveita-
operando em seus limites. Na Ci- • Ingressos escaneáveis, eliminan- dos na nova e o restante doado ou
dade do Cabo, por exemplo, apenas do a necessidade de canhotos; colocado à disposição de moradores
7% dos resíduos eram recupera- • Uso de porta-condimentos e dos arredores. Os antigos assentos
dos. Uma das soluções encontra- açucareiros duráveis no lugar do estádio, por exemplo, foram doa-
das foi estender a área coberta de sachês de porção individual dos para escolas e hospitais.
pelo plano, distribuindo cestos em todas as áreas do evento; O estádio da Cidade do Cabo
para a coleta seletiva não apenas • Banimento de água e outras passou por um processo semelhan-
pelas arenas da Fan Fest, mas tam- bebidas em lata ou engarrafa- te, reaproveitando 95% dos mate-
bém por pontos estratégicos da ci- das, substituídas por fontes e riais da velha arena. Isso contribuiu
dade no fluxo de torcedores. Como bebedouros nos estádios e áreas para a redução de emissões de dió-
resultado, no período dos jogos, oficiais; xido de carbono tanto na fabricação
58% dos resíduos foram recupera- • Distribuição de canecas come- de novos materiais quanto no trans-
dos nos arredores do estádio (340 morativas para evitar o uso de porte dos mesmos.
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1 | COPa da ÁFRICa dO sUl 2010 – REdUçãO dE REsídUOs dEstInadOs aOs atERROs

copos descartáveis; • Envio dos resíduos com possi-

ExEmPlOs
• Uso limitado de embalagens e bilidade de reuso para artesãos
materiais de embrulho em todas portadores de HIV;
as lojas oficiais. • Utilização do serviço de uma or-
ganização de redistribuição local
É importante ressaltar que o de alimentos, para garantir que
uso de copos reutilizáveis não re- os alimentos não consumidos
duziu a geração de resíduos neste fossem entregues para os ne-
evento. Ao contrário da Copa da cessitados.
Alemanha de 2006, onde a inicia-
tiva foi pioneira, na África do Sul
fracassou por não ter pagamento
pelo retorno do copo e estrutura
adequada de lavagem.
No entanto, a superação da
meta de recuperação de 20% dos
resíduos gerados pode ser resul-
tado das atividades de sensibiliza-
ção e educação do público. Além de
parcerias com cooperativas locais
na recuperação dos recicláveis,
o evento comunicou os processos
Plano de Gestão
de Resíduos da necessários na gestão de resíduos
Copa do Mundo orgânicos. Entre as práticas que
da África do Sul foram exemplares estão:

• A criação de uma área de de-


monstração de triagem para os
visitantes, com foco na classifi-
cação dos resíduos;
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2 | ROCK In RIO 2011 – sUPERaçãO PElO EngaJamEntO

C riado em 1985, o Rock in Rio com a redução da quantidade de • Doação de materiais e alimentos
ExEmPlOs

veio a se tornar um dos maio- resíduos e produção de compostos excedentes, no final do evento,
res festivais de música do mundo para projetos de reflorestamento; a instituições de solidariedade
com edições em Portugal e Espa- e o social, com a doação de mate- social;
nha, além do Brasil. O evento atrai, riais e alimentos excedentes no fi- • Ações especiais para o público do
em média, de 500 a 600 mil pessoas, nal do evento. E, com efeito, desde Rock in Rio.
tendo duração de 4 a 7 dias. Por seu sua criação cerca de 830 toneladas
tamanho e duração, o Rock in Rio foram enviadas para a reciclagem No Rio de Janeiro, quando o
impacta ambientalmente não ape- ou reaproveitamento, um índice plano foi testado três anos depois
nas na área onde está delimitada que corresponde a 67% dos resí- de sua criação, a organização do
sua programação, mas a cidade que duos gerados pelo público. evento colocou à disposição 520
o recebe. Em 2011, por exemplo, o O Rock in Rio tornou-se um cestos para descarte seletivo na
Rock in Rio movimentou 480 mi- dos primeiros eventos do mundo área do evento, conhecida como
lhões de dólares na cidade do Rio de com uma certificação de acor- Cidade do Rock. A coleta ficou sob
Janeiro, cuja rede hoteleira foi ocu- do com a norma de Sistemas de responsabilidade da Comlurb –
pada em 95% de sua capacidade. Gestão para a Sustentabilidade Companhia Municipal de Limpeza
Antes disso, porém, em sua de Eventos ISO 20121. E para al- Urbana do Rio de Janeiro. Donos e
edição de 2008, na cidade de Lis- cançar seu objetivo de aumentar funcionários das lojas, bares e res-
boa, a organização do evento voltou a taxa de redução, reutilização e taurantes do festival foram instru-
suas atenções para a imensa gera- reciclagem em todas as edições ídos a separar os resíduos em seus
ção de resíduos do evento, crian- são tomadas as seguintes medidas: estabelecimentos.
do o plano de gestão sustentável Os resíduos recicláveis foram
“100R” com o apoio da Sociedade • Parcerias com entidades de co- encaminhados para a Usina de Ja- Campanha
Ponto Verde, entidade sem fins lu- leta e tratamento de resíduos, carepaguá e triados pelos profis- Lixo no Lixo,
crativos que promove programas públicas e privadas; sionais da Cooperativa Barracoop, Rio no Coração

de reciclagem de embalagem em • Acompanhamento dos trabalhos que ficaram com toda a renda da
diversos países da União Europeia. de montagem e desmontagem; venda dos materiais. Já os resídu-
O planejamento baseia-se em três • Formação e informação aos ope- os orgânicos foram transportados
pilares: o econômico, com a reuti- radores de lojas, stands e forne- para a Usina de Transferência e
lização dos resíduos; o ambiental, cedores; Reciclagem do Caju e destinados
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2 | ROCK In RIO 2011 – sUPERaçãO PElO EngaJamEntO

para a produção de adubo orgâ- tro ajudava a organização do even- Coca-Cola e Locanty,

ExEmPlOs
nico para o Programa Rio Capital to a alcançar índices melhores em
dois bons exemplos
Verde, que visa o reflorestamento seu plano de gestão. O mote da
da cidade. No final, apenas os re- campanha era baseado em mos- do Rock in Rio 2011
jeitos foram encaminhados para trar quanto dinheiro público era A Coca-Cola, uma das principais
aterros sanitários, e os 520 cestos investido no gerenciamento de patrocinadoras do Rock in Rio de 2011,
foram doados para as Unidades resíduos e poderia ser aproveitado como forma de conscientização sobre a
de Polícia Pacificadora do Rio de por outros serviços públicos, como reutilização e valorização dos resíduos
Janeiro (UPPs). educação e saúde, se o descarte montou seu camarote para convidados
No entanto, naquele ano, o para reciclagem fosse realizado VIP com materiais reciclados e reapro-
evento ficou marcado pelo desca- de maneira eficiente. veitados. Cerca 1.600 engradados plás-
so do público brasileiro. Alheios às Junto à campanha de pre- ticos formaram a base da estrutura de
iniciativas da organização e seus venção de geração, a organização cinco metros de altura. Os pufes foram
parceiros, os frequentadores des- aumentou o número de cestos para produzidos com garrafas do plásticas
cartaram os resíduos no chão. O 720 e distribuiu ecobags para o reaproveitadas.
fato chamou a atenção da mídia e público na compra do ingresso. A Locanty, por sua vez, implan-
o Rock in Rio se viu diante de um Como resultado, segundo o balan- tou algumas novidades. Patrocina-
problema de sensibilização. Na ço do festival, foram geradas 183 dora e parceira de limpeza nas áreas
verdade, um problema também toneladas de resíduos pelo público, fechadas do evento, a empresa adotou
vivido pelo governo local. 45% a menos que na última edi- o uso de vassouras e rodos produzidos
Em 2013, tanto a prefeitura ção brasileira, de 2011. Desse total, a partir de garrafas PET descartadas.
quanto o Rock in Rio, enfrentariam 35,7 toneladas eram recicláveise Além disso, para diminuir o volume de
a questão de frente lançando em 71 toneladas orgânicas, levadas resíduos gerados, a Locanty aboliu o
parceria, às vésperas do evento, a para a Usina do Caju para com- uso de papel para enxugar as mãos
campanha “Lixo no Lixo, Rio no Co- postagem. O Rock in Rio naquele nos banheiros, substituindo-o por ál-
ração”. Por um lado a campanha fa- ano reaproveitou quase 60% de cool em gel. E, prevendo a resistência
zia alusão ao Programa Lixo Zero seus resíduos. do público quanto à falta de papel,
do governo que previa multas para treinou funcionários para orientar os
quem descartasse incorretamente frequentadores durante o evento so-
resíduos nas vias públicas, por ou- bre o uso do produto.
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3 | JOgOs OlímPICOs dE lOndREs 2012 – EstaBElECEndO nOvOs PadRÕEs

A estão sustentável de resídu- • Diversidade de embalagens e Incentivo legal e político


ExEmPlOs

os tem recebido importante rede complexa de fornecimento ;


atenção na agenda das cidades • Composição e design das emba- O imposto inglês sobre aterros, criado em 1996, e
sede dos sucessivos Jogos Olímpi- lagens, que comprometem sua a política nacional de resíduos (Waste Strategy for
cos e Paraolímpicos desde os Jogos reciclabilidade; England), instituída em 2007, serviram de base legal
de Lillehammer, em 1994. Os Jo- • Dificuldade de recolher os resí- para a gestão dos resíduos dos Jogos Olímpicos
gos Olímpicos de Sydney, em 2000, duos até os espectadores se dis- de 2012. Indo além destas normativas, contudo, a
adotaram medidas operacionais persarem, especialmente nas Prefeitura de Londres buscava destacar a cidade pelo
que desviaram dos aterros 68% áreas mais adensadas; seu alto padrão de sustentabilidade.
dos resíduos gerados. Já nos Jogos • Contaminação/sujidade de em-
de Vancouver, em 2010, foram balagens de alimentos e bebidas,
recuperados 77% dos resíduos, limitando sua aceitação no mer-
graças também à compostagem. cado para reciclagem;
Mas os Jogos Olímpicos de • Problemas de espaço e seguran-
Londres, em 2012, se propuseram ça para o armazenamento dos ESTRATÉGIAS
a ser os mais sustentáveis da his- resíduos;
tória e a fazê-lo com o conceito Re- • Ausência de padrão do sistema Com isso em mente, e para garan-
síduo Zero, buscando minimizar a de coleta em Londres e no resto tir que os objetivos fossem atin-
geração e não enterrar ou queimar do país; gidos, o planejamento do sistema
nenhum resíduo. Este objetivo foi • Falta de infraestrutura para a re- de gestão dos resíduos teve início
extremamente ambicioso conside- ciclagem de resíduos em Londres; anos antes do evento, envolvendo
rando que os eventos anteriores no • Barreiras de mercado e instabi- pesquisas, análises e consultas à
Reino Unido destinaram 85% dos lidade no preço dos recicláveis; indústria e experts em sustentabi-
resíduos para aterros sanitários ou • Operação de um sistema por cen- lidade, bem como trabalho intenso
incineração. tenas de funcionários que nunca com parceiros-chave: stakehol-
O Comitê de Organização dos trabalharam juntos; ders, fornecedores, autoridades
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos • O fato de não haver oportunidade locais e força operacional. Neste
(LOCOG) previu, contudo, diversos para os organizadores testarem planejamento foram definidos 10
desafios para a gestão sustentável seus planos previamente à rea- fatores críticos de sucesso e suas
dos resíduos: lização do evento. respectivas ações:
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3 | JOgOs OlímPICOs dE lOndREs 2012 – EstaBElECEndO nOvOs PadRÕEs

DESMONTA E LEVA Ao invés

ExEmPlOs
fatOreS de SuCeSSO açÕeS de compra, estruturas móveis e
pré-fabricadas foram alugadas,
Implementar sistemas que incluam práticas de compras sustentáveis reduzindo em quase 1 milhão de
e intervenções para controlar os tipos de materiais que possam
1 Gestão surgir nas atividades relacionadas ao evento, bem como a geração de
metros quadrados a área reservada
para as construções e 20% das
resíduos nos locais de acesso ao evento emissões de carbono previstas

Desenvolver ferramentas de gestão de recursos e orientação para


Manejo dos
2 recursos
auxiliar áreas chave dos negócios na minimização dos resíduos e REDESENHANDO EMBALAGENS
maximização das oportunidades de reuso e reciclagem O grupo McDonald’s comprometeu-
se com as metas de Resíduo
Infraestruturas Orientar designers e prestadores de serviços para identificar Zero. Três anos antes dos Jogos,
3 temporárias e de antecipadamente as opções de reuso e reciclagem de materiais com a ajuda de especialistas em
embalagens (Havi) e resíduos
comunicação visual empregados na infraestrutura temporária e de comunicação visual
(Veolia), foram concebidas
Mercado Identificar antecipadamente as opções e condições para destinação de embalagens de alimentos e
4 para os resíduos todos os resíduos (inclusive de alimentos) bebidas rotuladas com símbolos
nas cores dos respectivos cestos
para descarte seletivo. Isto
Adotar embalagens mais simples, especialmente para bebidas e
5 Embalagens alimentos, com maior potencial para reciclagem e compostagem
auxiliou o público na separação
dos resíduos e contribuiu para
aumentar o índice de reciclagem.
Instalar sistema atraente e de fácil utilização para descarte de
6 Cestos resíduos em todas as áreas
Entretanto esta iniciativa foi
dispendiosa, por requerer uma
rede de fornecedores especiais
Adotar comunicação visual simples, com símbolos e cores, no
7 Sinalização sistema de descarte, coleta e armazenamento
DESCARTE SELETIVO O LOCOG
Promover ações de comunicação durante os Jogos, mas também
Comunicação adotou um sistema de cores
8 integrada
antes da chegada aos locais do evento, associadas às iniciativas para as categorias de resíduos,
nacionais e regionais como “Reciclar Agora” e “Reciclar por Londres” tanto nos cestos para descarte
seletivo pelo público quanto
Engajamento Desenvolver uma abordagem de engajamento da mão de obra na nos recipientes nas áreas de
9 da mão de obra execução da comunicação e dos sistemas de coleta durante os Jogos armazenamento, facilitando a
compreensão do sistema pela
Produzir um “manual de boas práticas” de manejo de resíduos e equipe operacional: recicláveis
Transferência do
10 conhecimento
promover discussão técnica, após o evento, com gerentes dos locais (verde), compostáveis (laranja),
não recicláveis (pretos) e capas de
sede e organizadores, compartilhando os resultados e dificuldades
chuva plásticas (roxo)

Fonte: Visão de Zero Resíduos dos Jogos de Londres 2012 (Legado de Aprendizagem)

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3 | JOgOs OlímPICOs dE lOndREs 2012 – EstaBElECEndO nOvOs PadRÕEs

ORÇAMENTO E RESULTADOS Uma dica da Cop15


ExEmPlOs

FINANÇAS
Os Jogos de Londres 2012 esta- Organizada pela UNFCCC – Con-
Financiado pela iniciativa privada beleceram novos padrões para a venção-Quadro das Nações Unidas sobre
por meio de patrocínios, material gestão de resíduos de eventos, e Mudança do Clima em 2010, na cidade di-
promocional, venda de tickets e outros eventos podem utilizar esse namarquesa de Copenhague, a COP15 (15ª
contribuições do Comitê Olímpico aprendizado bem-sucedido: Conferência das Partes) debateu questões
Internacional, a organização dos ligadas à ameaça do aquecimento global.
Jogos teve orçamento de R$ 9,35 • Envolvimento antecipado da O evento também contou com um plano
bilhões, incluindo a gestão susten- rede de fornecedores permitiu de gestão de resíduos. Em seu relatório
tável dos resíduos. a adoção de embalagens reci- final, os organizadores recomendaram que
Um estudo sobre o escopo cláveis e compostáveis; grandes eventos contassem com pessoas
dos requisitos da gestão de re- • 99% dos resíduos provenientes treinadas, uniformizadas, para orientar os
síduos dos Jogos, realizado em de instalações foram reutiliza- participantes e monitorar a segregação de
2008/09, concluiu que os custos dos e reciclados; resíduos. A experiência da COP15 mostrou
para se atingir alta taxa de recicla- • Áreas foram mantidas limpas, que esses educadores, perto das estações
gem eram vantajosos comparados com pouco descarte de resíduos de descarte e equipados com um tipo de
aos do aterramento dos resíduos. no chão; pinça para remover materiais inadequa-
• 62% dos resíduos foram reutiliza- dos, melhoram a taxa de recuperação de
dos, reciclados ou compostados; resíduos em mais de 30%. Os Jogos de
• Espectadores deram nota 8 Londres também adotaram a prática.
(entre 1 a 10) para a gestão dos Atenção: esta proposta deve ser
resíduos e para a facilidade no usada como medida educativa comple-
descarte seletivo. mentar, junto às ações propostas no item
Motivando o Público. Caso contrário, os
participantes do evento podem interpre-
tar mal a presença destes agentes, enten-
dendo que não precisam descartar seleti-
vamente seus resíduos já que há alguém
para “consertar” a mistura depois.
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3 | JOgOs OlímPICOs dE lOndREs 2012 – EstaBElECEndO nOvOs PadRÕEs

LIÇÕES APRENDIDAS

ExEmPlOs
1. Visão
Devem ser estabelecidas visão e estratégia claras para
o manejo de resíduos logo no início, para que todas as
partes possam organizar seus trabalhos. A visão deve
considerar oportunidades e limitações específicas e es-
tabelecer objetivos e metas desafiadoras, porém viáveis.

2. Integração de políticas
Grandes benefícios resultam de uma abordagem ba-
seada em sistemas, que integra políticas de resíduos,
materiais, alimentos e embalagens.

3. Engajamento de fornecedores
Conversas com fornecedores de produtos e serviços, in-
clusive de remoção e tratamento dos resíduos, desde o
início, são cruciais para garantir especificações viáveis.

4. Qualificação de funcionários
Relatório final Toda a equipe envolvida na realização do evento deve
da Gestão
ser cuidadosamente selecionada e altamente motiva-
Sustentável de
Resíduos nas da, também por treinamentos específicos.
Olimpíadas de
Londres 5. Monitoramento
Devem ser implementados processos de acompanha-
mento, incluindo a emissão de relatórios diários sobre
todas as etapas de gerenciamento dos resíduos, para
possibilitar a análise da performance, a referência e
o aprimoramento do sistema.
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4 | JORnada mUndIal da JUvEntUdE 2013 – COnsCIEntIZaçãO sOBRE ImPaCtOs

A Jornada Mundial da Juventu- mitê de organização local (COL) da evitar o consumo de água em gar-
ExEmPlOs

de levou à praia de Copacaba- JMJ focou na conscientização dos rafas plásticas descartáveis, sacolas
na, no Rio de Janeiro, cerca de 500 peregrinos sobre o acondiciona- biodegradáveis e instruções sobre
mil pessoas para assistir à missa do mento dos resíduos e, em parceria a importância ambiental e social da
Papa Francisco, em julho de 2013. com a World Wide Fund for Nature separação de resíduos. Isso foi ao
Ao todo foram geradas 345 tone- (WWF), promoveu como tema a sus- encontro da iniciativa da prefeitura Campanha de
ladas de resíduos durante os cinco tentabilidade no turismo e a preser- de organizar o primeiro sistema de conservação dos
recursos hídricos
dias do evento, segundo a Comlurb, vação de recursos naturais. coleta seletiva em um grande even-
feita pela WWF
empresa municipal fluminense res- A campanha de conscientiza- to público. Todo o material reciclá- para a Jornada
ponsável pela limpeza urbana. Em ção foi realizada com semanas de vel foi encaminhado às cooperati- Mundial da
comparação com a famosa festa de antecedência. Com palestras nas vas de catadores da cidade. Juventude

Réveillon daquele ano (2012/2013), dioceses participantes e peças pu- E, ao contrário do que foi pre-
realizada em apenas uma noite, os blicitárias nas redes sociais, a ONG senciado na festa de passagem de
peregrinos geraram 9% menos resí- produziu uma série de vídeos sobre ano em Copacabana, os funcioná-
duos e ainda destinaram 23 tonela- meio ambiente, água, biodiversida- rios da Comlurb foram surpreen-
das de materiais para a reciclagem de, mudanças climáticas e consumo didos: todos os resíduos gerados
no primeiro evento público a céu de energia sustentável. pelos peregrinos estavam organi-
aberto da cidade a contar com um Cada comitiva de participan- zados e acondicionados para faci-
plano municipal para coleta seletiva. tes recebeu antes do evento eco- litar a coleta, um cenário repetido
Isso só foi possível pois o co- bags, squeezes reutilizáveis para ao longo dos cinco dias do evento.

Conheça os
projetos de
bioenergia da Biodiesel na missa do Papa
Biotechnos
reduziu emissões de gases de efeito estufa
Os geradores do palco onde foi realizada a missa do Papa Francisco durante a Jornada Mundial
da Juventude foram movidos a biodiesel a partir de 5.000 litros de óleo de cozinha usado. Isto evitou a
contaminação de 60 milhões de litros de água (se o óleo fosse descartado na pia) e reduziu até 60% nas
emissões de gases de efeito estufa pelos geradores, ou 12,6 toneladas de carbono equivalente (CO2e).
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5 | RÉvEIllOn sUstEntÁvEl Em COPaCaBana 2014

C omemorações de réveillon Plano Municipal de

ExEmPlOs
acontecem em Copacabana
desde a década de 1950, quando
Gestão Integrada
pequenos grupos de praticantes de Resíduos Sólidos
de cultos de origem africana se (PMGIRS)
reuniam nesta praia para rituais
de celebração. A primeira queima O PMGIRS da cidade do Rio de Ja-
de fogos, patrocinada por um hotel neiro é válido para o período de 2012 a 2016.
da orla, ocorreu em 1976 . No início Tem como principais objetivos proteger
dos anos 90 , a prefeitura observou a saúde pública e o ambiente, incentivar a
o potencial de marketing do even- coleta seletiva para reciclagem, reduzir a
to, que já reunia aproximadamen- geração de resíduos, promover a reutiliza-
te um milhão de pessoas, e colocou ção de resíduos, alcançar as metas de redu-
o Réveillon no calendário oficial da ção de carbono e garantir a recuperação de
cidade, proporcionando grandes áreas degradadas. O Plano também define
shows e uma queima de fogos de as responsabilidades dos setores privado e
artifício mundialmente famosa. público na gestão de resíduos.
Desde então, todos os anos a As principais metas do Plano são a
cidade enfrenta um desafio com a coleta seletiva de resíduos orgânicos (10%
entrada de Ano Novo na praia de até 2016, 100% até 2020); coleta seletiva
Copacabana, acompanhada por 2 de materiais recicláveis (5% dos mate-
Leia na íntegra
milhões de pessoas. Nos últimos riais domésticos até 2013, 25% de todos
as diretrizes
cinco anos, mais de 600 toneladas da PMGIRS da os materiais públicos e privados até 2016);
de resíduos foram geradas, em cidade do Rio de disposição ambientalmente saudável,
média, a cada festa de Réveillon e Janeiro com ênfase na compostagem e recupera-
recolhidas em apenas uma única ção energética dos resíduos de podas de
noite, pois a partir das 10 horas da árvores (50% até 2016, 100% até 2020);
manhã do 1º de janeiro as praias frota terceirizada de varredores movida a
devem estar limpas para receber combustíveis renováveis ou híbridos (10%
novamente os turistas. até 2016, 100% até 2020).
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5 | RÉvEIllOn sUstEntÁvEl Em COPaCaBana 2014

A coleta seletiva é uma das importante, por exemplo, para a


ExEmPlOs

metas do Plano Municipal de Ges- implantação da coleta seletiva no


tão Integrada de Resíduos Sólidos Réveillon de 2013-2014. A dife-
e a Lei de Mudanças Climáticas do rença entre os eventos é que na
Rio de Janeiro, que visa mitigar ga- jornada da visita papal foram uti-
ses de efeito estufa e gerar trabalho lizados 11 ecopontos. No mais, não
e renda para os associados da Cen- houve metas específicas para a co-
tral de Triagem de Irajá, na zona leta seletiva do Réveillon de 2014,
norte da cidade. Na primeira edição apenas o objetivo de coletar o maior
da coleta seletiva do Réveillon, em volume possível de recicláveis e
2014, foram coletadas 12,5 tonela- atrair a atenção do cidadão cario-
das de resíduos recicláveis em 22 ca para o serviço de coleta seletiva
ecopontos instalados na praia . Os que a cidade oferece.
resíduos orgânicos foram destina-
dos para a compostagem e apenas
os rejeitos encaminhados para o
aterro sanitário de Seropédica.
O aprendizado da JMJ
(apresentada neste capítulo) foi

Lei Municipal de Mudanças Climáticas


A Lei Municipal de Mudanças Climáticas do Rio de Janeiro (5.248/2011)
estipulou metas de redução das emissões antrópicas de Gases de efeito
Estufa (GEE): 8% até 2012; 16% até 2016 e 20% até 2020, em relação ao Conheça a
Lei Municipal
nível de emissões do município no ano de 2005. Para tanto são previstas
de Mudanças
como ferramentas a reciclagem, a reutilização, o tratamento e a disposição Climáticas do
final de resíduos urbanos, preservando as condições sanitárias. Rio de Janeiro

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6 | CaRnaval dE RECIFE 2014 – tECnOlOgIa E açÕEs IntERatIvas dE sEnsIBIlIZaçãO

E ventos como o Ano Novo, a Festa de São João, o Festival Limpei Recife

ExEmPlOs
de Cinema e a Feira de Arte aquecem anualmente a
economia local de Recife, capital de Pernambuco e sua Desde 2013, os foliões do nio para reciclagem.
cidade mais populosa. Em especial destaque, o Carnaval é Carnaval de Recife também con- O desfile do bloco carna-
a mais significativa fonte de recursos e principal atrativo tribuem com a limpeza da cidade. valesco “3 R’s”, por exemplo, está
para turistas, movimentando, em 2014, R$ 787 milhões e A campanha de educação am- entre as iniciativas mais bem su-
recebendo cerca de 810 mil pessoas, o equivalente à me- biental “Limpei Recife”, também cedidas. Juntando a essência ale-
tade de sua população residente. realizada pela Prefeitura através gre da festa popular aos conceitos
Em 2014, preparada para lidar com a geração de re- da EMLURB, tem como objetivo de reduzir, reutilizar e reciclar, o
síduos de sua maior festa popular, a prefeitura de Recife, sensibilizar a população para a bloco atraiu foliões com brindes,
através da empresa municipal responsável pela limpeza, importância do descarte corre- como sombrinhas de frevo, más-
a EMLURB, contratou dois mil servidores para recolher os to dos resíduos. Fantasiados de caras, chocalhos, cartilhas e jogos
resíduos dos quatro dias de festa. Foram instalados 268 cestos coletores e identificados produzidos com materiais descar-
cestos e empregados cinco sugadores e três varredeiras pela campanha, os funcionários tados (caixas de papelão, garrafas
mecânicas, com a capacidade de varrer 2 km/h. da limpeza pública recebiam dos plásticas e latas de alumínio).
Porém, foram as campanhas sócio-educativas para foliões latinhas e garrafas plás- Com efeito, foram coleta-
a sensibilização da população e visitantes antes, durante ticas. E por cada item reciclável das 405 toneladas de resíduos
e depois do evento as iniciativas mais eficientes para a descartado corretamente um durante o Carnaval de 2014, uma
limpeza pública. adesivo era entregue, incentivan- redução significativa em relação
do o cuidado da cidade por seus ao ano anterior (425 toneladas).
visitantes e moradores. E, se forem considerados somen-
Apesar de simples, a ideia te os recicláveis, o resultado foi
Criança na Praça Brincando e Aprendendo permitiu a recuperação de quase ainda mais notável: sua recupe-
Voltado para o público infantil, o projeto tem como objetivo a 12 toneladas de plástico e alumí- ração dobrou de 2013 para 2014.
educação ambiental por meio da interatividade. Diversas atividades
lúdicas acontecem nas escolas públicas e em praças próximas às RECICLÁVEIS RECOLHIDOS
unidades de ensino, beneficiando cerca de 2 mil alunos ao longo do
PLÁSTICO (kg) ALUMÍNIO (kg)
ano. Durante o Carnaval, instrutores da EMLURB, em parceria com
a Secretaria de Educação, realizaram atividades sobre descarte e 2.420 9.340
coleta seletiva, conservação do mobiliário urbano e arborização. Fonte: Diretoria de Limpeza Urbana – EMLURB, 2014

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EmIssÕEs
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EVITANDO A EMISSÃO DE GASES DE


EFEITO ESTUFA EM EVENTOS
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EVITANDO A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM EVENTOS

C
om o contínuo aumento da de GEEs em proporções superiores
EmIssÕEs
Os principais GEE são o dióxido
concentração atmosférica de carbono (CO2) e o metano, ao crescimento populacional.
de GEE (gases de efeito es- sendo o metano quase 21 vezes A decomposição dos resídu-
tufa) desde a Revolução Industrial mais prejudicial que o CO2. os orgânicos em lixões e aterros
e o desenvolvimento dos processos O dióxido de carbono é emitido sanitários, ao fim do ciclo de vida
industriais no século XX, as mudan- principalmente pelo uso de de cada produto, gera biogás, uma
ças climáticas globais observadas combustíveis fósseis (petróleo, mistura gasosa com quase 50%
nas últimas décadas fizeram com carvão e gás natural). O que de metano, mais uma quantidade
que o Brasil e muitos outros países significa que a produção industrial quase semelhante de dióxido de
aderissem a tratados internacio- de bens, inclusive descartáveis, carbono e uma pequena parte de
nais, como a Convenção-Quadro e o transporte de produtos e, outras impurezas, como vapores
das Nações Unidas sobre Mudanças posteriormente, de resíduos d’água e de ácidos. Assim como os
Climáticas e o Protocolo de Kyoto. emitem dióxido de carbono. demais GEEs, ele pode ser expres-
De acordo com o Quarto Re- so em termos de massa de dióxido
latório do Painel Internacional das de carbono equivalente (CO2e).
Mudanças do Clima (IPCC, na sigla O biogás é emitido desde os
em inglês), os resíduos provenien- carbono equivalente). A atividade primeiros meses do aterramento
tes do pós-consumo contribuem agrícola foi a principal fonte (com do lixo até mais de cinco décadas
apenas com 5% das emissões 35%), enquanto o acúmulo de resí- depois. Essas emissões se tornam
globais de gases de efeito estufa. duos urbanos em aterros emitiu 49 mais intensas quanto maior a
Contudo, considerando que as ini- mil toneladas de CO2e (4%). Os es- quantidade de restos orgânicos,
Veja como
ciativas de manejo de resíduos são tudos que fundamentaram o inven- umidade e temperatura ambiente.
funciona
locais, sem a quantificação da mi- tário nacional de emissões entre os O aterramento dos resíduos uma usina de
nimização dos GEE, o impacto dos anos 1970 e a primeira década do corresponde a 23,5% do total de aproveitamento
resíduos na emissão global desses século XXI apontam que a geração metano emitido na cidade de São de biogás

gases pode estar subestimado. diária de resíduos urbanos per ca- Paulo, segundo a Secretaria de
No Brasil, segundo dados de pita dobrou no período. De forma Verde e Meio Ambiente. Uma das
2010, as emissões totais de GEE fo- que cresceram também as quan- alternativas para reduzir esses
ram de pouco mais de 1,2 milhão tidades coletadas e enviadas aos números é a instalação de ater-
de toneladas de CO2e (dióxido de aterros, o que acelera as emissões ros sanitários com sistemas de
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Rock in Rio, redução e compensação de emissões Como em São Paulo,outros

EmIssÕEs
60 munícipios – 25 deles no esta-
A organização do Rock in Rio 2011 distribuiu para todos os patrocinadores e fornecedores do do paulista – tem buscado eliminar,
festival um manual de boas práticas, que trazia dicas de como reduzir as emissões de CO2 para a recuperar ou usar a energia do
realização do evento. A liberação de gases que não pode ser evitada foi contabilizada e neutralizada metano. Grandes aterros podem
no próprio estado do Rio de Janeiro por meio de co-financiamento de projetos de sequestro de produzir eletricidade com base
carbono e de incentivo ao desenvolvimento de tecnologias de redução de emissões de GEEs. nele ou injetá-lo em gasodutos
próximos, já que o metano tem a
mesma composição química e igual
potencial energético do gás natu-
coleta desses gases em dutos ou gás. Funcionando desde 2007, a ral. Pequenos aterros, estações de
sua destruição pela queima, pas- planta gera por ano 200 mil MW, tratamento de efluentes ou instala-
siva ou ativa. suficientes para abastecer uma ções rurais com biodigestores, que
O biogás precisa ser puri- cidade de até 400 mil habitantes, geram quantidades menores de
ficado para se transformar em como Santos (SP). metano, podem produzir energia
combustível eficiente. Já o gás para consumo local.
metano pode ser aproveitado Tecnologias e sistemas de
para gerar energia. Este é o caso aproveitamento energético podem
do aterro sanitário desativado Sítio O exemplo reduzir emissões de forma direta
São João, em São Paulo, que, entre ou evitar uma geração significativa
1992 e 2009, recebeu uma média
de Vancouver de gases por meio de compostagem
de 175 mil toneladas de resíduos Em Vancouver, no Canadá, o controlada de resíduos orgânicos,
por mês, geradas por 4,5 milhões gás metano gerado no aterro por exemplo. Adicionalmente à
de pessoas (que habitam 1,2 mi- sanitário da cidade é usado redução da geração de resíduos,
lhão de domicílios) das zonas Sul para aquecer estufas públicas. a reciclagem e o reuso têm rele-
e Leste da capital paulista. Mesmo Além disso, o calor gerado vância para a redução indireta de
fora de operação, cerca de 20 mil naturalmente pelos gases emissões de gases de efeito estufa.
m3 de metano são extraídos por dos esgotos é utilizado para Coerente com a Política Na-
hora para gerar energia na maior calefação nos prédios públicos cional de Resíduos Sólidos, a Políti-
usina termoelétrica do país, a Bio- durante o inverno. ca Nacional de Mudanças Climáti-
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EVITANDO A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM EVENTOS

cas também incentiva a reciclagem, ção direta na escala do evento. Tanto As emissões
EmIssÕEs

definindo meta de reaproveita- que a Política Nacional de Mudanças


mento de resíduos sólidos em 20% Climáticas reconhece que a gestão
de CO2e na
para 2015. Com isso, significativas sustentável de resíduos é uma estra- Copa do Mundo
quantidades de energia e recursos tégia de mitigação dos GEEs. E, como de 2014
naturais deixarão de ser gastas na já foi abordado neste manual, devem
produção de bens. Neste sentido, ser priorizadas: O Ministério do Meio
possuem uma relação estreita com Ambiente desenvolveu
uma estratégia de mitigação de ga- • As ações educativas relativas à re- uma metodologia para
ses, uma vez que a diminuição do dução na geração de resíduos, es- projetar as emissões
volume de resíduos dispostos em pecialmente orgânicos, mais espe- de dióxido de carbono
aterros sanitários implica em redu- cificamente de sobras alimentares; geradas pela Copa do
ção das emissões. • A diminuição no esforço de trans- Mundo no Brasil: cerca de
Porém, além da atual preca- porte dos resíduos, privilegiando 1,4 milhão de toneladas,
riedade na gestão de resíduos e na alternativas de tratamento des- diretas e indiretas. As
escassez de dados sobre o tema, o centralizado e de destinação mais emissões diretas, cerca
principal desafio a ser superado próxima possível da geração; 60 mil toneladas são
nos próximos anos é suprir a falta • A compostagem (doméstica, insti- aquelas geradas com
de pessoal técnico preparado para tucional, comunitária e municipal), hospedagem, construção
pôr em prática as propostas conti- cuja emissão de CO2, pela decompo- e mobilidade. As indiretas
das na PNRS. Esses especialistas são sição aeróbica, é menos impactante são as emissões geradas
essenciais na elaboração de planos do que a de metano, que resultaria pelo transporte aéreo
municipais de gestão de resíduos da decomposição anaeróbica des- internacional e aquelas
sólidos que contenham os princípios tes resíduos em um aterro; não relacionadas a roteiros
de coleta seletiva e o dimensiona- • Reciclagem de qualquer material, definidos dentro das
mento de equipamentos para o cor- considerando que este processo cidades-sede.
reto tratamento e captura dos GEEs. consome menos energia (e, assim,
No momento, mais salutar requer menos combustíveis fós-
e sustentável do que aproveitar o seis) do que a produção a partir de
metano, todavia, é evitar sua gera- matéria-prima virgem.
70
C
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EmIssÕEs
71
anExOs
+
+ MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos

I – REGULAMENTO PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS PELOS PARCEIROS*

Considerando que: Geração de resíduos sólidos


ANEXOS

Deve-se buscar a menor geração possível de resíduos, pela adoção de


• a gestão sustentável de resíduos sólidos deve produtos, materiais e embalagens duráveis, retornáveis, reutilizáveis,
contribuir para aliviar os impactos socioambien- conforme descrito nos contratos com cada fornecedor.
tais da geração, transporte, destinação e dispo-
sição final dos resíduos;
• a legislação determina que os resíduos sejam Segregação
prioritariamente evitados e, se não, selecionados Todos os resíduos, desde a montagem à desmontagem do evento, deverão
para reutilização, reciclagem e compostagem, di- ser separados nas seguintes categorias:
minuindo a quantidade despejada em aterros e;
• todos os atores têm responsabilidade sobre os
categoria de resíduos coletor saco
resíduos gerados,
recicláveis: papel, papelão, jornal,
o revista, caixas longa vida, e peças e a definir transparente
(nome do evento) apresenta este regulamento a ser embalagens de plásticos, metal e vidro
seguido por todos os parceiros.
compostáveis: restos de alimentos,
serragem e resíduos marrom transparente
de áreas verdes e jardins

rejeito (não recicláveis):


guardanapos, embalagem de balas,
cinza cinza
chocolates. picolés e salgadinhos,
isopor, esponjas, bitucas

Resíduos cortantes, como cacos de vidro e louça, devem ser acondi-


* Adaptar/detalhar para fornecedores específicos, apoiadores
cionados de modo a evitar acidentes de trabalho e garantir a segurança
e patrocinadores. Por exemplo, para os serviços de dos funcionários de limpeza e descartado juntamente com o rejeito.
alimentação: o óleo de cozinha usado deve ser coletado em Todos os parceiros devem garantir recipientes para descarte seletivo
embalagens plásticas com tampa de rosca e destinado para
reciclagem pelo próprio gerador, e não despejado em ralos em sua área de trabalho, mesmo antes da instalação de cestos “oficiais”
ou nas redes de esgoto ou de águas pluviais. do evento.
74
MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos
+
Coleta e transporte Resíduos passíveis

ANEXOS
Os resíduos das atividades de mon- de logística reversa
tagem e desmontagem, devida- e perigosos
mente separados, deverão ser le- Os seguintes resíduos não podem
vados pelos próprios geradores até ser acondicionados nos coletores e
os locais de armazenamento, lo- sacos mencionados, mas em reci-
calizados no pientes específicos, para destina-
, ção pelo próprio gerador:
nos seguintes horários:
(a definir). • c artuchos de tinta de impressora;
Durante o evento, os resí- • resíduos de equipamentos ele-
duos serão coletados por equipe troeletrônicos;
contratada pela organização ape- • latas de tintas e solventes com
nas se estiverem devidamente sobras líquidas ou pastosas;
acondicionados, nos respectivos • lâmpadas fluorescentes, armaze-
sacos, fechados. nadas inteiras, nas embalagens
Será permitida a entrega dos originais, para evitar quebra;
resíduos diretamente nas áreas de •p  ilhas e baterias, em recipientes
armazenamento apenas nos se- fechados.
guintes horários:
(a definir). A saída destes resíduos deve
ser informada à organização do
evento, para fins de quantificação
e controle de destinação socioam-
bientalmente responsável, que
deve ser comprovada pelo gerador.
Cabe a cada fornecedor/ge-
rador orientar suas equipes para
o pleno atendimento deste regu-
lamento.
75
+
ANEXOS
MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos

II – Roteiro para o monitoramento da GESTÃO dos resíduos

Descarte √ Coleta √
Os cestos estão reunidos em duplas? O conteúdo dos cestos está sendo retirado em
sacos separados?
Os cestos estão íntegros, com suas respectivas
tampas? Os cestos são esvaziados antes de transbordarem?

Os cestos estão nos pontos definidos? A capacidade dos sacos está sendo bem
aproveitada?
Os cestos são suficientes em todos os pontos?
Os sacos suportam o peso dos resíduos?
Os cestos estão forrados com os sacos adequados
(tamanho e cor)? A retirada dos sacos é feita com facilidade?

Os cestos estão limpos?

A identificação dos cestos está visível?

O conteúdo de cada cesto está correto?

O material cortante está devidamente


acondicionado?

76
MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos
+

ANEXOS
Transporte interno √ Armazenamento √
Os cestos são de fácil acesso para a coleta? As áreas de armazenamento estão devidamente
identificadas?
O percurso do carrinho de transporte está livre?
As identificações estão visíveis mesmo com a área
O carrinho coletor está funcionando corretamente?
cheia de resíduos?
O transporte está sendo feito de modo a manter o
Cada depósito têm os resíduos corretos?
trajeto limpo?
As áreas de armazenamento estão limpas?
Os geradores estão transportando seus resíduos
nos horários determinados? Caixas de papelão estão desmontadas e
empilhadas?

Os resíduos estão sendo retirados antes de os


depósitos lotarem?

Os resíduos são retirados do armazenamento na


frequência e horários combinados?

Os veículos que retiram os resíduos transitam com


facilidade?

As equipes que retiram os resíduos estão


devidamente identificadas?

O responsável pela área de armazenamento está


sempre presente?

77

MANUAL PARA Gestão INTEGRADA E SUSTENTÁVEL de Resíduos Sólidos em Eventos

PUBLICAÇÕES

Acordo Setorial da Logística Reversa Panorama dos Resíduos Sólidos RATHJE, W. e MURPHY, C. Rubbish!
REFERÊNCIAS

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SILVA, C. S. Sustentabilidade na
Embalagens Descartáveis e o Lixo. Panorama dos Resíduos Sólidos Gestão de Resíduos dos Jogos
Sindicato Nacional da Indústria de no Brasil – 2013. Abrelpe, 2013. Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Cerveja – Sindicerv <http://goo.gl/EUTWtC> Programa de Pós Graduação em
<http://goo.gl/qYsuyK> Engenharia Ambiental da Universidade
Plano Municipal de Gestão do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade
Eventos com Zero Resíduos: Integrada de Resíduos Sólidos – de Engenharia.
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<http://goo.gl/jYK5U6> Prefeitura do Rio de Janeiro. Agosto
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Gestão Sustentável de Resíduos – Controlando Custos e Aumentando
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Visão dos Jogos de 2012 com Zero Waste, and Wallet. Journal of
Global Food Losses and Food Waste. Resíduos – Sistema de Gestão de Marketing, 26.set.2008.
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Reality. Commission for a Sustainable
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REFERÊNCIAS
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<http://goo.gl/GixUy6> Fim de Ano. Artigo de Antonio Silvio
Hendges. Ecodebate, 16.dez.2013.
Comlurb <http://goo.gl/8qocGP>
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<http://goo.gl/hMB6mq> Réveillon de Copacabana terá coleta
seletiva de lixo. Exame, 27.dez.2013.
Jepson Prairie Organics <http://goo.gl/xFUF8m>
Recology
<jepsonprairieorganics.com> Réveillon de Copacabana terá toque
ecológico para receber 2012. Globo
Lixo coletado em Copacabana após as Rural, 30.dez.2011.
festas da virada cresce 25%. National <http://goo.gl/RTIW8u>
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<http://goo.gl/KEzukP> Teste mostra que embalagens de
molhos e doces estão contaminadas
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Por um 2014 mais limpo. Veja Rio,


9.jan.2014.
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79
IDEALIZAÇÃO PROJETO APOIO PARCEIRO CONSULTORIA TÉCNICA

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