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QUARTA SESSÃO

Caso JOAQUINA

Objetivo: Continuação da Hora do Jogo Diagnóstica e Início da aplicação do Desenho Estória de Walter Trinca.

Relato de atendimento:

Encaminhamos Joaquina, então, para a sala de atendimento. Chegando lá, a mesma logo perguntou-nos
acerca do quebra-cabeça, o qual queria brincar já na sessão anterior, mas que acabamos combinando de jogar
nesta. Respondemos a ela que poderíamos jogar durante algum tempo, sem problemas. Concluímos
informando-a que na segunda parte da sessão, teríamos uma outra atividade. Logo, ela pegou a caixa de quebra-
cabeça, sentou no chão, chamou a estagiária para brincar, abriu a caixa e começou a espalhar as peças. De início,
Joaquina desconfiou que as peças que havia espalhado eram de mais de um quebra-cabeça. Com isso, ela
verificou na caixa que haviam 4 quebra-cabeças no total. Ela começou, então, a contar as peças. Mas,
entretanto, não terminou a contagem e já iniciou as tentativas de encaixe de peças. Ela ficava muito atenta para
encontrar os encaixes e, sempre que algumas peças se encaixavam, ela separava-as ao seu lado direito. Não
obstante, Joaquina olhava mais do que fixamente para as peças, ela as colocava bem de perto de seus olhos
(com as mãos), isso quando não se abaixava até bem próxima da altura do chão, para olhar mais de perto.

Após algum tempo de tentativas-erros-acertos de encaixes de peças, Joaquina fez uma pausa na
brincadeira e começou a cantar e dançar, ainda sentada, com os olhos fechados. Cerca de um minuto depois, ela
abre os olhos e retoma a brincadeira, continuando a cantar.

Ainda durante a brincadeira, ela começa a contar que sua prima foi a sua casa recentemente e que
ficava pegando seus brinquedos e jogando-os no chão. Joaquina relatou que não gostou disso e, enquanto
contava, fazia um sinal com as mãos, fechando os punhos com força, simulando um “murro”. Ela também
contou-nos, enquanto brincava, que no próximo sábado seria sua crisma.

Quando a mesma concluiu 30 minutos de Hora do Jogo Diagnóstica, havia conseguido montar um total
de 6 peças do quebra-cabeças. Foi explicado, então, que a partir daquele momento teríamos outra atividade
para ela fazer. Desta forma, pedimos que ela nos ajudasse a guardar todos os brinquedos na caixa, e ela aceitou.
Durante a guarda dos brinquedos, todos que ela pegava na mão, ficava olhando de perto por alguns segundos.
Quando pegou uma boneca parecida com um bebê, Joaquina abraçou-a e depois também encarou-a por alguns
segundos.

Ao fim da guarda dos brinquedos, pedimos que ela fizesse um desenho livre numa folha de papel sulfite
A4, disposta na mesa na posição horizontal, contendo ao lado: lápis de cor (cromáticos); lápis grafite número 2
(acromático); canetinhas hidrocor coloridas; giz de cera coloridos e apontador.

Quando ela começou a desenhar, fez um som com a boca como “cri cri” (de grilo) – a sala estava
silenciosa. Após emitir este som, Joaquina disse que estava com preguiça de desenhar, enquanto segurava o
lápis acromático em uma de suas mãos e olhava para os lados. Passado alguns minutos, ela iniciou seu desenho.

Já desenhando, Joaquina perguntou-nos se a clínica sempre foi clínica, ou se anteriormente era uma
casa. Dissemos à ela que antes era uma casa. Continuando sua fala, Joaquina mencionou uma novela que se
passa na Rede Globo, chamada “Além do Tempo”, em que uma mulher chamada Condessa Vitória II mora em
um casarão enorme. De repente, Joaquina para de desenhar e diz que todos que já moraram na clínica, quando
era uma casa, já morreram. Ela ainda frisou dizendo novamente “todos”. Em seguida, disse-nos que ouviu dizer
que a clínica é mal assombrada. Após este relato, Joaquina inicia um silêncio, enquanto segura o lápis grafite
(acromático) em uma das mãos, sem desenhar.

Posteriormente, ao fim do silêncio, Joaquina diz que Jo (sua irmã mais velha) a deu uma boneca que foi
encontrada na rua. Esta boneca, ela guarda a noite em um armário, com os braços em determinada posição.
Porém, quando acorda pela manhã, os braços da boneca estão diferentes, e ela no chão – Joaquina ainda
demonstrou as duas posições.

Em um breve momento de silêncio, a porta de entrada da sala de atendimento se abre sozinha (com a
força do vento) e bate na parede interna. Com isso, Joaquina se assusta e começa a dizer que acredita que aquilo
pode ter sido obra de uma pessoa que já morreu. Em seguida, a mesma acrescenta ainda que todos dizem que
sua casa é mal assombrada, e que ela já viu espíritos refletidos no espelho.

A todo momento Joaquina buscava assuntos e outras saídas para não desenhar. Hora não desenhava
porque estava contando-nos algum ocorrido, hora não desenhava porque estava em silêncio olhando para os
lados. Com isso, seu desenho demorou para progredir no desenvolvimento.

Entre um intervalo e outro de seu desenho, Joaquina começa a falar que discorda que já existiram
dinossauros no planeta Terra. Ela justificou a discordância dizendo que as mesmas pessoas que dizem que já
existiram dinossauros, dizem que eles foram extintos por conta de uma explosão que houve. Assim, Joaquina diz
que se tivesse existido, de fato, tal explosão, o planeta Terra estaria toda queimado até hoje. Logo, já que não
está queimado, não existiram dinossauros – senão eles estariam vivos ainda. Ela continua o assunto relacionado
à explosão, perguntando-nos se sabíamos que o planeta Marte sofreu uma explosão e é todo queimado
atualmente.

Em seguida e de repente, em outro intervalo de seu desenho, Joaquina muda de assunto, dizendo que
Davi matou Golias com uma espada no olho, dizendo ainda que poderíamos confirmar isso na página 288 da
Bíblia Sagrada. Neste momento, a porta da sala de atendimento se abre sozinha (com a força do vento), batendo
na parede interna, e Jamile nos encara.

Ela desenhou uma paisagem contendo duas montanhas, um pequeno lago, 4 árvores pequenas, 1 árvore
grande, um sol, um caminho ligando os extremos da esquerda e da direita da folha, um elefante e um pato com
seu filhote. Quando desenhava o pato com seu filhote e o elefante, Joaquina insistiu para lhe darmos uma
borracha, alegando não ter desenhado direito estes animais. Informamos à ela que poderíamos disponibilizar-
lhe uma outra folha de papel. Entretanto a mesma não quis, insistindo novamente para lhe darmos uma
borracha, pois disse estar com preguiça e cansada demais para iniciar novamente todo seu desenho. Por fim,
demos uma borracha à ela, porém ficamos observando cuidadosamente o que seria apagado. Perguntamos,
então, se ela gostava de elefante e ela respondeu que não, completando dizendo que gostava de onça e leão.
Em seguida, segurando o lápis verde na mão, disse-nos que seu primo desenha feio demais e depois queixou-se
de estar com preguiça de pintar – completando ser esta a pior parte.

Já pintando, Joaquina diz que pediu para sua mãe comprar um kit de louças de brinquedo, com
panelinhas. Ainda disse-nos que estava ansiosa para ganhá-lo o quanto antes.

Ao fim da sessão, ela ainda não tinha concluído sua obra. Assim, não realizamos o inquérito e ficamos de
continuar esta atividade na próxima sessão. Informamos a ela, então, que o nosso tempo havia se esgotado.
Desta forma, a estagiária se despediu de Joaquina e ela foi acompanhar até sua mãe. No entanto, antes de
descer as escadas, quis novamente fazer a brincadeira de se esconder de sua mãe em outra sala de
atendimento. A estagiária explicou mais uma vez acerca dos motivos dela não poder fazer aquilo e ambas
desceram ao encontro de sua mãe.

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