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Anotações sobre a alteração patrocinada pela LC 95, de 17/01/2007, que modificou as regras
atinentes aos servidores militares do Estado de Minas Gerais que praticam o crime militar de
deserção - conduta caracterizada como ato atentatório à honra pessoal e ao decoro da classe –
Lei 14.310/2002 artigo 64 inciso II:
Entretanto, a alteração que mais tem causado apreensão entre uma pequena parcela destes
servidores diz respeito à elevação da conduta do desertor como hipótese de demissão. Cabe, a
princípio, esclarecer que na seara do crime militar de deserção tudo permanece inalterado.
Abaixo, colacionamos a legislação federal que caracteriza abstratamente o que seja crime de
deserção:
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judiciária. Essas são breves linhas acerca do crime de deserção.
Lado outro, urge retomar a alteração que mais interessa, qual seja: a inserção da conduta de
deserção como hipótese de submissão do militar ao PAD (Processo administrativo
disciplinar).
O artigo 10 da Lei Complementar 95/2007 acrescentou ao Estatuto dos Militares o artigo 240-
A nos seguintes termos:
O apontado infrator da lei haverá de ser processado e julgado pela lei vigente à época do
delito praticado. O mesmo entendimento deve ser aplicado no que tange às transgressões
disciplinares. Somente se admite em nosso ordenamento jurídico a aplicação retroativa de
uma lei para beneficiar o infrator, jamais é admitida retroatividade para prejudicar, para
agravar pena ou sanção, para piorar o regime de cumprimento da pena aplicada ou ainda, para
criminalizar conduta anteriormente tida por lícita.
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CR/1988 - Art. 5º inciso XXXIX - não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal;
inciso XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
A vigência a partir de 18 de abril de 2007 foi determinada pela própria Lei Complementar 95
em seu artigo 20: Esta Lei Complementar entra em vigor noventa dias após a data de sua
publicação. Sendo certo que a publicação ocorreu em 18 de janeiro de 2007 no MINAS
GERAIS DIÁRIO DO EXECUTIVO.
Por fim, necessário se faz relembrar que o militar do Estado de Minas Gerais, servidor
público, se encontrava até o advento desta LC 95/2007 privilegiado em relação aos demais
servidores públicos e também em relação aos empregados da iniciativa privada. Estes, uma
vez configurado o abandono (deserção) do cargo ou emprego são demitidos por justa causa
sofrendo as perdas decorrentes do ato.
A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT prevê em seu artigo 482 letra “i” ser hipótese de
justa causa para rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador o abandono de
emprego pelo empregado. Caracteriza-se abandono de emprego o sumiço do empregado por
tempo igual a 30 (trinta) dias.
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Também a Lei 8112/1990 que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
União em seu artigo 138 delimita o mesmo prazo para a caracterização do abandono de cargo
nos seguintes termos:
Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço
por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.
* O conceito de deserção pode ser facilmente encontrado nos dicionários pátrios, a exemplo do
Houaiss Dicionário da Língua Portuguesa que fazemos anotar:
deserção:
abandono de lugar que se freqüentava por compromisso ou afinidade;
desistência, fuga, renúncia;
abandono;