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RECURSO ESPECIAL Nº 1994267 - SP (2022/0089435-6)

RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


RECORRENTE : LEILIMAR MENDES DE PAULA
ADVOGADO : ERICK ARAUJO DUARTE - SP376616
RECORRIDO : UNIÃO

DECISÃO

Trata-se de Recurso Especial, interposto por LEILIMAR MENDES DE PAULA,


contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, assim ementado:

"ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MILITAR


TEMPORÁRIO E VOLUNTÁRIO. PRORROGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
DIREITO SUBJETIVO. LIMITE DE IDADE. LEI Nº 13.954/2019.
INEXISTÊNCIA DE CONFIANÇA LEGÍTIMA E DE DIREITO ADQUIRIDO.
AUSÊNCIA DE ESTABILIDADE. LICENCIAMENTO EX OFFICIO. ATO
VINCULADO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES.
- A expressa referência feita a “limites de idade” no art. 142, §3º, X, da ordem
constitucional de 1988, impediu a recepção da parte final do art. 10, caput,
da Lei nº 6.880/1980, razão pela qual decretos regulamentares e demais
atos normativos da administração militar não podem mais cuidar desse tema
submetido à reserva absoluta de lei. Os limites etários previstos no art. 5º da
Lei nº 4.375/1964 ficaram restritos ao serviço militar temporário e obrigatório
em tempo de paz, e foram consideradas inválidos decretos regulamentares
que estabeleceram idade máxima para a prorrogação no serviço militar
temporário e voluntário. Precedentes do E.STF (RE 600885, Tema 121) e
deste E.TRF.
- Ocorre que sobreveio a Lei nº 13.954/2019, dando nova redação ao art. 27
da Lei nº 4.375/1964, cumprindo a exigência de lei ordinária (art. 142 § 3º, X,
da Constituição) para estabelecer limite etário para ingresso e para a
permanência no serviço militar temporário e voluntário (como praças ou
oficiais), assim como tempo máximo de 96 meses de duração (em qualquer
Força Armada).
- As disposições da Lei nº 13.954/2019 são aplicáveis desde sua publicação
(DOU de 17/12/2019, inclusive), de tal modo que a partir de então a
administração militar está vinculada aos limites legais para prorrogações do
serviço militar temporário e voluntário. Ainda que a admissão do militar tenha
se dado anteriormente à edição da Lei nº 13.954/2019, os respectivos editais
e processos seletivos têm contínua subordinação à lei, mesmo porque os
atos administrativos de efeito concreto devem obedecer os comandos
normativos vigentes no momento em que são elaborados.
- O engajamento e o reengajamento não são meras extensões de um único
ato administrativo anterior regido pela legislação vigente ao tempo do
processo seletivo, pois configuram atos administrativos independentes
embora relacionados entre si, de modo que cada ato fica sujeito à

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conformação normativa vigente ao tempo em que é realizado.
- Não há confiança legítima assegurando a permanência do interessado no
serviço militar temporário e voluntário quando a lei ordinária expressamente
proíbe prorrogações e seus correspondentes engajamentos e
reengajamentos. Muito menos há direito adquirido porque cada prorrogação
é um ato administrativo que deve ser executado segundo a legislação
vigente no momento em que é avaliada, não podendo ser contrário à lei
vigente quando é praticado.
- Mesmo as redações anteriores da Lei nº 4.375/1964 e da Lei nº 6.880/1980
não asseguravam direito subjetivo à permanência no serviço militar
temporário e voluntário.
O art. 33, §2º, da Lei nº 4.375/1964 (na redação dada pela Lei nº
13.954/2019) apenas deixou expresso o entendimento já afirmado no sentido
de que a administração militar sempre teve discricionariedade para avaliar a
permanência do temporário e voluntário no serviço militar (salvo hipóteses de
atos vinculados à lei, por óbvio). Mas com as novas redações dadas pela Lei
nº 13.954/2019 ao art. 27 da Lei nº 4.375/1964 e ao art. 121, §3º, “d”, da Lei
nº 6.880/1980, o licenciamento de militar temporário e ex officio voluntário é
ato administrativo vinculado quanto aos limites etários, e o Poder Judiciário
não pode impor prorrogações além das previstas em legítima legislação
específica.
- No caso dos autos, servidora militar não alcançou a estabilidade no serviço
militar porque tem menos de 10 anos de efetivo serviço (art. 50, IV, “a” da Lei
nº 6.880/1980). Consta que o licenciamento da autora-apelada previsto para
ocorrer, ao cabo do tempo de serviço concedido, após completar 45 anos em
11/03/2020, é posterior à edição da Lei nº 13.954/2019, que alterou a
redação dada ao art. 27 da Lei do Serviço Militar, estabelecendo-se o limite
etário de 45 anos para permanência no serviço ativo.
- Não se revela mácula no licenciamento da servidora militar, efetivado nos
termos previstos na legislação de regência, não se renovando o período de
serviço voluntário, pois não há direito subjetivo do militar temporário ao
reengajamento.
- Constatada a omissão do acórdão quanto ao limite etário para permanência
do servidor militar no serviço ativo temporário e voluntário, estabelecido pelo
art. 27 da Lei nº 4.375/1964, em sua novel redação, atribui-se ao presente
recurso efeitos infringentes para dar provimento à apelação interposta pela
União.
- Embargos de declaração providos" (fls. 732/733e).

O acórdão em questão foi objeto de Embargos de Declaração (fls. 741/744e), os


quais restaram acolhidos / rejeitados, nos termos da seguinte ementa:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO.


OBSCURIDADE.
INEXISTÊNCIA.
- A argumentação do embargante revela a pretensão de rediscussão de
teses e provas, com clara intenção de obter efeitos infringentes.
- Conforme entendimento jurisprudencial, o recurso de embargos de
declaração não tem por objeto instauração de nova discussão sobre a
matéria já apreciada.
- Também são incabíveis os embargos de declaração para fins de
prequestionamento com o objetivo de viabilizar a interposição de recurso às
superiores instâncias, se não evidenciados os requisitos do art. 1.022 do

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Código de Processo Civil.
- Frise-se que o “órgão julgador não é obrigado a rebater, um a um, todos os
argumentos trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram.
Deve apenas enfrentar a demanda, observando as questões relevantes e
imprescindíveis à sua resolução”. Precedentes.
- O acórdão é claro, não havendo qualquer omissão, obscuridade ou
contradição a ser suprida.
- O Parecer nº 00341/2020/CONJUR-MD/CGU/AGU, de 04/06/2020, em
nada altera o entendimento esposado. Por primeiro, porque se trata de
parecer administrativo, que não se sobrepõe à disposição legal. Por
segundo, porque o processo seletivo (Estágio de Adaptação Técnico - EAT),
no qual a embargante foi aprovada, já havia sido devidamente concluído,
inclusive com a incorporação da recorrente às fileiras da Força Aérea
Brasileira a contar de 11/08/2014. Assim, não há que se falar em aplicação
do referido parecer ao caso dos autos.
- Embargos de declaração não providos" (fl. 848e).

Nas razões do Recurso Especial, interposto com base no art. 105, III, a, da
Constituição Federal, a parte ora recorrente aponta violação a nova redação do art. 27
da Lei 4.375/64, alterada pela Lei 13.954/2019, sustentando que, "conquanto o art. 5º
da Lei 4.375/64 não estabelecesse limite de idade para permanência de militares
temporários nas Forças Armadas, o advento da nova redação do art. 27 da Lei do
Serviço Militar, alterado pela Lei 13.954/2019, passou a estabelecer tal limite etário,
que, em seu entendimento, seria inaplicável aos militares que ingressaram antes de
sua entrada em vigor, e que foram admitidos em processos seletivos já
finalizados, como é o caso da autora" (fl. 875e).
Alega que, "Em PARECER n. 00341/2020/CONJUR- MD/CGU/AGU, de
04/06/2020 a própria CONSULTORIA JURÍDICA DO MINISTÉRIO DA DEFESA
sedimentou entendimento de que, em relação aos limites de idade estabelecidos
pela Lei 13.954/2019, '(...) a Administração Pública pode alterar as
condições do certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à
nova legislação aplicável à espécie desde que o concurso ainda não esteja
concluído e homologado'” (fl. 879e).
Argumenta, assim, que "o limite de idade previsto na nova redação do art.
27 da Lei nº 4.375/64 (instituído pela Lei nº 13.954/2019) não pode ser aplicado
a autora, pois esta foi empossada e incorporada nas fileiras da Aeronáutica
anteriormente ao início da vigência da nova lei, tendo sido aprovado em
processo seletivo já finalizado e homologado e que foi regido por Edital instituído
pela PORTARIA DIRAP Nº 5.639– T/SAPSM, de 06 de novembro de 2017" (fl.
880e).
Por fim, requer "seja o presente Recurso Especial recebido e processado, e que,
ao final, seja este provido, para o fim de reconhecer a afronta ao dispositivo de lei

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federal, ora suscitada, e para reformar o acórdão reprochado, nos termos da lei", bem
como que "seja concedido EFEITO SUSPENSIVO ATIVO ao presente Recurso
Especial, com fundamento no art. 995, parágrafo único da Lei 13.105/2015, para o fim
de determinar que a recorrida se abstenha de licenciar ou de impedir a prorrogação do
tempo de serviço da recorrente, ao exclusivo fundamento do atingimento da idade
de 45 anos, e para determinar sua imediata reintegração aos quadros da Aeronáutica e
o pagamento de seus vencimentos mensais (caso o presente requerimento seja
apreciado após o seu desligamento), até final julgamento" (fl. 894e).
Contrarrazões a fls. 915/933e.
Em juízo de retratação, o Colegiado a quo manteve a conclusão do
acórdão recorrido, eis que, "diante da edição da Lei nº 13.954/2019, que
dispõe sobre o limite etário para ingresso e permanência no serviço militar
temporário e voluntário, resta superada a Tese firmada pelo E.STF no Tema
121: “Não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988 a expressão
“nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica” do art. 10 da Lei
6.880/1980, dado que apenas lei pode definir os requisitos para ingresso nas
Forças Armadas, notadamente o nos termos do art. 142, § 3º, X, da Constituição
de 1988. Descabe, requisito de idade, portanto, a regulamentação por outra
espécie normativa, ainda que por delegação legal” (fl. 987e).
O Recurso Especial foi admitido pelo Tribunal de origem (fls. 1.010/1.016e).
Antes de apreciar o pedido de concessão de efeito suspensivo, foi aberta
vista ao Ministério Público Federal, que opinou pelo não conhecimento ou
desprovimento do recurso, em parecer assim ementado:

"RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. MILITAR (ASPIRANTE-A-


OFICIAL DO QUADRO DE OFICIAIS DA RESERVA DE 2ª CLASSE
CONVOCADOS (QOCON), DO CORPO DE OFICIAIS DA ATIVA DA
AERONÁUTICA, NA ESPECIALIDADE CIÊNCIAS CONTÁBEIS.
PRETENSÃO DE PRORROGAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO. LIMITE
ETÁRIO IMPOSTO POR LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE (LEI Nº
13.954/2019). LEGALIDADE DO LICENCIAMENTO DA SERVIDORA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 7/STJ. Parecer pelo não conhecimento do recurso especial ou pelo
seu desprovimento" (fl. 1.047e).

A irresignação não merece conhecimento.


Na origem, trata-se de Ação Ordinária, ajuizada por LEILIMAR MENDES
DE PAULA, em face da UNIÃO, com o objetivo de, "resguardada a análise
discricionária do ato de licenciamento, determinar que a ré se abstenha de
licenciar ou de impedir a prorrogação do tempo de serviço da autora, ao

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exclusivo fundamento do atingimento da idade de 45 anos" (fl. 28e).
A sentença julgou procedente o pedido, para "determinar à ré se abstenha
de licenciar ou de impedir a prorrogação do tempo de serviço da pedido autora,
ao exclusivo fundamento do atingimento da idade de 45 anos" (fls.
571/574e).
Em Apelação da UNIÃO, primeiramente, o Tribunal de origem manteve a
sentença (fls. 653/679e). Contudo, em sede de Embargos de Declaração, a
referida Apelação foi provida, aos seguintes fundamentos:

"Observo que não há no julgado referência específica ao art. 27 da Lei nº


4.375/1964, com a redação dada pela Lei nº 13.954/2019, que estabeleceu
expressamente o limite etário de 45 anos para o serviço militar ativo,
temporário e voluntário, conforme alegado pela embargante, apesar de a ter
sido suscitada quaestio em razões de apelação.
Assim, diante da omissão do julgado no que concerne ao citado dispositivo
legal, passo à reapreciação da matéria trazida a lume pela embargante nos
aclaratórios.
(...)
Regido basicamente pela Lei nº 4.375/1964, o serviço temporário e
obrigatório pode ser exigido de todos os brasileiros com 18 anos de idade
(denominado “serviço militar inicial”), e também de pessoas qualificadas
como médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários que não tenham
prestado o serviço inicial obrigatório no momento da convocação de sua
classe (por adiamento ou dispensa de incorporação), as quais deverão
prestar o serviço militar no ano seguinte ao da conclusão do respectivo curso
ou após a realização de programa de residência médica ou pós-graduação.
Já o serviço militar temporário e voluntário é prestado por qualquer pessoa
(reservista ou não) que tenha documento comprobatório de situação militar,
homens e mulheres, que não se enquadram como “caráter obrigatório”,
observados demais requisitos regulamentares do Comando de cada uma
das Forças Armadas; nessa situação estão oficiais ou praças, incluindo
médicos, farmacêuticos, dentistas, veterinários e demais profissionais com
reconhecida competência técnico-profissional ou notório saber científico.
Em geral, o ingresso no serviço militar temporário tem várias fases. No
recrutamento para o serviço militar obrigatório inicial, conforme a Lei nº
4.375/1964 e disposições regulamentares, há: convocação (ato pelo qual os
brasileiros são chamados para a prestação do serviço); alistamento (ato
prévio e obrigatório, à seleção, no ano em que o brasileiro completa 18 anos
de idade); seleção (dentre os conscritos, são escolhidos os que melhor
atendam às necessidades das Forças Armadas); distribuição (baseada nas
necessidades das Organizações Militares); designação (ato pelo qual o
conscrito toma conhecimento oficial da sua distribuição, se designado para
determinada Organização Militar ou incluído no excesso de contingente); e
incorporação (inclusão do convocado ou voluntário em uma Organização
Militar da Ativa) ou matrícula (inclusão a certos Órgãos de Formação da
Reserva, após uma seleção complementar). Os refratários (aquele que não
se apresentar durante a época de seleção do contingente de sua classe ou
que se ausentar sem a ter completado) e os insubmissos (aquele que,
convocado selecionado e designado para incorporação ou matrícula, que

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não se apresentar à Organização Militar dentro do prazo marcado ou que se
ausentar antes do ato oficial de incorporação ou matrícula) estão sujeitos às
penalidades previstas na Lei nº 4.375/1964 e no Código Penal Militar. Já
para serviço militar temporário voluntário (como oficial ou praça),
reservistas ou não, o ingresso no serviço ativo está submetido a
processo seletivo simplificado para comprovação de habilitação e
especialização exigidas para os cargos a desempenhar.
O militar temporário (obrigatório ou voluntário) atende a vários propósitos de
racionalização do serviço público, dentre eles a interação entre a sociedade
civil e o ambiente militar, a qualificação de cidadãos para eventual
mobilização e também a economicidade (por ser notório o maior custo se
mantido o efetivo sempre com militar de carreira).
Quanto à duração, o art. 5º e seguintes da Lei nº 4.375/1964 estabeleceram
o prazo de 12 meses como regra geral para o serviço militar temporário
obrigatório inicial em tempo de paz (contados do momento da
incorporação), podendo ser reduzido ou ampliado por atos normativos
regulamentares da administração militar competente (vale dizer, não se de
matéria subordinada à reserva absoluta mas sim à reserva relativa de lei). Já
a duração do serviço militar temporário voluntário depende dos
fundamentos normativos e administrativos da correspondente
autorização de ingresso.
O período de duração do serviço militar temporário obrigatório e do
voluntário pode ser prorrogado, conforme previsto no art. 33 dessa Lei
nº 4.375/1964 (com as alterações da Lei nº 13.954/2019):
(...)
Assim, o militar temporário integra o efetivo das Forças Armadas em caráter
transitório e se submete aos ditames da Lei 4.375/1964, da Lei nº
6.880/1980 e demais aplicáveis, sem estabilidade na carreira; após concluir
o tempo a que estiver obrigado, poderá pedir prorrogação (uma ou mais
vezes), daí permanecendo como engajados ou reengajados. A
concessão da prorrogação do tempo de serviço além do previsto está
submetida à discricionariedade da autoridade militar competente, cujos
limites estão na Constituição, na legislação ordinária e também em atos
normativos hierárquicos da administração militar (especialmente do
Comando de cada uma das Forças Armadas), respeitados os âmbitos
próprios da reserva absoluta (estrita legalidade) ou da reserva relativa
de lei (legalidade).
Já a exclusão do serviço ativo das Forças Armadas (com consequente
desligamento e inatividade) pode se dar por vários motivos, elencados no art.
94 da Lei 6.880/1980: transferência para a reserva remunerada (art. 96 e
seguintes, podendo ser suspensa na vigência do estado de guerra, estado
de sítio, estado de emergência ou em caso de mobilização); reforma (art.
104 e seguintes, marcando o desligamento definitivo); demissão de oficiais
(art. 115 e seguintes, com ou sem indenização das despesas efetuadas pela
União com a sua preparação, formação ou adaptação); perda de posto e
patente (art. 118 e seguintes, em casos de o oficial ser declarado indigno ou
incompatível ao oficialato); licenciamento (art. 121 e seguintes, para militares
de carreira, da reserva ou temporários, após concluído o tempo de serviço,
por conveniência do serviço, ou também a bem da disciplina e outras
hipóteses legais); anulação de incorporação ou desincorporação da praça
(art. 124, em casos de interrupção do serviço militar ativo previstas na
legislação); exclusão da praça a bem da disciplina (art. 125 e seguintes,
mesmo que o militar tenha estabilidade assegurada, em caso de infrações
descritas na legislação); deserção (art. 128, atrelada à tipificação criminal

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correspondente); falecimento (art. 129); e extravio (art. 130, em casos de
desaparecimento do militar). O marco temporal do desligamento é a
publicação do ato oficial correspondente em Diário Oficial, em Boletim ou em
Ordem de Serviço de sua organização militar, e não poderá exceder 45 dias
da data da primeira publicação oficial; ultrapassado o prazo, o militar será
considerado desligado da organização a que estiver vinculado, deixando de
contar tempo de serviço, para fins de transferência para a inatividade.
Nesse contexto emerge a expressa referência feita a “limites de idade”
no art. 142, §3º, X, da ordem constitucional de 1988, que impediu a
recepção da parte final do art. 10, caput, da Lei nº 6.880/1980, razão pela
qual decretos regulamentares e demais atos normativos da
administração militar não podem mais cuidar desse tema submetido à
reserva absoluta de lei. Os limites etários previstos no art. 5º da Lei nº
4.375/1964 ficaram restritos ao serviço militar temporário e obrigatório
em tempo de paz, e foram considerados inválidos decretos
regulamentares que estabeleceram idade máxima para a prorrogação
no serviço militar temporário e voluntário.
Porque o motivo é elemento do ato administrativo que diz respeito aos
pressupostos de fato e de direito que amparam sua produção, a orientação
jurisprudencial se firmou pela não-recepção da parte final do art. 10, caput,
da Lei nº 6.880/1980, e também pela invalidade de decretos regulamentares
e demais atos da administração que impunham proibições de engajamentos
e reengajamentos com motivo determinante apenas no limite máximo de
idade, em vista da violação à reserva absoluta de lei exigida pelo art. 142,
§3º, X, da Constituição. Nesse sentido, trago à colação os seguintes julgados
do E.STF e deste E.TRF:
(...)
Nesse RE 600885, além de modular prospectivamente os efeitos da não-
recepção (porque foi mantida a validade dos limites de idade fixados
em editais e regulamentos fundados no art. 10 da Lei nº 6.880/1980 até
31/12/2011), o E.STF firmou a seguinte Tese no Tema 121: de “Não foi
recepcionada pela Constituição da República 1988 a expressão “nos
regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica” do art. 10 da
Lei 6.880/1980, dado que apenas lei pode definir os requisitos para
ingresso nas Forças Armadas, notadamente o requisito de idade, nos
termos do art. 142, § 3º, X, da Constituição 1988. Descabe, portanto, a
regulamentação por outra espécie de normativa, ainda que por
delegação legal”. Obs: Redação da tese aprovada nos termos do item 2
da Ata da 12ª Sessão Administrativa do STF, realizada em 09/12/2015.
(...)
Ocorre que sobreveio a Lei nº 13.954/2019, dando nova redação ao art.
27 da Lei nº 4.375/1964, cumprindo a exigência de lei ordinária (art. 142
§ 3º, X, da Constituição) para estabelecer limite etário para ingresso e
para a permanência no serviço militar temporário e voluntário (como
praças ou oficiais), assim como tempo máximo de 96 meses de duração
(em qualquer Força Armada):
(...)
As disposições da Lei nº 13.954/2019 são aplicáveis desde sua
publicação (DOU de 17/12/2019, inclusive), de tal modo que a partir de
então a administração militar está vinculada aos limites legais para
prorrogações do serviço militar temporário e voluntário. Ainda que a
admissão do militar tenha se dado anteriormente à edição da Lei nº
13.954/2019, os respectivos editais e processos seletivos têm contínua
subordinação à lei, mesmo porque os atos administrativos de efeito

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concreto devem obedecer os comandos normativos vigentes no
momento em que são elaborados.
O engajamento e o reengajamento não são meras extensões de um
único ato administrativo anterior regido pela legislação vigente ao
tempo do processo seletivo, pois configuram atos administrativos
independentes embora relacionados entre si, de modo que cada ato fica
sujeito à conformação normativa vigente ao tempo em que é realizado.
Não há confiança legítima assegurando a permanência do interessado no
serviço militar temporário e voluntário quando a lei ordinária expressamente
proíbe prorrogações e seus correspondentes engajamentos e
reengajamentos. Muito menos há direito adquirido porque cada prorrogação
é um ato administrativo que deve ser executado segundo a legislação
vigente no momento em que é avaliada, não podendo ser contrário à lei
vigente quando é praticado.
Mesmo as redações anteriores da Lei nº 4.375/1964 e da Lei nº 6.880/1980
não asseguravam direito subjetivo à permanência no serviço militar
temporário e voluntário. O art. 33, §2º, da Lei nº 4.375/1964 (na redação
dada pela Lei nº 13.954/2019) apenas deixou expresso o entendimento
já afirmado no sentido de que a administração militar sempre teve
discricionariedade para avaliar a permanência do temporário e
voluntário no serviço militar (salvo hipóteses de atos vinculados à lei,
por óbvio). O licenciamento de militar pela administração pública podia e
ainda pode se dar por motivo diverso do limite máximo de idade,
notadamente conveniência da administração, independentemente de
qualquer justificativa e de processo administrativo disciplinar em que sejam
assegurados o contraditório e a ampla defesa (exigíveis apenas se o
licenciamento se der a bem da disciplina, por constituir, neste caso, espécie
de sanção disciplinar).
(...)
Mas com as novas redações dadas pela Lei nº 13.954/2019 ao art. 27 da
Lei nº 4.375/1964 e ao art. 121, §3º, “d”, da Lei nº 6.880/1980, o
licenciamento ex officio de militar temporário e voluntário é ato
administrativo vinculado quanto aos limites etários, e o Poder
Judiciário não pode impor prorrogações além das previstas em legítima
legislação específica.
No caso dos autos, servidora militar não alcançou a estabilidade
no serviço militar porque tem menos de 10 anos de efetivo serviço (art.
50, IV, “a” da Lei nº 6.880/1980).
Consta que a militar Leilimar Mendes de Paula, nascida em 11/03/1975,
foi incorporada às fileiras da Força Aérea Brasileira, como Aspirante-a-
Oficial do Quadro de Oficiais da Reserva de 2ª Classe Convocados
(QOCON), do Corpo de Oficiais da Ativa da Aeronáutica, na
especialidade Ciências Contábeis, para a prestação do serviço militar
temporário, mediante a realização do Estágio de Adaptação Técnico
(EAT), a contar de 11/08/2014.
Relata a autora, na petição inicial, que estava da iminência de ser
licenciada do serviço militar ativo, porque atingiria o limite etário de 45
anos em 11/03/2020. Alega que a exclusão de militar temporário em
razão do limite ex officio máximo de idade não tem amparo em lei em
sentido estrito.
Contudo, verifica-se que o licenciamento da autora-apelada previsto
para ocorrer, ao cabo do tempo de serviço concedido, após completar
45 anos em 11/03/2020, é posterior à edição da Lei nº 13.954/2019, que
alterou a redação dada ao art. 27 da Lei do Serviço Militar,

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estabelecendo-se o limite etário de 45 anos para permanência no
serviço ativo.
Destarte, não se revela mácula no licenciamento da servidora militar,
efetivado nos termos previstos na legislação de regência, não se
renovando o período de serviço voluntário, pois não há direito subjetivo
do militar temporário ao reengajamento.
Assim, constato a omissão do acórdão quanto ao limite etário para
permanência do servidor militar no serviço ativo temporário e voluntário,
estabelecido pelo art. 27 da Lei nº 4.375/1964, em sua novel redação, e
atribuo ao presente recurso efeitos infringentes para dar provimento à
apelação interposta pela União, nos termos da fundamentação supra.
(...)
Diante do exposto, aos embargos de declaração, para DOU PROVIMENTO
reconhecer a omissão alegada e, por conseguinte, dar provimento à
apelação interposta pela União, a fim de reconhecer a legalidade do
licenciamento da servidora militar com fundamento no limite etário de 45
anos previsto no art. 27 da Lei do Serviço Militar, com as alterações da Lei nº
13.954/2019" (fls. 721/729e).

Em sede de Aclaratórios, o Tribunal de origem ainda consignou que "a


questão trazida pelo embargante em sua manifestação (juntada do documento id
155323823), relativa ao Parecer nº 00341/2020/CONJUR-MD/CGU/AGU, de
04/06/2020. O citado documento em nada altera o entendimento esposado. Por
primeiro, porque se trata de parecer administrativo, que não se sobrepõe à
disposição legal. Por segundo, porque o processo seletivo (Estágio de
Adaptação Técnico - EAT), no qual a embargante foi aprovada, já havia
sido devidamente concluído, inclusive com a incorporação da recorrente
às fileiras da Força Aérea Brasileira a contar de 11/08/2014. Assim, não há
que se falar em aplicação do referido parecer ao caso dos autos" (fl. 863e).
Daí a interposição do presente Recurso Especial.
Com efeito, antes da vigência da Lei 13.654/2019, o entendimento firmado
pelo Supremo Tribunal Federal, no RE 600.855/RS (Rel. Ministra CÁRMEN LÚCIA,
Tribunal Pleno, DJe de 01/07/2011), orienta-se no sentido da não recepção da
expressão "nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica' do art. 10 da
Lei n. 6.880/1980", de maneira a ser ilegal a estipulação de requisitos do cargo, como a
limitação etária, em ato normativo infralegal.
No caso, entretanto, a Corte de origem, ao analisar a controvérsia,
asseverou que "as disposições da Lei nº 13.954/2019 são aplicáveis desde
sua publicação (DOU de 17/12/2019, inclusive), de tal modo que a partir de
então a administração militar está vinculada aos limites legais para
prorrogações do serviço militar temporário e voluntário. Ainda que a
admissão do militar tenha se dado anteriormente à edição da Lei nº

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13.954/2019, os respectivos editais e processos seletivos têm contínua
subordinação à lei, mesmo porque os atos administrativos de efeito
concreto devem obedecer os comandos normativos vigentes no momento
em que são elaborados. O engajamento e o reengajamento não são meras
extensões de um único ato administrativo anterior regido pela legislação
vigente ao tempo do processo seletivo, pois configuram atos administrativos
independentes embora relacionados entre si, de modo que cada ato fica sujeito
à conformação normativa vigente ao tempo em que é realizado" e, ainda, que
"as novas redações dadas pela Lei nº 13.954/2019 ao art. 27 da Lei nº
4.375/1964 e ao art. 121, §3º, “d”, da Lei nº 6.880/1980, o licenciamento ex
officio de militar temporário e voluntário é ato administrativo vinculado
quanto aos limites etários, e o Poder Judiciário não pode impor
prorrogações além das previstas em legítima legislação específica" (fl. e).
Contudo, tais fundamentos não foram impugnados pela parte recorrente,
nas razões do Recurso Especial. Incide, portanto, na hipótese, a Súmula
283/STF, que dispõe: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão
recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não
abrange todos eles".
A propósito:

"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. AÇÃO REVISIONAL CUMULADA COM
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ART. 535 DO CPC/1973. VIOLAÇÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. FUNDAMENTO SUFICIENTE. IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA. AUSÊNCIA. SÚMULA Nº 283/STF. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. FASE LIQUIDAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA Nº
568/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e
3/STJ).
2. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem
motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a
aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido
pretendido pela parte.
3. A ausência de impugnação de um fundamento suficiente do acórdão
recorrido enseja o não conhecimento do recurso, incidindo o enunciado
da Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal.
4. É possível a fixação de honorários advocatícios na fase de liquidação de
sentença com caráter contencioso. Precedentes.
5. Agravo interno não provido" (STJ, AgInt no AREsp 864.643/PR, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe de
20/03/2018).

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Frise-se que "a mera reiteração das razões recursais sem a impugnação
específica de todos os fundamentos da decisão agravada inviabiliza o exame do
recurso" (STJ, AgInt nos EAREsp 1.157.501/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO,
SEGUNDA SEÇÃO, DJe de 22/08/2019).
Confira-se, a propósito, o seguinte julgado monocrático: STJ, REsp
2.003.406/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, DJe de 22/06/2022.
Ante o exposto, com fundamento no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, não
conheço do Recurso Especial, restando prejudicado o exame do pedido de
liminar.
Em atenção ao disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015 e no Enunciado
Administrativo 7/STJ ("Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a
partir de 18 de março de 2016 será possível o arbitramento de honorários
sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do NCPC"), majoro os honorários
advocatícios em 10% (dez por cento) sobre o valor a ser arbitrado, levando-se em
consideração o trabalho adicional imposto ao advogado da parte recorrida, em virtude
da interposição deste recurso, respeitados os limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º do
art. 85 do CPC/2015.
I.

Brasília, 23 de junho de 2022.

Ministra ASSUSETE MAGALHÃES


Relatora

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