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ESTADO DE GOIÁS

PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO
GABINETE

PROCESSO: 202200002050614
INTERESSADO: @nome_interessado_maiusculas@
ASSUNTO: LEI Nº 20.946/2020 - TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA A
PEDIDO.

DESPACHO Nº 616/2022 - GAB

DIREITO MILITAR. INATIVIDADE. TRANSFERÊNCIA PARA


RESERVA REMUNERADA A PEDIDO. EC. 103/2019. LEI Nº
13.954/2019. LEI Nº 20.946/2020. TEMPO DE SERVIÇO.
AVERBAÇÃO. CONTAGEM. UTILIZAÇÃO. DISTINÇÕES.
ATIVIDADE SEM NATUREZA MILITAR. PRAZO SUPERIOR A 5
ANOS. MERA AVERBAÇÃO. POSSIBILIDADE. CONTAGEM E
UTILIZAÇÃO. OBEDIÊNCIA À LEGISLAÇÃO VIGENTE NO
MOMENTO DO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS PARA
INATIVAÇÃO.

1. Trata-se de consulta veiculada pelo Ofício nº 42017/2022 – PM


(000029369513), em que a Comandante de Gestão e Finanças da PMGO solicita
esclarecimentos a respeito das novas regras de transferência para a reserva
remunerada dos policiais militares, nos termos do art. 5º da Lei nº 20.946/2020.

2. Os autos foram remetidos à Goiás Previdência – GOIASPREV, que,


no item 10 do PARECER GOIASPREV/PRS-11684 Nº 381/2022 (000029706298),
concluiu:

10. Em suma, com fulcro no estatuído na Lei estadual nº 20.946/2020, se vislumbra que:
a) em regra, o militar somente pode averbar cinco anos de serviço prestado em
atividade não militar para ser transferido para a reserva remunerada, tanto na hipótese
de transferência com proventos integrais, como na situação de transferência para a
reserva com proventos proporcionais;
b) uma vez que a legislação em comento não estabelece que os 30 (trinta) anos de
exercício de atividade de natureza militar, para fins de transferência com proventos
integrais e que os 25 (vinte e cinco) anos de atividade de natureza militar, com
proventos proporcionais, devam ser restritos à atividade policial militar prestada à
corporação militar goiana, se infere que para implemento dos 30 anos ou dos 25 anos
de atividade de natureza militar, pode haver averbação de tempo de serviço de
atividade militar prestado a outro ente da federação, desde que devidamente averbado
nos termos do artigo 33 e seguintes da referida Lei estadual nº 20.946/2020;
c) tendo em vista o teor do artigo 38 da Lei estadual nº 20.946/2020, pode ser averbado
pelo militar ativo o período em que esteve licenciado ou afastado sem remuneração,
pelo militar ativo o período em que esteve licenciado ou afastado sem remuneração,
mediante a apresentação de CTC, com efeito apenas para a inatividade e não para
apuração do tempo de atividade militar.

3. É o relatório.

4. Preliminarmente, cumpre destacar que, desde o advento da Emenda


Constitucional nº 103/2019, passou a ser privativamente da União a competência
para legislar sobre normas gerais de inatividade e pensão das polícias militares e dos
corpos de bombeiros militares, nos termos do art. 22, inc. XXI da Constituição
Federal. Em razão disso, foi editada a Lei nº 13.954/2019, que alterando o Decreto-
Lei nº 667/1969, estabeleceu referidas normas gerais.

5. Para adequação da legislação do Estado de Goiás a esse novo


cenário, foi editada a Lei nº 20.946/2020, que, nos termos do seu art. 85, entrou em
vigor em 01/01/2022 e, agora, é objeto dos presentes autos.

6. Dispõe o art. 5º da Lei nº 20.946/2020, a respeito da inativação


mediante transferência para a reserva remunerada a pedido:

Art. 5º A transferência para a reserva remunerada, a pedido, será concedida ao militar


de carreira, com base na remuneração correspondente ao posto ou à graduação que ele
tiver:
I – com a remuneração de inatividade integral, desde que seja cumprido o tempo
mínimo de 35 (trinta e cinco) anos de serviço, dos quais 30 (trinta) anos de exercício de
atividade de natureza militar; e
II – com a remuneração de inatividade proporcional, calculada com base em tantas
quotas de remuneração do posto ou da graduação que tiver quantos forem os dias de
serviço, desde que seja transferido para a inatividade sem atingir o tempo mínimo
previsto no inciso I e cumprido pelo menos 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 25
(vinte e cinco) anos de atividade de natureza militar.

7 . Observa-se que, em ambas as hipóteses trazidas acima,


admite-se que o militar de carreira utilize-se de, no máximo, 5 (cinco) anos
de serviço em atividades sem natureza militar, para fins de transferência
para a reserva remunerada a pedido.

8. A respeito disso, constou no item 10, “a” do PARECER


GOIASPREV/PRS-11684 Nº 381/2022 (000029706298):

a) em regra, o militar somente pode averbar cinco anos de serviço prestado em


atividade não militar para ser transferido para a reserva remunerada, tanto na hipótese
de transferência com proventos integrais, como na situação de transferência para a
reserva com proventos proporcionais; (g.n.)

9 . Desacolhe-se o referido item. Os atos de averbação, de


contagem e de utilização de tempo de serviço não se confundem entre si e não
devem ser utilizados indistintamente.

10. Com efeito, consta do Glossário Jurídico do Manual de


Padronização de Textos do Superior Tribunal de Justiça1:

Averbação: registro de alguma anotação à margem de um documento que altere ou


amplie seu conteúdo; declaração.

11. No presente contexto, a averbação do tempo de serviço nada mais


é do que ato administrativo por meio do qual se promove o registro, nos assentos
funcionais do militar de carreira, do tempo de serviço em determinada atividade, seja
ela militar ou não. A distinção entre atividade de natureza militar ou de natureza não
militar é trazida pelo art. 2º, incs. XIV e XV da Lei nº 20.946/2020:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se:


XIV – tempo de exercício de atividade de natureza militar: o tempo exercido em posto
ou graduação, ainda que seja de provimento temporário, nas instituições militares das
Forças Armadas ou forças auxiliares; e
XV – tempo de serviço: o tempo exercido em atividade de natureza militar acrescido dos
períodos de tempo de contribuição em regimes obrigatórios de previdência,
devidamente averbados, na forma desta Lei.

12. Nos termos do art. 34 da Lei nº 20.946/2020, o militar terá


direito de averbar, para a concessão da inatividade de que trata esta Lei,
observado o disposto no art. 5º e no art. 68, o tempo de contribuição na
administração pública direta e indireta da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, também na iniciativa privada, mediante a apresentação da Certidão de
Tempo de Contribuição –CTC original.

13. As averbações vedadas, por sua vez, constam expressamente do


art. 39 da Lei nº 20.946/2020:

Art. 39. Não poderão ser objeto de averbação no SPSM/GO, o tempo:


I – de serviço prestado na condição de voluntário, menor aprendiz e estagiário, sem a
apresentação da CTC emitida pelo ente gestor previdenciário correspondente ao vínculo;
II – de contribuição na condição de participante da Lei nº 15.150, de 19 de abril de 2005,
a partir da publicação da Emenda Constitucional Federal nº 20, de 1998;
III – de serviço prestado a órgão estadual, mesmo que tenha sido objeto de sentença
declaratória sem a correspondente contribuição a partir da vigência da Lei nº 12.872, de
1996, salvo se o interessado promover o recolhimento das contribuições do respectivo
período, com acréscimo de correção monetária e juros legais;
IV - fictício, após a publicação da Lei estadual nº 13.903, de 19 de setembro de 2001;
V – de contribuição concomitante no mesmo ou em outro regime de previdência social
ou sistema de proteção social; ee
VI – de vínculo público cuja nomeação tenha sido feita com data retroativa, do período
entre essa data e a da posse ou do exercício, se não houver a devida comprovação da
efetiva frequência e do recebimento de remuneração ou subsídio.

14. De tudo isso se conclui que a averbação, pelo militar de carreira, de


tempo de serviço em atividade não militar não está adstrita ao limite máximo de 5
(cinco) anos, tal como constou no item 10, “a” do PARECER GOIASPREV/PRS-11684
Nº 381/2022 (000029706298), pois averbar é, meramente, registrar, consignar,
incluir nos assentos públicos.
1 5 . A mera averbação, de cunho declaratório, não garante,
por si só, que todo o tempo averbado será efetivamente contado e
utilizado para fins de passagem para a inatividade, já que a contagem de
tempo e a própria inativação submeter-se-ão às leis vigentes no momento da
aquisição do direito, com base no Princípio Tempus Regit Actum.

16. Proibir que os militares averbem tempo de serviço em atividade de


natureza não militar superior a 5 (cinco) anos é criar proibição não expressamente
prevista no rol do art. 39 da Lei nº 20.946/2020, que gera, inclusive, risco de
judicialização.

1 7 . Conclui-se, assim, que o militar de carreira que tenha


interesse em averbar tempo de serviço em atividade não militar superior a
5 (cinco) anos não encontra óbice na legislação e pode assim proceder,
dado que averbar redunda em mero registro nos assentamentos
funcionais, porém, esse tempo só será contado e efetivamente utilizado
para fins de inatividade dentro dos limites máximos admitidos pela lei
vigente ao tempo da aquisição do direito à inativação.

18. Quanto ao mais, acolhem-se integralmente os pontos “b”


e “c” do item 10 do PARECER GOIASPREV/PRS-11684 Nº 381/2022
(000029706298), os quais, por consentâneos com a legislação de
regência, não merecem quaisquer reparos.

19. Orientada a matéria, encaminhem-se os autos à Goiás


Previdência – GOIASPREV.

Juliana Pereira de Diniz Prudente


Procuradora-Geral do Estado

1Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Manual de padronização de textos do STJ / Superior


Tribunal de Justiça. -- 2. ed. -- Brasília : STJ, 2016. p. 243. Disponível em
<https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Manual/article/view/129/102>.

ASSESSORIA DE GABINETE, do (a) PROCURADORIA-GERAL DO


ESTADO , ao(s) 05 dia(s) do mês de maio de 2022.

Documento assinado eletronicamente por JULIANA PEREIRA DINIZ PRUDENTE,


Procurador (a) Geral do Estado, em 06/05/2022, às 18:30, conforme art. 2º, § 2º, III, "b",
da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº 8.808/2016.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.go.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=1 informando o código verificador
000029796622 e o código CRC 48333E24.

ASSESSORIA DE GABINETE
RUA 2 293 Qd.D-02 Lt.20, ESQ. COM A AVENIDA REPÚBLICA DO LÍBANO, ED.
REPUBLICA TOWER - Bairro SETOR OESTE - GOIANIA - GO - CEP 74110-130 -
(62)3252-8523.

Referência:
SEI 000029796622
Processo nº 202200002050614
ESTADO DE GOIÁS
GOIÁS PREVIDÊNCIA - GOIASPREV
PROCURADORIA SETORIAL

PROCESSO: 202200002050614
INTERESSADO: @nome_interessado_maiusculas@
Assunto: CONSULTA

DESPACHO Nº 1183/2022 - GOIASPREV/PRS-11684

1. Cuidam os presentes autos acerca da consulta formulada pelo


Comando de Gestão e Finanças da Polícia Militar do Estado de Goiás, no sentido de
apontar as diretrizes quanto à quantidade do tempo de averbação que poderá ser
computado pelo policial militar no momento de sua passagem para a inatividade,
tendo em vista o teor do artigo 5º da Lei estadual nº 20.946/2020.
2. Esta Procuradoria Setorial, via Parecer PRS nº 381/2022 (evento SEI
000029706298), orientou no sentido de que, em regra, o militar somente pode
averbar cinco anos de serviço prestado em atividade não militar para ser transferido
para a reserva remunerada, tanto na hipótese de transferência com proventos
integrais, como na situação de transferência para a reserva com proventos
proporcionais.
3. Salientou que, uma vez que a legislação em comento não estabelece
que os 30 (trinta) anos de exercício de atividade de natureza militar, para fins de
transferência com proventos integrais e que os 25 (vinte e cinco) anos de atividade
de natureza militar, com proventos proporcionais, devam ser restritos à atividade
policial militar prestada à corporação militar goiana, se infere que para implemento
dos 30 anos ou dos 25 anos de atividade de natureza militar, pode haver averbação
de tempo de serviço de atividade militar prestado a outro ente da federação, desde
que devidamente averbado nos termos do artigo 33 e seguintes da referida Lei
estadual nº 20.946/2020.
4. Pontuou ainda que, tendo em vista o teor do artigo 38 da
supracitada Lei, pode ser averbado pelo militar ativo o período em que esteve
licenciado ou afastado sem remuneração, mediante a apresentação de CTC, com
efeito apenas para a inatividade e não para apuração do tempo de atividade militar.
5. Submetido à análise do Gabinete da Procuradoria-Geral do Estado,
foi exarado o Despacho GAB nº 616/2022 (evento SEI 000029796622), que não
aprovou o item 10, “a” do Parecer desta Procuradoria Setorial, mas acolheu
integralmente os itens “b” e “c” do referido Parecer, sedimentando a orientação nos
seguintes moldes:
DIREITO MILITAR. INATIVIDADE. TRANSFERÊNCIA PARA RESERVA REMUNERADA A PEDIDO.
EC. 103/2019. LEI Nº 13.954/2019. LEI Nº 20.946/2020. TEMPO DE SERVIÇO. AVERBAÇÃO.
CONTAGEM. UTILIZAÇÃO. DISTINÇÕES. ATIVIDADE SEM NATUREZA MILITAR. PRAZO
SUPERIOR A 5 ANOS. MERA AVERBAÇÃO. POSSIBILIDADE. CONTAGEM E UTILIZAÇÃO.
OBEDIÊNCIA À LEGISLAÇÃO VIGENTE NO MOMENTO DO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS
PARA INATIVAÇÃO.
6. Nestes termos, somos pelo encaminhamento do feito ao Presidente
da GOIASPREV, via Diretoria de Militares e Relacionamento com o Segurado, para
conhecimento e adoção das medidas pertinentes.

PROCURADORIA SETORIAL DO (A) GOIÁS PREVIDÊNCIA - GOIASPREV,


ao(s) 12 dia(s) do mês de maio de 2022.

Documento assinado eletronicamente por SHEYLLA ROBERTA FLEURY DA SILVA,


Procurador (a) do Estado, em 12/05/2022, às 11:38, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei
17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº 8.808/2016.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.go.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=1 informando o código verificador
000030011896 e o código CRC 2A8444B2.

PROCURADORIA SETORIAL
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LUDOVICO - GOIANIA - GO - CEP 74820-300 - (32)3201-7836.

Referência:
SEI 000030011896
Processo nº 202200002050614

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