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Caracterização

A relação de redução ou grau de redução máxima é um parâmetro usado para avaliar o


quão eficiente foi a operação de fragmentação do minério. Ele é definido como sendo a razão
entre o maior tamanho de partícula presente na alimentação e o maior tamanho de partícula
presente no produto. O termo maior tamanho refere-se a abertura da malha que deixa passar
80% das partículas (VALADÃO, 2007 apud XAVIER, 2012). A equação abaixo demonstra essa
relação.

A 80
GR=
P 80

GR = grau de redução ou relação de redução;

A80= malha que deixa passar 80% das partículas na alimentação;

P80 = malha que deixa passar 80% das partículas no produto.

Normalmente na cominuição para se atingir um desempenho equilibrado durante


a extração de toda a jazida, deve-se ter um conhecimento detalhado da matéria-prima
mineral a ser processada na usina de beneficiamento e dos equipamentos disponíveis no
mercado para o correto dimensionamento.

A relação de redução é uma das premissas, ou seja, uma factor para o dimencionamento de
equipamentos de cominuição. A seguir iremos fazer uma abordagem de como é feito o
dimencionamento e dentro da mesma mostrar como é feito o cálculo de relação de
redução.

Dimencionamento de Moinhos
A equação de Bond fornece o consumo de energia em quilowatts-hora por
tonelada curta para moagem por via úmida num moinho de diâmetro interno de 8 pés
(2438mm), sendo válida para moinhos de barras em circuito aberto e moinhos de
bolas em circuito fechado.

Para obter os valores de consumo de potência relativos a outras condições de


trabalho diferentes das consideradas acima, o valor de consumo de energia (W) deverá
ser multiplicado pelos fatores de eficiência (EF) aplicáveis ao caso em consideração.
Até a presente data são usados oito fatores de eficiência conhecidos como Fatores de
Rowland.
EF1 - Fator de Moagem por via seca
No caso de moagem por via seca deve-se multiplicar o valor de W por 1,3, pois a
moagem a seco consome 30% de energia a mais que a moagem por via úmida.·.

EF2 - Fator de moagem de bolas em circuito aberto


Este tipo de moagem requer uma energia extra se comparada com o circuito fechado.
Esta energia extra é função da quantidade de oversize permitida no produto final.

A tabela 3.2 a seguir apresenta os valores de ineficiência para o circuito aberto.


Tabela 3.2 - Fator de conversão de circuito fechado para circuito aberto

Quando não for especificada ou obtida nenhuma referência de controle, usar 1,2.

EF3 - Fator de diâmetro


A potência por tonelada de corpos moedores aumenta com o diâmetro do moinho na
potência de expoente 2,3, enquanto que a capacidade aumenta com o mesmo
diâmetro na potência de expoente 2,5. Portanto, a eficiência de moagem varia com o
diâmetro.
Para coincidir com a fórmula de Bond, o diâmetro de base para o cálculo de EF3 é de
8 pés (2438 mm), medido internamente às placas do revestimento.

Esta equação é aplicada em moinhos com diâmetro inferiores a 3,8m (12,5’).


Para moinhos com diâmetros superiores a este valor, considera-se o fator de diâmetro
como constante com valor de 0,9146.

EF4 - Fator de alimentação com tamanho excessivo


O tamanho ótimo de alimentação para moinhos de bolas e de barras é estabelecido
pelo tamanho de alimentação que a carga mais eficientemente distribuída possa moer.
Um moinho alimentado com tamanhos maiores requer corpos moedores maiores,
resultando numa maior dispersão dos tamanhos desses corpos moedores, o que
reduz a eficiência da ação de moagem.
O tamanho máximo ótimo de alimentação é também função do Work Index (WI) do
minério. O tamanho máximo ótimo de alimentação correspondente a 80% passante no
tamanho F0 e é dado pelas seguintes equações:

Para moinhos de barras:

Para moinhos de bolas:

O fator EF4 é calculado pela equação a seguir:

Onde:
Rr= F / P = relação de redução.

EF5 - Fator de finura para moinhos de bolas


O tamanho das bolas requeridas para fazer produtos mais finos que 80% passante em
74µm é menor que aqueles que podem ser fabricados economicamente. Como
resultado disso, são usadas bolas maiores que o devido, com a resultante perda de
eficiência.
A equação para a perda de eficiência, quando se usam formatos econômicos de bolas
para realizar moagem fina, é dada pela equação:
EF6 - Fator de taxa de redução - moinho de barras
A taxa de redução ótima é dada por:

Onde:
L = comprimento das barras, em pés;
D = diâmetro interno do moinho, em pés.
Para moinhos de barras de descarga central periférica, a taxa de redução ótima será
metade do valor Rro calculado.
O fator EF6 é calculado pela equação:

EF7 - Fator de taxa de redução em moinho de bolas


Nas relações de redução em moinhos de bolas menor que 6:1, deve-se corrigir o
consumo energético conforme a equação:

EF8 - Fator de ineficiência para moinhos de barras


Diversos estudos mostram que os moinhos de barras são ineficientes quando se
comparam os WI obtidos de dados operacionais com os WI obtidos através de testes
em laboratório. Isto é devido à presença de barras gastas, finas e quebradas no
moinho, assim como às variações no tamanho de alimentação.
Para moinho de barras operando isoladamente no processo de moagem, utiliza-se:
EF8 = 1,4 , se a alimentação vier de circuito aberto de britagem;
EF8 = 1,2 , se a alimentação vier de circuito fechado de britagem.
Para moinho de barras operando em conjunto com moinho de bolas, sem
classificação entre eles, utiliza-se:
EF8 = 1,2, se a alimentação do moinho de barras vier de um circuito aberto de
britagem;
EF8 = 1,0, se a alimentação do moinho de barras vier de um circuito fechado de
britagem e se essa alimentação for constantemente 80% passante em ½” (12,7
mm) ou mais fina (<½”).

A SEGUIR APRESENTAMOS UMA DEMONTRATRAÇÃO DE COMO É FEIOTO


O DIMENCIONAMENTO

Pra título de exemplo temos a moagem primária

1- Premissas de Projeto:

 Work Index: 6,22 kWh/t métrica (já incluindo perda de 5% na transmissão)

 Curva granulométrica da alimentação esperada para a moagem primária (figura 5.1)

Figura 5.1 – Curva esperada da alimentação da moagem primária

 F80 verificado na alimentação da moagem primária (figura 5.1) Interpolando


linearmente entre os dois pontos mais próximos:
 Curva granulométrica esperada para o produto da moagem primária

Firgura 5.2 – Curva esperada do produto da moagem primária

 P80 calculado a partir da curva esperada para o produto da moagem primária (figura
5.2): Interpolando linearmente, temos:

Relação de redução: 4,510/0,235 = 19,2: 1

2- Cálculo do consumo específico de energia:


Onde:

W – energia consumida de kWh/t métrica;

Wi – Work Index, em kWh/t métrica

P80 – tamanho em que passa 80% no produto em μm;

F80 – tamanho em que passa 80% na alimentação em μm;

EFi – fatores de correção, sendo:

EF1 – fator de moagem a seco;

EF2 – fator de circuito aberto em moinho de bolas;

EF3 – fator de diâmetro;

EF4 – fator de “oversize”;

EF5 – fator de material fino;

EF6 – fator de redução para moinho de barras;

EF7 – fator de baixa relação de redução para moinho de bolas;

EF8 – fator de característica da moagem em moinho de barras.

O projeto definiu dois moinhos primários em circuito aberto e dois moinhos secundários
em circuito fechado, ambos operando a úmido e carga moedora de bolas. Passaremos a
verificar o dimensionamento para os moinhos primários, de circuito aberto.

Nesse caso, teremos:


EF1 = 1,000, pois a moagem é feita a úmido e esse fator é aplicado somente a moagem
a seco.

EF2 para a malha de controle de 150 μm, cujo % passante é de 73,94% deverá ser de
1,10 que é o valor mais próximo dentre os seguintes:

70% passante na malha de controle  fator de eficiência 1,100

80% passante na malha de controle  fator de eficiência 1,200


EF2 = 1,100.

EF3 dependerá do diâmetro escolhido, por isso, utilizaremos os diâmetros IC e IR do


moinho adquirido para o projeto que são: IC = 5,5m e IR = 5,35m. Para IC>3,96, temos
que:

EF3 = 0,914.

EF4 dependerá do tamanho ótimo na alimentação, que será calculado pela fórmula
abaixo:

O fator de “oversize” deverá ser calculado pela fórmula abaixo:

Onde:

Rr – relação de redução;

Wi – Work Index em kWh/t métrica;

F – F80 em μm

F0 – tamanho ótimo da alimentação em μm

Entrando com os valores, temos:

EF4 = 1,009
EF5 = 1,000, pois o P80 do produto é maior que 74μm;
EF6 = 1,000, pois o moinho é de bolas e a relação de redução é maior que 6;
EF7 = 1,000, pois a relação de redução é maior que 6;
EF8 = 1,000, pois trata-se de um moinho de bolas.

Agora podemos calcular o consumo específico de energia:

3- Cálculo da quantidade de moinhos necessários:

Consumo específico de energia de 3,18 kWh/t métrica. Transformando para HP temos,


3,18 x 1,341 = 4,26 HP/t métrica.

Massa horária a ser processada = 2.866,5 t/h.

Potência necessária para moagem = 9.115 kW ou 12.211 HP.

Potência do moinho adquirido (18’ x 28’) Overflow Ball Mill fabricante CITIC Heavy
Industries CO., LTD = 4500 kW ou 6.035 HP.

Total de moinhos necessários = 2,02  2 equipamentos.

A moagem primária foi corretamente dimensionada.

O processo de dimencionamento de britadores é praticamente o mesmo que o usado em


moinhos havendo algumas alterações. Os seus passos são:
2.1 Premissas de Projeto:
 Fator de Projeto
 Horas programadas no ano
 Rendimento Operacional
 Hora efetivas no ano
 Densidade aparente para dimensionamentos de carga
 Umidade
 Argila
 Work Index – 6,22 kWh/t métrica (já incluindo perda de 5% na transmissão)
 Produção anual de ROM
 Produção horária do ROM
 Abertura da grelha
 Percentual retido em 200mm
 Taxa de alimentação do britador primário
Relação de redução

2- Cálculo do Gap:

3- Cálculo do fator de capacidade:

4- Cálculo da capacidade de britagem/Determinação da capacidade de projeto:

Q = QT x A x B x C x D,

Onde: Q = Capacidade de britagem;

QT = Capacidade de tabela;

Fator A = Fator para correção da densidade aparente dos materiais britados;

Fator B = Fator de Work Index;

Fator C = Fator do tamanho de alimentação;

Fator D = Fator de umidade.

5- Análise dos resultados ou Conclusão.

Aplicação de Angola

Em Angola a relação de redução e dimensionamento de equipamentos dos processos de


cominuição pode ser aplicada por exemplo na Omatapalo que utiliza
INTRODUÇÃO

A relação de redução

O dimensionamento correto dos equipamentos de fragmentação, do ponto de vista da


produtividade, eficiência energética, custos de investimento e operação, é um dos
pontos mais importantes na atividade de mineração, haja vista que os circuitos de
cominuição são conhecidos por serem caros e se mal dimensionados elevam o custo
operacional, abaixam a produtividade da usina além de atualmente serem os maiores
consumidores de energia das plantas de processamento.

Existem duas áreas de cominuição, a britagem e a moagem. Estas etapas são


responsáveis pela redução granulométrica e adequação do tamanho de partícula aos
processos de classificação e concentração subsequentes. Entre os inúmeros fatores que
influenciam na escolha e consequentemente no desempenho dos equipamentos
utilizados na britagem e moagem, encontram-se as características físicas das matérias
primas minerais, como a dureza, a abrasividade, coesão, entre outras.

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