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DO RELATO ESG
Um panorama sobre os frameworks
e standards mais utilizados
Apoio Institucional
Os caminhos do relato ESG 2
Sumário
Apresentação
O grupo report
Apoiadores
Ponto de partida
O dilema da escolha
Entenda o ecossistema
Materialidade: dupla e dinâmica
Todos por um
A fusão do IIRC e do SASB
Reportes climáticos
IFRS entra no jogo para valer
Um padrão para o green deal europeu
WEF incui o E de economia no ESG
GRI atualiza as normas
Vai virar obrigação
Créditos
Os caminhos do relato ESG 3
Apresentação
Um mundo de
possibilidades
São diversos os padrões de relato (standards), que se mostram, muitas vezes, riscos relevantes
as diretrizes, as estruturas (frameworks) e as lis- para todo tipo de negócio – é que organizações,
tas de indicadores. Por isso, muitas empresas se empresas e governos estão mais e mais inclina-
perguntam quais adotar. dos a adotar relatórios que integrem, realmente,
os aspectos ESG (sigla em inglês para ambien-
Há duas décadas, apenas o resultado financeiro tal, social e de governança) às informações
importava para o mercado. Depois, a sustenta- financeiras.
bilidade conquistou seu espaço na agenda. As-
sim, de um único relatório com as informações A pandemia contribuiu para acelerar essa dinâ-
financeiras, as empresas passaram a publicar mica. No Brasil, 2020 foi o ano em que muitas
dois, sendo o segundo, o relatório de sustenta- empresas se viram tomadas pela urgência de
bilidade. desenvolver, implementar ou comunicar melhor
a sua estratégia ESG.
O que a discussão mundial hoje aponta – muito
impulsionada pelo interesse cada vez maior dos Dar mais transparência às informações sobre
investidores em relação às questões climáticas riscos, impactos e resultados financeiros relacio-
Os caminhos do relato ESG 4
O grupo report
Somos uma empresa que tem como modelo de negócio
a inserção da sustentabilidade no mundo corporativo
Apoiadores
Rede Brasil do Pacto Global Standards (da VRF). Juntos, esses recursos faci- Aberje
litam a comunicação da estratégia de criação de
O Pacto Global das Nações Unidas é a maior ini- valor para as empresas, proporcionando aos in- A Associação Brasileira de Comunicação Em-
ciativa em cidadania corporativa do mundo. Com vestidores uma visão abrangente de desempenho presarial (Aberje) acredita que, mais do que
escritório central em Nova York, foi idealizado pelo corporativo. O International Sustainability Stan- um bom discurso sobre sustentabilidade, é
ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan em 2000 dards Board (ISSB) da IFRS Foundation utilizará necessário que organizações comuniquem evi-
com o objetivo de mobilizar a comunidade empre- os recursos da VRF para desenvolver padrões que dências embasadas em dados comprováveis
sarial para a adoção e promoção, em suas práticas proporcionam uma linha de base global abrangen- de atuação sustentável. E falamos especifica-
de negócios, dos Dez Princípios universalmente te de divulgações/conteúdos de sustentabilidade. mente para cada público de uma maneira com-
aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, preensível, ou seja, não se comunica susten-
https://www.valuereportingfoundation.org/
meio ambiente e combate à corrupção. Com o tabilidade ou ESG da mesma forma para todos
lançamento dos Objetivos de Desenvolvimento os públicos com quem uma empresa interage.
Sustentável (ODS), que abrangem os 10 Princípios, GRI Essa é grandeza da comunicação: se fazer en-
o Pacto Global da ONU também assume a missão tender em diferentes realidades, prezando para
A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organi-
de engajar o setor privado nesta nova agenda. que todos façam parte desse diálogo.
zação independente com atuação internacional,
www.pactoglobal.org fundada em 1997 e pioneira em relatos de susten- Paulo Nassar
tabilidade. A GRI ajuda governos e empresas em Diretor-Presidente da Aberje e Prof. Titular da ECA-USP
Value Reporting Foundation todo o mundo a entender e relatar seus impactos
Hamilton dos Santos
sobre aspectos críticos da sustentabilidade como
Diretor-Geral da Aberje
A Value Reporting Foundation (VRF) ajuda em- mudança climática, direitos humanos, governança
presas e investidores a desenvolverem um enten- e bem-estar social. Os GRI Standards para reporte www.aberje.com.br
dimento compartilhado da maneira como valor de sustentabilidade são desenvolvidos com con-
empresarial é gerado, preservado e destruído tribuições de múltiplos grupos de stakeholders e
com o decorrer do tempo por meio de três re- fundamentados no interesse público.
cursos principais: os Princípios do Pensamento
Integrado, o <IR> Framework (da VRF) e os SASB https://www.globalreporting.org
Ponto de partida
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 8
O dilema da escolha
O mundo dos frameworks e standards de relato corporativo
está em ebulição. O que a sua empresa precisa saber para
tomar a decisão certa sobre qual adotar
SASB Standards
GRI ISSB
(da VRF)
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 10
Entenda o
ecossistema
Quais as diferenças entre ratings, RATING – representa a avaliação do risco de
índices, standards e frameworks? crédito dada por uma agência internacional de
classificação a um protagonista econômico,
seja um país ou uma empresa. Ou seja, é a nota
atribuída diante da identificação da possibilida-
de de não pagamento de dívidas em um prazo
estipulado. Embora cada agência adote uma
metodologia própria, as notas costumam ir de
A até D e receberem “graduações” indicadas
por sinais matemáticos de + ou – (como, por
exemplo, AA-) ou numéricas (Baa1, por exem-
plo). Nessas escalas, AAA é a nota que indica
menor risco, ou seja, maior capacidade do cre-
dor honrar seus pagamentos. Entre as agências
de classificação mais conhecidas, estão Fitch,
Moody’s, Standards & Poor’s, MSCI.
• CSRHub
• ISS
• Sustainalytics
• VigeoEiris
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 11
Impacto
externo
Dupla Sociedade e
Empresa
materialidade planeta
Impacto
interno
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 13
Para atender à crescente demanda das em- • Princípios de Pensamento Integrado: O <IR> Framework (da VRF) e os SASB Stan-
presas e investidores por mais clareza e obje- orientam o planejamento e conduzem a uma dards (da VRF) podem continuar sendo utili-
tividade no cenário de relatórios corporativos, melhor compreensão de como o valor é cria- zados como ferramentas independentes e/ou
o International Integrated Reporting Council do, para aprimorar a tomada de decisões e as integradas a outros frameworks e standards. En-
(IIRC) e o Sustainability Accounting Standards ações dos conselhos e da administração. tretanto, embora as organizações não precisem
Board (SASB) se uniram, em junho de 2021, adotar ambos conjuntamente, tal prática agrega
formando a Value Reporting Foundation (VRF). • Estrutura de Relatórios Integrados: for- valor pela sua abordagem de gestão, uma vez
nece uma orientação baseada em princípios que o uso desses recursos juntos auxilia no
Com essa fusão, a VRF pretende abranger um de vários capitais para relatórios corporativos entendimento de como o valor da empresa é
escopo maior a respeito da criação de valor abrangentes, de modo a demonstrar o pensa- gerado, comunicado e medido, potencializando
em longo prazo e permitir a comparabilidade mento integrado robusto da organização. a tomada de decisões dos investidores.
de informações entre relatos, uma forte de-
manda por parte do público investidor. • Normas SASB: fornecem tópicos detalhados de
divulgação específicos para 77 setores e métricas
O objetivo geral é alinhar os princípios de pen- para informar o que deve ser incluído no relatório Para saber mais, acesse o site da
samento integrado, a estrutura de relatórios integrado, dando clareza aos dados comparáveis Value Reporting Foundation
integrados e as normas SASB: e confiáveis buscados pelos investidores.
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 15
Reportes climáticos
Entenda o que une e o que diferencia
as organizações que versam sobre o tema CDP
A plataforma de reporte ambiental traz
questionários específicos nos temas mu-
A relevância e a urgência da crise climática danças climáticas, florestas e segurança
demandam a divulgação de dados mensurá- hídrica, que possibilitam uma análise com-
veis e comparáveis, assim como a análise de pleta de riscos, oportunidades e impactos
cenários futuros, o estabelecimento e acom- ambientais de cidades e empresas. Um
panhamento de metas climáticas. Por isso, os dos diferenciais da organização é o CDP
standards e os frameworks têm aplicado cada Supply Chain Program, que destaca a im-
vez mais esforços para estimular a integração portância do setor privado em colaborar
da estratégia organizacional com a gestão e com a sua cadeia de fornecedores e ofe-
monitoramento de riscos e oportunidades cli- rece às organizações a possibilidade de
máticos. convidá-los para responderem ao ques-
tionário. Para saber mais, clique aqui. Os
As organizações CDP, CDSB, SBTi e TCFD es- questionários CDP são alinhados com as
tabelecem diretrizes para o relato sobre ques- recomendações da TCFD, introduzem um
tões climáticas. Cada uma tem sua particulari- enfoque setorial e adotam uma abordagem
dade, entenda: mais objetiva para a divulgação do risco cli-
mático. Dessa forma, facilita o mapeamento
de informações para a adoção das Reco-
mendações TCFD. Para saber mais, acesse
a Norma Técnica.
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 16
CDSB SBTi
O framework estabelece uma abordagem A iniciativa fornece um caminho que de-
para relatar informações ambientais e de fine quanto e em que velocidade as em-
mudança climática em relatórios anuais, presas devem reduzir as suas emissões
formulário 20-F (padrão SEC – Securities de gases de efeito estufa (GEE). Para
and Exchange Comission para empresas isso, a empresa deve estabelecer metas
estrangeiras com ações negociadas nas baseadas na ciência (em inglês, Science
bolsas de valores dos Estados Unidos) Based Targets), a fim de limitar o aqueci-
ou relatório integrado. Modelo mais vol- mento global a muito abaixo de 2° C, com
tado para investidores, padroniza a forma relação aos níveis pré-industriais, e fazer
de reportar temas ambientais relevantes todos os esforços possíveis para limitá-lo
em concordância com os relatórios fi- a um aquecimento de até 1,5 °C. As me-
nanceiros. Está alinhado às organizações tas são alinhadas com o que a ciência do
europeias Non-Financial Reporting Di- clima indica para que seja possível cum-
rective (NFRD) e Corporate Sustainability prir o Acordo de Paris. A partir de junho
Reporting Directive (CSRD). Apresenta re- de 2022, serão aceitas somente metas
quisitos gerais baseados principalmente alinhadas a até 1,5 °C.
na TCFD, mas também considera outros
padrões, como GRI.
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 18
Um padrão para
o green deal europeu
Iniciativa quer conciliar as demandas
da sociedade e dos investidores
WEF inclui o
E de economia no ESG
Modelo usa como base os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável e diretrizes já estabelecidas
O Fórum Econômico Mundial (World Econo- Em parceria com as auditorias Deloitte, EY, versais e aplicáveis a qualquer indústria, setor e
mic Forum - WEF), do International Business KPMG e PwC, o Fórum realizou uma pesquisa modelo de negócios, como GRI, TCFD e SASB
Council (IBC), formalizou o comprometimento com mais de 200 companhias, investidores Standards (da VRF).
de mais de 140 CEOs das organizações-mem- e outros players e obteve a concordância da
bro em alinhar os valores e estratégias cor- grande maioria dos respondentes quanto à ne- A proposta dessa forma de relato não é limitan-
porativas aos Objetivos de Desenvolvimento cessidade de se ter um padrão de reporte ESG te. Ao contrário, estimula que as companhias
Sustentável (ODS) da Organização das Nações que permita a comparabilidade. ampliem – se desejarem, e sempre que for re-
Unidas (ONU). Dois anos depois, a sigla ESG lacionado à sua materialidade – o reporte com
já foi presença forte no discurso do Fórum de A partir daí, o IBC e as Big Four delinearam um mais conteúdos e indicadores do que os apon-
2019, em que as companhias reconheceram modelo de apresentação de informações e mé- tados por este modelo.
a influência dos aspectos ambiental, social e tricas reunidas em quatro pilares alinhados aos
de governança nos riscos e performance dos ODS e aos temas ESG: Princípios de Gover-
negócios na criação de valor em longo prazo. nança, Planeta, Pessoas e Prosperidade. Este Para saber mais, acesse o
E, nesse sentido, o IBC destacou a existência último pilar inclui o desempenho econômico,
documento: Measuring Stakeholder
de inúmeros frameworks para o reporte dos investimento financeiro e criação de empregos.
Capitalism – Towards Common
aspectos ESG e o problema de falta de compa-
As métricas utilizadas para o reporte foram se- Metrics and Consistent Reporting of
rabilidade entre eles.
lecionadas a partir de frameworks e standards Sustainable Value Creation.
já existentes, e de acordo com o IBC, são uni-
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 21
A GRI anunciou, em outubro de 2021, o lan- cíficos com indicadores a serem reportados no
çamento da revisão dos padrões universais. padrão GRI, a começar pelos setores de agri-
Os antigos 101, 102 e 103 agora serão 1, 2 e 3, cultura, pesca e carvão.
mas as mudanças vão além da nomenclatura.
Por exemplo: a inclusão de conteúdos relacio- O movimento da GRI, em direção à customiza-
nados a Direitos Humanos e a adoção do con- ção de divulgações diante da realidade e ne-
ceito de due diligence para forma de gestão. cessidades de cada setor, iniciou-se em 2014,
ainda na versão GRI G4, cobrindo os setores:
A nova versão do padrão entra em vigor em 1º Operações aeroportuárias, Construção e Imó-
de janeiro de 2023, mas já pode ser adotada veis, Elétrico, Organização de Eventos, Servi-
antes dessa data. Ela torna obrigatória a asse- ços Financeiros, Alimentos, Mídia, Mineração e
guração do relatório, medida tomada com o ob- Metais, Óleo e Gás, e ONGs.
jetivo de colocar o reporte de sustentabilidade
no mesmo nível de acurácia do financeiro. Esses cadernos são usados ainda hoje, com
a previsão de serem completamente descon-
Para saber mais sobre a nova tinuados a partir da evolução do novo "GRI
versão, acesse aqui. Sector Program", em andamento desde 2020.
Contudo, ainda não há um cronograma de lan-
O primeiro lançamento do caderno de indica- çamentos dos cadernos.
dores setoriais GRI Sector Program aconteceu
em outubro de 2021, com o setor de Óleo e
Gás. Outras 40 indústrias terão cadernos espe-
Os caminhos do relato ESG Ponto de partida 22
Em 2020, a Comissão de Valores Mobi- lidade adotada e indicadores-chave de Outra iniciativa partiu do Banco Central
liários (CVM) abriu uma consulta pública desempenho. E, caso não tenha esses do Brasil, que abriu duas consultas públi-
(SDM n. 09/20) para discutir a inclusão de dados e tampouco publique relatório de cas no primeiro semestre deste ano para
informações e indicadores relacionados a sustentabilidade, a organização deve ex- discutir a inclusão do gerenciamento de
ESG no formulário de referência. O obje- plicar os motivos. riscos sociais, ambientais e climáticos
tivo é fornecer a investidores e acionistas aplicáveis a instituições financeiras e a for-
subsídios para a tomada de decisão em A consulta foi encerrada em março de ma como as informações relacionadas aos
relação a esses temas de forma mais con- 2021 e até novembro do mesmo ano as temas ESG são apresentadas por elas. O
sistente e transparente. contribuições estavam em análise. TCFD deve se tornar framework obrigatório
para o reporte das instituições financeiras.
A CVM não pretende criar padrões ou A CVM também tornou obrigatória, por
A obrigatoriedade deve ser anunciada e
frameworks para esse reporte, mas as meio da Resolução 14, a asseguração
passar a valer em 2022.
empresas devem indicar seus fatores de limitada por auditor independente do
risco nesse âmbito, a matriz de materia- Relato Integrado quando publicado por
companhias abertas.
Frameworks,
standards e iniciativas
Os caminhos do relato ESG Frameworks, standards e iniciativas 24
Sede Amsterdã/Holanda
Site https://www.globalreporting.org/
Tema Geral
Geral e Setorial
Para saber os setores, acesse a lista revisada dos setores priorizados pelo GRI
Sector Program.
Site https://integratedreporting.org/
Estrutura (Framework)
São sete Princípios Norteadores (em inglês, Guiding Principles) para a prepa-
Categoria ração e apresentação do conteúdo de um Relato Integrado: Foco Estratégico
e Orientação Futura; Conectividade de Informações; Relações com as Partes
Interessadas; Materialidade; Concisão; Confiabilidade e Integridade; Consis-
tência e Comparabilidade.
Tema Geral
Abordagem Geral
Site https://www.sasb.org/
Tema Geral
Setorial
Para saber quais são as indústrias contempladas por cada setor, acesse
o Sustainable Industry Classification System.
Por que VRF? • Por que as empresas devem usar os e ambiental dentro do qual opera. Os SASB
SASB Standards (da VRF) e o <IR> Standards (da VRF) proporcionam métricas de-
Framework (da VRF)? talhadas que podem informar o que incluir em
um relato integrado, oferecendo insights sobre
Entrevista com Arturo Rodríguez, líder o subconjunto de questões de sustentabilidade
• A IFRS Foundation tem estimulado empresas
de divulgação da VRF para a Ibero- que relatam ou que estão se preparando mais proximamente ligados ao processo de ge-
América para relatar informações de sustentabilidade ração de valor de uma organização e, ao mesmo
a utilizar os recursos da VRF — incluindo o tempo, providenciando os dados comparáveis e
Integrated Reporting Framework e os SASB confiáveis procurados por investidores. Juntos,
Standards. A Value Reporting Foundation (VRF) os recursos da VRF ajudam os usuários a enten-
juntou os recursos dos antigos International derem (Integrated Thinking Principles), comuni-
Integrated Reporting Council (IIRC) e do carem (Integrated Reporting Framework) e me-
Sustainability Accounting Standards Board direm (SASB Standards) melhor seu processo
(SASB) para criar um conjunto de ferramentas de criação de valor ao longo do tempo.
que ajude as empresas e os investidores a
desenvolverem um entendimento da maneira • Qual o futuro da VRF, dos SASB
como valor empresarial é gerado, preservado e Standards (da VRF), do <IR>
erodido com o tempo. Framework (da VRF) e de relatórios de
sustentabilidade corporativos?
Pensamento integrado é uma abordagem geren-
cial projetada para aperfeiçoar a tomada de de- Enquanto líderes mundiais se encontravam
cisão e ações por conselhos de administração e em Glasgow para a COP26, a IFRS Foundation
lideranças, considerando holisticamente recur- anunciou dois desenvolvimentos significativos
sos e relações – ou capitais – que a organização para proporcionar aos mercados financeiros
utiliza ou afeta para gerar valor, e as dependên- globais divulgações/conteúdos de alta qualida-
cias e as perdas e ganhos (trade-offs) entre eles. de sobre questões climáticas e outras questões
relacionadas à sustentabilidade.
O relato integrado proporciona uma represen-
tação clara e concisa do processo de criação Primeiro, veio o anúncio sobre a formação de
de valor da organização ao juntar informações um novo International Sustainability Standards
materiais sobre a estratégia, governança, de- Board (ISSB) para desenvolver uma linha de
sempenho e perspectivas da organização de base global abrangente de padrões de divulga-
maneira que reflita o contexto comercial, social ção de sustentabilidade de alta qualidade para
Os caminhos do relato ESG Frameworks, standards e iniciativas 29
Sede Basileia/Suíça
Site https://www.fsb-tcfd.org/
NOME CDP
Site cdp.net
Site https://sdgs.un.org/goals
Tema Geral
Abordagem Geral
Site https://www.unglobalcompact.org/
Tema Geral
Abordagem Geral
Por que
• Por que as empresas devem aderir e • Qual o futuro do Pacto Global?
comunicar os princípios do Pacto Global?
A crescente ESG e o chamado para uma reto-
Pacto Global?
O Pacto Global da ONU é a maior iniciativa de mada mais sustentável fez com que mais em-
sustentabilidade corporativa do mundo e a presas buscassem atuar com sustentabilidade
principal do país. É um chamado para que em- no último ano. Como consequência, o número
presas alinhem seus negócios a 10 princípios de membros do Pacto Global cresceu expo-
Entrevista com Carlo Linkevieius universais baseados em Direitos Humanos, nencialmente, e a Rede Brasil foi a que mais
Pereira, diretor executivo da Rede Brasil Direitos do Trabalho, Meio Ambiente e Comba- cresceu globalmente no ano passado. Desde
te à Corrupção. Além disso, tem como missão janeiro, de 2020, já foram quase 600 novos
do Pacto Global das Nações Unidas apoiar as empresas para que trabalhem em membros. Devemos ter uma Rede com 1.600
direção aos Objetivos de Desenvolvimento integrantes no próximo ano (estamos com
Sustentável – ODS, a principal agenda global 1.350), alcançando nossa meta prevista para
de desenvolvimento sustentável. 2025.
Trabalhar com sustentabilidade já não é mais Além do tamanho da Rede, buscamos também
uma escolha, mas uma questão de longevi- organizações engajadas. Cada vez mais vamos
dade e competitividade aos negócios. É uma trabalhar com compromissos públicos ancora-
demanda de diversos stakeholders, inclusive dos em metas ambiciosas, como equidade de
investidores, como mostra a crescente ESG gênero, clima, salário digno e transparência nas
dos últimos anos. Soma-se a isso o chamado organizações. Visamos liderar movimentos que
de retomada mais sustentável pós-covid. Atuar impulsionam o impacto do setor empresarial
em direção aos princípios do Pacto Global e no enfrentamento dos principais desafios da
aos ODS é um norte para as empresas, e inte- Agenda 2030 no Brasil.
grar o Pacto Global da ONU é uma sinalização
dos compromissos do negócio com essas
agendas.
Os caminhos do relato ESG Frameworks, standards e iniciativas 38
Site https://sciencebasedtargets.org/
Categoria Iniciativa
Geral e Setorial
Outros frameworks
Corporate Sustainability Reporting Directive
(CSRD) – Comissão Europeia
O novo ISE B3
Utilizamos como base desta pesquisa as em- te por meio do Questionário CDP – Mudanças
presas elegíveis para o Índice de Sustentabi- Climáticas (cujo score mínimo exigido para
lidade Empresarial da B3 (ISE B3). O índice é integrar a carteira do ISE é C). Com esse peso
uma ferramenta para análise comparativa da para a questão climática, a empresa que quiser
performance das empresas listadas na B3 sob ser reconhecida por ter as melhores práticas de
o aspecto da sustentabilidade corporativa. sustentabilidade, precisará, obrigatoriamente,
responder ao questionário CDP – Mudanças
O processo de inclusão das companhias na Climáticas, no qual são informados o mapea-
carteira do ISE B3 pressupõe o preenchimento mento e gestão de riscos e oportunidades rela-
de um questionário. O mais recente, lançado cionadas ao clima, o inventário de emissões de
em julho de 2021, traz perguntas muito mais gases de efeito estufa, os projetos e seu custo
assertivas e aprofundadas, a fim de que as em- para reduzir as emissões, e as metas de curto,
presas candidatas a integrar a carteira compro- médio e longo prazo.
vem suas práticas de gestão.
Foi firmada, ainda, uma parceria do ISE B3 com O fato é que as companhias que divulgam seus
o RepRisk, instituição pioneira em ciências de relatos corporativos – e adotam as normas GRI e
dados ESG, condicionando o acesso da empre- SASB Standards (da VRF) – estão em vantagem
sa à carteira ISE ao índice de risco reputacional para integrar a carteira ISE B3, mas será que es-
igual ou inferior a 50 pontos. O produto princi- tas normas são as únicas que são fiéis ao mode-
pal da RepRisk, o RepRisk ESG Risk Platform, lo de negócio de cada uma delas?
usa um banco de dados de devida diligência
(due diligence) do mundo sobre riscos de ESG e Apresentamos, nas próximas páginas, a me-
de conduta empresarial. Esses dados permitem todologia e os resultados do estudo realizado
que os tomadores de decisões financeiras rea- pelo grupo report sobre os frameworks e stan-
jam rapidamente aos riscos ESG materiais que dards utilizados nos relatórios não financeiros
podem se traduzir em financeiros, de reputação pelas empresas elegíveis a integrar a carteira
ou de conformidade. Para saber mais, acesse o do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE
site da RepRisk. B3). Esta é a primeira edição do índice após
revisão de metodologia realizada em 2021.
Considerando que as dimensões e temas do
questionário são baseadas nas normas SASB
Standards (da VRF) e que, para o conteúdo,
são usadas como referenciais as ferramentas
publicadas pelo GRI e pelo Sistema B, resta sa-
ber se as empresas listadas estão prontas para
disponibilizar tais informações.
Os caminhos do relato ESG Como o Brasil relata 45
Metodologia de pesquisa
Com base na lista das 187 empresas
O QUE FOI ANALISADO?
elegíveis para compor a carteira ISE
• A qual ano se refere o relatório mais recente
B3 2021, foi realizada uma prospecção publicado pela empresa?
dos reportes anuais não financeiros • Qual o título atribuído ao reporte?
publicados por essas companhias • Qual o setor da empresa?
• Quais frameworks e standards foram mais
reportados?
• Quais frameworks e standards foram integrados ao
longo do relatório?
• Quais frameworks e standards foram correlacionados
Para uma análise criteriosa dos relatos, no sumário de conteúdo?
algumas premissas foram adotadas: • Qual foi a opção escolhida para o relato GRI?
Essencial ou Abrangente?
• Foram consideradas apenas as publicações
• Qual foi o desdobramento com relação aos ODS? A
referentes ao ano de 2020; empresa adere somente aos objetivos ou especifica
as metas?
• Foram consideradas apenas as empresas
• A empresa relata os seus riscos e oportunidades
que publicaram o reporte até setembro/2021.
relacionados às mudanças climáticas?
Os caminhos do relato ESG Como o Brasil relata 46
Principais achados
A maioria relata, mas ainda há retardatários
A boa prática caminha para que os relatórios não tral dos indicadores de sustentabilidade tal
Relatórios publicados financeiros sigam um calendário semelhante ao como ocorre com os financeiros.
das divulgações financeiras, obedecendo o prin-
cípio da tempestividade, ou seja, da divulgação Considerando que, das 187 empresas elegí-
2020/2021 1
de informações no momento e com a periodici- veis para a carteira ISE B3 2021, 110 (58,8%)
2020 106 dade adequados às expectativas do mercado. publicaram relatos referentes a 2020, o relató-
rio não financeiro (ou não exclusivamente fi-
2019/2020 3 Isso significa publicar o relatório anualmente, nanceiro) parece ser uma prática consolidada.
de preferência no primeiro trimestre ou no iní- Ainda assim, 13 (6,9%) publicaram relatos em
2019 4 cio do segundo trimestre do ano seguinte. anos anteriores e 64 (34,2%) nunca elabora-
ram um relatório ou não o deixam disponível
2018/2019 1 Além disso, já se observa um movimento, que para consulta ao público externo. Trata-se de
pode vir a ser tendência, de atualização trimes- um índice significativo.
2018 4
Comentário
2017 2
sustentabilidade
criação ou destruição de valor econômico na sociedade e no meio ambiente
• Foco na transparência •N
ão olha somente para os riscos, mas
também para as oportunidades
• Mensuração do desempenho da gestão
ambiental e social e das práticas de •A
genda mais ampla de toda a
governança de uma organização sociedade e suas demandas
• Evidencia os impactos e riscos inerentes •P
ensamento estratégico da
ao negócio organização, integrando aspectos não
financeiros considerados pelo ESG ao
• O olhar para oportunidades é voltado para
modelo de negócios voltado à geração
a mitigação dos riscos
de valor para a sociedade
• Produz evidências e gera credibilidade
para os compromissos de uma
organização em sua estratégia
comunicada para a sociedade
• Gestão das questões sociais, ambientais e
de governança que impactam o resultado
financeiro e a criação ou destruição de
valor da empresa
Pacto
73,6% 94,5%
Global
Adotam GRI 9,6%
<IR> Framework 51,8%
(da VRF)
4,8%
1,0%
SASB Standards 35,5%
(da VRF)
Essencial Abrangente G4 – Não
TCFD 30,9% Essencial especificado
O padrão GRI é o standard mais abordado pelas companhias GRI Essencial ou Abrangente
94,5% (104), sendo que 84,6% (88) delas relatam na opção
Essencial – opção indica um relatório com o mínimo de informações
Essencial. Importante notar que 9,6% (10) dos relatórios GRI
necessárias para que os stakeholders entendam a natureza da
não especificam a opção escolhida para o relato, o que não
organização, seus tópicos materiais e impactos a eles relacionados,
está de acordo com o determinado pelo protocolo.
e como tais impactos são geridos.
Abrangente - opção parte da Essencial e exige a divulgação
Comentário
de informações adicionais sobre estratégia, ética, integridade e
governança da organização. Além disso, a organização deverá relatar
As diretrizes GRI continuam como a principal referência
seus impactos de forma mais ampla, relatando todos os conteúdos
no Brasil e no mundo, e é o caminho seguro para quem
específicos para cada tópico material coberto pelas Normas GRI.
inicia seu processo de relato de sustentabilidade.
No entanto, com a atualização das normas GRI que passará a ser
Fonte: GRI Standards 102: Conteúdos Gerais 2016 padrão a partir de 2023, haverá uma única opção de reporte.
Os caminhos do relato ESG Como o Brasil relata 51
Pacto Global
se faz presente
Comentário
Bens e Serviços
13,3%
de Consumo
Alimentos 6,7%
44,1%
41,2% Bens e Serviços
6,7%
Industriais
Infraestrutura 6,7%
30,9%
Apoiam a
Locação de
TCFD 14,7% 6,7%
Veículos
Mineração 6,7%
CDP
A 1,0%
A- 3,1%
58,8%
B 1,0% Publicaram
51,3% relatório anual de
Responderam ao B- 20,8% 2020
questionário
C 7,3%
C- 16,7%
D 12,5%
D- 3,1%
84,4%
A adesão da empresa ao CDP não é uma con- das empresas, representando 48,7% (91), não
dição para a publicação do relatório anual. Por possuem o score disponível.
essa razão, neste caso, avaliamos todas as 187
empresas listadas como elegíveis pela B3. Em Importante lembrar que, de acordo com a nova 15,6%
relação ao questionário CDP-Mudanças Climá- metodologia ISE, é desclassificada qualquer
ticas, 51,3% (96) responderam ao questionário empresa que não responde ao CDP referente
2020 ou estão aguardando o seu score 2021. ao ano da carteira, ou que tem um score inferior
Chama a atenção que quase metade do total a “C”. Portanto, com base nos dados referentes Possuem score Score não
2020/ Aguardando disponível
score 2021
Os caminhos do relato ESG Como o Brasil relata 57
ao ano de 2020, mais da metade (67,9%, equi- que já respondem ao CDP-Mudanças Climáticas
valente a 127) das empresas elegíveis seriam não aproveitam a oportunidade de integrarem a
excluídas do processo. Contudo, considerando TCFD em seus processos e para estruturarem o
que os scores CDP 2021 estão previstos para relato climático da organização.
serem lançados em dezembro de 2021, esse
panorama pode ser alterado. Os números são claros: das 96 empresas que
responderam ao CDP, 29,2% (28) apoiam a
Das 77 empresas que não publicaram relatório TCFD, apenas 15,6% (15) integraram as reco-
anual referente a 2020, 15,6% (12) responde- mendações TCFD ao longo do relato, e 5,2% (5)
ram ao Questionário CDP-Mudanças Climáti- apresentam a meta de passar a integrar a TCFD.
cas de 2020, ou estão aguardando score 2021. Contudo, 65,6% (63) das empresas que respon-
dem ao CDP, não se posicionaram quanto a um
O CDP pode ser considerado como um forte alinhamento à Força-Tarefa.
e consistente ponto de partida para as empre-
sas que visam se engajar na agenda climática,
pois reúne aspectos essenciais para a formu-
Apoiam a TCFD 29,2%
lação da estratégia climática empresarial. A
empresa pode estender a análise até a sua Integraram as
cadeia de valor e alcançar as emissões de 15,6%
Recomendações
escopo 3, tema que tem ganhado relevância
Planejam integrar
para a gestão de GEE. 5,2%
a TCFD
As empresas que respondem ao CDP já se
Não citam 65,6%
alinham a algumas recomendações da TCFD.
Contudo, de acordo com os dados, as empresas
Os caminhos do relato ESG Como o Brasil relata 58
SBTi
A Science Based Targets initiative (SBTi) é a sem precedentes nos últimos 800 mil anos.
iniciativa climática menos citada pelos relató- Destaca-se que as concentrações de CO2 au- 79,1%
rios. Apenas 16,4% (18) das empresas citam mentaram 40% desde o período pré-industrial
a iniciativa e informam estar em processo de devido a emissões provenientes de combustí- 11,8%
terem as suas metas aprovadas, e não mais que veis fósseis e mudança de uso da terra.
10,0% (11) estão listadas no site da SBTi como
Portanto, esse é um sinal de alerta para que em-
empresas que já assinaram a carta de compro-
presas desse setor assumam o compromisso
metimento da iniciativa (em inglês, Commitment 4,5% 4,5%
urgente de estabelecer metas ambiciosas de re-
Letter). E das 110 empresas, 4,5% (5) planejam
dução de emissão com base na ciência (SBTi),
integrar à iniciativa.
considerando também o CH4 e o N2O, não ape-
Citam a Possuem Planejam Não
O setor de Energia lidera na divulgação do ali- nas o CO2. Para saber mais, leia Entendendo o SBTi metas em integrar à citam
nhamento com a iniciativa, representando 27,8% relatório do IPCC. processo de iniciativa
(5), seguido pelos setores de Alimentos, Loca- aprovação
GRI + ODS + <IR> Framework (da GRI + ODS + <IR> Framework (da VRF)
VRF) + SASB Standards (da VRF)
8,2% + SASB Standards (da VRF) + ISE 0,9%
GRI + ODS + Pacto Global + <IR> Framework GRI + ODS + SASB Standards
(da VRF) + SASB Standards (da VRF)
1,8% (da VRF) + TCFD 0,9%
GRI + ODS + TCFD 1,8% GRI + SASB Standards (da VRF) + TCFD 0,9%
1. Princípios para Educação Executiva Responsável (PRME, na sigla em inglês) ODS + <IR> Framework (da VRF) 0,9%
2. Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, na sigla em inglês)
Os caminhos do relato ESG Como o Brasil relata 61
O que encontramos?
• 110 empresas (58,8%) publicaram al- • Os standards e frameworks mais • A maior parte das empresas (73,1%)
gum tipo de relatório não exclusiva- abordados foram GRI (94,5%), <IR> não especifica as metas de cada
mente financeiro, referente ao ano de Framework (da VRF) (51,8%), SASB ODS priorizado em sua estratégia
2020, e 64 (32,4%) nunca elaboraram Standards (da VRF) (35,5%) e TCFD
ou não divulgaram o seu relatório • As iniciativas mais conectadas ao
(30,9%)
anual longo do relatório foram GRIxODS
• A opção mais escolhida para o relato (30,9%), que também lideraram nas
• O título mais adotado (40%) para as GRI foi a Essencial (84,6%) correlações no sumário, com 36,4%
publicações foi “Relatório de Susten-
tabilidade” • Os Objetivos de Desenvolvimento • A agenda climática precisa ser ur-
Sustentável da ONU (ODS) apa- gentemente impulsionada, tendo
• O setor que mais divulgou relatórios recem em 94,5% dos relatórios e em vista que apenas 51,3% das 187
anuais foi o de Energia (16,4%) 73,6% das organizações se declara- empresas responde ao CDP, 44,1%
ram como signatárias ou participan- integra a TCFD em seu relato e 16,4%
tes do Pacto Global da ONU cita a SBTi ou possuem metas em
processo de aprovação
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O que recomendamos?
Como as leitoras e os leitores deste estudo climáticas, dupla materialidade, entre tantos
puderam ver, o cenário de frameworks e stan- outros temas. Mas, diante de tudo isso, quais
dards de relatório está frenético: novas diretri- os direcionamentos? Seguem alguns:
zes no horizonte, parcerias, fusões, mudanças