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A lei do trânsito
Em que pese uma ligeira melhoria ao longo dos últimos anos, o trânsito brasileiro ainda é
um dos mais mortíferos do mundo. Acidentes automobilísticos tiram a vida de uma legião estimada
entre 30 mil e 50 mil pessoas por ano. Dezenas de milhares vivem com seqüelas.
O panorama é sombrio, mas não é tão difícil de equacionar. A lei que permitiria obter
expressivas melhoras está em vigor. Falta apenas aplicá-la. Boa parte dos acidentes são
provocados por uma minoria de maus motoristas, que em outro país provavelmente já teriam tido
seu direito de conduzir suspenso. No Brasil, porém, eles seguem dirigindo.
Levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo com dados de 2002
mostra que um grupo de veículos correspondente a 1,1% da frota levou 19,6% das multas. Nesse
contingente, a média de multas por veículos era de dez.
A grande maioria dos motoristas paulistanos não é apanhada em infrações: 72,8% dos
carros não foram multados em 2002, e 16,5% foram flagrados em apenas uma infração. Esses dois
grupos somam quase 90% dos veículos em circulação.
É claro que não ser apanhado em infrações não é garantia de que o motorista não as
tenha cometido. Segundo estudo da Universidade Anhembi Morumbi, de cada 10 mil situações de
ultrapassagem no sinal vermelho e parada sobre a faixa de pedestres, por exemplo, apenas uma é
flagrada por fiscais ou por equipamentos eletrônicos e se converte em multa. A baixa eficiência da
erroneamente chamada “indústria da multa” apenas reforça a irresponsabilidade dos que são
freqüentemente apanhados cometendo infrações.
O caminho para tornar o trânsito menos assassino é inequívoco: pôr um fim à
impunidade, ampliando a fiscalização e cassando a habilitação dos maus motoristas
contumazes.
Indicador cultural
O país da favela
O futuro já começou
A consciência de que o ser humano pode corrigir aquilo que lhe é prejudicial determina para muitos
que o fim do mundo não está próximo. Há quem diga que é da natureza humana distorcer informações
para obter as conclusões desejadas. Para esses, os cientistas são muito pessimistas sobre o futuro da
humanidade, anunciando que o aquecimento global, decorrente do efeito estufa e o desflorestamento, vão
nos matar em poucas décadas.
A visão apocalíptica do momento é o aquecimento global. Sabe-se que o planeta ficou um grau
Celsius mais quente no último século e que, se o ritmo das agressões ambientais não regredir, a
temperatura subirá ainda mais com conseqüências dramáticas para o nosso planeta.
Sabe-se, ainda, que o aquecimento da Terra é um fato real e incontestável. Infelizmente não se
trata de distorção com a finalidade de criar um clima de fim dos tempos. Equivocam-se, portanto, aqueles
que atribuem demasiado pessimismo aos cientistas. Pensando desse modo alienam-se e deixam de fazer
a parte que cabe a cada cidadão na grande tarefa coletiva de preservação do ambiente.
Verdade que não é esta a primeira vez que se fala em perigo iminente para a continuidade da vida
na Terra. É da natureza humana um certo grau de atração por catástrofes fato que explica o grande
sucesso de filmes onde cidades inteiras desaparecem ou o mundo simplesmente acaba. Além disso, são
muitos os episódios reais em que populações foram amedrontadas pela possibilidade do fim do mundo, um
deles no início do século 20 quando o cometa Haley se aproximou da Terra e pensou-se que se chocaria
contra ela.
Nicolau de Souza