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ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA “Este continente é, ao mesmo tempo, muitos continentes.

Os africanos são
um entrançar de muitos povos. A cultura africana não é uma única, mas
ILUSTRAÇÕES LUCIANA JUSTINIANI HEES uma rede multicultural em contínua construção.”
Essas palavras, do escritor moçambicano Mia Couto, expressam a força da
ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA pluralidade da África, que se confirma na leitura deste ABC do continente
africano de Rogério Andrade Barbosa. Nesta sucinta mas fundamental
é graduado em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e coletânea de palavras relacionadas à África, o autor apresenta algumas
pós-graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Escritor,
A África tem muitas caras: marcas da história, do espírito e do saber próprios desse continente, a
professor, contador de histórias e ex-voluntário das Nações Unidas em exótica e misteriosa, perigosa respeito dos quais fala Nei Lopes no prefácio.
Guiné-Bissau, África, publicou mais de cem livros, alguns deles traduzidos e cruel, triste e explorada. Em contraste com a visão preconceituosa que insiste na imagem de um
para outros idiomas. Recebeu diversas distinções, como a indicação para Mas ela é muito mais do que continente homogêneo e atrelado ao passado, os dois autores, profundos
a lista de honra do International Board on Books for Young People (IBBY) isso, é o lugar de origem do conhecedores das realidades africanas, apontam para a diversidade, uma de
em 2002 e, em 2005, o prêmio na categoria Literatura Infantojuvenil da suas principais características. Ali vamos encontrar uma geografia variada:
homem, uma terra cheia de são 54 países, onde convivem homens e mulheres de culturas diferentes,
Academia Brasileira de Letras. história e de cultura. Por que que se expressam em mais de mil línguas e incontáveis rituais e práticas
o baobá é chamado de mãe? religiosas.
Por que o Nilo é conhecido Conhecemos pouco dessa impressionante riqueza cultural, que muitos livros
LUCIANA JUSTINIANI HEES como o rio da vida? DO CONTINENTE AFRICANO ainda ignoram, que os veículos da grande imprensa em geral deturpam,
As muitas religiões, as cidades que a televisão reduz a paisagens paradisíacas para os turistas ou a
é designer gráfica e ilustradora. Carioca, viveu no Nordeste e Norte do verdadeiros infernos de miséria e guerra para quem lá habita ou trabalha.
país durante a infância e parte da adolescência. Desde 2003 vive em
populosas, os vilarejos, os
grandes líderes, os mitos e Tudo isso suscita equívocos e reforça preconceitos. Quando nos lançamos
Moçambique, onde desenvolve trabalhos para diversas mídias. Para ilustrar ao conhecimento mais aprofundado da África, descobrimos um universo
este livro, além de desenhos e texturas variadas, Luciana se inspirou na as cores são as outras Áfricas vivo que nos revela um continente vasto onde a modernidade se conjuga
capulana, nome moçambicano do tecido tradicionalmente usado pelas que se mostram neste ABC. às marcas de um passado vigoroso, onde as elites corruptas se confrontam
mulheres africanas. com gente honesta, onde os senhores da guerra enfrentam a resistência
dos que querem a paz. Se as lutas pela libertação dos povos africanos
ain­da conhecem recuos, se a miséria e a fome inibem gestos de vitória,
a população da África sabe que a esperança é uma conquista que pode
contagiar outros espaços. Um pouco disso podemos aprender aqui.

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Rita Chaves
DO CONTINENTE AFRICANO
© Rogério Andrade Barbosa, 2007 ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA
© Luciana Justiniani Hees, 2007
ILUSTRAÇÕES LUCIANA JUSTINIANI HEES
Coordenação editorial Cláudia Ribeiro Mesquita
Preparação Tulio Kawata
Revisão Gislaine Maria da Silva e Carla Mello Moreira
Edição de arte Leonardo Carvalho e Paula Astiz
Capa e projeto gráfico Paula Astiz
Editoração eletrônica Priscila Arícia Neto / Paula Astiz Design
Produção industrial Alexander Maeda
Impressão <completar>
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Barbosa, Rogério Andrade
ABC do Continente Africano / Rogério Andrade Barbosa;
ilustrações Luciana Justiniani Hees. – São Paulo : Edições
SM, 2007.

ISBN 978-85-7675-174-8

1. África – Literatura infantojuvenil. I. Hees, Luciana


Justiniani. II. Título. DO CONTINENTE AFRICANO
07-0701 CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:


1. África : Literatura infantil 028.5
2. África : Literatura infantojuvenil 028.5

Grafia conforme o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

1ª edição 2007
xª impressão 2018

Todos os direitos reservados a


Edições SM
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ÁFRICA DA HISTÓRIA, DO ESPÍRITO E DO SABER
Primeiro, ela foi o território da aventura, continente selvagem, exótico e misterioso.
Mais tarde, abrigou rebeldes e ingratos que implantaram o terrorismo e a guerrilha em
toda a região. Hoje, é o palco privilegiado das guerras, da corrupção e da crueldade.
O forasteiro tem olhos grandes, mas não enxerga. Essas são as imagens construídas ao longo do tempo sobre a África. Por gente que
provérbio da África Ocidental não soube ou esqueceu da alvorada da humanidade, do Egito faraônico, do esplendor
das civilizações da Núbia e da Etiópia, da magnífica arte em bronze de Ifé e Benin, de
líderes e pensadores como Kwame Nkrumah, Patrice Lumumba, Jomo Kenyatta, Julius
Kambarage Nyerere, Amadou Hampâté Bâ, Théophile Obenga, Cheikh Anta Diop, Léo-
pold Senghor e tantos outros, antigos e contemporâneos.
A África tem uma história. Como a das velhas Ásia e Europa. Com dificuldades e
problemas, mas também com muitas glórias. Com um passado de cultura, até mesmo
anterior ao da civilização greco-latina, por mais incrível que isso possa parecer. E com
um presente de luta e de trabalho raramente mostrados no cinema, na televisão ou nos
livros.
A África tem um espírito e um saber. E esse saber e esse espírito africanos no campo
das artes, ciências, técnicas e filosofia ligam o mais profundo do continente à essência
milenar da antiguidade egípcia, etíope e núbia.

Nei Lopes
A

ÁFRICA
de florestas, pântanos,
desertos, estepes, savanas,
rios, mares e montanhas
infindáveis. África de
monumentos históricos
talhados em blocos de pedra.
África de modernas e vibrantes
metrópoles. África de povos
urbanos, agrícolas e pastoris.
África de múltiplas etnias,
culturas, línguas e religiões.
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b
BAOBÁ
árvore sagrada e gigantesca,
senhora das áridas vastidões.
Seu tronco é tão grosso que
são necessários vinte homens
de mãos dadas para abraçá-lo.
Os galhos secos e eriçados
parecem raízes em direção
ao céu abrasador, como se
ela tivesse sido plantada de
cabeça para baixo. Em algumas
localidades, acredita-se que
quem tomar um chá feito
com suas folhas nunca será
devorado por um crocodilo.
Por sua sombra acolhedora e
pela capacidade de armazenar
água, ela é chamada também
de Árvore da Vida ou,
simplesmente, de Mãe.
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C

CIDADES
populosas com avenidas
movimentadas, arranha-céus,
indústrias e universidades
guardam marcas do passado,
expõem o presente e apontam
para o futuro. A maioria dos
grandes centros urbanos,
assim como acontece em
outros continentes, enfrenta
problemas de emprego, saúde,
moradia, trânsito e poluição.
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