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Tecnologias Elétricas

Corrente de curto-circuito presumida


Prof. Me. Alessandro Bogila / alessandro.bogila@facens.br

Sorocaba / SP
Corrente de curto-circuito presumida

Devem ser previstos dispositivos de proteção para interromper toda corrente de curto-
circuito nos condutores dos circuitos, antes que os efeitos térmicos e mecânicos dessa
corrente possam tornar-se perigosos aos condutores e suas ligações. Para tanto, as
características dos dispositivos de proteção contra curtos-circuitos devem atender às
seguintes condições:

a.) Sua capacidade de interrupção deve ser, no mínimo, igual à corrente de curto-circuito
presumida no ponto da instalação, ou seja:

𝑰𝒊𝒏𝒕 ≥ 𝑰𝑪𝑪

Sendo que 𝑰𝒊𝒏𝒕 é a corrente de interrupção do dispositivo de proteção e 𝑰𝑪𝑪 é a corrente de


curto-circuito presumida no ponto de aplicação do dispositivo de proteção.

Um dispositivo com capacidade inferior é admitido, se outro dispositivo com capacidade de


interrupção necessária for instalado a montante. Nesse caso, as características dos dois
dispositivos devem ser coordenadas de tal forma que a energia que eles deixam passar não
seja superior à que podem suportar, sem danos, o dispositivo situado a jusante e aslinhas
protegidas por esse dispositivo.
Corrente de curto-circuito presumida

b.) A integral de Joule que o dispositivo deixa passar deve ser inferior ou igual à integral de
Joule necessária para aquecer o condutor, desde a temperatura máxima para o serviço
contínuo até a temperatura limite de curto-circuito, indicado pela expressão seguinte:

න 𝒊𝟐 𝒅𝒕 ≤ 𝑲𝟐 𝑺𝟐
𝟎

Sendo que, ‫ 𝒕𝒅 𝟐𝒊 𝟎׬‬é a integral de joule que o dispositivo deixa passar em ampères² × s e
𝑲𝟐 𝑺𝟐 é a integral de Joule para aquecimento do condutor desde a temperatura máxima em
serviço contínuo até a temperatura de curto-circuito, admitindo o aquecimento adiabático
(sem troca de calor com o ambiente) como:

K = 115 para condutores de cobre com isolação de PVC;


K = 135 para condutores de cobre com isolação EPR e XLPE;
K = 74 para condutores de alumínio com isolação em PVC;
K = 87 para condutores de alumínio com isolação EPR ou XLPE;
S = seção em mm².
Corrente de curto-circuito presumida

Para curtos-circuitos de qualquer duração, em que a assimetria da corrente não seja


significativa, e para curtos-circuitos assimétricos de duração 0,1s < t < 5s, pode-se escrever:

𝑰𝟐 × 𝒕 < 𝑲𝟐 𝑺𝟐

I = corrente de curto-circuito presumida, em A;


t = duração do curto-circuito em segundos.

A corrente nominal do dispositivo de proteção contra curtos-circuitos pode ser superior à


capacidade de condução de corrente dos condutores do circuito.
Corrente de curto-circuito presumida

Devem ser determinadas em todos os pontos de instalação julgados necessários. Essa


determinação pode ser feita por cálculo ou medida.

As Equações a seguir permitem a determinação simplificada das correntes de curto-circuito


presumidas:

Para 220/127 V:
𝟏𝟐, 𝟕
𝑰𝒌 =
𝟏𝟔𝟐 𝟓𝟕 × 𝐜𝐨𝐬 𝜽𝒌𝟎 × 𝒍 𝟓𝒍𝟐
+ + 𝟐
𝑰𝟐𝒌𝟎 𝑰𝒌𝟎 × 𝑺 𝑺

Para 380/220 V:
𝟐𝟐
𝑰𝒌 =
𝟒𝟖𝟒 𝟏𝟎𝟎 × 𝐜𝐨𝐬 𝜽𝒌𝟎 × 𝒍 𝟓𝒍𝟐
+ 𝑰𝒌𝟎 × 𝑺 + 𝟐
𝑰𝟐𝒌𝟎 𝑺
Corrente de curto-circuito presumida

Sendo que,

𝐼𝑘 = corrente de curto-circuito presumida em kA (Tabela 4.7);


𝐼𝑘0 = corrente de curto-circuito presumida a montante em kA;
cos(𝜃𝑘0 ) = fator de potência de curto-circuito aproximado, dado pela Tabela 4.6;
ℓ = comprimento do circuito (m);
S = seção dos condutores (mm²).

Observação: Dobrando o valor do comprimento ℓ, a expressão para sistemas de 380/220 V


é aplicável a circuitos monofásicos de 220 V.
Corrente de curto-circuito presumida
Corrente de curto-circuito presumida

Exemplo 1: Calcule as correntes de curto-circuito presumida nos pontos indicados.

QGBT Principal
QGBT Secundário
Corrente de curto-circuito presumida

Resolução:

Para o cálculo em 𝑰𝟏𝒌 :

De acordo com a Tabela 4.7, a corrente de curto-circuito a montando vale 8,44 kA, essa é a
corrente de curto-circuito no secundário do transformador. De acordo com a Tabela 4.6, o
fator de potência para a corrente de curto-circuito no secundário do transformador vale 0,5.
O comprimento vale 30 m e a seção transversal do cabo vale 95 mm², lembrando que é um
circuito bifásico.

𝟏𝟐, 𝟕
𝑰𝟏𝒌 =
𝟏𝟔𝟐 𝟓𝟕 × 𝐜𝐨𝐬 𝜽𝒌𝟎 × 𝒍 𝟓𝒍𝟐
+ + 𝟐
𝑰𝟐𝒌𝟎 𝑰𝒌𝟎 × 𝑺 𝑺

𝟏𝟐, 𝟕
𝑰𝟏𝒌 = = 𝟔, 𝟒𝟖 𝒌𝑨
𝟏𝟔𝟐 𝟓𝟕 × 𝟎, 𝟓 × 𝟑𝟎 𝟓 × 𝟑𝟎𝟐
+ +
𝟖, 𝟒𝟒𝟐 𝟖, 𝟒𝟒 × 𝟗𝟓 𝟗𝟓𝟐
Corrente de curto-circuito presumida

Para o cálculo em 𝑰𝟐𝒌 :

De acordo com a de curto-circuito a montando vale 6,48 kA, essa é a corrente de curto-
circuito a montando, ou seja, é a última corrente de curto-circuito logo acima do ponto onde
se deseja calcular a corrente de curto-circuito. De acordo com a Tabela 4.6, o fator de
potência para a corrente de curto-circuito no secundário do transformador vale 0,5. O
comprimento vale 2x25=50 m (dobra o valor do comprimento para circuitos monofásicos) e
a seção transversal do cabo vale 25 mm² (bitola), lembrando que é um circuito monofásico.

𝟏𝟐, 𝟕
𝑰𝟐𝒌 =
𝟏𝟔𝟐 𝟓𝟕 × 𝐜𝐨𝐬 𝜽𝒌𝟎 × 𝒍 𝟓𝒍𝟐
+ + 𝟐
𝑰𝟐𝒌𝟎 𝑰𝒌𝟎 × 𝑺 𝑺

𝟏𝟐, 𝟕
𝑰𝟐𝒌 = = 𝟐, 𝟐𝟐 𝒌𝑨
𝟏𝟔𝟐 𝟓𝟕 × 𝟎, 𝟓 × 𝟓𝟎 𝟓 × 𝟓𝟎𝟐
+ +
𝟔, 𝟒𝟖𝟐 𝟔, 𝟒𝟖 × 𝟐𝟓 𝟐𝟓𝟐
Corrente de curto-circuito presumida

Exercício 1: Calcule as correntes de curto-circuito presumida até as cargas bifásicas da


figura a seguir. Escolha a potência do transformador.
Corrente de curto-circuito presumida - Transformador

A corrente de curto-circuito presumida nos transformadores pode ser calculados da seguinte


maneira:

𝑺
𝑰𝒌 = × 𝟏𝟎𝟎 [𝒌𝑨]
𝟑 × 𝑽𝑳 × 𝒁%

𝐼𝑘 é a corrente de curto-circuito presumida do transformador; 𝑆 é a potência aparente do


transformador; 𝑉𝐿 é a tensão de linha de alimentação do transformador; 𝑍% é a impedância
percentual do transformador.

Potência do transformador Impedância de curto-circuito


S(kVA) (𝒁% )
15; 30; 45; 75; 112,5; 150 3,5
225 ; 300 4,5
500; 750; 1000 5,0
Referências

1. MAMEDE FILHO, João. Instalações elétricas industriais/ de acordo com a norma


brasileira NBR 5419:2015. 9. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2017.

2. CREDER, Hélio. Instalações elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2016.
Agradecimento

Obrigado.

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