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Módulo 4 Aula 4
Fonte com ponte de diodos: Iniciaremos pelo projeto de fontes de alimentação simples
(também conhecidas como assimétricas), que apresentam um nível de tensão positivo em
referência ao GND. Uma topologia muito utilizada neste tipo de projeto é a vista na Figura 1.
Os diodos também precisam ser mencionados de acordo com a corrente que circulará
por eles. Finalmente, temos o capacitor 𝐶1 responsável por reduzir o ripple (ondulação) da fonte
para um nível de tensão contínua (DC). O capacitor 𝐶2 é responsável por filtrar espúrios e
frequências mais altas, algo que 𝐶1 não é capaz devido sua alta capacitância e também ao
aspecto construtivo do mesmo. Como 𝐶1 consiste em um eletrolítico, o mesmo apresenta os
condutores enrolados para admitir maior capacitância em menos espaço, o que denotará
indutâncias parasitas. Essas indutâncias parasitas se opõe à frequências mais altas, daí a
necessidade de adicionarmos o capacitor 𝐶2 em paralelo com 𝐶1 que pode ser com dielétrico de
poliéster ou mesmo cerâmica.
Para o primeiro projeto, vamos considerar um amplificador que precisa de uma fonte
simples de 60𝑉 e fornecerá a potência máximo de 18𝑊 em uma carga de 8Ω (Figura 2).
De posse desses dados, a corrente de saída pode ser calculada pela Lei de Joule
𝑃 18
𝐼 = √ = √ ∴ 𝐼 = 1,5𝐴
𝑅 8
Como regra geral, dimensionamos a fonte para fornecer o dobro da corrente ou, no
mínimo, 50% a mais. Vamos considerar que desejamos reduzir custos, portanto calcularemos
para 50% mais de corrente
1,5
𝐼 = 1,5 + = 2,25𝐴
2
Agora já sabemos a corrente que a fonte deverá fornecer. O capacitor 𝐶2 pode
apresentar valores típicos entre 47𝑛𝐹 e 470𝑛𝐹. Em geral, utiliza-se 100𝑛𝐹, valor comum
quando deseja-se o corte acima de 50, 60𝑘𝐻𝑧. O capacitor 𝐶1 é dimensionado seguindo uma
regra muito simples: para cada Ampère de corrente, utiliza-se 1000𝜇𝐹 de capacitância. Este
método funciona porém não é o ideal, uma vez que teremos alta ondulação nos picos de
corrente. A tensão de ripple é dada pela equação
𝐼
𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 =
𝑓𝐶
Uma regra de projeto que funcionará bem para a maioria dos casos é arbitrar uma
tensão de ripple de no máximo 1𝑉. A frequência, considerando uma rede de 60𝐻𝑧 e retificação
em onda completa, como da Figura 1, será 120𝐻𝑧. O capacitor mais indicado será portanto
𝐼 2,25
𝐶1 = = ∴ 𝐶1 = 18750𝜇𝐹
𝑓𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 120 × 1
Os diodos devem ser dimensionados também de acordo com a corrente máxima. Para
esta aplicação, podemos utilizar o modelo 1N5408 que é para 3𝐴. Em caso de ponte retificadora,
a corrente que circula por cada diodo é igual à metade da corrente, portanto
𝐼 2,25
𝐼𝐷 = = = 1,125𝐴
2 2
Logo, os diodos 1N5408 suportarão esta corrente com folga. Não podemos utilizar os
típicos 1N4007, pois são para o máximo de 1𝐴. A ligação de diodos em paralelo não é
aconselhável, uma vez que pequenas divergências entre os dispositivos farão com que um deles
conduza mais corrente que o outro. Para testes rápidos, pode-se utilizar resistores de
compensação em série com os diodos, como na Figura 3.
A potência dissipada no resistor deve ser calculada de acordo com a corrente que
circulará por ele
𝑃𝑅 = 𝐼 2 𝑅
No caso do projeto para 1,125𝐴 teremos
O fator de ripple (𝛾) pode ser calculado como a razão entre a tensão 𝑟𝑚𝑠 e a tensão
média, multiplicado por 100. Quando mais próximo de 100%, melhor será o fator de ripple, pois
mais próximo de um nível DC ideal chegará a nossa fonte.
𝑉𝑟𝑚𝑠
𝛾= × 100%
𝑉𝐷𝐶𝑎𝑣
Considerando que nossa tensão de pico será 60𝑉 e a tensão de ripple 1𝑉, teremos uma
tensão mínima na ondulação de
Observando que este é o pior caso, considerando nosso pico de corrente e uma tensão
de ripple de 1𝑉.
Para o LED de indicação visual, pode-se utilizar o mesmo método clássico com resistor
limitador de corrente. Considerando um LED amarelo de 2𝑉 e corrente de 15𝑚𝐴 o resistor será
𝑉 − 𝑉𝐿𝐸𝐷 60 − 2
𝑅𝐿𝐸𝐷 = = = 3866Ω
𝐼𝐿𝐸𝐷 15 × 10−3
Você poderá utilizar o valor comercial de 4,7𝑘Ω ou mesmo um valor superior, caso
desejar a diminuição de brilho do LED. Utilizando LEDs difusos, em geral a corrente será de
15𝑚𝐴. A tensão varia conforme a cor. Vermelho (1,8𝑉), Amarelo (2,0𝑉), Laranja (2,0𝑉), Verde
(2,1𝑉), azul (3,1𝑉), branco (entre 3,1𝑉 e 4,0𝑉).
Transformador com tap central: Outra topologia de fonte muito conhecida é a que
utiliza um transformador com dois enrolamentos de secundário em série, surgindo o tap central.
A vantagem deste tipo de transformador é viabilizar o uso de apenas 2 diodos para retificação,
conforme podemos observar na Figura 5.
Já vamos considerar o projeto para um amplificador que precisa ser alimentado com
20𝑉 e fornece uma potência de saída de 5𝑊 em um alto-falante de 16Ω. A corrente de saída
será
𝑃 5
𝐼 = √ = √ = 559𝑚𝐴
𝑅 16
𝐼 838,5 × 10−3
𝐶1 = = ∴ 𝐶1 = 6987,5𝜇𝐹
𝑓𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 120 × 1
Os diodos podem ser os famosos 1N4007 uma vez que circulará uma corrente inferior a
1𝐴 por eles, para este amplificador.
𝑃𝑆𝐸𝐶 = 15 × 1 = 15𝑉𝐴
Considerando um transformador ideal, a corrente máxima no primário será
𝑃𝑃𝑅𝐼 15
𝐼(127) = = = 118,11𝑚𝐴
𝑉𝑃𝑅𝐼 127
Logo, um fusível para 500𝑚𝐴 atenderá muito bem. A fonte projetada pode ser conferida
na Figura 6.
A chave seletora de tensão da rede está omitida, mas pode ser utilizada assim como no
circuito da Figura 4. A tensão de trabalho dos capacitores deve ser superior aos 20𝑉 previstos
para a tensão da fonte.
A corrente drenada pela saída pode ser obtida novamente através da Lei de Joule
𝑃 22
𝐼 = √ = √ = 2,34𝐴
𝑅 4
No caso de fontes simétricas, pode-se considerar que a metade desta corrente será
drenada pela fonte positiva e pela fonte negativa, portanto
𝐼 2,34
𝐼(+𝑉) = 𝐼(−𝑉) = = = 1,17𝐴
2 2
Com a margem de 50% teremos
Logo, um transformador de 11 + 11𝑉 por 1,8𝐴 será o suficiente para este amplificador.
Para o projeto desta topologia, utilizam-se as mesmas técnicas já vistas até o momento,
observe que temos dois enrolamentos independentes de secundário. Podemos desenvolver o
projeto de uma única fonte, considerando uma tensão simples e copiar os valores para a fonte
negativa. A desvantagem desta topologia se dá no uso de duas pontes retificadoras e em utilizar
um transformador mais complexo.
Exercício proposto: projete uma fonte com a topologia da Figura 9 para acionar um amplificador
que necessite de tensão simétrica de ±25𝑉 e acione um alto-falante de 16Ω com uma potência
de 12𝑊.
Uma prática comum em fontes de alimentação é utilizar resistores em paralelo com os
capacitores, de modo a provocar sua descarga quando o amplificador for desligado.
Outro artifício que visa melhorar a qualidade das fontes de alimentação, principalmente
em amplificadores high-end, é o uso de circuitos snubbers em paralelo com os diodos da ponte
retificadora (Figura 11).
Estes circuitos visam suavizar os picos negativos de alta velocidade oriundos do ripple
da fonte, evitando que ruídos extra possam ser reproduzidos pelo alto-falante do amplificador.
A Figura 12 ilustra o efeito que os circuitos snubbers causam no ripple.
Figura 12 - Tensão de ripple sem circuitos snubbers (a). Tensão de ripple com circuitos snubbers (b).
Reguladores de tensão: não abordaremos este assunto pois temos um conteúdo vasto
no canal do YouTube. Acesse https://youtube.com/canalwrkits e busque pelo tema de sua
preferência. Alguns reguladores comuns: série 78xx, 79xx, LM317, LM350, LM723.
Para obter tensões reguladas a partir de CI’s reguladores, pode-se utilizar a fonte
principal do circuito amplificador, contanto que respeite a tensão máxima suportada pela
entrada do respectivo CI (vide datasheet).
Fonte para amplificador valvulado: as mesmas técnicas de projeto podem ser utilizadas,
no entanto vale ressaltar que o secundário do transformador deve fornecer uma tensão
superior. Em compensação, a corrente é menor do que em amplificadores transistorizados.
Além disso, é comum o transformador para um amplificador valvulado apresentar mais
enrolamentos de secundário, um deles dimensionado para a alimentação dos filamentos e o
outro para a tensão de ajuste de 𝑏𝑖𝑎𝑠 (no caso de amplificadores mais sofisticados).
Projeto de filtros 𝝅: com intuito de rebaixar a tensão da fonte principal aos diversos
níveis necessários e garantir uma maior imunidade a ruído para os estágios mais sensíveis do
amplificador, é comum desenvolver-se projetos dos filtros 𝜋, que têm esse nome por lembrarem
o formato da letra grega (Figura 14). Os filtros da fonte também ajudarão a suavizar a variação
de alta velocidade oriunda do ripple, conforme analisado anteriormente na Figura 12.
Figura 14 - Filtro 𝜋 com indutor choque (a). Filtro 𝜋 com resistor (b).
Um indutor de choque (conforme Figura 14 (a)) tem que ser projetado de acordo com a
tensão na saída e a corrente que por ele irá circular. Quando percorrido por uma corrente
elétrica variável, ocorre o fenômeno da autoindução. O indutor em série conforme circuito,
aproveita parte da tensão de ripple positiva, gerando uma suavização na tensão mais baixa da
ondulação. Em amplificadores de mais baixo custo, utiliza-se o filtro 𝜋 implementado com
resistor, uma vez que reduz os custos e até mesmo economiza espaço no projeto.
A tensão +𝑉1 (que também poderia ser chamada de +𝐵1 ) é para acionamento do
transformador de saída que está ligado nas placas das válvulas de potência. A tensão +𝑉2 é para
polarização das grades de blindagem. A tensão +𝑉3 alimenta o circuito inversor de fase e +𝑉4
alimenta o pré-amplificador. O indutor de choque deve suportar uma corrente de no mínimo
350𝑚𝐴 e sua indutância pode ser aproximada pela equação
𝑉𝑒𝑓 300
𝐿1 = = ∴ 𝐿1 ≅ 857,14𝑚𝐻
1000 × 𝐼 1000 × 350 × 10−3
Na prática podemos utilizar um indutor de 900𝑚𝐻 por 400𝑚𝐴. O mesmo deve ser
fabricado sob medida para o projeto. Um ponto interessante de se destacar é o fato de que a
indutância é inversamente proporcional à corrente. Quanto menor a corrente, maior a
indutância necessária para o choque. Caso o amplificador seja desenvolvido visando economia
em componentes, pode-se simplesmente substituir o indutor de choque por um resistor. Para
cálculo dos resistores, utilizaremos a queda de tensão sobre eles e a Lei de Ohm. Calculando 𝑅1
Na prática podemos utilizar um resistor de 330Ω por 15𝑊 para trabalhar com folga.
Calculando 𝑅2
𝐼𝑅2 = 50𝑚𝐴
𝑉𝑅2 30
𝑅2 = = ∴ 𝑅1 = 600Ω
𝐼𝑅2 50𝑚
Na prática podemos utilizar um resistor de 620Ω por 3𝑊 para que trabalhe com folga
também. Os capacitores podem ser calculados pegando o valor comercial mais próximo superior
à regra de 1000𝜇𝐹 para cada Àmpere. E tensões de trabalho com margem de 50% acima.
𝑉𝑃 = 30√2 = 42,42𝑉
Com uma carga, a tensão deve sofrer queda, resultando em um valor próximo de 40𝑉.
𝑃 = 𝐼 2 𝑅 = 22 × 8 = 32𝑊
Fontes chaveadas: dada a complexidade no projeto e também devido ao fato das fontes
não lineares serem pouco utilizadas para circuitos amplificadores high end, não abordaremos
este tópico aqui. É válido que o projetista interessado em se aprofundar neste tópico, busque
informações nas seguintes obras: