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SOBRE O AUTOR

Jhon Shackson Bonfim Santos, nascido em Bom Jesus


das Selvas – MA, é pastor ordenado pela Assembleia
de Deus Ministério Resgatando Vidas, e atualmente
reside na cidade de Parauapebas, estado do Pará.
Cristão desde a infância, começou cedo a dedicar-se
ao estudo das sagradas escrituras. Aos 8 anos já
ministrava a Palavra em sua igreja local. Aos 12 anos
começou a ser convidado para ministrar em outras
localidades, desenvolvendo assim o ministério da
pregação e do ensino. Atualmente, é professor de
teologia, especializado em hermenêutica bíblica,
homilética e escatologia. Além de professor da EBD
em sua igreja local e pregador itinerante.
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – A NECESSIDADE DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

CAPÍTULO 2 – OS GÊNEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA

CAPÍTULO 3 – A ESTRUTURA DA BÍBLIA

CAPÍTULO 4 – HERMENÊUTICA E EXEGESE

CAPÍTULO 5 – A PRIMEIRA REGRA PARA INTERPRETAR A BÍBLIA

CAPÍTULO 6 – A SEGUNDA REGRA PARA INTERPRETAR A BÍBLIA

CAPÍTULO 7 – A TERCEIRA REGRA PARA INTERPRETAR A BÍBLIA

CAPÍTULO 8 – A QUARTA REGRA PARA INTERPRETAR A BIBLIA

CAPÍTULO 9 – A QUINTA REGRA PARA INTERPRETAR A BÍBLIA

CAPÍTULO 10 – COISAS QUE A BÍBLIA NÃO DIZ

CAPÍTULO 11 – DICAS GERAIS


PREFÁCIO

Nós vivemos na era da informação. Basta dar um


clique no famoso google que poderemos ter acesso
a qualquer assunto, seja ele secular ou bíblico, tem
de tudo. Isso tudo é muito bom, mas infelizmente
tem o seu lado ruim. Se na internet tem de tudo, isso
inclui mentiras, desinformação e heresias também.
Os falsos profetas, infelizmente, também têm livre
acesso ao mundo virtual, propagando suas
inverdades e falsas interpretações das sagradas
escrituras, e, lamentavelmente, conseguindo
enganar a muitos de nossos irmãos. Por isso, há uma
necessidade de buscarmos os meios adequados para
interpretarmos a bíblia da maneira correta e não
incorremos em heresias. E esse é o propósito deste
e-book.
CAPÍTULO 1
• A NECESSIDADE DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA •

A interpretação da Bíblia se faz necessária porque


nem tudo dentro da Bíblia está revelado de forma
clara, explícita e simples de se entender. Claro que,
na bíblia, existem vários textos de fácil
interpretação. Textos que, provavelmente, até uma
criança ao ler vai entender. João 3:16, por exemplo:

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que


deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

Provavelmente, se perguntarmos a uma criança


quem é o PAI que deu o seu Filho nesse texto, ela
saberá dizer que é DEUS. E o Filho? JESUS. E o
mundo? SOMOS NÓS. E aquele que crê? OS
CRENTES.
Essa, como diversas outras passagens da Bíblia, não
é tão difícil de entender.
Mas existem outros textos da Bíblia que são
consideravelmente complexos, que nos deixam com
um nó na cabeça e criam essa necessidade de buscar
as ferramentas e os meios adequados para
interpretá-la da maneira correta.
Tem muita gente que ao ler a bíblia de qualquer jeito,
irá interpretá-la do jeito errado, e, possivelmente,
repassará essa má interpretação e desinformação a
outras pessoas também desinformadas, e é assim
que surgem as seitas e heresias que são tão
frequentes em nossos dias. Tudo por conta da má
interpretação que fazem das sagradas escrituras.
Então, existe a maneira correta, mas também
incorreta de interpretar a bíblia, e quem diz isso não
sou eu, mas a própria Bíblia:
Primeiro exemplo:
2 Timóteo 2:15: “Procura apresentar-te a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade”.
Nesse versículo Paulo exorta Timóteo a manejar bem
a Palavra da Verdade, que é a Bíblia. Mas o que Paulo
quer dizer com "manejar bem"? Quando Paulo diz
manejar bem, no texto original, ele usa a palavra
grega "orthotoméo" que quer dizer "cortar reto", ou
"cortar direito". Portanto, manejar bem significa
interpretar de forma reta, interpretar direito,
interpretar corretamente.
Então, essa instrução de Paulo nos deixa
subentendido que as Escrituras podem ser
interpretadas tanto da maneira correta quanto
incorreta.

Segundo exemplo:
Salmos 119:18 “Desvenda os meus olhos, para que
eu contemple as maravilhas da tua lei”.
O salmista aqui está pedindo que Deus tire a venda
dos seus olhos e o ajude a entender o que estava
escrito na Lei.
Isso mostra o salmista buscando em Deus a “forma
certa” de interpretar e entender a palavra dEle.

Terceiro exemplo:
2 Pedro 3:15-16 “Tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente
o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo
a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca desses
assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as
suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de
entender que os ignorantes e instáveis deturpam,
como também deturpam as demais Escrituras, para
a própria destruição deles.”
Esse texto mostra que até o apóstolo Pedro viu
dificuldade de entender algumas cartas de Paulo.
Cartas essas que em sua época estavam sendo mal-
interpretadas por pessoas que não buscaram o
conhecimento adequado para discerni-las.
Então, por meio desses versículos nós percebemos
que existe, sim, a possibilidade de interpretar a bíblia
erroneamente.
E, se essa possibilidade existe, precisamos nos
esforçar pra interpretá-la da forma certa.
E a palavra realmente é "esforçar".
Porque essa tarefa nem sempre será tão fácil.

Logo porque, precisamos levar em consideração que


existe um distanciamento, existem alguns abismos,
entre o texto bíblico escrito naquela época e o leitor
de hoje do século XXI. O que acaba aumentando o
desafio e a necessidade de se interpretar a bíblia.
1 - ABISMO TEMPORAL

Em primeiro lugar, existe um abismo temporal.


A bíblia não foi escrita há pouco tempo, mas há
milhares de anos atrás.
O primeiro livro escrito da bíblia, que (para surpresa
de alguns) é o livro de Jó, foi escrito há cerca de 4 mil
anos atrás. Já o último livro escrito, o Apocalipse, foi
escrito há cerca de 2 mil anos atrás. Então, a bíblia é
um livro antigo, apesar de sua mensagem ser mais
atual que o jornal de amanhã, a sua escrita é antiga.
Uma coisa é você ler uma revista ou livro escrito
hoje, outra coisa é ler um livro escrito há 2 mil anos
atrás. A revista, certamente, será mais fácil de
interpretar, porque você está adaptado à linguagem
contemporânea e ao contexto atual.
Se você conseguisse voltar no tempo e levasse uma
revista de nossos dias ao povo daquela época, eles
certamente ficariam perdidos ao lê-la, porque os
tempos mudaram.
Então, há um abismo temporal entre a bíblia e o
leitor de hoje que acaba aumentando o desafio e a
necessidade de buscar a sua interpretação.
2 - ABISMO CULTURAL

Em segundo lugar, existe um abismo cultural.


A bíblia foi escrita por 40 escritores diferentes, em
épocas diferentes, dentro de culturas e costumes
que hoje não existem mais. Ela foi produzida no
antigo oriente, em uma região habitada por povos
com culturas que já desapareceram e foram
substituídas por outras. E nós sabemos que quando
alguém escreve alguma coisa, o escritor acaba
refletindo dentro de seu contexto, dentro da visão
de mundo que ele tem de sua época. E hoje estamos
no século XXI, a nossa cultura é muito diferente da
cultura e da visão de mundo daquele povo de 4 mil
anos atrás. Então, existem partes da bíblia que nós
só entenderemos se buscarmos conhecer a cultura,
os costumes e a tradição dos povos naquela época.
Portanto, esse abismo cultural acaba aumentando o
nosso desafio de interpretar a bíblia.

3 - ABISMO LINGUÍSTICO
O terceiro abismo é o linguístico.
A bíblia, em seu texto original, foi escrita em 3
idiomas diferentes: Hebraico, Aramaico e Grego.
O antigo testamento foi escrito em sua maior parte
em Hebraico, mas há alguns trechos nos livros de
Ester e Daniel originalmente escritos em Aramaico.
Já o novo testamento foi escrito em Grego, com uma
única exceção: o livro de Mateus que, segundo
alguns estudiosos, foi escrito no hebraico, mas
pouco tempo depois também foi traduzido para a
língua grega.
Então, a bíblia foi escrita originalmente em Hebraico,
Aramaico e Grego.
O problema é que o hebraico moderno, ou seja, o
hebraico falado hoje em Israel, é diferente do
hebraico bíblico. Com diferenças em escrita e
pronúncia. O aramaico, por sua vez, é uma língua
morta, que hoje não se fala mais. E o grego falado
hoje é o demotikê, também diferente do grego
bíblico que é o koinê.
Portanto, a bíblia foi escrita em idiomas que hoje em
dia não existem mais na forma exata em que eram
falados e escritos. É mais um abismo.
Se existem esses abismos, precisamos de algumas
pontes para atravessá-los, e neste e-book você
aprenderá que pontes são essas e como utilizá-las.

OBSERVAÇÃO:
Antes de tudo, é importante entender que a bíblia é
um livro divino-humano. Ou seja, ela é a Palavra de
Deus na linguagem do homem. Transmite o
pensamento de Deus em roupagem humana. Foi
escrita por homens, em material terreno, mas foi
revelada por Deus e inspirada pelo Espírito Santo.

II Tm 3:16 Toda Escritura é divinamente inspirada e


proveitosa para ensinar, para repreender, para
corrigir, para instruir em justiça...

Se a Bíblia é um livro divino, sua mensagem é


inerrante e infalível. Não há erros nela. Mas, por
também ser humana e ter sido escrita em material
terreno, seus escritos originais se perderam com o
tempo e o que ainda se tem em nossos dias, por
provisão de Deus, são as cópias desses originais, que
foram escritas a mão há séculos atrás, e são
chamadas de "manuscritos".
Logo, a bíblia que você tem em mãos em sua casa
hoje é apenas uma tradução em português das
cópias de cópias dos originais. Isso cria a necessidade
de buscarmos todas as possíveis versões da bíblia em
português, para se fazer comparações entre elas e,
assim, conseguirmos uma melhor compreensão do
texto. Então, a primeira dica é: nunca estude em uma
única versão da bíblia. Temos diversas versões
disponíveis em português, como: Revista Almeida e
Corrigida, Almeida e Atualizada, NVI, King James,
Linguagem de Hoje e etc. Quanto mais versões de
bíblias você tiver para o estudo do texto, melhor
será.

DICA IMPORTANTE:
Se a bíblia é a mensagem de Deus para nós, é sinal
que para entendê-la, antes de tudo, precisamos
pedir ajuda ao Espírito Santo. No decorrer deste e-
book você aprenderá a como interpretar e entender
corretamente a bíblia, as ferramentas que você
precisará usar e etc.; mas é indispensável que o leitor
da bíblia tenha comunhão com o Autor da bíblia.
Então, não abra a bíblia para estudar sem antes falar
com Deus em oração. Isso é muito importante.
Porque é Deus quem vai te dar direção, que vai abrir
a sua mente, para que você possa entender melhor
a revelação de sua Palavra.
Lembre-se: a Bíblia é o único livro que a gente pode
lê na companhia do próprio Autor.

SPOILER:
No próximo capítulo você aprenderá quais são os
gêneros literários da bíblia. Ou seja, os diferentes
tipos de textos e linguagens que existem dentro das
escrituras sagradas. E isso vai começar a fazer você
entender melhor esse tão poderoso Livro.
CAPITULO 2
• OS GÊNEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA •

A bíblia foi escrita em vários gêneros literários. Os


que são gêneros literários? São os diferentes estilos
de textos. Você sabe que até os filmes são divididos
em gêneros. O caro leitor certamente já deve ter
assistido um filme cujo gênero era comédia, ou
drama, ou aventura, ou ação, ou animação, enfim.
São gêneros, ou estilos, diferentes.
A bíblia também tem diferentes tipos de gêneros.
Por exemplo:
1 – GÊNERO NARRATIVO
A bíblia tem o gênero narrativo.
O gênero narrativo, como o próprio nome já diz, é
quando um fato ou evento é narrado. Quando se
conta a história com seus personagens, tempo e
espaço. A maior parte da bíblia está dentro desse
gênero. A criação do homem é contada de forma
narrativa, assim como o dilúvio, os milagres de Jesus
e etc. É o gênero literário mais comum na bíblia.
2 – GÊNERO MUSICAL
Sim, a bíblia também possui o gênero musical.
Os salmos, por exemplo, são músicas. São canções
criadas pelos salmistas para adorarem a Deus. É o
que chamamos de louvor. No livro dos Salmos há
músicas que foram compostas no meio de uma
guerra, a caminho do templo, dentro do cativeiro
babilônico e etc.

3 – GÊNERO PROFÉTICO
O que é profecia? É uma predição do futuro. É
anunciar aquilo que vai acontecer. E onde é que a
gente ver isso? Em praticamente toda a bíblia. Mas
principalmente nos chamados livros proféticos. Que
vai de Isaías a Malaquias.

4 – GÊNERO POÉTICO
O gênero poético também está presente na bíblia. O
próprio livro dos Salmos, Provérbios, Eclesiastes,
Cântico dos cânticos são poesias. Mas vale ressaltar
que o estilo de poesia dos judeus na língua hebraica
é diferente do nosso estilo. Qual a grande
característica da poesia brasileira na língua
portuguesa? É a rima. A poesia brasileira se destaca
pelas rimas. E qual a característica da poesia
hebraica? Não é a rima. É o paralelismo.
O que é o paralelismo? Existem 3 tipos de
paralelismos: o sinônimo, o antitético e o sintético.

• PARALELISMO SINÔNIMO
O paralelismo sinônimo é quando a mesma ideia é
afirmada duas vezes no mesmo texto, só que com
palavras diferentes.
Por exemplo:
Os céus manifestam a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra das suas mãos. (Salmos
19:1)
Céus e firmamento aqui são a mesma coisa.
Então, ele está afirmando a mesma ideia com
palavras diferentes.
Outro exemplo:
Salva-me, Senhor, dos lábios mentirosos e das
línguas enganosas (Sl 120:2)
Lábios mentirosos e línguas enganosas representam
a mesma coisa. Então, esse versículo é mais um
exemplo de paralelismo sinônimo.
• PARALELISMO ANTITÉTICO
Ao contrário do paralelismo sinônimo, que expressa
a mesma ideia duas vezes no mesmo texto, o
paralelismo antitético expressa duas ideias opostas
no mesmo texto.
Exemplo:
Porque os malfeitores serão desarraigados;
Mas aqueles que esperam no SENHOR herdarão a
terra. (Salmo 37:9)
Perceba que há dois pensamentos opostos sendo
apresentados no mesmo versículo.

PARALELISMO SINTÉTICO
Já o paralelismo sintético não tenta apresentar a
mesma ideia, nem a oposta, mas amplia e acrescenta
uma nova.
O Salmo 19:7-9 é um exemplo disso:
19:7 A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma;
o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos
símplices.
19:8 Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o
coração; o mandamento do SENHOR é puro, e
ilumina os olhos.
19:9 O temor do SENHOR é limpo, e permanece
eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros
e justos juntamente.
Note que a segunda parte de cada frase amplia e
completa o pensamento.
Portanto, esse é o estilo de poesia hebraica.

Mas a bíblia também tem muitos outros estilos de


textos. Genealogias, parábolas, símbolos e etc.

3 TIPOS DE LINGUAGENS/SENTIDOS
Diante de tantos gêneros literários, é primordial
entender que nem todos são interpretados da
mesma forma.
O texto bíblico possui 3 tipos de sentidos, ou de
interpretações. A bíblia foi escrita em 3 tipos de
linguagens diferentes.
As linguagens LITERAL, FIGURATIVA e SIMBÓLICA.

Se não aprendermos isso, não conseguiremos


interpretar a bíblia corretamente.
Precisamos saber na bíblia o que é literal, o que é
simbólico e o que é figurativo.

1 – LINGUAGEM LITERAL
Linguagem literal é o tipo de texto cujo sentido é
exatamente aquilo que o texto já está dizendo.
Quando não tem nenhum outro sentido e o
significado do texto já está explícito.
Isso é a linguagem literal.

Por exemplo:
• Êxodo 14 – Quando a bíblia diz que o mar
vermelho se abriu, não é no sentido figurado. O
mar literalmente se abriu. Essa passagem é
literal.

• Em Zacarias 9:9 diz: Alegra-te muito, ó filha de


Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu
rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado
sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho
de jumenta.”
Talvez, na época em que esse texto foi escrito, os
judeus ao lerem esta passagem pensavam que o
profeta estava falando em sentido figurado. Um rei
montado em um jumentinho? Não tem muito
sentido, né?! Sempre se imagina um rei em uma
carruagem.
Mas essa passagem é literal ou figurada? Literal.
Porque Jesus realmente entrou em Jerusalém
montado em um jumentinho. Quebrando todos os
protocolos e cumprindo a profecia. (Lucas 19)

• Quando a bíblia diz que Jonas passou 3 dias


dentro do peixe, há quem pense que essa
história é uma metáfora, que quem escreveu
estava falando em sentido figurado, mas não é.
Jonas literalmente passou 3 dias dentro do
grande peixe (Mateus 12:40).

A maior parte da bíblia está escrita no sentido literal.

2 – LINGUAGEM FIGURADA
Mas além da linguagem literal, nós também temos a
linguagem figurada. Que é quando o texto usa
figuras de linguagem pra falar de algo. Apesar de ser
menos frequente, ela está presente na bíblia.
Vamos a alguns exemplos:
- Quando Jesus diz: “eu sou a porta”. É literal? Não.
Porque Jesus não é uma porta de verdade, com
maçaneta e etc. Ele está usando uma figura de
linguagem.
- Quando Ele diz: “eu sou o pão da vida”, é literal?
Não. Porque Ele não é um pão feito de massa e
fermento. É Jesus usando uma figura de linguagem
pra declarar uma outra verdade.
- Quando o texto em Hebreus diz: “não endureçais
os vossos corações”, ele não está falando do órgão
que bombeia sangue ao corpo, mas em sentido
figurado. Não endurecer o coração significa: ser
sensível ao Espírito Santo.

3 – LINGUAGEM SIMBÓLICA
Por último, a bíblia também tem a linguagem
simbólica. Há alguns símbolos dentro das escrituras
que apontam para outras verdades. Isso é muito
frequente no apocalipse.
Apocalipse 13 fala da besta que saiu do mar, com 10
chifres e 7 cabeças. É literal? Existe alguma criatura
assim? Claro que não. Isso é simbólico e aponta para
o anticristo.
O Apocalipse fala de candeeiros, taças, estrelas e etc.
É uma linguagem cheia de símbolos que apontam
para outras verdades.
CAPÍTULO 3
• A ESTRUTURA DA BÍBLIA •

Antes de eu apresentar as ferramentas para


a interpretação da Bíblia, é indispensável, para um
melhor entendimento, que conheçamos a estrutura
deste Livro, ou seja, sobre como a Bíblia está
organizada.
Os livros da bíblia não foram divididos e organizados
em ordem cronológica, ou seja, na sequência em que
os fatos aconteceram na linha do tempo. Mas eles
estão divididos e separados por temas, agrupados
dentro de seus respectivos assuntos. Cada livro está
junto de um outro livro do mesmo tema.
Então, a bíblia não tem apenas 2 divisões. Antigo e
Novo testamento. Dentro dessas duas divisões
existem também subdivisões.
Portanto, os livros da bíblia estão divididos em várias
partes. Vamos a elas:
• PENTATEUCO
A primeira parte da bíblia é chamada de
PENTATEUCO. São os 5 primeiros livros da bíblia:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
A palavra “pentateuco” é a junção de duas palavras
gregas. PENTA significa cinco. TEUCO significa
Pergaminho ou Livro.
Pentateuco, portanto, significa OS CINCO LIVROS.
São os 5 livros da lei escritos por Moisés.
Que tratam da criação do homem, a queda, o dilúvio,
a chamada de Abraão, Isaque, Jacó, a vida de José. A
chamada de Moisés pra tirar o povo do Egito, a
travessia desse povo no deserto, a Lei de Deus e etc.

• LIVROS HISTÓRICOS
O segundo grupo de livros da bíblia é chamado de
"livros históricos". Que vai do livro de Josué à Ester.
Essa parte da bíblia conta a história da nação de
Israel, de quando o povo conquistou a terra por
intermédio da liderança de Josué, dos juízes que
Deus escolheu para liderar e dos reis que
posteriormente foram levantados, como: Saul, Davi,
Salomão, dentre outros.
• LIVROS POÉTICOS
O terceiro grupo de livros é chamado de "livros
poéticos". Que compreende os livros de Jó a Cântico
dos Cânticos. São chamados assim porque neles há
inúmeras poesias, canções, poemas e etc.

• LIVROS PROFÉTICOS
Essa é quarta parte. Os livros proféticos. Que vai de
Isaías a Malaquias. Eles foram profetas que Deus
levantou pra exortar e instruir o povo e anunciar a
vinda do Messias.

• EVANGELHO
Agora entramos no Novo Testamento (NT), e a
primeira parte do NT é chamada de BIOGRAFIA ou
EVANGELHO. Vai de Mateus a João.
É chamada de biografia porque conta a história da
vida de Jesus.

• LIVRO HISTÓRICO
A segunda parte do NT é chamada de "livro histórico"
e contém apenas um livro: Atos dos Apóstolos.
Chamado de “histórico” porque conta-nos a história
da igreja e dos primeiros cristãos.

• CARTAS PAULINAS
A terceira parte é composta pelas cartas que Paulo
escreveu. De Romanos a Filemom.

• CARTAS UNIVERSAIS
A penúltima parte compreende as cartas gerais,
também chamadas de cartas universais. Que vai de
Hebreus a Judas.

• REVELAÇÃO
E, por fim, a última parte do novo testamento e da
bíblia é chamada de Revelação. Que é o livro do
Apocalipse.
CAPÍTULO 4
• HERMENÊUTICA E EXEGESE •

Como o nosso propósito é interpretar e entender a


bíblia corretamente, nós precisaremos do auxílio de
duas ferramentas: a hermenêutica e a exegese.
Talvez esta seja a primeira vez que você esteja
ouvindo falar sobre estas duas palavras, mas elas
serão importantes para o nosso aprendizado neste
e-book.

HERMENÊUTICA
A palavra hermenêutica vem da palavra grega
"hermeneuein", que significa interpretação.
Essa palavra vem de Hermes, que dentro da
mitologia grega era o deus que levava e interpretava
ao homem a mensagem dos demais deuses. Daí a
origem dessa palavra.
Mas o que é a hermenêutica hoje?
Hermenêutica é a ciência da interpretação, e no
nosso caso, da interpretação do texto bíblico. Ou
seja, é a ciência que nos ensina as regras e os
métodos que devemos usar pra interpretar e
entender a bíblia da maneira correta. Então, é a
partir da hermenêutica que aprendemos os
princípios e os meios adequados para fazer uma
interpretação fiel do texto bíblico.

EXEGESE
A palavra exegese vem do grego eks - eguesis, esse
prefixo eks significa "tirar", "conduzir de dentro pra
fora". Portanto, exegese é o processo de conduzir, de
tirar pra fora a informação do texto bíblico, aquilo
que a bíblia realmente está dizendo.
A exegese é a interpretação original do texto. Ela
analisa o que o autor do texto queria dizer lá na
época, ao povo a quem ele escreveu. Ou seja: qual
era a intenção original de Paulo ao escrever aquela
carta para os crentes daquela cidade? Então, a
exegese não analisa aquilo que o texto quer falar a
nós hoje, mas aquilo que o autor queria dizer lá,
dentro do seu respectivo contexto.
Portanto, fazer uma exegese é interpretar, é trazer
para fora o que o texto está dizendo.
Mas para fazermos uma boa exegese, ou seja, uma
boa interpretação, nós precisamos das regras da
hermenêutica.
Então, a hermenêutica é aquela que mostra como
cavar o buraco, quais ferramentas usar, ou seja, a
cavadeira, a picareta, a pá e etc.
Já a exesege é a execução do serviço, é você se
utilizar dessas ferramentas que a hermenêutica te
dispôs e cavar o buraco.

SPOILER:
No próximo capítulo você vai conhecer a primeira
ferramenta, a primeira regra, o primeiro método
para interpretar a bíblia da maneira correta.
CAPITULO 5
PRIMEIRA REGRA: A BÍBLIA INTERPRETA A SI
MESMA

No último capítulo você aprendeu que a


hermenêutica é a ciência da interpretação e que é
pelas regras dela, pelas ferramentas que ela dispõe,
que nós podemos fazer a exegese, ou seja, fazer a
interpretação do texto bíblico.
Já neste capítulo você vai aprender a primeira regra
pra interpretar a bíblia. A primeira regra é: "a bíblia
interpreta a si mesma". Sim, a bíblia interpreta a
própria bíblia.
Vou te explicar melhor essa regra:
Toda vez que você se deparar com um versículo ou
uma passagem difícil de se entender na bíblia, pode
ter certeza que alguma outra parte da bíblia vai
esclarecer aquilo que você não entendeu.
A unidade e harmonia da bíblia é simplesmente
perfeita. A bíblia sempre vai ter um texto mais fácil
pra interpretar o texto difícil, e a sua missão é
procurá-lo.
Vou dar alguns exemplos:
PRIMEIRO EXEMPLO:
Em Gênesis 6 a bíblia fala dos “filhos de Deus” que
tiveram relações sexuais com as filhas dos homens e
que dessa união nasceram gigantes.
Muitos interpretam que os filhos de Deus desse
texto são anjos. Por quê? Porque em Jó 1 os anjos
também são chamados de filhos de Deus. E a
expressão no hebraico em ambos os textos é a
mesma: “bnei haElohim”.
Por isso que há quem diga que em Gênesis 6 o texto
está se referindo a anjos que tiveram relações
sexuais com mulheres.

Agora vamos usar a regra da bíblia interpretando a si


mesma, para tentar esclarecer o assunto.
O que nós temos que fazer?
Temos que procurar, na bíblia, outros textos que
também falem sobre anjos, pra ver se algum deles
poderá esclarecer o assunto.
E ao procurar textos que falam sobre anjos,
encontrei este aqui: “Não são, porventura, todos os
anjos: ESPÍRITOS ministradores, enviados para
servir a favor daqueles que hão de herdar a
salvação? (Hebreus 1:14)”

O texto faz questão de dizer que anjos são


“espíritos”. São seres espirituais. Portanto eles não
têm corpo físico. Se não têm corpo,
consequentemente não dispõem de órgão genital.

Então, só esse texto aqui já responderia a nossa


questão. Mas vamos ver o que Jesus fala sobre os
anjos:
Porque, na ressurreição, nem casam, nem são
dados em casamento; mas serão como os anjos no
céu. (Mateus 22:30)
Pelas palavras do próprio Jesus, entendemos que os
anjos são seres assexuados. Não têm sexo. Então, os
filhos de Deus de Gênesis 6 não podem ser anjos. São
seres humanos. E levando em consideração o
contexto, eles provavelmente são da descendência
piedosa de Sete, filho de Adão.
Perceba que outros textos da bíblia esclareceram a
questão. Porque a bíblia INTERPRETA a si mesma.
SEGUNDO EXEMPLO:
Em Gênesis 3 a bíblia mostra a “serpente” induzindo
a mulher a pecar:
Gênesis 3
1 Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais
selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à
mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de
toda árvore do jardim?
2 Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do
jardim podemos comer,
3 mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis
nele, para que não morrais.
4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não
morrereis.
5 Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal.

Quem é essa serpente? Nós sabemos que ela é


Satanás.
Mas, calma! Em que momento esse texto fala que
essa serpente é Satanás? Em nenhum momento. Na
verdade, não só o Gênesis, como nenhum outro livro
do antigo testamento nos revela isso.
E como sabemos que a serpente é Satanás? Por
conta de uma passagem do novo testamento.
Vejamos:
Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o
diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos;
(Apocalipse 20:2.)
Então, é por esse texto que entendemos que aquela
serpente de Gênesis era o próprio Satanás.
O novo testamento interpretou o antigo testamento.
Não só nessa passagem, como também em muitas
outras. Porque a bíblia interpreta a si mesma.

TERCEIRO EXEMPLO:
João 1:29 No dia seguinte, viu João a Jesus, que
vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo!
O texto em João está dizendo que Jesus é o cordeiro
de Deus.
Se nós tivéssemos somente o livro de João em mãos,
poderíamos interpretar esse texto de várias formas,
por exemplo: alguém poderia interpretar no sentido
literal e dizer que Jesus é um animal, um cordeiro de
verdade. E claro que não é. Estamos diante de uma
figura de linguagem.
Ou poderia se interpretar que Jesus está sendo
chamado de cordeiro porque ele é manso e humilde,
assim como um cordeiro.
Então, pela leitura isolada do próprio texto não tem
como saber porque ele está sendo chamado de
“cordeiro”.
Mas a partir da leitura do pentateuco, dos primeiros
livros da bíblia, a gente entende que o cordeiro era o
animal usado no sacrifício para perdão dos pecados,
ao assumir o lugar do homem que pecou e morrer
em seu lugar.
Então, é nesse sentido que Jesus é o cordeiro.
Porque ele assumiu o nosso lugar e os nossos
pecados e através do seu sacrifício fomos perdoados.
Então, perceba que mais uma vez a bíblia interpretou
a própria bíblia.

QUARTO EXEMPLO:
Em Isaías 7:14 há uma profecia que diz que Jesus
nascerá de uma virgem. Essa profecia é literal. Maria,
realmente, estava virgem quando ficou grávida.
Tanto é que em Lucas 1 o anjo Gabriel confirmou
essa profecia à Maria. Mas a pergunta que fica é:
Maria continuou virgem após ter dado à luz a Jesus?
Os nossos amigos católicos dirão que sim.
Mas vamos deixar a bíblia responder à bíblia?!
A própria bíblia católica, em Mateus 12:46, diz:
E, falando ele ainda à multidão, eis que estavam
fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo falar com
ele.
Esse texto mostra que Jesus tinha irmãos.
Um outro versículo:
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de
Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre
nós suas irmãs? (Marcos 6:3)
Note que Jesus tinha irmãos e irmãs.
Então, Maria continuou virgem? Não.
A bíblia interpreta a própria bíblia.

OBSERVAÇÃO:
Mateus, Marcos e Lucas são chamados de
evangelhos sinóticos. Porque a palavra "sinótico" no
grego significa "semelhantes".
Por quê que eles são chamados assim? Porque eles
realmente são parecidos em sua estrutura. Eles
muitas vezes repetem a mesma história, os mesmos
milagres, na mesma sequência. Então, quando você
for ler uma passagem, uma história ou um milagre de
Jesus em Mateus, por exemplo, procure a mesma
história em Marcos e Lucas, porque você vai
perceber que as passagens acabam se completando.
Existem detalhes daquela história que Lucas contou
que, talvez, Mateus não tenha contado, e vice-versa.
E assim a bíblia vai interpretando a si mesma.
Uma outra coisa interessante é que você só
conseguirá interpretar o Apocalipse com textos do
antigo testamento. Textos de Daniel, Ezequiel e etc.
Não tem como entender o apocalipse lendo somente
o apocalipse.
Então o resumo de nossa primeira regra é:
Quando você for estudar um determinado tema, ou
assunto da Bíblia, pesquise outras passagens da
Bíblia que também falem sobre o assunto, porque
um texto vai acabar esclarecendo o outro. Você não
pode fundamentar o teu entendimento, a tua
interpretação, com uma única passagem. Pois é
exatamente assim que surgem muitas heresias,
através de ideias fundamentadas em textos isolados.
Então, a bíblia interpreta a si mesma.
CAPÍTULO 6
SEGUNDA REGRA: PRINCÍPIO CRISTOCÊNTRICO

A segunda regra, ou princípio, para interpretar a


bíblia é chamado de princípio Cristocêntrico. A base
deste princípio é o fato de que Cristo é o tema central
da Bíblia. Ou seja, devemos ler a bíblia levando em
consideração que tudo nela gira em torno de Cristo:
de Gênesis a Apocalipse.
Isso é comprovado por estes versículos:

• “Examinai as Escrituras ... são elas que testificam


de Mim.” Jo 5:39

• E, começando por Moisés, discorrendo por todos


os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras. (Jo 24:27)

• “... Que convinha que se cumprisse tudo o que de


mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas,
e nos salmos.” (Lc 24:44)
• "A este dão testemunho todos os profetas...” At
10:43

• “Havemos achado aquele de quem Moisés


escreveu na lei, e os profetas...” Jo 1:45

Observe também: Jo 1:1,14; 5:46,47; Jo 14:6 com


17:17
Todos estes versículos atestam para o fato de que a
Bíblia é centralizada em Cristo; Ele é a encarnação da
Palavra Escrita.

Boa parte dos livros seculares tem suas histórias


periféricas (paralelas) e a história central (principal).
A bíblia também é assim.
Se alguém perguntar pra você: qual o principal tema
da bíblia? Você terá que dizer que é Cristo. Qual a
principal história da bíblia? Você terá que dizer que
é a história da Redenção. Ou seja, a história de Deus
enviando seu Filho para morrer em nosso lugar.
O caro leitor pode estar se perguntando: mas e a
história de Abraão, Moisés, Davi e etc?
Não eram importantes? Sim. Mas o propósito da vida
de todos eles na Bíblia é simplesmente apontar para
Cristo. Foram pessoas que Deus usou apenas para
preparar o ambiente para a chegada de Jesus.
Por exemplo: quando Deus chamou a Abraão, qual
era o propósito? Fazer de Abraão um povo, uma
nação, para dessa nação trazer ao mundo o seu Filho
Jesus. Ou você acha que Deus criou uma nação de
forma aleatória só para abençoar a vida de Abraão?
Não. O propósito sempre foi trazer Jesus.
Qual o propósito de Deus na vida de Moisés e Josué?
Levar o povo para se estabelecer em um lugar, em
uma terra própria. Ou seja, o que Deus estava
fazendo era preparando o ambiente, o território,
para a chegada de Jesus.
Qual o propósito da existência dos profetas?
Anunciar ao povo a vinda do Messias.
Então, a bíblia não é um livro com histórias que não
tem nada a ver uma com a outra. Não. Ela é uma
unidade cristocêntrica. Tudo nela aponta pra Jesus.
Era o ambiente sendo preparado para a chegada
dEle.
Então, se você começar a ler a bíblia a partir dessa
perspectiva, de que todo o antigo testamento gira
em torno da expectativa da chegada do Messias, e
de que o novo testamento gira em torno da
expectativa do retorno dEle, o teu entendimento
sobre a Bíblia vai mudar.
Então, considere essa regra, e mude sua forma de ler
a bíblia a partir de hoje.
CAPÍTULO 7
TERCEIRA REGRA: OBSERVAR O TEXTO DENTRO DO
SEU CONTEXTO IMEDIATO

A terceira regra que você deve utilizar para


interpretar qualquer texto bíblico é: observar o texto
dentro do seu contexto imediato.
O que é o contexto imediato?
Contexto imediato é o que vem antes e depois do
texto. Ou seja: para se entender um versículo você
precisa ler os versículos anteriores e os posteriores a
ele. Às vezes, para uma melhor compreensão, será
necessário ler os capítulos que vem antes e depois
também, ou, em alguns casos, até o livro inteiro. Isso
se chama observar o texto dentro do seu contexto
imediato.
Nunca fundamente uma interpretação por meio de
um texto ou versículo isolado.
Lembre-se: “um texto fora do contexto vira pretexto
para heresia”.
Um texto fora do contexto vira pretexto e gera
cabresto.
Levando em consideração essa regra, vou mostrar
alguns versículos que são mal-interpretados porque
as pessoas não leem o seu contexto, e vou provar
que, ao observarmos os versículos anteriores e os
seguintes, poderemos facilmente chegar à
interpretação correta.

PRIMEIRO EXEMPLO:
O primeiro versículo mal interpretado é:
Amós 4:12: prepara-te, ó Israel, para te encontrares
com o Senhor, teu Deus.
Muitos pensam que esse texto está se referindo a
uma coisa boa, ao arrebatamento, à vinda de Jesus,
a um agradável encontro com Deus. Já perdi as
contas das vezes que fui convidado a pregar onde o
tema do culto ou congresso era esse. Por
acreditarem que esse texto está se referindo à volta
de Jesus.
Mas, definitivamente, não é sobre isso que o texto
está falando. Esse texto não está falando de uma
coisa agradável. É uma palavra de repreensão de
Deus à nação Israel.
Quando lemos o contexto nós vemos Deus dizendo
que fez de tudo para o povo de Israel se converter e
eles não se converteram.
Nos versículos 7 e 8 Deus disse que reteve a chuva e
provocou uma grande seca, e o povo não se
converteu.
Nos versículos 9 e 10 Deus disse que destruiu as
plantações, destruiu lavouras, mandou doenças, e o
povo não se converteu.
No versículo 11, Deus diz:

“Destruí algumas de suas cidades, como destruí


Sodoma e Gomorra. Ficaram como um tição tirado
do fogo, e ainda assim vocês não se voltaram para
mim”, declara o SENHOR.

E Deus conclui dizendo:


Portanto, assim te farei, ó Israel! E porque isso te
farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com
o teu Deus.
Resumindo: com o propósito de despertar o povo,
Deus reteve a chuva, destruiu plantações, mandou
gafanhotos, pestes, doença e o povo continuou na
prática do pecado.
Portanto, era Deus dizendo: já que eu fiz tudo isso e
vocês não se converteram, se preparem porque
desta vez o encontro de vocês será comigo. Ou seja,
esse encontro seria para um acerto de contas, seria
para mais um juízo de Deus sobre a vida deles e não
para arrebatá-los.

Então, para entender o texto a gente precisa ler o seu


contexto.

SEGUNDO EXEMPLO:
Um outro versículo mal interpretado é
Mateus 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu
reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas.
Muita gente ao ler esse versículo fora do contexto,
interpreta que “todas essas coisas” que serão
acrescentadas aqui poderá ser qualquer coisa, ou
seja, pode ser o carro, a mansão, a empresa, o
dinheiro, a viagem dos sonhos e etc.
E o caro leitor pode estar pensando: ah, mas o
versículo não diz que coisas são essas, então pode
ser qualquer coisa mesmo.
O versículo não diz. Mas o contexto diz.
Vamos ler os versículos anteriores:
Mateus Cap. 6:
31 Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘o que
vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que
vamos vestir?’
32 Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas;
mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.
33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a
sua justiça, e todas estas coisas

Perceba que o texto não diz: e TODAS AS COISAS


serão acrescentadas. Não. O que o texto diz é: e
todas ESSAS coisas.
Essas é o pronome demonstrativo que aponta para
aquilo que foi dito anteriormente no discurso.
Então, o que seriam todas essas coisas? São as coisas
que acabaram de ser citadas no versículo 31, ou seja:
o que comer, o que beber e o que vestir. Jesus está
falando das necessidades básicas do ser humano.
De modo que essas coisas é que serão
acrescentadas.

Precisamos observar o texto dentro do seu contexto


imediato.

TERCEIRO EXEMPLO:
Um outro versículo extremamente conhecido, mas
que é mal interpretado por não ser observado
dentro de seu contexto é Filipenses 4:13.
Tudo posso (posso todas as coisas) naquele que me
fortalece. (Fl 4:13)
Esse é um dos versículos mais conhecidos da bíblia.
Certamente você já o viu estampado em algum
carro, muro, chaveiro e etc.
Mas infelizmente é mal-interpretado por muita
gente.
Quando Paulo afirma que pode todas as coisas, há
quem pense que Paulo está dizendo que pode
alcançar qualquer coisa, conquistar ou ganhar tudo
o que quiser de Deus, como ficar rico, milionário e
etc.
Porém, essa não é a interpretação correta desse
versículo. Mas para entendermos o sentido real
desse texto, precisamos ler o contexto.
Por exemplo, a partir do versículo 11 está escrito:
11 Não digo isto como por necessidade, porque já
aprendi a contentar-me com o que tenho.
12 Sei estar abatido e sei também ter abundância;
em toda a maneira e em todas as coisas, estou
instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto
a ter abundância como a padecer necessidade.
13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
Então, perceba que no contexto Paulo diz que
aprendeu a lidar com as adversidades da vida. Já
passou por momentos de fartura, mas também de
fome; por momentos de alegria, mas também de
angústia; mas ele não desiste, porque ele consegue
suportar todas essas coisas no Deus que o fortalece.
Portanto, quando ele diz: posso todas as coisas, ele
está dizendo: posso suportar todas essas coisas
(qualquer luta, qualquer crise) porque Deus me
fortalece.
Então, não é sobre “ter”, mas é sobre “suportar”
quando não se tem, porque Deus está conosco.
Perceba que o contexto esclareceu o versículo.
Valorize a leitura de todo o texto.
Se tivéssemos que seguir apenas uma parte da bíblia,
não seria necessário tê-la. Se apenas um versículo é
suficiente, não há necessidade de lê-la. Então,
sempre deve-se ter o cuidado de não deixar ser
enganado. Sempre leia o texto todo para tirar a
devidas conclusões.
CAPITULO 8
QUARTA REGRA: “OBSERVAR O TEXTO DENTRO DO
SEU CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL”

Devemos procurar, pesquisar e buscar conhecer o


cenário histórico por trás do texto escrito. Buscar
respostas para perguntas como: Em quais
circunstâncias o escritor escreveu aquilo? O que
estava acontecendo em sua época que o levou a
escrever esse texto? O quê que aquela cidade, igreja
ou povo estava vivendo para que o escritor
escrevesse isso? Qual era a situação política? Qual
era a situação espiritual? Qual era situação social ou
financeira? Quais eram os costumes deles? Enfim.
Por quê que essas informações são importantes?
Porque existem muitas passagens bíblicas que só
poderão ser entendidas plenamente quando
buscarmos conhecer o seu cenário histórico.

E, entenda: o contexto histórico de um povo nem


sempre é o mesmo no decorrer da bíblia.
A bíblia foi escrita dentro de um período de 2 mil
anos. Isso significa que muitos acontecimentos
descritos por ela não aconteceram na mesma época.
Há inúmeros personagens bíblicos que não viveram
no mesmo período. São incontáveis gerações. Por
isso a cultura, os costumes e as tradições da época
de alguns são diferentes da época de outros dentro
da bíblia.
Então, cada passagem tem o seu contexto histórico,
e é primordial que o conheçamos.

Vou dar um exemplo de algumas passagens bíblicas


que só poderão ser melhor compreendidas quando
conhecemos o seu contexto histórico.

PRIMEIRO EXEMPLO:
Em I Coríntios 11, Paulo fala sobre o uso do véu das
mulheres na igreja de Corinto. E por conta dessa
passagem há algumas igrejas, que tratam o uso do
véu como uma obrigação divina para as mulheres de
hoje. Mas quando analisamos o contexto histórico
dessa passagem, percebemos que as instruções de
Paulo no texto eram direcionadas, exclusivamente,
às mulheres da cidade de Corinto.
Para que possamos entender o uso do véu na igreja
de Corinto, precisamos saber como era a cidade de
Corinto na época de Paulo. Pois bem... Dentro da
cidade de Corinto havia uma grande fortaleza, com
cerca de 575 metros de altitude, chamada de
Acrocorinto. Nessa fortaleza foi construído um
templo dedicado à deusa Afrodite, conhecida com a
deusa do sexo, da sensualidade e do amor erótico.
Segundo alguns textos da época, haviam ali cerca de
mil mulheres sacerdotisas de Afrodite, que eram
prostitutas cultuais dessa falsa deusa. Elas cultuavam
à deusa através do sexo, recebiam no templo
homens da região e turistas estrangeiros, e tinham
relações sexuais com eles em forma de adoração à
Afrodite.
Essas mulheres tinham o costume de deixar a cabeça
raspada, ou o cabelo bem curto, e essa se tornou a
marca registrada delas. E por essa razão, com o
passar do tempo, tornou-se vergonhoso para as
demais mulheres da cidade ter a cabelo curto ou
raspado, porque tal costume passou a ser associado
à prostituição. Aconteceu que, quando Paulo
começou a pregar o evangelho na cidade, muitas das
prostitutas de Afrodite começaram a se converter, e
como o cabelo demora um tempo para crescer, elas
ainda eram confundidas com prostitutas por terem o
cabelo curto. Os turistas que chegavam na cidade à
procura de um programa, às vezes se deparavam
com algumas dessas novas convertidas no meio da
rua e, automaticamente, as chamavam para o ato
sexual, e elas, logicamente, recusavam, afirmando
que haviam se convertido.
Então, é para evitar esse tipo de constrangimento
que Paulo escreve às mulheres de Corinto dizendo
que elas deveriam usar o véu, porque este seria
usado no lugar do cabelo, com o propósito de cobrir
o cabelo curto ou raspado, evitando assim o
escândalo. Tudo por conta de uma questão cultural
da cidade de Corinto.
Perceba que o contexto histórico nos ajudou a
entender o motivo do uso véu na igreja de Corinto e,
ao mesmo, nos revela que a obrigatoriedade do uso
do véu era exclusivamente às irmãs dessa cidade e
daquela época, por conta de toda a situação cultural
que tornou o uso do véu uma necessidade.
SEGUNDO EXEMPLO:
Nós sabemos que em Apocalipse 3 Jesus repreendeu
os crentes da cidade de Laodicéia, os chamando de
mornos, miseráveis, pobres, cegos e nus.

Apocalipse 3
14 Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas
coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira,
o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem
quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem
frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de
coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim,
miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado
pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas
para te vestires, a fim de que não seja manifesta a
vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os
olhos, a fim de que vejas.
Mas só conseguimos entender o porquê de Jesus ter
usado tais palavras quando conhecemos o contexto
histórico por trás do texto. Então, vamos a ele:
A cidade de Laodicéia ficava entre duas conhecidas
cidades de sua região, de um lado (10 quilômetros ao
norte) ficava a cidade de Hierapolis e do outro (16
quilômetros a leste) a cidade de Colossos. Essas duas
cidades eram conhecidas na região por terem rios
com águas terapêuticas. Em Colossos as águas eram
extremamente frias, excelentes para o consumo e
refrigério, e na cidade de Hierápolis as águas eram
quentes (águas termais) consideradas curativas. Por
séculos as pessoas acreditaram que suas águas
poderiam curar qualquer coisa, desde o reumatismo
e doenças ósseas à deficiências cerebrais. Isso,
consequentemente, atraía muitos turistas à região.
A cidade de Laodicéia, porém, não detinha da
mesma sorte. Laodicéia não possuía fontes próprias
de abastecimento.
A água precisava ser canalizada de duas fontes: ou
das frias montanhas de Colossos ou das terapêuticas
fontes de águas quentes de Hierápolis. Dessa forma,
a cidade de Laodicéia era abastecida pelas águas
dessas duas cidades através de canos feitos com
blocos de pedras ligados e cimentados entre si.
Quando essas duas fontes de água chegavam à
cidade, diferente do que havia sido planejado, a água
estava MORNA, e causava náuseas a algumas
pessoas.
Jesus, assim, aproveita a condição física da cidade
para comparar com a condição espiritual dos crentes
dessa cidade.
Para Jesus, os crentes de Laodicéia eram como a
água deles, não eram quentes, nem frios, mas
mornos. Ou seja, sem vida, sem fervor espiritual.
Jesus diz que melhor que eles fossem frios ou
quentes do que mornos.
Mas fica a dúvida: em que sentido Jesus os preferia
frios? Será que Jesus está dizendo que preferia que
eles estivessem desviados? Não. Jesus estava
fazendo referência à função da água fria de Colossos,
que era de refrigerar os cansados e sedentos. Porque
no sentido espiritual essa é a missão da igreja, levar
o refrigério aos sedentos. Então, o que Jesus está
dizendo é que melhor que eles fossem como as
águas frias, que cumprem a função de matar a sede,
que cumprem a sua missão, coisa que aqueles
crentes não estavam fazendo.
No versículo 17 Jesus os chama de miseráveis,
pobres, cegos e nus. Por quê?
Por ser o centro bancário em sua região, Laodicéia
era uma cidade rica. Havia muita gente abastada ali.
A cidade também tinha uma indústria de tecido, que
produzia uma lã conhecida no mundo inteiro. Além
disso, a cidade possuía a melhor faculdade de
medicina da época, que produzia um colírio que era
importado ao mundo todo. De modo que, eles
passaram a se vangloriar de tudo isso. Tornando-se
soberbos e prepotentes.
Então, quando Jesus diz: vocês são pobres, cegos e
nus, Ele estava dizendo: “vocês têm um centro
bancário, mas pra mim são pobres. Vocês têm uma
indústria de roupa e lã, mas pra mim estão nus.
Vocês fazem o melhor colírio do mundo, mas estão
cegos espiritualmente. Mais uma vez Jesus se
utilizou das condições da cidade para comparar com
a condição espiritual deles, e repreendê-los.
Perceba que conhecer o contexto histórico nos
ajudou a interpretar melhor a mensagem de Jesus
nesse texto.
TERCEIRO EXEMPLO:
“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o
espírito.” (João 19:30)

O versículo citado retrata o momento em que Jesus,


pendurado na cruz, entregou o seu espírito a Deus.
Mas antes disso, ele disse: Está consumado. A
expressão “está consumado”, no texto original, é a
palavra grega “Tetelestai”.
Quando buscamos conhecer o contexto histórico,
percebemos que na época de Jesus a palavra
“tetelestai” era utilizada em 3 situações:

1. A primeira situação em que se utilizava a


palavra “tetelestai” ocorria quando um pai
passava uma missão a um filho, lhe dando uma
ordem para executar uma obra, e quando esse
filho executava essa obra e cumpria a missão, ao
retornar ao seu pai, o filho dizia: “Pai,
tetelestai!” Ou seja, a obra está feita. A obra
está concluída. Eu cumpri a missão que o senhor
me confiou.
2. A segunda situação que se utilizava a palavra
“tetelestai” ocorria quando uma pessoa tinha
uma dívida no banco ou com algum credor e ela
conseguia pagar a dívida. Ao pagar a dívida, ela
recebia uma recibo carimbado e assinado com a
palavra “tetelestai”. Que significava: a dívida
está paga. Você não deve mais nada.

3. A terceira ocasião era quando uma pessoa, ao


comprar uma casa à prazo, terminava de pagar
todas as prestações desse imóvel. Ao terminar o
pagamento, ela recebia o registro da casa, com
a assinatura no rodapé do documento escrito:
tetelestai. Que significava: a casa agora está
garantida.

Levando em consideração esse contexto,


percebemos o porquê de Jesus ter dito: Tetelestai. O
que Jesus estava dizendo era: pronto, eu cumpri a
missão que o Pai me deu, paguei a dívida do ser
humano e ainda garanti lugar para vocês na casa do
Pai.
DICA IMPORTANTE:
Onde podemos encontrar o contexto histórico e
cultural das passagens bíblicas?
Primeiro: você poderá encontrar em comentários
bíblicos. Aconselho a comprar o Comentário Bíblico
Wiersbe • Comentário Bíblico Beacon • Comentário
Histórico-Cultural do escritor Craig Keener.
Segundo: você também poderá encontrar
informações do contexto histórico em bíblias de
estudo. Existem diversas, mas as minhas preferidas
são: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal • Bíblia de
Estudo NVI • Bíblia de Estudo Pentecostal • Bíblia de
Estudo Genebra • Bíblia de Estudo MacArthur.
Terceiro: você também conseguirá encontrar
algumas informações do contexto histórico nas
introduções dos livros da bíblia. Algumas bíblias, nas
páginas que antecedem cada livro, trazem uma
introdução daquele livro. Dizendo quando foi
escrito, onde foi escrito, quem escreveu, porque
escreveu e etc.
Então, lembre-se: é importante observar o texto
dentro do seu contexto histórico/cultural, porque
muitas passagens bíblicas só poderão ser
compreendidas assim.
CAPÍTULO 9
QUINTA REGRA: ANALISAR O IDIOMA ORIGINAL

A quinta regra para interpretar a bíblia é analisar o


texto bíblico dentro do seu idioma original.
No começo deste e-book eu expliquei que a bíblia foi
escrita em hebraico, aramaico e grego. O que temos
em mãos é a versão traduzida para o português.
Mas no texto original há algumas palavras gregas e
hebraicas que têm mais de um significado, e isso
acaba ampliando as possíveis interpretações.
Por isso, torna-se importante analisar a bíblia em sua
língua original.
Provavelmente, o caro leitor, pode estar dizendo
agora: mas eu não tenho acesso à bíblia no idioma
original.
Pois a partir de agora você terá.
Tudo o que você precisa é acessar este site aqui:
https://search.nepebrasil.org/
Nesse site você terá tanto o acesso ao texto original,
como também a tradução dele para o português, e
você poderá clicar em cada palavra do texto e ver
todos os significados dessa palavra na língua original.
VEJA O PASSO A PASSO:
Ao acessar o site, desça um pouco a página e você
achará a opção BÍBLIA INTERLINEAR:

Agora é só escolher o livro, capítulo e versículo e


apertar em "pesquisar".
Para servir de exemplo, eu pesquisei Mateus 16:18.
Ao pesquisar, perceba que apareceu o texto original,
ou seja, no idioma grego, que eu sublinhei na cor
vermelha. Mas também apareceu o versículo
traduzido em português embaixo.

Na frente de cada palavra em português tem a


palavra grega que foi traduzida, essas na cor azul,
com um tracinho embaixo. Se você apertar em
qualquer uma, aparecerá todos os significados dela.
Para servir de exemplo, eu apertei na palavrinha que
estava à frente da palavra "igreja".

Perceba que "igreja" no grego é a palavra "Ekklesia",


e o primeiro significado dela é "reunião dos que
foram chamados para fora".
Mas os demais significados também são
apresentados.
Pronto, agora você já sabe como pesquisar o
significado de cada palavra no texto original, e isso
facilitará a sua interpretação.
CAPÍTULO 10
LISTA DE COISAS QUE A BÍBLIA NUNCA DISSE

Já que estamos falando de interpretação bíblica,


preparei uma lista de coisas que a bíblia não diz e
que, erroneamente, algumas pessoas acham que diz.
Às vezes por ter ouvido alguém falar e não procurar
conferir para confirmar, ou por uma má
interpretação do texto.

1 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE SAULO CAIU DO CAVALO.


Em Atos 9 a bíblia não menciona nenhum cavalo, ou
animal, no qual Saulo estivesse montado. A bíblia diz
apenas que ele “caiu”. Ele poderia estar em uma
carroça, jumento, camelo, a pé, ou poderia
realmente estar em um cavalo. Mas a bíblia não diz.

2 – “A BÍBLIA NÃO DIZ QUE UMA FOLHA NÃO CAI DE


UMA ÁRVORE SE NÃO FOR PELA PERMISSÃO DE
DEUS”.
Talvez você passou a vida pensando que isso fosse
um versículo da bíblia, mas não é. Apesar dessa frase
expressar uma verdade, porque realmente todas as
coisas acontecem pela permissão de Deus, ela não é
um versículo bíblico como muitos pensam.
Na verdade, essa frase é um versículo do “alcorão”,
o livro dos muçulmanos.

3 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE DIANTE DE DEUS ATÉ A


TRISTEZA SALTA DE ALEGRIA.
Em Jó 41:22 a versão Almeida Revista e Corrigida diz:
No seu pescoço reside a força; diante dele até a
tristeza salta de alegria.
Mas diante de quem? De Deus? Não. Se você ler o
contexto, ou seja, o capítulo inteiro, vai perceber que
o escritor está se referindo ao leviatã, que era uma
espécie de criatura das águas. Então, era diante
dessa criatura e não de Deus. Na versão Almeida
Revista e Atualizada, assim como na maioria das
outras versões, diz que “...diante dele salta o
desespero”. Esta é a tradução correta para este
texto.

4 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE DEUS MUDOU O NOME DE


SAULO PRA PAULO.
Ele não teve o nome mudado, mas tinha os dois
nomes ao mesmo tempo. Ele possuía dupla
cidadania, porque além de ser judeu por natureza,
ele conquistou também a cidadania romana. Como
judeu seu nome era Saulo, que vem de Saul, em
homenagem ao primeiro rei de Israel e, ao conseguir
cidadania romana, recebeu o nome Paulo.
Em Atos 13:9 diz: “Todavia, Saulo, que também se
chama Paulo”.

5 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE MOISÉS FOI LEVADO NO


CESTO PELAS CORRENTEZAS DO RIO.
Na verdade, em Êxodo 2:3, a bíblia diz que ele foi
colocado entres os juncos, “à beira do rio”. Então o
cesto nem saiu do lugar.

6 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE O DINHEIRO É A RAIZ DE


TODOS OS MALES.
O que o texto diz é que o “amor” ao dinheiro é que é
a raiz de todos os males.
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a
espécie de males” (I Timóteo 6:10)

7 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE O CAIR É DO HOMEM E O


LEVANTAR É DE DEUS.
Na verdade, existem alguns versículos que carregam
verdades parecidas. Um deles é Salmo 145:14, que
diz: “O Senhor ampara todos os que caem e levanta
todos os que estão prostrados.” E um outro, que está
em Provérbios 24, diz: “Pois ainda que o justo caia
sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são
arrastados pela calamidade.” (Provérbios 24:16).
Porém, é importante observar que Deus levanta
aqueles que se arrependem e clamam por Ele.

8 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE DEUS ESCREVE CERTO POR


LINHAS TORTAS.
Isso é apenas um ditado popular. E errado, por sinal.
Porque Deus escreve certo por linhas certas.

9 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE QUEM NÃO VEM PELO


AMOR VEM PELA DOR.
É verdade que, em algumas situações, Deus pode
usar o sofrimento para fazer com que alguém se
arrependa dos seus erros e se volte a Ele, como
aconteceu com Nabucodonosor.
Mas essa frase não está na bíblia. Logo porque nem
sempre Deus usará a dor tentando converter quem
o rejeitou, Ele apenas o deixará viver suas escolhas.
As consequências virão após a morte.

10 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE DEUS TARDA, MAS NÃO


FALHA.
Mais uma vez temos aqui um dito popular, e mais
uma afirmação errônea, porque Deus não tarda, Ele
sempre faz tudo na hora certa.

11 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE A HISTÓRIA DO RICO E


LÁZARO É UMA PARÁBOLA (FICTÍCIA).
A epígrafe, ou seja, o título acima do texto em
algumas bíblias vai dizer “parábola”. Mas a epígrafe
não faz parte do texto sagrado, é apenas um
acréscimo do tradutor. Por inúmeras razões, como o
fato de Jesus citar o nome das pessoas (coisa que ele
não fez nas parábolas), acreditamos que nesse texto
Jesus esteja contando uma história real.

12 – A BÍBLIA NÃO DIZ FAÇA POR TI QUE TE


AJUDAREI.
Isto também é apenas um ditado popular.
13 – A BÍBLIA NÃO DIZ QUE MARIA MADALENA ERA
PROSTITUTA.
A bíblia diz que ela foi liberta por Jesus, da qual Jesus
expulsou 7 demônios (Lucas 8:1 – 3). Mas em
nenhum momento ela é mencionada como
prostituta.

14 – A BÍBLIA NÃO DIZ EU VENCI O MUNDO E “VÓS


VENCEREIS TAMBÉM”.
O que ele realmente falou, foi o seguinte:
“Tenho-vos dito isto para que em mim tenhais paz;
no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu
venci o mundo”. João 16:33
A expressão “vós vencereis também” é um
acréscimo que não faz parte do versículo.
CAPÍTULO 11
DICAS BÁSICAS PARA INTERPRETAR A BÍBLIA
1 – LEIA O TEXTO EM DIFERENTES VERSÕES DE BÍBLIA
PARA COMPREENDER MELHOR.
Se você não tiver outras bíblias, baixe o aplicativo da
bíblia em seu celular. Nele tem praticamente todas
as versões da bíblia em português.
2 – TENTE REPRODUZIR O TEXTO COM AS SUAS
PRÓPRIAS PALAVRAS AO FINAL DE CADA LEITURA.
Isso aumentará sua intimidade com o texto que você
está estudando.
3 – NUNCA FAÇA UMA LEITURA ISOLADA. LEIA TODO
O TEXTO.
Lembre-se: um texto fora do contexto vira pretexto
para heresia.
4 – PESQUISE O SIGNIFICADO DE CADA PALAVRA DO
TEXTO.
Você poderá fazer isso tanto no site que indiquei
anteriormente, como também através de
enciclopédias bíblicas.

5 – FAÇA ANOTAÇÕES.
Compre um caderno exclusivo para estudos bíblicos
e faça suas anotações. Isso é importante tanto para
abrir sua mente, quanto para relembrá-lo de algum
detalhe que você possivelmente esquecer.
6 – PESQUISE O CONTEXTO HISTÓRICO
(Pesquise sobre a época, os costumes, tradições,
situação política e etc)
7 – PESQUISE A INTRODUÇÃO DO LIVRO QUE VOCÊ
VAI ESTUDAR.
Procure, por exemplo: “introdução do livro de
Habacuque”. Você achará informações importantes
do contexto que te ajudarão a entender melhor a
mensagem e o propósito desse livro.
8 – FAÇA PERGUNTAS AO TEXTO.
Pergunte sempre: onde? Quando? Quem? O quê?
Por quê? Para quê? Procure as respostas para essas
perguntas dentro do texto e anote.
CONCLUSÃO
Para você que leu até aqui, parabéns! Espero ter
contribuído para o seu aprendizado e crescimento.
Qualquer dúvida, ideias ou sugestões, nos chame no
direct do instagram. @JhonShackson.
Deus te abençoe!

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