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Revista Eletrônica de Ciência ISSN 1677-7387

Administrativa (RECADM)

PEDAGOGIA CRÍTICA:
repensando o ensino de estudos
RECADM - Revista Eletrônica de Ciência Administrativa / Faculdade Cenecista de Campo Largo, Paraná, Brasil.

organizacionais

1- Fernanda Tarabal Lopes 2- Carolina Saraiva Maranhão


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
fernandatarabal@hotmail.com carola.maranhao@gmail.com

3- Gizelle Souza Mageste


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
gizellemageste@gmail.com

Diego Maganhotto Coraiola – Editor

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho consiste em um estudo de cunho teórico This paper consists in a theoretical study about the use of
que reflete sobre a adoção da pedagogia crítica no critical pedagogy in organization studies education. We
ensino dos Estudos Organizacionais. Ao discorrermos intent to contribute with the studies about Paulo Freire’s
sobre esta temática, objetivamos acrescentar à theory on critical education, pointing out its importance to
discussão o olhar de Paulo Freire sobre a educação, the phenomenon analyzed. When discussing Freire’s
ressaltando sua importância em relação ao fenômeno em theory we will present some theoretical influences, such
questão. Ao abordarmos a proposta de pedagogia as Critical Theory of Frankfurt School. It will be discussed
libertadora deste autor, faremos referência às bases da elements of critical pedagogy like the relationship
teoria crítica, destacando os teóricos da escola de between teacher and student, pointing out for its political
Frankfurt, eixo fundamental dessa abordagem. Em suma, relevance and the importance of critical conscience.
destacaremos as idéias de Paulo Freire que abordam Through these reflections we intend to contribute to the
sobre a relação educadores e educandos, atentando organization studies education, collaborating for its praxis
para a importância da ação transformadora, engajamento and epistemological enrichment.
político libertador e consciência crítica. Através das
reflexões sobre a educação baseada em uma pedagogia
crítica, buscamos contribuir para o ensino de Estudos
Organizacionais, agregando diversidade teórica à área, o
que possibilita o enriquecimento para a discussão da
práxis.

Palavras-Chave Keywords
Pedagogia Crítica, Paulo Freire, Ensino e Pesquisa em Critical Pedagogy, Paulo Freire, Education and Research
Administração. in Business.

http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm 1 RECADM | v. 7 | n. 2 | p. 1-9 | Novembro/2008.


PEDAGOGIA CRÍTICA:
REPENSANDO O ENSINO DE ESTUDOS
ORGANIZACIONAIS

estímulos de uma posição mais crítica dos alunos em


1 Introdução relação aos conteúdos típicos dos cursos de
Administração. (PAULA; RODRIGUES, 2006, p. 4).
Este artigo consiste em um estudo de cunho
teórico que reflete sobre a adoção da pedagogia Dessa forma pretendemos contribuir para a
crítica no ensino dos Estudos Organizacionais. Ao discussão do ensino nos Estudos Organizacionais,
discorrermos sobre esta temática, temos como trazendo à luz a proposta pedagógica de Paulo
objetivo acrescentar à discussão o olhar de Paulo Freire, importante autor do pensamento crítico no
Freire sobre a educação, ressaltando sua campo da educação. Para tanto o trabalho divide-
importância em relação ao fenômeno em questão. se em cinco partes. A primeira constitui-se desta
introdução à temática em questão. A seção
A preocupação crítica na Administração já é seguinte contextualiza o ensino de Administração
observada no contexto brasileiro há décadas. em geral, destacando aspectos pertinentes à
Guerreiro Ramos (1981) atentava-nos para o uso discussão. A terceira parte aborda sobre a teoria
da Administração como instrumento de crítica e questões relativas à Escola de Frankfurt,
conformação social, alertando-nos para a eixo fundamental desta abordagem. Em seguida
necessidade de busca da emancipação dos tem-se então a discussão sobre idéias de Paulo
homens, através da autonomia e consciência Freire. Ao final são traçadas algumas reflexões
crítica. Fernando Prestes Motta (1986) buscou sobre a educação baseada em uma pedagogia
incessantemente uma visão crítica e não crítica e suas repercussões no ensino dos Estudos
instrumental dos Estudos Organizacionais, Organizacionais.
demonstrando a necessidade da concepção da
Administração como um campo mais atento ao
compromisso social e aos ideais de mudança. Nas 2 Contextualizando o Ensino em Administração
palavras do autor:
A Administração, considerada como área
(...) a formação dos jovens deve estar comprometida
com a construção de um mundo melhor para o organizada do conhecimento, conta com pouco
conjunto da sociedade, quanto porque o compromisso mais de um século de história, revelando ao longo
científico deve orientar a academia antes de qualquer desse período uma vocação técnica e instrumental,
outro. (...). Assim, há que se pensar o tradicional
compromisso do ensino e da pesquisa na com algumas concessões às questões
Administração com o poder e as classes dominantes, comportamentais (WOOD JR, 2002). No Brasil, a
bem como o dogmatismo a que tal compromisso história dos cursos de administração é ainda mais
muitas vezes inconscientemente leva. (...) (a
Administração) precisa ser democratizada, isto é, curta, principalmente se comparada com a dos
difundida no tecido social, de modo a ser reinventada Estados Unidos, por exemplo. Segundo Castro
enquanto força inovadora e prenunciadora de um (1981) enquanto o ensino de Administração se
mundo novo, justo e igualitário. (MOTTA, 1986, p.13-
14).
iniciava no Brasil, os Estados Unidos já formavam
em torno de 50 mil bacharéis, 4 mil mestres e 100
Nessa perspectiva de estudos observamos doutores, por ano. A partir da segunda metade do
trabalhos que abarcam sobre as possibilidades do século XX ocorreu um crescimento dos programas
uso da pedagogia crítica (PAULA; RODRIGUES, de PhD e do Master in Business Administration –
2006). Paula e Rodrigues (2006) apresentam suas MBA e as Escolas de Administração acabaram se
impressões sobre a questão, através do relato de transformando em produto de exportação (WOOD
uma experiência de ensino. O trabalho aponta para JR, 2002).
o fenômeno da “mercantilização” da educação e
suas repercussões nos conteúdos e métodos Martins (1989) aponta que o movimento para a
pedagógicos, além de refletir sobre a formação em formação profissional do administrador no Brasil
Administração, cuja grande preocupação se fixa em começou a se definir na década de quarenta,
interesses instrumentais e mercadológicos, em quando a economia brasileira deixou de ser
detrimento de uma formação questionadora e essencialmente agrária e iniciou-se a expansão dos
reflexiva, que busque a autonomia dos sujeitos. setores industriais e de serviços, acentuando a
Diante dos fatos, a pedagogia crítica surge como necessidade de mão-de-obra qualificada. Segundo
alternativa de renovação no ensino da gestão. No o autor, o desenvolvimento do ensino de
entanto, os autores afirmam que ainda são raras as Administração no Brasil articulou-se principalmente
tentativas de mudanças nas estratégias com a criação da Faculdade de Economia e
pedagógicas, como também escassas são Administração – FEA, da Universidade de São
Paulo - USP e da Fundação Getúlio Vargas – FGV.
as tentativas de recorrer à pedagogia crítica no ensino
de Administração, tanto no que se refere à inserção de
Para Schuch Júnior (1978), com a criação da
conteúdos alinhados com a epistemologia crítica nos EAESP, apareceu o primeiro currículo de
currículos e programas de disciplina quanto aos Administração, influenciando assim as instituições
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de ensino superior que passariam a oferecer o 1960 com a expansão do ensino superior. Em 1954
curso no país. o Brasil contava apenas com dois cursos de
administração em 1967 já eram 31, saltando para
Para Couvre (1991) o ensino de Administração
177 no ano de 1973, 244 em 1978 e 454 em 1995
está relacionado ao processo de desenvolvimento
conforme dados apresentados por Wood Jr (2002).
do país e salienta que a criação de cursos de
A tabela 1 mostra a evolução dos cursos e
administração intensificou-se após a década de
concluintes dos cursos de administração no Brasil.
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Quadro 1 - A evolução dos cursos de administração no Brasil.
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Cursos de administração 503 461 549 776 793 1.009 1.211 1.346
Concluintes dos cursos de administração 29.015 31.630 34.025 31.549 38.721 50.414 59.490 31.549
Fonte: Brasil, 2007.
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A acelerada expansão dos cursos de graduação 3 A Teoria Crítica: Breves Considerações


em administração gera preocupações a respeito da
A teoria crítica caracteriza-se pela sua busca na
qualidade do ensino nessas instituições, o que
ação, pela prática emancipatória, pensando o
motivou, inclusive, a criação da Associação
mundo como ele é, e como ele deveria ser. A crítica
Nacional de Graduação em Administração –
destaca-se por idéias como a intenção não
ANGRAD, que teve como objetivo desenvolver
performativa, a desnaturalização e a reflexibilidade.
parâmetros de qualidade para os cursos oferecidos.
Busca desconstruir imperativos tidos como
Um dos problemas do ensino da Administração verdades, que legitimam a manutenção da ordem e
no Brasil é provocado pela combinação entre uma formas de dominação, propondo caminhos
grande procura por vagas e o custo relativamente alternativos. Os críticos são críticos sobre si
baixo para implantação do curso de graduação, mesmo, o que os coloca em uma posição de
principalmente se comparado a um curso de continua transformação, reflexão e repensar. Os
Engenharia, Medicina ou Odontologia; este fato estudos críticos apresentam um sentido político e
torna o curso de Administração atraente como engajamento social em sua ação. Não são presos a
investimento para as universidades privadas modelos, almejando o desmascaramento das
(WOOD JR, 2002), o que pode contribuir para o relações de dominação. Fournier e Grey (2006)
fenômeno da “mercantilização” da educação. Silva destacam que na teoria crítica há um
Júnior e Sguissard (2001) apontam para a comprometimento de libertação dos sujeitos das
crescente profissionalização da gestão universitária relações de poder, inclusive pela sua própria
e a subordinação da área acadêmica às estratégias subjetividade.
empresariais; para eles isso acaba transformando
Esta abordagem apresenta como eixo
as escolas em “empresas de ensino” e os alunos
fundamental os teóricos da Escola de Frankfurt,
em clientes dentro do negócio de educação. Nesse
expressão que refere-se tanto a um grupo de
sentido, Alcadipani e Bresler (2000) alertam para o
teóricos quanto a uma teoria social, desenvolvida
fato de que em muitas escolas o que importa não é
pelo trabalho destes intelectuais. Estes teóricos
a qualidade da formação, mas os números de
constituem-se de um grupo com ideais marxistas
cursos, de matrículas e de aprovações, utilizando-
não ortodoxos, que surgiu com intuito de
se a tecnologia de fast-food para padronizar
documentar e teorizar movimentos operários da
informações e maximizar a quantidade de alunos,
Europa, estando vinculados à Universidade de
em que os professores apresentam “receitas de
Frankfurt.
bolo” e “doutrinas sagradas” dos manuais de
Administração. No período inicial, próximo de sua criação
(1922-1932), a Escola marcou-se pelo trabalho de
Diante desse contexto insere-se o presente
Max Horkheimer. Este buscou a consolidação do
trabalho, que busca contribuir para o ensino crítico
Instituto de Frankfurt, e o desenvolvimento de
nos Estudos Organizacionais, trazendo para a
trabalhos buscando entender o porquê de a classe
pauta de discussão alguns conceitos da pedagogia
operária não ter assumido o seu destino histórico
crítica defendida pelo autor Paulo Freire. Na seção
de revolucionar a ordem estabelecida. (FREITAG,
seguinte serão abordados alguns conceitos, sobre
2004).
a teoria crítica e a Escola de Frankfurt, que servirão
como base para o entendimento da discussão Destaca-se na Escola de Frankfurt a obra
posterior. Dialética do esclarecimento (1947), resultado da
perspectiva crítica e emancipatória de seus autores
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PEDAGOGIA CRÍTICA:
REPENSANDO O ENSINO DE ESTUDOS
ORGANIZACIONAIS

Adorno e Horkheimer. Ela reflete, dentre outras reflexividade sobre o conhecimento. Segundo ele, o
questões, o fenômeno da indústria cultural nas que se observa em geral na academia é uma
sociedades modernas, em destaque para os reprodução de conhecimentos, que são
Estados Unidos. O estudo das manifestações transmitidos como verdades absolutas.
culturais é preconizado, em especial por Adorno, (BRONNER, 1997).
por possibilitar a compreensão de formas de
Os pontos brevemente traçados esboçam, de
legitimação da dominação burguesa e alienação do
forma sucinta, alguns pontos referentes à evolução
sujeito. Nesse sentido insere-se a cultura de massa
da Escola de Frankfurt, eixo da teoria crítica, seus
e sua característica alienadora, outorgando do
pensadores e idéias. O entendimento das bases
sujeito suas possibilidades de ação e reflexão
filosóficas e contexto na qual originou-se a Escola
acerca das injustiças do mundo. Na indústria
de Frankfurt é importante e complementar à leitura
cultural a arte como bem de consumo perde sua
seguinte.
capacidade de engajamento e contestação,
inundando o pensamento do sujeito, desengajando-
os de sua própria arte, como que obstruindo suas
4 Pedagogia Crítica: Com a Palavra Paulo
formas de emancipação.
Freire
A nova produção cultural tem a função de ocupar o
espaço do lazer que resta ao operário e ao trabalhador Paulo Freire é um teórico que não pode deixar
assalariado depois de um longo dia de trabalho, a fim de ser mencionado quando tratamos do tema da
de recompor suas forças para voltar a trabalhar no dia
seguinte, sem lhe dar tréguas para pensar sobre a
pedagogia crítica. Sua importante contribuição
realidade miserável em que vive. (FREITAG, 2004, p. intelectual põe um fim na antiga discussão acerca
72). do papel social do intelectual. Freire é considerado
Além dos autores já citados, há que se citar um dos principais teóricos de educação no mundo,
também os expoentes contemporâneos da Escola havendo centros de estudo e museus dedicados à
como Alfred Schmidt, Jürgen Habermas, Ludwig obra deste pensador. Ele foi homenageado com um
von Friedeburg, Rolf Tiedemann, dentre outros. programa de rádio intitulado Paulo Freire: o
(FREITAG, 2004). andarilho da utopia (1997). Este programa,
promovido pela rádio Nederland, uma rádio
Sobre os conteúdos temas de discussão da Holandesa, em parceria com o Instituto Paulo
Escola de Frankfurt destaca-se também a dialética Freire, com a CRIAR (Assessoria de Comunicação
da razão iluminista. Nesta faceta de discussão, de São Paulo) e com o apoio da Universidade de
Horkheimer questiona sobre o saber oriundo do São Paulo, procurou difundir a obra de Freire para
iluminismo, afirmando que a razão como colocada todos os estados brasileiros, principalmente para
inicialmente por Kant, como instrumento para que o aqueles que ainda não eram alfabetizados
homem alcançasse sua autonomia, havia se (BIBLIVIRT, 2007). Suas reflexões acerca da
desviado, não sendo mais emancipatória, e sim pedagogia crítica inspiram muitos dos pensadores
conduzindo à técnica e às ciências modernas atuais e, por este motivo, consideramos
ditatoriais, causando alienação decorrente do fundamental o resgate de seus pensamentos, que
positivismo estereotipado. Nesse contexto situa-se se propõe à reflexão das possibilidades de
a discussão entre teoria tradicional e teoria crítica, formação crítica nos cursos de graduação em
sendo a primeira preocupada em formular leis Administração.
universais que serão encaixadas num sistema
teórico montado a priori ou a posteriori, e a Refletir sobre a proposta pedagógica de Paulo
segunda marcada pela atenção em perceber os Freire significa atentar para o compromisso do
indivíduos, fenômenos e sociedade inseridos em profissional da educação com a sociedade,
uma dimensão histórica, sendo marcada nessa “compromisso com o mundo que deve ser
abordagem a busca pela emancipação. Ressalta-se humanizado para a humanização dos homens,
ainda o debate entre Popper e Adorno, em relação responsabilidade com estes, com a história”
ao positivismo e a dialética, sendo presente na (FREIRE, 1979, p. 18). Para Freire, qualquer
última a crítica constante, a reflexividade e a profissional, antes de ser profissional, é homem,
contestação a respostas definitivas, o que homem inserido em um contexto histórico-social, ou
caracteriza Adorno como o princípio da seja, deve ser comprometido por si mesmo. É
negatividade. (FREITAG, 2004). através desse compromisso social que Freire vai
desenrolando suas idéias a respeito de uma
Outro autor que se destaca dentre os teóricos pedagogia crítica, também conhecida por
da Escola de Frankfurt é Marcuse. Um ponto pedagogia libertadora.
fundamental de sua crítica refere-se à questão da

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Ao refletir sobre a educação, Freire (1979) arquivá-los. Na concepção bancária da educação


expõe também sua visão de homem. Para ele, o não há busca de transformação, de renovação do
homem é sempre um ser inacabado ou inconcluso. mundo, do conhecimento. As posições entre
Daí a importância da educação e sua necessidade educador e educando são rígidas, o primeiro detém
permanente. Afinal, não necessitaria a educação se o saber, o segundo nada sabe. Tal rigidez acaba
o homem fosse um ser acabado. Nessa constante por impor ao educando uma postura de passividade
transformação, o homem nunca sabe de maneira diante do conhecimento, que é concebido como
absoluta, não há seres educados e não educados, algo estático, acabado, e não em constante
estão todos se educando. Essa concepção leva- transformação, em construção. Freire (2005, p. 68)
nos a refletir criticamente sobre a posição do aponta para os perigos de tal concepção:
educador que se coloca como um ser superior que Não é de estranhar, pois, que nesta visão ‘bancária’
ensina a um grupo de “ignorantes”, como que os da educação, os homens sejam vistos como seres da
domesticando. Tal prática significa a negação da adaptação, do ajustamento. Quanto mais se exercitem
os educandos no arquivamento dos depósitos que lhe
própria educação. Para Freire o verdadeiro trabalho são feitos, tanto menos desenvolverão em si a
pedagógico não significa imposição das opções do consciência crítica de que resultaria a sua inserção no
educador aos demais. “Se atua desta forma (...), mundo, como seres transformadores dele. Como
sujeitos. Quanto mais se lhes imponha passividade,
está trabalhando de maneira contraditória, isto é,
tanto mais ingenuamente, em lugar de transformar,
manipulando; adapta-se somente à ação tendem a adaptar-se ao mundo, à realidade
domesticadora do homem que, em lugar de libertá- parcializada nos depósitos recebidos.
lo, o prende”. (FREIRE, 1979, p. 49).
Para Freire, esta educação favorece os
Outro ponto de destaque nas idéias de Freire opressores. Os opressores constituem-se da classe
(1996) consiste na convicção de que a mudança é dominadora, daqueles que detêm o poder. Estes,
possível. Afinal, assim como os homens, o mundo para dominarem “vão se apropriando, cada vez
também se encontra em constante transformação. mais, da ciência também, como instrumento para
“O mundo não é. O mundo está sendo” (FREIRE, suas finalidades. Da tecnologia, que usam como
1996, p. 76). No contexto de mudanças e na crença força indiscutível de manutenção da ‘ordem’
de que a mudança é possível, os educadores não opressora, com a qual manipulam e esmagam.”
devem apenas constatar o que está ocorrendo, (FREIRE, 2005, p. 68). A educação bancária
mas também intervir como sujeitos de ocorrências. favorece os opressores na medida em que estimula
“Não sou apenas objeto da História mas seu sujeito a ingenuidade e a falta de crítica dos educandos,
igualmente”. (FREIRE, 1996, p. 77). Agindo como visando a preservação da situação que lhes é
agente de mudança, o educador imprime na favorável. Na visão de Freire, os opressores
realidade sua marca. Segundo Paulo Freire (1996, combatem qualquer tentativa de ação estimulante
p. 77), a suposta e ingênua neutralidade não é do pensar autêntico. Destaca também que a
possível para aqueles que buscam o caminho da educação bancária possui ainda caráter
atividade crítica, seja o profissional um físico, paternalista, onde os oprimidos devem ser
biólogo, sociólogo, ou pensador da educação. incorporados à sociedade, às estruturas, a fim de
“Ninguém pode entrar no mundo, com o mundo e manter a ordem e a paz social, ou melhor, a paz
com os outros de forma neutra. Não posso entrar privada dos dominadores. “A questão está em que
no mundo de luvas nas mãos constatando apenas”. pensar autenticamente é perigoso”. (FREIRE, 2005,
p. 70).
Em suas idéias sobre a pedagogia libertadora,
Paulo Freire (2005) debate sobre a educação Paulo Freire defende a educação
“bancária” e a educação problematizadora, sendo a problematizadora e libertadora. Nesta concepção
primeira destinada à dominação, enquanto a almeja-se o pensar autêntico, que para ser assim,
segunda relacionada à libertação. Para o autor, a não pode ser imposto. Educandos e educadores
educação “bancária” é caracterizada pelo ato de comunicam-se entre si, estabelecem uma relação
“depositar”, onde os educandos são os depositários dialógica. “Desta maneira, o educador já não é
e os educadores os depositantes. Nessa mais o que apenas educa, mas o que, enquanto
concepção da educação, os educandos recebem educa, é educado, em diálogos com o educando
passivamente o conhecimento, ou nas palavras do que, ao ser educado, também educa”. (FREIRE,
autor, “em lugar de comunicar-se, o educador faz 2005, p. 79).
‘comunicados’ e depósitos que os educandos, mera
A educação problematizadora reforça a
incidências, recebem pacientemente, memorizam,
mudança, concebendo os homens como seres
repetem” (FREIRE, 2005, p. 66). Tal educação
históricos, e em sua historicidade, como seres
outorga do aluno qualquer possibilidade de ação a
inacabados, inconclusos, assim como a realidade.
não ser a de receber os depósitos, guardá-los,
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É esperançosa e possui em sua forma de ação um que nunca irão possuí-lo) alguma fatia de seu
caráter utópico. Utopia que Paulo Freire caracteriza conhecimento. Para Freire, consciência é teoria na
como “unidade inquebrável entre a denúncia e o prática, é um “quefazer” político, que não reduz o
anúncio. Denúncia de uma realidade ser humano “ao seu devido lugar”. Ao contrário, cria
desumanizante e anúncio de uma realidade em que bases para que cada pessoa resgate o significado
os homens possam ser mais”. (FREIRE, 2005, p. de sua condição social e econômica e se
84). Para Freire esta utopia não é uma palavra transforme com vistas a uma ação coletiva de
vazia, mas sim um compromisso histórico. transformação social.
Para a educação problematizadora, enquanto um A citação abaixo ilustra claramente a
quefazer humanista e libertador, o importante está em
que os homens submetidos à dominação lutem por
perspectiva de Freire sobre o que é
sua emancipação. Por isto é que esta educação, em conscientização, conforme relato de Gadotti (1987,
que educadores e educandos se fazem sujeitos do p. 33):
seu processo, superando o intelectualismo alienante,
superando o autoritarismo do educador ‘bancário’, A análise ideológica da educação dominante,
supera também a falsa consciência de mundo. denunciando sua pseudocentralidade e astúcia (...)
(FREIRE, 2005, p. 86). contrapõe a teoria ao verbalismo e a ação ao ativismo.
(...) procura desmistificar o conceito de
A passagem abaixo ilustra a perspectiva ‘conscientização’ no sentido empregado pela ideologia
humanista de Freire (1997, p. x) acerca da dominante. ‘conscientização é entendida como
consciência de e ação sobre e realidade e não como
capacidade dos sujeitos de modificarem suas tomada de consciência. A conscientização realiza-se
histórias: na práxis e não na teoria’.
À medida que compreendo a história como Na perspectiva freireana, mudança social não
possibilidade, eu reconheço:
pode ser entendida de forma simplista, fazendo-se
 Que a subjetividade tem que desempenhar um a mudança primeiro das consciências, como se
papel importante no processo de transformação.
fossem elas, de fato, as transformadoras do real.
 Que a educação torna-se relevante à medida que Mudança social é um processo histórico em que a
este papel da subjetividade é compreendido como subjetividade e objetividade se prendem
tarefa histórica e política necessária.
dialeticamente. “Já não há como absolutizar nem
 Que a educação perde o significado se não for uma nem outra” (FREIRE, 2005, p. 21).
compreendida – como o são todas as práticas –
como estando sujeita a limitações. Se a educação A educação, no sentido freireano, é
pudesse fazer tudo não haveria motivo para falar
de suas limitações. Se a educação não pudesse
fundamentalmente um ato político. Por isso
fazer coisa alguma, ainda não haveria motivo para entende-se que:
conversar sobre suas limitações.
Tanto no caso do processo educativo quanto no do ato
A estreita vinculação teórica entre o político, uma das questões fundamentais seja a
clareza em torno de a favor de quem e do quê,
pensamento de Freire e os teóricos de primeira portanto contra quem e contra o quê, fazemos a
geração da Escola de Frankfurt fica clara em sua educação e de a favor de quem e do quê, portanto
preocupação sobre o crescimento exacerbado da contra que e contra o quê, desenvolvemos a atividade
política. Quanto mais ganhamos esta clareza através
racionalidade instrumental, que suprime a da prática, tanto mais percebemos a impossibilidade
substantiva, relegando-a para o plano da de separar o inseparável: a educação da política.
subjetividade e da utopia (entendida como Entendemos, então, facilmente, não ser possível
pensar, sequer, a educação, sem que se esteja atento
fantasia). à questão do poder. (FREIRE, 2005, p. 11).
[Freire] Denuncia a visão de mundo tecnicista,
economicista e mecanicista que está presente nas O que se busca, portanto, é o desenvolvimento
reformas sociais e educacionais. (...) Critica o falso de uma consciência crítica, obtida através da
dilema entre humanismo e técnica: uma educação que construção de relações dialógicas entre educador e
se oponha à capacitação técnica dos indivíduos é tão
ineficiente como a que se reduz à competência técnica educando para uma “prática concreta de libertação
sem uma formação geral humanista. (GADOTTI, 1987, e construção da história” (FREIRE, 2005, prefácio).
p. 33). Para Freire (2005), a educação crítica nasce da
Paulo Freire sempre desenvolveu sua teoria crença de que um outro mundo é possível e que a
pedagógica com vistas à mudança social. Para ele, educação não deve ser resultado de um processo
a consciência sem ação não era consciência crítica, de ajuste do sujeito à realidade presente, pelo
era verbalismo, ato autoritário de doação da contrário, deve formá-lo para que compreenda o
palavra culta do dominado para o dominante. Esta contexto sócio-político em que vive e vislumbre
prática guarda, na opinião do pensador, uma alternativas menos feias, menos malvadas e menos
herança autoritária, em que o que sabe (aquele que desumanas de vida em comunidade.
detém o capital cultural) impõe ao que não sabe (os

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Apesar de ser um dos principais teóricos da valiosos para a recuperação da aptidão à


educação, nacional, a obra de Freire é tratada experiência.
como atemporal, fragmentada e linear por muitos
leitores. O que se vê, em vários trabalhos, é a
utilização de certos conceitos sem o cuidado de 5 Reflexões Finais: Repensando o Ensino
compreendê-los no quadro histórico-político em que
A preocupação com a qualidade do ensino é
foram criados. Um bom exemplo é sua obra mais
constante nas mais diversas áreas. No entanto,
citada, a Pedagogia do oprimido (2005). Neste
características inerentes aos cursos de
livro há a denúncia da opressão sofrida pelos
Administração na atualidade ressaltam ainda mais
estudantes no sistema de educação impingida
a necessidade de atenção. Questões como a
pelos professores e sistema opressivos. Em parte
facilidade em relação à abertura de novos cursos, a
esta relação de opressão é alimentada pelo fato do
“mercantilização” do ensino, a subordinação da
próprio oprimido hospedar em si o opressor,
área acadêmica às estratégias empresariais, a
criando um círculo vicioso, difícil de ser quebrado.
visão meramente técnica e utilitarista do processo
A leitura vulgar feita desta obra afirma que para educacional, dentre outros, alertam para a
a opressão não há saída, já que o oprimido, uma importância de se repensar a educação na área,
vez no poder, subjugará os demais, da mesma não apenas em termos de melhorias na qualidade
forma que aconteceu consigo. Esta interpretação dos conteúdos, mas também na busca de formação
aniquila qualquer possibilidade de mudança e nega, de sujeitos críticos, conscientes e reflexivos em
veementemente, a perspectiva crítica de Freire, em relação à realidade.
que um mundo melhor sempre é possível. Os
Nesse contexto, introduzir e refletir sobre a
leitores mais atentos perceberão que Freire
proposta pedagógica de Paulo Freire apresenta
denuncia a hospedagem como uma etapa para a
grandes contribuições aos Estudos
libertação. Segundo ele, os oprimidos seguem o
Organizacionais. Dentre elas destaca-se a
modelo de opressão, porque é o que conhecem.
importância atribuída pelo autor à consciência
Porém, uma vez que se conscientizem disso, os
crítica. Para Paulo Freire é necessário haver uma
oprimidos podem se desfazer desta relação
consciência crítica, sendo esta aquela que
parasitária e vislumbrarem um outro modo de ser.
reconhece que a realidade é mutável; está sempre
Este processo é denominado de consciência crítica.
disposta a revisões; é despida de preconceitos;
Além disso, Freire afirma que cabe ao oprimido
repele posições quietistas, sendo intensamente
libertar a si e ao opressor, que sofre mais que ele,
inquieta, o que a torna cada vez mais crítica; é
por não ter capacidade de vislumbrar um outro
indagadora e investigadora; fortalece-se no diálogo;
mundo, dada as vantagens que tem com a
não exclui o velho por ser velho, nem aceita o novo
manutenção deste sistema. Esta afirmação de
por ser novo, mas aceita-os em suas validades.
Freire, certamente tem vínculos com sua formação
(FREIRE, 1979)
religiosa, que o acompanhou em suas lutas
políticas e em seus livros. É necessário estar atento ao compromisso da
educação com a ação transformadora. Para Freire,
Precisamos, portanto, compreender este
é fundamental que a educação perpasse pela ética
pensador como um homem de seu tempo, que não
crítica, competência cientifica e amorosidade
se limitou a acreditar na fatalidade da história.
autêntica para com o ato de educar. Dessa forma,
Giroux (1997, p. vii) nos aconselha sobre esta
busca-se formar sujeitos conscientes do sentido
tarefa: “A linguagem da educação não é
social e político de suas ações, como seres que
simplesmente teórica ou prática; é também
buscam a autonomia e a libertação.
contextual e deve ser compreendida em sua
gênese e desenvolvimento como parte de uma rede Para se atingir o caminho da educação crítica é
mais ampla de tradições históricas e necessário que a Escola não forme apenas
contemporâneas”. detentores de um conhecimento, e sim cidadãos
críticos e conscientes. Larroca (2000) discute sobre
Como podemos perceber, os conceitos
esta questão, quando analisa os paradigmas da
principais do pensamento de Freire continuam
prática profissional educativa: o paradigma
atuais, mas precisam ser compreendidos dentro em
racional-técnico e o paradigma crítico-reflexivo.
uma nova lógica social. A transposição de campo
Segundo a autora, a formação centrada na
teórico, da Educação para a Administração, é outra
racionalidade técnica reduz-se à mera execução de
tarefa que deve ser feita com cuidado, para que
procedimentos e regras gestados por outros
não haja a reificação de conceitos, que são
profissionais, roubando-lhe a reflexão sobre a
própria ação. Afirma ainda que a racionalidade
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PEDAGOGIA CRÍTICA:
REPENSANDO O ENSINO DE ESTUDOS
ORGANIZACIONAIS

técnica se esquece também dos fins sociais, morais conhecimentos ideológicos, ela constitui um
e políticos da ação profissional. conjunto de instituições fundamentais para a
produção do conhecimento (APPLE, 1989).
De acordo com Schön (2000), os profissionais
devem ir além das regras e teorias. “A Diante do exposto, é importante refletir para que
racionalidade técnica, a epistemologia da prática as abordagens ao ensino de Estudos
predominante nas faculdades, ameaça a Organizacionais não se insiram nas lógicas que
competência profissional, na forma de aplicação do regulam a sociedade capitalista, marcada pela
conhecimento privilegiado a problemas busca constante do lucro, estabelecida pelas forças
instrumentais da prática.” (SCHÖN, 2000, p. vii). de oferta e procura. Tal lógica, que vem se
Para este autor os profissionais devem possuir um massificando de forma assustadora no contexto
conhecimento implícito, que os possibilite educacional, sobrepõe-se, muitas vezes, aos
responder a situações que extrapolam o saber propósitos da própria educação esclarecedora. A
sistemático da técnica racional. O autor alerta para Escola mais do que qualquer outra instituição
a responsabilidade do educador em incutir nos social, é aquela que fabrica a sociedade do futuro,
alunos tais conhecimentos. sendo iniciadora da mudança social (LIPMAN,
A crise de confiança no conhecimento profissional 1995). Dessa forma, despertando para o
corresponde a uma crise semelhante na educação compromisso social da educação, é fundamental a
profissional. Se as profissões especializadas são preocupação com o ensino nos Estudos
acusadas de ineficácia e inadequação, suas Escolas
são acusadas de não conseguir ensinar os rudimentos
Organizacionais, suas práticas e compromissos
da prática ética e efetiva (SCHÖN, 2000, p. 18) com a sociedade.
Desta forma, resgatamos a base teórica da Nesta perspectiva, este trabalho busca
educação crítica buscando demonstrar que ela contribuir trazendo para a pauta de estudos o olhar
sintetiza as diversas lutas contra a naturalização da de Paulo Freire sobre a educação, agregando
vida social. Sua possibilidade reside no interior da assim diversidade teórica e a possibilidade do
mesma política conservadora e reacionária atual, enriquecimento para a discussão da práxis. No
dada sua natureza contraditória. entanto, a transposição de campo teórico, da
Educação para os Estudos Organizacionais, não é
A mudança de perspectiva pedagógica da visão tarefa tão simples. Tal afirmativa justifica-se no
tradicional para a crítica, porém, não se dar de ideário da própria Administração. Dessa forma,
maneira espontânea, por isso Gadotti (1987, p. como abordar a educação transformadora num
121) defende a pedagogia do conflito, que campo que prima pela manutenção da ordem
evidencia “as contradições em vez de camuflá-las, vigente? Como buscar, segundo a perspectiva
com paciência revolucionária, consciente do que, freiriana, a emancipação de sujeitos opressores, ou
historicamente, é possível fazer”. ainda, de indivíduos oprimidos, que buscam na
A intenção emancipatória, contida no projeto da Administração instrumentos para a opressão?
educação crítica, combina teoria e prática com a Nesse processo de tomada de consciência
finalidade de libertar o indivíduo e grupos sociais crítica, acreditamos ser fundamental o papel do
das forças subjetivas que os ligam às formas de educador. À medida que este amplia sua visão do
opressão e exploração (GIROUX, 1997). estudo administrativo para além de um processo de
Compreende, portanto, o desmantelamento das ajustamento com fins performáticos e produtivos, é
formas de falsa identificação proposta pelas possível se vislumbrar caminhos a serem trilhados.
classes dominantes entre os valores universais e Está aberto o debate.
os condicionamentos sociais particularistas por trás
de instâncias como progresso, modernidade e
verdade. Em outras palavras, “o indivíduo só se Referências
emancipa quando se liberta do imediatismo das
relações que de maneira alguma são naturais, mas ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação.
constituem meramente resíduos de um Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
desenvolvimento histórico já superado, de um ALCADIPANI, R.; BRESLER, R. MacDonaldização
morto que nem ao menos sabe de si mesmo que do ensino. Carta Capital, 10 maio, p. 20-24, 2000.
está morto” (ADORNO, 2003, p. 68).
APPLE, Michael. Educação e Poder. Porto Alegre:
Analisar a educação sob a perspectiva crítica Artes Médicas, 1989.
significa interpretá-la em suas contradições de
reprodução e produção do conhecimento, pois, da BIBLIVIRT. Paulo Freire: o andarilho da utopia.
2007. Disponível em:
mesma forma que a Escola distribui valores e

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