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OARTIGO DE REVISÃO

VALOR DA EDUCAÇÃO NA EMPRESA

INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS EMPRESAS:


A RELEVÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DE MÉTODOS
PROFILÁTICOS E ASSERTIVOS QUE VISEM À
ERRADICAÇÃO DO FENÔMENO ASSÉDIO MORAL

Márcia Oliveira de Carvalho

RESUMO - O presente artigo científico situa a Psicopedagogia


Institucional como disciplina capaz de atuar no redimensionamento
psicológico dos espaços corporativos vitimados pelo fenômeno do assédio
moral. Apresenta, em seu argumento, os desafios enfrentados pelos setores
de recursos humanos, em função da complexidade do objeto, e defende a
criação de políticas afirmativas que utilizem, prioritariamente, metodologias
comprometidas com a dinâmica do “ensino/aprendizagem”. Destina-se,
enfim, a fomentar a construção de instrumentos de intervenção educativos,
visando minorar os danos no ambiente das relações entre empregados e
empregadores.

UNITERMOS: Relações trabalhistas. Relações interprofessionais. Má


conduta profissional. Hostilidade. Educação.

Márcia Oliveira de Carvalho - Ceteb - Centro de Ensino Correspondência


Tecnológico de Brasília, Universidade Gama Filho. Márcia Oliveira de Carvalho
Rua Professor Henrique Costa, 830 – ap. 204 – bl.3. -
Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ - CEP: 22770-235
E-mail: mmarcmarcialuiza.carvalho@gmail

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INTRODUÇÃO seus desfechos e a dinâmica do processo que


Recorrentemente amalgama-se a imagem da denuncia o quanto os setores de recursos
Psicopedagogia às intervenções no cenário humanos sentem-se impedidos de atuar diante
escolar e no grupo de atores que o compõe, das ocorrências.
muito embora trate de uma ciência cujo braço Não se pretende, neste artigo, desfilar
estende-se a espaços e realidades bem mais modelos e planilhas prontas para execução das
amplos e distintos,... [tais quais] o ambiente práticas de diagnóstico e de intervenção. Segue-
das empresas, universo no qual esse artigo se se, em seu arrazoado, a doutrina psico-
situa. pedagógica que preconiza o princípio de que
Percebe-se, em sua veia relacionada às cada demanda solicita uma abordagem própria.
organizações de trabalho, que a Psicopeda- O que se pretende é revelar a necessidade do
gogia - por sua vocação e atenção à diversidade psicopedagogo no contexto e, para tanto, trazer
de vozes - posiciona-se como a disciplina mais para o centro da peça o evento sob um olhar
bem preparada para intervir nos conflitos resenhado da psicanálise, da psicologia social
socioculturais de caráter danoso – possíveis nas e da educação. Propõe-se, assim, oferecer infor-
relações horizontais e verticais entre empre- mações e referências para que cada profissional
gados e empregadores. Este artigo, espe- construa seu instrumento, pertinente à realidade
cificamente, direciona-se ao fenômeno assédio e às necessidades de cada instituição com fins
moral [assédio, do latim obsidere, em portu- lucrativos. Porquanto, propõe o trabalho:
guês: “atacar ”] – cuja baixa produção biblio- estudar o evento, seus personagens e as lesões
gráfica no Brasil a respeito das intervenções decorrentes; diferençar o fenômeno real de um
psicopedagógicas, neste início de século XXI, falso aparente, tratar de sua prática [do
não compromete uma abordagem significativa fenômeno] e de sua realidade antagônica à tese
sobre o tema e a urgente necessidade da da Responsabilidade Social; apresentar casos
construção de modelos de atuação psico- reais vivenciados em empresas e consignados
profiláticos. na produção jornalística; e definir a Psico-
Entende-se que, teoricamente, o sujeito pedagogia e sua excelência, sustentada pela
carrega em si o desejo de oferecer um retorno base teórica e por sua práxis, na elaboração de
afirmativo às demandas da sociedade moderna; projetos psicoprofiláticos, tais quais: campanhas
porém, na condição de “humano” - “ser ” que institucionais, palestras, cursos e demais ações/
se encontra em constante interação com o meio atividades de cunho educativo junto aos
– o desequilíbrio constitui-se uma possibilidade funcionários e aos executivos das corporações.
a ser considerada diante do “novo”... [Neste Nesta perspectiva, e em face do que ora se
momento,] quando do desequilíbrio no lócus discorre, pretende-se que o artigo, dentre
do labor, verifica-se que o especialista psico- outros fatores, consubstancie interesse na
pedagogo, por meio de sua ação multi- comunidade acadêmica, com ensejo de que se
disciplinar, encontra-se apto a coordenar o reconheça a conjugação “ensino/aprendiza-
trabalho de investigação de diagnoses e, se gem” como principal ferramenta para minoração
necessário, solicitar um redimensionamento do de práticas danosas no ambiente de trabalho.
espaço psicológico do indivíduo, do grupo ou Estima-se que o artigo, ainda, seja capaz de
daquele universo, visando o cultivo de hábitos levar à reflexão a sociedade economicamente
sociais saudáveis para o todo. ativa sobre seu modelo de operação em
Estruturado na base teórica de Marie-France analogia às premissas da Responsabilidade
Hirigoyen1 e Enrique Pichon-Rivière2, o artigo Socioambiental no mundo corporativo, com
considera oportuno descrever, o que se tem especial atenção à consideração dos valores
discutido a respeito, situações reais, alguns de Éticos na relação com o outro.

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MÉTODO os profissionais de educação em suas consi-


O artigo utilizou acervo jornalístico próprio, derações, a exemplo de Soares3 (2008), lembram
construído ao longo de cinco anos de pesquisa, que, nessa hora, torna-se prioridade ensinar o
coleta e catalogação para subsidiar a elaboração sujeito a assumir um compromisso com sua
de uma grande tese a respeito da importância “ verticalidade (singularidade) e com sua
da educação na empresa. As consultas, em horizontalidade” (interação com os outros).
caráter de pesquisa bibliográfica – exigência As teorias, para casos que envolvem
da instituição de ensino -, iniciaram na obra conflitos nas relações de trabalho em geral,
dos teóricos e profissionais citados no artigo e indicam participação dos funcionários em
estenderam-se ao acervo dos periódicos pu- cursos de relações humanas promovidos na
blicados por entidades sindicais; especialmente própria empresa. Os profissionais defendem
os relacionados ao Sindicato dos Bancários do que, por meio de atividades em grupo, pode-
Município do Rio de Janeiro e ao Sindicato dos se reativar no sujeito a visão do “ser ” integrado
Trabalhadores na Indústria de Petróleo no estado no “todo”.
do Rio de Janeiro: duas das categorias mais Soares3 (2008) recomenda como proposta
vitimadas pelo fenômeno assédio moral, para minorar desavenças, pleitos internos
segundo estatísticas. voltados para eleger líderes capazes de
Realizou-se, ainda, para melhor com- identificar as dificuldades que os funcionários
preensão das diagnoses psicopatológicas possuem em relação ao “ novo” para, por
relacionadas ao tema, entrevista exclusiva com conseguinte, promover ações que despertem,
a psicóloga do Sindicato dos Bancários do em cada um deles, “autonomia, criatividade e
Município do Rio de Janeiro e com uma das liberdade” – movimentos que geram a
principais médicas psiquiátricas que atende a construção do saber. Nesse aspecto, nota-se a
classe dos bancários do estado do Rio de capacidade do Psicopedagogo Institucional
Janeiro, cujas citações não foram publicadas em enquanto profissional com melhor preparo para
obediência às normas da Universidade ao qual desenvolver um novo projeto de relacionamento
o trabalho vincula-se. nas corporações, a partir das propostas de
reestruturação oficialmente previstas na tese de
RESULTADOS Responsabilidade Social.
Percebe-se que os casos denunciados aos
Sindicatos de classe e, posteriormente, levados ASSÉDIO MORAL NAS EMPRESAS: O
à mídia seriam, em tese, passíveis de soluções FENÔMENO E A QUESTÃO
internas (no espaço da empresa), caso hou- Para intervir nas empresas tanto psico-
vesse um projeto para os recursos humanos que profilaticamente quanto do conflito já diagnos-
privilegiasse a educação e sua qualidade de ticado, demanda-se conhecer as origens, a
dialogar com as diversas contradições que prática, os atores e os enredos do assédio moral
compõem a corporação. Todavia, a não inter- – expressão que se refere, no lócus laboral, às
venção ou a prática de políticas de relacio- humilhações que um funcionário submete-se
namento inadequadas junto aos funcionários durante sua jornada de trabalho e que atinge,
levaram o fenômeno a assumir vultos grandiosos primeiramente, seu espectro moral.
– capazes de desgastar ambas as partes e Foi estudado nos países anglo-saxões e
dirimir somente na esfera judicial. nórdicos e qualificado pelo pesquisador em
Constata-se, a partir da análise dos casos psicologia do trabalho, Heinz Leymann como
reais selecionados, que os atores envolvidos na mobbing, termo derivado de mob (plebe), em
dinâmica do fenômeno consideram o problema uma referência a algo inoportuno. Em sua
como próprio ou parte do “outro”. Entretanto, pesquisa, realizada há mais de dez anos na

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Suécia, qualificou o fenômeno como “psico- do que ocorre na China - e ainda se descobrem
terror ”. Anos mais tarde, deu-se o interesse em em meio a exigências para o cumprimento de
outros países por parte de sindicatos, médicos metas absurdas de vendas, visando a garantia
do trabalho e organizações de plano de saúde. de sua posição (dos trabalhadores) em algumas
Na França, a tipificação do assédio sexual, uma instituições. Sobre os efeitos provocados pela
das manifestações do assédio moral, como crime Globalização e seu neoliberalismo, Barreto5
levantou a discussão, in lato sensu, tanto nas (2000) cita:
empresas quanto na mídia1. ‘’A violência moral no trabalho constitui um
Em tese, diz-se que o assédio moral ocorre fenômeno internacional, segundo levantamento
quando um indivíduo submete outro a situações recente da Organização Mundial do Trabalho
de vexame e de constrangimentos de forma (OIT), com diversos países desenvolvidos. A
sistemática e contínua, usando normalmente pesquisa aponta para distúrbios da saúde
palavras e gestos contundentes para reiterar a mental relacionados com as condições de
agressão: “não se morre diretamente de todas trabalho em países como Finlândia, Alemanha,
essas agressões, mas perde-se uma parte de si Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As
mesmo. Volta-se para casa, a cada noite, exausto, perspectivas são sombrias para as duas
humilhado, deprimido. É difícil recuperar-se” – próximas décadas, pois segundo a OIT e a
afirma Hirigoyen1. Sobre a questão, Moraes4 Organização da Saúde, estas serão as décadas
mostra-se mais direto: “Por vezes, materializam- do “mal estar na globalização”, onde
se outros problemas que podem ser diretamente predominarão depressões, angústias e outros
associados à questão do alcoolismo, drogas e, danos psíquicos, relacionados com as novas
em caso extremo, suicídio”. políticas neoliberais5’’.
Trata-se de uma situação que pode Alguns dos profissionais das áreas de saúde,
estabelecer-se nos mais diversos modelos de ciências sociais e humanas que se manifestam
relações inter-pessoais, tais como entre mãe e sobre o tema, mostram-se quase todos unânimes
filha e marido e mulher. Entretanto, de acordo ao relacionar a sistemática do assédio, e o
com as estatísticas da Doutora Margarida emprego da “tirania” na busca do êxito, à
Barreto5, parte da pesquisa “Uma Jornada de cultura do “vale tudo” na rota da compe-
Humilhações” (PUC/SP-05/2000), o local de titividade pessoal e negocial. Neste percurso,
trabalho revela-se o ambiente mais fértil para o alegam que não se percebe a pessoa humana
cultivo desta conduta, normalmente qualificada como indivíduo e, sim, coopta-se como um
pelos psicólogos como “tirana” e “perversa”... número, um objeto, uma “coisa” a mais que
Os resultados apresentados na pesquisa da compõe a empresa.
Doutora Margarida Barreto 5 revelam que o Por meio de consulta ao Jornal do Sindicato
chamado “ultraje ao trabalhador ” (promovido dos Bancários do Estado do Rio de Janeiro
pelo empregador) cresceu de forma alarmante (período de 2003 a 2008) – uma das categorias
nos últimos anos – muito embora se reconheça mais afetadas, uma vez que o mercado
que este tipo de relação remete à idade tão financeiro exige respostas imediatas – percebe-
antiga quanto a da própria organização do se que o número de denúncias, anônimas ou
trabalho como meio de sobrevivência. não, cresce a cada edição. Exibem-se relatos
Especialmente, no início deste novo século, de funcionários expostos, cotidianamente,
percebe-se que a concorrência acirrada no novo durante a jornada de trabalho, às mais variadas
mundo global uniformiza, também, práticas formas de coação com o objetivo de alcançar
pertinentes à dinâmica do assédio. Os resultados de relevância quantitativa. Neste
trabalhadores, em geral, produzem sob momento, quando após algum tempo sob
jornadas cada vez mais exaustivas – a exemplo coerção, a vítima resolve expor o caso,

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comprova-se que a sistemática da agressão produtiva e a saúde financeira (qualitativa) da


moral é quase sempre a mesma. própria empresa.
O assédio começa, geralmente, com Apontam-se, nos dias de hoje, psico-
pequenas desavenças e maus-tratos, dos quais patologias das mais variadas relacionadas aos
a vítima prefere não reclamar. Até que os transtornos de ansiedade decorrentes da prática.
ataques vão se multiplicando ao ponto de Médicos do trabalho citam como uma das mais
deixar a vítima acuada. Em um grupo é normal frequentes a Síndrome de Burnout 7 - conceito
que os conflitos ocorram. A ofensa, seguida de que surgiu nos Estados Unidos em meados dos
um pedido de desculpas, ou mesmo um anos 70 para dar explicação ao processo de
comentário ferino, isolado, numa hora de desgaste aos cuidados e vigilância profissional
irritação, não podem ser qualificados como nos trabalhadores de organizações. O termo
assédio. O que qualifica o assédio é a repetição compõe-se de burn=queima e out=exterior:
dos vexames, das humilhações, sem qualquer alusão ao sujeito neste quadro de estresse, que
atitude para abrandá-lo, e que o torna algo “explode”: ou seja, exterioriza seu desequilíbrio
extremamente destruidor1. físico e emocional. Freudenberger (1974, apud
Grande parte dos empregados que denun- Hamze7,(2008) cita que o Burnout é resultado
ciam apontam seus superiores hierárquicos como do esgotamento, decepção e perda de interesse
autores do constrangimento - o que faz notar, pela atividade de trabalho... Em síntese, define-
nas relações verticais, maior incidência do se “burnout” como uma tentativa do organismo
fenômeno. De acordo com o relato das vítimas, de se proteger de uma coação. Todavia, a
muitos (administradores) demonstram exercer o psicopatologia diferencia-se por despertar o
autoritarismo com a conivência da empresa. sujeito para o valor de sua própria vida - o que
Outros o exercem sem alegar parcimônia da não ocorre em trabalhadores que desenvolvem
entidade, mas afirmam utilizar seu “poder ”, Depressão e Síndrome do Pânico. Médicos do
indiscriminadamente, como ferramenta de trabalho concluem, entretanto, que a maior parte
cobrança e de controle, buscando alcançar das patologias que derivam do Burnout em nada
resultados financeiros positivos exigidos pela diferem das demais relacionadas aos transtornos
própria organização, representada, na maioria da ansiedade: insônia, úlcera, dores de cabeça
das vezes, pelos mais altos escalões. e fadiga crônica.
Todavia, especialistas das áreas de saúde e Esta realidade, de estresse “globalizado” no
de recursos humanos concordam que se trata de ambiente de trabalho, levou, no final do século
uma metodologia que se desenvolve como parte XX, diversos movimentos sociais a exigir das
da personalidade do próprio gestor, de sua autoridades governamentais, das grandes
formação cultural e, muitas vezes, em corporações e da sociedade uma profunda
decorrência de sua problemática sócio-dinâmica: “autocrítica de caráter ético-político, com vista
É um método muito utilizado por chefes que à criação de um projeto societário contrário aos
desconhecem o assunto [rotina de trabalho] ou interesses imediatistas da troca mercantil [...]”
psicologicamente se acham inferiores. São 8
. Esperava-se que os diversos aspectos
pessoas frustradas, que têm situações pessoais relacionados aos modos de superação da crise
não resolvidas fora da empresa e pegam um que se alastrava do ponto de vista social e
subordinado como bode expiatório para ambiental se congregassem, sem que para isso
descarregar sua frustração ou ira6. tivessem de insistir nos mesmos paradigmas
Hirigoyen 1 alerta que se a empresa não sócio-técnicos, políticos e culturais que a
intervém, o conflito degenera todo o ambiente. engendraram na trajetória do século XX. Desta
Ganha, inclusive, proporções capazes de perspectiva nasceu o termo Responsabilidade
desviar (o ambiente) de seu fim: a ação Socioambiental, que trata do compromisso das

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entidades vinculadas à produção econômica que as pequenas perversões cotidianas que se


com o seu meio - o que inclui uma relação sadia banalizam estão em maior número1.
com seus funcionários. Neste capítulo não se mencionam os nomes
A disciplina Responsabilidade Socioam- das entidades, visto que as situações baseiam-
biental coloca-se como instrumento destinado se em relatos das vítimas ou em processos que
a fortalecer a idéia de que as empresas podem ainda tramitam na esfera judicial. O primeiro
ser consideradas co-responsáveis na manu- exemplo, entretanto, foi citado pelo consultor de
tenção das condições de reparação, de carreiras, na Rádio CBN, Max Gehringer, e, mais
manutenção e de reprodução do meio ambiente tarde, publicado no livro Emprego de A a Z
juntamente com a valorização dos direitos (Editora Globo, 2008). Relata a reação de um
sociais enquanto elementos intrínsecos e superior hierárquico, cujas competências
desejáveis aos negócios8. mostram-se abaixo das de sua subordinada.
Na prática, cria-se, em decorrência do Gehringer9 utiliza codinomes para identificar os
conceito de Responsabilidade Social (termo personagens, onde ao chefe atribui a alcunha
comumente utilizado na teoria da gestão de de Xuxão: ‘’[...] Um dia a copeira faltou e Xuxão
pessoas) um modelo de marketing em torno do pediu para Fernandinha fazer o café, e a
qual a empresa comprometida com os valores Fernandinha foi e fez. O Xuxão provou o café e
de respeito ao ser humano passa a ter maior disse que estava amargo e a Fernandinha foi
aceitação de seus produtos. Nasce a tese: buscar o açúcar. O Xuxão provou de novo e disse
“investimentos em cidadania e qualidade de que estava frio, e perguntou para Fernandinha
vida representam ganhos incalculáveis para por que ela tinha tantos diplomas se não sabia
todos”8. nem fazer café direito. Aí, a Fernandinha,
Nota-se que às empresas interessa muito delicadamente, pegou a xícara, despejou o café
mais, nas tramas do conceito da Respon- na mesa do Xuxão e pediu as contas.
sabilidade Social, difundir a realização profis- Alguns anos depois, encontrei, por acaso, o
sional e o bem- estar social de seus empregados Xuxão, e ele estava igualzinho... E comentei
a deixar transparecer o contrário... o que acaba que a Fernandinha tinha tido uma carreira
por abrir espaço, aos psicopedagogos insti- incrível depois que deixara de trabalhar com
tucionais, à possibilidade - livre de interesses ele. Tinha conseguido ser promovida com
meramente “marketeiros” – de elaborar frequência e viajava constantemente ao exterior
intervenções afirmativas, comprometidas em para fazer apresentações na matriz da empresa.
enxergar a problemática do assédio moral com E o Xuxão, o protótipo perfeito do assediador
olhares criteriosos, vide a complexidade dos moral, cuja ficha nunca cai, me disse: pois é,
conflitos que modularam-se nos últimos tempos. imagine só onde essa menina teria chegado se,
além de tudo, soubesse fazer um café decente‘’9.
PRÁTICAS QUE COMPROMETEM AS A seguir, síntese da denúncia de uma
RELAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABA- associação de funcionários, que alerta para o
LHO: SITUAÇÕES DE ASSÉDIO MORAL desfecho de um caso de assédio moral:
REGISTRADAS NA LITERATURA ‘’Em maio de 2005, a diretoria do Sindicato
Muitas vezes, o assédio moral passa dos Bancários de São Paulo organizou mani-
despercebido, devido à banalização e só ganha festação para denunciar que o assédio moral
“capacidade de indignação” quando os fatos acabara de contabilizar mais uma vítima fatal.
são ampliados pelo poder de divulgação da Segundo a entidade, a gerente de agência,
mídia. Na empresa, do encontro do desejo de parte de um grande grupo privado, suicidou-
poder com a perversidade nascem a violência se por não mais suportar pressões, em escala
e a perseguição. Pode-se, entretanto, afirmar considerada acima do aceitável, e contínuas

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coações no ambiente de trabalho, orientadas O profissional de Psicopedagogia detém a


para o alcance de metas de vendas demasiado prerrogativa da escolha ao definir a base teórica
altas. que sustentará o instrumento de intervenção
O Sindicato afirma que a funcionária, com para o alcance de seus objetivos. Neste
vinte e cinco anos de Casa, já havia sofrido um trabalho, sugere-se atenção à Teoria do Vínculo,
infarto no ano anterior e, desde então, para do psiquiatra argentino Pichon-Rivière2, que
suportar a excessiva cobrança, fazia uso de enxerga o ser humano a partir de três
medicamentos antidepressivos’’10. dimensões: individual, grupal, institucional ou
Abaixo, resenha de uma situação que mostra sociedade. Para o psiquiatra, o sujeito nasce
a metodologia utilizada pelo gestor de uma com uma demanda – carência – instintiva de
unidade – parte de uma grande empresa - para uma espécie de “pacote” (estímulos, afetos,
se comunicar com seus funcionários: situações) que o insira em seu meio. Para o
‘’Segundo um dos diretores do Sindicato dos teórico, a construção da subjetividade se
Bancários do Rio de Janeiro, os funcionários de constitui na dependência do outro e se sustenta
uma agência, localizada no centro da cidade, numa rede de vínculos.
consideram o local de trabalho algo como a A epistemologia de Enrique Pichon-Rivière
“sucursal do inferno”. O movimento da agência descobre um novo campo de indagação,
bancária é grande e o número de funcionários conceitualização e intervenção que transcende
reduzido, o que acarreta sobrecarga. Indiferente o discurso do paciente - método pertinente à
à situação, segundo a matéria, o administrador percepção do assédio moral enquanto fenômeno
da agência utiliza vários mecanismos para construído ao longo da formação cultural do
pressionar seus subordinados a superar as metas sujeito (agressor). Apresenta-se pertinente,
de venda de produtos, inclusive com ameaças ainda, visto que possibilita ao psicopedagogo
de demissão àqueles que não alcançarem as um cabedal de conhecimento indispensável
propostas. De acordo com o depoimento do para postular e interagir com profissionais das
diretor do Sindicato, que esteve no local, mesmo áreas de saúde que possam fazer parte de sua
quando não está presente o administrador faz práxis.
questão de deixar sua “metodologia” registrada, É um conceito similar ao que será proposto,
a exemplo do correio eletrônico que enviou aos anos depois, por Michel Foucault, com sua
funcionários dias depois do final da greve de teoria da caixa de “ferramentas”.Isto o leva a
2004. Nele, o gestor alertava para que todos se propor que para além do campo específico da
“virassem para alcançar os resultados, nem que psicanálise está a psicologia social como âmbito
tivessem de ficar sem roupa ou pintar o cabelo de indagação dessas tramas vinculares que,
de vermelho”11. transcendendo a subjetividade, criam condições
para a sua própria produção12.
TEORIAS QUE PRECEDEM A PRÁTICA – Pichon-Rivière visualiza o ser humano em
A EPISTEMOLOGIA DE ENRIQUE uma permanente dialética com o mundo...
PICHON-RIVIÈRE ENQUANTO REFERÊN- Quando, na tese do argentino, esse diálogo se
CIA TEÓRICA AO PSICOPEDAGOGO NA interrompe, o sujeito perde seus referenciais
CONSTRUÇÃO DE SUA FERRAMENTA DE e, como consequência, pára no tempo e anula
INTERVENÇÃO sua capacidade de transformar o meio –
Define, em seu arrazoado, Pichon-Rivière2: característica, segundo especialistas, muito
“O sujeito não é só um sujeito relacionado, é comum no perfil do assediador moral.
um sujeito produzido. Não há nada nele que Sua Teoria do Vínculo apresenta três palcos
não resulte da interação entre indivíduos, onde o diálogo para a construção da identidade
grupos e classes”. do indivíduo se desenvolve: o psicossocial -

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que parte do indivíduo para fora (para o o teórico, a criação de diferentes metodologias,
ambiente externo); o campo da sócio-dinâmica técnicas e ferramentas de intervenção.
- que analisa o grupo como estrutura; e o
institucional - que percebe todo o ambiente A IDENTIDADE DO ASSEDIADOR MO-
como objeto de investigação... O ECRO RAL PELOS OLHOS DA PSICANÁLISE:
(Esquema Conceitual Referencial e Operativo) UMA ABORDAGEM ESPECÍFICA, EM
– assim denominado o eixo de seu estudo - RESENHA
pichoniano alicerça-se, também, sobre três Um indivíduo perverso é permanentemente
grandes campos disciplinares: as ciências perverso; ele está fixado neste modo de relação
sociais, a psicanálise e a psicologia social. com o outro e não se questiona em momento
Da psicanálise, Pichon-Rivière toma algum. Os perversos só podem existir
emprestado o termo inconsciente, “seu conceito “diminuindo” alguém: eles têm necessidade de
de desejo que re-traduz como necessidade, não rebaixar os outros para adquirir uma boa auto-
no sentido psicanalítico, mas como a estima e, com ela, obter o poder, pois são ávidos
necessidade que se transforma a partir da de admiração e de aprovação. Não têm a menor
prática social que Marx postula em A Ideologia compaixão nem respeito pelos outros, porque
Alemã” 12 – o que possibilita mensurar as não se envolvem em um relacionamento. E
identificações inconscientes que atuam na respeitar o outro é considerá-lo como um ser
constituição do esquema referencial subjetivo humano e reconhecer o sofrimento que lhe é
do indivíduo. Ou seja: o que opera como um infligido1.
“conjunto de experiências, conhecimentos e Os estudiosos do fenômeno assédio moral
afetos com os quais o indivíduo pensa e faz” e reiteram - e tornam questão sine qua non
que lhe permite relacionar-se com o mundo, repercutir – que, antes de intervir, torna-se
ou cultura particular na qual está socialmente necessário observar, criteriosamente, se o ato
inserido12. Ainda, da psicanálise, baseia-se para pode ser cogitado como assédio moral ou trata-
a compreensão das instabilidades subjetivas se, apenas, de um evento isolado pautado por
nos processos de mudança. um eventual desentendimento entre colegas de
Das ciências sociais, Pichon-Rivière agrega trabalho. Reconhecer o limite entre ambas
a concepção que permite pensar o sujeito manifestações – o desvio intencionado ou
“situado e sitiado” em uma relação estruturada psicopatológico de conduta, de origem “tirana”,
no seu lócus (ambiente) social e na cultura à e uma desavença sem maiores consequências
que pertence. Da psicologia social coaduna com – mostra-se tão fundamental quanto o pode ser
as concepções de George Mead e os aspectos complexo diferençar. Segundo especialistas das
teóricos-técnicos da dinâmica grupal de Kurt áreas de medicina do trabalho, a primeira
Lewin e de alguns de seus seguidores, como orientação para evitar o equívoco volta-se para
Lippit e Wight. Uma dinâmica que pressupõe o diálogo. Diante de uma situação na qual o
o homem diante do desafio de transformar o empregado sente-se humilhado, agredido ou
mundo como condição para a realização de seus ofendido, indica-se, prioritariamente, uma
desejos. Realização que proporciona efeitos de conversa franca com seu superior imediato. Se
transformação no próprio sujeito e comporta houver um entendimento entre as partes e as
pensar a relação sujeito-mundo como uma ocorrências constrangedoras não se repetirem,
relação conflitiva e contraditória. a situação (mal entendido) pode considerar-se
A compreensão da dinâmica que situa o encerrada (resolvido), tendo como marco um
sujeito como um “ser ” diante do constante simples gesto de desculpas.
desafio da mudança – cuja alta frequência Ao mesmo tempo em que propõem cautela
pontua os tempos modernos – permite, segundo na investigação do fenômeno, especialistas

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aconselham certa agilidade na promoção deste reiterar seu apreço por movimentos
primeiro diálogo entre a possível vítima e o intimidadores, tais como: dar socos à mesa,
possível agressor. Esta dosagem de tempo torna- bater as portas, arremessar objetos, desligar
se necessária visto que em caso de confirmação o telefone com violência;
da hipótese do dolo – ou seja: quando, de fato, h. discrimina por raça, sexo ou religião, e
no ambiente estiver presente o fenômeno, e isto ridiculariza as escolhas do assediado;
inclui a possibilidade do assédio sexual –, i. provoca ciúmes, elegendo preferências e
quanto mais cedo a vítima, ou o departamento reafirmando a predileção pelo funcionário
de recursos humanos ou outros atores que se sujeita aos seus desmandos;
detectarem o problema, e a intervenção j. busca privar o assediado de todos os
adequada for promovida, mensura-se menor o mecanismos de defesa.
cogito de que aniquilada emocionalmente a real Em linhas gerais, segundo Hirigoyen 1
vítima se torne. (2003), o assediador é fundamentalmente
Do ponto de vista da psicanálise, a reconhecido por um traço que carrega na
psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen essência de seus gestos: a necessidade de
estudou de forma minuciosa a personalidade diminuir o outro para que possa se destacar;
do assediador. Sua conclusão considera o transluzir; “pois são sujeitos obcecados por
agressor um “perverso narcisista”, que possui admiração”.
“uma fria racionalidade, combinada a uma
incapacidade de considerar os outros como A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DOS
seres humanos”. CONFLITOS
Especificamente, ao associar dados e Verifica-se que o entendimento da
informações de fontes diversas, pôde-se necessidade de se planificar um élan entre
concluir que pelo menos um dos traços abaixo empresa/educação trata-se, ainda, de
listados compõe a personalidade de quem arquitetura em construção.
pratica o assédio moral: Há algum tempo atrás, acreditava-se que a
a. utiliza gestos, expressões ou palavras que educação fazia parte de algumas agências insti-
possam ofender, humilhar ou constranger tucionais como a família e a escola. Agia-se, na
o(s) par(es) ou subordinado(s); prática, como se a empresa e a sociedade em
b. apavora a equipe, constantemente, durante geral não fossem atingidas diretamente pelo
reuniões ou jornada de trabalho, com processo da Educação. Esperavam que o sujeito
possibilidade de demissão, transferência ou ao sair da escola estivesse pronto para atuar
descomissionamento; no mercado de trabalho e que assim ele deveria
c. exige ou induz que o subordinado trabalhe devolver à sociedade o que esta investiu nele,
fora de seu horário, muitas vezes sem auferir através da sua produção, da sua qualificação
ganhos extras; profissional3.
d. manifesta indiferença ao estado de saúde do Há instituições que esboçam projetos para
funcionário, cuja debilidade pode relacionar- conter a curva ascendente de práticas danosas
se à sobrecarrega de trabalho; no ambiente de trabalho. Todavia, nota-se que,
e. repete a mesma ordem centenas de vezes em maior número, as iniciativas partem dos
até desestabilizar emocionalmente o(a) sindicatos ou dos funcionários organizados. Por
subordinado(a); vezes, inclusive, ao analisar o material de
f. impede os colegas de almoçarem juntos, intervenção, pressupõe-se que tratar do assunto
ainda que a rotina de trabalho permita que é colocar-se do lado oposto aos interesses da
o façam; empresa... A visão “funcionários versus
g. aproveita qualquer oportunidade para empresa”, equivocada e possivelmente reflexo

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da ausência de profissionais da área de brincadeiras, nos comentários, nas piadas, nos


educação, denuncia a precariedade do “saber contos e nas confidências. Entretanto, ao
científico a respeito” e compromete a qualidade sentir-se destruído emocionalmente e sem
das intervenções. Verifica-se, ainda, que as apoio, fica difícil para o trabalhador(a)
ações aproximam-se dos aspectos legislativos, analisar, refletir sobre as causas, enxergar a
mas não apresentam sistemáticas ou sugestões realidade concreta e tomar uma decisão
que motivem a mudança de comportamento em adequada, razoável13.
sua essência e que incentivem propostas que Para que se cogite a construção de tais
contemplem ações de reflexão e/ou novas políticas é fundamental que os empregadores
abordagens sócio-dinâmicas. se disponham a participar democraticamente do
Adota-se como exemplo, enquanto inter- processo. Esta disposição permitirá ao
venção relacionada especificamente ao assédio psicopedagogo observar, construir hipóteses,
moral - e cuja proposta inclui reflexão -, a conduzir entrevistas, dinâmicas e cursos,
cartilha elaborada pelo Sindipetro-RJ 13 - precedidos pela liberdade que conduz a um
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de novo olhar, que se predispõe a promover um
Petróleo no estado do Rio de Janeiro. Intitulada agir diferente, fundamentado no sentir e no
“Assédio Moral - acidente invisível que põe em pensar de todos.
risco a saúde do trabalhador” (2002) - originou-
se a partir do número cada vez maior de CONSIDERAÇÕES FINAIS
petroleiros que procuravam o sindicato para Percebe-se que, embora o assédio moral seja
denunciar situações de constrangimento e de um evento demasiado conhecido no ambiente
humilhação a que eram submetidos nas corporativo e amplamente reconhecido pelos
relações com seus superiores. médicos do trabalho, até o momento, não se
A cartilha do Sindipetro-RJ obteve os institucionalizou um movimento que
direitos de reprodução de parte do trabalho da deflagrasse a erradicação do fenômeno na
Dra. Margarida Barreto, onde possibilita-se prática.
apresentar aos trabalhadores o fenômeno em Cabe pertinência ao afirmar que fenômenos
tese e em números. O material não aborda, dessa natureza não se erradicam do dia para a
diretamente, a intervenção psicopedagógica, noite. Tanto quanto se contabilizou, na medida
mas evidencia que o fenômeno demanda a do tempo, práticas que o levaram a existir, deve-
interferência de profissionais externos ao se destinar critérios para que sua minoração
ambiente e especialmente comprometidos com seja fundamentalmente qualitativa, ou seja:
políticas de educação: baseada numa transformação cultural e não na
Freud afirmava que somente quando o imposição, meramente, de leis que vão
cristal se quebra é que a estrutura se torna “apenas” punir, mas não redimensionarão o
visível. Mas, no caso da violência moral, as espaço psicológico onde os fatos danosos
pessoas não conseguem fazer esta relação, pois ocorrem.
quando buscam ajuda são aconselhadas a deixar Em face do evento ora abordado, observou-
a empresa e procurar outro emprego. Assim, a se que somente uma intervenção multidis-
autoculpa é reforçada, o medo e a vergonha ciplinar, coordenada por profissionais da área
passam a predominar. de educação, pode se mostrar capaz de
Por exemplo: no ambiente de trabalho, seja evolucionar o ambiente de forma global. A visão
no setor administrativo ou na produção, há interdisciplinar do psicopedagogo indica seu
intriga, fofoca, sedução, medo, inveja, indivi- preparo para um diálogo produtivo com
dualismo, laços de amizade e ambições diversos profissionais de Educação e de Saúde
variadas. Essa afetividade é recriada nas e o posiciona apto a intervir nos aspectos mais

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O VALOR DA EDUCAÇÃO NA EMPRESA

complexos que envolvem a realidade de um Independente dos meios utilizados (cartilhas,


ambiente vitimado pelo assédio moral. palestras, campanhas internas, cursos...), o signo
Aos que desejam propor instrumentos da qualidade estará intimamente relacionado com
intervenientes, especificamente nos casos de a capacidade do profissional de Psicopedagogia
assédio moral no ambiente de trabalho, torna- de contribuir com o setor de recursos humanos
se fundamental estabelecer consonância entre das empresas e de comprometer-se com a
o poder de crítica e o bom senso. Para isso, o construção de um ambiente saudável para o labor
psicopedagogo dispõe de teorias que precedem e para o exercício do respeito e da consolidação
a prática e que se dedicam a estudar os das premissas da Responsabilidade
princípios da psicanálise e da psicologia social: Socioambiental. Ou seja, primar por apresentar
ciências que, periodicamente, revêem os diagnósticos construídos sobre bases cristalinas;
elementos que coadunam com o movimento e bem como avaliações pautadas na ciência, nas
com o desenvolvimento do sujeito na relação suas convicções teóricas e nos escores da interação
ensino/aprendizagem. multidisciplinar.

SUMMARY
The Psychopedagogy intervention at corporation: the importance
about building cognitive instruments to face any kind of “bullying”

The scientist article introduces the Institucional Psychopedagogy as the


competent discipline to work up educational interventions in organizational
environment when they find themselves victim of some kind of “bullying”. It
shows, all text long, some matters that professional at human resource
department has got to face because of the complexity of this kind of event. It
defenses the creation of affirmative actions that think about “teaching/
learning” as priority in this ambient. So, it intends to call attention of
Institucional Psychopedagogy professionals to the importance about building
cognitive instruments to attend the corporation and its urgent necessary to
reduce this kind of conflict between employee and employers.

KEY WORDS: Labor relations. Interprofissional relations. Professional


misconduct. Hostility. Education.

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Trabalho realizado no Ceteb em parceria com a Artigo recebido: 17/10/2008


Universidade Gama Filho (Programa PosEAD), Aprovado:05/03/2009
Brasília, – DF.

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