ISSN: 1518-5648
olhardeprofessor@uepg.br
Departamento de Métodos e Técnicas de
Ensino
Brasil
Resumo: O presente artigo, a partir das contribuições dos Estudos Culturais em Educação, tem como
objetivo discutir o processo de difusão da Cultura Empreendedora no espaço escolar e universitário.
Através da análise do discurso de inspiração foucaultiana, foram analisadas entrevistas realizadas com
professores do Ensino Médio, acadêmicos do Curso de Pedagogia e supervisores escolares, tendo como
objetivo problematizar os aspectos sócio - pedagógicos que representam a perspectiva empreendedora
enquanto “valor pedagógico” nos espaços educacionais pesquisados. O estudo destaca os traços da
presença de uma racionalidade neoliberal expressa por meio de discursos, constituídos por expressões
como: flexibilidade, pró-atividade, potencial de inovação, gestão de habilidades, gestão de competên-
cias, capital humano, espírito de equipe, planejamento estratégico, metas, resiliência, visão estratégica,
capacidade de correr riscos, formação permanente, oriundas de um ethos empresarial, que recebe cada
vez mais destaque na formação de professores e nas práticas desenvolvidas por supervisores escolares.
Conforme os discursos analisados, existe a necessidade do profissional da educação tornar-se um sujeito
empreendedor de si mesmo. Um sujeito flexível, que deve estar constantemente aprendendo, inovando e
desenvolvendo projetos. Portanto, destacamos que as análises desenvolvidas para realização do artigo,
foram feitas, tendo em vista a problematização dos discursos dos entrevistados, que corroboram com
a difusão do empreendedorismo enquanto “valor pedagógico” no meio educacional, questionando os
modos como tal lógica opera na formação de professores e supervisores escolares.
Abstract: This article aims to discuss the process of dissemination of Enterprising Culture in school and
university spaces taking into consideration the contributions of Cultural Studies in Education. Through
the analysis of Foucault-inspired speech, the interviews realized with high school teachers, students
of the Pedagogy Undergraduate Course and school supervisors were analyzed aiming to question
social-pedagogical aspects that may represent the enterprising perspective as a “pedagogical value”
in the researched educational spaces. This study has highlighted the traces of a neo-liberal rationality,
which has been expressed in speech and expressions such as: flexibility, pro-activity, potential for
innovation, management skills, human capital, team spirit, strategic planning, goals, resilience,
strategic vision, capacity for taking risks, continuing education, coming from a business ethos, which
have received more and more emphasis in teacher training and throughout the practices developed by
*
Doutor em Educação pela UFRGS. Professor da Universidade Federal da Fronteira Sul. E-mail: rsaballa@terra.com.br
**
Especialista em Supervisão e Gestão Escolar pelas Faculdades Porto-Alegrenses (FAPA). Professor de Sociolo-
gia, de Nível Médio, na Rede Privada de Ensino de Porto Alegre. E-mail: sociedadeliquida@yahoo.com.br
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A formação de professores e supervisores escolares "empreendedores": reflexões sobre o empreendorismo como ...
school supervisors. According to the speech analyzed there is a need for the professional in education
to become an enterprising subject of himself, as a flexible subject who must be constantly learning,
innovating, and developing projects. It is necessary to emphasize that the analysis developed with this
study were carried out in view of questioning the speeches of the people interviewed, that corroborate
the dissemination of enterprising as a “pedagogical value” in the educational environment, questioning
how this logic operates in the training of teachers and school supervisors.
Introdução
Gestão da empresa e gestão de si mesmo
divíduo que é capaz de ter ideias brilhantes,
obedecem às mesmas leis. Trata-se de ra-
cionalizar a produção dos homens como de assumir riscos, de resolver problemas, de
o modelo de produção de bens e de servi- suportar o estresse, de desenvolver sua inteli-
ços e de tornar os indivíduos produtivos gência cognitivo/emocional e, principalmen-
no modelo empresarial. Produzir sua vida, te, de disponibilizar todas as suas aptidões
realizar-se, construir-se, são formulações a serviço da rentabilidade da instituição em
que contribuem para remeter à imagem que trabalha. Um indivíduo capaz de capita-
de que o futuro do indivíduo depende de lizar seus conhecimentos enquanto moeda de
sua capacidade de gerenciar a si mesmo troca no mundo do trabalho, de ser competi-
(GAULEJAC, 2007, p.186).
tivo, de ser reconhecido pelas suas ações, de
transformar-se em uma máquina constituída
Ser empreendedor de si mesmo tor-
por competências em um processo de inin-
nou-se uma característica do mundo con-
terrupto aprimoramento.
temporâneo. A perspectiva gerencialista
disseminou-se por todos os âmbitos da vida Nesse sentido, o presente artigo tem
dos indivíduos. Gerir as emoções, a saúde, a como objetivo discutir o amplo processo de
casa, a educação dos filhos, a rotina, a for- difusão da chamada cultura empreendedora
mação, a vida profissional, o casamento etc. no espaço escolar e universitário. A partir da
passou a fazer parte do cotidiano das pessoas análise do discurso de inspiração foucaultia-
de modo (muitas vezes) naturalizado e inde- na, serão analisadas entrevistas semiestrutu-
lével. Traçar metas. Avaliar permanentemen- radas1 realizadas com professores do Ensino
te os próprios desempenhos. Tornar o tempo 1
Durante o trabalho de campo foram realizadas dez
rentável. Fixar objetivos. Transformar-se em entrevistas semiestruturadas – duas entrevistas com
um empreendedor para um mundo produti- supervisores escolares e oito com professores. Todos
vista. Tais enunciados atualmente fazem par- os entrevistados estavam atuando em uma Escola de
Ensino Médio (Técnica Agrícola) da Rede Pública
te dos discursos de professores, supervisores de Ensino da Região Metropolitana de Porto Alegre.
escolares e acadêmicos em formação, que Também foram realizadas quatro observações de
evidenciam através de suas palavras o modo aulas na referida instituição, totalizando oito horas.
No âmbito do Ensino Superior, foram realizadas
como foram “capturados” pelo jogo neolibe- entrevistas estruturadas com dez acadêmicas de um
ral da empresa. Cenário no qual a figura do Curso de Pedagogia de uma Universidade Pública
empreendedor de si mesmo (o docente/ o su- – localizada na Região Sul – através do envio de
perguntas via e-mail. As questões enviadas tratavam
pervisor escolar competente) emerge como das expectativas das acadêmicas em relação ao
um ideal a ser alcançado. A figura de um in- exercício profissional.
como a “busca por realização; “a ‘liberda- blematização dos discursos decorrentes das
de’ de expressão, a ‘autonomia’ de trabalho; entrevistas, que corroboram a emergência e
a ausência de protecionismo; o cada um por operacionalização do chamado empreende-
si; o estímulo ao individualismo; a capaci- dorismo no espaço educacional, questionan-
dade de transformar ideias em realidade” e, do o modo como tal concepção funciona e
sobretudo, a possibilidade que o sujeito tem produz professores e supervisores escolares
de realizar “o autogerenciamento de si”. A empreendedores. Tendo em vista tal discus-
autora, ao prosseguir suas análises a respei- são, na próxima seção enfocaremos a difusão
to da demanda empreendedora, enfatiza que da cultura empreendedora de matriz neolibe-
“o atual mercado de trabalho juntamente ral, seus efeitos na configuração dos novos
com as transformações na natureza laboral, modos de vida dos indivíduos na sociedade
demanda do trabalhador em geral um com- e suas repercussões no âmbito educacional.
portamento autônomo e criativo”, através de
uma “explosão de estímulos por uma dinâ-
mica empreendedora que exige um sujeito A difusão da cultura empreendedora
sério, responsável, ‘naturalmente’ motivado, neoliberal
rápido, ligeiro e centrado em sua vida pro-
fissional” (Ibidem, p.16), que procura a su-
peração de seus limites. Modo pelo qual o A pessoa deve para si mesma tornar-se
indivíduo contemporâneo transmuta-se em uma empresa; ela deve se tornar, como
uma microempresa, tendo em vista tornar-se força de trabalho, um capital fixo que exi-
ge ser continuamente reproduzido, mo-
um profissional de sucesso.
dernizado, alargado, valorizado. Nenhum
Dessa forma, este artigo enfatiza os constrangimento lhe deve ser imposto do
traços da presença de uma racionalidade exterior, ela deve ser sua própria produto-
neoliberal nos discursos dos entrevistados, ra, sua própria empregadora e sua própria
constituída por expressões como: flexibili- vendedora, obrigando-se a impor a si mes-
dade, pró-atividade, potencial de inovação, ma constrangimentos necessários para as-
gestão de habilidades, gestão de competên- segurar a viabilidade e a competitividade
da empresa que ela é (GORZ, 2005, p.23).
cias, capital humano, capacidade empreen-
dedora, sociabilidade, espírito de equipe,
É possível dizer que estamos viven-
planejamento estratégico, metas, liderança,
ciando uma difusão da cultura empreende-
resiliência, visão estratégica, capacidade
dora neoliberal que, aos poucos, já começa
de correr riscos, formação permanente, en-
a dar os seus primeiros resultados. Essa di-
tre outras. Oriundas de um ethos empresa-
fusão possui elementos sociais e culturais
rial, tais expressões recebem cada vez mais
diferentes de tantas outras que já ocorreram
destaque nos processos de formação inicial
e continuada de professores e nas práticas na sociedade. Ela é silenciosa e para ser
desenvolvidas por supervisores escolares. operacionalizada necessita apenas da adesão
Conforme os discursos que serão apresenta- do próprio indivíduo. Caracteriza-se pela
dos no decorrer das seções de análise, existe metamorfose de uma das últimas estruturas
a necessidade cada vez mais proeminente de sociais que o neoliberalismo ainda não ha-
o profissional da educação tornar-se um in- via “capturado”, a percepção do coletivo/
divíduo empreendedor de si mesmo. Nessa coletividade como algo necessário ao esta-
direção, destacaremos nas análises a pro- belecimento de relações e de laços sociais:
sendo uma “cultura do projeto”. No intuito relevância dos projetos, nos depoimentos
de subsidiarmos tal análise, apresentaremos da equipe de professores, tendo em vista a
a transcrição do depoimento da supervisora ênfase atribuída pela supervisora escolar ao
B, no momento em que ela responde a res- trabalho com projetos. Ao questionarmos os
peito do foco de seu trabalho na função que docentes a respeito do principal trabalho da
desempenha na escola. A profissional desta- supervisão na escola, o professor A desta-
ca que cou o importante incentivo da profissional
em relação ao desenvolvimento dos projetos
o foco do trabalho são os projetos, pois enquanto metodologia sociopedagógica na
todo o conhecimento que o aluno obtém escola. Além disso, enfatizou a relevância
na escola é construído através do desen-
de tal metodologia, no desenvolvimento do
volvimento e aprimoramento de projetos
empreendedorismo, conforme pode ser lido
cada vez mais ousados.
a seguir:
[...] os alunos que saem da escola irão
operacionalizar os projetos elaborados [...] o empreendedorismo hoje em dia é
durante a formação, em suas próprias vi- desenvolvido através do trabalho com
das – tornando-se pessoas bem sucedidas. projetos. Atualmente o mundo do trabalho
está baseado na construção de projetos.
Prosseguindo com sua argumentação Nada hoje se faz sem ter um projeto fu-
relativa ao desenvolvimento do trabalho com turo. O projeto não é passado. O projeto
projetos e destacando a convergência de tal é presente. O projeto não pode estar na
metodologia com o empreendedorismo, a cabeça do empreendedor. O projeto não
entrevistada destaca ainda que pode estar na cabeça das pessoas. O pro-
jeto tem que estar escrito, tem que estar
[...] a pedagogia de projetos tem uma grafado em algum lugar. Nós sempre en-
relação imanente com o empreendedo- sinamos aos alunos que nada se consegue
rismo. O empreendedorismo dos alunos sem um projeto. Ensinamos também que
é desenvolvido através de projetos, por através de um bom projeto o individuo
isso é importante eles auxiliarem na ela- pode destacar-se entre os seus correntes
boração e operacionalização de todos os – obtendo lucros financeiros e sendo um
projetos que são desenvolvidos na escola. empresário de sucesso (Transcrição de
Por exemplo: o projeto de aproveitamen- entrevista com o professor A).
to de água da chuva, o projeto das estu-
fas, o projeto de horta comunitária são Sociedade de projetos. Cultura de pro-
trabalhos que irão agregar valores aos jetos. Pedagogia de projetos. Indivíduos com
conhecimentos dos alunos, para que eles “projeto de vida”, cujo objetivo é tornarem-
possam obter lucro futuramente. Em -se empreendedores de si mesmos. Fica evi-
suma, todos os aprendizados através de
dente, a partir da leitura dos excertos, que
projetos oportunizarão que os alunos ad-
ministrem melhor seus futuros negócios e
existe uma concepção de que o projeto ajuda
obtenham mais lucro (Transcrição de en- a constituir um determinado tipo de indiví-
trevista com a supervisora escolar B). duo. Estamos nos referindo mais uma vez ao
processo de constituição do que denomina-
A temática do ensino por meio de mos como “aluno-empreendedor”. A subje-
projetos também foi estendida ao corpo do- tividade discente que se pretende formar, em
cente da escola. Pretendíamos verificar as um contexto pedagógico marcado por um
possíveis recorrências do discurso sobre a processo de ensino e aprendizagem por meio
de projetos, é a de um sujeito flexível. Uma duração) que têm sido oferecidos por empre-
vez que, em um projeto, existem diferentes sas privadas e também pelo governo, como
objetivos, o indivíduo que apresentar maior forma de manter a atualização constante
flexibilidade, adaptabilidade e plasticidade dos indivíduos egressos de cursos técnicos.
terá mais chance de obter êxito e sucesso em Por tal razão, em nossa discussão a respeito
seus empreendimentos. do foco de trabalho da ação supervisora na
Por outro lado, ressaltamos uma am- escola lócus da pesquisa, destacamos o em-
biguidade marcante: se a escola exige uma preendedorismo e a metodologia de projetos
postura flexível, pró-ativa, dos seus estudan- como elementos discursivos marcantes. Tais
tes, na qual os mesmos devem desenvolver elementos constituíram-se enquanto recor-
práticas empreendedoras, qual o sentido do rências enunciativas presentes nas entrevis-
ensino em nível técnico? A ação superviso- tas realizadas com supervisores escolares e
ra orienta um processo de ensino e aprendi- professores. No início desta seção, fizemos
zagem flexível, por meio de projetos, mas referência ao empreendedorismo aplicado ao
a formação é específica e não incorpora os universo educacional, que, em nossa opinião,
conhecimentos adquiridos pelos alunos atra- operacionaliza-se através do funcionamen-
vés de suas pesquisas. O currículo é definido to do planejamento e execução de projetos.
previamente pelo corpo docente, com o obje- Destacamos que, nos discursos analisados,
tivo de formar técnicos agrícolas, a partir das tal metodologia é sempre associada a uma
concepções dos profissionais da área. Desse lógica empreendedora – estimulada pela su-
modo, os estudantes, educados para o mer- pervisão escolar e professores enquanto um
cado de trabalho contemporâneo, já não sai- valor social. Por esse motivo, consideramos
riam desatualizados dos seus espaços de for- a pedagogia de projetos como sendo um
mação? Corroborando tais questionamentos, mecanismo de aplicação da pedagogia em-
Torres Santomé (2003, p.161) assegura que preendedora, uma vez que é a partir da exis-
tência do movimento de uma educação em-
[...] em um mercado de trabalho tão inse- preendedora que são geradas competências e
guro quanto aos postos de trabalho ofe- habilidades consideradas fundamentais para
recidos, assim como em uma sociedade que esses indivíduos possam desenvolver
em que o desenvolvimento tecnológico suas aprendizagens por meio de projetos.
é super veloz, e onde as necessidades das
pessoas que vivem na atual sociedade de A partir de tais colocações, questiona-
consumo variam rapidamente, uma aposta mos o modo como o trabalho por projetos é
em uma formação muito aplicada repre- desenvolvido na instituição pesquisada, uma
senta um sério risco, pois pode ficar rapi- vez que as ações desenvolvidas assemelham-
damente defasada. -se em muitos aspectos aos treinamentos de-
senvolvidos na formação de empresários.
O empreendedorismo de si mesmo, a Mesmo os projetos sendo desenvolvidos por
partir da busca de cursos de formação conti- grupos de estudantes, a avaliação do trabalho
nuada, tem apresentado-se como a solução ocorre de forma individualizada, como se
encontrada para amenizar a suposta descar- cada indivíduo estivesse isolado – do mesmo
tabilidade dos conhecimentos aprendidos modo como são treinados os futuros execu-
no curso técnico. A partir de tal colocação, tivos. Outro ponto interessante, presente nos
é necessário destacar a crescente difusão discursos dos professores e supervisores es-
de cursos de formação continuada (de curta colares – que é também semelhante ao tra-
possibilitaram discutirmos o novo conjunto e destino, entre andar a deriva e viajar”. Eis
de dinâmicas sócio-comportamentais, que o desafio proposto. Ler o presente. Tornar-
estão em funcionamento na sociedade con- -se um cronista do presente. Aprender novas
temporânea. Expressões que legitimadas por formas de habitar o mundo. Aprender novas
um número cada vez maior de discursos de formas de se relacionar com as pessoas, sem
caráter empresarial/gerencial, começam a jamais esquecer de que somos humanos –
produzir novas subjetividades no contexto demasiadamente humanos.
das instituições educativas, orientadas por
valores culturais existentes no ethos em-
presarial, conforme pode ser observado no REFERÊNCIAS:
decorrer das análises e discussões apresen-
tadas. Por essa razão, no decorrer do artigo,
procuramos enfatizar os pontos de contato BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as
entre os enunciados emergentes da cultu- consequências humanas. Rio de Janeiro: Jor-
ra neoliberal (empreendedorismo, gestão, ge Zahar Editora, 1999.
projetos e investimento), problematizando BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líqui-
os efeitos da legitimação e da naturalização da. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora,
do universo empresarial/gerencial nos pro- 2001.
cessos de ensinar e de aprender, na atuação
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alunos do Ensino Médio (nível técnico) e
2009.
de pedagogos em processo de formação aca-
dêmica. BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Eve. O
A partir de tais colocações, cabe res- novo espírito do capitalismo. São Paulo:
saltarmos “que o sujeito [seja ele o profes- Editora Martins Fontes, 2009.
sor, supervisor escolar, acadêmico, etc.] não CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. São
constrói sentidos e significados de maneira Paulo: Companhia das Letras, 1990.
livre, mas através de diversos sistemas de
restrições e incitações discursivas” (PALA- DELEUZE, Gilles. Conversações. São Pau-
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Nessa perspectiva, consideramos que o exer- DOLABELA, Fernando. Pedagogia empre-
cício de problematização dos discursos que endedora. São Paulo: Editora de Cultura,
instituem o empreendedorismo como um 2003.
valor pedagógico e como a única referên-
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seja uma tarefa urgente a ser exercitada pelas
instituições de ensino (sejam essas Escolas ______. A arqueologia do saber. Rio de Ja-
ou Universidades) atualmente. Tarefa que se neiro: Forense Universitária, 2007.
potencializa nas palavras de Bauman (1999, GADELHA, Sylvio. Governamentalidade
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leituras do tempo presente torna-se “o ser- preendedora. In: KOHAN, Omar (Org.). De-
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