Você está na página 1de 13

A RELAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

OBRIGATÓRIO E PIBID NA FORMAÇÃO DOS DOCENTES


DE SOCIOLOGIA NO INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ –
PARANAGUÁ

Maria Madalena Ferreira Machado Calado 1


Kelem Ghellere Rosso 2

RESUMO
Este trabalho se baseia na busca pelas diferenças entre o estágio
supervisionado e o PIBID, de que forma se diferem e se relacionam, buscando ¹ ²Instituto Federal do Paraná
saber as impressões de docentes de ciências sociais que passaram pelas duas Campus Paranaguá
experiências. Pode-se classificar a pesquisa a ser realizada neste trabalho
como exploratória, visando analisar a perspectiva de docentes de sociologia
sobre as relações entre o estágio supervisionado obrigatório e o PIBID. Assim, ¹e-mail:
será descritiva, pois pretende compreender o papel do docente sobre o tema madalenafmcalado@gmail.com
escolhido. A análise dos dados se dá de forma qualitativa, onde é feita a
compreensão dos fenômenos em questão, ao mesmo tempo em que é ²e-mail:
quantitativa, analisando as percepções daqueles docentes sobre o impacto do
kelem.rosso@ifpr.edu.br
estágio supervisionado e o PIBID em sua formação. Através da pesquisa se
descobriu que, apesar de haver diferenças entre os dois, são complementares
no entender dos entrevistados, ambos trazendo benefícios à formação docente,
pois aproximam o licenciando da realidade escolar, apesar de acontecerem de
maneiras distintas.

Palavras-chave: Ciências Sociais. Sociologia. Estágio. PIBID.

79
1. INTRODUÇÃO
O objetivo do estágio supervisionado é aliar a teoria à prática, onde o licenciando de
ciências sociais poderá descobrir as aplicações práticas daquilo que, até então, foi abordado
apenas na teoria durante o curso de formação.
Pimenta e Lima (2005) abordam o fato de que a teoria que se fala com relação aos
cursos de licenciatura, muitas vezes está dissociada da realidade e pode ser caracterizada
como “saberes práticos”, não possuindo relação efetiva com a realidade escolar. Assim, o
estágio surge como uma ferramenta poderosa, extremamente necessária à formação, pois teria
o objetivo de associar a teoria à prática através da convivência em ambiente escolar.
No que se refere às ciências sociais, o estágio deve preferencialmente ser realizado sob
o aspecto da pesquisa, com olhares críticos e reflexivos sobre a prática escolar, deixando de
ser apenas um momento de observação da prática pedagógica, mas também da observação da
realidade escolar.
A partir destas informações, este trabalho se baseia na busca em desvendar as
diferenças entre o estágio supervisionado e o PIBID, sobretudo no que se refere a forma de
aplicação de cada um, podendo assim estabelecer uma relação entre ambas ou apontar
determinadas diferenças, amparando-se principalmente na pesquisa bibliográfica. Para
aprofundar no assunto, buscou-se as impressões de docentes de ciências sociais que
realizaram tanto o estágio supervisionado como também participaram do PIBID.

2. METODOLOGIA
Pode-se classificar a pesquisa realizada neste trabalho como exploratória, visando
analisar a perspectiva de docentes de sociologia sobre as relações entre o estágio
supervisionado obrigatório e o PIBID. Assim, será descritiva, pois pretende levar à
compreensão do papel do docente sobre o tema escolhido.
A análise dos dados se dá de forma qualitativa, onde é feita a interpretação dos
fenômenos em questão, ao mesmo tempo em que é quantitativa, analisando as percepções
daqueles docentes sobre o impacto do estágio supervisionado e o PIBID em sua formação. A
relevância do trabalho se encontra na importância de se descobrir os impactos que estágio
supervisionado e PIBID têm na formação do docente em Ciências Sociais e quais mudanças
podem ser empreendidas a partir da compreensão dos docentes sobre estas duas ferramentas
de formação.
Foi enviado questionário a sete sujeitos - dois egressos da primeira turma e cinco da
segunda turma de Ciências Sociais do IFPR, que durante sua formação inicial no IFPR

80
Campus Paranaguá, realizaram o Estágio Supervisionado e foram, também, bolsistas do
PIBID - contendo oito questões abertas para descobrir as impressões destes docentes sobre o
PIBID e o Estágio Supervisionado. Obteve-se resposta de seis indivíduos, os quais serão
apresentados mais adiante, transcrevendo de forma parcial ou integral suas respostas.

3. O CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NO INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ E A


ORGANIZAÇÃO DO PIBID E DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
O curso superior de Licenciatura em Ciências Sociais com habilitação em Sociologia
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR) teve início em
2012, com o objetivo de atender à nova demanda após a implantação da Lei nº 11.684 de
2008, que incluiu Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias no Ensino Médio.
O processo de criação do curso teve início em 25 de junho de 2009, quando
educadores de Paranaguá e região questionaram a falta de docentes na área das ciências
sociais. Todo este processo levou cerca de dois anos, com diversas reuniões para descobrir
quais as motivações e necessidades da região que o curso deveria atender. Assim, em 10 de
junho de 2011, finalmente a proposta da criação do curso foi votada, após ter sido elaborada
democraticamente, visando atender aos interesses coletivos de Paranaguá e região.
A partir da mudança na legislação, percebeu-se que haveria uma nova demanda a ser
suprida, com um déficit no número de professores com graduação nestas áreas.
Com isto, o curso criado na IFPR pretende preparar os licenciandos em Ciências
Sociais para atuarem não apenas no campo pedagógico, mas também em pesquisa, pois o que:
[...] se espera de um licenciado em ciências sociais que não apenas demonstre as
competências e habilidades próprias de um profissional de ensino, como também
aquelas de um pesquisador social. Apesar de compreendermos a especificidade da
atividade do profissional de ensino, contudo, não vemos estas como a diferença
entre quem produz e quem reproduz o conhecimento, são em realidade atividades
complementares. Teríamos entre estas atividades apenas uma diferença de função
social e/ou de ênfase pedagógica. Dessa forma, a pesquisa deve ser a atividade
norteadora da formação cientifica, seja no bacharelado ou na licenciatura.
(INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Ministério da Educação, 2015, p. 10).
Desta forma, a partir do Parecer nº 492/2001-CNE/CES que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais dos cursos de Filosofia, Ciências Sociais, entre outros, foi elaborado o
projeto do Curso de Ciências Sociais (PPC), abrangendo todos os processos e áreas as quais o
futuro pesquisador/docente precisa apreender durante os quatro anos de formação.
Para Schwartzman (2009) as instituições nacionais precisam de um profissional que
esteja pronto para colaborar com as mesmas, apresentando uma visão ampla e clara sobre
economia, sociedade e o papel do Estado, sendo esta, portanto, a principal função do

81
sociólogo, não apenas se enclausurando nos níveis acadêmicos, mas com capacidade de
dialogar com interlocutores fora dos mesmos. Com isto, no PPC se afirma que:
Espera-se, assim, do futuro formando que domine os conceitos, teorias e métodos
próprios da sociologia, da antropologia e da ciência política, bem como da nova área
das relações internacionais, além das áreas correlatas das outras ciências humanas,
da filosofia e da história. Que seja capaz de incorporar criticamente os ensinamentos
dos autores clássicos e contemporâneos das ciências sociais, [...] A complexidade
dos fenômenos da mundialização capitalista exige do futuro cientista social as
habilidades de compreender as continuidades e rupturas em relação aos períodos
pregressos da nossa história. (INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Ministério da
Educação, 2015, p. 11).
A profissão de sociólogo, então, não se atém apenas a ministrar aulas (apesar de este
ser um ponto muito importante), mas este profissional deve estar preparado também para
levar seu conhecimento para além dos muros escolares.
Das Competências e Habilidades específicas para a Licenciatura, o PPC aborda o
preparo ao futuro docente para atuar no Ensino Médio, e ainda “para vários outros níveis de
ensino, como a educação indígena, de trabalhadores, de jovens e adultos, etc.”. Este preparo
se dá através da “reflexão crítica sobre a realidade social”, ou seja, não apenas na teoria
apreendida no decorrer do curso, mas através do engajamento em pesquisa e, principalmente,
com a relação estabelecida entre a teoria e a prática que advém do Estágio Supervisionado.
(INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Ministério da Educação, 2015, p. 12).
O Estágio Supervisionado permite que o licenciando se aproxime da realidade sobre a
qual aprendeu e vivenciou apenas na teoria durante a sua graduação. No que se refere ao ES
em Ciências Sociais, o licenciando tem a oportunidade de observar as ações e práticas dentro
da escola, mas principalmente, avaliar a relação dos estudantes com a prática docente. No
entender de Oliveira e Barbosa (2013, p. 146) é importante que se compreenda a:
[...] necessidade de se observar o fazer discente, pois, por vezes, o licenciando tende
a centrar seu relato de estágio apenas na observação da prática docente, todavia,
devemos reconhecer que o que acontece na escola é mais do que apenas o que o
professor faz, e mesmo que foquemos nossa observação apenas no fazer docente
devemos reconhecer que ela será estéril se não buscarmos o feed back dessa prática,
afinal, quais são os recursos didáticos que despertam um maior interesse dos alunos
nas aulas de Sociologia? Quais tipos de leituras são mais chamativas? Quais as
atividades conseguem mobilizar de forma mais enfática os alunos? Quais os temas
que despertam o maior interesse? Quais conceitos e teorias são mais facilmente ou
dificilmente assimilados?
Para os autores, estas são questões importantes a serem observadas e respondidas
durante a experiência no Estágio, uma vez que a relação professor-aluno e a forma como
aquele apresenta conteúdos e estimula o estudante afetam diretamente o interesse do mesmo
pela disciplina.

82
Desta forma, o docente precisa motivar e estimular seus alunos e enxergar as Ciências
Sociais com menos ceticismo, percebendo que esta disciplina é o que lhes auxilia na
compreensão do mundo, na crítica e na reflexão social.
Oliveira e Barbosa (2013) abordam ainda, em seu texto, as dificuldades do professor
de Sociologia atuante nas escolas, uma vez que, em muitos casos, estes não possuem
formação nesta área. De qualquer forma, esta situação não impede que possam auxiliar
efetivamente o futuro docente durante a sua experiência no Estágio.
Diante disto, percebe-se que o papel do Estágio em Ciências Sociais vai além da
observação da rotina escolar. Quando elaborado em caráter exploratório e com viés de
pesquisa, o Estágio pode auxiliar o futuro docente na compreensão da realidade dos
educandos, preparando-se para desempenhar um papel fundamental na experiência escolar do
mesmo, através de práticas e metodologias que despertem o interesse destes alunos pelas
Ciências Sociais.
Já o PIBID, surge com o objetivo de complementar e agregar novas experiências, de
maneira positiva, ao processo de formação do futuro docente. De acordo com Oliveira e
Barbosa (2013), se são muitos os desafios enfrentados pelos licenciandos de qualquer área
durante a sua formação, principalmente no que se referem à teoria-prática, maiores ainda são
os desafios que se apresentam aos licenciandos em Ciências Sociais.
A elaboração de projetos para a implementação do PIBID em escolas públicas propicia
a experimentação, uma vez que os materiais para esta disciplina são escassos, como afirmam
os autores no parágrafo acima. A partir disso, a experiência no PIBID propicia a elaboração
das próprias metodologias para a prática pedagógica, descobrindo na prática quais as
melhores maneiras de se trabalhar com determinados grupos.
Sendo assim, o PIBID traz novas oportunidades para que o licenciando descubra quais
as melhores abordagens pedagógicas em sala. Welter e Bringheti (2013), demonstraram em
sua pesquisa que a utilização das novas tecnologias de informação e atividades lúdicas,
trouxeram melhores resultados pois despertaram o interesse dos grupos trabalhados.
PIBID e o Estágio Supervisionado se diferenciam justamente pela forma como o
futuro docente é colocado dentro da escola. Enquanto no Estágio ele assume um papel de
observador, na experiência com o PIBID ele se torna um agente, atuando diretamente com os
alunos e descobrindo quais as melhores abordagens prático-pedagógicas.

83
4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
A idade dos entrevistados varia entre 24 e 47 anos, com o gênero predominantemente
feminino (total de cinco) cisgênero – que se identificam com o gênero de nascimento -,
declarando-se um deles binário – que se identifica tanto com o gênero masculino quanto com
o feminino. O ano de formação vai de 2015 a 2017, com em média 3,6 anos de participação
no PIBID.
Tendo em vista que a duração do curso de Ciências Sociais com Ênfase na Sociologia,
do IFPR tem a duração de quatro anos, é interessante perceber o período de tempo que os
entrevistados foram bolsistas do PIBID, em média 3,6 anos. Durante quase o tempo completo
de duração do curso, os então licenciandos, receberam do PIBID o instrumental para atuar na
docência.

4.1 QUESTÕES ABERTAS


Serão apresentadas algumas das respostas às questões abertas dos sujeitos da pesquisa,
fundamentando-as em autores que já se debruçaram sobre o tema. As respostas a estas
questões poderão ser transcritas aqui em sua totalidade ou não, dependendo da profundidade
das mesmas.

4.1.1 Quais foram as contribuições do PIBID para a sua formação docente?


Vários autores apresentam o mesmo entendimento sobre a contribuição do Pibid na
formação docente em Ciências Sociais. Alguns como: Oliveira e Barbosa (2013), Rosa e
Mattos (2013) e Gonçalves e Filho (2014) defendem que o PIBID é a melhor forma de o
licenciando colocar em prática a teoria e compreender melhor a realidade do contexto escolar.
Neste sentido, os entrevistados corroboram com esta visão do PIBID, afirmando que
este os auxiliou, acima de tudo, a conhecer a realidade escolar e fazer parte dela efetivamente.
Com o Pibid tive meu primeiro contato com a realidade na qual eu estava inserida.
Eu estava cursando uma licenciatura, e com o Pibid eu tive a oportunidade de
conhecer as práticas pedagógicas. A partir do Pibid eu adquiri suporte para atuar
na minha profissão docente. (Professor 2, out. 2017).
Outros pontos levantados foram a interação com os agentes no contexto escolar, como
equipe pedagógica e professores regentes, e ainda os docentes afirmam haver maior
autonomia quando está sendo aplicado o PIBID.
Possibilidade de inserção na sala de aula; interação no ambiente escolar com
outros atores; adaptação na produção de plano de ensino. (Professor 1, out. 2017).
Outro aspecto presente na fala dos entrevistados é a oportunidade de trabalhar com
todas as hierarquias dentro da escola, indo além da sala de aula.

84
[...] trabalhar com diversas hierarquias como: supervisão, orientação, escola e sua
equipe pedagógica, associar o trabalho docente a práticas diferenciadas, ou seja,
trabalhando os conteúdos com diversos métodos e materiais, participar de eventos
que possibilitaram o conhecimento de outras experiências, acumular uma bagagem
teórica e pedagógica vasta [...]. (Professor 4, out. 2017).
Ou ainda, descobrir através do PIBID que existe certa limitação no que se refere ao
trabalho docente:
Compreender as relações de poder existentes dentro da escola e a relação da escola
com a comunidade escolar e as demais instituições sociais. Além de compreender
os limites da profissão docente. (Professor 6, out. 2017).
A partir destas falas, pode-se perceber como foi importante para os bolsistas conviver
e compreender como funciona a escola, não apenas a partir do trabalho pedagógico e docente,
mas principalmente por poder vivenciar a escola em sua totalidade. Assim, percebe a
profundidade das contribuições que o PIBID trouxe a estes bolsistas, tanto na prática
pedagógica quanto no conhecimento e interação do licenciando com outros agentes da
estrutura escolar.

4.1.2 Quais as contribuições do estágio supervisionado para a sua formação docente?


Para o Professor 4, o momento histórico-social em que realizou seu estágio foi
fundamental para a sua compreensão do sistema educacional e a pressão que se impôs,
naquele momento, sobre os docentes de Sociologia, principalmente:
[...] meu terceiro estágio foi em meio as ocupações das escolas, portanto sem todas
as regências, ou da forma tradicional, mas indo até as escolas, trabalhando com os
alunos e vivenciando esse momento. De forma geral os estágios me mostraram de
forma mais clara o quanto o ambiente escolar é dinâmico, seja em sala de aula
onde um conteúdo ou um comentário acabam virando discussões coletivas, das
quais os professores têm que saber lidar, ou em relação a conjuntura, onde sua
disciplina corre riscos, há ameaças de greve, mudanças nos parâmetros
curriculares e etc. (Professor 4, out. 2017).
Sua resposta se refere à mobilização nacional contra a Reforma do Ensino Médio,
através da Medida Provisória 746, que tinha, entre outros, o objetivo de acabar com a
obrigatoriedade das disciplinas de Sociologia e Filosofia nesta etapa da educação.
Para os docentes, o estágio supervisionado propiciou uma maior interação com o
professor formador e com os alunos, como se observa na fala dos professores 5 e 6:
Com o estágio supervisionado, além das observações da sala de aula e a
organização de uma escola, ele traz também a regência, ou seja, a atuação como
professor de forma completa. (Professor 5, out. 2017).
Apesar de o estágio ter algumas similaridades com o PIBID, o estágio possibilitou a
compreensão do planejamento e reflexão da metodologia de ensino. Compreender a
relação do professor com a turma. (Professor 6, out. 2017).
No entanto, Pimenta e Lima (2005) apresentam vários problemas relativos à forma
como o estágio supervisionado em Ciências Sociais se dá atualmente. Elas afirmam que

85
determinadas abordagens do estágio levam à crença em metodologias que sejam capazes de
resolver todas as questões educacionais.
Com este entendimento, corrobora o Professor 3:
O conflito em relação ao estágio acontecia geralmente quando era planejado uma
didática exemplo da pedagogia histórico-crítica você chegava nas escolas e você
observa que as escolas geralmente demandavam de muito mais pedagogia
tradicional mesmo copia e cola, conteúdo ministrado, conteúdo dado, pronto
acabou-se também é muito dessa muito mais escola clássica do que a escola nova,
porque se houvesse mais traços da escola nova ou talvez uma mistura, talvez fosse
um pouco mais aproveitado mais (sic) o difícil era você observar as pessoas numa
metodologia clássica tradicional e você tem que colocar a tua aula em alunos que
não estão acostumados a falar. (Professor 3, out. 2017).
Pelo entendido, a docente acredita que deve haver uma maior flexibilidade no que se
refere à abordagem pedagógica, mesclando então, escola clássica e escola nova para se
conseguir um melhor aproveitamento dos educandos. No caso, entende-se de sua fala que a
utilização de diferentes perspectivas pedagógicas mudaria consideravelmente a realidade em
sala, reforçando o que abordaram Pimenta e Lima (2005) e a crença gerada, através do
estágio, em metodologias que resolvam “as deficiências da profissão e ensino”.

4.1.3 A partir da sua experiência com o PIBID, como você avalia o Estágio Supervisionado,
suas limitações e possibilidades?
Enquanto o PIBID acontece amparado pela supervisão, orientando a todo o momento a
prática; o estágio acaba por exigir mais do licenciando, colocando-o frente a frente com a
prática pedagógica, de acordo com alguns dos entrevistados.
Com o Pibid [o] acadêmico tem como por em prática todo o aprendizado até então
assimilado na graduação, dentro de um amparo Profissional qualificado. Pois
temos apoio de um professor supervisor, nos orientando e nos dando bases para
atuar. Quando chega o período do estágio, não temos mais essa base de apoio, e
sim um professor observando nossas práticas pedagógicas. (Professor 2, out. 2017).
No entanto, além do professor regente observando as práticas, comumente o
acadêmico pode contar com o professor regente da disciplina de estágio, tendo apoio de
ambos. Oliveira e Barbosa (2013, p. 157) acreditam que o PIBID contribua para a
“permanência dos licenciandos nos cursos”, pois revela a verdadeira face da docência, logo no
início da graduação. Sobre isto:
[...] o PIBID me abriu as portas e me fez perceber que realmente queria ser
professora, pois foram 3 anos e com ótimos professores, e com acompanhamento de
turmas e atividades por uma longa duração, se eu não tivesse participado do PIBID
e tivesse apenas contato com a escola por meio do estágio, com toda certeza não
seria professora, pois sinto que vivenciei ali apenas uma parte do que é a profissão
docente, não tive nenhum vínculo com a escola, professores e alunos, era uma
relação utilitarista. [...] (Professor 4, out. 2017).
Pode-se dizer, portanto, que os dois são complementares, afirmação feita pelo
Professor 1. Por outro lado, o Professor 5 apresenta leves críticas ao estágio e a forma como

86
acontece, sobretudo com relação à forma que as instituições de ensino se relacionam com o
estagiário:
Muitas vezes o estágio supervisionado carece de alguns ajustes já que muitas vezes
o estagiário serve como um estepe do professor atuante. O estágio é muito
importante na formação de um docente, não são todas as universidades que tem o
Programa PIBID, desta forma o docente tem pouquíssimo contato com a prática
escolar, e é só no estágio supervisionado que ele tem contato com a prática.
(Professor 5, out. 2017).
A forma de avaliação também foi abordada:
O PIBID tem variantes, dependem da composição da turma, supervisora,
coordenadora e instituições de ensino. O estágio supervisionado tem um ponto fixo
que é a proposta do curso. O estágio supervisionado é uma disciplina onde o
estudante está sendo avaliado. O PIBID permite maior atuação do estudante, seja
pelo formato ou pela duração. (Professor 6, out. 2017).
Desta forma, o PIBID fornece mais oportunidades de participação do licenciando em
determinadas atividades e práticas, enquanto o estágio se baseia no que propõe o
Regulamento de Estágio Supervisionado, no caso em questão, do Instituto Federal do Paraná.

4.1.4 A partir da sua experiência com o Estágio Supervisionado, como você avalia o PIBID,
suas limitações e possibilidades?
A avaliação do PIBID acontece por carga horária escolar, o que, para o Professor 3,
consiste em uma das primeiras limitações do programa. Segundo ele:
[...] os alunos ainda estão muito atrelados essa questão de nota, [...] não tinha
comprometimento muitas vezes. (Professor 3, out. 2017).
Como as atividades do programa são elaboradas em equipe e passam pelo crivo da
supervisora, quando não há o envolvimento de todos, o projeto pode ser comprometido, o que,
para outra docente, também se caracteriza em um problema:
[...] o PIBID não fornece algo que o estágio proporciona que é a autonomia e a
individualidade no planejamento e execução das atividades [...] (Professor 4, out.
2017).
Apesar das dificuldades encontradas pelos docentes supracitados, o PIBID possui
características que o diferem do estágio positivamente.
O PIBID é o primeiro contato que se tem com a prática escolar já que o estágio
supervisionado se dá a partir do segundo ano de graduação, o PIBID vem com uma
dinâmica diferente do estágio supervisionado, trabalhando com oficinas e outras
dinâmicas que não estão ligadas diretamente com a regência. Porém, o projeto
também encontra algumas limitações, muitas vezes o PIBID é confundido com
estágio supervisionado perdendo assim sua essência. (Professor 5, out. 2017).
A presença do supervisor do PIBID é apresentada como um aspecto positivo na
elaboração do projeto pelo Professor 6, associando a maior atenção do supervisor do PIBID,
ao fato de haver bolsa e critica o espaço de tempo em que se dá o estágio supervisionado:
O Estágio Supervisionado é limitado pelo curto espaço de tempo. O fato da
supervisora não receber nenhum benefício por receber as estudantes é
desestimulante. A estudante sabe do favor que está pedindo e se restringe a atuar o

87
mínimo possível. O PIBID por envolver a concessão de bolsa, permite que as
estudantes cobre (sic) da supervisora maior atuação. (Professor 6, out. 2017).
Portanto, a partir da fala do entrevistado, percebe-se que existe a sobrecarga do
professor e ainda, pode não haver comprometimento real de alguns agentes dentro da
instituição escolar, de forma a auxiliar efetivamente o licenciando em seu período de estágio.

4.1.5 Como qualifica a relação entre Estágio Supervisionado e PIBID?


Os entrevistados acreditam que ambos são importantes para a formação acadêmica,
além de complementares. Porém, apesar de o estágio supervisionado ser obrigatório, não são
todos os licenciandos que têm a oportunidade de participar do PIBID:
[...] acredito que estágio supervisionado e PIBID são complementares, cada um ao
seu modo traz um lado da profissão docente. Eu tive a sorte de poder vivenciar as
duas experiências, porém alguns de meus colegas não tiveram. Talvez a forma de
fazer com que haja uma relação efetiva para todos os alunos do curso seja
envolvendo mais as atividades do PIBID no campus, e também durante as
atividades de estágio. (Professor 4, out. 2017).
Tendo como referencial o estágio supervisionado e PIBID enquanto complementares,
o Professor 6 concorda, afirmando que:
São complementares, acredito que ter uma proposta fixa inicial para o PIBID pode
ser uma ótima mudança. Acredito que as supervisoras deveriam vir com um plano
de atuação para discutir com os bolsistas, pois muitos estão começando e falta de
experiência não permite construir o plano de atuação. [...] (Professor 6, out. 2017).
Se possivelmente associados Estágio Supervisionado e PIBID, podem trazer novas
considerações à prática pedagógica, somando conhecimentos que serão utilizados mais tarde,
durante a prática docente.

4.1.6 Quais propostas de mudanças apresentaria na organização do Estágio e do PIBID para


aperfeiçoar a formação do docente de Sociologia?
Os docentes entrevistados possuem visões bastante diversas sobre o que poderia ser
alterado no PIBID e também no estágio supervisionado. Apenas dois (Professor 1 e Professor
2), acreditam que não precisa haver mudanças, uma vez que ambos provêm o necessário para
a formação.
Já os demais Professores (3, 4, 5 e 6) apresentaram algumas propostas, com mais
envolvimento do Professor 4 na elaboração de sua resposta. Como são bastante diversos,
neste subtítulo optou-se por enumerar as mudanças propostas, apresentando de maneira
resumida a fala dos entrevistados.
1) Maior controle dos bolsistas na fase de planejamento e de execução;
2) Interação entre os projetos das escolas;
3) Maiores momentos de socialização, nas escolas, com um clima mais descontraído;

88
4) Sistema de relatórios;
5) Realização simultânea do estágio de observação da escola e o de observação da prática
docente;
6) Mudanças serão válidas quando houver a valorização do professor, especialmente de
Sociologia;
7) Maior relação entre escola-faculdade, acadêmicos e discentes;
8) Aproximar o estágio supervisionado ao PIBID (tornar mais similares);
9) Propostas de mudanças deveriam vir dos próprios bolsistas conforme o projeto evolui.
Ou seja, ao participar das atividades e através da convivência na escola, o bolsista
seria capaz de propor mudanças de acordo com a realidade daquele ambiente onde está
inserido, não apenas de forma geral.
Assim, as impressões sobre o PIBID e o Estágio Supervisionado se assemelham em
alguns aspectos para os entrevistados. Por outro lado, em geral, suas impressões não
corroboram com as contribuições de alguns autores sobre o Estágio, principalmente. Pelo que
se pode perceber pela fala dos sujeitos é que em ambos os casos, o período foi de grande
aprendizagem e preparo para a prática docente, efetivamente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino de sociologia ficou por um longo período fora da grade curricular do ensino
médio, constando apenas como disciplina optativa. Por conta disso, a procura pelos cursos de
graduação em Ciências Sociais caiu consideravelmente.
No ano de 2008, a disciplina volta à obrigatoriedade, o que não constituiu,
efetivamente, numa maior procura pelos cursos de graduação, causando um déficit no número
de docentes. Estes acontecimentos fizeram com que a sociologia ficasse fora, inclusive, dos
campos de pesquisa, havendo pouca produção nesta área da metade do século XX até os dias
de hoje.
Foi neste contexto que o IFPR criou o curso de Ciências Sociais com Ênfase na
Sociologia, para preparar docentes para atuar na docência no ensino médio, tal como em
outras áreas, como a pesquisa, por exemplo.
Concomitantemente ao retorno da disciplina de sociologia ao ensino médio é criado o
pelo governo Federal o PIBID, programa que visa melhorar a qualidade do ensino através da
atuação de licenciandos em escolas públicas, preparando o futuro docente, tal como trazendo
novas abordagens para o sistema educacional.

89
Por conta disso, este trabalho se apresentou com o objetivo inicial de expor o nível de
expressão do estágio supervisionado obrigatório em comparação com o PIBID na
aproximação do licenciando em ciências sociais da realidade escolar. Para descobrir qual a
importância do estágio supervisionado e de que forma este se difere do PIBID na formação
em ciências sociais, foi elaborado questionário, enviado a sete docentes graduados no IFPR
que haviam realizado o estágio supervisionado e participado do PIBID durante sua formação.
O que se descobriu através da pesquisa foi que, apesar de haver diferenças entre os
dois, são complementares no entender dos entrevistados, ambos trazendo benefícios à
formação docente, pois aproximam o licenciando da realidade escolar, apesar de acontecerem
de maneiras distintas.
No entendimento de diversos autores utilizados neste trabalho, o desenvolvimento de
conhecimento adquirido pelos licenciandos através do estágio supervisionado oferece algumas
limitações, além de encontrarem problemas na forma como este é realizado, pelas
experiências dos entrevistados, pudemos perceber que estágio supervisionado e PIBID
possuíram o mesmo peso na sua formação.
Com relação às sugestões deixadas pelos docentes entrevistados, a maior mudança que
se espera é que aconteça uma maior aproximação das instituições onde acontecem o Estágio e
o PIBID, com as instituições de onde partem os estagiários e bolsistas. Além disto, sugerem
uma maior similaridade entre PIBID e Estágio, pois, apesar de serem complementares no
entendimento dos entrevistados, poderiam usufruir dos pontos positivos mutuamente.
Desta forma, os objetivos propostos neste trabalho foram realizados, trazendo algumas
surpresas na análise dos dados, porém, boas surpresas, pois, percebe-se que as relações
trazidas pelo estágio e o PIBID em conjunto estão conseguindo, de maneira eficaz, contribuir
para a formação do docente de Sociologia.

REFERÊNCIAS

GONÇALVES, D. N.; FILHO, I. P. L. Aprendendo pela pesquisa e pelo ensino: o Pibid no


processo formativo das licenciaturas em ciências sociais. Revista Brasileira de Sociologia.
Vol 02, nº 3, Jan./Jun. de 2014, p. 81 a 100.

INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Ministério da Educação. Projeto do curso de


licenciatura em ciências sociais: Campus Paranaguá. Paranaguá: 2015, 56 p. Disponível em:
<http://paranagua.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2015/06/PPC-Licenciatura-em-
Ci%C3%AAncias-Sociais.pdf> Acesso em: 30 de outubro de 2017.

90
OLIVEIRA, A.; BARBOSA, V. S. L. Formação de professores em ciências sociais: Desafios
e possibilidades a partir do Estágio e do PIBID. Revista Eletrônica Inter-Legere, n. 13, jul.
a dez. 2013, p. 140 a 162. Disponível em:
<http://www.cchla.ufrn.br/interlegere/13/pdf/es06.pdf> Acesso em: 03 de julho de 2017.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista


Poíesis, Volume 3, Números 3 e 4, página 5 a 24, 2005. Disponível em:
<www.dired.ufla.br/portal/wp-
content/uploads/2013/10/Arquivo_referente_ao_Anexo_V_do_Edital_CEAD_06_2013.pdf>
Acesso em: 01 de julho de 2017.

ROSA, K. S.; MATTOS, L. Tem gente nova na escola: os benefícios do Pibid para o espaço
escolar. Revista Veras, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 160-173, julho/dezembro, 2013. Disponível
em:
<http://site.veracruz.edu.br/instituto/revistaveras/index.php/revistaveras/article/viewFile/130/
114> Acesso em: 05 de novembro de 2017.

SCHWARTZMAN, S. A sociologia como profissão pública no Brasil. Salvador: Caderno


CRH, vol. 22, no. 56, Maio/Ago. 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-49792009000200005>
Acesso em: 03 de agosto de 2017.

WELTER, T.; BRIGHENTI, T. O ensino de sociologia e o Pibid ciências sociais: a


universidade vai à escola. Chapecó: 2013, 15p. Disponível em:
<http://www.uel.br/projetos/lenpes/pages/arquivos/VI-SS-
Sociologia/trabalhos/textos/TANIA%2003%20-.pdf> Acesso em: 10 de outubro de 2017.

91

Você também pode gostar