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PÓS-GRADUAÇÃO EM

HARMONIZAÇÃO FACIAL

MÓDULO 1
DEONTOLOGIA ODONTOLÓGICA | DSD | VISAGISMO
PROTOCOLO FOTOGRÁFICO | ANATOMIA MUSCULAR
NOÇÕES DE TOXINA BOTULÍNICA

www.itco.odo.br
SUMÁRIO

MÓDULO 1

3 INTRODUÇÃO

4 DEONTOLOGIA ODONTOLÓGICA

9 VISAGISMO

13 DIGITAL SMILE DESIGN

17 PROTOCOLO FOTOGRÁFICO

21 ANATOMIA MUSCULAR DA FACE

29 NOÇÕES DE TOXINA BOTULÍNICA

35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

3
4
INTRODUÇÃO
Ao longo deste primeiro módulo vocÊ terá a oportunidade de aprender mais
sobre a aplicação do direito na atuação odontológica, conhecer os conceitos
de visagismo e Digital Smile Design - DSD.

Além disso será abordado protocolo fotográfico odontológico que detalha


como devem ser feitas as documentações fotográficas de seus casos. Por fim
será detalhada a anatomia muscular da face e em seguida serão introduzidos
os conceitos fundamentais de Toxina Botulínica.

Ao final do primeiro dia você terá condição de ir, pela primeira vez, à clínica
planejar e atender paciente com necessidade de aplicação de toxina botulínica.

Boa sorte e bons estudos!

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DEONTOLOGIA ODONTOLÓGICA
Frequentemente os pacientes que chegam aos consultórios odontológicos
sinalizam estarem muito bem informados a respeito de seus direitos e de quais
leis respaldam esses direitos. A partir do Código de Defesa do Consumidor o
paciente passou a exigir mais sobre a conduta profissional e a ingressar na
justiça em busca de seus direitos.
Estabelecido pela Lei 8.078, de 11
Além do Código de Defesa do de setembro de 1990, e que
Consumidor o paciente, como qualquer passou a vigorar a partir de 11 de
cidadão brasileiro, está respaldado pela março de 1991
Constituição, pelo Código Civil e, em
determinadas situações, pelo Código Penal. Além disso, a própria legislação que
ampara a profissão odontológica (Lei 4.324, de 14 de abril de 1964 e 5.081, de 24
de agosto de 1966) e o Código de Ética Odontológica, aprovado pela
Resolução CFO-42, de 20 de maio de 2003, atribuem direitos e deveres aos
profissionais, com a intenção de normalizar e normatizar a conduta profissional.

Diante deste cenário o cirurgião-dentista tem de conhecer a legislação e as


normas éticas que orientam sua atuação profissional. Não é necessário que o
profissional se tenha uma formação jurídica de carreira, mas é extremamente
importante que ele tenha conhecimento da legislação para que possa se
precaver contra situações indesejáveis na esfera jurídica. Para um melhor
entendimento desta questão, necessitamos conhecer conceitos básicos:

Odontologia Legal

Definida como sendo uma ciência de aplicação, visto que ela utiliza o
conhecimento odontológico cientificamente reconhecido e o coloca à
disposição do Direito Constituído, do Direito Constituendo e à Fiscalização do
exercício profissional
-
A aplicação do Direito não pode prescindir dos conhecimentos de outras
áreas, como a Odontologia, visto que advogados, promotores, juízes, etc.
podem vir a participar de questões que envolvam a Odontologia, e o seu
conhecimento sobre a área é superficial. Se entendermos que os Institutos
Legais existem para servir ao ser humano e que frequentemente existem
questões relativas à saúde do ser humano, fica claro a necessidade da
aplicação dos conhecimentos da saúde na área do Direito.

4
Direito Constituído

O direito constituído se refere à normas jurídicas já estabelecidas, ou seja, a


leis já existentes, mas a sua aplicação depende de um exame específico
realizado pelo profissional da área em questão (Art. 129 – Código Penal
Brasileiro).

Na odontologia, para que haja a aplicação da lei existe a necessidade do corpo


jurídico receber informações de natureza odontológica para elucidar o caso.
Então o profissional específico (Cirurgião Dentista) verifica, a partir de um
exame pericial, se houve ofensa à integridade física do paciente e quais foram
as consequências.

Direito Constituendo

O direito constituendo diz respeito à elaboração de uma nova legislação com


a indispensável colaboração de profissionais específicos. Por exemplo, se esta
legislação envolver questões ligadas à saúde, profissionais de saúde devem ser
ouvidos para que a lei realmente esteja de acordo com as práticas de saúde.

Exercício Profissional

O terceiro ponto de aplicação da Odontologia Legal é a fiscalização do


exercício profissional. A Lei 4.324, de 14 de abril de 1964 instituiu o Conselho
Federal de Odontologia e os respectivos Conselhos Regionais e os definiu
como órgãos fiscalizadores do exercício profissional, com função privativa e
específica.

A regulamentação desta fiscalização ocorre com a observância do Código de


Ética Odontológica, do Código de Processo Ético e demais legislações
aprovadas pelo Conselho Federal. As atividades dos Conselhos de Odontologia
formam uma área de colaboração jurídica muito importante. Na maioria das
vezes em que um paciente ingressa na justiça comum com uma ação contra
um Cirurgião Dentista, os julgadores querem ouvir primeiro o parecer do
órgão de classe (CRO/CFO) para então emitir seu parecer final.

A Odontologia Legal apresenta, portanto, uma interdisciplinaridade com as


áreas do Direito Penal, Direito Civil, Direito Trabalhista, Direito Processual, e da
própria Deontologia Odontológica (É o ramo da ética cujo objeto de estudo
são os fundamentos do dever e as normas morais).

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Exercício Legal

O exercício da Odontologia, no Brasil, é regido pelas Leis 4.324, de 14 de abril


de 1964, e 5.081, de 24 de agosto de 1966, pelo Decreto 68.704, de 03 de junho
de 1971 e pelas normas regulamentadas pelo Conselho Federal de Odontologia.

Lei 5.081
24 de agosto de 1966.
Regula o Exercício da Odontologia

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Art. 1º. O exercício da Odontologia no território nacional é regido pelo disposto na


presente Lei.
Do Cirurgião-Dentista

Art. 2º. O exercício da Odontologia no território nacional só é permitido ao


cirurgião-dentista habilitado por escola ou faculdade oficial ou reconhecida, após o
registro do diploma na Diretoria do Ensino Superior, no Serviço Nacional de Fiscalização
da Odontologia, na repartição sanitária estadual competente e inscrição no Conselho
Regional de Odontologia sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.

Art. 3º Poderão exercer a Odontologia no território nacional os habilitados por escolas


estrangeiras, após a revalidação do diploma e satisfeitas as demais exigências do artigo
anterior.

Art. 4º É assegurado o direito ao exercício da Odontologia, com as restrições legais, ao


diplomado nas condições mencionadas no Decreto-Lei nº 7.718, de 9 de julho de 1945, que
regularmente se tenha habilitado para o exercício profissional, sòmente nos limites
territoriais do Estado onde funcionou a escola ou faculdade que o diplomou.
Art. 5º É nula qualquer autorização administrativa a quem não fôr legalmente habilitado
para o exercício da Odontologia.
Art. 6º Compete ao cirurgião-dentista:
I - praticar todos os atos pertinentes a Odontologia, decorrentes de conhecimentos
adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação;
II - prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas
em Odontologia;

III - atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros;

III - atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros,


inclusive, para justificação de faltas ao emprego. (Redação dada pela Lei nº 6.215,
de 1975)

IV - proceder à perícia odontolegal em fôro civil, criminal, trabalhista e em sede


administrativa;
V - aplicar anestesia local e truncular;

VI - empregar a analgesia e a hipnose, desde que comprovadamente habilitado, quando


constituírem meios eficazes para o tratamento;

VII - manter, anexo ao consultório, laboratório de prótese, aparelhagem e instalação


adequadas para pesquisas e análises clínicas, relacionadas com os casos específicos de sua
especialidade, bem como aparelhos de Raios X, para diagnóstico, e aparelhagem de
fisioterapia;

VIII - prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que


comprometam a vida e a saúde do paciente;
IX - utilizar, no exercício da função de perito-odontólogo, em casos de necropsia, as vias
de acesso do pescoço e da cabeça.

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RESOLUÇÃO Nº 176, DE 6 DE SETEMBRO DE 2016
O PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA, no uso de suas atribuições regimentais,

considerando deliberação unânime, do plenário do CFO, na 2ª sessão, da CCLXXII reunião ordinária,


realizada em 1º de setembro de 2016,

considerando que a Lei nº 5.081, de 24/08/1966, reza em seu artigo 6º, que compete ao
cirurgião-dentista: I - praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de conhecimentos
adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação; II - prescrever e aplicar especialidades
farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia;

considerando que o Código de Ética Odontológica em seu artigo 2º, dispõe que a Odontologia é uma
profissão que se exerce em benefício da saúde do ser humano e da coletividade sem discriminação de
qualquer forma ou pretexto;

considerando que o Código de Ética Odontológica em seu artigo 5º, estabelece dentre os direitos
fundamentais do cirurgiãodentista: I - diagnosticar, planejar e executar tratamentos, com liberdade de
convicção, nos limites de suas atribuições, observados o estado atual da Ciência e sua dignidade
profissional;

considerando que o Código de Ética Odontológica em seu artigo 9º, estatui como dever fundamental do
cirurgião-dentista: VI - manter atualizados os conhecimentos profissionais técnicos, científicos e
culturais necessários ao pleno desempenho do exercício profissional;

considerando que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como "um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades";

considerando que a principal referência sobre a área de atuação anatômica do cirurgião-dentista é


superiormente ao osso hioide (Resolução CFO-100/2010);

considerando que o cirurgião-dentista atua também na face (artigos 41, 42, 53, 54, 59, 60, 62, 73, 74,
77, 78, 81 e 82 da Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia, aprovada
pela Resolução CFO-63/2005) e em estética (artigos 43, 48, 52, 74, 81 e 83 da Consolidação das Normas
para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia, aprovada pela Resolução CFO 63/2005);

considerando que a pele (epiderme e derme) é parte constituinte da face, que o cirurgião-dentista
sempre atuou nesta área anatômica, como em procedimentos de drenagens de abscessos, incisões, remoções
de lesões e suturas extra-orais, citando exemplos mais comuns;

considerando que a especialidade odontológica de Acupuntura (Resolução CFO-160/2015) atua na pele,


tecidos subcutâneos e músculos;
considerando que não existe legislação que proíba o cirurgião-dentista de realizar procedimentos
estéticos na face, salvo os procedimentos contidos na Resolução CFO-100/2010;

considerando que tanto as aplicações de toxina botulínica como as de preenchedores faciais não são
considerados procedimentos cirúrgicos;

considerando que, por razões imunológicas, a toxina botulínica deve ser aplicada em toda face em uma
única sessão e que, separar a face em aplicações permitidas e proibidas trará enormes dificuldades
técnicas, além de transtornos ao paciente;

considerando que o cirurgião-dentista atua na harmonização da face (artigo 73, da Consolidação das
Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia, aprovada pela Resolução CFO63/2005);

considerando o parecer exarado pela Comissão Especial, designada para elaborar estudo sobre a
modificação da atual resolução sobre toxina botulínica e preenchedores faciais na Odontologia, nomeada
pela Portaria CFO-SEC-49/2016; resolve:

Art. 1º - Autorizar a utilização da toxina botulínica e dos preenchedores faciais pelo


cirurgião-dentista, para fins terapêuticos funcionais e/ou estéticos, desde que não extrapole sua área
anatômica de atuação.

§ 1º - A área anatômica de atuação clínico-cirúrgica do cirurgião-dentista é superiormente ao osso


hioide, até o limite do ponto násio (ossos próprios de nariz) e anteriormente ao tragus, abrangendo
estruturas anexas e afins.

§ 2º - Para os casos de procedimentos não cirúrgicos, de finalidade estética de harmonização facial em


sua amplitude, inclui-se também o terço superior da face.

Art. 2º - Revogar as Resoluções CFO-112, de 02/09/2011, publicada no D.O.U., Seção 1, página 233, em
05/09/2011, alterada pela Resolução CFO-145, de 27/03/2014, publicada no D.O.U., Seção 1, página 174,
em 14/04/2014 e CFO-146, de 16/04/2014, publicada no DOU, Seção 1, página 116, em 06/05/2014.

Art. 3º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação na Imprensa Oficial.

JULIANO DO VALE

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Prontuário odontológico

Todas as informações relacionadas ao paciente, que são de interesse clínico


deverão ser registradas no prontuário odontológico. Deverão ser registrados
o diagnóstico, prognóstico e eventuais intercorrências de modo que
possibilitem o acompanhamento do paciente em todas as fases do tratamento.
As fichas clínicas, radiografias e modelos são exemplos de peças que o
compõem o prontuário do paciente.

O prontuário tem a função de comprovar, a qualquer tempo, que o


profissional zelou pelos cuidados de saúde do paciente dentro dos princípios
preconizados pela ciência odontológica, além disso representa o principal meio
de comunicação entre os membros da equipe de saúde responsável pelo
atendimento ao paciente.

Sua finalidade primária é clínica, podendo ter aplicação pericial, como no caso
das identificações humanas post-mortem, bem como, ensejar efeitos jurídicos.
Para que possa, todavia, produzir os resultados legais desejados é fundamental
que seja elaborado cumprindo requisitos administrativos, éticos e legais, pois
uma falha nesse processo pode comprometer sua validade de toda a
documentação.

Código de Ética Odontológico


Art. 9º. Constituem deveres fundamentais dos inscritos e sua
violação caracteriza infração ética:
X - elaborar e manter atualizados os prontuários na forma das normas em
vigor, incluindo os prontuários digitais;

Art. 17. É obrigatória a elaboração e a manutenção de forma legível e


atualizada de prontuário e a sua conservação em arquivo próprio seja de
forma física ou digital.

Parágrafo Único. Os profissionais da Odontologia deverão manter no


prontuário os dados clínicos necessários para a boa condução do caso,
sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data,
hora, nome, assinatura e número de registro do cirurgião-dentista no
Conselho Regional de Odontologia.
Art. 18. Constitui infração ética: expedir documentos odontológicos:
atestados, declarações, relatórios, pareceres técnicos, laudos
periciais, auditorias ou de verificação odontolegal, sem ter praticado
ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não
corresponda à verdade;

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VISAGISMO
O visagismo foi criado em 1936 por Fernand Aubry, o termo visagismo é
derivado da palavra visage, de origem francesa, que significa rosto. O conceito
defende que a imagem pessoal de um indivíduo pode ser harmonizada com
a individualização, ou seja, não utiliza padrões, estilos ou modismos e sim
expressa a beleza de uma pessoa de maneira individualizada (KAO, C. M. S;
RODRIGUES, D. D.; ARAÚJO, C.S.A.; SALOMÃO, 2014).

O visagismo envolve a criação de uma imagem pessoal personalizada que


expressa o sentido de uma pessoa ter sua identidade. O método utilizado para
aplicar este conceito é derivado da associação dos princípios da linguagem
visual artística com disciplinas como psicologia, neurobiologia, antropologia e
sociologia. O visagismo permite determinar quais as emoções e traços de
personalidade os pacientes desejam expressar através de sua aparência e,
especificamente, a odontologia, através do seu sorriso (SHARMA; LUTHRA;
KAUR, 2015).

Com o conceito de Visagismo, os clínicos podem projetar um sorriso que


combina a aparência física, a personalidade e os desejos do paciente. Um dos
desafios mais importantes é descobrir esses traços e desejos de personalidade
para traduzi-los em formas dentárias naturais na harmonia psicodentofacial. A
conquista desse objetivo é o que chamamos de beleza (SHARMA; LUTHRA;
KAUR, 2015).

Carl Jung estudou diferentes culturas e civilizações. Em seus estudos percebeu


que certos símbolos e imagens foram usadas em todas as culturas com o
mesmo significado. Jung criou o termo símbolos arquetípicos para essas
imagens (COACHMAN et al., 2011).

O mais simples desses arquétipos são formas geométricas: o quadrado, o


triângulo, o círculo, o lemniscado (8 deitado) e suas variações. As cores
primárias e secundárias também são arquétipos. Cada composição visual é
estruturada em uma ou mais combinações dessas formas e as linhas que as
formam também podem ser consideradas arquetípicas. Esses elementos
visuais - linhas, forma e cores - estabelecem uma linguagem universal,
independentemente da cultura, raça ou educação de um indivíduo
(COACHMAN et al., 2011).

Jung teorizou que essa linguagem fazia parte do subconsciente. Embora ainda
não se saiba como o cérebro reconhece um arquétipo, pesquisas recentes
exploraram como esses símbolos são processados mentalmente e como eles
afetam o espectador (COACHMAN et al., 2011).

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O neurocientista Joseph LeDoux descobriu que o sistema límbico não é
responsável pela criação de emoções, como por muito tempo assumido.

Vários sistemas autónomos estão associados a funções básicas de


sobrevivência, indicando que o tálamo visual é capaz de reconhecer
arquétipos que desencadeiam os sistemas que geram emoções. Isso explicaria
por que uma imagem sempre provoca uma reação emocional imediata,
como observado por muitos pesquisadores e artistas.

Quando um indivíduo observa uma imagem, o cérebro emocional percebe-a


como uma combinação de linhas, formas e cores que têm significados
especificos. Somente depois, uma vez que o córtex visual é estimulado, a
imagem é observada como um conceito inteiro. Quando o clínico fornece
um tratamento personalizado usando o visagismo, uma reação emocional
imediata pelo paciente é evidente e pode ser acompanhada por mudanças de
comportamento, postura e até fonética.

De acordo com Hipócrates, a personalidade de um indivíduo é formada por


uma combinação única de quatro tipos de temperamento: colérico, sanguíneo,
melancólico e fleumático. Um ou dois desses tipos são geralmente dominantes
em relação aos demais.

Os clínicos devem notar, no entanto, que os pacientes provavelmente se


sentirão desconfortáveis sendo classificados como melancólicos ou coléricos e
podem não entender termos como otimista e fleumático. Portanto, os autores
preferem substituir as denominações originais de Hipócrates pelos termos
fortes, dinâmicos, sensíveis e pacíficos. (RIFKIN, 2000)

Análise facial

Ao integrar a teoria dos símbolos arquetípicos com elementos visuais do


mundo da arte, foram atribuídos significado às linhas, ângulos, formas e cores
que compõem objetos.

Agora, todos os profissionais que lidam com a estética facial podem aplicar
esses elementos ao seu trabalho. (MILUTINOVIC; ZELIC; NEDELJKOVIC, 2014)

A forma do rosto em relação aos quatro temperamentos pode ser descrita


da seguinte forma:

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Forte: Este tipo de indivíduo tem um rosto retangular formado por ângulos
bem-definidos, linhas verticais e horizontais em torno da testa e da boca, e
olhos profundos. Os indivíduos fortes possuem uma personalidade
caracterizada por fortes qualidades de liderança, determinação, ousadia e
destemor.

Dinâmico: este tipo de indivíduo tem uma face angular formada por linhas
oblíquas em torno dos olhos e da testa, um nariz proeminente e uma boca
larga. O indivíduo otimista / dinâmico é muito ativo, comunicativo e
extrovertido.

Sensível: este tipo de pessoa tem olhos fechados e um rosto oval com
características arredondadas ou formadas por linhas finas. A personalidade
melancólica / sensível é caracterizada pela gentileza e capacidade de
consciência e pensamento abstrato.

Pacífico: Este tipo de pessoa é gentil, discreto e diplomático; Ele ou ela tem
um rosto redondo ou quadrado, projeta lábios inferiores e pálpebras pesadas.

Les Quatre complexions de l'homme


(Os quatro temperamentos)
Charles Le Brun
1674

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Proporções faciais ideais

Medidas da face e conjunto de proporções ideais


(Milutinovic, 2014)

Trichion (Tr): O início da testa quando alguém levanta a sobrancelha | Canthus lateral (LC): Canthus lateral do olho
Glabella (Gl): O ponto mais proeminente da testa no limite superior das sobrancelhas | Mento (Me): O ponto mais
inferior no queixo do tecido mole

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DIGITAL SMILE DESIGN
O conceito de Digital Smile Design (DSD), através da tecnologia digital, é uma
ferramenta para planejamento de tratamento odontológico que é usado na
odontologia estética interdisciplinar com o objetivo de auxiliar o diagnóstico,
melhorar a comunicação e melhorar a previsibilidade no decorrer do
tratamento (COACHMAN, 2012).

Dado o amplo conceito de saúde de acordo com a OMS, oferecer ao


paciente uma boca livre de problemas biológicos e funcionais não é suficiente.
Os pacientes desejam, além de um belo sorriso, uma harmonia entre o sorriso
e a face como um todo. A odontologia moderna evoluiu muito para atender
as demandas cada vez maiores no campo da estética e para se alinhar às
expectativas dos pacientes (COACHMAN; CALAMITA; SCHAYDER, 2012).

Para conseguir isso, hoje os dentistas precisam ir além dos limites da


odontologia tradicional e adquirir um conjunto de habilidades artísticas / de
comunicação e visão para se tornarem designers de sorrisos e nesse contexto
que o conceito DSD desempenha um papel fundamental (COACHMAN;
CALAMITA; SCHAYDER, 2012).

O desenvolvimento do conceito DSD começou em 2007 e ao longo dos anos


evoluiu consideravelmente. O Digital Smile Design tem participado cada vez
mais do mercado global de odontologia estética e isto resulta em milhares de
dentistas e técnicos sendo treinados usar suas ferramentas (COACHMAN;
CALAMITA, 2007).

Objetivos principais do conceito DSD:

1. Melhorar o processo de design de sorriso e transformar o paciente em um


co-autor de seu próprio sorriso (COACHMAN, 2012).

2. Desenvolver um protocolo de comunicação que facilite de fato a


odontologia interdisciplinar (COACHMAN, 2012).

3. Aumentar o valor percebido de um tratamento odontológico e


consequentemente aumentar a aceitação do tratamento pelos pacientes
através da abordagem de Odontologia Emocional (COACHMAN, 2012).

4. Incorporar tecnologia na odontologia para gerar procedimentos clínicos


eficientes e previsíveis tornando o resultado final mais próximo com o projeto
inicial apresentado ao paciente (COACHMAN, 2012).

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Protocolo Fotográfico
A boa relação entre o cirurgião-dentista e o paciente pode prevenir
acionamento judicial por algum problema ocorrido durante um tratamento. A
ciência odontológica é complexa visto que a relação profissional/ paciente
envolve questões éticas, jurídicas e administrativas, ultrapassando aspectos
técnicos dos procedimentos clínicos. (AMORIM et al., 2016)

Neste contexto o prontuário odontológico é essencial para construir este


vínculo, pois contém informações de interesse para o profissional e para o
paciente. A classe odontológica tem, cada vez mais, tomado consciência da
responsabilidade civil e profissional, haja vista a ocorrência de inúmeros
processos judiciais e administrativos que inúmeros cirurgiões-dentistas tem sido
enquadrados. (AMORIM et al., 2016)

Segundo os artigos 186 e 927 do Código Civil Brasileiro, se o cirurgião-dentista


causar algum dano ao paciente durante o exercício profissional, em
decorrência de ação ou omissão voluntária, imprudência ou negligência, será
consumado ato ilícito, sendo obrigado a reparar o dano causado. (AMORIM et
al., 2016)

Mudanças no comportamento da sociedade aconteceram depois das


Reformas na Constituição Federal de 1988, no Código de Proteção e Defesa
do Consumidor em 1991 e no Código Civil Brasileiro.

Assim, os pacientes passaram a reivindicar na justiça seus direitos, fazendo com


que o cirurgião-dentista se resguardasse melhor quanto a eventuais processos.
(AMORIM et al., 2016)

Então, para prevenir complicações jurídicas, é necessário preencher toda a


documentação do paciente da forma mais completa possível. (AMORIM et al.,
2016)

Os documentos odontológicos são um conjunto de informações prestadas


pelo paciente ao profissional, no âmbito clínico, que servem como prova,
podendo ser utilizados com finalidade jurídica. O prontuário é composto de
anamnese, termo de consentimento livre e esclarecido, evolução clínica do
tratamento, cópias de receitas e atestados. (AMORIM et al., 2016; NAIR;
SANTHANAM, 2016)

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De acordo com o artigo 33 do Código de Ética Odontológica (CEO), os
documentos, bem como qualquer impresso odontológico devem apresentar o
nome completo do profissional e o número de inscrição no Conselho Regional
de Odontologia (CRO). (AMORIM et al., 2016)

Um prontuário odontológico elaborado e atualizado apresenta eficiência


técnica, além de possibilitar que seja usado, caso seja necessário, em processos
civis, penais, éticos e de instrumento para consulta na identificação humana.
(AMORIM et al., 2016)

Termo de Consentimento

É necessário obter um termo de consentimento por escrito do paciente antes


da fotografia. O consentimento deve incluir uma declaração de que as
fotografias são parte do prontuário do paciente e que as fotografias podem
ser usadas para apresentações, palestras e apresentações. O consentimento
deve ser parte do prontuário do paciente. (NAIR; SANTHANAM, 2016)

No entanto, sempre que reproduzido, deve-se ter cuidado para que a


identidade do paciente não seja revelada através das fotografias. Além disso, os
clínicos devem ser sensíveis ao fato de que alguns pacientes podem não
querer ser fotografados e podem não concordar com o mesmo. (NAIR;
SANTHANAM, 2016)

Prepraração do Paciente

Cabelo

O cabelo do paciente deve ser escondido


ou amarrado, de modo que nenhuma das
características faciais seja ocultada. Os fios
de cabelo que caem no rosto dos lados
devem ser cuidadosamente escondidos
atrás da orelha. Pode valer a pena ter
alguns grampos de cabelo descartáveis na
clínica, que devem ser usados com
precisão para esse fim.
(NAIR; SANTHANAM, 2016)

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Maquiagem

É ideal que qualquer paciente que seja fotografado esteja livre de maquiagem.
Uma maquiagem mínima pode ser aceitável desde que não interfira na
aparência do paciente. Além disso, quaisquer peças de vestuário ou acessórios,
como lenços que interfiram com a pose requerida ou a visibilidade da área a
ser fotografada, devem ser removidos ou reposicionados. Joias devem ser
removidas antes de fotografar para manter a uniformidade. (NAIR;
SANTHANAM, 2016)

A seguir apresentamos um protocolo fotográfico que permite a avaliação e


comparação de resultados de um tratamento com fios de sustentação. (NAIR;
SANTHANAM, 2016)

Posição do Paciente

A maioria das fotografias externas são tomadas no paciente em posição


anatômica, a menos que o objeto de interesse esteja escondido nessa posição.
Um conjunto de cinco fotografias formam as fotografias essenciais absolutas
para qualquer paciente que visite um cirurgiã-dentista em qualquer
tratamento facial. Este conjunto de cinco fotografias forma um dos pilares da
fotografia facial e é obrigatório em todas as consultas. (NAIR; SANTHANAM,
2016)

Pequenas variações no posicionamento do pescoço podem afetar a


interpretação fotográfica; Tais como a extensão do pescoço ou a protrusão
da cabeça e pode aparentemente esticar a linha da mandíbula e reduzir a
aparência do tecido gorduroso submental. (NAIR; SANTHANAM, 2016)

Uma visão geral de uma


proposta de como um pequeno
estúdio pode ser configurado.

É necessário um fundo
uniforme. A câmera é colocada
no topo de um tripé em uma
posição fixa.

Observe a angulação de 45 °
entre as duas softboxes e a
câmera (eixo central).
(NAIR; SANTHANAM, 2016)

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Vista frontal

O plano de Frankfurt é um plano que passa pela margem orbital inferior e a


margem superior de cada canal auditivo ou meato auditivo externo. Este plano
é escolhido porque a borda orbital inferior é um marco ósseo facilmente
palpável que pode ser facilmente identificado. O plano deve estar paralelo ao
solo. (NAIR; SANTHANAM, 2016)

Vista oblíqua (direita e esquerda)

Do ponto de vista frontal, o corpo do paciente é girado 45 ° para o fotógrafo


e este é convidado a olhar para a frente. Deve deixar-se uma faixa estreita
de bochecha para afastar o nariz do fundo. Neste caso também, o plano de
Frankfurt é mantido horizontal e o paciente deverá olhar pra frente. Um erro
comum que pode ser cometido ao clicar na visão oblíqua é pedir ao paciente
para virar o seu rosto 45 ° e disparar as fotos. Isso é incorreto, já que o corpo
inteiro do paciente deve ser girado 45 ° para o fotógrafo e as fotografias
devem ser capturadas em ambos os lados, de modo que os lados direito e
esquerdo sejam documentados. (NAIR; SANTHANAM, 2016)

Vista lateral (direita e esquerda)

Do ponto de vista frontal, o corpo inteiro do paciente girou 90 ° de modo a


alinhar a ponta nasal e o queixo. Nesta posição, a cabeça deve estar em sua
posição anatômica sem inclinação lateral, flexão ou extensão. A sobrancelha
contralateral não deve ser visível. O paciente é convidado a olhar para a
frente e as fotografias são feitas pedindo ao paciente para assumir uma
expressão de face neutra, mantendo uma posição de cabeça relaxada e
natural, a menos que seja para avaliar as contrações musculares. (NAIR;
SANTHANAM, 2016)

(Da esquerda para a direita)


Lateral esquerdo, oblíqua esquerda, vista frontal, oblíqua direita, lateral esquerda
(NAIR; SANTHANAM, 2016)

20
ANATOMIA MUSCULAR DA FACE
Os músculos da face não possuem fáscia muscular. Se inserem na cútis e
também na mucosa (por isso são chamados de cuticulares). A contração
muscular movimenta a área da pele que estão fixados, produzindo depressões
em forma de linhas (fossas também) perpendiculares à direção das fibras
musculares, que com o tempo se transformam em pregas (rugas) (MADEIRA,
2013).

21
Músculo Origem Inserção Função
Quase todo cutâneo; Comprime os lábios
Pele e mucosa dos lábios;
Orbicular da boca fóveas incisivas da maxila contra os dentes; fecha
septo nasal
e mandíbula a boca; protraí os lábios

Levantador do lábio Margem infra-orbital Lábio superior Levanta o lábio superior


superior
Asa do nariz e lábio
Levantador do lábio Processo frontal da Asa do nariz e lábio superior levanta o lábio
superior e asa do nariz maxila superior superior e a asa do
nariz (dilata a narina)

Zigomático menor Osso zigomático Lábio superior Levanta o lábio superior

Levantador do ângulo Levanta o ângulo da


Fossa canina da maxila Ângulo da boca
da boca boca

Levanta e retrai o ângulo


Zigomático maior Osso zigomático Ângulo da boca
da boca

Pele da bochecha e
Risório Ângulo da boca Retrai o ângulo da boca
fáscia massetérica

Processos alveolares da Distende a bochecha e


maxila e da mandíbula na a comprime de
Bucinador Ângulo da boca
região molar; ligamento encontro aos dentes;
pterigomandibular retrai o ângulo da boca

Base da mandíbula
Abaixador do
(região molar ao Ângulo da boca Abaixa o ângulo da boca
ângulo da boca
tubérculo mentoniano)

Base da mandíbula, acima


Abaixador do
da origem do depressor Lábio inferior Abaixa o lábio inferior
lábio inferior
do ângulo da boca

Fossa mentoniana acima Enruga a pele do mento;


Mentoniano Pele do mento
do tubérculo mentoniano everte o lábio inferior

Enruga a pele do
Platisma Base da mandíbula Pele do pescoço
pescoço

Quase todo cutâneo;


Orbicular Pálpebras e pele Fecha as pálpebras e a
ligamentos palpebrais;
do olho periorbital comprime contra o olho
lacrimal e maxila

Pele do supercílio; Puxa a pele da fronte


Occipitofrontal Aponeurose epicraniana
região occipital para cima

Puxa a pele da glabela


Prócero Osso nasal Pele da glabela
para baixo

Corrugador do supercílio Margem supra-orbital Pele da extremidade Puxa a superfície


do frontal lateral do supercílio medialmente

Comprime a narina
Nasal Eminência narina Dorso do nariz (parte transversa); dilata a
narina (parte alar)

(MADEIRA, 2013)

22
Músculo orbicular da boca: é o esfíncter da boca e está contido nos lábios,
formando a maior parte da sua substancia. Estende-se desde o nariz até o
sulco labiomentoniano. Apesar de não possuir inserção óssea, há quem
descreva pequenos feixes esqueléticos superior e inferior que se fixam nas
fóveas incisivas da maxila e da mandíbula e até os individualizam como
músculos incisivos (MADEIRA, 2013).

Suas fibras podem ser divididas em um grupo superior e outro que se


entrecruzam em ângulos agudos ao lado da comissura da boca. Muitas fibras
musculares (nem todas) inserem- se na mucosa e na pele dos lábios. Como
Resultado da inserção localizada de um forte feixe muscular, em algumas
pessoas, pequenas fossas são visíveis na pele do lábio (MADEIRA, 2013).

Um Consistente feixe de fibras do grupo superior alcança o septo nasal e isto


é o bastante para alguns autores batizarem-no como músculo depressor do
septo (MADEIRA, 2013).

As Inserções ósseas do musculo orbicular da boca no processo alveolar


podem ter alguma influência nas moldagens e colocação de prótese
(MADEIRA, 2013).

Músculo levantador do lábio superior: origina-se na margem infra-orbital, logo


acima do forame infra-orbital, onde se encontra coberto pelo músculo
orbicular do olho. Desse lugar as suas fibras descem obliquamente para se
inserirem na metade lateral do lábio superior, quase atingindo a zona
vermelha do mesmo. Muitas de suas fibras entrelaçam-se com fibras do
orbicular da boca. Situa-se entre os músculos levantador do lábio superior e
da asa do nariz e zigomático menor, com os quais se acha parcialmente
fusionado (MADEIRA, 2013).

Músculo levantador do lábio superior e da asa do nariz: longo, delgado,


entende-se do processo frontal da maxila ao nível do ângulo do olho até o
lábio superior. Antes de atingi-lo envia fibras para a pele da asa do nariz.
Também se acha parcialmente coberto por fibras do orbicular do olho.
(MADEIRA, 2013).

Músculo zigomático menor: um delgado músculo que se situa ao lado do


levantador do lábio superior. Fixa-se no corpo do osso zigomático,
medialmente ao músculo zigomático maior e dirige-se à pele do lábio
superior. Como Variação pode se fusionar com os músculos que ficam a seus
lados ou pode estar ausente. Juntamente com os dois elevadores do lábio, sua
função é colaborar nesse movimento de ascensão (MADEIRA, 2013).

23
Músculo levantado do ângulo da boca: é bem desenvolvido, porém mais curto
que os três músculos precedentes. Sua fixação óssea é na fossa canina,
portanto abaixo do forame infra-orbital. Posiciona-se verticalmente e termina
no ângulo da boca, entrelaçando suas fibras com as de outros músculos que
nele também se inserem. É totalmente coberto pelo levantador do lábio
superior. Entre o levantador do ângulo da boca e os três músculos elevadores
do lábio superior há uma certa quantidade de tecido conjuntivo frouxo, no
qual correm vasos e nervo infra-orbitais (MADEIRA, 2013).

Músculo zigomático maior: é uma longa e bem desenvolvida fita muscular


cuja origem óssea é na face lateral do osso zigomático atrás do zigomático
menor. Daí dirige-se para baixo e para dentro cruzando fibras superiores do
musculo bucinador, das quais é separado pelo corpo adiposo da bochecha, e
se insere na comissura da boca. É conhecido também como o músculo do
riso por causa da sua ação de levar para cima e para fora a comissura, dando
à boca uma conformação arqueada (MADEIRA, 2013).

Músculo risório: é muito tênue, com feixes separados uns dos outros,
frequentemente ausente. Pode estar ligado às fibras posteriores do músculo
platisma ou surgir independentemente da fáscia massetérica ou da fáscia
parotídea. Nestas áreas suas fibras podem se agarrar também à pele e
durante a contração produzir uma fossa (covinha) na bochecha. Como o
risório termina no ângulo da boca, o qual retrai lateralmente, não tem
nenhuma fixação óssea (MADEIRA, 2013).

Músculo bucinador: é o músculo da bochecha situado entre a pele e a


mucosa. Está preso à mucosa, mas separado da pele pela tela subcutânea, que
é abundante neste local. Origina-se, em cima e em baixo, na região molar do
processo alveolar da maxila e da mandíbula (ao longo da base do processo
alveolar). Posteriormente ele é continuo com o musculo constritor superior
da faringe, do qual está separado apenas pelo ligamento pterigomandibular,
que se estende do hámulo pterigoideo ao trígono retromolar. A partir desta
origem óssea e ligamentosa as fibras, em feixes não paralelos, entre si, chegam
ao ângulo da boca e se confundem com as fibras do orbicular da boca. É
peculiar o modo de inserção do bucinador, muitas de suas fibras superiores
ultrapassam o ângulo da boca e invadem o lábio superior. Outra peculiaridade
do bucinador é ser perfurado pelo ducto parotídeo, que se abre no vestíbulo
da boca, e por ramos do nervo bucal, que se dirigem à mucosa da bochecha.
Como retrator do ângulo da boca torna-se antagonista do orbicular da boca.
Sua função principal, entretanto, é manter a bochecha distendida durante todas
as fases de abertura e fechamento da boca, evitando que ela se dobre e seja
ferida pelos dentes. Ademais, empurra até o arco dental o alimento situado
no vestíbulo, colaborando no ato da mastigação. Age também no sopro e na
sucção (MADEIRA, 2013).

24
Músculo depressor do ângulo da boca: bastante superficial, cobre parte do
depressor do lábio inferior e do bucinador. Tem sua origem na base da
mandíbula entre as origens dos músculos platisma e depressor do lábio
inferior, numa linha que vai da região molar ao tubérculo mentoniano. Como
sua origem é larga e a inserção é reduzida no ângulo da boca, toma o
aspecto de um triangulo de base inferior (MADEIRA, 2013).

Este é, portanto, mais um músculo que termina no ângulo da boca; as


inserções de todos eles determinam o aparecimento de um nódulo tendinoso
nessa área, também conhecido como modíolo (MADEIRA, 2013).

Além de puxar a comissura da boca para baixo, este músculo consegue


retrai-la um pouco (MADEIRA, 2013).

Músculo depressor do lábio inferior: é um músculo quadrilátero, com a linha


de origem imediatamente acima da linha de origem do depressor do ângulo
da boca. Daí os feixes de fibras seguem obliquamente até o lábio, onde se
inserem. A parte látero inferior do músculo é inteiramente oculta pelo
depressor do ângulo da boca. Ambos os músculos cobrem, de cada lado, o
forame mentoniano e seu conteúdo (MADEIRA, 2013).

Músculo mentoniano: ambos os mentonianos situam-se num espaço triangular


de base inferior formado pelas margens mediais dos músculos depressores do
lábio inferior. Sua origem óssea é na fossa mentoniana, acima do tubérculo
mentoniano. Dirige-se para frente e agarra-se firmemente na cútis do mento,
onde às vezes aparece uma depressão permanente (covinha). Sua inserção faz
acentuar o sulco labiomentoniano (MADEIRA, 2013).

Músculo platisma: não se trata propriamente de um músculo peribucal, apesar


de se prender na mandíbula, imediatamente abaixo do depressor do ângulo
da boca e frequentemente enviar fibras até a bochecha (MADEIRA, 2013).

É uma lâmina muscular longa, larga e fina que cobre a maior parte das
regiões lateral e anterior do pescoço, chegando a cruzar a clavícula e
terminar na região infraclavicular (MADEIRA, 2013).

Insere-se na pele de toda essa área e a enruga.


Os demais músculos da face são o orbicular do olho, occiopitofrontal, prócero,
corrugador do supercílio e nasal (MADEIRA, 2013).

Os músculos auriculares são atrofiados e sem importância.

25
Músculo orbicular do olho: colocado em torno do olho, excede grandemente
os limites da órbita. Recobre músculo próximos nas regiões frontal, temporal
e geniana. É quase todo cutâneo, prendendo-se somete nos ligamentos
palpebrais medial e lateral e em dois pontos ósseos na maxila e no lacrimal.
Suas partes principais são a palpebral e a orbital (MADEIRA, 2013).
Por sua contração fecha as pálpebras e as comprime para dentro. É o
responsável pelo aparecimento das rugas conhecidas como “pé de galinha”
(MADEIRA, 2013).

Músculo occipitofrontal: é um músculo do couro cabeludo com um ventre


frontal e outro occipital unidos pela aponeurose epicraniana, que é cobertura
tendinosa do crânio. O ventre frontal insere-se na pele do supercílio e da raiz
do nariz. Muitas de suas fibras se entrelaçam e se unem às dos músculos
adjacentes. Eleva os supercílios e dobra a pele da fronte em sulcos horizontais
(MADEIRA, 2013).

Músculo prócero: é pequeno, vertical, nasce do osso nasal e é vizinho do


orbicular do olho e do frontal, ao qual está quase sempre unido. Insere-se na
pele da glabela, entre os supercílios, pelo esta que ele traciona para baixo
durante a sua ação (MADEIRA, 2013).

Músculo corrugador do supercílio: é um músculo quase horizontal que nasce


no osso frontal e termina na extremidade lateral do supercílio. É recoberto
pelo orbicular do olho e frontal. Tem este nome porque provoca rugas
verticais na glabela ao tracionar medialmente os supercílios (MADEIRA, 2013).

Músculo nasal: toma origem óssea na base do processo alveolar próximo à


abertura piriforme. É dividido em parte transversa (ou compressor da narina)
que se estende ao dorso do nariz, unindo-se com o do lado oposto, e parte
alar (ou dilatador da narina), um feixe bem menor que se prende na
circunferência lateral na narina. Suas denominações de compressor e
dilatador indicam as suas próprias funções (MADEIRA, 2013).

26
TESTE DE FIXAÇÃO
Complete à frente de cada número o nome do músculo de acordo com a imagem abaixo:

10

11

12

13

14

15

16

17

27
ROTEIRO DE PINTURA FACIAL
1 - Osso zigomático até o processo zigomático da maxila

2 - Forames zigomático, mentoniano, infraorbitário

3 - Orbicular dos olhos (1 cm de órbita)

4 - Músculo temporal (passa por baixo do arco zigomático)

5 - Músculo masseter profundo (reto em direção ao arco zigomático)

6 - Músculo masseter superficial (45 - em relação ao osso zigomático com


processo da maxila)

7 - Músculo levantador da asa do nariz e lábio superior (Sai da glabela,


tangencia o nariz e termina no orbicular da boca).

8 - Levantador do lábio superior.

9 - Zigomático menor.

10 - Elevador do ângulo da boca.

11 - Zigomático maior

12 - Depressor do septo

13 - Risório

14 - Nasal

15 - Prócero

16 - Corrugador do supercílio

17 - Fronto-occiptal

18 - Mentual

19 - Depressor do lábio inferior

20 - Depressor do ângulo da boca

21 - Platisma

28
Noções de Toxina Botulínica
A toxina otulínica, também chamada de "veneno milagroso", é uma das
substâncias biológicas mais venenosas conhecidas. É uma neurotoxina produzida
pela bactéria Clostridium botulinum, uma cepa anaeróbica, gram-positiva,
formadora de esporos comumente encontrada em plantas, no solo, na água
e nos tratos intestinais de animais. A primeira aplicação em humanos foi
verificada a eficácia, da toxina botulínica tipo A, para o manejo do estrabismo
em seres humanos (BRIN 2013).

Posterior à aplicação em estrabismo a toxina botulínica demonstrou-se eficaz


no tratamento de inúmeros distúrbios da espasticidade e uma série de outras
condições (CHAO, 2007).

Em 2002, a FDA aprovou o uso de Botox® (toxina botulínica-A - Allergan) com


a finalidade cosmética de reduzir temporariamente as linhas de expressão da
testa (BURGEN, 2004)

Estrutura molecular da Toxina Botulínica Tipo A

29
Mecanismo de Ação

Todos os sorotipos interferem na transmissão neural bloqueando a liberação


de acetilcolina, que é o principal neurotransmissor na junção neuromuscular
(BRIN 2013).

A administração intramuscular de toxina botulínica atua na junção


neuromuscular causando paralisia muscular, inibindo a liberação de acetilcolina
a partir de neurônios motores pré-sinápticos (CHAO, 2007).

As toxinas botulínicas atuam em quatro locais diferentes do corpo: junção


neuromuscular, gânglios autonômicos, terminações nervosas parassimpáticas
pós-ganglionares e terminações nervosas simpáticas pós-ganglionares que
liberam acetilcolina (CHAO, 2007).

A cadeia pesada (H) da toxina se liga selectivamente e irreversivelmente a


receptores de alta afinidade na superfície pré-sináptica de neurônios
colinérgicos e o complexo toxina-receptor é absorvido para a célula por
endocitose. A ligação dissulfureto entre as duas cadeias é clivada e a toxina é
liberada para o citoplasma. A cadeia leve (L) interage com diferentes proteínas
(proteína associada sinaptosomal (SNAP), proteína de membrana associada à
vesícula e sintaxina) nos terminais nervosos para evitar a fusão de vesículas de
acetilcolina com a membrana celular (CHAO, 2007).

O pico do efeito paralisante ocorre quatro a sete dias após a injeção. As doses
de todas as toxinas botulínicas comercialmente disponíveis são expressas em
termos de unidades de atividade biológica. Uma unidade de toxina botulínica
corresponde à dose líquida mediana intraperitoneal calculada (LD50) em
camundongos Swiss-Webster feminino (CHAO, 2007).

Os terminais nervosos afetados não degeneram, mas o bloqueio da liberação


do neurotransmissor é irreversível. A função pode ser recuperada pelo
surgimento de novos terminais nervosos e pela formação de novos contatos
sinápticos; Isso geralmente leva de dois a três meses (CHAO, 2007).

A toxina botulínica induz a fraqueza dos músculos estriados pela inibição da


transmissão de neurônios motores alfa na junção neuromuscular. Isso levou
ao seu uso em condições com hiperatividade muscular, como a distonia (BRIN,
2013).

A transmissão também é inibida em neurônios gama em fusos musculares, o


que pode alterar a hiperatividade do reflexo (MUNCHAU, 2007).

30
A toxina também inibe a liberação de acetilcolina em todos os neurônios
simpáticos, parasimpáticos e colinérgicos pós-ganglionares. Isso gerou interesse
em seu uso como tratamento para músculos lisos hiperativos (por exemplo,
na acalasia) ou atividade anormal das glândulas (por exemplo, hiperidrose)
(MUNCHAU, 2007).

A toxina requer 24 a 72 horas para produzir efeito, refletindo o tempo


necessário para perturbar o processo sinaptosomal. Em circunstâncias muito
raras, alguns indivíduos podem exigir até cinco dias para que o efeito total seja
observado. O efeito máximo da toxina botulínica dura de 8 a 12 semanas
(MUNCHAU, 2007).

Exposição à Toxina Botulínica

Cadeia leve quebra


proteínas SNARE
Endocitose da
Toxina Botulínica
Tipos B, D, F, G
Tipos A, C, E O complexo SNARE
Cadeia Leve não se forma
Tipo C
Cadeia Pesada
A membra
não se funde

Toxina Botulínica
Neurotransmissor
não liberado
Célula Muscular
Fibra Muscular Paralisada

31
32
Pontos de Aplicação

33
Guia de orientações para pontos de injeções de doses
34

SUDARAM H et al, 2016


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