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Instalações

Prediais de
Esgoto –
Soluções
alternativas
Professora: Andréa Rodrigues
andrea.carla@professor.ufcg.edu.br
• O esgoto doméstico deve ser tratado e afastado de maneira que as
seguintes condições sejam satisfeitas:

– nenhum manancial destinado ao abastecimento domiciliar corra perigo de poluição;


– não sejam prejudicadas as condições de uso de praias e outros locais de recreio e esporte;
– não haja perigo de poluição de águas subterrâneas;
– não sejam observados odores desagradáveis, presença de insetos e outros inconvenientes;
– não haja poluição do solo capaz de afetar direta ou indiretamente pessoas e animais.

Introdução
Características do esgoto doméstico
Constituição
Os esgotos domésticos são Aspecto visual
constituídos de 99% de água, Microrganismos
partículas sólidas em Possuem alcalinidade, devido
suspensão e ar dissolvido. ao uso de detergentes. Sua
coloração se altera de cinza Os esgotos contém grande
para escuro à medida que quantidade de bactérias
ocorre a fermentação patogênicas e não
aeróbica, com a redução do patogênicas. Há presença de
oxigênio dissolvido e microorganismos
exalação de mau cheiro patogênicos pode causar
devido à formação de gases. enfermidades como: cólera,
hepatite infecciosa,
tuberculose, tifo, etc.
Exigências a serem observadas no projeto
ESGOTOS
SOLUÇÕES SANITÁRIAS
DOMÉSTICOS

sistemas individuais sistemas coletivos ETE

sem água com água Fossa séptica

privada com fossa seca


privada com fossa estanque no solo em água de superfície
privada com fossa de
fermentação Sumidouro Valas de filtração
privada química Valas de infiltração Filtro anaeróbico

fossa negra (Pós-tratamento)


SOLUÇÕES NÃO- privada sobre curso d’água
SANITÁRIAS privada sem fossa
privada de vaso sanitário
Destino dos esgotos: Soluções
não sanitárias

Privada Privada de
Privada sem
Fossa negra sobre curso vaso
fossa
de água sanitário
É o nome dado a É constituída É constituída É aquela na
toda fossa de uma de uma casinha qual o
destinada a casinha a sobre estacas à efluente é
dejetos e pequena beira do córrego, lançado na
efluentes de altura do geralmente superfície
tanques sépticos solo. Os próxima de do solo,
que atinja dejetos são barracos. Os geralmente
diretamente o lançados dejetos são em
lençol diretamente lançados pequenas
subterrâneo de na superfície diretamente valas.
água do solo. dentro da água.
Soluções sanitárias sem transporte hídrico
(comunidades rurais)

Privada com fossa


seca

É uma fossa
escavada no solo
destinada a receber
os dejetos
diretamente sem
descarga de água.
Soluções sanitárias sem transporte hídrico
(comunidades rurais)

Localização de
uma fossa seca

A distância
mínima de
segurança de
poços,
estimada em
15 metros.
Soluções sanitárias sem transporte hídrico
(comunidades rurais)
Privada com fossa Consta essencialmente de
duas câmaras (tanques)
estanque contíguas e independentes
destinadas a receber os
dejetos. É adotada em
zonas de lençol muito
superficial, zonas rochosas,
É constituída por um terrenos facilmente
tanque de concreto ou desmoronáveis e locais
alvenaria, destinado a onde há perigo de poluição
receber os dejetos, de poços de água.
diretamente, sem descarga
de água, em condições
idênticas à privada de fossa
seca. O tanque deverá ser
perfeitamente Privada com fossa de
impermeabilizado. fermentação
Soluções sanitárias sem transporte hídrico
(comunidades urbanas)

Privada química

É constituída de um
tanque cilíndrico de aço
inoxidável, contendo
soda cáustica (NaOH),
destinado a receber os
objetos diretamente de
uma bacia sanitária
comum. Usado em
obras, transportes, etc.
Soluções sanitárias com transporte hídrico
FOSSAS SÉPTICAS

CONCEITO AÇÃO DAS BACTÉRIAS


• Nas fossas sépticas, as águas servidas
sofrem a ação das bactérias • Durante o processo, depositam-se, no
anaeróbias. Sob ação dessas bactérias, fundo da fossa, as partículas minerais
parte da matéria orgânica sólida é sólidas (lodo) e forma-se, na superfície
convertida em gases ou em do líquido, uma camada de escuma ou
substâncias estáveis que, dissolvidas crosta constituída de substâncias
no líquido contido na fossa, são insolúveis mais leves que contribui
esgotados e lançados nos terrenos ou para evitar a circulação do ar,
destinadas a um pós-tratamento.
facilitando a ação das bactérias.
Funcionamento de uma fossa séptica
Partes constituintes de uma fossa
séptica retangular
Partes constituintes de uma fossa
séptica circular
Localização de fossa séptica Os poços
A localização da fossa séptica devem sépticos devem
ser localizados, e
observar as seguintes distâncias
preferência, na
horizontais mínimas: frente das
edificações. Isto
1,50 m de construções, limites de facilita a limpeza
terreno, sumidouros, valas de e a futura
infiltração e ramal predial de água; ligação.

3,0 m de árvores e de qualquer ponto


de rede pública de abastecimento de
água.

15,0 m de poços freáticos e de corpos


de água de qualquer natureza.
Especificações da norma
A norma 7229/93 – Projeto, construção e instalação de fossas
sépticas e disposição dos efluentes finais – orienta a
construção de fossas sépticas.

A norma recomenda a utilização dos seguintes tipos de Fossas:

a) Fossa de Câmara Única: São constituídas de compartimento


único, cilíndrico ou prismático.

b) Fossa de câmaras em série: São constituídas de dois ou mais


compartimentos interligados. É indicada quando o efluente exige
baixo teor de sólidos em suspensão.

c) Fossa de câmaras sobrepostas: São constituídas de


compartimentos distintos, nos quais ocorrem independentemente a
decantação e a digestão das partículas sólidas.
Dimensionamento de fossas de câmara
única
O volume útil é calculado pela fórmula:

V = 1000 + N (CT + KLf)

onde:
V = volume útil, em litros;
N = número de contribuintes (Tabela 1);
C = contribuição de despejos (litros/pessoa por dia) (Tabela 1)
T = período de detenção em dias (Tabela 2);
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias,
equivalente ao tempo de acumulação de lodo fresco (ver Tabela 3)
Lf = contribuição de lodo fresco (litros/pessoa por dia) (Tab.1)
Dimensionamento de fossas de câmara
única
Tabelas estabelecidas pela NBR 7229/93 para dimensionamento de fossas de câmara única
Dimensionamento de fossas de câmara
única
Tabelas estabelecidas pela NBR 7229/93 para dimensionamento de fossas de câmara única

O emprego de câmaras múltiplas em


série é recomendado especialmente para
os tanques de volumes pequeno a médio,
servindo até 30 pessoas.
Relações entre dimensões das fossas
 Para as fossas cilíndricas:

a) diâmetro interno mínimo (d) = 1,10 m


b) profundidade útil mínima (h) = 1,20 m
c) d ≤ 2h O volume mínimo
admissível é de 1.250
 Para as fossas prismáticas retangulares: litros.

a) largura interna mínima (b) = 0,70 m


b) relação entre comprimento (L) e largura (b): 2 ≤ L/b ≤ 4
c) profundidade útil mínima (h) = 1,20 m ou Tabela 4
d) b ≤ 2h
Exercitando ...
Exemplo 1: Dimensione uma fossa séptica de câmara única para
atender a 320 pessoas de um prédio de apartamentos padrão alto.

Numero de pessoas: N = 320 pessoas


Contribuição de despejo: C = 160 l/dia (Tab. 1)

1) Cálculo do volume útil da fossa:


V = 1000+N(CT + KLf)
V = 1000+320 [(160 x 0,50) + (65 x 1)]
V = 47.400ℓ

2) A escolha da forma da fossa fica a critério do projetista


Forma escolhida: prismática retangular
Exercitando ...
3) Adota-se uma profundidade útil respeitando os limites dados pela norma
Profundidade adotada: 2,00 m (1,8 m < h < 2,8m)

4) A partir da forma e da profundidade obtém-se a área da fossa:


A = V/h = 48/2 = 24 m2

5) Adota-se uma largura respeitando os limites dados pela norma (b< 2h)
Comprimento adotado: b = 3 m

6) A partir da largura obtém-se o comprimento da fossa: L = A/b = 24/3 = 8 m

7) Verificação das dimensões obtidas (relação comprimento/largura)


2 ≤ L/b ≤ 4  L/b = 8/3 = 2,67  2 ≤ 2,67 ≤ 4 (ok!!)
Valas de infiltração
Conceito
São valas destinadas a receber o
efluente da fossa séptica, através
de tubulação convenientemente
instalada, e a permitir sua
infiltração em camadas
subsuperficiais de terreno.

Podem ser recomendadas


quando se dispuser de áreas de
dimensões suficientemente
grandes e solo com
permeabilidade favorável a
percolação do efluente líquido.
Valas de infiltração
Detalhes construtivos
Em valas escavadas no terreno com
profundidade entre 0,60 e 1,0 m, largura
mínima de 0,50 e máxima de 1,0 m,
devem ser assentados tubos de
drenagem de, no mínimo, DN 100 mm.

A tubulação mencionada acima deve ser


envolvida em material filtrante
apropriado e recomendável para cada
tipo de tubo de drenagem empregado

Deve haver pelo menos duas valas de


infiltração para disposição do efluente de
uma fossa séptica.
Valas de infiltração
Detalhes construtivos
O comprimento máximo da vala é
de 30,0 m e é determinado em
função da capacidade de absorção
do terreno, devendo ser
considerada como superfície útil
de absorção a do fundo da vala.

O espaçamento mínimo entre as


laterais de duas valas de
infiltração é de 1,0 m.
Valas de infiltração
Valas de infiltração
Valas de Filtração
Conceito
Unidade complementar de tratamento de
efluente da fossa séptica, por filtração,
constituída de tubulação e leito filtrante.

O efluente da fossa séptica é conduzido à


vala de filtração através de tubulação
com DN de 100mm e a sua extensão
mínima deve ser de 1m para cada 25
litros/dia de contribuição.

As valas de filtração devem ter a


extensão mínima de 6m, não sendo
admissível menos de duas valas para o
atendimento de uma fossa séptica.
Valas de Filtração
Valas de Filtração
Detalhes construtivos
A profundidade da vala é de 1,20 a 1,50 m e a
largura na soleira é de 0,50 m.

A canalização receptora é envolvida por uma


camada de brita, vindo em seguida de uma
camada de areia grossa de espessura não
inferior a 0,50 m, que se constitui no leito
filtrante.

A tubulação de distribuição do efluente deve


ser assentada sobre a camada de areia. Assim,
uma camada de cascalho ou pedra britada é
colocada sobre a tubulação de distribuição,
recoberta em toda a extensão da vala.
Sumidouro

Conceito
• É um poço destinado a
receber o efluente da fossa
séptica e a facilitar sua
infiltração subterrânea. A
disposição através de
sumidouro pode ser feita
quando o solo for O sumidouro tem a função
suficientemente permeável e de infiltrar o esgoto no solo.
quando as águas subterrâneas Assim, não interessa seu
volume, e sim a área de
não vierem a ser poluídas por
contato entre o solo e as
esses efluentes.
suas paredes.
Sumidouro
Detalhes construtivos
As lajes de cobertura dos sumidouros
devem ficar ao nível do terreno,
construídas em concreto armado, e
dotadas de aberturas de inspeção
com tampão de fechamento
hermético.

As dimensões do sumidouro são


determinadas em função da
capacidade de absorção do terreno,
devendo ser considerada como
superfície útil de absorção a do fundo,
a das paredes laterais, até o nível de
entrada do efluente da fossa.
Sumidouro
Detalhes construtivos

A altura útil do sumidouro deve


ser determinada de modo a
manter distância vertical mínima
de 1,50 m entre o fundo do poço e
o nível máximo do lençol freático.

O menor diâmetro do sumidouro


deve ser de 0,30 m.
Sumidouro
Critérios estabelecidos pela NBR 13969/97 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento
complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação
Conceitos necessários para o
dimensionamento de sumidouro
Capacidade de absorção do solo
No dimensionamento dos sumidouros e das valas de
infiltração e filtração é imprescindível a determinação da
capacidade de absorção do solo

Conceito
Esta capacidade de infiltração é representada pelo coeficiente
de infiltração do solo (CI), que pode ser obtido através de
ensaios de campo
Coeficiente de Infiltração (CI)
Tabela 5 – Possíveis faixas de variação de coeficiente de infiltração.

Coeficiente de infiltração (L/m2


Faixa Constituição aprovável dos solos
por dia)
Rochas, argilas compactas de cor branca, cinza ou preta,
1 variando a rochas alteradase argilas mediamente menor que 20
compactas, de cor avermelhada
Argilas de cor amarela, vermelha ou marrom, mediamente
2 20 a 40
compacta, variando a argilas, pouco siltosas e/ou arenosas

Argilas arenosas e/ou siltosas, variando a areia argilosa ou


3 40 a 60
silte argiloso de cor amarela, vermelha ou marrom
Areia ou silte pouco argilosa, ou solo arenoso com humus
4 e turfas, variando a solos constituídos predominantemente 60 a 90
de areias e siltes
Areia bem selecionada e limpa, variando a areia grossa
5 maior que 90
com cascalhos
Determinação do CI
Dimensionamento de sumidouro e
valas de infiltração
Com o valor do CI do solo, pode-se dimensionar o
sumidouro e valas de infiltração da seguinte forma :

A = V/CI

No sumidouro é
onde:
considerada como área de
A = Área de infiltração necessária em metros
infiltração a área lateral e a
quadrados, para sumidouro ou vala de
área do fundo, enquanto
infiltração;
que nas valas de infiltração
V = Volume de contribuição diária em litros/dia;
somente o fundo da vala
CI = Coeficiente de infiltração em litros/metro
deve ser levado em
quadrado x dia. Obtido no gráfico do ensaio.
consideração.
Exercitando ...
Exemplo 2: Determinar as dimensões de um sumidouro para uma habitação
destinada a oito pessoas, sabendo-se que o nível máximo do lençol freático
está a 6,15 m de profundidade.

Dados: Coeficiente de infiltração = 71 litros/m2 por dia


Cota de entrada do afluente: 0,85 m

1) Cálculo do volume do sumidouro:


V = NC = 8 x 150 = 1.200 litros /dia
CI = 71 litros /m2 por dia
A = V / CI = 1.200/71 = 16,90 m2
Exercitando ...
2) Adotando-se um sumidouro cilíndrico de 1,50m de diâmetro, tem-se:

Área do fundo: . R2 = 3,14 x 0,752 = 1,76 m2


Área lateral: 16,90 – 1,76 = 15,14 m2

3) A partir da área lateral obtém-se a profundidade do sumidouro:


Al = 2. .R.h = 2 x 3,14 x 0,75 x h = 15,14
h=3,21 m  h≈3,25 m

4) sabendo que a cota de entrada do efluente é de 0,85 m tem-se:


Htotal = 3,25 + 0,85 = 4,10 m

OBS: Como o lençol freático encontra-se a 6,15 m de profundidade, o sumidouro com 4,10 m
de altura está dentro do recomendado pela norma que é uma distancia mínima de 1,5 m do corpo
d’água.
Filtro anaeróbio
Conceito e dimensões
Unidade de tratamento biológico do efluente da
fossa séptica de fluxo ascendente, em condições
anaeróbias, cujo meio filtrante mantém-se
afogado.

O filtro anaeróbio deve estar contido em um


tanque de forma cilíndrica ou prismática, de
seção quadrada, com fundo falso perfurado. A
profundidade útil (h) do filtro anaeróbio é de 1,80
m para qualquer volume de dimensionamento

O leito filtrante deve ter altura (a) igual a 1,20 m,


que é constante para qualquer volume obtido no
dimensionamento. O material filtrante deve ter a
granulometria mais uniforme possível, podendo
ser adotada a pedra britada n° 4.
Disposição pós-fossa
Disposição pós-fossa (NBR 7229/93)

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