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Guia do Participante

Oficina do Plano de Manejo


Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

Foto: Manoel Delvo

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

Foto: João Rosa Maio/2023


Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Missão do ICMBio
A missão do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade é proteger o patrimônio natural e
promover o desenvolvimento socioambiental.

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CONTEÚDO DO GUIA

AGENDA DA OFICINA.............................................................................................................................................................................6
FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.................................................................................................................................7
CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS.........................................................................................9
PLANO DE MANEJO.............................................................................................................................................................................44
O PROPÓSITO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.................................................................................................................................47
SIGNIFICÂNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...............................................................................................................................52
RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS.............................................................................................................................................63
AVALIAÇÃO DE NECESSIDADES DE DADOS E PLANEJAMENTO...........................................................................................................73
ANÁLISE DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS.........................................................................................................................74
ANÁLISE DE QUESTÕES-CHAVE..........................................................................................................................................................78
ATOS LEGAIS, ADMINISTRATIVOS E NORMAS..................................................................................................................................106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................................................110

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de localização das Unidades de Conservação vinculadas ao NGI ICMBio Carajás ............................ 9
Figura 2: Paisagem típica do Parna dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ..................................................... 11
Figura 3: arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus). Foto: Carlos Alberto Coutinho/TG ............................ 12
Figura 4: Mapa de Localização do Parna dos Campos Ferruginosos ....................................................................... 13
Figura 5: Mapa com a localização e vias de acesso ao Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ........................ 13
Figura 6: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo ....................................... 15
Figura 7: Mapa com a demonstração da geomorlogia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos .................. 15
Figura 8: Mapa com os tipos de solos ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ......................... 16
Figura 9: Mapa ilustrativo com a hidrografia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ................................ 17
Figura 10: Floresta encontrada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ........................... 18
Figura 11: Mapa com a ilustração dos tipos de vegetação encontradas no Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos .......................................................................................................................................................... 19
Figura 12: Relação das espécies endêmicas localizadas nas cangas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Legenda: END - endêmica; CR - criticamente em perigo; EN - em perigo; VU - vulnerável; CKS - região de Carajás;
SE PA - sudeste do Pará. Fonte: SANTOS, et al. (2018). ......................................................................................... 20
Figura 13: Mapa das espécies ameaçadas ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ................... 21
Figura 14: onça parda (Puma concolor) clicada por Gustavo Pedro. Foto: Ancelmo.com ....................................... 22
Figura 15: Morcego (Desmodus rotundus). Foto: Pascual Soriano - UCSF/Veja...................................................... 23
Figura 16: Sanhaço-de-coleira (Schistochlamys melanopis). Foto: Renato Costa Pinto .......................................... 24
Figura 17: O jabuti (Rhinoclemys punctularia). Foto: Bernard Dupont. .................................................................. 25
Figura 18: Abelha (Bombus Terrestris). Foto: Jorge Araújo e David Germano ........................................................ 26
Figura 19: Atrativo natural (Banho do Camarão) do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel
Delvo ...................................................................................................................................................................... 27
Figura 20: Mapa com a localização dos sítios arqueológicos e cavernas do Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos .......................................................................................................................................................... 28
Figura 21: Vista panorâmica do platô do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo........... 29
Figura 22: Mapa com a localização de imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural, localizados no Parque
Nacional dos Campos Ferruginosos ........................................................................................................................ 31
Figura 23: Relação dos Autos de Infrações no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Fonte: NGI
Carajás/ICMBio ...................................................................................................................................................... 35
Figura 24: Gráfico – Áreas Afetadas por Incêndios Florestais no Interior do Parna dos Campos Ferruginosos ....... 36
Figura 25: Cachoeira do Meio Kilo localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo39
Figura 26: Cachoeira de Águas Claras no interior do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, um dos roteiros
consolidado do ecoturismo de Carajás. Foto: Manoel Delvo.................................................................................. 40
Figura 27: Mapa com a localização dos atrativos turísticos do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ......... 40
Figura 28: Gráfico com número de visitantes geral e em Águas Claras no Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos .......................................................................................................................................................... 41
Figura 29: Número de licenças SISBio para o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Pará, Brasil. ................. 43
Figura 30: Elementos do Plano de Manejo. Fonte: ICMBio (2018) .......................................................................... 45
Figura 31: Relação dos elementos do Plano de Manejo ......................................................................................... 46
Figura 32: Ilustração da flora do Parque Nacional dos Campos Ferruginos: Foto: João Rosa ................................. 47
Figura 33: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ........................... 48
Figura 34: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Fernando Tatagiba. ............................................... 49

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Figura 35: Parque Nacional da Amazônia. Foto: Léia Soares .................................................................................. 49
Figura 36: Monitoramento realizado pela equipe de brigadistas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Foto: Manoel Delvo................................................................................................................................................ 51
Figura 37: Parque Nacional do Iguaçu. Foto: oeco.com.br ..................................................................................... 55
Figura 38: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parna da Amazônia. Fonte: Léia Soares ......................................... 55
Figura 39: Parque Nacional de Brasília (Fotos: André Dib (esq.), 2021 e Acervo PNB, 2021). ................................. 56
Figura 40: - PARNA Nascentes do Rio Parnaíba. Fonte: Carolina Fritzen. ............................................................... 58
Figura 41: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ........................... 60
Figura 42: Batatã-de-canga (Ipomoea marabaensis D.F.Austin & Secco). Foto: Manoel Delvo .............................. 61
Figura 43: Paisagem específica localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa .......... 63
Figura 44: Piscina Água Mineral no Parque Nacional de Brasília. Foto: Léia Soares ............................................... 66
Figura 45: Onça-parda no Parque Nacional de Brasília (Foto: Brasília é o bixo!) .................................................... 68
Figura 46: Cataratas do Parque Nacional do Iguaçu. Foto: Grupo Tarobá .............................................................. 69
Figura 47: Onça-pintada Parque Nacional do Iguaçu. Fonte: Apolônio Rodrigues. ................................................. 70
Figura 48: Estação Ecológica do Taim. Fonte: Marcos Paiva ................................................................................... 71
Figura 49: Barbudo-de-pescoço-ferrugem (Malacoptila rufa). Foto: Agnes Coenen ............................................... 71
Figura 50: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parque Nacional da Amazônia. Foto: Pamela Renner. ................... 72
Figura 51: Exemplo de diagrama construído de forma participativa para prática de planejamento. ..................... 74
Figura 52: Exemplo 1 de diagrama de análise dos recursos e valores fundamentais. ......................................... 77
Figura 53: Exemplo 2 de diagrama de análise dos recursos e valores fundamentais. ............................................. 77
Figura 54: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa............................................ 80
Figura 55: Cachoeira Jared no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo ........................... 82
Figura 56: Paisagem na Reserva Biológica União. Foto: ICMBio. ............................................................................ 84
Figura 57: Campos rupestres ferruginosos no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos .................................... 85
Figura 58: Enquadramento das zonas por grau de intervenção ou uso diferenciados. Fonte: ICMBio. .................. 86
Figura 59: Mapa de localização da Zona de Amortecimento do Parque Nacional do Jaú ..................................... 104

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AGENDA DA OFICINA

Dia 1

• Boas-vindas e apresentação das participantes e dos participantes.


• Apresentação da UC.
• Visão geral do processo de elaboração do Plano de Manejo.
• Elaboração do propósito do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.

Dia 2

• Elaboração das declarações de significância do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.


• Definição dos recursos e valores fundamentais do Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos.

Dia 3

• Avaliação dos recursos e valores fundamentais e suas necessidades de dados e


planejamentos.
• Identificação das questões-chave do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e suas
necessidades de dados e planejamentos.
• Construção dos Subsídios para Intepretação Ambiental.
• Priorização das necessidades de dados e planejamentos.
• Introdução às zonas de manejo.

Dia 4

• Discussão do zoneamento do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.


• Discussão sobre as normas gerais do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.

Dia 5

• Discussão sobre as normas do zoneamento.


• Avaliação e encerramento.

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Guia do Participante – Caracterização

FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Nome da Unidade de
Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Conservação (UC)
Categoria e Grupo Parque Nacional – Proteção Integral
Rua J, 202, Bairro União, CEP: 68515-000, Parauapebas/PA,
Endereço da Sede Brasil

E-mail (contato) ngi-carajas.adm@icmbio.gov.br


https://www.gov.br/icmbio/pt-
br/assuntos/biodiversidade/unidade-de-
Homepage
conservacao/unidades-de-biomas/amazonia/lista-de-
ucs/parna-dos-campos-ferruginosos
Superfície 79.086,04 hectares
Municípios com áreas dentro
Canaã dos Carajás (82,9%) e Parauapebas (17,1%).
da UC
Municípios do entorno Marabá, Curionópolis e Água Azul do Norte
Estado Abrangido Pará
Coordenadas Geográficas 6° 20' 0'', 49° 57' 52''
Data de Criação e Número do
Decreto sem nº, de 5 de junho de 2017
Decreto
Bioma Amazônia
Presença de florestas nativas e amostras de vegetação de
canga ou campos rupestres ferruginosos, tipo raro de
ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos em
Ecossistemas
ferro, com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e
ameaçadas de extinção, além de ambientes aquáticos e
cavernas.

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Guia do Participante – Caracterização

Objetivos de criação do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos:

I - proteger a diversidade biológica das Serras da Bocaina, do Tarzan e suas paisagens


naturais e valores abióticos associados;
II ­ garantir a perenidade dos serviços ecossistêmicos;
III - garantir a proteção do patrimônio espeleológico de formação ferrífera e da vegetação
de campos rupestres ferruginosos;
IV - contribuir para a estabilidade ambiental da região onde se insere; e
V - proporcionar o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza
e do turismo ecológico.

Foto: João Rosa

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS

1. INTRODUÇÃO

Atualmente o ICMBio é responsável pela gestão de 324 unidades de conservação da natureza, e


apenas seis dessas áreas tem sua formação associada a afloramentos rochosos com couraças ferruginosas,
sendo o Parque Nacional (Parna) dos Campos Ferruginosos, em Carajás, a mais recente. A administração
do Parna é feita no âmbito do Núcleo de Gestão Integrada de Carajás – NGI ICMBio Carajás.

O NGI ICMBio Carajás é formado pelo conjunto de 6 (seis) Unidades de Conservação Federais que,
em conjunto com a Terra Indígena Xikrin do Rio Cateté, formam o maior maciço florestal da região sudeste
do Estado do Pará, com mais de 1.200.000 ha e abrange cinco municípios da região, Marabá, Parauapebas,
Canaã dos Carajás, Água Azul do Norte e São Félix do Xingu (Figura 1).

Figura 1: Mapa de localização das Unidades de Conservação vinculadas ao NGI ICMBio Carajás

A região da Serra dos Carajás, se destaca na paisagem de terras predominantemente baixas no


sudeste do Pará. A Serra está quase toda inserida na Floresta Nacional de Carajás que, junto às outras

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Guia do Participante – Caracterização

áreas protegidas, compõe o chamado “Mosaico Carajás”, com cerca de 1.207.000 hectares. São elas: a
Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado, a Reserva Biológica do Tapirapé, a Floresta Nacional de
Carajás, Floresta Nacional do Tapirapé Aquiri, Floresta Nacional do Itacaiúnas, Parque Nacional dos
Campos Ferruginosos e a Terra Indígena Xikrin do Rio Cateté. Este conjunto de áreas protegidas possui
grande importância para a conservação da biodiversidade, de processos ecológicos e de serviços
ecossistêmicos, haja vista a intensa degradação ambiental da região em que se insere (Bezerra e Ribeiro
et al, 2017).

1.1. O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

O Parque Nacional (Parna) é uma categoria de Unidade de Conservação (UC) de proteção integral
estabelecida pela Lei federal n° 9.985 de 18 de julho de 2000 do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC). O artigo 11 da referida Lei, estabelece que o objetivo básico dessa categoria é:

“a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza


cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a
natureza e de turismo ecológico” (BRASIL, 2000).

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos foi criado através do Decreto S/N de 05 de junho de
2017, como compensação aos impactos ocasionados pela instalação do Projeto Minerário da VALE S.A
denominado S11D, no interior da Floresta Nacional de Carajás, conforme estabelecido nas Condicionantes
Ambientais 2.6 e 2.9 da Licença de Instalação nº 947/2013 e Condicionantes 2.8 e 2.9 da Licença de
Operação nº 1361/2016. Portanto, a Vale no Processo de Licenciamento do Projeto S11D fica obrigada a
liberar a área referente a Serra da Bocaina para a criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral,
com uma área total de 79.029ha (setenta e nove mil e vinte e nove hectares), abrangendo os municípios de
Canaã dos Carajás (82,9%) e Parauapebas (17,1%).

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos apresenta uma paisagem singular advinda de
processos pretéritos ao longo de milhões de anos, isto em decorrência de diversos elementos, tais como: o
clima, o relevo, a hidrografia e seus processos que resultaram na existência de um tipo raro de ecossistema
associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro, e amostras de vegetação de canga ou campos

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rupestres ferruginosos com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e ameaçadas de extinção,
além de ambientes aquáticos e cavernas (Figura 2).

Figura 2: Paisagem típica do Parna dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa

O Parna dos Campos Ferruginosos é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral e possui
79 mil hectares de floresta dedicada à preservação integral da fauna e da flora. O Parque concentra a maior
quantidade de cavernas existentes no Brasil e estudos apontaram ser essa unidade o maior Parque de
cavernas em rochas ferríferas do país, além de abrigar espécies raras e registros arqueológicos das
primeiras ocupações humanas na Amazônia (ICMBio, 2017). Com aproximadamente 370 cavidades
subterrâneas em ambiente ferrífero de formatos únicos que abrigam diversas espécies raras.

O Parna além de abrigar em seu interior diversos ecossistemas, incluindo grandes áreas de florestas
nativas com várias espécies de fauna, ainda possui mananciais hídricos importantes para a estabilidade
ambiental da região onde ele está inserido. As características geológicas, geomorfológicas e pedológicas
tornaram a região do Parna única em sua diversidade de ecossistemas e formações vegetais. Essas
formações são recobertas por uma vegetação peculiar definida como vegetação rupestre sobre canga,
sendo muitas espécies consideradas endêmicas desse ambiente.

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Guia do Participante – Caracterização

O Parque Nacional Campos Ferruginosos abriga uma grande e rica biodiversidade, abrigando
espécies raras, como a herbácea Blechnun longipilosum; endêmicas, tais como as aves arapaçu-de-loro-
cinza (Hylexetastes brigidai), o anambé-de-rabo-branco (Xipholena lamellipennis) e o arapaçu-do-carajás
(Xiphocolaptes carajaensis). O parque também abriga animais ameaçados de extinção, tais como o
papagaio-campeiro (Amazona ochrocephala) a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), ilustrada
na Figura nº 3, e as espécies herbáceas arbustivas Mimosa acutistipula var. ferrea e Mimosa skinneri var.
carajarum; e novas espécies tais como as herbáceas Mitracarpus sp. nov., Isoetes sp. nov. que estão sendo
descritas pela ciência (MARCELINO, 2017).

Figura 3: arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus). Foto: Carlos Alberto Coutinho/TG

1.2. Localização e delimitação da UC

O Parna dos Campos Ferruginosos está localizado no Estado do Pará e envolve áreas dos municípios
de Canaã dos Carajás e Parauapebas (Figura 4). A partir de Belém, capital do estado que fica a cerca de 720
km da UC, seu acesso principal se dá através da rodovia estadual PA 275. Por via aérea através de
aeroportos das cidades de Belém, Parauapebas e Marabá . O acesso ao interior da UC é possível através
das Estradas PA 160, Estrada Raymundo Mascarenhas, das bases Gavião Real, São Luiz e Bocaina, além de
vias terrestres denominadas vicinais que dão acesso a diversos atrativos naturais do Parque (Figura 5).

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Guia do Participante – Caracterização

Figura 4: Mapa de Localização do Parna dos Campos Ferruginosos

Figura 5: Mapa com a localização e vias de acesso ao Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

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Guia do Participante – Caracterização

2. ASPECTOS AMBIENTAIS

2.1 Fatores abióticos

CLIMA
Do ponto de vista climático, a região está localizada na faixa conhecida como corredor seco da
Amazônia Oriental, representando uma faixa climática transicional entre a Bacia Amazônica e o Planalto
Brasileiro. O clima da área é tipicamente tropical, quente e úmido, enquadrado como do tipo Awi pela
classificação de Köppen, com temperaturas médias oscilando entre 19 e 31ºC (PEREIRA, 1991). A região
possui como característica marcante um índice pluviométrico anual elevado e a presença de um período
bem definido de estiagem. O regime pluviométrico dos Campos Ferruginosos apresenta um ciclo unimodal,
com verão chuvoso que se inicia em outubro, atinge o ápice no período de janeiro a março e termina em
maio, e inverno seco que ocorre de maio a outubro, sendo marcado por chuvas torrenciais.

GEOLOGIA

O Parna estar inserido na província tectônica de Carajás em uma estrutura geológica bem antiga
denominada de (Cráton Amazônico), que teve seu processo de formação ainda no período Pré-cambriano,
as rochas que o compõe também são bem antigas. Os geossistemas dos campos ferruginosos, em sua
formação tem origens de um passado distante, pois suas formações geológicas se originaram
principalmente no período Arqueano (2,7 – 2,6 Ga) e Paleoproterozoico (2,5 Ga a 540 Ma), que foram
formando as couraças de ferro que geralmente se encontra nas porções mais altas do relevo, constituindo
os platôs e as escarpas (CARMO, KAMIRO, 2015; RADAMBRASIL, 1974).

GEOMORFOLOGIA

A Região de Carajás se destaca em meio à vasta paisagem regional, composta por relevos colinosos
suaves ondulados e ondulados de baixas altitudes, originalmente recobertos por florestas tropicais densas
(Figura 6). No Parna, encontram-se diferentes formas de relevo que vão desde platôs onde afloram o
minério de ferro a segmentos aplainados ou relevos dissecados em rochas sedimentares. São comuns
feições escarpadas e em cristas, provenientes da exposição dos metarenitos ou em bordas de platôs de
variados materiais, especialmente aqueles constituídos por canga laterítica (Figura 7).

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Guia do Participante – Caracterização

Figura 6: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo

Figura 7: Mapa com a demonstração da geomorlogia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

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Guia do Participante – Caracterização

SOLOS

No tocante aos solos do Parna, a sua maior parte é formado por solos concrecionário, esse aspecto
confere ao Parque um mosaico de solos onde a maioria deles, sobretudo, os mais antigos têm em sua
composição dois minerais importantes, denominados de plintita e petroplintita que condicionam
características intrínsecas aos mesmos, podendo ser profundos, quando se apresentam em área de floresta
densa, e rasos quando estão sob áreas de campos rupestres (EMBRAPA, 2006), além de, em menores
proporções de outros tipos de solos. Os principais tipos de solos ocorrentes na UC são o Latossolo Vermelho
Distrófico, Argissolo Vermelho-Distrófico e Neossolo Litólico Distrófico (Figura 8).

Figura 8: Mapa com os tipos de solos ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

HIDROLOGIA/HIDROGRAFIA

A maior parte da região Ferrífera de Carajás é drenada pela rede hidrográfica do Rio Itacaiúnas, que
desemboca na margem esquerda do Rio Tocantins, em Marabá. O seu principal afluente é o Rio
Parauapebas, que corta a parte leste da Serra SuI, outros afluentes e subafluentes importantes são o Azul,

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Guia do Participante – Caracterização

Cinzento, Águas Claras, Rio Vermelho, Sororó e Tapirapé (Figura 9). As nascentes dos principais rios estão
situadas nas encostas da Serra dos Carajás, subdividida em Serra Norte e Serra Sul, dentro dos limites da
Floresta Nacional de Carajás, (IBAMA, 2003). O sistema hidrográfico dos Campos ferruginosos é
representado pela bacia do rio Parauapebas. A rede de drenagem é dependente principalmente do regime
de chuva da região (VALENTIM; OLIVITO, 2011).

Figura 9: Mapa ilustrativo com a hidrografia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

HIDROGEOLOGIA
De acordo com o Plano de Manejo da Flona de Carajás do ICMBio (2016), o sistema hídrico regional
do mosaico Carajás é composto pelo rio Itacaiúnas que é um afluente do rio Tocantins e desaguando na
cidade de Marabá, e também pelo rio Parauapebas que corta o Parna dos Campos Ferruginosos, o rio
Parauapebas se encontra nas proximidades da serra da Bocaina e constitui-se como sua principal drenagem.
A rede de drenagem superficial do Parna deriva sobretudo pelo regime de chuva da região.
O sistema hidrográfico do Parna dos Campos ferruginosos é representado pela bacia do rio
Parauapebas, a rede de drenagem é dependente principalmente pelo regime de chuva da região. Toda a

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Guia do Participante – Caracterização

rede hidrográfica é caracterizada pelos declives fortes e peIo caráter torrencial dos rios. A paisagem é
intensamente dissecada por vales encaixados, adaptados a redes de fraturas em rochas arqueanas e com
poucas estruturas, onde grande parte das drenagens correm em vales encaixados, num relevo marcado
pela dissecação das rochas (SCHAEFER, 2016, IBAMA, 2003).

2.2. VEGETAÇÃO

O Sudeste Paraense reflete uma extensa área de transição entre cerrado e floresta amazônica,
caracterizando assim uma ampla região ecotonal que ajudou a criar quadros paisagísticos únicos. No Parna
dos Campos Ferruginosos, em meio à Floresta Tropical do sul da Amazônia, todas as formações florísticas
apresentam diversas fácies, influenciadas por atributos ambientais tais como a natureza dos solos, a
disponibilidade hídrica, sua distribuição na paisagem e sua conexão com os ambientes florestais vizinhos.
Em função disso, apresenta-se em todos os aspectos no local, uma “paisagem de exceção, em ilhas de
mescla campestre/arbustiva, em uma lembrança distante das caatingas de transição do Piauí, com espécies
que evoluíram na lenta adaptação a múltiplos estresses, como: pobreza nutricional, calor extremo e
deficiência de água” (SHAEFER et al, 2018, p.44). As classes de vegetação encontradas no Parque são:
Floresta Ombrófila Densa Submontada com dossel emergente, Floresta Ombrófila Aberta Submontada com
cipós, Refúgio Vegetacional Montano Arbustivo e Pastagens decorrentes da Pecuária (Figuras 10 e 11).

Figura 10: Floresta encontrada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa

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Guia do Participante – Caracterização

Figura 11: Mapa com a ilustração dos tipos de vegetação encontradas no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

Um estudo realizado por Santos et al. (2017) mostrou que o Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos abriga uma porção significativa do endemismo de Carajás e entorno, indicando a ocorrência
de 48 das 64 espécies de flora endêmicas conhecidas regionalmente, incluindo 10 espécies não mais
consideradas endêmicas da região. Tais números são considerados expressivos e justificados pela alta
diversidade de geoambientes e geofácies registradas na área do Parque. Os resultados mostram ainda que
16 espécies categorizadas como Endêmicas dos Campos Rupestres do Sudeste do Pará foram registradas
na área da UC. Das 32 espécies consideradas endêmicas da Floresta Nacional de Carajás, 22 spp. foram
registradas na área do Parque, conforme registro abaixo (Figura 12).

Há também registros no Parque de pelo menos dez espécies ameaçadas: o angelim pedra
(Hymenolobium excelsum), castanheira (Bertolletia excelsa), cedro rosa (Cedrela odorata), cipó titica
(Heteropsis flexuosaa), mimosa (Mimosa skinneri Benth), Itaúba (Mezilaurus itaúba), Jaborandi (Pilocarpus
microphyllus), maçaranduba (Manilkara huberi), mogno (Swintenia macrophylla) e jacarandá (Jacaranda
carajasensis).

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Guia do Participante – Caracterização

Número de Platôs
Lista Ameaçadas

Lista Ameaçadas

Total de registros

Outras Serras do
PARNA CF CKS
Cristalino - Serra
S11 e arredores

Total de zonas
Aflo. não
Nacional

N1-N3
N4-N8
Pará
Categoria de
Familia Espécie Hábito
Endemismo

Araceae Philodendron carajasense E. Gonçalves & Arruda Erva reofitíca END CR - SE PA 23 12 X X X X X 5


Asteraceae Monogereion carajensis G.M. Barroso & R.M. King Erva anual CR CR END CR - SE PA 255 19 X X X X X X 6
Cyperaceae Bulbostylis sp 2 (cf. fimbriata) Erva anual END CR - SE PA 58 14 X X X X X X X 7
Cyperaceae Eleocharis pedrovianae C.S. Nunes, Gil & R. Trevisan Erva aquática END CR - SE PA 35 12 X X X X X X 6
Erythroxyllaceae Erythroxylum nelson-rosae Plowman Arbusto EN EN END CR - SE PA 197 21 X X X X X X X 7
Fabaceae Mimosa skinneri var. carajarum Barneby Erva anual CR VU END CR - SE PA 341 20 X X X X X X X 7
Lythraceae Cuphea carajasensis Lourteig Subarbusto END CR - SE PA 344 17 X X X X X X 6
Melastomataceae Brasilianthus carajensis Almeda & Michelangeli Erva Rupícola END CR - SE PA 460 21 X X X X X X X 7
Orobanchaceae Buchnera carajasensis Scatigna & N. Mota Erva anfíbia anual END CR - SE PA 63 12 X X X X X X 6
Poaceae Axonopus sp.1 (aff. triglochinoides) Erva anual END CR - SE PA 73 14 X X X X X X 6
Poaceae Sporobolus multiramosus Longhi-Wagner & Boechat Erva anual END CR - SE PA 103 16 X X X X X X 6
Rubiaceae Borreria carajasensis E.L. Cabral & L.M. Miguel Erva terr. END CR - SE PA 127 14 X X X X X 5
Rubiaceae Borreria semiamplexicaulis E.L.Cabral Erva anual END CR - SE PA 160 19 X X X X X X X 7
Rubiaceae Mitracarpus carajasensis E.L. Cabral, Sobrado & Souza Erva anual END CR - SE PA 140 18 X X X X X X X 7
Rubiaceae Perama carajensis J.H. Kirkbr. Erva anual END CR - SE PA 295 20 X X X X X X 6
Xyridaceae Xyris brachysepala Kral Erva anfíbia anual END CR - SE PA 208 17 X X X X X X 6
Melastomataceae Mouriri cearensis Huber subsp carajasica Morley Arbóreo END CR CKS 6 5 X X X X 4
Cyperaceae Rhynchospora sp. 1 (aff. trichochaeta) Erva anual END CR CKS 18 4 X X 2
Erythroxyllaceae Erythroxylum ligustrinum var. carajasense Plowman Arbusto END CR CKS 93 10 X X X 3
Poaceae Paspalum sp.1 (aff. goeldii) Erva terr. END CR CKS 50 5 X X 2
Asteraceae Cavalcantia glomerata (Barroso & R.M.King) King & Rob. Erva anual END CR CKS 15 7 X X X X 4
Asteraceae Lepidaploa paraensis (H.Hob.) H.Hob. Subarbusto END CR CKS 56 7 X X X X 4
Blechnaceae Blechnum areolatum V.A.O. Dittrich & Salino Erva Rupícola END CR CKS 18 8 X X X X 4
Blechnaceae Blechnum longipilosum V.A.O. Dittrich & Salino Erva Rupícola END CR CKS 24 11 X X X X X 5
Cyperaceae Rhynchospora sp. 2 (aff. tenuis) Erva anual END CR CKS 116 19 X X X X X X 6
Gesneriaceae Sinningia minina A.O. Araújo & Chautems Erva Rupícola END CR CKS 54 15 X X X X 4
Isoetaceae Isoetes serracarajensis J.B.S.Pereira, Salino & Stützel Erva aquática END CR CKS 33 9 X X X X X 5
Lentibulariaceae Utricularia physoceras P.Taylor Erva anual END CR CKS 45 15 X X X X X 5
Picramniaceae Picramnia ferrea Pirani & W.W. Thomas Arbusto END CR CKS 32 9 X X X X 4
Poaceae Axonopus carajasensis M.N. Bastos Erva terr. EN VU END CR CKS 52 9 X X X X 4
Poaceae Ichnanthus sp. Erva terr. END CR CKS 49 12 X X X X X 5
Rubiaceae Borreria elaiosulcata E.L. Cabral & L.M. Miguel Erva terr. END CR CKS 166 14 X X X X X 5
Rubiaceae Borreria heteranthera E.L. Cabral & Sobrado Erva anual END CR CKS 84 17 X X X X X X 6
Bignoniaceae Jacaranda carajasensis A.H. Gentry Arbóreo CR EN END CR FLONA 4 1 X 1
Rutaceae Pilocarpus carajaensis Skorupa Arbusto END CR FLONA 5 2 X X 2
Apocynaceae Marsdenia bergii Morillo Liana END CR FLONA 17 9 X X X X X 5
Cyperaceae Bulbostylis cangae C.S.Nunes & A.Gil Erva terr. END CR FLONA 9 5 X X X X 4
Piperaceae Peperomia sp. Erva Rupícola END CR FLONA 26 10 X X X X 4

Obs: registros em verde são ampliações da distribuição da descrição Esp. Sem restrição Esp. Florestais Esp. Restritas

Figura 12: Relação das espécies endêmicas localizadas nas cangas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Legenda: END
- endêmica; CR - criticamente em perigo; EN - em perigo; VU - vulnerável; CKS - região de Carajás; SE PA - sudeste do Pará.
Fonte: SANTOS, et al. (2018).

2.3 FAUNA
O Parna dos Campos Ferruginosos está inserido em um contexto de grande diversidade de
vertebrados. O livro ‘Fauna da Floresta Nacional de Carajás’ indica a presença de 943 espécies de
vertebrados na UC, excluindo-se as espécies de ictiofauna. Apesar de que grande parte do conhecimento
gerado esteja vinculado a Flona de Carajás, essa riqueza de vertebrados não está restrita as áreas da Flona
de Carajás, pois outros estudos indicam que na Rebio do Tapirapé (BERNARDO et al., 2012) e no Parna dos
Campos Ferruginosos (VALE S.A., 2013) existem elevados números de espécies da fauna. Além disso, não

20
Guia do Participante – Caracterização

existem grandes barreiras geográficas entre as UCs do Mosaico de Carajás, o que indica a possibilidade de
fluxo da fauna entre as UCs.
Uma grande diversidade de espécies de fauna é encontrada no Parna dos Campos Ferruginosos,
resultado direto dos diferentes ecossistemas e formações vegetais encontrados na UC. Apesar de um
histórico de desflorestamento enfrentado nas últimas duas décadas, o Parna dos Campos Ferruginosos é
um refúgio de vida silvestre frente as áreas impactadas que circundam a UC e é muito importante para a
utilização da rica fauna. Descreveremos aqui, resumidamente, a importância da UC como área de vida de
inúmeras espécies da fauna amazônica.
No Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE) foram registradas 73 espécies
com risco de extinção no Parque, dos grupos de mamíferos, aves, anfíbios e invertebrados terrestres,
conforme relação no anexo I e ilustradas na Figura 13 (ICMBio, 2023).

Figura 13: Mapa das espécies ameaçadas ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

21
Guia do Participante – Caracterização

MAMÍFEROS DE PEQUENO, MÉDIO E GRANDE PORTE

No Parna dos Campos Ferruginosos são conhecidas 11 espécies de pequenos mamíferos para o
Parna dos Campos Ferruginosos (Tabela 1). As três espécies com a maior abundância são Necromis lasiurus,
Proechimys roberti e Holochilus sciureus.

Tabela 1: Relação de pequenos mamíferos para o Parna dos Campos Ferruginosos

Ordem Espécie
Rodentia Holochilus sciureus, Necromys lasiurus, Proechimys roberti
Oxymycterus amazonicus, Rhipidomys emiliae e Oligoryzomys microtis
Didelphimorphia Monodelphis gr. Brevicaudata, Marmosa murina, Metachirus
nudicaudatus, Philander opossum e Mocoureus demerarae

É válido destacar que ainda existe uma grande lacuna em relação aos estudos ecológicos para os
médios e grandes mamíferos presentes nas áreas da UC. Entretanto, relatórios técnicos e documentos
oficiais internos da gestão apontam a presença da onça pintada (Panthera onca), anta (Tapirus terretris),
porco do mato (Tayassu pecari), tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e onça parda (Puma
concolor), ilustrada na Figura 14. A diversidade de espécies na UC deve ser muito maior, pois na Flona de
Carajás, vizinha ao Parna dos Campos Ferruginosos, são conhecidas 45 espécies de médios e grandes
mamíferos (SIQUEIRA et al., 2014), dentre elas estão as espécies já evidenciadas no Parna dos Campos
Ferruginosos.

Figura 14: onça parda (Puma concolor) clicada por Gustavo Pedro. Foto: Ancelmo.com

22
Guia do Participante – Caracterização

O Projeto Bocaina (Vale S.A., 2013) identificou um problema com espécies domésticas nas áreas da
UC, associados a presença do cão doméstico (Canis lupus familiaris), bovinos (Bos taurus) e equinos (Equus
cabalus). Apesar de quase uma década após a produção do relatório técnico, o problema ainda persiste,
principalmente associado a presença de bovinos utilizando áreas no interior dos limites da UC para
pastagem. Esse é um ponto de grande relevância e que deve ser pautado no processo de elaboração do
Plano de Manejo do Parna dos Campos Ferruginosos.

QUIROPTEROFAUNA

São conhecidos para o Parna dos Campos Ferruginosos um total de 37 espécies de morcegos,
distribuídos em 23 gêneros e três famílias. A maior parte dos morcegos encontrados nas UCs pertencem
aos grupos dos frugívoros e insetívoros limpa-folhas/aéreos. Foram registradas para o Parna dos Campos
Ferruginosos duas espécies de morcegos hematófagos: Desmodus ecaudata e D. rotundus (Figura 15). A
quiropterofauna utiliza as cavidades naturais subterrâneas ferruginosas como abrigo e as espécies utilizam
os ambientes florestais e campestres para forrageamento e área de vida.

Figura 15: Morcego (Desmodus rotundus). Foto: Pascual Soriano - UCSF/Veja

23
Guia do Participante – Caracterização

AVIFAUNA
São conhecidos 263 táxons de aves pertencentes a 47 famílias e 115 espécies para o Parna dos
Campos Ferruginosos. Essa alta riqueza deve estar relacionada aos diferentes ecossistemas da UC. As
espécies com maiores capturas são a rolinha-roxa (Columbina talpacoti), o tico-tico (Zonotrichia capensis),
o tiziu (Volatinia jacarina), o sebinho-de-olho-de-ouro (Hemitriccus margaritaceiventer), e o sanhaço-de-
coleira (Schistochlamys melanopis) ilustrado abaixo (Figura 16).

Figura 16: Sanhaço-de-coleira (Schistochlamys melanopis). Foto: Renato Costa Pinto

HERPETOFAUNA
A herpetofauna conhecida do Parna dos Campos Ferruginosos está representada por 43 espécies,
na qual, 27 são anfíbios (anuros) e 16 são répteis dentre lagartos, serpentes, quelônios e jacarés (VALE
S.A, 2013). As espécies de anfíbios com maior número de registros são Elachistocleis carvalhoi,
Leptodactylus fuscus, L. petersii, L. Macrosternum, Physalaemus epphipifer, Pseudopaludicola canga,
Dendropsophus minutus, Phyllomedusa hypochondrialis e Scinax gr. Ruber. Já para os répteis as espécies
mais abundantes foram as serpentes Liophis carajasensis e Leptodeira annulata, os lagartos Tropidurus
oreadicus e Tretioscincus agilis¸o jacaré Paleosuchus trigonatus e o jabuti Rhinoclemys punctularia (Figura
17).

24
Guia do Participante – Caracterização

Figura 17: O jabuti (Rhinoclemys punctularia). Foto: Bernard Dupont.

ENTOMOFAUNA
Existe uma rica comunidade de insetos conhecidos para o Parna dos Campos Ferruginosos, onde
cabe destacar as mais abundantes entre os diferentes grupos, como a os dípteros (mosquitos):
Psychodopygus wellcomei Psychodopygus davisi e Culex coronator. Para as espécies de vespídeos destaca-
se as Polibya aff. occidentalis e P. rejecta como mais abundantes na UC; e para as abelhas existe uma
grande diversidade de espécies para o Parna dos Campos Ferruginosos, com destaque para as espécies
do gênero Bombus e das Centris (Figura 18). As espécies Tetragonisca angustula e Scaptotrigona
xanthotricha apresentaram elevada abundância nos levantamentos realizados na UC.

25
Guia do Participante – Caracterização

Figura 18: Abelha (Bombus Terrestris). Foto: Jorge Araújo e David Germano

1. Serviços Ambientais
Serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos são os benefícios que as pessoas obtêm da natureza
direta ou indiretamente, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta. A Avaliação
Ecossistêmica do Milênio da ONU, publicada em 2005, criou uma classificação para os serviços ambientais,
dividindo-os da seguinte forma:
Serviços de Provisão: são produtos obtidos dos ecossistemas. Exemplos: alimentos, água doce, fibras,
produtos químicos, madeira.
❖ Abastecimento de água:

Serviços de Regulação: benefícios obtidos a partir de processos naturais que regulam as condições
ambientais. Exemplos: absorção de CO2 pela fotossíntese das florestas; controle do clima, polinização de
plantas, controle de doenças e pragas.

26
Guia do Participante – Caracterização

❖ Clima: a vegetação preservada da área contribui para atenuar o clima da região, que devido a
urbanização não planejada, a poluição, o desmatamento, e as queimadas aumentou
consideravelmente.
❖ Redução de emissão de CO2: a manutenção da vegetação do Parna para além da regulação do
clima também auxilia na redução de emissão de CO2 na atmosfera, contribuindo assim na redução do
aquecimento global.

Serviços Culturais: são os benefícios intangíveis obtidos, de natureza recreativa, educacional,


religiosa ou estético-paisagística.

❖ Visitação: praticar uma atividade de recreação na natureza significa estar mais aberto para
contatos sociais e interações com o ambiente em geral o ecoturismo no Parna possui um grande
potencial para geração de renda e para conservação da biodiversidade regional (Figura 19).

Figura 19: Atrativo natural (Banho do Camarão) do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo

❖ Educação ambiental: são os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.

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Guia do Participante – Caracterização

❖ Pesquisa: é um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade


na qual esta se desenvolve.
❖ Patrimônio histórico e cultural: sítios arqueológicos ou paleontológicos, que serão preservados,
estudados, restaurados e interpretados para o público, servindo à pesquisa, educação e uso científico.
Há pelo menos dois sítios arqueológicos catalogados na região do Parna dos Campos Ferruginosos,
localizados na faixa de domínio do Ramal Ferroviário do S11D nos limites da Zona de Amortecimento
da UC, porém é possível que existam mais ocorrências no interior da mesma e em outras áreas da ZA,
pois há registros de achados de artefatos, como machadinha e outros (Figura 20).

Figura 20: Mapa com a localização dos sítios arqueológicos e cavernas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

Serviços de Suporte: Contribuem para a produção de outros serviços ecossistêmicos: Ciclagem de


nutrientes, formação do solo, dispersão de sementes.

❖ Conservação de biodiversidade: serve de suporte a outros serviços ambientais fornecidos pelo


Parna

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Guia do Participante – Caracterização

❖ Dispersão de sementes: permite o fluxo de animais dispersores de sementes e o crescimento de


vegetação entre as florestas
❖ Recarga de aquíferos: Sistema Aquífero é um conjunto de unidades aquíferas contínuas e ligadas
hidraulicamente. Os sistemas aquíferos podem ser análogos aos grupos de rochas.

4. Aspectos Socioeconômicos

4.1 Histórico
A Serra dos Carajás, localizada no sudeste do estado do Pará, é a maior província mineralógica do
planeta, abrigando a maior jazida de minério de ferro já explorada do mundo. Além do ferro, ela também
concentra uma grande quantidade de manganês, cobre, ouro e níquel, atingindo uma área de
aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados, a rica região mineral abrange o sudoeste do estado
do Pará, o oeste do Maranhão e o norte do Tocantins (RIBEIRO, 2009).
Carajás apresenta uma paisagem múltipla e complexa, paisagem essa resultante da variação das
combinações geossistêmicas formada ao longo do tempo geológico. Esse cenário é um importante acervo
do patrimônio biológico, ecológico e genético de um ecossistema de alta relevância ambiental (Figura 21).

Figura 21: Vista panorâmica do platô do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo

Carajás foi descoberta acidentalmente em 1967 quando um helicóptero a serviço de uma


mineradora estadunidense teve que realizar um pouso de emergência em uma clareira da região. O
geólogo que estava a bordo notou que havia poucas árvores no local, o que poderia ser causado pela
presença de minério de ferro na superfície, impedindo assim o desenvolvimento de plantas de grande
porte (RIBEIRO, 2009).
Alguns anos após a descoberta dos minérios na região de Carajás, iniciou-se a exploração, pelo
consórcio Amazônia Mineração da qual participavam a até então a empresa estatal Companhia Vale do
Rio Doce (CVRD) e a americana US Steel Corporation, no entanto a mineradora estadunidense se retirou
da empreitada no final da década de 1970 (RIBEIRO, 2009).

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Guia do Participante – Caracterização

Anos mais tarde, a Companhia Vale do Rio Doce (hoje então apenas Vale) estabeleceu associação
com um consolidado grupo empresarial japonês. Esta parceria, trouxe novo fôlego para a continuidade do
projeto de exploração mineral, o chamado Projeto Grande Carajás (PGC). Além da extração mineral de
ferro, cobre, bauxita (minério de alumínio), manganês o projeto também previa o investimento em
atividades de reflorestamento, pecuária e agricultura.
O processo de antropização acelerado da região potencializou a importância das áreas protegidas
ao seu redor, pois há uma grande biodiversidade existente nesta área, visto através de centenas de
espécies animais assim como vegetais.

1.2 Dados Socioeconômicos


Na Amazônia, a introdução da indústria no espaço geográfico econômico e social tem como destaque
a indústria mineral. A atividade mineral na região amazônica e as relações socioeconômicas entre suas
populações e a indústria mineral representam um desafio ligado ao próprio processo de desenvolvimento
social, econômico e ambiental desta região.
A região de integração de Carajás é a maior produtora de minério de ferro do Pará, a região reúne 12
municípios. Com uma área de aproximadamente 44.920km2 e uma população, segundo o censo 2010 do
IBGE, estimada em 629.174 habitantes. É uma região rica em recursos naturais. A indústria da mineração é
a principal atividade econômica da região, especialmente nos municípios de Canaã dos Carajás,
Parauapebas, Curionópolis, Ourilândia do Norte e Tucumã. Estes municípios concentram os maiores e mais
importantes projetos da Vale no Pará, onde existem diversos tipos de minerais - manganês, cobre, ferro,
ouro e níquel.
Nesse contexto, verifica-se que o setor econômico se baseia essencialmente na extração mineral. É em
Parauapebas que está localizada a maior província mineral do globo, a Serra dos Carajás, com acesso pela
rodovia PA 75. A atividade mineradora (ferro, ouro e manganês) é a mais forte da economia do município,
motivo pelo qual há uma grande execução de projetos e obras de estruturação, além de uma atividade
migratória intensa, considerada a maior do estado.
De acordo com Souza (1998), a província mineral da Serra dos Carajás destaca-se não apenas por ser a
maior ocorrência de minério de ferro de alto teor do mundo, mas também por seu significativo caráter
polimineral. Assim, partindo-se do princípio de que esta região é uma das mais importantes áreas do mundo
no tocante à quantidade e à qualidade de ferro.

30
Guia do Participante – Resumo de Gestão

RESUMO DA GESTÃO DO PARNA DOS CAMPOS FERRUGINOSOS

Contextualização

A gestão das Unidades de Conservação de Carajás, desde 18 de novembro de 2018, é realizada


através do Núcleo de Gestão Integrada de Carajás – NGI ICMBio Carajás, estrutura governamental
responsável pela gestão das seis Unidades de Conservação Federal que compõem o mosaico de UCs, sendo
assim definidas, Florestas Nacionais de Carajás, do Tapirapé Aquiri e do Itacaiúnas, Área de Proteção
Ambiental do Igarapé Gelado, Reserva Biológica do Tapirapé e Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.

Figura 22: Mapa com a localização de imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural, localizados no
Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

As atividades de gestão no Parna começam logo após a sua criação em 2017 de uma forma bem
difícil, visto que dois meses após a sua criação ocorreu um incêndio de grande intensidade e extensão que
afetou a região Leste da UC, exigindo um dispêndio de muitas pessoas e recursos, afetando mais de 10.000
hectares de área no interior da Unidade. Como a Unidade de Conservação foi criada em sobreposição a
algumas áreas privadas (Figura 22), isto demandou a necessidade de ações de gestão imediatas, como:
diálogo com os ocupantes, autorizações diretas e abertura de processos de Regularização Fundiária.

31
Guia do Participante – Resumo de Gestão

Após a criação do NGI Carajás, as atividades de gestão das UC são planejadas e gerenciadas de uma
perspectiva regional. A organização das ações de conservação e planejamento do uso de recursos naturais
são feitos de forma mais articulada às possibilidades e pressões que afetam todo o território, no âmbito de
sete coordenações relacionadas aos macroprocessos e as áreas temáticas definidas no Regimento Interno
do NGI Carajás.

Coordenação Geral/Administração – CG/ADM

A gestão estratégica e o gerenciamento dos recursos humanos, financeiros e patrimoniais, assim


como o controle de processos e documentos, relações interinstitucionais e comunicação interna e externa
são atividades desenvolvidas pela Coordenação Geral – CG. Entre as funções exercidas pela CG está o apoio
ao planejamento das coordenações temáticas, implementação de ferramentas de gestão de projetos e
gerenciamento ágil, controle de produtos e resultados por meio de indicadores, alocação de recursos,
medições físico-financeiras e articulação, formalização e monitoramento de Acordos de Cooperação
Técnica - ACTs. Atualmente, os recursos financeiros do NGI são majoritariamente provenientes de
compensação ambiental e ACTs com a mineradora que atua dentro das UCs.

Já em relação operação e suporte são executadas atividades como: compras e pagamentos, controle
de demandas internas, formalização e controle de editais e contratos de serviços e compras, gestão e
controle de documentos institucionais, atendimento ao público, melhoria contínua de processos,
manutenção e controle de bens e patrimônio, controle e gestão de frota, limpeza, manutenção e reformas
prediais e gestão de bases de apoio. A comunicação busca promover ações comunicativas com foco no
engajamento social, transparência e preservação da memória institucional para formar e informar sobre a
conservação da biodiversidade e desenvolvimento socioambiental. Assim, desenvolve boletins, matérias
jornalísticas, campanhas e publicações, materiais informativos, produz e lança livros e faz relacionamento
com atores e canais de comunicação externos.

Por fim, a CG também é responsável por parte das demandas de departamento de pessoal e gestão
de pessoas referentes aos servidores do ICMBio, agentes temporários e terceirizados celetistas, pelo
desenvolvimento de competências e habilidades profissionais e qualidade de vida da equipe do NGI ICMBio
Carajás.

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Guia do Participante – Resumo de Gestão

Coordenação de Licenciamento - CLic

O território de Carajás abriga uma das mais ricas jazidas de minérios do mundo. É um grande desafio
compatibilizar a conservação da biodiversidade e a extração dos recursos minerais nas Unidades de
Conservação em que este tipo de atividade é permitida. Entendendo a importância social e econômica da
mineração, um dos objetivos da gestão do NGI Carajás é tentar compatibilizar as atividades minerárias e a
conservação da natureza.

Para viabilizar a mineração nas áreas protegidas, o NGI Carajás acompanha e participa dos processos
de licenciamento ambiental junto aos órgãos licenciadores. A Coordenação de Licenciamento (CLic) do NGI
Carajás se manifesta através de anuências e pareceres no âmbito dos processos de Autorização para
Supressão de Vegetação (ASV), Autorização para Licenciamento Ambiental (ALA), Autorização para captura,
coleta e transporte de material biológico (Abio), e Termos de Referência (TR) para estudos ambientais.
Dessa maneira, quaisquer atividades e empreendimentos que causem intervenção ambiental, e utilizem
direta ou indiretamente os recursos naturais e minerários das Unidades de Conservação, estão sujeitos à
emissão de autorizações e anuências do NGI Carajás.

Dessa forma, buscamos estabelecer limites, condições e compensações para as atividades,


buscando também garantir a conservação do patrimônio natural da biodiversidade. No âmbito do Projeto
Horizontes, a CLic também tem trabalhado para desenvolver e estabelecer um banco de informações que
auxilie as tomadas de decisões referentes ao licenciamento ambiental no território de Carajás. Atualmente,
a CLic é composta de uma equipe multidisciplinar, composta por um biólogo, uma engenheira florestal e
uma engenheira ambiental, além de uma bolsista e duas estagiárias.

Coordenação de Proteção - COP

Como órgão executor do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Lei 9.985/00, o ICMBio
possui como tarefa administrar as unidades de conservação, Art. 6º inciso III, assim como proteger as
espécies ameaçadas de extinção, paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica, proteger
as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica,
paleontológica e cultural, proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos, dentre vários outros objetivos
elencados no art. 4º dessa Lei.

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Guia do Participante – Resumo de Gestão

A Coordenação de Proteção do NGI Carajás, no sentido de promover a proteção da biodiversidade


do território do Parque Nacional, reconhece como as principais ameaças a Biodiversidade nesta UC os
incêndios florestais, a caça, pesca, desmatamento e a extração ilegal de madeira e de minérios, no interior
e na sua Zona de Amortecimento.

As operações fiscalizatórias, no decorrer do período de um ano, são voltadas para mitigar


degradações ambientais, contando com o apoio da Guarda Florestal, força de segurança particular mantida
pela empresa mineradora Vale, assim como apoio das forças de segurança pública, Polícia Federal, Polícia
Militar e Força Nacional de Segurança, e do órgão ambiental IBAMA. A fiscalização voltada a combater a
caça é realizada pelo monitoramento do território de forma contínua, assim como o trabalho voltado para
combater a pesca. No período de defeso definido na nossa região no período compreendido entre os meses
de novembro a fevereiro, é realizada operação fiscalizatória específica no Rio Parauapebas que atravessa a
área do Parna e margeia a Flona Carajás.

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos enfrenta ainda na sua zona de amortecimento a
pressão da exploração e extração ilegal de minério (cobre e ouro), onde várias comunidades de garimpeiros
e mineradores se estabelecem em localidades da região para praticarem estas atividades lesivas ao meio
ambiente. Os impactos ambientais têm produzido significativos danos no território do Parna e na sua bacia
hidrográfica, que merecem especial atenção. Ações fiscalizatórias com a finalidade de coibir estas infrações
têm sido realizadas de forma conjunta com outros órgãos ambientais e policiais.

Associado ao processo de extração ilegal de ouro e cobre estão o desmatamento das áreas
exploradas, e os incêndios de cunho criminoso como forma de retaliação às ações fiscalizatórias. Em função
das iminentes ameaças de incêndios florestais das mais diversas origens, desde os literalmente intencionais
ou criminosos aos puramente acidentais, trabalhamos desde 2017 num plano de prevenção e combate aos
incêndios florestais no interior do Parna dos Campos Ferruginosos.

Os Autos de Infração (AI) lavrados no Parna dos Campos Ferruginosos concentram-se nas infrações
contra os recursos naturais de flora (desmatamentos e extração ilegal de madeira) e exploração ilegal de
minérios, além disto há aqueles relacionados a entrar na Unidade de Conservação com instrumentos
próprios para caça, pesca ou para extração de subprodutos florestais. Existem ainda aquelas relativas à
poluição e outras infrações ambientais (ter em depósito minério de cobre, metal pesado, de origem ilegal).

34
Guia do Participante – Resumo de Gestão

Os AI foram lavrados entre os anos de 2019 e 2021, sendo 07 (sete) pelo ICMBio e 01 (um) pelo IBAMA,
conforme mostrado no gráfico abaixo (Figura 23).

Auto de Infração - PARNA


Das Infrações Cometidas
Exclusivamente em Unidades
de Conservação
1 (13%)
Das Infrações Contra a Flora

2 (25%)
5 (62%)
Das Infrações Relativas à
Poluição e outras Infrações
Ambientais

Figura 23: Relação dos Autos de Infrações no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Fonte: NGI Carajás/ICMBio

Ações de Prevenção de Combate aos Incêndios Florestais

O histórico de ocorrências de Incêndios Florestais no interior do Parna dos Campos Ferruginosos,


inicia-se no mesmo ano de sua criação, 2017. A ocorrência de maior impacto na UC ocorreu pouco mais de
dois meses da sua criação 05/06/2017, nela mais de 10.000ha da área da Unidade foram afetadas por um
incêndio supostamente criminoso em função de retaliação pela criação do Parna. Apesar dos esforços
empreendidos na prevenção dos incêndios no interior da UC, outros incêndios de várias origens, também
ocorreram nos anos subsequentes, como pode ser notado no gráfico da Figura 24.
Em 2021 o ICMBio selecionou e contratou a primeira brigada de incêndios florestais de carajás,
composta de dois esquadrões de brigada (2 chefes de esquadrão e 10 brigadistas) que iniciou sua atuação
na prevenção e no combate aos incêndios em 2022. Foram 10 ocorrências de incêndios combatidos, 110ha
de Queimas Prescritas realizadas, 120.000km percorridos em monitoramento, 10ha de queimas
controladas acompanhadas entre outras atividades realizadas em apoio a outras coordenações.

35
Guia do Participante – Resumo de Gestão

Parna dos Campos Ferruginosos


Áreas Afetadas pelo Fogo(hectares)

5007 2017
10.080 2018
2442 2019
2020
3.143 2021

553 2022

143

Figura 24: Gráfico – Áreas Afetadas por Incêndios Florestais no Interior do Parna dos
Campos Ferruginosos

Coordenação de Gestão Socioambiental - CGSA

A gestão Socioambiental no NGI Carajás engloba uma gama de ações, que envolve articulação com
organismos municipais que possuem parcerias estabelecidas com o NGI Carajás, onde apoia e desenvolve
as ações de educação ambiental, desenvolvimento de projetos e programas como o Comunidade Vai a
Floresta, o programa de voluntariado do NGI, a gestão dos Conselhos Gestores das Unidades de
Conservação e a criação de um Atlas Socioambiental para o NGI Carajás.
O Conselho Consultivo do Parna é composto por órgãos públicos e entidades da sociedade civil que
representam os seguintes setores:
I - SETOR REGULADOR DO TERRITÓRIO: a) Órgãos públicos ambientais dos três níveis da Federação; e
b) Órgãos do Poder Público de áreas afins, dos três níveis da Federação.
II - USUÁRIOS DO TERRITÓRIO DE INFLUÊNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: a) Setor de Cultura; b)
Setor de Desenvolvimento Rural; c) Setor de Proteção Ambiental; d) Setor de Infraestrutura e Urbanização;
e) Setor de Mineração;
III - SETOR DE TURISMO;
V- SETOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.
Desde a sua criação do Conselho do Parna tem realizado reuniões ordinárias e extraordinárias com
o fim de apoiar a gestão da UC, numa frequência de duas reuniões ordinárias por ano. Em 2023 a primeira
reunião ordinária está prevista para o final do mês de maio.

36
Guia do Participante – Resumo de Gestão

A fim de nortear as ações de educação ambiental do território de Carajás, a CGSA vem trabalhando
na elaboração do Projeto Político Pedagógico da Educação Ambiental que tem como objetivos discutir,
refletir, planejar, articular e promover a implementação de processos educativos juntos aos demais
instrumentos de gestão. O PPPEA possui 3 eixos, o eixo Situacional, o eixo Conceitual e o eixo Operacional.

Coordenação de Consolidação Territorial e Manejo – CCOTeM

As atividades desenvolvidas pela Coordenação de Consolidação Territorial e Manejo


(CCOTeM) do NGI Carajás atualmente, estão focadas nos processos de regularização
fundiária do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Floresta Nacional do Itacaiúnas,
APA do Igarapé Gelado e Floresta Nacional de Carajás. Esforços também estão sendo
realizados para a Demarcação da Reserva Biológica do Tapirapé e Floresta Nacional do Itacaiúnas, isto exige
uma etapa prévia que envolve muito estudo, trabalho e dedicação por parte da equipe da CCOTeM, a
verificação dos limites das Unidades de Conservação, adequando os mesmos ao seu memorial descritivo a
fim de promover o refinamento.

As áreas particulares no interior do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos podem ser
caracterizadas em três grupos: a) fazendeiros tradicionais, b) lotes de Agricultura Familiar do Assentamento
Nova Jerusalém e c) Lotes de outros ocupantes na Serra do Rabo.

Até o mês de abril, existiam os seguintes processos pendentes de desapropriação: 05 processos dos
fazendeiros tradicionais, 05 processos de outros ocupantes e 02 processos referentes aos lotes de
Agricultura familiar do Assentamento Nova Jerusalém.

Outro tema importante afeto a esta coordenação, são as ações de Elaboração e Revisão dos Planos
de Manejo das Unidades de Conservação do NGI Carajás, atualmente está em processo de elaboração o PM
do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e discussões sobre a necessidade de revisão do Plano de
Manejo da Floresta Nacional de Carajás.

Coordenação de Uso Público - COUP

As ações de Uso Público nas Unidades de Conservação de Carajás remontam do ano de 2006, onde
foi criado o Programa de Uso Público da Floresta Nacional de Carajás, envolveu uma parceria firmada entre
IBAMA e o município de Parauapebas e possibilitou a visitação na Flona Carajás e a criação do Centro de

37
Guia do Participante – Resumo de Gestão

Educação Ambiental de Parauapebas, que passou a utilizar a Unidade de Conservação como recurso
pedagógico para estudantes das escolas municipais.
A partir daí, outras ações foram implementadas ao longo do tempo e iniciativas da sociedade de
Parauapebas também foram sendo agregadas, como a criação de uma cooperativa de ecoturismo que
proporcionou a formação de condutores locais para condução de visitantes.
Embora as ações conjuntas com o município já existissem, foi a partir de 2018, com a criação do NGI
ICMBio Carajás, e a atualização do ACT com a Prefeitura Municipal de Parauapebas que elas foram
ampliadas e se intensificaram, surgindo a Coordenação Municipal de Desenvolvimento Socioambiental
(COMDESA), que objetiva dar suporte a COUP na implantação dos instrumentos de gestão da visitação
conforme preconiza a legislação vigente e elaborar o planejamento e a implementação do uso público nas
Unidades de Conservação federais, como o Protocolo de Operação da Visitação na Flona Carajás e a
elaboração o Plano de Uso Público do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Atualmente o Uso Público nas UCs de Carajás consiste na visitação de ecoturismo, educação
ambiental, pesquisa, eventos desportivos, religiosos e institucionais em quatro das seis unidades existentes
no conjunto das áreas protegidas de Carajás, sendo elas, Floresta Nacional de Carajás, Floresta Nacional do
Tapirapé Aquiri, Área de Proteção do Igarapé Gelado e Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Os 28
atrativos disponibilizados para visitação estão agrupados em cinco polos, sendo eles: Polo Carajás, Polo
Mina, Polo N1, Polo Serra Sul e Polo Águas Claras, esses dois últimos, inseridos parcial e total,
respectivamente, no Parna dos Campos Ferruginosos, antes Flona Carajás.
A Flona Carajás é a mais consolidada no Uso Público, e possui diversos atrativos entre trilhas,
cachoeiras, cavernas, mirantes e lagoas abertos para visitação pública, alguns possuem estruturas
construídas, mas a maioria são atrativos naturais sem ou com poucas intervenções, que estão em processo
de estruturação com a instalação de infraestruturas de sinalização interpretativa, orientativa e informativa,
além, de estruturas físicas como corrimãos, pontes, passarelas, tablados, entre outras.
As modalidades de visitas aos atrativos possuem duas categorias, visitas autoguiadas, quando o
roteiro se define apenas ao Bioparque Vale Amazônia e Núcleo Urbano de Carajás, ou guiadas, quando o
roteiro se define nos demais atrativos. As visitas guiadas são definidas as seguintes modalidades: 1)
Ecoturismo: é necessário a contratação de um guia credenciado no ICMBio; 2) Institucionais: é necessário
a solicitação via ofício ao órgão; e 3) Educação Ambiental: é necessário a interlocução com o Centro de
Educação Ambiental de Parauapebas, ou Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou programa de
voluntariado do ICMBio.

38
Guia do Participante – Resumo de Gestão

A criação do Parque Nacional dos


Campos Ferruginosos, exigiu o início do
planejamento para englobar também os
atrativos turísticos no interior desta UC,
levando em consideração que o Parna dispõe
de diversos atrativos com belezas cênicas
significativas (Figura 25).
Alguns atrativos desta UC já são
bastantes conhecidos e visitados, pois, antes
da criação da unidade os proprietários
estruturaram em forma de balneários para
receberem visitantes, hoje, essas
propriedades já foram desapropriadas e
inseridas no leque de atrativos a serem
implementados no Uso Público do Parna
somando ao mapeamento de outros atrativos
prospectados nesta UC.
O complexo de Águas Claras e a Pedra
Figura 25: Cachoeira do Meio Kilo localizada no Parque Nacional dos
da Harpia, são atrativos que tem visitação
Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo
consolidados e estão entre os principais
roteiros de Carajás. Anteriormente faziam parte do zoneamento do uso Público da Flona Carajás, no
entanto, com a criação do Parna hoje fazem parte dessa UC, sendo mantida a visitação nos locais por possuir
uma rota de visitação estabelecida e se tratar de um dos roteiros mais procurados pelos turistas (Figuras
26 e 27).

39
Guia do Participante – Resumo de Gestão

Figura 26: Cachoeira de Águas Claras no interior do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, um dos roteiros
consolidado do ecoturismo de Carajás. Foto: Manoel Delvo

Figura 27: Mapa com a localização dos atrativos turísticos do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

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Guia do Participante – Resumo de Gestão

Os atrativos turísticos hoje liberados para a visitação no interior do Parna dos Campos Ferruginosos
são aqueles que formam o complexo de águas claras, isto é, o Pórtico de entrada na Unidade, as trilhas
“Peito de Aço“Timborana”, “Vai Quem Quer”, “Gavião Real” o conjunto de cachoeira de águas claras e a
Pedra da Harpia, inclusos em rota estruturada no município de Parauapebas. Estes destinos turísticos,
representam mais de 80% das visitas efetuadas nos último cinco anos, como pode ser notado no gráfico,
abaixo (Figura 28).

Número de Visitantes
Perído: 2018 a 2022
2000
1641
1446
1500 1237
990
1000 805
644 601 570
500
0 0
0
2018 2019 2020 2021 2022 2023

Total de Visitas Visitantas em Águas Claras

Figura 28: Gráfico com número de visitantes geral e em Águas Claras no Parque Nacional
dos Campos Ferruginosos

Os investimentos realizados pelo ICMBio e a Prefeitura Municipal de Parauapebas, o aumento do


número de condutores credenciados, estão contribuindo para o aumento da visitação no interior da
Unidade de Conservação.

Coordenação de Logística, Monitoramento e Pesquisa - COLMOP

O Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Instituto Chico Mendes foi implementado no


ICMBio Carajás a partir de 2016, na Rebio do Tapirapé. Através do Subprograma Terrestre, no Componente
Florestal, dados da diversidade de plantas, borboletas frugívoras e aves e mamíferos foram levantados em
três estações amostrais nos últimos anos.
Com a implementação do NGI Carajás, a estratégia relacionada ao monitoramento da
biodiversidade passa a ser pensada de forma integrada. Outros protocolos passaram a entrar no
cronograma de execução do Programa Monitora Carajás, onde na Rebio do Tapirapé serão implementados
o monitoramento avançado através de câmeras, chamado de Teams, além do Monitoramento avançado
de aves por ponto de escuta. Além disso, outros protocolos então passam a ser pensados para os diferentes

41
Guia do Participante – Resumo de Gestão

contextos encontrados nas UCs do NGI Carajás. Além da Rebio, a Flona de Carajás passa a ser foco do
Programa Monitora, através dos Componente Campestre-Savânico e Florestal, do Subprograma Terrestre.
No Parna dos Campos Ferruginosos a perspectiva de implementação do Componente Campestre-Savânico
para avaliação da mudança da estrutura vegetal dos campos rupestres ferruginosos mediando ao impacto
do fogo e a invasão biológica por espécies exóticas como Brachiaria spp. e Pteridium spp. Em um contexto
mais integrado ainda do monitoramento, o Componente Igarapés, do Subprograma Aquático-Continental,
será implementado em diferentes igarapés das Flona de Carajás, Flona do Tapirapé-Aquiri e Rebio do
Tapirapé.
A Coordenação de Logística, Pesquisa e Monitoramento (Colmop) é responsável pela gestão do
Programa Monitora em Carajás, além de atuar na gestão técnico-científica dos resultados de projetos de
parceiros externos e de outras coordenações do NGI Carajás. A gestão é realizada através do Comitê
Técnico-Científico, um grupo de trabalho permanente criando em 2021 para auxiliar na execução de
recursos advindos dos acordos de cooperação técnicas firmados entre o ICMBio em Carajás e as empresas
que possuem projetos de mineração na Flona de Carajás e Flona do Tapirapé-Aquiri.
A Colmop também tem a responsabilidade de articular com os pesquisadores e organizar os
resultados técnicos-científicos em prol da divulgação e melhoria da gestão através da aplicação dos
resultados na estratégia interna de gestão, principalmente associada a tomada de decisão nos
procedimentos de licenciamento ambiental das UCs do NGI Carajás.
Desde a criação da UC até o mês de novembro de 2022, já tinham sido realizadas 36 pedidos de
licenças no Sistema de Informação sobre a Biodiversidade (SISBio). É possível observar que há uma variação
no padrão dos pedidos de licença para pesquisa. No primeiro ano foram realizados seis pedidos de licença
no Sisbio para a UC. No segundo ano houve um aumento no pedido de licenças, saltando para 10, mas com
a Pandemia de COVID-19 foram realizadas somente 4 pedidos para 2020. O maior número para o ano de
2021 (14), apesar da ainda pandemia corrente de COVID-19. Em 2022 foram realizados somente três
pedidos de licença SISBio para o Parna dos Campos Ferruginosos (Figura 29). Os pedidos de licenças se
concentraram, principalmente, nas áreas de espeleologia e estudos de flora dos campos rupestres
ferruginosos da UC.

42
Guia do Participante – Resumo de Gestão

Figura 29: Número de licenças SISBio para o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos,
Pará, Brasil.

No contexto da logística, a Colmop é responsável pela articulação junto a Coordenação Geral para
garantir a continuidade das ações de monitoramento e pesquisa técnico-científica nas UCs do NGI Carajás,
uma vez que as atividades demandam grande parte a logística interna do NGI Carajás e as outras
coordenações da instituição também possuem a necessidade de utilização da frota de carro e bases devido
a execução operacional relacionada ao grande número de atividades operacionais dentro do território das
UCs.

43
Guia do Participante – Plano de Manejo

PLANO DE MANEJO

Objetivo da Oficina: O objetivo da oficina é reunir uma equipe interdisciplinar, formada por técnicos
e por pessoas que conheçam bem o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e a região onde está
inserida, contribuindo com seus conhecimentos, experiências e informações relevantes a fim de colaborar
com a construção de seu plano de manejo.

Histórico: O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental


do governo federal brasileiro, criado pela Lei Federal 11.516 de 28 de agosto de 2007, é uma autarquia
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA). A sua principal missão institucional é gerir as unidades de conservação federais (UCs).

Cabe ao ICMBio executar ações da política nacional de UCs, podendo propor, implantar, gerir,
proteger, fiscalizar e monitorar as unidades instituídas pela União. Também tem a função de executar
políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoiar o extrativismo e as populações
tradicionais nas unidades de conservação federais de uso sustentável. Tem ainda o relevante papel de
fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e
exercer o poder de polícia ambiental nas UCs federais. No endereço eletrônico http://www.icmbio.gov.br
pode-se obter informações completas sobre o ICMBio, suas unidades de conservação e a biodiversidade
protegida.

De acordo com a Lei Federal 9.985/2000, que cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza (SNUC), o plano de manejo é o documento técnico no qual se estabelece o zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da UC (Brasil, 2000).

Um plano de manejo serve como referência fundamental para as decisões de manejo e planejamento
em uma UC do sistema federal. Descreve a missão da UC ao identificar o seu propósito, a sua significância,
os seus recursos, os seus valores fundamentais e seus temas interpretativos. Também define o zoneamento
e as normas pertinentes tanto para a UC quanto para sua Zona de Amortecimento, avalia as necessidades
de planejamento e dados para a UC, além de identificar seus atos legais (ou regras específicas) e
administrativos previamente existentes.

44
Guia do Participante – Plano de Manejo

Para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, utilizaremos
como base a Instrução Normativa N° 7/GABIN/ICMBIO, de 21 de dezembro de 2017, que estabelece
diretrizes e procedimentos para elaboração e revisão de planos de manejo de unidades de conservação da
natureza federais, e o Roteiro Metodológico para elaboração e revisão de planos de manejo de unidades de
conservação federais, aprovado pela de Portaria ICMBio Nº 1.163, de 27 de dezembro de 2018.

ELEMENTOS DO PLANO DE MANEJO

Um plano de manejo na abordagem estratégica deve incluir os seguintes elementos (Figura 30):
• declaração de propósito;

• declarações de significância;

• recursos e valores fundamentais;

• subsídios para a interpretação ambiental;

• avaliação das necessidades de dados e planejamentos;

• zoneamento;

• normas gerais;

• atos legais e administrativos.

Figura 30: Elementos do Plano de Manejo. Fonte: ICMBio (2018)

45
Guia do Participante – Plano de Manejo

Relação dos Elementos do Plano de Manejo

A Figura 31 mostra as relações dos vários elementos em um plano de manejo na abordagem


estratégica. Embora os elementos estejam demonstrados como compartimentos separados, é importante
perceber que o desenvolvimento de um plano de manejo é um processo integrado em que todos os
elementos estão interligados. Estes elementos são construídos de cima para baixo da pirâmide: no topo
estão os elementos que tratam dos objetivos de longo prazo da unidade, e na sua base os elementos que
são específicos para que se consiga atender ao propósito que está no topo.

Figura 31: Relação dos elementos do Plano de Manejo

46
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

O PROPÓSITO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

O plano de manejo começa com a definição do propósito da UC. O propósito identifica o(s)
motivo(s) específico(s) para a criação de uma determinada UC. O propósito de uma UC está baseado
em uma análise cuidadosa da razão de sua existência, incluindo os estudos prévios à criação, os
objetivos previstos no decreto de criação e os da categoria de manejo, conforme a Lei 9.985/2000 -
Lei do SNUC. Além de conectada com a missão do ICMBio, a declaração de propósito estabelece o
alicerce para o entendimento do que é mais importante acerca da UC e vai além de apenas reafirmar
o decreto de criação. Ele consiste no critério mais fundamental contra o qual é avaliada a
conformidade das recomendações de planejamento, as decisões operacionais e as demais ações.

Melhores Práticas para uma Declaração de Propósito de UC

• A declaração está fundamentada em uma análise detalhada da razão de existência da UC e


da legislação que influenciou a implantação da UC.

• A declaração não só reafirma a razão de existência, mas torna a linguagem acessível ao


público em geral.

• A declaração é concisa e vai direto ao ponto.

• A UC pode ser distinguida das demais ao se ler a declaração de propósito.

• O propósito pode ser refinado ao longo da Oficina, com o amadurecimento dos tópicos
trabalhados.

Figura 32: Ilustração da flora do Parque Nacional dos Campos Ferruginos: Foto: João Rosa

47
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Exercícios para construção do “Propósito”

Perguntas orientadoras:

1. POR QUE A UC FOI CRIADA?

2. QUAL SUA RAZÃO DE EXISTÊNCIA?

Exercício 1: Considerar exemplos de declarações de propósito feitos para outras UC e discutir


os elementos que os tornam eficazes como propósito das UC.

Exercício 2: Ler os principais componentes do histórico e decreto de criação e demais subsídios


sobre a UC. Discutir as principais razões pelas quais a UC foi estabelecida.

Exercício 3: Desenvolver o rascunho de uma declaração de propósito para a UC.


Concluído o exercício, pôr à prova a declaração rascunhada comparando-a com as melhores
práticas para declaração de propósito fornecidas acima.

Figura 33: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLOS DE DECLARAÇÕES DE PROPÓSITO DE OUTRAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

• O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, concebido para conservar excepcionais valores
naturais, em virtude da ocupação recente do centro do país e da transferência da Capital Federal,
protege a maioria dos ambientes representativos típicos do Cerrado em uma única Unidade de
Conservação, abriga as mais altas
nascentes da bacia do Rio Tocantins
na região de maior altitude do
Planalto Central e proporciona
desenvolvimento associado à
diversidade sociocultural da região,
sendo importante destino para a
recreação em contato com a natureza
e turismo ecológico (Figura 34).
Figura 34: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Fernando Tatagiba.

• O Parque Nacional da Amazônia,


situado às margens das corredeiras do
rio Tapajós, foi o primeiro parque
nacional criado na Amazônia brasileira,
como área reservada com objetivo
preservar a biodiversidade e as belezas
cênicas da região em razão da abertura
da rodovia Transamazônica (BR–230).
Protegendo um enorme maciço
florestal, onde viviam povos indígenas
ancestrais, o parque oportuniza
recreação e lazer, turismo ecológico,
Figura 35: Parque Nacional da Amazônia. Foto: Léia Soares
educação ambiental e pesquisa científica.

49
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

SUBSÍDIOS À CONSTRUÇÃO DO PROPÓSITO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS

O Parque Nacional (Parna) é uma categoria de unidade de conservação (UC) de proteção


integral que tem como objetivo “a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de
turismo ecológico” (BRASIL, 2000).

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, foi criado através do Decreto S/N de 05 de junho
de 2017, como compensação aos impactos ocasionados pela instalação do Projeto Minerário da VALE
S.A denominado S11D, no interior da Floresta Nacional de Carajás. Os objetivos de criação do parque
são:
I - proteger a diversidade biológica das Serras da Bocaina, do Tarzan e suas paisagens naturais e
valores abióticos associados;
II ­ garantir a perenidade dos serviços ecossistêmicos;
III - garantir a proteção do patrimônio espeleológico de formação ferrífera e da vegetação de campos
rupestres ferruginosos;
IV ­ contribuir para a estabilidade ambiental da região onde se insere; e
V - proporcionar o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza e do
turismo ecológico.

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos apresenta uma paisagem singular advinda de
processos pretéritos ao longo de milhões de anos, isto em decorrência de diversos elementos, tais
como: o clima, o relevo, a hidrografia e seus processos que resultaram na existência de um tipo raro
de ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro, e amostras de vegetação de
canga ou campos rupestres ferruginosos com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e
ameaçadas de extinção, além de ambientes aquáticos e cavernas.

50
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

As principais atividades desenvolvidas na UC são pesquisa e monitoramento da


biodiversidade, visitação pública, proteção ambiental (Figura 36), consolidação territorial e
regularização fundiária, educação ambiental e voluntariado.

Figura 36: Monitoramento realizado pela equipe de brigadistas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto:
Manoel Delvo

51
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

SIGNIFICÂNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Declarações de significância expressam porque os recursos e valores da UC são importantes o


bastante para justificar a sua criação e integração ao sistema federal de UC. Tais declarações são
diretamente associadas ao propósito da UC e são apoiadas pelo conhecimento disponível, percepções
culturais e consenso.

As Declarações de significância descrevem a natureza única da UC, bem como porque a área
é importante no contexto global, nacional, regional e sistêmico, inclusive pela provisão de serviços
ecossistêmicos, que são os benefícios que aquela área protegida presta à sociedade e que podem ser
especificados. Declarações de significância também refletem as demandas científicas e acadêmicas,
bem como as percepções culturais mais atuais, as quais podem ter mudado desde o estabelecimento
da unidade.

Declarações de significância definem o que é mais importante a respeito dos recursos e


valores de uma UC, que irão ajudar com o planejamento e o manejo, e são orientadas por: (1)
legislação relativa à criação e outros dispositivos legais referentes à sua implantação; e (2) uma
melhor compreensão dos recursos como resultado das atividades de manejo, pesquisa e
engajamento público. Apesar de cada Unidade de Conservação ter muitos recursos e valores
importantes, nem todos contribuem com a significância da UC.

O SNUC tem os seguintes objetivos:


I. Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no
território nacional e nas águas jurisdicionais;
II. Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
III. Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
IV. Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V. Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo
de desenvolvimento;
VI. Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII. Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII. Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

52
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

IX. Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;


X. Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
monitoramento ambiental;
XI. Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII. Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em
contato com a natureza e o turismo ecológico, e
XIII. Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.
Declarações de significância de uma UC geralmente incluem um ou mais dos elementos
listados acima. Tais declarações são usadas para orientar as decisões relativas ao manejo e ao
planejamento a fim de garantir que os recursos e valores que contribuem com a designação da UC
sejam preservados.

Melhores Práticas para Declarações de Significância de


Unidades de Conservação

“FATOR UAU!”

• A declaração define claramente uma das coisas mais importantes a respeito dos
recursos/valores da unidade de conservação com base no porquê de a unidade ter
sido criada.
• A declaração não apenas lista os recursos e valores, mas inclui porque a unidade é
importante no contexto global, nacional, regional ou sistêmico.
• A declaração pode ser conectada ao propósito e à razão de existência da UC.
• A declaração reflete pesquisas científicas ou acadêmicas e interpretações, incluindo
mudanças que podem ter ocorrido desde o estabelecimento da UC.
• A declaração precisa ser embasada por dados e capaz de subsistir à revisão por
atores locais.
• A UC pode ser distinguida de outras unidades mediante a leitura da declaração de
significância.

53
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Exercícios para construção da Significância de


Unidades de Conservação
Perguntas orientadoras:

1. POR QUE A UC É ESPECIAL?

2. O QUE TORNA ESSA UC ÚNICA?


3. O QUE ELA REPRESENTA NOS CONTEXTOS REGIONAL, NACIONAL OU GLOBAL?
Exercício 1 (plenária): Analisar exemplos de declarações existentes de significância de
outras UC e outros documentos da UC e discutir os elementos que tornam eficazes certas
declarações de significância.
Exercício 2 (plenária): Identificar os principais tópicos de significâncias dentre as existentes
para a UC. Falta alguma coisa? Se faltar, gerar novos tópicos de significância adicionais
relevantes.
Exercício 3 (3 ou 4 grupos menores): Um ou mais tópicos de significância serão atribuídos
a cada grupo que iniciam a construção dos textos de significância completos para os tópicos
que receberam, tendo em mente as melhores práticas.
Exercício 4 (plenária): Reunir o grupo todo para revisar, discutir e refinar os rascunhos de
declarações de significância propostos pelos grupos menores. Pôr à prova todas as
declarações de significância comparando-as com os critérios-chave para as declarações de
significância.
✓ A declaração define claramente uma das coisas mais importantes acerca dos
recursos/valores da UC com base no motivo pelo qual a UC foi estabelecida? É
específica?
✓ A declaração vai além de apenas listar os recursos e valores e inclui o porquê de a
unidade ser relevante em âmbito nacional? Foram considerados os Serviços
Ecossistêmicos prestados? A declaração reflete pesquisas e interpretações
acadêmicas atuais, incluindo mudanças que possam ter ocorrido desde o
estabelecimento da UC? Existem Evidências?
✓ As declarações de significância estão conectadas com o Propósito?

54
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLOS DE DECLARAÇÕES DE SIGNIFICÂNCIA

Parque Nacional do Iguaçu

• O Parna Iguaçu, um dos mais


visitados do Brasil, abriga as
majestosas Cataratas do Iguaçu e
proporciona uma experiência
emocionante de recreação em
contato com a natureza, sendo
referência em visitação para os
parques brasileiros.
• O Parna Iguaçu, com seus mais de
Figura 37: Parque Nacional do Iguaçu. Foto: oeco.com.br
185 mil ha, é um dos maiores
remanescentes de Mata Atlântica de interior e se insere em um contexto geográfico singular
ao se conectar com outros fragmentos florestais semelhantes na Argentina, destacando-se o
Parque Nacional do Iguazu. Este contínuo florestal, denominado Corredor Verde, abriga uma
rica biodiversidade, incluindo espécies raras e ameaçadas de fauna e flora como a jacutinga,
surubim-do-iguaçu, bugio, harpia, onça-pintada, gato-maracajá, peroba-rosa e palmito-
juçara, com grande potencial para pesquisas científicas.
Parque Nacional da Amazônia

O Parque Nacional da Amazônia é uma


imensa área de floresta e montanhas 1
que abriga índios isolados e sítios
arqueológicos. Cada pedaço dessa
terra é sagrado, guardando o registro
dos povos que habitaram a região, das
Figura 38: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parna da Amazônia. etnias Tapajós, Sateré-Mawé e
Fonte: Léia Soares

1
As elevações existentes no Parque Nacional da Amazônia são classificadas oficialmente pelos critérios do IBGE como
morros. Entretanto, os indígenas da região tratam estas elevações como “montanhas”. Assim, por se tratar de uma
declaração de significância relacionada ao valor sagrado das terras para os indígenas optou-se por utilizar o termo
comumente utilizado por eles.

55
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Munduruku sendo, portanto, uma área de grande importância arqueológica que contribui para contar
o histórico de ocupação humana na região do rio Tapajós.

Parque Nacional de Brasília

• Zona Núcleo da Reserva da Biosfera do


Cerrado, o Parque Nacional de Brasília é
eixo de conectividade entre áreas
naturais do Distrito Federal e entorno,
irradiando a perpetuação da vida a partir
de seu mosaico de paisagens, por meio
de diversos corredores ecológicos,
proporcionando a conexão entre o ser
humano e a natureza. Figura 39: Parque Nacional de Brasília (Fotos: André Dib (esq.),
2021 e Acervo PNB, 2021).
• O Parque Nacional de Brasília, maior remanescente de Cerrado no Distrito Federal, é uma área
prioritária para a conservação deste bioma, um dos mais ameaçados do país. Abriga espécies
raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, demonstrando seu alto grau de conservação,
destacando-se a única população da gramínea Gymnopogon doellii conhecida e protegida por uma
unidade de conservação de proteção integral, e populações de arnica (Lychnophora ericoides).
Dentre as espécies da fauna de grande porte, destacam-se a onça-pintada (Panthera onca), a
onça-parda (Puma concolor), a anta (Tapirus terrestris), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla) e, dentre as espécies da avifauna, o mutum-de-penacho (Crax fasciolata), o soldadinho
(Antilophia galeata), o bico-de-brasa (Monasa nigrifrons) e polinizadores.

• Sendo um dos berços das bacias d os Rios Paranaíba e do Rio Maranhão, o Parque Nacional de
Brasília, mesmo situado em uma área urbano-rural de alta pressão antrópica, possui grande
importância para a dinâmicas das águas da região, oferecendo serviços ecossistêmicos
significativos por meio da conservação da biodiversidade, como manutenção do balanço hídrico e
das zonas úmidas, o abastecimento público com água de excelente qualidade, a regulação do
clima, manutenção da qualidade de ar e ainda a recreação e a contemplação da natureza.

56
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

• Em posição especial, próximo da área urbana do Distrito Federal e da administração central do


país, o Parque Nacional de Brasília possibilita acesso fácil para estudantes, pesquisadores,
visitantes, gestores públicos e tomadores de decisão nacionais e internacionais, cativando a
sociedade em favor da conservação ambiental.

• O Parque Nacional de Brasília, desde a sua criação, foi destinado a ser uma instância educativa
para a sociedade. As ações de educação ambiental do PNB disseminam o conhecimento científico
e vivencial há gerações, contribuindo para a gestão participativa, envolvendo as comunidades do
entorno e recebendo voluntários. O contato com a vegetação, a fauna, os recursos hídricos e os
aspectos históricos, impulsionado pelo conteúdo transformador das aulas e dinâmicas, gera
mudanças na relação das pessoas com o meio ambiente.

• O Parque Nacional de Brasília promove a conexão do homem com a natureza, com suas belas
paisagens naturais, vales, cavernas, cachoeiras, a represa de Santa Maria, trilhas com diferentes
níveis de dificuldade e as famosas piscinas da “Água Mineral”2, constituindo-se em área núcleo do
Sistema Distrital de Trilhas Ecológicas, dentro da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e
Conectividade. Destaca-se como promotor do turismo e do desenvolvimento sustentável do
território.

• O Parque Nacional de Brasília constitui-se em uma área de Cerrado com grande relevância para o
desenvolvimento de pesquisas científicas básicas e aplicadas, devido à extensão de suas áreas
conservadas, à facilidade de acesso, à proximidade com instituições de ensino e pesquisa e à
estrutura de apoio interna e do entorno. Pesquisas desenvolvidas em monitoramento de sismos,
Manejo Integrado de Fogo (MIF) em savanas tropicais, controle e erradicação de espécies exóticas
invasoras da flora e da fauna e monitoramento de recursos hídricos, são referências de interesse
regional e global.

• Os sítios históricos e arqueológicos dentro do Parque Nacional de Brasília trazem a memória da


presença humana na região, desde o período pré-histórico – com vestígios de povos originários
de 11 mil anos atrás – até a implantação de Brasília em 1960. Estradas Reais, cemitérios e ruínas
de fazendas, testemunham a existência e permanência de populações pretéritas e provocam nas

2
Água Mineral: nome popular dado às piscinas de água natural do Parque Nacional de Brasília.

57
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

gerações atuais o questionamento sobre como a paisagem atual e a composição de espécies


vegetais do Parque foram influenciadas por modos de vida antepassados. Esse cenário histórico e
arqueológico possibilita pensar o futuro da região considerando a necessidade da manutenção
deste território especialmente protegido e seus serviços ecossistêmicos associados.

Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba

• O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba com suas inúmeras cachoeiras com águas
puras e cristalinas, as vastas veredas e buritizais e os paredões formados pelas serras
compõem um cenário ideal para promover a educação e interpretação ambiental, recreação
em contato com a natureza e o turismo ecológico.

• O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, a maior unidade de conservação do bioma
Cerrado, que abrange parte de quatro estados brasileiros (Maranhão, Tocantins, Piauí e
Bahia), apresenta grande diversidade de ecossistemas ao longo do espaço, variando desde
áreas campestres, florestas, brejos e veredas, além de buritizais. Essa diversidade de
ambientes abriga também imensa variedade de vida, algumas delas endêmicas e/ou
ameaçadas de extinção, como o tatu-bola, o tatu-canastra, o lobo-guará, a onça parda, o cajuí,
o pequi, o jatobá, o capim-dourado, dentre outras, contribuindo para a preservação do
Cerrado, um dos hotspot mundiais de biodiversidade (Figura 40).

Figura 40: - PARNA Nascentes do Rio Parnaíba. Fonte: Carolina Fritzen.

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

SUBSÍDIOS À CONSTRUÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE SIGNIFICÂNCIA E DOS RECURSOS E VALORES


FUNDAMENTAIS PARA O PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos está localizado na região da Serra dos Carajás e
junto com outras áreas protegidas compõe o chamado “Mosaico Carajás”, com cerca de 1.207.000
hectares. Este conjunto de áreas protegidas, possui grande importância para a conservação da
biodiversidade, de processos ecológicos e de serviços ecossistêmicos, haja vista a intensa degradação
ambiental da região em que se insere (Bezerra e Ribeiro et all, 2017).

A Serra dos Carajás é a maior província mineralógica do planeta, onde concentra a maior
jazida de minério de ferro explorada do mundo, uma grande quantidade de manganês, cobre, ouro e
níquel. A rica região mineral abrange o sudoeste do estado do Pará, o oeste do Maranhão e o norte
do Tocantins (RIBEIRO, 2009).

Localizado nos municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas, o Parna dos Campos
Ferruginosos é a mais nova das Unidades de Conservação que compõem o Núcleo de Gestão
Integrada de Carajás, foi criada em 05 de junho de 2017, em função das condicionantes ambientais
estabelecidas na Licença de Operação do Projeto de Mineração de Ferro da Vale S.A no interior da
Floresta Nacional de Carajás, denominado Projeto S11D Eliezer Batista.

O objetivo principal da criação do Parque é proteger os campos ferruginosos, um tipo raro de


ecossistema, associado aos afloramentos rochosos de hematita, conhecido como vegetação de canga
e, localmente, como “Savana Metalófila” (Figura 41). Este ecossistema é muito especial por sua
singularidade, possuindo importantes atributos para conservação, entre eles: espécies da flora e da
fauna raras, ameaçadas e endêmicas, ecossistemas aquáticos e cavernas. Estudos para a criação do
Parque dos Campos Ferruginosos apontaram que a Unidade de Conservação é o maior Parque
Nacional com cavernas em rochas ferríferas do país, além de abrigar espécies raras e registros
arqueológicos das primeiras ocupações humanas na Amazônia (ICMBio, 2016).

O Parque Nacional Campos Ferruginosos também abriga em seu interior outros ecossistemas
incluindo grandes áreas de florestas nativas e mananciais importantes para a proteção das águas da
região. A incorporação do platô “Serra do Tarzan” ao parque nacional altera a categoria de
conservação de uma área de aproximadamente 59.000 hectares da Flona Carajás para proteção
integral. Isso significa que será uma zona livre de atividade minerária, garantindo às futuras gerações

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

conhecer a biodiversidade ali estabelecida como a preservação das funções ecológicas da área
(ICMBio, 2016).

Figura 41: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa

A Unidade de Conservação possui duas regiões com estado de conservação distintos, o Oeste
bem preservado, antes era a Zona de Preservação e Uso Público da Floresta Nacional de Carajás e o
Leste, já bastante antropizado, composto anteriormente por áreas particulares apresenta impactos
significativos e sofre muitas pressões do seu entorno, existindo grandes áreas de pastagens com
gramíneas exóticas das espécies de Brachiarias e Panicuns Maximus além de plantações de espécies
frutíferas. Em função das constantes ocorrências de incêndios florestais há uma proliferação de
outras plantas exóticas como o Pteridium spp.

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos protege amostras de vegetação de canga ou


campos rupestres ferruginosos, tipo raro de ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos
em ferro, com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e ameaçadas de extinção, além de
ambientes aquáticos e cavernas (Figura 42). As áreas de cangas se localizam em hotpots mundiais de
diversidade (SMITH; CLEEF, 1988, apud VIDAL e MARCARENHAS, 2020). Estes oferecem uma gama de

60
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

serviços e funções ambientais que expressam a importância de estudos integrados sobre essas
paisagens. A formação dessas paisagens confere atributos para a preservação e conservação, entre
eles: espécies raras da flora e fauna, complexa litologia, seus tipos de solos e expressiva quantidade
de cavidades naturais em ferro (VIDAL e MARCARENHAS, 2020).

Figura 42: Batatã-de-canga (Ipomoea marabaensis D.F.Austin & Secco). Foto: Manoel Delvo

O Parque Nacional Campos Ferruginosos abriga espécies raras, como a herbácea Blechnun
longipilosum; endêmicas, tais como as aves arapaçu-de-loro-cinza (Hylexetastes brigidai), o anambé-
de-rabo-branco (Xipholena lamellipennis) e o arapaçu-do-carajás (Xiphocolaptes carajaensis). Além
de animais ameaçados de extinção, tais como o papagaio-campeiro (Amazona ochrocephala) a arara-
azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), e as espécies herbáceas arbustivas Mimosa acutistipula
var. ferrea e Mimosa skinneri var. carajarum. (MARCELINO, 2017).

O Parque Nacional é de posse e domínio público. A área do parque que estava localizada no
interior da Flona Carajás já se encontra totalmente íntegra e sem ocupação. A maior parte das

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

propriedades particulares da Serra da Bocaina já foi adquirida pela mineradora VALE e se encontra
em processo de doação ao ICMBIO. As demais propriedades particulares ainda existentes na área do
Parque serão desapropriadas a partir de indenizações justas de acordo com o que dispõe a lei. O
ICMBio poderá estabelecer parceria com as propriedades vizinhas ao parque buscando a conservação
da biodiversidade a partir de apoio à produção sustentável e do incentivo ao desenvolvimento do
turismo de base comunitária no interior do Parque Nacional, podendo gerar renda para as
comunidades locais (ICMBio, 2016).

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS

Uma das responsabilidades mais importantes dos gestores de UC é garantir a conservação e


o desfrute público das qualidades que são essenciais (fundamentais) para atingir o propósito da UC e
manter sua significância. Tais qualidades são denominadas recursos e valores fundamentais (RVF) das
unidades de conservação.

Os recursos e valores fundamentais são aqueles aspectos ambientais (espécies, ecossistemas,


ou processos ecológicos), sociais (bem-estar social), econômicos, culturais, históricos, geológicos,
paisagísticos e outros atributos, incluindo serviços ecossistêmicos, que em conjunto são
representativos de toda a UC, e serão levados em conta, prioritariamente, durante os processos de
planejamento e manejo, pois são essenciais para atingir o propósito da UC e manter sua significância.
Os RVF estão intimamente ligados ao ato legal de criação da UC e são mais específicos que as
declarações de significância (Figura 43).

Figura 43: Paisagem específica localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Os recursos e valores fundamentais auxiliam a concentrar os esforços de planejamento e


manejo no que seja realmente significativo acerca da UC. Se os recursos e valores fundamentais
forem degradados, o propósito e/ou significância da UC podem estar em risco. Além disso, os recursos
e valores fundamentais devem ter ligação clara com a conservação da biodiversidade, ou seja, nos
casos dos valores sociais e culturais, sua manutenção deve estar ligada ao uso sustentável de recursos
e à conservação da UC.

Um recurso ou valor fundamental deve ser algo que não possa ser questionado, ao menos
facilmente. Deve ser algo com que todos concordem. Uma questão que as equipes de planejamento
precisam responder ao identificar recursos e valores fundamentais é: “Será que a UC ainda atingiria
seu propósito e satisfaria suas declarações de significância sem este recurso ou valor?”

Melhores Práticas para a Identificação de Recursos e


Valores Fundamentais

• O recurso ou valor em questão é crucial para alcançar o propósito da UC e manter sua


significância, e tal associação deve ser clara para manter a conexão entre estes
elementos.

• Dentre os participantes da oficina e na equipe da UC, há forte consenso de que o


recurso ou valor em questão é crucial para a viabilidade futura da UC.

• O recurso ou valor em questão não é abstrato ou amplo demais, não abrange todos os
recursos presentes na UC e não é genérico (isto é, deve ser específico).

• É imprescindível que haja aspectos ambientais (espécies, ecossistemas, ou processos


ecológicos), dentre os RVF.

• RVF sociais e culturais (bem-estar social), devem ser relacionados aos aspectos
ambientais sempre que possível.

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Exercícios para definição dos Recursos e Valores Fundamentais

Pergunta orientadora:

QUAIS RECURSOS OU VALORES SÃO MAIS IMPORTANTES PARA ATINGIR O


PROPÓSITO E A SIGNIFICÂNCIA DA UC?

Exercício 1 (plenária): Analisar exemplos de recursos e valores fundamentais


existentes para outras UC e discutir os elementos que os tornam eficazes e
ineficazes.

Exercício 2 (em subgrupos): O grupo grande será dividido em dois grupos, que irão
identificar os 5 RVF que consideram mais importantes para atingir o Propósito e a
Significância da UC, e os apresentarão em plenária associando-os aos Propósito e às
Significâncias

Exercício 3 (grupos pequenos): Dividir em grupos pequenos com base na


experiência e interesse, e atribuir um ou mais RVF apresentados anteriormente para
cada grupo. Cada grupo irá desenvolver descrições completas (1-2 sentenças) para
cada RVF, definindo também a ligação com a conservação para cada um deles. Os
grupos irão registrar um RVF e sua descrição por flip chart.

Exercício 4 (plenária): Reunir novamente o grupo todo para revisar, discutir e refinar
os recursos e valores fundamentais identificados por cada subgrupo. Pôr à prova
todos os recursos e valores fundamentais comparando-os com as melhores práticas
para recursos e valores fundamentais e manter, refinar ou eliminar os recursos
elaborados com base na comparação.

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLOS DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS

PARQUE NACIONAL DE BRASÍLIA


• Águas do Parque Nacional de Brasília - As águas do Parque alimentam duas grandes regiões
hidrográficas brasileiras‫ ׃‬a bacia do rio Maranhão, que deságua na região do Araguaia-Tocantins
ao norte, e a bacia do Paranaíba, que drena para a região da bacia do rio Paraná ao sul. A unidade
protege as nascentes dos Ribeirões da Palma, Bananal e Torto desempenhando importante papel
na proteção dos recursos hídricos fundamentais para a manutenção das espécies, funcionalidade
ecossistêmica, turismo, lazer e captação de água para o abastecimento público. Os sistemas de
aquíferos subterrâneos possuem características incomuns, como: a alta densidade de fontes
quando comparadas a outras regiões de cerrados similares da região; a formação hidrogeológica
com interface de águas profundas e rasas; feição morfológica elevada comparada a um “sistema
artesiano natural”; e os campos de murundus, que são pequenos montes sobre superfícies
predominantemente úmidas.
• Oportunidade de recreação em contato com a Natureza - As paisagens e as águas do Planalto
Central, emolduradas por chapadas, nascentes, vales, rios, cachoeiras, veredas, jardins de Cerrado
e pelo céu de Brasília propiciam um encantamento com a natureza, fazendo do Parque Nacional
de Brasília o local ideal para integrar a visitação entre as piscinas da Água Mineral (Figura 44) e as
trilhas e estradas que cortam o Cerrado. Caminhadas, recreação na água, cicloturismo, cavalgadas
e observação de fauna são algumas das atividades que promovem a conexão do ser humano com
a natureza, importante serviço ecossistêmico para qualidade de vida e saúde.

Figura 44: Piscina Água Mineral no Parque Nacional de Brasília. Foto: Léia Soares

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

• Patrimônio Histórico - Arqueológico - Parte do patrimônio histórico-arqueológico do Planalto


Central está preservada no Parque Nacional de Brasília. A região foi palco de passagem de povos
originários e conta com sítios arqueológicos reconhecidos pelo Iphan, como sítios líticos pré-
históricos, vinculados a caçadores e coletores. Até o século XIX, foi local de passagem de tropeiros,
através das Estradas Reais da Bahia e Santa Luzia – Contagem, mantendo vestígios de fazendas,
como a de Santa Maria. Em 1894, sediou o Acampamento da Comissão Cruls, formado pela equipe
de cientistas que investigou o interior do país e indicou o quadrilátero onde posteriormente a
capital foi implantada.

• Cerrado - O Cerrado é a savana mais biodiversa e ameaçada do mundo, sofre intensa perda de
habitat e é uma das áreas mundiais prioritárias para conservação. O Parque Nacional de Brasília
protege parcela significativa do Cerrado do Planalto Central, sendo a maior área contínua no
Distrito Federal, constituindo um eixo de conectividade ambiental e uma das Zonas Núcleo da
Reserva da Biosfera do Cerrado. Seu mosaico de fitofisionomias garante diferentes ambientes
para a fauna e protege ambientes especiais, como o cerrado rupestre, a mata seca e os campos
de murundus.

• Fauna e flora silvestre – A flora e fauna silvestres encontram refúgio e abrigo no Parque Nacional
de Brasília. A diversidade da vegetação, aliada aos diferentes tipos de relevo, propiciam habitats
para espécies que vêm se tornando cada vez mais raras, como a canela-de-ema (Vellozia sp), a
arnica (Lychnophora ericoides) e a única população da gramínea Gymnopogon doellii protegida
por uma unidade de conservação de proteção integral. Diversas espécies da fauna, endêmicas,
migratórias e constantes do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, estão
protegidas por esta Unidade, que lhes oferece um habitat equilibrado e saudável. Espécimes da
fauna silvestre são avistados frequentemente, inclusive com filhotes. Dentre as espécies
destacam-se: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), onça-
parda (Puma concolor) ilustrada na Figura 45, onça-pintada (Panthera onca), arara-canindé (Ara
ararauna), papagaio galego (Alipispsitta xanthops), queixada (Tayassu pecari), anta (Tapirus
terrestris), veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus) e tatu-canastra (Priodontes maximus).

• Ambiente privilegiado para pesquisas - O Parque Nacional de Brasília é fundamental para a


realização de pesquisas científicas ambientais, sociais, históricas e arqueológicas no Distrito

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Federal, contribuindo com estudos de interesses tanto locais como supranacionais. Conta com
uma grande área de Cerrado conservado em uma localização privilegiada, próximo a importantes
instituições de pesquisa, fácil acesso a infraestrutura de apoio e suporte à pesquisadores no
entorno (rodovias, aeroporto, alimentação e hospedagem). É referência para o monitoramento
de atributos ambientais no Planalto Central, tais como da fauna, flora, abalos sísmicos, ecologia
de fogo, entre outros, o que tem permitido oportunidades para descoberta de novas espécies.
Destaca-se a sede de três Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do
ICMBio (Cemave, CBC e Cecav) dentro do Parque Nacional, facilitando a prática de suas atribuições
dentro da unidade de conservação.

Figura 45: Onça-parda no Parque Nacional de Brasília (Foto: Brasília é o bixo!)

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU


● O espetáculo das Cataratas do Iguaçu: As magníficas Cataratas do Iguaçu, estrutura ecológica
singular e suas volumosas águas, são ícone do turismo mundial, integrando o Brasil e a Argentina,
projetando o Parna Iguaçu como Patrimônio Natural Brasileiro e importante instrumento para a
conservação da natureza (Figura 46).

Figura 46: Cataratas do Parque Nacional do Iguaçu. Foto: Grupo Tarobá

● A manutenção de um carnívoro de topo de cadeia - a onça-pintada (Panthera onca), ilustrada na


Figura 47: Maior predador das Américas, ameaçado pela destruição de habitat, caça, diminuição
de presas, encontra no Parna Iguaçu e suas conexões, principalmente com a Argentina, um
ambiente favorável para sua sobrevivência. Sua persistência, enquanto população na natureza
depende intrinsecamente da manutenção de recursos (presas, água, habitat de qualidade), da
integridade da paisagem (grande contínuo florestal e conexão com outros fragmentos) e da
diminuição dos conflitos com o entorno do Parque. Por todas essas razões, a onça-pintada,
enquanto espécie, impõe grandes desafios de gestão e proteção e contribui na estabilidade
ecossistêmica do Parna Iguaçu.

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Figura 47: Onça-pintada Parque Nacional do Iguaçu. Fonte: Apolônio Rodrigues.

ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM

● Serviços ecossistêmicos: A manutenção do equilíbrio dos processos ecológicos na Estação


Ecológica do Taim assegura serviços ecossistêmicos como a qualidade da água, fonte de recursos
alimentares para regiões vizinhas e a regulação de microclima e do balanço hídrico, contribuindo
para a conservação da biodiversidade. Esses processos propiciam qualidade ambiental,
incentivando a produção sustentável e o ecoturismo, favorecendo o bem-estar socioambiental
em seu entorno.
● Avifauna: Centenas de espécies de aves migratórias e residentes, cada uma com suas
características biológicas, aproveitam os ciclos hídricos e de produtividade do grande banhado
em um fluxo contínuo de perpetuar suas populações. Em algumas épocas do ano podemos
encontrar mais de 20.000 aves aquáticas, o que inclui mais de um por cento da população global
de Coscoroba coscoroba (capororoca). Há também aves que se encontram ameaçadas na lista
nacional de espécies ameaçadas de extinção como: Circus cinereus, Larus atlanticus, Diomedea
sanfordi, Thalasseus maximus, Procellaria conspicillata, Thalassarche chlororhynchos, Diomedea

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

dabbenena, Procellaria aequinoctialis, Thalassarche melanophris, Diomedea exulanse, Diomedea


epomophora.

Figura 48: Estação Ecológica do Taim. Fonte: Marcos Paiva

PARQUE NACIONAL DA AMAZÔNIA

• Aves – São conhecidas mais de 400 espécies


de aves nos diferentes ambientes do Parque
Nacional da Amazônia. Algumas espécies
ameaçadas de extinção ou vulneráveis são
facilmente avistadas, como a ararajuba (Guaruba
guarouba), o gavião-real (Harpia harpyja) e o
mutum-cavalo (Mitu tuberosum), tornando a
unidade um local privilegiado para o turismo de
observação de aves.
• Recursos hídricos - Devido ao seu relevo
Figura 49: Barbudo-de-pescoço-ferrugem ondulado, o Parque Nacional da Amazônia abriga
(Malacoptila rufa). Foto: Agnes Coenen
grande quantidade de nascentes e mananciais
que contribuem para duas importantes bacias hidrográficas, Tapajós e Maués-açu,
71
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

importantes afluentes do rio Amazonas (Figura 50). Os principais rios dessas bacias são
o Inhambu, Mariaquã, Andirá, Urupadi, Monguba, Amana e Mamuru, os igarapés Tracoá,
Mambuaí e Montanha.

Figura 50: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parque Nacional da Amazônia. Foto: Pamela
Renner.

● Diversidade de ambientes - A distribuição dos tipos de vegetação no Parque Nacional da


Amazônia é condicionada ao regime de chuvas, ao relevo, ao tipo de solo e ao histórico de uso,
predominando a floresta ombrófila densa com numerosas espécies de árvores que alcançam 50
m de altura. Também ocorrem a floresta ombrófila aberta com palmeiras e cipós, e a floresta
aluvial, nas margens de rios e igarapés. Além de florestas, manchas de campinarana2 são
encontradas ao longo do Parque. Estes ambientes protegem espécies com potencial para
pesquisa farmacêutica e cosmética, como a andiroba (Carapa guianensis), a copaíba (Copaifera
langsdorffii) e o pau-rosa (Aniba rosaeodora).
● Sítios arqueológicos - O Parque Nacional da Amazônia guarda parte da história de ocupação
humana pretérita no rio Tapajós. São conhecidos mais de 30 sítios arqueológicos, que se
localizam em terrenos planos ao longo das margens dos principais igarapés da região, como o
Mambuaí, Tracoá, Arixi e da Montanha. O parque ainda abriga nos afloramentos rochosos do rio
Tapajós grande quantidade de afiadores e polidores. A área era uma região, desde o século XVIII,
de trânsito de grupos Tupinambás e território dos Sateré-Mawé, Tapajó e Munduruku, com
grande potencial para novas descobertas arqueológicas.

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Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

AVALIAÇÃO DE NECESSIDADES DE DADOS E PLANEJAMENTO


Quando o propósito, as declarações de significância e os recursos e valores fundamentais
(RVF) da UC forem identificados, é importante avaliar as necessidades de dados e de planejamentos
relacionados à conservação da UC.

A avaliação das necessidades de dados e planejamentos delineia diretrizes para o


planejamento, os projetos que irão contemplar tais questões e os requisitos de informação
relacionados, como é o caso de inventário de recursos e coleta de dados, inclusive dados do Sistema
de Informação Geográfica (SIG). Há três passos na avaliação das necessidades de dados e
planejamento:

1. Análise dos recursos e valores fundamentais, incluindo a identificação das necessidades de


dados e planejamento.
2. Identificação de outras questões-chave para a UC e necessidades de dados e planejamentos
para resolvê-los.
3. Priorização das necessidades de dados e de planejamento (inclusive atividades de
mapeamento espacial ou mapas SIG).

Primeiramente, existe uma análise que ajuda a capturar o contexto, as condições, as


tendências e as ameaças aos recursos e valores fundamentais, além de identificar necessidades de
dados e planejamentos para ajudar a manejar recursos e valores fundamentais.

A segunda parte da avaliação envolve identificar as questões-chave importantes para a gestão


da UC, que não foram contempladas nos RVF, e determinar necessidades de dados e planejamentos
a elas relacionados, completando a análise para a UC.

A terceira e última parte é a priorização das necessidades de dados e planejamentos


identificados na análise dos RVF e das questões-chave.

Todas as necessidades de dados e planos identificadas nesta seção são destinadas a proteger
os recursos e valores fundamentais, a importância e a finalidade da UC, além de abordar questões-
chave.

73
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

ANÁLISE DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS


A análise de recursos e valores fundamentais e a identificação de problemas-chave auxiliam
na priorização de planejamentos, na coleta de dados e planejamento das ações, e nas oportunidades
de manejo futuras. Essa análise deve ser realizada com o conhecimento da plenária, mas também
utilizando como base dados técnicos e científicos, que subsidiem a análise realizada (Figura 51).

A análise de recursos e valores fundamentais inclui (Figuras 52 e 53):

• Condição atual e tendências para cada RVF;


• Ameaças (ação humana que degrada ou compromete o RVF) e oportunidades (condição
que favorece a conservação do RVF ou subsidia alguma necessidade de dados ou de
planejamento); e
• As necessidades de dados e planejamentos, que ajudarão a manejar e proteger recursos e
os valores fundamentais; tanto relacionadas à condição atual e tendências dos RVF quanto
às ameaças e oportunidades.

Figura 51: Exemplo de diagrama construído de forma participativa para prática de planejamento.

74
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Melhores Práticas para Análise de Recursos e Valores Fundamentais

• As informações devem ser dispostas em um diagrama, de maneira clara e


sucinta, com conexões lógicas e de fácil compreensão para todos (pensamentos
e frases completas podem complementar cada caixa).

• Ao preencher o diagrama de análise, considere ameaças e oportunidades


existentes, futuras e prováveis, sempre conectando-as com o RVF em análise.

• Reconheça as oportunidades para os planejamentos necessários e as possíveis


parcerias na UC e no entorno, para solucionar questões que atravessam os
limites da UC, tais como acesso de visitantes, migração, pesca etc.

• As necessidades de dados e de planejamento devem, necessariamente, estar


conectadas entre si ou a alguma ameaça, oportunidade, condição atual ou
tendência, estabelecendo a conexão lógica entre eles, em uma relação de causa
e efeito.

• Na indicação da necessidade de planejamentos, buscar descrever qual o


direcionamento e foco do planejamento, se possível com justificativas.

• Atentar para que as necessidades de planejamento não sejam uma lista de


atividades. Elas devem indicar a realização de uma estratégia mais ampla ou
programa, que posteriormente será detalhado em atividades.

• Se basear na melhor informação disponível e, quando pertinente, explicitar o


grau de confiança da informação.

75
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Exercícios para análise de recursos e valores


fundamentais

A PARTIR DA ANÁLISE DOS RVF, QUAIS AS NECESSIDADES DE DADOS E DE


PLANEJAMENTO DEVERÃO SER CONSTRUÍDOS E PRIORIZADOS?

Exercício 1 (plenária): Faça a análise de um recurso ou valor fundamental em conjunto


com o grupo grande, para alinhar o entendimento dos participantes.

Exercício 2 (grupos menores): Os RVF serão distribuídos por similaridade em até


quatro grupos. Os integrantes de cada grupo serão definidos inicialmente por
afinidade, conhecimento e interesse nos RVF atribuídos a cada grupo pequeno.

Com base no método do Café Mundial, os grupos farão a primeira análise dos RVF,
sendo que cada grupo constitui uma estação. Completada a primeira análise, os
grupos irão circular nas outras três estações, de maneira coordenada, em 3 etapas,
para avaliar e completar a análise feita pelos outros grupos, em cada estação.

Exercício 3 (plenária): Serão apresentados os resultados das quatro estações de


análise dos RVF pelos facilitadores, para discutir, integrar e refinar os resultados.

Serão avaliadas as boas práticas, além da clareza, repetição ou similaridade de ideias.

76
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLOS DE ELEMENTOS NA ANÁLISE DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS

Figura 52: Exemplo 1 de diagrama de análise dos recursos e valores fundamentais.

Figura 53: Exemplo 2 de diagrama de análise dos recursos e valores fundamentais.

77
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

ANÁLISE DE QUESTÕES-CHAVE
Uma questão-chave descreve uma agressão (como mudança climática, crescimento da
população, espécies invasoras e uso por visitantes) ou um gargalo de gestão para a efetiva
consolidação da UC, que são influências importantes a considerar ao descrever a condição atual dos
recursos da UC e como ela é manejada. De forma complementar a análise dos recursos e valores
fundamentais, uma questão-chave pode não estar diretamente relacionada a uma declaração de
significância e ao propósito da UC, mas ainda pode ser diretamente afetada por elas. Geralmente
uma questão-chave é um problema que pode ser abordado por um esforço de planejamento futuro,
captação de dados ou ação de manejo e que exige uma decisão dos gestores da UC.

Melhores Práticas para Análise de Questões-chave

• Focar em questões-chave ou críticas que possam envolver o uso, o manejo ou a


administração de uma UC, de maneira complementar à análise de RVF, evitando
repetições.
• Considerar questões que possam ou não estar relacionadas aos recursos e valores
fundamentais e a alguma significância da UC, mas que são importantes para a solução pelo
ICMBio.
• Questões que se aplicam a diversos recursos e valores fundamentais devem ser
consideradas questões-chave.
• Tente limitar a análise a 3 – 5 questões-chave.

Exercício para Análise de Questões-chave

Exercício 1 (plenária): Identifique questões-chave que precisam ser abordadas por


ações futuras do plano de manejo. Quando as questões forem identificadas e
analisadas, identifique as necessidades de dados e planejamento/SIG para lidar com
elas.

78
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLO DE TABELA DE ANÁLISE DE QUESTÕES-CHAVE DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ.

QUESTÕES-CHAVE - NECESSIDADE DE DADOS E PLANEJAMENTOS


Questão-chave: Recursos humanos
Necessidade de Planejamento Planejamento para o incremento da força de trabalho
Necessidade de Dados Não identificada necessidade de dados para este
planejamento.
Questão-chave: Recursos financeiros
Necessidade de Planejamento Planejamento para o incremento dos recursos financeiros para
atividades de monitoramento, uso público e gestão
socioambiental
Necessidade de Dados Não identificada necessidade de dados para este
planejamento.
Questão-chave: Infraestrutura
Necessidade de Planejamento Programa de necessidades para obras e serviços de
engenharia (manutenção, reforma e construção)
Necessidade de Dados Não identificada necessidade de dados para este
planejamento.
Questão-chave: Articulação interinstitucional
Necessidade de Planejamento Plano de integração dos instrumentos de gestão das UC do
Mosaico do Baixo Rio Negro
Necessidade de Dados Não identificada necessidade de dados para este
planejamento.

PRIORIZAÇÃO DE NECESSIDADES DE DADOS E PLANEJAMENTO

Quando uma lista coletiva de necessidades de dados e planejamento for compilada e


inicialmente priorizada nas tabelas de questões-chave e no diagrama de recursos e valores
fundamentais, uma lista coletiva de necessidades priorizadas será analisada e revisada no grupo
grande para informar as prioridades para a UC como um todo. O produto final desse processo é uma
lista de prioridades que ajudará a UC a concentrar seus esforços na proteção de recursos e valores
fundamentais, consequentemente, na sua significância e no seu propósito, e a abordar suas questões
de manejo mais importantes.

O processo de priorização das necessidades de dados e planejamentos começa com a própria


definição dos RVF, questões-chave e suas análises, passa pela análise de critérios durante a oficina
de elaboração do plano de manejo e continua na fase de consolidação do documento preliminar,
visando correções de assimetrias em relação à priorização feita, bem como buscando maior
alinhamento com as prioridades e oportunidades institucionais. Logo, a priorização das necessidades

79
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

de dados e planejamento é resultante de um combinado de avaliações, apresentado na devolutiva


do documento.

A priorização das necessidades de planejamento deve considerar o atendimento de alguns


critérios, para elevar o seu nível de prioridade, a serem discutidos na oficina do plano de manejo, tais
como:
• Sua execução favorece a resolução de conflitos importantes para a gestão;

• Está relacionada aos RVF e ameaças consideradas mais críticas para a conservação da UC;

• Auxilia na mudança do curso, que se deseja, de uma tendência observada em um RVF;

• Existência de oportunidade para sua elaboração e implementação;

Já a equipe de planejamento, considerará outros critérios para ponderar o resultado da


oficina posteriormente, tais como:
• Está relacionada com maior quantidade de RVF e ameaças, ou seja, sua execução favorecerá
a conservação de mais de um RVF;

• Atendimento a políticas públicas;

• Está relacionada com diretrizes e competências institucionais.

Para as necessidades de dados elencados nas análises anteriores, deve-se buscar priorizar
aquelas consideradas mais necessárias para a gestão e conservação dos recursos e valores
fundamentais da UC.

Figura 54: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa.

80
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Melhores Práticas para a Priorização

• Ao atribuir prioridades, coloque em perspectiva o quadro geral


• Ao definir prioridades, considere se essas prioridades são adequadas para o presente
e para um futuro previsível.

• Considere sequência e âmbito ao definir prioridades.

• Documente os fundamentos, particularmente para as necessidades de alta prioridade.

• O exercício de priorização na oficina é uma ferramenta para ajudar a decidir quais


devem ser as prioridades da UC. Haverá uma oportunidade para que a UC analise as
prioridades atribuídas durante a oficina e, finalmente, o gestor da UC, em conjunto com
a equipe de planejamento, faça o refinamento das prioridades.

Exercício de Priorização de Necessidades de Dados e Planejamento

Exercício 1 (plenária): Todas as necessidades de dados e planejamento identificados na


análise de questões-chave e recursos e valores fundamentais serão colocadas em um
formulário para os participantes votarem individualmente, com base nos critérios
apresentados. A votação será computada e o resultado será apresentado em plenária.

81
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

SUBSÍDIOS PARA INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

Um dos objetivos do SNUC é


favorecer condições e promover a
educação e a interpretação ambiental
(Artigo 4º inciso XII). Além da
prerrogativa legal, a interpretação
ambiental no ICMBio segue as
Diretrizes para Visitação em Unidades
de Conservação, publicadas pelo
Ministério do Meio Ambiente em
2006. Figura 55: Cachoeira Jared no Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo

A interpretação ambiental é um conjunto de estratégias de comunicação destinadas a revelar


os significados dos recursos ambientais, históricos e culturais a fim de provocar conexões pessoais
entre o público e o patrimônio protegido.

É uma ferramenta de grande potencial de sensibilização e aproximação com a sociedade.


Realizada de forma planejada e estruturada, e contribui para o fortalecimento da compreensão sobre
a importância da UC, transformando a visita em uma experiência enriquecedora e agradável.

Para a oficina de plano de manejo busca-se o levantamento de subsídios para o posterior


planejamento de ações de interpretação ambiental na UC. Estes subsídios serão um referencial para
a elaboração de projetos, produtos e serviços interpretativos.

Os subsídios devem refletir o propósito e a significância da unidade de conservação e se


baseiam na declaração de significância e nos recursos e valores fundamentais. Referem-se aos
principais atributos tangíveis (concretos) e intangíveis (abstratos), histórias, lendas e significados da
UC, que toquem o emocional do visitante, conectando-o de forma mais ampla com a UC.

82
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Melhores Práticas dos Subsídios para Interpretação Ambiental

• Os subsídios partem do propósito, das declarações de significância


e dos recursos e valores fundamentais da UC.

• A elaboração dos subsídios deve ser feita a partir do resgate dos registros de discussões
feitas para a elaboração da declaração de significância e dos recursos e valores
fundamentais da UC.

• Estes subsídios consistem em palavras ou expressões que sejam referências de atributos


tangíveis e intangíveis da UC, devendo-se considerar histórias e lendas locais.

Exercícios de Subsídios para Interpretação Ambiental

PERGUNTA ORIENTADORA: Com base nas declarações de significância


e nos recursos e valores fundamentais, quais assuntos (ambientais e/ou histórico-
culturais) são fundamentais para serem transmitidos às pessoas sobre a UC?
Exercício 1 (plenária): Listar, por meio de chuva de ideias, as respostas para a pergunta
orientadora acima, preferencialmente separando em tangíveis e intangíveis. Após,
agrupar os assuntos semelhantes e reuní-los em conjuntos para serem distribuídos em
grupos de discussão.
Exercício 2 (pequenos grupos): Cada grupo deverá detalhar o(s) assunto(s) com a
relevância do assunto para a UC. Deverão ser identificados pelo menos dois aspectos
tangíveis e dois intangíveis para cada assunto e as possíveis fontes de dados para se
obter mais informações.
Exercício 3 (plenária): Apresentar as propostas dos grupos em plenária, discutir e
refinar, resultando em um quadro único com os subsídios para interpretação
ambiental da UC.

83
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLOS DE SUBSÍDIOS PARA INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO

Elementos Elementos
Assunto Relevância do assunto Possíveis fontes de dados
tangíveis intangíveis
Peças histó-ricas, História da região, • Livro “Estação da União -
História da Reserva

Ao contar a história da UC, antigas conec-tividade, Aspectos históricos: Reserva


levamos o ouvinte a mergulhar no construções, união, superação, Biológica União”, Ricardo
passado e entender o caminho áreas degra- informação, Martins de Aguiar (org.)
percorrido, gerando uma relação dadas/ recu- coletividade, força, • Processos administrativos de
de intimidade com o local. peradas, bio- esforço de criação e ampliação da REBIO e
diversidade. recuperação. do projeto de translocação.
Testemunhas da Mata Atlântica • Livro “Árvores Brasileiras”,
Jequitibá gigante
e outras árvores

original, as árvores centenárias são Conectividade, Harri Lorenzi;


centenárias

Árvores
espectadoras das modificações do resiliência, riqueza, • Resultados de pesquisa sobre
centenárias,
ambiente, contribuem para beleza, a flora da REBIO.
biodiversidade,
paisagem, manutenção da floresta, grandiosidade, • Projetos de restauração
preservação.
além de fornecerem abrigo e patrimônio natural. florestal já executados na
alimento para várias espécies. REBIO.
• Livro “O Poema Imperfeito”,
As interações ecológicas da

Fernando Fernandez
mata atlântica e a caça

• Tese de Doutorado “A caça


A prática da caça é um grave Redução Proteção,
ilegal de animais silvestres na
problema para a região. A perda populacional de conscientização,
Mata Atlântica, baixada
de fauna e todo desequilíbrio espécies nativas, informação,
litorânea do Estado do Rio de
desencadeado causam danos crime ambiental, conhecimento,
Janeiro, Brasil: eficiência de
relevantes ao processo de pessoas, sentimento de
proteção de reservas biológicas
preservação ambiental. espécies. perda.
e triangulação do perfil da
caça”, Daniela Teodoro
Sampaio

Figura 56: Paisagem na Reserva Biológica União. Foto: ICMBio.

84
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

ZONEAMENTO

De acordo com a Lei do SNUC (Lei № 9985/2000), zoneamento é: “definição de setores ou


zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o
propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser
alcançados de forma harmônica e eficaz”.

Figura 57: Campos rupestres ferruginosos no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

O zoneamento constitui um instrumento de ordenamento territorial, usado como recurso


para se atingir os melhores resultados no manejo de uma UC, pois identifica áreas com características
naturais similares e finalidades que podem ser ou não complementares. Ao mesmo tempo, o
zoneamento estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo seus objetivos. Obter-se-á, desta
forma, maior proteção, pois cada zona será manejada seguindo-se normas para ela estabelecida.

Assim, a zona é uma parte no terreno que determina o manejo, a fim de garantir que as ações
tomadas sejam compatíveis com o propósito da UC e levem à proteção de seus recursos e valores
fundamentais.

85
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

O zoneamento ajuda a melhorar o processo de tomada de decisões e garante a continuidade


do manejo com o passar do tempo. Como funcionários mudam na UC, as zonas de manejo e seus
atributos associados continuam a proporcionar um quadro geral e orientações na tomada de
decisões de manejo a curto e longo prazo. Portanto, trata-se de um elemento mais duradouro do
planejamento, sujeito à reavaliação, geralmente em casos em que os objetivos ou limites da UC são
revistos.

Atualmente o ICMBio utiliza um conjunto de zonas para as unidades de conservação federais


que abrange todos os usos possíveis nas diferentes categorias de UCs. As zonas são agrupadas pelo
grau de intervenção previsto para aquela área, podendo ser de baixo, médio ou alto grau de
intervenção, ou ainda considerada como de usos diferenciados (Figura 58).

Figura 58: Enquadramento das zonas por grau de intervenção ou uso diferenciados. Fonte: ICMBio.

86
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Melhores Práticas para Identificar e Localizar Zonas de


Manejo em uma UC

• Identificar um conjunto de zonas de manejo em potencial. Isso ajuda a garantir que uma ampla
variedade de combinações razoáveis de condições de recursos, situações e experiências associadas
sejam consideradas.
• Observar as diferenças entre as zonas de manejo em potencial, de maneira que sejam
significativas para os gestores e compreensíveis para todos os públicos.
• Evitar posicionamentos muito limitados ou díspares conceitualmente, pois isso pode levar o grupo
a decisões extremas em qualquer direção.
• Evitar incluir condições e experiências incompatíveis e opostas na mesma zona, pois isso pode
refletir situações existentes, mas não subsidia adequadamente as orientações de manejo para o
futuro.
• Admitir que, em alguns casos, é aceitável um certo nível de impacto sobre recursos e valores
socioambientais e que talvez nem todas as condições desejadas podem ser alcançadas, desde que
garantidas em outra zona.
• Na dúvida sobre a compatibilidade de determinada atividade em relação ao grau de intervenção
admitido em uma zona, é possível elaborar uma norma restringindo a atividade em zonas mais
permissivas. O contrário, de permitir atividades mais permissivas e não permitidas em zonas mais
restritivas, não é possível.
• Aproveitar a discussão dos critérios utilizados para a definição das zonas de manejo como subsídio
para a definição das normas das zonas.

Exercícios para Zoneamento

Pergunta orientadora:

QUAIS ZONAS DE MANEJO DEVEM SER ESTABELECIDAS PARA A UC?


Exercício 1 (Plenária) - Serão apresentadas as zonas possíveis, quanto aos seus critérios,
objetivos e normas aos participantes.
Exercício 2 (Plenária) – O grupo fará suas considerações, definindo um conjunto de zonas de
manejo que pode haver na UC.
Exercício 3. (Grupos) – Em grupos menores os participantes irão elaborar propostas de
zoneamento, com descrição, objetivos e normas específicas de cada zona (Figura 26 e 27).
Exercício 4. (Plenária) – O grupo fará suas considerações, definindo o zoneamento da UC.

87
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

DETALHAMENTO DAS ZONAS POSSÍVEIS PARA O PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS


FERRUGIINOSOS

A seguir é apresentada a relação de todas as zonas que podem ser consideradas no


zoneamento de Reservas Extrativistas, indicando o grau de intervenção, definições, objetivos,
atividades permitidas, critérios para definição e normas propostas.

ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

ZONA DE PRESERVAÇÃO

É a zona onde os ecossistemas existentes permanecem o mais preservado possível, não sendo
admitidos usos diretos de quaisquer naturezas. Deve abranger áreas sensíveis e aquelas onde os
ecossistemas se encontram sem ou com mínima alteração, nas quais se deseja manter o mais alto
grau de preservação, de forma a garantir a manutenção de espécies, os processos ecológicos e a
evolução natural dos ecossistemas.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ou mais ecossistemas com o grau máximo de
preservação, servindo de fonte de repovoamento para as outras zonas da UC.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental e recuperação ambiental
(preferencialmente de forma natural).
Critérios para definição:
• Áreas preservadas, bem conservadas ou em avançado estágio de regeneração, podendo conter
alterações antrópicas pontuais;

88
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

• Áreas de maior suscetibilidade ambiental (mais sensíveis/suscetíveis/frágeis), como encostas,


áreas úmidas, áreas com inúmeras nascentes, terrenos arenosos etc.;

• Áreas com maior variabilidade ambiental (maior quantidade de ambientes diferentes), com maior
riqueza (número) de espécies e, quando disponíveis os dados, com maior diversidade de espécies;
• Áreas com maior representatividade ambiental (áreas com características naturais especiais da
UC e com espécies em risco ou ameaçadas de extinção, raras, sítios de reprodução e berçários, sítios
de desenvolvimento dos pescados, sítios de alimentação, sítios de migração etc.), incluindo trechos
de rios de grande extensão;
• Áreas com ambientes de transição natural (tensão ecológica);
• Áreas com as características acima e mais centralizadas na UC, ou que, mesmo não centralizadas,
tenham acesso dificultado pelo relevo ou pela conectividade com outras zonas de baixo grau de
intervenção em outras áreas protegidas;
• Áreas periféricas e de fácil acesso devem ser evitadas, mas podem ser utilizadas se tiverem
elevada importância ecológica, considerando as outras características listadas.
Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona são proteção, pesquisa, monitoramento ambiental e


recuperação ambiental.

2. As pesquisas permitidas devem prever o mínimo de intervenção/impacto negativo sobre os


recursos e são limitadas às pesquisas que não podem ser realizadas em outras zonas.

3. A visitação não é permitida, qualquer que seja a modalidade.

4. A instalação eventual de infraestrutura física é permitida, quando for estritamente necessária às


ações de busca e salvamento, contenção de erosão e deslizamentos, bem como outras
imprescindíveis à proteção da zona, as quais devem ser removidas tão logo as ações citadas sejam
concluídas.

5. O acampamento primitivo3 é permitido nas atividades de pesquisa.

3
Acampamento primitivo: pernoite que pode ser realizado com a utilização ou não de infraestrutura mínima e ações de
manejo para assegurar a proteção dos recursos naturais (ex: demarcação de áreas para instalação tendas, banheiro seco,

89
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

6.A abertura de trilhas e picadas é permitida, quando necessária às ações de busca e salvamento e
de prevenção e combate aos incêndios, entre outras similares de proteção, e para atividades de
pesquisa e monitoramento da biodiversidade.

7. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indispensável à proteção e à


segurança da equipe da UC e de pesquisadores.

8. O uso de animais de carga e montaria é permitido em casos de prevenção e combate aos incêndios,
resgate e salvamento, bem como no transporte de materiais para áreas remotas e de difícil acesso
em situações excepcionais e imprescindíveis para a proteção da UC, quando considerados
impraticáveis outros meios.

9. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente, é facultado


quando indispensável para viabilizar as atividades permitidas.

10. Somente será permitida a coleta de semente na zona de preservação quando for identificado
como imprescindível para a recuperação de determinada espécie e quando a coleta não for possível
em outra Zona.

ZONA DE CONSERVAÇÃO

É a zona que contém ambientes naturais de relevante interesse ecológico, científico e


paisagístico, onde tenha ocorrido pequena intervenção humana, admitindo-se áreas em avançado
grau de regeneração, não sendo admitido uso direto dos recursos naturais. São admitidos ambientes

tábuas para fixação de barracas, etc. - pág.162 do Roteiro.6

90
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

em médio grau de regeneração, quando se tratar de ecossistemas ameaçados, com poucos


remanescentes conservados, pouco representados ou que reúna características ecológicas especiais,
como na Zona de Preservação.

O objetivo geral do manejo é a manutenção do ambiente o mais natural possível e, ao mesmo tempo,
dispor de condições primitivas para a realização das atividades de pesquisa e visitação de baixo grau
de intervenção4, respeitando-se as especificidades de cada categoria.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação de baixo grau de
intervenção e recuperação ambiental (preferencialmente de forma natural).
Critérios para definição:
• Áreas preservadas, bem conservadas, em médio ou avançado grau de regeneração, podendo
conter alterações antrópicas pontuais;
• Áreas em médio grau de regeneração são admitidas quando se tratar de ecossistemas ameaçados,
com poucos remanescentes conservados, pouco representados no local, na região, no bioma ou no
SNUC;
• Áreas com os mesmos critérios adotados para compor a Zona de Preservação, mas que podem
apresentar qualidade ambiental levemente abaixo dos limites adotados para esta;
• Áreas de transição entre a Zona de Preservação e as zonas menos restritivas;
• Áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de baixo grau de intervenção.
Normas propostas:
1. As atividades permitidas nesta zona são proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação
de baixo grau de intervenção e recuperação ambiental.

2. As atividades permitidas devem prever o mínimo de intervenção/impacto negativo sobre os


recursos, especialmente no caso da visitação.

3. A visitação deve priorizar as trilhas e caminhos já existentes, com a possibilidade de abertura de


novas trilhas para melhorar o manejo e conservação da área.

4
Visitação de baixo grau de intervenção: corresponde às formas primitivas de visitação e recreação que ocorrem em
áreas com alto grau de conservação, possibilitando ao visitante experimentar algum nível de desafio, solidão e risco. Os
encontros com outros grupos de visitantes são improváveis ou ocasionais. A infraestrutura, quando existente, é mínima e
tem por objetivo a proteção dos recursos naturais e a segurança dos visitantes. É incomum a presença de estradas ou
atividades motorizadas.
91
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

4. O pernoite, tipo bivaque5 ou acampamento primitivo, é permitido.

5. A instalação de infraestrutura6 física é permitida, quando estritamente necessárias às ações de


busca e salvamento, contenção de erosão e deslizamentos e segurança do visitante, bem como
outras indispensáveis à proteção do ambiente da zona.

6. A abertura de novas trilhas e picadas é permitida, quando necessária às ações de pesquisa, busca
e salvamento, prevenção e combate aos incêndios, entre outras imprescindíveis para a proteção da
zona.

7. A fixação de equipamentos e instalações necessárias à pesquisa deve constar do pedido de


autorização.

7.1. Tais equipamentos e instalações devem ser retirados e a área recuperada ao fim dos trabalhos,
se não forem do interesse da UC e quando cabível.

8. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indispensáveis à proteção e à


segurança da equipe da UC e de pesquisadores.

9. O uso de fogareiros é admitido, nas atividades permitidas nesta zona.

10. O uso de animais de carga e montaria é permitida em casos de combate aos incêndios, resgastes
e salvamento, bem como no transporte de materiais para áreas remotas e de difícil acesso, em
situações excepcionais para a proteção, pesquisa e manejo da visitação da UC.

11. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente, é facultado
quando indispensável para viabilizar as atividades de proteção, pesquisa e monitoramento
ambiental.

12. O acesso de embarcações motorizadas para visitação é permitido, se regulamentado, em locais

5
Bivaque: pernoite ao ar livre, com ou sem uso de equipamentos de campismo (barracas, tendas, saco de dormir, etc) e
sem nenhuma estrutura permanente associada. Toda a estrutura de acampamento só estará armada enquanto estiver
sendo utilizada para pernoite.

6
Infraestrutura (abrangência do termo): qualquer tipo de intervenção planejada, que demande a construção ou o
manejo, com o objetivo de estruturar o ambiente para o uso público. A infraestrutura pode variar de dimensão, desde
trilhas, equipamentos facilitadores (ex.: escadas, corrimãos, rampas e decks) até edificações (casas, prédios, mirantes,
pontes etc.) e estradas.
92
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

pré-determinados no interior da zona.

13. A instalação de sinalização indicativa ou de segurança do visitante é permitida, desde que de


natureza primitiva.

ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

ZONA DE USO MODERADO

É a zona que contém ambientes naturais ou


moderadamente antropizados, admitindo-se áreas em
médio e avançado grau de regeneração.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um
ambiente o mais próximo possível do natural onde é
permitida a realização de atividades de pesquisa e
visitação de médio grau de intervenção.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa,
monitoramento ambiental, visitação de médio grau de intervenção7 (com apoio de instalações
compatíveis) e recuperação ambiental.
Critérios para definição:
• Áreas com moderado grau de conservação da vegetação e da paisagem, em médio ou avançado
grau de regeneração, podendo conter alterações antrópicas moderadas;
• Áreas de transição entre as zonas de baixa intervenção e as zonas menos restritivas;
• Áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de médio grau de
intervenção.

Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação

7
Visitação de médio grau de intervenção: É possível experimentar alto grau de naturalidade do ambiente, no entanto,
já se pode detectar algum nível de alteração ambiental ou evidências de atividades humanas. O acesso a essas áreas pode
ser realizado por veículos motorizados. Os encontros com outros visitantes são mais comuns.
93
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

de médio grau de intervenção e recuperação ambiental.

2. A instalação de infraestrutura mínima ou moderada e serviços de apoio à visitação de médio grau


é permitida, sempre em harmonia com a paisagem.

3. Nas áreas de visitação podem ser instalados áreas para pernoite (acampamentos ou abrigos),
trilhas, sinalização, pontos de descanso, sanitários e outras infraestruturas mínimas ou moderadas.

4. Todo resíduo gerado nesta zona deve ser destinado para local adequado, conforme orientações e
sinalização na UC.

5. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente, é facultado


para as atividades permitidas nesta zona.

ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

ZONA DE INFRAESTRUTURA

É a zona que pode ser constituída por ambientes


naturais ou por áreas significativamente
antropizadas, onde é tolerado um alto grau de
intervenção no ambiente, buscando sua integração
com o mesmo e concentrando espacialmente os
impactos das atividades e infraestruturas em
pequenas áreas. Nela devem ser concentrados os
serviços e instalações mais desenvolvidas da UC,
comportando facilidades voltadas à visitação e à
administração da área.
O objetivo geral de manejo é facilitar a realização das atividades de visitação com alto grau de
intervenção8 e administrativas, buscando minimizar o impacto dessas atividades sobre o ambiente
natural e cultural da UC.

8
Visitação de alto grau de intervenção: a visitação é intensiva e planejada para atender maior demanda. Ainda que haja
oportunidade para a privacidade, os encontros e a interação são frequentes entre os visitantes e funcionários. É comum
a presença de grupos maiores de visitantes ou excursões comerciais. Há mais atenção na segurança dos visitantes, na

94
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação ambiental,


visitação com alto grau de intervenção, administração da UC e atividades de suporte à produção. São
permitidas as infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.
Critérios para definição:
• Áreas consideradas propícias e estratégicas para a instalação de infraestrutura mais desenvolvida
ou concentração de facilidades e serviços, tanto para administração da UC quanto para visitação de
alta intervenção;
• áreas para acesso e suporte a atrativos com potencial de visitação de alta intervenção e outras
atividades da administração da UC;
• áreas que já sofreram algum tipo de impacto ambiental ou apresentem menor vulnerabilidade
ambiental;
• áreas com infraestrutura já instalada, onde devem ser considerados os usos possíveis para as
atividades permitidas na zona;

Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,


recuperação ambiental, visitação com alto grau de intervenção e administração da UC.

2. As infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona são permitidas.

3. Os efluentes gerados não podem contaminar os recursos hídricos e seu tratamento deve priorizar
tecnologias alternativas de baixo impacto.

4. Esta zona deve conter locais específicos para a guarda e o depósito dos resíduos sólidos gerados
na UC, os quais deverão ser removidos para o aterro sanitário ou vazadouro público mais próximo,
fora da UC.

5. Os resíduos orgânicos gerados nesta zona devem sofrer tratamento local, exceto queima, quando
a remoção para fora da UC não for possível.

6. O trânsito de veículos motorizados é permitido para as atividades permitidas nesta zona.

7. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido em locais pré-determinados.

proteção de áreas sensíveis próximas aos atrativos e menos ênfase em promover autonomia ou desafios. A infraestrutura
geralmente é mais desenvolvida, podendo resultar em alterações significativas da paisagem.
95
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

8. É permitida a realização de fogo para preparo de alimentos, exclusivamente, nos locais pré-
determinados.

ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

ZONA DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL

É a zona que contém áreas consideravelmente antropizadas ou


empreendimentos que não são de interesse público, onde será
necessária a adoção de ações de manejo para deter a degradação dos
recursos naturais e promover a recuperação do ambiente e onde as
espécies exóticas deverão ser erradicadas ou controladas. Zona
provisória, uma vez recuperada será incorporada a uma das zonas
permanentes.
O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos
naturais e, quando possível, recompor a área, priorizando a
recuperação natural dos ecossistemas degradados ou, conforme o caso, promovendo a recuperação
induzida.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa (especialmente sobre os processos de recuperação),
monitoramento ambiental, recuperação ambiental (deter a degradação dos recursos e recuperar a
área) e visitação de médio grau de intervenção. São permitidas as infraestruturas necessárias para os
usos previstos nesta zona.
Critérios para definição:
• Áreas com altos níveis de degradação, evidenciada por alterações ambientais significativas,
decorrentes de ações como, por exemplo, incêndios, derramamento de óleo, extração ilegal de
recursos naturais renováveis e não renováveis (caça, pesca, sobre-exploração de pescados,
desmatamento, áreas de pastagens com exóticas, atividades minerárias, extensas áreas assoreadas,
entre outras);
• Áreas com espécies exóticas invasoras;
• Áreas com empreendimentos que não são de interesse público e necessitam de adequação
ambiental para que a UC alcance os seus objetivos;

96
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

• Áreas com necessidade de intervenção para diminuir o risco aos objetivos da UC ou para alcançá-
los, considerando, por exemplo, escala e irreversibilidade do impacto que os recursos naturais estão
sofrendo;
• Áreas com necessidade de restauração da APP;
• Áreas com potencial para uso experimental;
• Necessária, especialmente, quando as medidas de recuperação estiverem concentradas em locais
pontuais;
• Medidas de recuperação poderão incidir sobre outras zonas, independentemente da existência da
zona de recuperação, devendo, nesses casos, serem elaboradas normas específicas para as
atividades e estratégias de recuperação.

Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,


recuperação ambiental, restauração de ecossistemas e visitação de médio grau de intervenção.

2. As infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona são permitidas.

3. As espécies exóticas e alóctones devem ser removidas, sempre que possível.

4. A recuperação induzida dos ecossistemas é condicionada a um projeto específico, aprovado pelo


órgão responsável pela administração da UC.

5. A visitação não pode interferir no processo de recuperação.

6. As infraestruturas necessárias aos trabalhos de recuperação devem ser provisórias, exceto quando
a sua permanência for de interesse da UC.

7. As infraestruturas e serviços de apoio à visitação de médio grau de intervenção devem ser


instalados sempre em harmonia com a paisagem natural.

8. Todo resíduo gerado nesta zona deve ser destinado para local adequado, conforme orientações
e/ou sinalização na UC.

9. O uso de agrotóxicos e de espécies exóticas na recuperação ambiental de áreas da UC é permitido


mediante a autorização por projeto específico aprovado pelo órgão responsável pela administração

97
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

da UC.

10. A fixação de equipamentos e instalações necessárias à pesquisa deve constar do pedido de


autorização.

10.1. Tais equipamentos e instalações devem ser retirados e a área recuperada ao fim dos trabalhos,
se não forem do interesse da UC e quando cabível.

11. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indispensáveis à proteção e à


segurança da equipe da UC, de trabalhadores contratados e de pesquisadores, bem bem como nas
atividades de visitação em locais pré-determinados.

12. O trânsito de veículos motorizados é autorizado para todas as atividades permitidas, desde que
não interfira na recuperação da zona, devendo privilegiar as estradas já existentes.

ZONA DE DIFERENTES INTERESSES PÚBLICOS

É a zona que contém áreas ocupadas por


empreendimentos de interesse público ou soberania
nacional, cujos usos e finalidades são incompatíveis com a
categoria da UC ou com os seus objetivos de criação.
O objetivo geral de manejo é compatibilizar os diferentes
interesses públicos existentes na área, estabelecendo
procedimentos que minimizem os impactos sobre a UC e
ao alcance dos seus objetivos.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação ambiental,
visitação e sua infraestrutura (respeitadas as especificidades da UC e dos empreendimentos),
atividades e serviços inerentes aos empreendimentos.
Critérios para definição:

• Presença de empreendimentos de interesse social, necessidade pública, utilidade pública ou


soberania nacional (linhas de transmissão, estações repetidoras de TV, antenas, oleodutos,
gasodutos, barragens, vias fluviais, vias férreas, estradas de rodagem, cabos óticos, bases petrolíferas,
barragens, entre outros), cujos usos e finalidades são incompatíveis com a categoria da UC ou com
os seus objetivos de criação;

98
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

• Evitar polígonos muito pequenos e pulverizados na UC, agregando parte de área como entorno ou
estabelecendo normas relativas aos empreendimentos em outras zonas da UC.

Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,


recuperação ambiental, visitação e sua infraestrutura (respeitadas as especificidades da UC e dos
empreendimentos), atividades e serviços inerentes aos empreendimentos.

2. A empresa responsável pela operação do empreendimento é responsável por ações preventivas e


mitigadoras de impactos sobre a UC.

3. Os empreendedores devem comunicar ao órgão responsável pela administração da UC quando


forem realizar atividades em seu interior.

4. A instalação de infraestrutura para as atividades de visitação previstas é permitida, desde que


conciliado os interesses do órgão responsável pela administração da UC e do responsável pelo
empreendimento.

ZONA DE USOS DIVERGENTES

É a zona que contém ambientes naturais ou antropizados, com


populações humanas ou suas áreas de uso, cuja presença é
incompatível com a categoria de manejo ou com os objetivos da UC,
admitindo-se o estabelecimento de instrumento jurídico para
compatibilização da presença das populações com a conservação da
área, lhes garantindo segurança jurídica enquanto presentes no
interior da UC. Essas populações estarão sujeitas às ações de
consolidação territorial pertinentes a cada situação. Caso sejam
populações tradicionais conforme definição do Decreto nº
6.040/2007, deve-se observar o Art. nº 42 da Lei nº 9.985/2000 (SNUC). Zona Provisória, uma vez
realocada a população ou efetivada outra forma de consolidação territorial, esta será incorporada a
outra(s) zona(s) permanente(s).
O objetivo geral de manejo é a manutenção do ambiente em harmonia com a presença de população
humana, buscando a compatibilização dos usos realizados por elas com os objetivos da UC,

99
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos antrópicos sobre a área até que seja
resolvida a situação que diverge com os objetivos da UC.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação ambiental e
outros usos acordados em instrumento jurídico firmado entre os ocupantes e o órgão gestor da UC,
incluindo a visitação.
Critérios para definição:
• Áreas de moradia, uso do solo e uso dos recursos naturais por populações tradicionais ou não, em
conflito com a categoria de manejo ou objetivos da UC, demandando realocação, desapropriação
ou outra forma de consolidação territorial.
Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,


recuperação ambiental e outros usos acordados em instrumento jurídico firmado entre os ocupantes
e o órgão responsável pela administração da UC, incluindo a visitação.
2. A presença de populações residentes e o uso que fazem das áreas devem ser regidos por
instrumento jurídico pertinente, os quais definirão as atividades passíveis de serem realizadas e
normas específicas relacionadas, observadas boas práticas de manejo do solo e dos recursos hídricos.
3. A conversão de novas áreas de uso é proibida.

ZONA DE AMORTECIMENTO

De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (Sistema Nacional de Unidades de


Conservação da Natureza – SNUC), todas as UCs devem dispor de um plano de manejo, que abranja
não só a área da unidade de conservação, mas sua zona de amortecimento (ZA) e possíveis corredores
ecológicos.

Conforme definido na supracitada Lei, a zona de amortecimento é “o entorno de uma unidade


de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade” (art. 2º - XVIII). A mesma lei
determina que as ZA podem “ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente” (art. 25
- § 2º), sendo que, “uma vez definida formalmente, não pode ser transformada em zona urbana”
(art.49).

100
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

A Lei nº 9.985/2000 também determina que o plano de manejo deve abranger a ZA e os


corredores ecológicos, e outros dispositivos normativos que tratam do assunto devem ser observados
quando da definição da ZA, por exemplo, as Resoluções do CONAMA 375/2006, 378/2006, 428/2010
e 473/2015.

Conforme previsto no Art. 5º, do Decreto de 5 de junho de 2017 que criou o Parque Nacional
dos Campos Ferruginosos “A zona de amortecimento do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
será definida por meio de ato específico do Presidente do Instituto Chico Mendes”.

O mesmo Decreto diz que na zona de amortecimento do Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos são permitidas a operação, a manutenção e a implantação de novas linhas de
transmissão e gasodutos, e de suas instalações associadas, servidões administrativas e acessos às
torres, conforme previsto nos termos do art. 46, parágrafo único, da Lei nº 9.985, de 2000.

DELIMITAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO


A delimitação e normatização da ZA deverá se dar com base em análises técnicas,
considerando os aspectos socioambientais da unidade e do seu entorno. As análises técnicas devem
considerar os locais e ambientes circunvizinhos onde as atividades humanas ameaçam a integridade
ecológica da UC ou possam comprometer o alcance de seus objetivos de conservação, por meio de
impactos como: invasão de espécies exóticas, entrada de patógenos, poluentes, ou mesmo
favorecendo a vulnerabilidade à ocorrência de atividades ilícitas (extração ilegal de madeira, caça
etc.).

A delimitação e a normatização da ZA devem estar pautadas também no diálogo com os


diferentes setores e atores envolvidos, buscando, sempre que possível, conciliar os interesses de cada
grupo em equilíbrio com a conservação ambiental

ORIENTAÇÕES PARA ANÁLISES TÉCNICAS DE DELIMITAÇÃO E NORMATIZAÇÃO DA ZA


• O contexto socioeconômico em que a UC está inserida;
• A dinâmica de ocupação e uso da terra na região;
• A importância biológica da UC, sua representatividade regional e conectividade;
• Os impactos ambientais potenciais e correntes sobre a UC;
• Outras políticas públicas na região;
• O contexto dos recursos hídricos locais e regionais e sua implicação para a UC;
101
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

• Áreas que podem formar corredores ecológicos com a UC, proporcionando conectividade e
aumentando sua efetividade ambiental.

CRITÉRIOS OU ASPECTOS REGIONAIS GERAIS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS PARA A DEFINIÇÃO
DA ZA

• Bacias que drenam para a UC, e em escala adequada ao tamanho da UC. Bacias hidrográficas
de nível 6, conforme base hidrográfica Ottocodificada pela Agência Nacional das Águas (ANA),
são referência para a delimitação da zona de amortecimento.
• Áreas urbanas consolidadas, conforme definidas no plano diretor ou legislação pertinente,
deverão ser evitadas e somente devem ser consideradas quando nelas ocorrerem atividades
humanas que comprometam os objetivos de criação da UC ou se insiram sobre áreas de
importância ambiental destacada para estes objetivos.
• Limites de outras áreas protegidas contíguas à UC.
• Áreas onde ocorram atividades humanas que comprometam ou possam comprometer os
processos ecológicos essenciais à manutenção das espécies que ocorrem na UC e aos
objetivos de criação desta unidade.
• Áreas onde ocorram atividades humanas que comprometam ou possam comprometer os
recursos naturais utilizados pelas populações tradicionais em UC cuja categoria permita o uso
pelas populações beneficiárias, tais como reservas extrativistas, reservas de desenvolvimento
sustentável, florestas nacionais, refúgios de vida silvestre e monumentos naturais.
• Áreas suscetíveis a ocorrência ou carreamento de impactos para a UC, tais como: a. faixas
territoriais limítrofes à UC; b. cursos d´água ou nascentes à montante da UC; c. áreas de
recarga de aquíferos e áreas úmidas de relevância para a dinâmica hidrológica da UC; d.
remanescentes naturais próximos e áreas naturais preservadas de importância para a
conectividade ecológica da UC; e. sítios de alimentação de espécies que ocorrem na UC.
• Áreas onde ocorrem atividades humanas associadas à: a. potencial ou efetiva disseminação
de poluentes ou contaminantes químicos, biológicos ou físicos para o interior da UC; b.
potencial ou efetiva disseminação de espécies exóticas invasoras ou com potencial de
contaminação genética para o interior da UC; c. manejo de fogo possa causar risco à UC.

102
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLO DE PROPOSTA DA ZONA DE AMORTECIMENTO

Objetivo geral de manejo: é proteger atributos naturais importantes que ficaram fora dos limites do
Parna do Jaú, conciliar as atividades de visitação pública com a proteção de locais importantes para
a reprodução de quelônios e garantir a proteção da bacia hidrográfica do Jaú, em sua totalidade
(Figura 59).

Critérios para delimitação da zona:

A proposta da Zona de Amortecimento do Parna do Jaú, é formada por três áreas que somam
aproximadamente 315.097 hectares.

A Área 1, foi delimitada utilizando o polígono da proposta de ampliação do parque, contida no


processo 02070.002508/2013-77. Está localizada ao Sul do parque, na margem direita do Rio
Carabinani, abrange cerca de 257.945 hectares, protegendo, assim, a totalidade da bacia hidrográfica
deste afluente do Rio Jaú.

A Área 2, abrange as cabeceiras do Rio Pauini, com uma área aproximada de 52.761 hectares. Está
localizada a Oeste do parque, numa região isolada entre o Parna do Jáu e a RDS Estadual Amanã, que
por um erro de cartografia permanece fora dos limites do parque.

A Área 3, está situada a Leste do parque, no Rio Negro, próximo a foz do Rio Jaú. Tem
aproximadamente 4.389 hectares, e está inserida em uma região que possuí importantes atributos
históricos e ecológicos, os petróglifos, localizados no Lago São João e Praia da Velha, incluídos em
roteiros turísticos do parque.

A proposta de ampliação do Parna do Jáu abrange a bacia do Rio Carabinani, e incide a Área Prioritária
para a Conservação da Biodiversidade AMZ-187, com importância biológica extremamente alta, e
cuja principal ação recomendada é a criação de UC de proteção integral, fato que corrobora a
proposta de ZA.

103
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Figura 59: Mapa de localização da Zona de Amortecimento do Parque Nacional do Jaú

NORMAS

1. É proibido retirar, mover ou danificar qualquer objeto, peça, construção e vestígio do patrimônio
cultural, histórico e arqueológico da UC, exceto para fins de pesquisa ou resgate do material, de
acordo com a legislação vigente e desde que com autorização do órgão responsável pela
administração da UC.

2. Todo resíduo gerado nesta zona deve ser destinado para local adequado.

3. As fogueiras eventualmente utilizadas nesta zona deverão ser totalmente apagadas após o uso e
todo resíduo gerado deve ser retirado do local.

4. No período das desovas de quelônios nas praias localizadas nesta zona, a visitação é permitida
apenas no período diurno.

5. Não é admitida qualquer atividade de exploração mineral.

104
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

6. A autorização para supressão de vegetação nativa na ZA deverá ser precedida de manifestação do


ICMBio.

7. Todo empreendimento ou atividade passível de autorização ou licenciamento ambiental federal,


estadual ou municipal, que cause impacto aos atributos protegidos pela UC, deverá ser analisado pelo
órgão responsável pela administração da UC, que poderá autorizar (com ou sem restrições),
estabelecer condicionantes, solicitar complementação de informações e ajustes no projeto com o
intuito minimizar os impactos negativos significativos sobre a UC, declarar incompatibilidade ou
indeferir a solicitação, conforme legislação vigente.

105
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

ATOS LEGAIS, ADMINISTRATIVOS E NORMAS

A identificação de atos legais e atos administrativos é parte essencial do plano de manejo de


uma UC. Muitas decisões de manejo em uma UC são dirigidas ou influenciadas por atos legais e atos
administrativos com outros órgãos federais, estaduais ou municipais, empresas de utilidade pública,
organizações parceiras e outras entidades.

Os atos legais são requisitos específicos de cada UC que devem ser atendidos. São exemplos
de tais atos as instruções normativas e portarias específicas, eventualmente existentes.

Os atos administrativos são, em geral, acordos que tenham sido atingidos por meio de
processos formais e documentados como, por exemplo, os termos de compromisso, acordos de
cooperação e convênios.

Os atos legais e os atos administrativos podem respaldar, em muitos casos, uma rede de
parcerias que auxiliam no cumprimento dos objetivos da UC e facilitam as relações de trabalho com
outras organizações.

As normas gerais são regras ou diretivas feitas e mantidas pela UC para guiar o manejo e o
uso da área. Elas constituem componente essencial de gestão e planejamento de uma UC.

Durante a oficina de plano de manejo, é importante levar em consideração eventuais atos


legais e atos administrativos aplicáveis à UC porque:

• responsabilizam os gestores da UC a realizarem ações específicas (tal como alguma ação


exigida por ordem judicial);

• acrescentam outra dimensão ao propósito e à significância da área;

• complementam o quadro de normas gerais da UC a ser observado.

106
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

Melhores Práticas para se Identificar Atos Legais e Administrativos

Os atos legais para uma UC

• são requisitos exclusivos que aquela UC precisa cumprir.


• podem estar expressos no decreto de criação da UC, em legislação distinta após a criação
da UC ou em processo judicial.
• podem ampliar o propósito da UC ou apresentar elementos não relacionados ao propósito
da UC.
• não são um inventário de todas as leis aplicáveis ao sistema federal de unidades de
conservação.
Os atos administrativos de uma UC
• são acordos firmados por meio de processos formais documentados (como um ofício de
entendimento se comprometendo a respeitar as políticas de uma comissão de manejo de
órgãos públicos diversos).
As normas de uma UC

• são as regras ou diretivas mantidas por aquela UC para orientar o uso e o manejo da área.

Construindo as Normas Gerais

Melhores
Exercício 1 (plenária): Serão Práticas para se
apresentados Identificar
e avaliados emAtos Legaisoseatos
plenária Administrativos
legais e administrativos
relacionados à UC, para nivelamento, atualização e complementação da lista existente.
Os atos legais para uma UC

• são requisitos exclusivos que aquela UC precisa cumprir.


Construindo
• podem estar expressos no decreto as Normas
de criação da UC,Gerais
em legislação distinta após a criação
da UC ou em processo judicial.
• podem ampliar o propósito da UC ou apresentar elementos não relacionados ao propósito
Exercício
da UC.1 (plenária): Serão apresentados e avaliados em plenária os atos legais e administrativos
relacionados à UC, para nivelamento, atualização e complementação da lista existente.
• não são um inventário de todas as leis aplicáveis ao sistema federal de unidades de
conservação.
Os atos administrativos de uma UC
• são acordos firmados por meio de processos formais documentados (como um ofício de
entendimento se comprometendo a respeitar as políticas de uma comissão de manejo de
órgãos públicos diversos).
As normas de uma UC 107

• são as regras ou diretivas mantidas por aquela UC para orientar o uso e o manejo da área.
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

EXEMPLOS DE ATOS LEGAIS E ATOS ADMINISTRATIVOS:

• direito de uso estabelecidos referentes a pastagem, mineração etc.

• requisitos para desvio de água / obrigações de abastecimento de água

• direito de passagem para concessionárias públicas

• contratos de longo prazo

• parcerias obrigatórias ou voluntárias

• acordos intergovernamentais (por exemplo, entre a UC e o governo


municipal)

• contratos de servidão sobre as terras da UC

• autorizações para uso comercial

• termo de cooperação técnica com instituições de ensino/pesquisa

• termo de ajustamento de conduta entre o Ministério Público Federal,


infrator e UC

• termo de reciprocidade com instituições diversas

• termo de compromisso com comunidades

• restrições sobre atividades recreativas

• restrições sobre a coleta de plantas e animais

• áreas fechadas ao público (permanente ou temporariamente)

108
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo

ATOS LEGAIS E ADMINISTRATIVOS (REGULAÇÕES) EXISTENTES PARA


O PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS

Ato Normativo Assunto Processo


ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA QUE CELEBRAM O ICMBIO,
VALE S/A E SALOBO COM O OBJETIVO DE COOPERAÇÃO MÚTUA
PARA O DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES VOLTADAS PARA O
Acordo de Cooperação n° 21/2020
ATENDIMENTO DAS AÇÕES DEFINIDAS NO PROJETO
HORIZONTES (PROCESSO SEI ICMBio Nº 02122.001002/2019-
83). 02122.001002/2019-83
Constitui objeto do presente ACORDO DE COOPERA AD
TECNICA, proporcionar condiçöes para que a ICMBio realize a
consolidaçäo fundi6ria do Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos, corn a apoio financeiro da VALE no pagamento
Acordo de Cooperação Técnica 08/2020
das indenizações, quando devidas, decorrentes dos direitos dos
ocupantes regularmente
identificados em processos formais e individuals de apuraçào
para fins de desapropriaço conduzidos pelo ICMBio.
Publicação_Aditivo ACT 08/2020 Publicação no DOU
PRIMEIRO ADITIVO AO ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA
Nº08/2020, CELEBRADO ENTRE O INSTITUTO CHICO MENDES
DECONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – ICMBIO E A VALE S/A
Aditivo ACT 08/2020 02070.009768/2019-69
OBJETIVANDO A CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL DO PARQUE
NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS. PROCESSO SEI Nº
02070.009768/2019-69.
Licença de Operação 1361/2016 Licença de Operação Projeto S11D Eliezer Batista 02001.000711/2009-46
Dispõe sobre a criação do Parque Nacional dos Campos
Decreto S/N de 05 de Junho de 2017 Ferruginosos, localizado nos Municípios de Canaã de Carajás e 02000.000762/2017-98
Parauapebas, Estado do Pará.
Decreto 84.017/1979 Aprova o regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros
Plano de Trabalho ACT n° 21/2020 Plano de Trabalho 02122.001002/2019-83
Cria o Conselho Consultivo do Parque Nacional dos Campos
Portaria n° 436/2022 Ferruginosos no estado do Pará (Processo nº 021252.00037/2021-51
021252.00037/2021-51)
Institui o Núcleo de Gestão Integrada - ICMBio Carajás, como
um arranjo organizacional, no âmbito do Instituto Chico
Portaria n° 941/2018 02122.001499/2018-59
Mendes - ICMBio, no estado do Pará (processo SEI n.
02122.001499/2018-59).
Primeiro Aditivo do Termo de Compromisso a ser celebrado
entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade - ICMBio e a Vale S/A objetivando apoio para
implantação e proteção das Unidades de Conservação de
Termo Aditivo - Termo de Carajás com a interveniência da Fundação de Desenvolvimento
Compromisso n° 02/2015 de Pesquisa - FUNDEP 02122.010660/2016-13
Termo de Compromisso a ser celebrado entre o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio e a Vale
S/A objetivando apoio para implantação e proteção das
Unidades de Conservação na região de Carajás com a
interveniência da Fundação de Desenvolvimento de Pesquisa - 02122.010660/2016-13
Termo de Compromisso n° 02/2015 FUNDEP 02070.001388/2014-71

109
Guia do Participante – Bibliografia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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distribution map of Chiasmocleis jimi Caramaschi and Cruz, 2001 (Amphibia: Anura: Microhylidae)
and Proceratophrys concavitympanum Giaretta, Bernarde and Kokubum, 2000 (Amphibia: Anura:
Cycloramphidae). Check List 8: 152–154.

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áreas prioritárias para conservação da diversidade geológica e biológica, patrimônio cultural e
serviços ambientais/ Flávio. Belo Horizonte : 3i Editora, 2015.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de solos.


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IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Plano de Manejo para uso
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ICMBIO. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Proposta de criação do Parque


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Ltda. Plano de Manejo da Floresta Nacional de Carajás. Brasília: MMA, 2017. 1 v.

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https://salve.icmbio.gov.br/. Acesso em: 30 de Apr. de 2023.

MARCELINO, D. 5 curiosidades sobre o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Disponível em: 5
curiosidades sobre o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos - Natureza e Conservação
(naturezaeconservacao.eco.br). Acesso em: 30 abr. 2023.
PEREIRA, M. M. Caracterização do clima da microrregião de Marabá e identificação das áreas
adaptadas ao cultivo de feijão caupi e castanha sobre o ponto de vista climatológico: 1-30. UFP,
Porto 1991.
SANTOS, F.M.G., et al. Espécies endêmicas registradas nas cangas do recém-criado Parque Nacional
dos Campos Ferruginosos de Carajás, PA. In: 68º Congresso Nacional de Botânica - Rio de Janeiro

110
Guia do Participante – Bibliografia

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cangas do recém-criado Parque Nacional dos Campos Ferruginosos de Carajás, PA (researchgate.net).
Acesso em: 30 abr. 2023.
SCHAEFER. C. E G. R., et al. Geoambientes, solos e estoque de carbono na Serra Sul de Carajás, Pará,
Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 11, n. 1, p. 85-
101, jan. - abr. 2016.
SCHAEFER. C. E G. R., et al. Ecossistemas e Geoambientes de Canga Ferruginosa em Carajás:
Paisagens Singulares em Risco de Extinção. In: Projeto cenários: conservação de campos ferruginosos
diante da mineração em Carajás / Frederico Drumond Martins, Luciana Hiromi Yoshino Kamino e Katia
Torres Ribeiro (organizadores). – 1. ed. – Tubarão (SC), 467 p. 2018.
SOUZA, A. P. F. Desigualdade salarial no Brasil permanente ou transitório. São Paulo: [s.n.], 1998.
SIQUEIRA, A. C, et al. Large and Medium-Sized Mammals of Carajás National Forest, Pará State,
Brazil. Check List and Authors, 1-9, 2014.
VALE S.A, PROJETO BOCAINA, Diagnóstico da Biodiversidade da Serra da Bocaina, PA. Número do
Relatório: RT-010_109-515-5008_01-J. Maio, 2013.
VALETIM, R.; OLIVITO, J. P. Unidade espeleológica Carajás: delimitação dos enfoques regional e
local, conforme metodologia da in-02/2009 mma. Revista Espeleo-Tema, Campinas, v.22, n.1, p. 41-
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VIDAL, M.R.; MASCARENHAS, A.L.C. Mapeamento geoecológico no Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos de Carajás/Pará-Brasil. Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 14, n. 3, dez/2020, p. 218 –
238. Disponível em: https://revistas.ufg.br/index.php/atelie. Acesso em: 02 mai. 2023

111
Guia do Participante – Anexo

ANEXO I: RELAÇÃO DAS ESPÉCIES COM RISCO DE EXTINÇÃO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS
FERRUGINOSOS

Reino Nome Científico Nome Científico Anterior Autor Grupo Categoria


Animalia Furipterus horrens Furipterus horrens (Cuvier, 1828) Mamíferos Vulnerável
Animalia Onychorhynchus coronatus Onychorhynchus coronatus (Statius Muller, Aves Menos
1776) Preocupante
Animalia Phaethornis superciliosus Phaethornis superciliosus (Linnaeus, 1766) Aves Menos
Preocupante
Animalia Catharus fuscescens Catharus fuscescens (Stephens, 1817) Aves Menos
Preocupante
Animalia Odontophorus gujanensis Odontophorus gujanensis (Gmelin, 1789) Aves Menos
Preocupante
Animalia Tringa solitaria Tringa solitaria Wilson, 1813 Aves Menos
Preocupante
Animalia Selenidera gouldii Selenidera gouldii (Natterer, 1837) Aves Menos
Preocupante
Animalia Gallinago paraguaiae Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816) Aves Menos
Preocupante
Animalia Myrmotherula longipennis Myrmotherula longipennis Pelzeln, 1868 Aves Menos
Preocupante
Animalia Myrmotherula menetriesii Myrmotherula menetriesii (d`Orbigny, 1837) Aves Menos
Preocupante
Animalia Philydor erythrocercum Philydor erythrocercum (Pelzeln, 1859) Aves Menos
Preocupante
Animalia Synallaxis rutilans Synallaxis rutilans Temminck, 1823 Aves Menos
Preocupante
Animalia Thamnophilus stictocephalus Thamnophilus stictocephalus Pelzeln, 1868 Aves Menos
Preocupante
Animalia Ameerega trivittata Ameerega trivittata (Spix, 1824) Anfíbios Menos
Preocupante
Animalia Calomys tocantinsi Calomys tocantinsi Bonvicino, Lima & Mamíferos Menos
Almeida, 2003 Preocupante
Animalia Guerlinguetus brasiliensis Guerlinguetus brasiliensis (Gmelin, 1788) Mamíferos Menos
Preocupante
Animalia Erythrolamprus carajasensis (Cunha, Répteis Quase
Nascimento & Ameaçada
Avila-Pires, 1985)
Animalia Cyanocorax cyanopogon Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) Aves Menos
Preocupante
Animalia Glyphorynchus spirurus Glyphorynchus spirurus (Vieillot, 1819) Aves Menos
Preocupante
Animalia Pitangus sulphuratus Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Aves Menos
Preocupante
Animalia Anthracothorax nigricollis Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) Aves Menos
Preocupante
Animalia Attila spadiceus Attila spadiceus (Gmelin, 1789) Aves Menos
Preocupante
Animalia Claravis pretiosa Claravis pretiosa (Ferrari-Perez, Aves Menos
1886) Preocupante
Animalia Harpagus bidentatus Harpagus bidentatus (Latham, 1790) Aves Menos
Preocupante
Animalia Dacnis cayana Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Aves Menos
Preocupante
Animalia Dendroplex picus Dendroplex picus (Gmelin, 1788) Aves Menos
Preocupante
Animalia Formicarius colma Formicarius colma Boddaert, 1783 Aves Menos
Preocupante
Animalia Schiffornis turdina Schiffornis turdina (Wied, 1831) Aves Menos
Preocupante
Animalia Canga renatae Canga renatae da Silva, Pinto-da- Invertebrados Terrestres Menos
Rocha & Giribet, Preocupante
2010
Animalia Heterophrynus longicornis Heterophrynus longicornis (Butler 1973) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante

112
Guia do Participante – Anexo

Animalia Aparatrigona impunctata Aparatrigona impunctata (Ducke, A. 1916) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Cephalotrigona capitata Cephalotrigona capitata (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Cephalotrigona femorata Cephalotrigona femorata (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Frieseomelitta doederleini Frieseomelitta doederleini (Friese, 1900) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Frieseomelitta longipes Frieseomelitta longipes (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Frieseomelitta portoi Frieseomelitta portoi (Friese, 1900) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Geotrigona aequinoctialis Geotrigona aequinoctialis (Ducke, 1925) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Geotrigona mattogrossensis Geotrigona mattogrossensis (Ducke, 1925) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona flavolineata Melipona flavolineata Friese, 1900 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona melanoventer Melipona melanoventer Schwarz, 1932 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona puncticollis Melipona puncticollis Friese, 1902 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona seminigra Melipona seminigra Friese, 1903 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Nannotrigona schultzei Nannotrigona schultzei (Friese, 1901) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Partamona ailyae Partamona ailyae Camargo, 1980 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Partamona combinata Partamona combinata Pedro & Camargo, Invertebrados Terrestres Menos
2003 Preocupante
Animalia Partamona gregaria Partamona gregaria Pedro & Camargo, Invertebrados Terrestres Menos
2003 Preocupante
Animalia Partamona testacea Partamona testacea (Klug, 1807) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Partamona vicina Partamona vicina Camargo, 1980 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Ptilotrigona lurida Ptilotrigona lurida (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Scaptotrigona postica Scaptotrigona postica (Latreille, 1807) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Tetragona clavipes Tetragona clavipes (Fabricius, 1804) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Tetragona goettei Tetragona goettei (Friese, 1900) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Tetragonisca angustula Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona amalthea Trigona amalthea (Olivier, 1789) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona branneri Trigona branneri Cockerell, 1912 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona chanchamayoensis Trigona chanchamayoensis Schwarz, 1948 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona dallatorreana Trigona dallatorreana Friese, 1900 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona guianae Trigona guianae Cockerell, 1910 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona hypogea Trigona hypogea Silvestri, 1902 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona pallens Trigona pallens (Fabricius, 1798) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona recursa Trigona recursa Smith, 1863 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona truculenta Trigona truculenta Almeida, 1984 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona williana Trigona williana Friese, 1900 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante

113
Guia do Participante – Anexo

Animalia Melipona interrupta Latreille, 1811 Invertebrados Terrestres Menos


Preocupante
Animalia Atelocynus microtis Atelocynus microtis (Sclater, 1883) Mamíferos Vulnerável
Animalia Trigona spinipes (Fabricius, 1793) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Elaenia parvirostris Elaenia parvirostris Pelzeln, 1868 Aves Menos
Preocupante
Animalia Tyrannus albogularis Tyrannus albogularis Burmeister, 1856 Aves Menos
Preocupante
Animalia Dendropsophus sarayacuensis Dendropsophus sarayacuensis (Shreve, 1935) Anfíbios Menos
Preocupante
Animalia Lophotriccus galeatus Lophotriccus galeatus (Boddaert, 1783) Aves Menos
Preocupante
Animalia Microcerculus marginatus Microcerculus marginatus (Sclater, 1855) Aves Menos
Preocupante
Animalia Myrmoborus myotherinus Myrmoborus myotherinus (Spix, 1825) Aves Menos
Preocupante
Animalia Myrmornis torquata Myrmornis torquata (Boddaert, 1783) Aves Menos
Preocupante

114
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luíz Inácio Lula da Silva

MINISTRA DO MEIO AMBIENTE E MUUDANÇAS CLIMÁTICAS


Marina Silva

PRESIDENTE DO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE


Marcelo Marcelino de Oliveira - Presidente Substituto

DIRETORA DE CRIAÇÃO E MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Bernardo Ferreira Alves de Brito - Substituto

COORDENAÇÃO DE CRIAÇÃO E PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Maurício Ferreira do Sacramento – Coordenador Geral

COORDENAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Daniel de Miranda Pinto de Castro - Coordenador

GERÊNCIA REGIONAL DO NORTE – GR 1


Tatiane Maria Vieira Leite – Gerente Regional

NÚCLEO DE GESTÃO INTEGRADA ICMBIO DE CARAJÁS


André Luiz Macedo Vieira - Chefe

EQUIPE DE PLANEJAMENTO/ ELABORAÇÃO DO GUIA DO PARTICIPANTE


Maria Jociléia Soares da Silva - COMAN
Luiz Felipe Pimenta de Moraes- COMAN
Manoel Delvo Bizerra dos Santos - NGI ICMBio Carajás
Roberta Franco Pereira de Queiroz - NGI ICMBio Carajás
Wendelo Silva Costa - NGI ICMBio Carajás

EQUIPE DE APOIO
Paulo Jardel Braz Faiad
Paulo Guilherme Saturnino Santos
Izabelle Cristina Silva Teixeira
Rodrigo Leal Moraes
Gabriela Rossalini
Victória de Paula Paiva Terasawa
Iris Amado Florentino
Pricila Farias Leal
Jadiely Camila Farinha da Silva

MAPAS E GEOPROCESSAMENTO
Andreana dos Santos

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