Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Missão do ICMBio
A missão do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade é proteger o patrimônio natural e
promover o desenvolvimento socioambiental.
2
CONTEÚDO DO GUIA
AGENDA DA OFICINA.............................................................................................................................................................................6
FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.................................................................................................................................7
CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS.........................................................................................9
PLANO DE MANEJO.............................................................................................................................................................................44
O PROPÓSITO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.................................................................................................................................47
SIGNIFICÂNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...............................................................................................................................52
RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS.............................................................................................................................................63
AVALIAÇÃO DE NECESSIDADES DE DADOS E PLANEJAMENTO...........................................................................................................73
ANÁLISE DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS.........................................................................................................................74
ANÁLISE DE QUESTÕES-CHAVE..........................................................................................................................................................78
ATOS LEGAIS, ADMINISTRATIVOS E NORMAS..................................................................................................................................106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................................................110
3
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de localização das Unidades de Conservação vinculadas ao NGI ICMBio Carajás ............................ 9
Figura 2: Paisagem típica do Parna dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ..................................................... 11
Figura 3: arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus). Foto: Carlos Alberto Coutinho/TG ............................ 12
Figura 4: Mapa de Localização do Parna dos Campos Ferruginosos ....................................................................... 13
Figura 5: Mapa com a localização e vias de acesso ao Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ........................ 13
Figura 6: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo ....................................... 15
Figura 7: Mapa com a demonstração da geomorlogia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos .................. 15
Figura 8: Mapa com os tipos de solos ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ......................... 16
Figura 9: Mapa ilustrativo com a hidrografia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ................................ 17
Figura 10: Floresta encontrada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ........................... 18
Figura 11: Mapa com a ilustração dos tipos de vegetação encontradas no Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos .......................................................................................................................................................... 19
Figura 12: Relação das espécies endêmicas localizadas nas cangas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Legenda: END - endêmica; CR - criticamente em perigo; EN - em perigo; VU - vulnerável; CKS - região de Carajás;
SE PA - sudeste do Pará. Fonte: SANTOS, et al. (2018). ......................................................................................... 20
Figura 13: Mapa das espécies ameaçadas ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ................... 21
Figura 14: onça parda (Puma concolor) clicada por Gustavo Pedro. Foto: Ancelmo.com ....................................... 22
Figura 15: Morcego (Desmodus rotundus). Foto: Pascual Soriano - UCSF/Veja...................................................... 23
Figura 16: Sanhaço-de-coleira (Schistochlamys melanopis). Foto: Renato Costa Pinto .......................................... 24
Figura 17: O jabuti (Rhinoclemys punctularia). Foto: Bernard Dupont. .................................................................. 25
Figura 18: Abelha (Bombus Terrestris). Foto: Jorge Araújo e David Germano ........................................................ 26
Figura 19: Atrativo natural (Banho do Camarão) do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel
Delvo ...................................................................................................................................................................... 27
Figura 20: Mapa com a localização dos sítios arqueológicos e cavernas do Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos .......................................................................................................................................................... 28
Figura 21: Vista panorâmica do platô do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo........... 29
Figura 22: Mapa com a localização de imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural, localizados no Parque
Nacional dos Campos Ferruginosos ........................................................................................................................ 31
Figura 23: Relação dos Autos de Infrações no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Fonte: NGI
Carajás/ICMBio ...................................................................................................................................................... 35
Figura 24: Gráfico – Áreas Afetadas por Incêndios Florestais no Interior do Parna dos Campos Ferruginosos ....... 36
Figura 25: Cachoeira do Meio Kilo localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo39
Figura 26: Cachoeira de Águas Claras no interior do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, um dos roteiros
consolidado do ecoturismo de Carajás. Foto: Manoel Delvo.................................................................................. 40
Figura 27: Mapa com a localização dos atrativos turísticos do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos ......... 40
Figura 28: Gráfico com número de visitantes geral e em Águas Claras no Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos .......................................................................................................................................................... 41
Figura 29: Número de licenças SISBio para o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Pará, Brasil. ................. 43
Figura 30: Elementos do Plano de Manejo. Fonte: ICMBio (2018) .......................................................................... 45
Figura 31: Relação dos elementos do Plano de Manejo ......................................................................................... 46
Figura 32: Ilustração da flora do Parque Nacional dos Campos Ferruginos: Foto: João Rosa ................................. 47
Figura 33: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ........................... 48
Figura 34: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Fernando Tatagiba. ............................................... 49
4
Figura 35: Parque Nacional da Amazônia. Foto: Léia Soares .................................................................................. 49
Figura 36: Monitoramento realizado pela equipe de brigadistas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Foto: Manoel Delvo................................................................................................................................................ 51
Figura 37: Parque Nacional do Iguaçu. Foto: oeco.com.br ..................................................................................... 55
Figura 38: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parna da Amazônia. Fonte: Léia Soares ......................................... 55
Figura 39: Parque Nacional de Brasília (Fotos: André Dib (esq.), 2021 e Acervo PNB, 2021). ................................. 56
Figura 40: - PARNA Nascentes do Rio Parnaíba. Fonte: Carolina Fritzen. ............................................................... 58
Figura 41: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa ........................... 60
Figura 42: Batatã-de-canga (Ipomoea marabaensis D.F.Austin & Secco). Foto: Manoel Delvo .............................. 61
Figura 43: Paisagem específica localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa .......... 63
Figura 44: Piscina Água Mineral no Parque Nacional de Brasília. Foto: Léia Soares ............................................... 66
Figura 45: Onça-parda no Parque Nacional de Brasília (Foto: Brasília é o bixo!) .................................................... 68
Figura 46: Cataratas do Parque Nacional do Iguaçu. Foto: Grupo Tarobá .............................................................. 69
Figura 47: Onça-pintada Parque Nacional do Iguaçu. Fonte: Apolônio Rodrigues. ................................................. 70
Figura 48: Estação Ecológica do Taim. Fonte: Marcos Paiva ................................................................................... 71
Figura 49: Barbudo-de-pescoço-ferrugem (Malacoptila rufa). Foto: Agnes Coenen ............................................... 71
Figura 50: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parque Nacional da Amazônia. Foto: Pamela Renner. ................... 72
Figura 51: Exemplo de diagrama construído de forma participativa para prática de planejamento. ..................... 74
Figura 52: Exemplo 1 de diagrama de análise dos recursos e valores fundamentais. ......................................... 77
Figura 53: Exemplo 2 de diagrama de análise dos recursos e valores fundamentais. ............................................. 77
Figura 54: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa............................................ 80
Figura 55: Cachoeira Jared no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo ........................... 82
Figura 56: Paisagem na Reserva Biológica União. Foto: ICMBio. ............................................................................ 84
Figura 57: Campos rupestres ferruginosos no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos .................................... 85
Figura 58: Enquadramento das zonas por grau de intervenção ou uso diferenciados. Fonte: ICMBio. .................. 86
Figura 59: Mapa de localização da Zona de Amortecimento do Parque Nacional do Jaú ..................................... 104
5
AGENDA DA OFICINA
Dia 1
Dia 2
Dia 3
Dia 4
Dia 5
6
Guia do Participante – Caracterização
Nome da Unidade de
Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Conservação (UC)
Categoria e Grupo Parque Nacional – Proteção Integral
Rua J, 202, Bairro União, CEP: 68515-000, Parauapebas/PA,
Endereço da Sede Brasil
7
Guia do Participante – Caracterização
8
Guia do Participante – Caracterização
1. INTRODUÇÃO
O NGI ICMBio Carajás é formado pelo conjunto de 6 (seis) Unidades de Conservação Federais que,
em conjunto com a Terra Indígena Xikrin do Rio Cateté, formam o maior maciço florestal da região sudeste
do Estado do Pará, com mais de 1.200.000 ha e abrange cinco municípios da região, Marabá, Parauapebas,
Canaã dos Carajás, Água Azul do Norte e São Félix do Xingu (Figura 1).
Figura 1: Mapa de localização das Unidades de Conservação vinculadas ao NGI ICMBio Carajás
9
Guia do Participante – Caracterização
áreas protegidas, compõe o chamado “Mosaico Carajás”, com cerca de 1.207.000 hectares. São elas: a
Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado, a Reserva Biológica do Tapirapé, a Floresta Nacional de
Carajás, Floresta Nacional do Tapirapé Aquiri, Floresta Nacional do Itacaiúnas, Parque Nacional dos
Campos Ferruginosos e a Terra Indígena Xikrin do Rio Cateté. Este conjunto de áreas protegidas possui
grande importância para a conservação da biodiversidade, de processos ecológicos e de serviços
ecossistêmicos, haja vista a intensa degradação ambiental da região em que se insere (Bezerra e Ribeiro
et al, 2017).
O Parque Nacional (Parna) é uma categoria de Unidade de Conservação (UC) de proteção integral
estabelecida pela Lei federal n° 9.985 de 18 de julho de 2000 do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC). O artigo 11 da referida Lei, estabelece que o objetivo básico dessa categoria é:
O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos foi criado através do Decreto S/N de 05 de junho de
2017, como compensação aos impactos ocasionados pela instalação do Projeto Minerário da VALE S.A
denominado S11D, no interior da Floresta Nacional de Carajás, conforme estabelecido nas Condicionantes
Ambientais 2.6 e 2.9 da Licença de Instalação nº 947/2013 e Condicionantes 2.8 e 2.9 da Licença de
Operação nº 1361/2016. Portanto, a Vale no Processo de Licenciamento do Projeto S11D fica obrigada a
liberar a área referente a Serra da Bocaina para a criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral,
com uma área total de 79.029ha (setenta e nove mil e vinte e nove hectares), abrangendo os municípios de
Canaã dos Carajás (82,9%) e Parauapebas (17,1%).
O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos apresenta uma paisagem singular advinda de
processos pretéritos ao longo de milhões de anos, isto em decorrência de diversos elementos, tais como: o
clima, o relevo, a hidrografia e seus processos que resultaram na existência de um tipo raro de ecossistema
associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro, e amostras de vegetação de canga ou campos
10
Guia do Participante – Caracterização
rupestres ferruginosos com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e ameaçadas de extinção,
além de ambientes aquáticos e cavernas (Figura 2).
Figura 2: Paisagem típica do Parna dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa
O Parna dos Campos Ferruginosos é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral e possui
79 mil hectares de floresta dedicada à preservação integral da fauna e da flora. O Parque concentra a maior
quantidade de cavernas existentes no Brasil e estudos apontaram ser essa unidade o maior Parque de
cavernas em rochas ferríferas do país, além de abrigar espécies raras e registros arqueológicos das
primeiras ocupações humanas na Amazônia (ICMBio, 2017). Com aproximadamente 370 cavidades
subterrâneas em ambiente ferrífero de formatos únicos que abrigam diversas espécies raras.
O Parna além de abrigar em seu interior diversos ecossistemas, incluindo grandes áreas de florestas
nativas com várias espécies de fauna, ainda possui mananciais hídricos importantes para a estabilidade
ambiental da região onde ele está inserido. As características geológicas, geomorfológicas e pedológicas
tornaram a região do Parna única em sua diversidade de ecossistemas e formações vegetais. Essas
formações são recobertas por uma vegetação peculiar definida como vegetação rupestre sobre canga,
sendo muitas espécies consideradas endêmicas desse ambiente.
11
Guia do Participante – Caracterização
O Parque Nacional Campos Ferruginosos abriga uma grande e rica biodiversidade, abrigando
espécies raras, como a herbácea Blechnun longipilosum; endêmicas, tais como as aves arapaçu-de-loro-
cinza (Hylexetastes brigidai), o anambé-de-rabo-branco (Xipholena lamellipennis) e o arapaçu-do-carajás
(Xiphocolaptes carajaensis). O parque também abriga animais ameaçados de extinção, tais como o
papagaio-campeiro (Amazona ochrocephala) a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), ilustrada
na Figura nº 3, e as espécies herbáceas arbustivas Mimosa acutistipula var. ferrea e Mimosa skinneri var.
carajarum; e novas espécies tais como as herbáceas Mitracarpus sp. nov., Isoetes sp. nov. que estão sendo
descritas pela ciência (MARCELINO, 2017).
O Parna dos Campos Ferruginosos está localizado no Estado do Pará e envolve áreas dos municípios
de Canaã dos Carajás e Parauapebas (Figura 4). A partir de Belém, capital do estado que fica a cerca de 720
km da UC, seu acesso principal se dá através da rodovia estadual PA 275. Por via aérea através de
aeroportos das cidades de Belém, Parauapebas e Marabá . O acesso ao interior da UC é possível através
das Estradas PA 160, Estrada Raymundo Mascarenhas, das bases Gavião Real, São Luiz e Bocaina, além de
vias terrestres denominadas vicinais que dão acesso a diversos atrativos naturais do Parque (Figura 5).
12
Guia do Participante – Caracterização
Figura 5: Mapa com a localização e vias de acesso ao Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
13
Guia do Participante – Caracterização
2. ASPECTOS AMBIENTAIS
CLIMA
Do ponto de vista climático, a região está localizada na faixa conhecida como corredor seco da
Amazônia Oriental, representando uma faixa climática transicional entre a Bacia Amazônica e o Planalto
Brasileiro. O clima da área é tipicamente tropical, quente e úmido, enquadrado como do tipo Awi pela
classificação de Köppen, com temperaturas médias oscilando entre 19 e 31ºC (PEREIRA, 1991). A região
possui como característica marcante um índice pluviométrico anual elevado e a presença de um período
bem definido de estiagem. O regime pluviométrico dos Campos Ferruginosos apresenta um ciclo unimodal,
com verão chuvoso que se inicia em outubro, atinge o ápice no período de janeiro a março e termina em
maio, e inverno seco que ocorre de maio a outubro, sendo marcado por chuvas torrenciais.
GEOLOGIA
O Parna estar inserido na província tectônica de Carajás em uma estrutura geológica bem antiga
denominada de (Cráton Amazônico), que teve seu processo de formação ainda no período Pré-cambriano,
as rochas que o compõe também são bem antigas. Os geossistemas dos campos ferruginosos, em sua
formação tem origens de um passado distante, pois suas formações geológicas se originaram
principalmente no período Arqueano (2,7 – 2,6 Ga) e Paleoproterozoico (2,5 Ga a 540 Ma), que foram
formando as couraças de ferro que geralmente se encontra nas porções mais altas do relevo, constituindo
os platôs e as escarpas (CARMO, KAMIRO, 2015; RADAMBRASIL, 1974).
GEOMORFOLOGIA
A Região de Carajás se destaca em meio à vasta paisagem regional, composta por relevos colinosos
suaves ondulados e ondulados de baixas altitudes, originalmente recobertos por florestas tropicais densas
(Figura 6). No Parna, encontram-se diferentes formas de relevo que vão desde platôs onde afloram o
minério de ferro a segmentos aplainados ou relevos dissecados em rochas sedimentares. São comuns
feições escarpadas e em cristas, provenientes da exposição dos metarenitos ou em bordas de platôs de
variados materiais, especialmente aqueles constituídos por canga laterítica (Figura 7).
14
Guia do Participante – Caracterização
Figura 6: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo
Figura 7: Mapa com a demonstração da geomorlogia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
15
Guia do Participante – Caracterização
SOLOS
No tocante aos solos do Parna, a sua maior parte é formado por solos concrecionário, esse aspecto
confere ao Parque um mosaico de solos onde a maioria deles, sobretudo, os mais antigos têm em sua
composição dois minerais importantes, denominados de plintita e petroplintita que condicionam
características intrínsecas aos mesmos, podendo ser profundos, quando se apresentam em área de floresta
densa, e rasos quando estão sob áreas de campos rupestres (EMBRAPA, 2006), além de, em menores
proporções de outros tipos de solos. Os principais tipos de solos ocorrentes na UC são o Latossolo Vermelho
Distrófico, Argissolo Vermelho-Distrófico e Neossolo Litólico Distrófico (Figura 8).
Figura 8: Mapa com os tipos de solos ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
HIDROLOGIA/HIDROGRAFIA
A maior parte da região Ferrífera de Carajás é drenada pela rede hidrográfica do Rio Itacaiúnas, que
desemboca na margem esquerda do Rio Tocantins, em Marabá. O seu principal afluente é o Rio
Parauapebas, que corta a parte leste da Serra SuI, outros afluentes e subafluentes importantes são o Azul,
16
Guia do Participante – Caracterização
Cinzento, Águas Claras, Rio Vermelho, Sororó e Tapirapé (Figura 9). As nascentes dos principais rios estão
situadas nas encostas da Serra dos Carajás, subdividida em Serra Norte e Serra Sul, dentro dos limites da
Floresta Nacional de Carajás, (IBAMA, 2003). O sistema hidrográfico dos Campos ferruginosos é
representado pela bacia do rio Parauapebas. A rede de drenagem é dependente principalmente do regime
de chuva da região (VALENTIM; OLIVITO, 2011).
Figura 9: Mapa ilustrativo com a hidrografia do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
HIDROGEOLOGIA
De acordo com o Plano de Manejo da Flona de Carajás do ICMBio (2016), o sistema hídrico regional
do mosaico Carajás é composto pelo rio Itacaiúnas que é um afluente do rio Tocantins e desaguando na
cidade de Marabá, e também pelo rio Parauapebas que corta o Parna dos Campos Ferruginosos, o rio
Parauapebas se encontra nas proximidades da serra da Bocaina e constitui-se como sua principal drenagem.
A rede de drenagem superficial do Parna deriva sobretudo pelo regime de chuva da região.
O sistema hidrográfico do Parna dos Campos ferruginosos é representado pela bacia do rio
Parauapebas, a rede de drenagem é dependente principalmente pelo regime de chuva da região. Toda a
17
Guia do Participante – Caracterização
rede hidrográfica é caracterizada pelos declives fortes e peIo caráter torrencial dos rios. A paisagem é
intensamente dissecada por vales encaixados, adaptados a redes de fraturas em rochas arqueanas e com
poucas estruturas, onde grande parte das drenagens correm em vales encaixados, num relevo marcado
pela dissecação das rochas (SCHAEFER, 2016, IBAMA, 2003).
2.2. VEGETAÇÃO
O Sudeste Paraense reflete uma extensa área de transição entre cerrado e floresta amazônica,
caracterizando assim uma ampla região ecotonal que ajudou a criar quadros paisagísticos únicos. No Parna
dos Campos Ferruginosos, em meio à Floresta Tropical do sul da Amazônia, todas as formações florísticas
apresentam diversas fácies, influenciadas por atributos ambientais tais como a natureza dos solos, a
disponibilidade hídrica, sua distribuição na paisagem e sua conexão com os ambientes florestais vizinhos.
Em função disso, apresenta-se em todos os aspectos no local, uma “paisagem de exceção, em ilhas de
mescla campestre/arbustiva, em uma lembrança distante das caatingas de transição do Piauí, com espécies
que evoluíram na lenta adaptação a múltiplos estresses, como: pobreza nutricional, calor extremo e
deficiência de água” (SHAEFER et al, 2018, p.44). As classes de vegetação encontradas no Parque são:
Floresta Ombrófila Densa Submontada com dossel emergente, Floresta Ombrófila Aberta Submontada com
cipós, Refúgio Vegetacional Montano Arbustivo e Pastagens decorrentes da Pecuária (Figuras 10 e 11).
Figura 10: Floresta encontrada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa
18
Guia do Participante – Caracterização
Figura 11: Mapa com a ilustração dos tipos de vegetação encontradas no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
Um estudo realizado por Santos et al. (2017) mostrou que o Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos abriga uma porção significativa do endemismo de Carajás e entorno, indicando a ocorrência
de 48 das 64 espécies de flora endêmicas conhecidas regionalmente, incluindo 10 espécies não mais
consideradas endêmicas da região. Tais números são considerados expressivos e justificados pela alta
diversidade de geoambientes e geofácies registradas na área do Parque. Os resultados mostram ainda que
16 espécies categorizadas como Endêmicas dos Campos Rupestres do Sudeste do Pará foram registradas
na área da UC. Das 32 espécies consideradas endêmicas da Floresta Nacional de Carajás, 22 spp. foram
registradas na área do Parque, conforme registro abaixo (Figura 12).
Há também registros no Parque de pelo menos dez espécies ameaçadas: o angelim pedra
(Hymenolobium excelsum), castanheira (Bertolletia excelsa), cedro rosa (Cedrela odorata), cipó titica
(Heteropsis flexuosaa), mimosa (Mimosa skinneri Benth), Itaúba (Mezilaurus itaúba), Jaborandi (Pilocarpus
microphyllus), maçaranduba (Manilkara huberi), mogno (Swintenia macrophylla) e jacarandá (Jacaranda
carajasensis).
19
Guia do Participante – Caracterização
Número de Platôs
Lista Ameaçadas
Lista Ameaçadas
Total de registros
Outras Serras do
PARNA CF CKS
Cristalino - Serra
S11 e arredores
Total de zonas
Aflo. não
Nacional
N1-N3
N4-N8
Pará
Categoria de
Familia Espécie Hábito
Endemismo
Obs: registros em verde são ampliações da distribuição da descrição Esp. Sem restrição Esp. Florestais Esp. Restritas
Figura 12: Relação das espécies endêmicas localizadas nas cangas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Legenda: END
- endêmica; CR - criticamente em perigo; EN - em perigo; VU - vulnerável; CKS - região de Carajás; SE PA - sudeste do Pará.
Fonte: SANTOS, et al. (2018).
2.3 FAUNA
O Parna dos Campos Ferruginosos está inserido em um contexto de grande diversidade de
vertebrados. O livro ‘Fauna da Floresta Nacional de Carajás’ indica a presença de 943 espécies de
vertebrados na UC, excluindo-se as espécies de ictiofauna. Apesar de que grande parte do conhecimento
gerado esteja vinculado a Flona de Carajás, essa riqueza de vertebrados não está restrita as áreas da Flona
de Carajás, pois outros estudos indicam que na Rebio do Tapirapé (BERNARDO et al., 2012) e no Parna dos
Campos Ferruginosos (VALE S.A., 2013) existem elevados números de espécies da fauna. Além disso, não
20
Guia do Participante – Caracterização
existem grandes barreiras geográficas entre as UCs do Mosaico de Carajás, o que indica a possibilidade de
fluxo da fauna entre as UCs.
Uma grande diversidade de espécies de fauna é encontrada no Parna dos Campos Ferruginosos,
resultado direto dos diferentes ecossistemas e formações vegetais encontrados na UC. Apesar de um
histórico de desflorestamento enfrentado nas últimas duas décadas, o Parna dos Campos Ferruginosos é
um refúgio de vida silvestre frente as áreas impactadas que circundam a UC e é muito importante para a
utilização da rica fauna. Descreveremos aqui, resumidamente, a importância da UC como área de vida de
inúmeras espécies da fauna amazônica.
No Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE) foram registradas 73 espécies
com risco de extinção no Parque, dos grupos de mamíferos, aves, anfíbios e invertebrados terrestres,
conforme relação no anexo I e ilustradas na Figura 13 (ICMBio, 2023).
Figura 13: Mapa das espécies ameaçadas ocorrentes no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
21
Guia do Participante – Caracterização
No Parna dos Campos Ferruginosos são conhecidas 11 espécies de pequenos mamíferos para o
Parna dos Campos Ferruginosos (Tabela 1). As três espécies com a maior abundância são Necromis lasiurus,
Proechimys roberti e Holochilus sciureus.
Ordem Espécie
Rodentia Holochilus sciureus, Necromys lasiurus, Proechimys roberti
Oxymycterus amazonicus, Rhipidomys emiliae e Oligoryzomys microtis
Didelphimorphia Monodelphis gr. Brevicaudata, Marmosa murina, Metachirus
nudicaudatus, Philander opossum e Mocoureus demerarae
É válido destacar que ainda existe uma grande lacuna em relação aos estudos ecológicos para os
médios e grandes mamíferos presentes nas áreas da UC. Entretanto, relatórios técnicos e documentos
oficiais internos da gestão apontam a presença da onça pintada (Panthera onca), anta (Tapirus terretris),
porco do mato (Tayassu pecari), tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e onça parda (Puma
concolor), ilustrada na Figura 14. A diversidade de espécies na UC deve ser muito maior, pois na Flona de
Carajás, vizinha ao Parna dos Campos Ferruginosos, são conhecidas 45 espécies de médios e grandes
mamíferos (SIQUEIRA et al., 2014), dentre elas estão as espécies já evidenciadas no Parna dos Campos
Ferruginosos.
Figura 14: onça parda (Puma concolor) clicada por Gustavo Pedro. Foto: Ancelmo.com
22
Guia do Participante – Caracterização
O Projeto Bocaina (Vale S.A., 2013) identificou um problema com espécies domésticas nas áreas da
UC, associados a presença do cão doméstico (Canis lupus familiaris), bovinos (Bos taurus) e equinos (Equus
cabalus). Apesar de quase uma década após a produção do relatório técnico, o problema ainda persiste,
principalmente associado a presença de bovinos utilizando áreas no interior dos limites da UC para
pastagem. Esse é um ponto de grande relevância e que deve ser pautado no processo de elaboração do
Plano de Manejo do Parna dos Campos Ferruginosos.
QUIROPTEROFAUNA
São conhecidos para o Parna dos Campos Ferruginosos um total de 37 espécies de morcegos,
distribuídos em 23 gêneros e três famílias. A maior parte dos morcegos encontrados nas UCs pertencem
aos grupos dos frugívoros e insetívoros limpa-folhas/aéreos. Foram registradas para o Parna dos Campos
Ferruginosos duas espécies de morcegos hematófagos: Desmodus ecaudata e D. rotundus (Figura 15). A
quiropterofauna utiliza as cavidades naturais subterrâneas ferruginosas como abrigo e as espécies utilizam
os ambientes florestais e campestres para forrageamento e área de vida.
23
Guia do Participante – Caracterização
AVIFAUNA
São conhecidos 263 táxons de aves pertencentes a 47 famílias e 115 espécies para o Parna dos
Campos Ferruginosos. Essa alta riqueza deve estar relacionada aos diferentes ecossistemas da UC. As
espécies com maiores capturas são a rolinha-roxa (Columbina talpacoti), o tico-tico (Zonotrichia capensis),
o tiziu (Volatinia jacarina), o sebinho-de-olho-de-ouro (Hemitriccus margaritaceiventer), e o sanhaço-de-
coleira (Schistochlamys melanopis) ilustrado abaixo (Figura 16).
HERPETOFAUNA
A herpetofauna conhecida do Parna dos Campos Ferruginosos está representada por 43 espécies,
na qual, 27 são anfíbios (anuros) e 16 são répteis dentre lagartos, serpentes, quelônios e jacarés (VALE
S.A, 2013). As espécies de anfíbios com maior número de registros são Elachistocleis carvalhoi,
Leptodactylus fuscus, L. petersii, L. Macrosternum, Physalaemus epphipifer, Pseudopaludicola canga,
Dendropsophus minutus, Phyllomedusa hypochondrialis e Scinax gr. Ruber. Já para os répteis as espécies
mais abundantes foram as serpentes Liophis carajasensis e Leptodeira annulata, os lagartos Tropidurus
oreadicus e Tretioscincus agilis¸o jacaré Paleosuchus trigonatus e o jabuti Rhinoclemys punctularia (Figura
17).
24
Guia do Participante – Caracterização
ENTOMOFAUNA
Existe uma rica comunidade de insetos conhecidos para o Parna dos Campos Ferruginosos, onde
cabe destacar as mais abundantes entre os diferentes grupos, como a os dípteros (mosquitos):
Psychodopygus wellcomei Psychodopygus davisi e Culex coronator. Para as espécies de vespídeos destaca-
se as Polibya aff. occidentalis e P. rejecta como mais abundantes na UC; e para as abelhas existe uma
grande diversidade de espécies para o Parna dos Campos Ferruginosos, com destaque para as espécies
do gênero Bombus e das Centris (Figura 18). As espécies Tetragonisca angustula e Scaptotrigona
xanthotricha apresentaram elevada abundância nos levantamentos realizados na UC.
25
Guia do Participante – Caracterização
Figura 18: Abelha (Bombus Terrestris). Foto: Jorge Araújo e David Germano
1. Serviços Ambientais
Serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos são os benefícios que as pessoas obtêm da natureza
direta ou indiretamente, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta. A Avaliação
Ecossistêmica do Milênio da ONU, publicada em 2005, criou uma classificação para os serviços ambientais,
dividindo-os da seguinte forma:
Serviços de Provisão: são produtos obtidos dos ecossistemas. Exemplos: alimentos, água doce, fibras,
produtos químicos, madeira.
❖ Abastecimento de água:
Serviços de Regulação: benefícios obtidos a partir de processos naturais que regulam as condições
ambientais. Exemplos: absorção de CO2 pela fotossíntese das florestas; controle do clima, polinização de
plantas, controle de doenças e pragas.
26
Guia do Participante – Caracterização
❖ Clima: a vegetação preservada da área contribui para atenuar o clima da região, que devido a
urbanização não planejada, a poluição, o desmatamento, e as queimadas aumentou
consideravelmente.
❖ Redução de emissão de CO2: a manutenção da vegetação do Parna para além da regulação do
clima também auxilia na redução de emissão de CO2 na atmosfera, contribuindo assim na redução do
aquecimento global.
❖ Visitação: praticar uma atividade de recreação na natureza significa estar mais aberto para
contatos sociais e interações com o ambiente em geral o ecoturismo no Parna possui um grande
potencial para geração de renda e para conservação da biodiversidade regional (Figura 19).
Figura 19: Atrativo natural (Banho do Camarão) do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo
❖ Educação ambiental: são os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
27
Guia do Participante – Caracterização
Figura 20: Mapa com a localização dos sítios arqueológicos e cavernas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
28
Guia do Participante – Caracterização
4. Aspectos Socioeconômicos
4.1 Histórico
A Serra dos Carajás, localizada no sudeste do estado do Pará, é a maior província mineralógica do
planeta, abrigando a maior jazida de minério de ferro já explorada do mundo. Além do ferro, ela também
concentra uma grande quantidade de manganês, cobre, ouro e níquel, atingindo uma área de
aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados, a rica região mineral abrange o sudoeste do estado
do Pará, o oeste do Maranhão e o norte do Tocantins (RIBEIRO, 2009).
Carajás apresenta uma paisagem múltipla e complexa, paisagem essa resultante da variação das
combinações geossistêmicas formada ao longo do tempo geológico. Esse cenário é um importante acervo
do patrimônio biológico, ecológico e genético de um ecossistema de alta relevância ambiental (Figura 21).
Figura 21: Vista panorâmica do platô do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: Manoel Delvo
29
Guia do Participante – Caracterização
Anos mais tarde, a Companhia Vale do Rio Doce (hoje então apenas Vale) estabeleceu associação
com um consolidado grupo empresarial japonês. Esta parceria, trouxe novo fôlego para a continuidade do
projeto de exploração mineral, o chamado Projeto Grande Carajás (PGC). Além da extração mineral de
ferro, cobre, bauxita (minério de alumínio), manganês o projeto também previa o investimento em
atividades de reflorestamento, pecuária e agricultura.
O processo de antropização acelerado da região potencializou a importância das áreas protegidas
ao seu redor, pois há uma grande biodiversidade existente nesta área, visto através de centenas de
espécies animais assim como vegetais.
30
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Contextualização
Figura 22: Mapa com a localização de imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural, localizados no
Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
As atividades de gestão no Parna começam logo após a sua criação em 2017 de uma forma bem
difícil, visto que dois meses após a sua criação ocorreu um incêndio de grande intensidade e extensão que
afetou a região Leste da UC, exigindo um dispêndio de muitas pessoas e recursos, afetando mais de 10.000
hectares de área no interior da Unidade. Como a Unidade de Conservação foi criada em sobreposição a
algumas áreas privadas (Figura 22), isto demandou a necessidade de ações de gestão imediatas, como:
diálogo com os ocupantes, autorizações diretas e abertura de processos de Regularização Fundiária.
31
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Após a criação do NGI Carajás, as atividades de gestão das UC são planejadas e gerenciadas de uma
perspectiva regional. A organização das ações de conservação e planejamento do uso de recursos naturais
são feitos de forma mais articulada às possibilidades e pressões que afetam todo o território, no âmbito de
sete coordenações relacionadas aos macroprocessos e as áreas temáticas definidas no Regimento Interno
do NGI Carajás.
Já em relação operação e suporte são executadas atividades como: compras e pagamentos, controle
de demandas internas, formalização e controle de editais e contratos de serviços e compras, gestão e
controle de documentos institucionais, atendimento ao público, melhoria contínua de processos,
manutenção e controle de bens e patrimônio, controle e gestão de frota, limpeza, manutenção e reformas
prediais e gestão de bases de apoio. A comunicação busca promover ações comunicativas com foco no
engajamento social, transparência e preservação da memória institucional para formar e informar sobre a
conservação da biodiversidade e desenvolvimento socioambiental. Assim, desenvolve boletins, matérias
jornalísticas, campanhas e publicações, materiais informativos, produz e lança livros e faz relacionamento
com atores e canais de comunicação externos.
Por fim, a CG também é responsável por parte das demandas de departamento de pessoal e gestão
de pessoas referentes aos servidores do ICMBio, agentes temporários e terceirizados celetistas, pelo
desenvolvimento de competências e habilidades profissionais e qualidade de vida da equipe do NGI ICMBio
Carajás.
32
Guia do Participante – Resumo de Gestão
O território de Carajás abriga uma das mais ricas jazidas de minérios do mundo. É um grande desafio
compatibilizar a conservação da biodiversidade e a extração dos recursos minerais nas Unidades de
Conservação em que este tipo de atividade é permitida. Entendendo a importância social e econômica da
mineração, um dos objetivos da gestão do NGI Carajás é tentar compatibilizar as atividades minerárias e a
conservação da natureza.
Para viabilizar a mineração nas áreas protegidas, o NGI Carajás acompanha e participa dos processos
de licenciamento ambiental junto aos órgãos licenciadores. A Coordenação de Licenciamento (CLic) do NGI
Carajás se manifesta através de anuências e pareceres no âmbito dos processos de Autorização para
Supressão de Vegetação (ASV), Autorização para Licenciamento Ambiental (ALA), Autorização para captura,
coleta e transporte de material biológico (Abio), e Termos de Referência (TR) para estudos ambientais.
Dessa maneira, quaisquer atividades e empreendimentos que causem intervenção ambiental, e utilizem
direta ou indiretamente os recursos naturais e minerários das Unidades de Conservação, estão sujeitos à
emissão de autorizações e anuências do NGI Carajás.
Como órgão executor do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Lei 9.985/00, o ICMBio
possui como tarefa administrar as unidades de conservação, Art. 6º inciso III, assim como proteger as
espécies ameaçadas de extinção, paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica, proteger
as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica,
paleontológica e cultural, proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos, dentre vários outros objetivos
elencados no art. 4º dessa Lei.
33
Guia do Participante – Resumo de Gestão
O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos enfrenta ainda na sua zona de amortecimento a
pressão da exploração e extração ilegal de minério (cobre e ouro), onde várias comunidades de garimpeiros
e mineradores se estabelecem em localidades da região para praticarem estas atividades lesivas ao meio
ambiente. Os impactos ambientais têm produzido significativos danos no território do Parna e na sua bacia
hidrográfica, que merecem especial atenção. Ações fiscalizatórias com a finalidade de coibir estas infrações
têm sido realizadas de forma conjunta com outros órgãos ambientais e policiais.
Associado ao processo de extração ilegal de ouro e cobre estão o desmatamento das áreas
exploradas, e os incêndios de cunho criminoso como forma de retaliação às ações fiscalizatórias. Em função
das iminentes ameaças de incêndios florestais das mais diversas origens, desde os literalmente intencionais
ou criminosos aos puramente acidentais, trabalhamos desde 2017 num plano de prevenção e combate aos
incêndios florestais no interior do Parna dos Campos Ferruginosos.
Os Autos de Infração (AI) lavrados no Parna dos Campos Ferruginosos concentram-se nas infrações
contra os recursos naturais de flora (desmatamentos e extração ilegal de madeira) e exploração ilegal de
minérios, além disto há aqueles relacionados a entrar na Unidade de Conservação com instrumentos
próprios para caça, pesca ou para extração de subprodutos florestais. Existem ainda aquelas relativas à
poluição e outras infrações ambientais (ter em depósito minério de cobre, metal pesado, de origem ilegal).
34
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Os AI foram lavrados entre os anos de 2019 e 2021, sendo 07 (sete) pelo ICMBio e 01 (um) pelo IBAMA,
conforme mostrado no gráfico abaixo (Figura 23).
2 (25%)
5 (62%)
Das Infrações Relativas à
Poluição e outras Infrações
Ambientais
Figura 23: Relação dos Autos de Infrações no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Fonte: NGI Carajás/ICMBio
35
Guia do Participante – Resumo de Gestão
5007 2017
10.080 2018
2442 2019
2020
3.143 2021
553 2022
143
Figura 24: Gráfico – Áreas Afetadas por Incêndios Florestais no Interior do Parna dos
Campos Ferruginosos
A gestão Socioambiental no NGI Carajás engloba uma gama de ações, que envolve articulação com
organismos municipais que possuem parcerias estabelecidas com o NGI Carajás, onde apoia e desenvolve
as ações de educação ambiental, desenvolvimento de projetos e programas como o Comunidade Vai a
Floresta, o programa de voluntariado do NGI, a gestão dos Conselhos Gestores das Unidades de
Conservação e a criação de um Atlas Socioambiental para o NGI Carajás.
O Conselho Consultivo do Parna é composto por órgãos públicos e entidades da sociedade civil que
representam os seguintes setores:
I - SETOR REGULADOR DO TERRITÓRIO: a) Órgãos públicos ambientais dos três níveis da Federação; e
b) Órgãos do Poder Público de áreas afins, dos três níveis da Federação.
II - USUÁRIOS DO TERRITÓRIO DE INFLUÊNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: a) Setor de Cultura; b)
Setor de Desenvolvimento Rural; c) Setor de Proteção Ambiental; d) Setor de Infraestrutura e Urbanização;
e) Setor de Mineração;
III - SETOR DE TURISMO;
V- SETOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.
Desde a sua criação do Conselho do Parna tem realizado reuniões ordinárias e extraordinárias com
o fim de apoiar a gestão da UC, numa frequência de duas reuniões ordinárias por ano. Em 2023 a primeira
reunião ordinária está prevista para o final do mês de maio.
36
Guia do Participante – Resumo de Gestão
A fim de nortear as ações de educação ambiental do território de Carajás, a CGSA vem trabalhando
na elaboração do Projeto Político Pedagógico da Educação Ambiental que tem como objetivos discutir,
refletir, planejar, articular e promover a implementação de processos educativos juntos aos demais
instrumentos de gestão. O PPPEA possui 3 eixos, o eixo Situacional, o eixo Conceitual e o eixo Operacional.
As áreas particulares no interior do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos podem ser
caracterizadas em três grupos: a) fazendeiros tradicionais, b) lotes de Agricultura Familiar do Assentamento
Nova Jerusalém e c) Lotes de outros ocupantes na Serra do Rabo.
Até o mês de abril, existiam os seguintes processos pendentes de desapropriação: 05 processos dos
fazendeiros tradicionais, 05 processos de outros ocupantes e 02 processos referentes aos lotes de
Agricultura familiar do Assentamento Nova Jerusalém.
Outro tema importante afeto a esta coordenação, são as ações de Elaboração e Revisão dos Planos
de Manejo das Unidades de Conservação do NGI Carajás, atualmente está em processo de elaboração o PM
do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e discussões sobre a necessidade de revisão do Plano de
Manejo da Floresta Nacional de Carajás.
As ações de Uso Público nas Unidades de Conservação de Carajás remontam do ano de 2006, onde
foi criado o Programa de Uso Público da Floresta Nacional de Carajás, envolveu uma parceria firmada entre
IBAMA e o município de Parauapebas e possibilitou a visitação na Flona Carajás e a criação do Centro de
37
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Educação Ambiental de Parauapebas, que passou a utilizar a Unidade de Conservação como recurso
pedagógico para estudantes das escolas municipais.
A partir daí, outras ações foram implementadas ao longo do tempo e iniciativas da sociedade de
Parauapebas também foram sendo agregadas, como a criação de uma cooperativa de ecoturismo que
proporcionou a formação de condutores locais para condução de visitantes.
Embora as ações conjuntas com o município já existissem, foi a partir de 2018, com a criação do NGI
ICMBio Carajás, e a atualização do ACT com a Prefeitura Municipal de Parauapebas que elas foram
ampliadas e se intensificaram, surgindo a Coordenação Municipal de Desenvolvimento Socioambiental
(COMDESA), que objetiva dar suporte a COUP na implantação dos instrumentos de gestão da visitação
conforme preconiza a legislação vigente e elaborar o planejamento e a implementação do uso público nas
Unidades de Conservação federais, como o Protocolo de Operação da Visitação na Flona Carajás e a
elaboração o Plano de Uso Público do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos.
Atualmente o Uso Público nas UCs de Carajás consiste na visitação de ecoturismo, educação
ambiental, pesquisa, eventos desportivos, religiosos e institucionais em quatro das seis unidades existentes
no conjunto das áreas protegidas de Carajás, sendo elas, Floresta Nacional de Carajás, Floresta Nacional do
Tapirapé Aquiri, Área de Proteção do Igarapé Gelado e Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Os 28
atrativos disponibilizados para visitação estão agrupados em cinco polos, sendo eles: Polo Carajás, Polo
Mina, Polo N1, Polo Serra Sul e Polo Águas Claras, esses dois últimos, inseridos parcial e total,
respectivamente, no Parna dos Campos Ferruginosos, antes Flona Carajás.
A Flona Carajás é a mais consolidada no Uso Público, e possui diversos atrativos entre trilhas,
cachoeiras, cavernas, mirantes e lagoas abertos para visitação pública, alguns possuem estruturas
construídas, mas a maioria são atrativos naturais sem ou com poucas intervenções, que estão em processo
de estruturação com a instalação de infraestruturas de sinalização interpretativa, orientativa e informativa,
além, de estruturas físicas como corrimãos, pontes, passarelas, tablados, entre outras.
As modalidades de visitas aos atrativos possuem duas categorias, visitas autoguiadas, quando o
roteiro se define apenas ao Bioparque Vale Amazônia e Núcleo Urbano de Carajás, ou guiadas, quando o
roteiro se define nos demais atrativos. As visitas guiadas são definidas as seguintes modalidades: 1)
Ecoturismo: é necessário a contratação de um guia credenciado no ICMBio; 2) Institucionais: é necessário
a solicitação via ofício ao órgão; e 3) Educação Ambiental: é necessário a interlocução com o Centro de
Educação Ambiental de Parauapebas, ou Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou programa de
voluntariado do ICMBio.
38
Guia do Participante – Resumo de Gestão
39
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Figura 26: Cachoeira de Águas Claras no interior do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, um dos roteiros
consolidado do ecoturismo de Carajás. Foto: Manoel Delvo
Figura 27: Mapa com a localização dos atrativos turísticos do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
40
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Os atrativos turísticos hoje liberados para a visitação no interior do Parna dos Campos Ferruginosos
são aqueles que formam o complexo de águas claras, isto é, o Pórtico de entrada na Unidade, as trilhas
“Peito de Aço“Timborana”, “Vai Quem Quer”, “Gavião Real” o conjunto de cachoeira de águas claras e a
Pedra da Harpia, inclusos em rota estruturada no município de Parauapebas. Estes destinos turísticos,
representam mais de 80% das visitas efetuadas nos último cinco anos, como pode ser notado no gráfico,
abaixo (Figura 28).
Número de Visitantes
Perído: 2018 a 2022
2000
1641
1446
1500 1237
990
1000 805
644 601 570
500
0 0
0
2018 2019 2020 2021 2022 2023
Figura 28: Gráfico com número de visitantes geral e em Águas Claras no Parque Nacional
dos Campos Ferruginosos
41
Guia do Participante – Resumo de Gestão
contextos encontrados nas UCs do NGI Carajás. Além da Rebio, a Flona de Carajás passa a ser foco do
Programa Monitora, através dos Componente Campestre-Savânico e Florestal, do Subprograma Terrestre.
No Parna dos Campos Ferruginosos a perspectiva de implementação do Componente Campestre-Savânico
para avaliação da mudança da estrutura vegetal dos campos rupestres ferruginosos mediando ao impacto
do fogo e a invasão biológica por espécies exóticas como Brachiaria spp. e Pteridium spp. Em um contexto
mais integrado ainda do monitoramento, o Componente Igarapés, do Subprograma Aquático-Continental,
será implementado em diferentes igarapés das Flona de Carajás, Flona do Tapirapé-Aquiri e Rebio do
Tapirapé.
A Coordenação de Logística, Pesquisa e Monitoramento (Colmop) é responsável pela gestão do
Programa Monitora em Carajás, além de atuar na gestão técnico-científica dos resultados de projetos de
parceiros externos e de outras coordenações do NGI Carajás. A gestão é realizada através do Comitê
Técnico-Científico, um grupo de trabalho permanente criando em 2021 para auxiliar na execução de
recursos advindos dos acordos de cooperação técnicas firmados entre o ICMBio em Carajás e as empresas
que possuem projetos de mineração na Flona de Carajás e Flona do Tapirapé-Aquiri.
A Colmop também tem a responsabilidade de articular com os pesquisadores e organizar os
resultados técnicos-científicos em prol da divulgação e melhoria da gestão através da aplicação dos
resultados na estratégia interna de gestão, principalmente associada a tomada de decisão nos
procedimentos de licenciamento ambiental das UCs do NGI Carajás.
Desde a criação da UC até o mês de novembro de 2022, já tinham sido realizadas 36 pedidos de
licenças no Sistema de Informação sobre a Biodiversidade (SISBio). É possível observar que há uma variação
no padrão dos pedidos de licença para pesquisa. No primeiro ano foram realizados seis pedidos de licença
no Sisbio para a UC. No segundo ano houve um aumento no pedido de licenças, saltando para 10, mas com
a Pandemia de COVID-19 foram realizadas somente 4 pedidos para 2020. O maior número para o ano de
2021 (14), apesar da ainda pandemia corrente de COVID-19. Em 2022 foram realizados somente três
pedidos de licença SISBio para o Parna dos Campos Ferruginosos (Figura 29). Os pedidos de licenças se
concentraram, principalmente, nas áreas de espeleologia e estudos de flora dos campos rupestres
ferruginosos da UC.
42
Guia do Participante – Resumo de Gestão
Figura 29: Número de licenças SISBio para o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos,
Pará, Brasil.
No contexto da logística, a Colmop é responsável pela articulação junto a Coordenação Geral para
garantir a continuidade das ações de monitoramento e pesquisa técnico-científica nas UCs do NGI Carajás,
uma vez que as atividades demandam grande parte a logística interna do NGI Carajás e as outras
coordenações da instituição também possuem a necessidade de utilização da frota de carro e bases devido
a execução operacional relacionada ao grande número de atividades operacionais dentro do território das
UCs.
43
Guia do Participante – Plano de Manejo
PLANO DE MANEJO
Objetivo da Oficina: O objetivo da oficina é reunir uma equipe interdisciplinar, formada por técnicos
e por pessoas que conheçam bem o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e a região onde está
inserida, contribuindo com seus conhecimentos, experiências e informações relevantes a fim de colaborar
com a construção de seu plano de manejo.
Cabe ao ICMBio executar ações da política nacional de UCs, podendo propor, implantar, gerir,
proteger, fiscalizar e monitorar as unidades instituídas pela União. Também tem a função de executar
políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoiar o extrativismo e as populações
tradicionais nas unidades de conservação federais de uso sustentável. Tem ainda o relevante papel de
fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e
exercer o poder de polícia ambiental nas UCs federais. No endereço eletrônico http://www.icmbio.gov.br
pode-se obter informações completas sobre o ICMBio, suas unidades de conservação e a biodiversidade
protegida.
De acordo com a Lei Federal 9.985/2000, que cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza (SNUC), o plano de manejo é o documento técnico no qual se estabelece o zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da UC (Brasil, 2000).
Um plano de manejo serve como referência fundamental para as decisões de manejo e planejamento
em uma UC do sistema federal. Descreve a missão da UC ao identificar o seu propósito, a sua significância,
os seus recursos, os seus valores fundamentais e seus temas interpretativos. Também define o zoneamento
e as normas pertinentes tanto para a UC quanto para sua Zona de Amortecimento, avalia as necessidades
de planejamento e dados para a UC, além de identificar seus atos legais (ou regras específicas) e
administrativos previamente existentes.
44
Guia do Participante – Plano de Manejo
Para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, utilizaremos
como base a Instrução Normativa N° 7/GABIN/ICMBIO, de 21 de dezembro de 2017, que estabelece
diretrizes e procedimentos para elaboração e revisão de planos de manejo de unidades de conservação da
natureza federais, e o Roteiro Metodológico para elaboração e revisão de planos de manejo de unidades de
conservação federais, aprovado pela de Portaria ICMBio Nº 1.163, de 27 de dezembro de 2018.
Um plano de manejo na abordagem estratégica deve incluir os seguintes elementos (Figura 30):
• declaração de propósito;
• declarações de significância;
• zoneamento;
• normas gerais;
45
Guia do Participante – Plano de Manejo
46
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
O plano de manejo começa com a definição do propósito da UC. O propósito identifica o(s)
motivo(s) específico(s) para a criação de uma determinada UC. O propósito de uma UC está baseado
em uma análise cuidadosa da razão de sua existência, incluindo os estudos prévios à criação, os
objetivos previstos no decreto de criação e os da categoria de manejo, conforme a Lei 9.985/2000 -
Lei do SNUC. Além de conectada com a missão do ICMBio, a declaração de propósito estabelece o
alicerce para o entendimento do que é mais importante acerca da UC e vai além de apenas reafirmar
o decreto de criação. Ele consiste no critério mais fundamental contra o qual é avaliada a
conformidade das recomendações de planejamento, as decisões operacionais e as demais ações.
• O propósito pode ser refinado ao longo da Oficina, com o amadurecimento dos tópicos
trabalhados.
Figura 32: Ilustração da flora do Parque Nacional dos Campos Ferruginos: Foto: João Rosa
47
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Perguntas orientadoras:
Figura 33: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa
48
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, concebido para conservar excepcionais valores
naturais, em virtude da ocupação recente do centro do país e da transferência da Capital Federal,
protege a maioria dos ambientes representativos típicos do Cerrado em uma única Unidade de
Conservação, abriga as mais altas
nascentes da bacia do Rio Tocantins
na região de maior altitude do
Planalto Central e proporciona
desenvolvimento associado à
diversidade sociocultural da região,
sendo importante destino para a
recreação em contato com a natureza
e turismo ecológico (Figura 34).
Figura 34: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Fernando Tatagiba.
49
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, foi criado através do Decreto S/N de 05 de junho
de 2017, como compensação aos impactos ocasionados pela instalação do Projeto Minerário da VALE
S.A denominado S11D, no interior da Floresta Nacional de Carajás. Os objetivos de criação do parque
são:
I - proteger a diversidade biológica das Serras da Bocaina, do Tarzan e suas paisagens naturais e
valores abióticos associados;
II garantir a perenidade dos serviços ecossistêmicos;
III - garantir a proteção do patrimônio espeleológico de formação ferrífera e da vegetação de campos
rupestres ferruginosos;
IV contribuir para a estabilidade ambiental da região onde se insere; e
V - proporcionar o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza e do
turismo ecológico.
O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos apresenta uma paisagem singular advinda de
processos pretéritos ao longo de milhões de anos, isto em decorrência de diversos elementos, tais
como: o clima, o relevo, a hidrografia e seus processos que resultaram na existência de um tipo raro
de ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro, e amostras de vegetação de
canga ou campos rupestres ferruginosos com ocorrência de espécies da fauna e flora endêmicas e
ameaçadas de extinção, além de ambientes aquáticos e cavernas.
50
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Figura 36: Monitoramento realizado pela equipe de brigadistas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto:
Manoel Delvo
51
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
As Declarações de significância descrevem a natureza única da UC, bem como porque a área
é importante no contexto global, nacional, regional e sistêmico, inclusive pela provisão de serviços
ecossistêmicos, que são os benefícios que aquela área protegida presta à sociedade e que podem ser
especificados. Declarações de significância também refletem as demandas científicas e acadêmicas,
bem como as percepções culturais mais atuais, as quais podem ter mudado desde o estabelecimento
da unidade.
52
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
“FATOR UAU!”
• A declaração define claramente uma das coisas mais importantes a respeito dos
recursos/valores da unidade de conservação com base no porquê de a unidade ter
sido criada.
• A declaração não apenas lista os recursos e valores, mas inclui porque a unidade é
importante no contexto global, nacional, regional ou sistêmico.
• A declaração pode ser conectada ao propósito e à razão de existência da UC.
• A declaração reflete pesquisas científicas ou acadêmicas e interpretações, incluindo
mudanças que podem ter ocorrido desde o estabelecimento da UC.
• A declaração precisa ser embasada por dados e capaz de subsistir à revisão por
atores locais.
• A UC pode ser distinguida de outras unidades mediante a leitura da declaração de
significância.
53
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
54
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
1
As elevações existentes no Parque Nacional da Amazônia são classificadas oficialmente pelos critérios do IBGE como
morros. Entretanto, os indígenas da região tratam estas elevações como “montanhas”. Assim, por se tratar de uma
declaração de significância relacionada ao valor sagrado das terras para os indígenas optou-se por utilizar o termo
comumente utilizado por eles.
55
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Munduruku sendo, portanto, uma área de grande importância arqueológica que contribui para contar
o histórico de ocupação humana na região do rio Tapajós.
• Sendo um dos berços das bacias d os Rios Paranaíba e do Rio Maranhão, o Parque Nacional de
Brasília, mesmo situado em uma área urbano-rural de alta pressão antrópica, possui grande
importância para a dinâmicas das águas da região, oferecendo serviços ecossistêmicos
significativos por meio da conservação da biodiversidade, como manutenção do balanço hídrico e
das zonas úmidas, o abastecimento público com água de excelente qualidade, a regulação do
clima, manutenção da qualidade de ar e ainda a recreação e a contemplação da natureza.
56
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• O Parque Nacional de Brasília, desde a sua criação, foi destinado a ser uma instância educativa
para a sociedade. As ações de educação ambiental do PNB disseminam o conhecimento científico
e vivencial há gerações, contribuindo para a gestão participativa, envolvendo as comunidades do
entorno e recebendo voluntários. O contato com a vegetação, a fauna, os recursos hídricos e os
aspectos históricos, impulsionado pelo conteúdo transformador das aulas e dinâmicas, gera
mudanças na relação das pessoas com o meio ambiente.
• O Parque Nacional de Brasília promove a conexão do homem com a natureza, com suas belas
paisagens naturais, vales, cavernas, cachoeiras, a represa de Santa Maria, trilhas com diferentes
níveis de dificuldade e as famosas piscinas da “Água Mineral”2, constituindo-se em área núcleo do
Sistema Distrital de Trilhas Ecológicas, dentro da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e
Conectividade. Destaca-se como promotor do turismo e do desenvolvimento sustentável do
território.
• O Parque Nacional de Brasília constitui-se em uma área de Cerrado com grande relevância para o
desenvolvimento de pesquisas científicas básicas e aplicadas, devido à extensão de suas áreas
conservadas, à facilidade de acesso, à proximidade com instituições de ensino e pesquisa e à
estrutura de apoio interna e do entorno. Pesquisas desenvolvidas em monitoramento de sismos,
Manejo Integrado de Fogo (MIF) em savanas tropicais, controle e erradicação de espécies exóticas
invasoras da flora e da fauna e monitoramento de recursos hídricos, são referências de interesse
regional e global.
2
Água Mineral: nome popular dado às piscinas de água natural do Parque Nacional de Brasília.
57
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba com suas inúmeras cachoeiras com águas
puras e cristalinas, as vastas veredas e buritizais e os paredões formados pelas serras
compõem um cenário ideal para promover a educação e interpretação ambiental, recreação
em contato com a natureza e o turismo ecológico.
• O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, a maior unidade de conservação do bioma
Cerrado, que abrange parte de quatro estados brasileiros (Maranhão, Tocantins, Piauí e
Bahia), apresenta grande diversidade de ecossistemas ao longo do espaço, variando desde
áreas campestres, florestas, brejos e veredas, além de buritizais. Essa diversidade de
ambientes abriga também imensa variedade de vida, algumas delas endêmicas e/ou
ameaçadas de extinção, como o tatu-bola, o tatu-canastra, o lobo-guará, a onça parda, o cajuí,
o pequi, o jatobá, o capim-dourado, dentre outras, contribuindo para a preservação do
Cerrado, um dos hotspot mundiais de biodiversidade (Figura 40).
58
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos está localizado na região da Serra dos Carajás e
junto com outras áreas protegidas compõe o chamado “Mosaico Carajás”, com cerca de 1.207.000
hectares. Este conjunto de áreas protegidas, possui grande importância para a conservação da
biodiversidade, de processos ecológicos e de serviços ecossistêmicos, haja vista a intensa degradação
ambiental da região em que se insere (Bezerra e Ribeiro et all, 2017).
A Serra dos Carajás é a maior província mineralógica do planeta, onde concentra a maior
jazida de minério de ferro explorada do mundo, uma grande quantidade de manganês, cobre, ouro e
níquel. A rica região mineral abrange o sudoeste do estado do Pará, o oeste do Maranhão e o norte
do Tocantins (RIBEIRO, 2009).
Localizado nos municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas, o Parna dos Campos
Ferruginosos é a mais nova das Unidades de Conservação que compõem o Núcleo de Gestão
Integrada de Carajás, foi criada em 05 de junho de 2017, em função das condicionantes ambientais
estabelecidas na Licença de Operação do Projeto de Mineração de Ferro da Vale S.A no interior da
Floresta Nacional de Carajás, denominado Projeto S11D Eliezer Batista.
O Parque Nacional Campos Ferruginosos também abriga em seu interior outros ecossistemas
incluindo grandes áreas de florestas nativas e mananciais importantes para a proteção das águas da
região. A incorporação do platô “Serra do Tarzan” ao parque nacional altera a categoria de
conservação de uma área de aproximadamente 59.000 hectares da Flona Carajás para proteção
integral. Isso significa que será uma zona livre de atividade minerária, garantindo às futuras gerações
59
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
conhecer a biodiversidade ali estabelecida como a preservação das funções ecológicas da área
(ICMBio, 2016).
Figura 41: Paisagem localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa
A Unidade de Conservação possui duas regiões com estado de conservação distintos, o Oeste
bem preservado, antes era a Zona de Preservação e Uso Público da Floresta Nacional de Carajás e o
Leste, já bastante antropizado, composto anteriormente por áreas particulares apresenta impactos
significativos e sofre muitas pressões do seu entorno, existindo grandes áreas de pastagens com
gramíneas exóticas das espécies de Brachiarias e Panicuns Maximus além de plantações de espécies
frutíferas. Em função das constantes ocorrências de incêndios florestais há uma proliferação de
outras plantas exóticas como o Pteridium spp.
60
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
serviços e funções ambientais que expressam a importância de estudos integrados sobre essas
paisagens. A formação dessas paisagens confere atributos para a preservação e conservação, entre
eles: espécies raras da flora e fauna, complexa litologia, seus tipos de solos e expressiva quantidade
de cavidades naturais em ferro (VIDAL e MARCARENHAS, 2020).
Figura 42: Batatã-de-canga (Ipomoea marabaensis D.F.Austin & Secco). Foto: Manoel Delvo
O Parque Nacional Campos Ferruginosos abriga espécies raras, como a herbácea Blechnun
longipilosum; endêmicas, tais como as aves arapaçu-de-loro-cinza (Hylexetastes brigidai), o anambé-
de-rabo-branco (Xipholena lamellipennis) e o arapaçu-do-carajás (Xiphocolaptes carajaensis). Além
de animais ameaçados de extinção, tais como o papagaio-campeiro (Amazona ochrocephala) a arara-
azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), e as espécies herbáceas arbustivas Mimosa acutistipula
var. ferrea e Mimosa skinneri var. carajarum. (MARCELINO, 2017).
O Parque Nacional é de posse e domínio público. A área do parque que estava localizada no
interior da Flona Carajás já se encontra totalmente íntegra e sem ocupação. A maior parte das
61
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
propriedades particulares da Serra da Bocaina já foi adquirida pela mineradora VALE e se encontra
em processo de doação ao ICMBIO. As demais propriedades particulares ainda existentes na área do
Parque serão desapropriadas a partir de indenizações justas de acordo com o que dispõe a lei. O
ICMBio poderá estabelecer parceria com as propriedades vizinhas ao parque buscando a conservação
da biodiversidade a partir de apoio à produção sustentável e do incentivo ao desenvolvimento do
turismo de base comunitária no interior do Parque Nacional, podendo gerar renda para as
comunidades locais (ICMBio, 2016).
62
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Figura 43: Paisagem específica localizada no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa
63
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Um recurso ou valor fundamental deve ser algo que não possa ser questionado, ao menos
facilmente. Deve ser algo com que todos concordem. Uma questão que as equipes de planejamento
precisam responder ao identificar recursos e valores fundamentais é: “Será que a UC ainda atingiria
seu propósito e satisfaria suas declarações de significância sem este recurso ou valor?”
• O recurso ou valor em questão não é abstrato ou amplo demais, não abrange todos os
recursos presentes na UC e não é genérico (isto é, deve ser específico).
• RVF sociais e culturais (bem-estar social), devem ser relacionados aos aspectos
ambientais sempre que possível.
64
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Pergunta orientadora:
Exercício 2 (em subgrupos): O grupo grande será dividido em dois grupos, que irão
identificar os 5 RVF que consideram mais importantes para atingir o Propósito e a
Significância da UC, e os apresentarão em plenária associando-os aos Propósito e às
Significâncias
Exercício 4 (plenária): Reunir novamente o grupo todo para revisar, discutir e refinar
os recursos e valores fundamentais identificados por cada subgrupo. Pôr à prova
todos os recursos e valores fundamentais comparando-os com as melhores práticas
para recursos e valores fundamentais e manter, refinar ou eliminar os recursos
elaborados com base na comparação.
65
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Figura 44: Piscina Água Mineral no Parque Nacional de Brasília. Foto: Léia Soares
66
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• Cerrado - O Cerrado é a savana mais biodiversa e ameaçada do mundo, sofre intensa perda de
habitat e é uma das áreas mundiais prioritárias para conservação. O Parque Nacional de Brasília
protege parcela significativa do Cerrado do Planalto Central, sendo a maior área contínua no
Distrito Federal, constituindo um eixo de conectividade ambiental e uma das Zonas Núcleo da
Reserva da Biosfera do Cerrado. Seu mosaico de fitofisionomias garante diferentes ambientes
para a fauna e protege ambientes especiais, como o cerrado rupestre, a mata seca e os campos
de murundus.
• Fauna e flora silvestre – A flora e fauna silvestres encontram refúgio e abrigo no Parque Nacional
de Brasília. A diversidade da vegetação, aliada aos diferentes tipos de relevo, propiciam habitats
para espécies que vêm se tornando cada vez mais raras, como a canela-de-ema (Vellozia sp), a
arnica (Lychnophora ericoides) e a única população da gramínea Gymnopogon doellii protegida
por uma unidade de conservação de proteção integral. Diversas espécies da fauna, endêmicas,
migratórias e constantes do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, estão
protegidas por esta Unidade, que lhes oferece um habitat equilibrado e saudável. Espécimes da
fauna silvestre são avistados frequentemente, inclusive com filhotes. Dentre as espécies
destacam-se: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), onça-
parda (Puma concolor) ilustrada na Figura 45, onça-pintada (Panthera onca), arara-canindé (Ara
ararauna), papagaio galego (Alipispsitta xanthops), queixada (Tayassu pecari), anta (Tapirus
terrestris), veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus) e tatu-canastra (Priodontes maximus).
67
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Federal, contribuindo com estudos de interesses tanto locais como supranacionais. Conta com
uma grande área de Cerrado conservado em uma localização privilegiada, próximo a importantes
instituições de pesquisa, fácil acesso a infraestrutura de apoio e suporte à pesquisadores no
entorno (rodovias, aeroporto, alimentação e hospedagem). É referência para o monitoramento
de atributos ambientais no Planalto Central, tais como da fauna, flora, abalos sísmicos, ecologia
de fogo, entre outros, o que tem permitido oportunidades para descoberta de novas espécies.
Destaca-se a sede de três Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do
ICMBio (Cemave, CBC e Cecav) dentro do Parque Nacional, facilitando a prática de suas atribuições
dentro da unidade de conservação.
68
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
69
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
70
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
importantes afluentes do rio Amazonas (Figura 50). Os principais rios dessas bacias são
o Inhambu, Mariaquã, Andirá, Urupadi, Monguba, Amana e Mamuru, os igarapés Tracoá,
Mambuaí e Montanha.
Figura 50: Corredeiras São Luiz do Tapajós no Parque Nacional da Amazônia. Foto: Pamela
Renner.
72
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Todas as necessidades de dados e planos identificadas nesta seção são destinadas a proteger
os recursos e valores fundamentais, a importância e a finalidade da UC, além de abordar questões-
chave.
73
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Figura 51: Exemplo de diagrama construído de forma participativa para prática de planejamento.
74
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
75
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Com base no método do Café Mundial, os grupos farão a primeira análise dos RVF,
sendo que cada grupo constitui uma estação. Completada a primeira análise, os
grupos irão circular nas outras três estações, de maneira coordenada, em 3 etapas,
para avaliar e completar a análise feita pelos outros grupos, em cada estação.
76
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
77
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
ANÁLISE DE QUESTÕES-CHAVE
Uma questão-chave descreve uma agressão (como mudança climática, crescimento da
população, espécies invasoras e uso por visitantes) ou um gargalo de gestão para a efetiva
consolidação da UC, que são influências importantes a considerar ao descrever a condição atual dos
recursos da UC e como ela é manejada. De forma complementar a análise dos recursos e valores
fundamentais, uma questão-chave pode não estar diretamente relacionada a uma declaração de
significância e ao propósito da UC, mas ainda pode ser diretamente afetada por elas. Geralmente
uma questão-chave é um problema que pode ser abordado por um esforço de planejamento futuro,
captação de dados ou ação de manejo e que exige uma decisão dos gestores da UC.
78
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
79
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• Está relacionada aos RVF e ameaças consideradas mais críticas para a conservação da UC;
Para as necessidades de dados elencados nas análises anteriores, deve-se buscar priorizar
aquelas consideradas mais necessárias para a gestão e conservação dos recursos e valores
fundamentais da UC.
Figura 54: Paisagem do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Foto: João Rosa.
80
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
81
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
82
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• A elaboração dos subsídios deve ser feita a partir do resgate dos registros de discussões
feitas para a elaboração da declaração de significância e dos recursos e valores
fundamentais da UC.
83
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Elementos Elementos
Assunto Relevância do assunto Possíveis fontes de dados
tangíveis intangíveis
Peças histó-ricas, História da região, • Livro “Estação da União -
História da Reserva
Árvores
espectadoras das modificações do resiliência, riqueza, • Resultados de pesquisa sobre
centenárias,
ambiente, contribuem para beleza, a flora da REBIO.
biodiversidade,
paisagem, manutenção da floresta, grandiosidade, • Projetos de restauração
preservação.
além de fornecerem abrigo e patrimônio natural. florestal já executados na
alimento para várias espécies. REBIO.
• Livro “O Poema Imperfeito”,
As interações ecológicas da
Fernando Fernandez
mata atlântica e a caça
84
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
ZONEAMENTO
Figura 57: Campos rupestres ferruginosos no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
Assim, a zona é uma parte no terreno que determina o manejo, a fim de garantir que as ações
tomadas sejam compatíveis com o propósito da UC e levem à proteção de seus recursos e valores
fundamentais.
85
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Figura 58: Enquadramento das zonas por grau de intervenção ou uso diferenciados. Fonte: ICMBio.
86
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• Identificar um conjunto de zonas de manejo em potencial. Isso ajuda a garantir que uma ampla
variedade de combinações razoáveis de condições de recursos, situações e experiências associadas
sejam consideradas.
• Observar as diferenças entre as zonas de manejo em potencial, de maneira que sejam
significativas para os gestores e compreensíveis para todos os públicos.
• Evitar posicionamentos muito limitados ou díspares conceitualmente, pois isso pode levar o grupo
a decisões extremas em qualquer direção.
• Evitar incluir condições e experiências incompatíveis e opostas na mesma zona, pois isso pode
refletir situações existentes, mas não subsidia adequadamente as orientações de manejo para o
futuro.
• Admitir que, em alguns casos, é aceitável um certo nível de impacto sobre recursos e valores
socioambientais e que talvez nem todas as condições desejadas podem ser alcançadas, desde que
garantidas em outra zona.
• Na dúvida sobre a compatibilidade de determinada atividade em relação ao grau de intervenção
admitido em uma zona, é possível elaborar uma norma restringindo a atividade em zonas mais
permissivas. O contrário, de permitir atividades mais permissivas e não permitidas em zonas mais
restritivas, não é possível.
• Aproveitar a discussão dos critérios utilizados para a definição das zonas de manejo como subsídio
para a definição das normas das zonas.
Pergunta orientadora:
87
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
ZONA DE PRESERVAÇÃO
É a zona onde os ecossistemas existentes permanecem o mais preservado possível, não sendo
admitidos usos diretos de quaisquer naturezas. Deve abranger áreas sensíveis e aquelas onde os
ecossistemas se encontram sem ou com mínima alteração, nas quais se deseja manter o mais alto
grau de preservação, de forma a garantir a manutenção de espécies, os processos ecológicos e a
evolução natural dos ecossistemas.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ou mais ecossistemas com o grau máximo de
preservação, servindo de fonte de repovoamento para as outras zonas da UC.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental e recuperação ambiental
(preferencialmente de forma natural).
Critérios para definição:
• Áreas preservadas, bem conservadas ou em avançado estágio de regeneração, podendo conter
alterações antrópicas pontuais;
88
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• Áreas com maior variabilidade ambiental (maior quantidade de ambientes diferentes), com maior
riqueza (número) de espécies e, quando disponíveis os dados, com maior diversidade de espécies;
• Áreas com maior representatividade ambiental (áreas com características naturais especiais da
UC e com espécies em risco ou ameaçadas de extinção, raras, sítios de reprodução e berçários, sítios
de desenvolvimento dos pescados, sítios de alimentação, sítios de migração etc.), incluindo trechos
de rios de grande extensão;
• Áreas com ambientes de transição natural (tensão ecológica);
• Áreas com as características acima e mais centralizadas na UC, ou que, mesmo não centralizadas,
tenham acesso dificultado pelo relevo ou pela conectividade com outras zonas de baixo grau de
intervenção em outras áreas protegidas;
• Áreas periféricas e de fácil acesso devem ser evitadas, mas podem ser utilizadas se tiverem
elevada importância ecológica, considerando as outras características listadas.
Normas propostas:
3
Acampamento primitivo: pernoite que pode ser realizado com a utilização ou não de infraestrutura mínima e ações de
manejo para assegurar a proteção dos recursos naturais (ex: demarcação de áreas para instalação tendas, banheiro seco,
89
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
6.A abertura de trilhas e picadas é permitida, quando necessária às ações de busca e salvamento e
de prevenção e combate aos incêndios, entre outras similares de proteção, e para atividades de
pesquisa e monitoramento da biodiversidade.
8. O uso de animais de carga e montaria é permitido em casos de prevenção e combate aos incêndios,
resgate e salvamento, bem como no transporte de materiais para áreas remotas e de difícil acesso
em situações excepcionais e imprescindíveis para a proteção da UC, quando considerados
impraticáveis outros meios.
10. Somente será permitida a coleta de semente na zona de preservação quando for identificado
como imprescindível para a recuperação de determinada espécie e quando a coleta não for possível
em outra Zona.
ZONA DE CONSERVAÇÃO
90
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
O objetivo geral do manejo é a manutenção do ambiente o mais natural possível e, ao mesmo tempo,
dispor de condições primitivas para a realização das atividades de pesquisa e visitação de baixo grau
de intervenção4, respeitando-se as especificidades de cada categoria.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação de baixo grau de
intervenção e recuperação ambiental (preferencialmente de forma natural).
Critérios para definição:
• Áreas preservadas, bem conservadas, em médio ou avançado grau de regeneração, podendo
conter alterações antrópicas pontuais;
• Áreas em médio grau de regeneração são admitidas quando se tratar de ecossistemas ameaçados,
com poucos remanescentes conservados, pouco representados no local, na região, no bioma ou no
SNUC;
• Áreas com os mesmos critérios adotados para compor a Zona de Preservação, mas que podem
apresentar qualidade ambiental levemente abaixo dos limites adotados para esta;
• Áreas de transição entre a Zona de Preservação e as zonas menos restritivas;
• Áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de baixo grau de intervenção.
Normas propostas:
1. As atividades permitidas nesta zona são proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação
de baixo grau de intervenção e recuperação ambiental.
4
Visitação de baixo grau de intervenção: corresponde às formas primitivas de visitação e recreação que ocorrem em
áreas com alto grau de conservação, possibilitando ao visitante experimentar algum nível de desafio, solidão e risco. Os
encontros com outros grupos de visitantes são improváveis ou ocasionais. A infraestrutura, quando existente, é mínima e
tem por objetivo a proteção dos recursos naturais e a segurança dos visitantes. É incomum a presença de estradas ou
atividades motorizadas.
91
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
6. A abertura de novas trilhas e picadas é permitida, quando necessária às ações de pesquisa, busca
e salvamento, prevenção e combate aos incêndios, entre outras imprescindíveis para a proteção da
zona.
7.1. Tais equipamentos e instalações devem ser retirados e a área recuperada ao fim dos trabalhos,
se não forem do interesse da UC e quando cabível.
10. O uso de animais de carga e montaria é permitida em casos de combate aos incêndios, resgastes
e salvamento, bem como no transporte de materiais para áreas remotas e de difícil acesso, em
situações excepcionais para a proteção, pesquisa e manejo da visitação da UC.
11. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente, é facultado
quando indispensável para viabilizar as atividades de proteção, pesquisa e monitoramento
ambiental.
5
Bivaque: pernoite ao ar livre, com ou sem uso de equipamentos de campismo (barracas, tendas, saco de dormir, etc) e
sem nenhuma estrutura permanente associada. Toda a estrutura de acampamento só estará armada enquanto estiver
sendo utilizada para pernoite.
6
Infraestrutura (abrangência do termo): qualquer tipo de intervenção planejada, que demande a construção ou o
manejo, com o objetivo de estruturar o ambiente para o uso público. A infraestrutura pode variar de dimensão, desde
trilhas, equipamentos facilitadores (ex.: escadas, corrimãos, rampas e decks) até edificações (casas, prédios, mirantes,
pontes etc.) e estradas.
92
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Normas propostas:
1. As atividades permitidas nesta zona são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação
7
Visitação de médio grau de intervenção: É possível experimentar alto grau de naturalidade do ambiente, no entanto,
já se pode detectar algum nível de alteração ambiental ou evidências de atividades humanas. O acesso a essas áreas pode
ser realizado por veículos motorizados. Os encontros com outros visitantes são mais comuns.
93
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
3. Nas áreas de visitação podem ser instalados áreas para pernoite (acampamentos ou abrigos),
trilhas, sinalização, pontos de descanso, sanitários e outras infraestruturas mínimas ou moderadas.
4. Todo resíduo gerado nesta zona deve ser destinado para local adequado, conforme orientações e
sinalização na UC.
ZONA DE INFRAESTRUTURA
8
Visitação de alto grau de intervenção: a visitação é intensiva e planejada para atender maior demanda. Ainda que haja
oportunidade para a privacidade, os encontros e a interação são frequentes entre os visitantes e funcionários. É comum
a presença de grupos maiores de visitantes ou excursões comerciais. Há mais atenção na segurança dos visitantes, na
94
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Normas propostas:
3. Os efluentes gerados não podem contaminar os recursos hídricos e seu tratamento deve priorizar
tecnologias alternativas de baixo impacto.
4. Esta zona deve conter locais específicos para a guarda e o depósito dos resíduos sólidos gerados
na UC, os quais deverão ser removidos para o aterro sanitário ou vazadouro público mais próximo,
fora da UC.
5. Os resíduos orgânicos gerados nesta zona devem sofrer tratamento local, exceto queima, quando
a remoção para fora da UC não for possível.
proteção de áreas sensíveis próximas aos atrativos e menos ênfase em promover autonomia ou desafios. A infraestrutura
geralmente é mais desenvolvida, podendo resultar em alterações significativas da paisagem.
95
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
8. É permitida a realização de fogo para preparo de alimentos, exclusivamente, nos locais pré-
determinados.
96
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• Áreas com necessidade de intervenção para diminuir o risco aos objetivos da UC ou para alcançá-
los, considerando, por exemplo, escala e irreversibilidade do impacto que os recursos naturais estão
sofrendo;
• Áreas com necessidade de restauração da APP;
• Áreas com potencial para uso experimental;
• Necessária, especialmente, quando as medidas de recuperação estiverem concentradas em locais
pontuais;
• Medidas de recuperação poderão incidir sobre outras zonas, independentemente da existência da
zona de recuperação, devendo, nesses casos, serem elaboradas normas específicas para as
atividades e estratégias de recuperação.
Normas propostas:
6. As infraestruturas necessárias aos trabalhos de recuperação devem ser provisórias, exceto quando
a sua permanência for de interesse da UC.
8. Todo resíduo gerado nesta zona deve ser destinado para local adequado, conforme orientações
e/ou sinalização na UC.
97
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
da UC.
10.1. Tais equipamentos e instalações devem ser retirados e a área recuperada ao fim dos trabalhos,
se não forem do interesse da UC e quando cabível.
12. O trânsito de veículos motorizados é autorizado para todas as atividades permitidas, desde que
não interfira na recuperação da zona, devendo privilegiar as estradas já existentes.
98
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• Evitar polígonos muito pequenos e pulverizados na UC, agregando parte de área como entorno ou
estabelecendo normas relativas aos empreendimentos em outras zonas da UC.
Normas propostas:
99
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos antrópicos sobre a área até que seja
resolvida a situação que diverge com os objetivos da UC.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação ambiental e
outros usos acordados em instrumento jurídico firmado entre os ocupantes e o órgão gestor da UC,
incluindo a visitação.
Critérios para definição:
• Áreas de moradia, uso do solo e uso dos recursos naturais por populações tradicionais ou não, em
conflito com a categoria de manejo ou objetivos da UC, demandando realocação, desapropriação
ou outra forma de consolidação territorial.
Normas propostas:
ZONA DE AMORTECIMENTO
100
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Conforme previsto no Art. 5º, do Decreto de 5 de junho de 2017 que criou o Parque Nacional
dos Campos Ferruginosos “A zona de amortecimento do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos
será definida por meio de ato específico do Presidente do Instituto Chico Mendes”.
O mesmo Decreto diz que na zona de amortecimento do Parque Nacional dos Campos
Ferruginosos são permitidas a operação, a manutenção e a implantação de novas linhas de
transmissão e gasodutos, e de suas instalações associadas, servidões administrativas e acessos às
torres, conforme previsto nos termos do art. 46, parágrafo único, da Lei nº 9.985, de 2000.
• Áreas que podem formar corredores ecológicos com a UC, proporcionando conectividade e
aumentando sua efetividade ambiental.
CRITÉRIOS OU ASPECTOS REGIONAIS GERAIS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS PARA A DEFINIÇÃO
DA ZA
• Bacias que drenam para a UC, e em escala adequada ao tamanho da UC. Bacias hidrográficas
de nível 6, conforme base hidrográfica Ottocodificada pela Agência Nacional das Águas (ANA),
são referência para a delimitação da zona de amortecimento.
• Áreas urbanas consolidadas, conforme definidas no plano diretor ou legislação pertinente,
deverão ser evitadas e somente devem ser consideradas quando nelas ocorrerem atividades
humanas que comprometam os objetivos de criação da UC ou se insiram sobre áreas de
importância ambiental destacada para estes objetivos.
• Limites de outras áreas protegidas contíguas à UC.
• Áreas onde ocorram atividades humanas que comprometam ou possam comprometer os
processos ecológicos essenciais à manutenção das espécies que ocorrem na UC e aos
objetivos de criação desta unidade.
• Áreas onde ocorram atividades humanas que comprometam ou possam comprometer os
recursos naturais utilizados pelas populações tradicionais em UC cuja categoria permita o uso
pelas populações beneficiárias, tais como reservas extrativistas, reservas de desenvolvimento
sustentável, florestas nacionais, refúgios de vida silvestre e monumentos naturais.
• Áreas suscetíveis a ocorrência ou carreamento de impactos para a UC, tais como: a. faixas
territoriais limítrofes à UC; b. cursos d´água ou nascentes à montante da UC; c. áreas de
recarga de aquíferos e áreas úmidas de relevância para a dinâmica hidrológica da UC; d.
remanescentes naturais próximos e áreas naturais preservadas de importância para a
conectividade ecológica da UC; e. sítios de alimentação de espécies que ocorrem na UC.
• Áreas onde ocorrem atividades humanas associadas à: a. potencial ou efetiva disseminação
de poluentes ou contaminantes químicos, biológicos ou físicos para o interior da UC; b.
potencial ou efetiva disseminação de espécies exóticas invasoras ou com potencial de
contaminação genética para o interior da UC; c. manejo de fogo possa causar risco à UC.
102
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Objetivo geral de manejo: é proteger atributos naturais importantes que ficaram fora dos limites do
Parna do Jaú, conciliar as atividades de visitação pública com a proteção de locais importantes para
a reprodução de quelônios e garantir a proteção da bacia hidrográfica do Jaú, em sua totalidade
(Figura 59).
A proposta da Zona de Amortecimento do Parna do Jaú, é formada por três áreas que somam
aproximadamente 315.097 hectares.
A Área 2, abrange as cabeceiras do Rio Pauini, com uma área aproximada de 52.761 hectares. Está
localizada a Oeste do parque, numa região isolada entre o Parna do Jáu e a RDS Estadual Amanã, que
por um erro de cartografia permanece fora dos limites do parque.
A Área 3, está situada a Leste do parque, no Rio Negro, próximo a foz do Rio Jaú. Tem
aproximadamente 4.389 hectares, e está inserida em uma região que possuí importantes atributos
históricos e ecológicos, os petróglifos, localizados no Lago São João e Praia da Velha, incluídos em
roteiros turísticos do parque.
A proposta de ampliação do Parna do Jáu abrange a bacia do Rio Carabinani, e incide a Área Prioritária
para a Conservação da Biodiversidade AMZ-187, com importância biológica extremamente alta, e
cuja principal ação recomendada é a criação de UC de proteção integral, fato que corrobora a
proposta de ZA.
103
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
NORMAS
1. É proibido retirar, mover ou danificar qualquer objeto, peça, construção e vestígio do patrimônio
cultural, histórico e arqueológico da UC, exceto para fins de pesquisa ou resgate do material, de
acordo com a legislação vigente e desde que com autorização do órgão responsável pela
administração da UC.
2. Todo resíduo gerado nesta zona deve ser destinado para local adequado.
3. As fogueiras eventualmente utilizadas nesta zona deverão ser totalmente apagadas após o uso e
todo resíduo gerado deve ser retirado do local.
4. No período das desovas de quelônios nas praias localizadas nesta zona, a visitação é permitida
apenas no período diurno.
104
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
105
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
Os atos legais são requisitos específicos de cada UC que devem ser atendidos. São exemplos
de tais atos as instruções normativas e portarias específicas, eventualmente existentes.
Os atos administrativos são, em geral, acordos que tenham sido atingidos por meio de
processos formais e documentados como, por exemplo, os termos de compromisso, acordos de
cooperação e convênios.
Os atos legais e os atos administrativos podem respaldar, em muitos casos, uma rede de
parcerias que auxiliam no cumprimento dos objetivos da UC e facilitam as relações de trabalho com
outras organizações.
As normas gerais são regras ou diretivas feitas e mantidas pela UC para guiar o manejo e o
uso da área. Elas constituem componente essencial de gestão e planejamento de uma UC.
106
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
• são as regras ou diretivas mantidas por aquela UC para orientar o uso e o manejo da área.
Melhores
Exercício 1 (plenária): Serão Práticas para se
apresentados Identificar
e avaliados emAtos Legaisoseatos
plenária Administrativos
legais e administrativos
relacionados à UC, para nivelamento, atualização e complementação da lista existente.
Os atos legais para uma UC
• são as regras ou diretivas mantidas por aquela UC para orientar o uso e o manejo da área.
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
108
Guia do Participante – Elementos do Plano de Manejo
109
Guia do Participante – Bibliografia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDO, P. H., W. Matiazzi, and R.A. Guerra-Fuentes. 2012. Distribution extension and
distribution map of Chiasmocleis jimi Caramaschi and Cruz, 2001 (Amphibia: Anura: Microhylidae)
and Proceratophrys concavitympanum Giaretta, Bernarde and Kokubum, 2000 (Amphibia: Anura:
Cycloramphidae). Check List 8: 152–154.
CARMO, Fonsecado; KAMINO Hiromi Luciana Yoshino (Org.) Geossistemas Ferruginosos do Brasil:
áreas prioritárias para conservação da diversidade geológica e biológica, patrimônio cultural e
serviços ambientais/ Flávio. Belo Horizonte : 3i Editora, 2015.
IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Plano de Manejo para uso
múltiplos da Floresta Nacional De Carajás. Brasília, 2003.
ICMBio, 2023. Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade – SALVE. Disponível em:
https://salve.icmbio.gov.br/. Acesso em: 30 de Apr. de 2023.
MARCELINO, D. 5 curiosidades sobre o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. Disponível em: 5
curiosidades sobre o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos - Natureza e Conservação
(naturezaeconservacao.eco.br). Acesso em: 30 abr. 2023.
PEREIRA, M. M. Caracterização do clima da microrregião de Marabá e identificação das áreas
adaptadas ao cultivo de feijão caupi e castanha sobre o ponto de vista climatológico: 1-30. UFP,
Porto 1991.
SANTOS, F.M.G., et al. Espécies endêmicas registradas nas cangas do recém-criado Parque Nacional
dos Campos Ferruginosos de Carajás, PA. In: 68º Congresso Nacional de Botânica - Rio de Janeiro
110
Guia do Participante – Bibliografia
111
Guia do Participante – Anexo
ANEXO I: RELAÇÃO DAS ESPÉCIES COM RISCO DE EXTINÇÃO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS
FERRUGINOSOS
112
Guia do Participante – Anexo
Animalia Aparatrigona impunctata Aparatrigona impunctata (Ducke, A. 1916) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Cephalotrigona capitata Cephalotrigona capitata (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Cephalotrigona femorata Cephalotrigona femorata (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Frieseomelitta doederleini Frieseomelitta doederleini (Friese, 1900) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Frieseomelitta longipes Frieseomelitta longipes (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Frieseomelitta portoi Frieseomelitta portoi (Friese, 1900) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Geotrigona aequinoctialis Geotrigona aequinoctialis (Ducke, 1925) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Geotrigona mattogrossensis Geotrigona mattogrossensis (Ducke, 1925) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona flavolineata Melipona flavolineata Friese, 1900 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona melanoventer Melipona melanoventer Schwarz, 1932 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona puncticollis Melipona puncticollis Friese, 1902 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Melipona seminigra Melipona seminigra Friese, 1903 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Nannotrigona schultzei Nannotrigona schultzei (Friese, 1901) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Partamona ailyae Partamona ailyae Camargo, 1980 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Partamona combinata Partamona combinata Pedro & Camargo, Invertebrados Terrestres Menos
2003 Preocupante
Animalia Partamona gregaria Partamona gregaria Pedro & Camargo, Invertebrados Terrestres Menos
2003 Preocupante
Animalia Partamona testacea Partamona testacea (Klug, 1807) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Partamona vicina Partamona vicina Camargo, 1980 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Ptilotrigona lurida Ptilotrigona lurida (Smith, 1854) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Scaptotrigona postica Scaptotrigona postica (Latreille, 1807) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Tetragona clavipes Tetragona clavipes (Fabricius, 1804) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Tetragona goettei Tetragona goettei (Friese, 1900) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Tetragonisca angustula Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona amalthea Trigona amalthea (Olivier, 1789) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona branneri Trigona branneri Cockerell, 1912 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona chanchamayoensis Trigona chanchamayoensis Schwarz, 1948 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona dallatorreana Trigona dallatorreana Friese, 1900 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona guianae Trigona guianae Cockerell, 1910 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona hypogea Trigona hypogea Silvestri, 1902 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona pallens Trigona pallens (Fabricius, 1798) Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona recursa Trigona recursa Smith, 1863 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona truculenta Trigona truculenta Almeida, 1984 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
Animalia Trigona williana Trigona williana Friese, 1900 Invertebrados Terrestres Menos
Preocupante
113
Guia do Participante – Anexo
114
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luíz Inácio Lula da Silva
EQUIPE DE APOIO
Paulo Jardel Braz Faiad
Paulo Guilherme Saturnino Santos
Izabelle Cristina Silva Teixeira
Rodrigo Leal Moraes
Gabriela Rossalini
Victória de Paula Paiva Terasawa
Iris Amado Florentino
Pricila Farias Leal
Jadiely Camila Farinha da Silva
MAPAS E GEOPROCESSAMENTO
Andreana dos Santos