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Ciclo biogeoquímico do fósforo,

diagnóstico de disponibilidade e
adubação fosfatada

D. S. Rheinheimer
A. Somavilla
L. B. Oliveira
T. Tiecher

Porto Alegre, 2020

1
CICLO BIOGEOQUÍMICO DO FÓSFORO, DIAGNÓSTICO DE
DISPONIBILIDADE E ADUBAÇÃO FOSFATADA

Autores:
Danilo dos Santos Rheinheimer (coord.) (Professor da UFSM)
André Somavilla (Doutorando do PPGCS da UFSM)
Leandro Bittencourt de Oliveira (Professor da URI)
Tales Tiecher (Professor da UFRGS)

Porto Alegre
2020

2
DANILO DOS SANTOS RHEINHEIMER, Professor Titular do Departamento de
Solos – Universidade Federal de Santa Maria. Membro da Academia Francesa de
Agricultura.

ANDRÉ SOMAVILLA, Doutorando Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo


– Universidade Federal de Santa Maria e na École Doctorale Theodore Monod –
Université de Poitiers - França.

LEANDRO BITTENCOURT DE OLIVEIRA, Professor do Departamento de


Ciências Agrárias – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões.

TALES TICHER, Professor Adjunto do Departamento de Solos – Universidade


Federal do Rio Grande do Sul.

Texto revisado por: João KAMINSKI.

© Autores, 2020.

Endereço: Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Faculdade de Agronomia - Departamento de Solos
Avenida Bento Gonçalves, 7712 – Bairro Agronomia.
91540-000 - Porto Alegre - RS

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Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS
Biblioteca Prof. Antônio Tavares Quintas

C568
Ciclo biogeoquímico do fósforo, diagnóstico de disponibilidade e
adubação fosfatada [recurso eletrônico] / coord. Danilo dos
Santos Rheinheimer ...[et al.]. – Porto Alegre : Ed. Autores,
2020.
71 p. ; il.

ISBN 978-65-00-11526-0 (E-BOOK)

1. Fósforo. 2. Fertilizante fosfatado. 3. Fertilidade do solo. 4.


Biodisponibilidade de nutriente. I. Rheinheimer, Danilo dos Santos,
coord. II. Somavilla, André. III. Oliveira, Leandro Bittencourt de.
IV. Tiecher, Tales.

CDD 631.42
Bibliotecária: Mara Neide Emmanuelli - CRB10/1192

3
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .....................................................................................................5

1 O ELEMENTO QUÍMICO FÓSFORO ...............................................................7

2 FÓSFORO NA CROSTA TERRESTRE ...........................................................11

3 FÓSFORO NOS SOLOS......................................................................................17

3.1 Intemperismo de apatitas e evolução dos teores de fósforo no solo ..............17

3.2 Ciclo do fósforo em agroecossistemas ..............................................................21

3.2.1 Fósforo inorgânico no solo...............................................................................23

3.2.2 Fósforo orgânico no solo ..................................................................................34

4 AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO..............41

5 LIMITE QUÍMICO AMBIENTAL DE FÓSFORO .........................................55

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................59

REFERÊNCIAS .......................................................................................................61

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APRESENTAÇÃO

A constatação da deficiência de fósforo em solos cultivados é antiga, mas foi


esclarecida com a evolução dos conhecimentos da Química. Nas regiões tropicais e
subtropicais isso foi observado e destacado pelos colonizadores europeus na África e
na Ásia. Em meados do século XIX, com a implantação da indústria de fertilizantes,
para dar sustentação a “Revolução Verde”, as formulações com NPK apresentavam
teores de fósforo maiores do que os outros dois nutrientes. Essa prática se tornou uma
tradição onde quer que houvesse uma “fábrica de adubos”, pois essa premissa é real e
está muito bem discutida nesse texto no subtítulo geoquímica do fósforo no solo.
No Brasil, com o avanço das áreas cultivadas a partir dos anos 60 do século
XX, tornou-se necessário aumentar o conhecimento científico para decifrar o
comportamento dos solos e da disponibilidade de nutrientes, para garantir a produção
de plantas nativas ou exóticas, como trigo, milho, arroz, soja e feijão entre outras. Isso
avançou graças ao surgimento de cientistas e pesquisadores em Ciências Agrárias, que
com dedicação produziram informações relevantes para a necessidade de então. Essa
geração de pesquisadores, alguns ainda ativos entre os quais me incluo, pode ser
considerada a segunda, se considerarmos a primeira os anteriores profissionais e
técnicos que se destacaram na identificação de solos ocorrentes e na procura de
soluções para as suas dificuldades. Mas no período em questão, a pesquisa com fósforo
se limitava a estabelecer os teores críticos no solo para quantificar as adubações
visando a produção de máxima eficiência econômica. No entanto, observava-se que
os solos não tinham o mesmo tipo de resposta, o que identificava a necessidade de
aprofundamento desses estudos, como das interações entre as novas substâncias
fosfatadas produzidas na reação solo-fertilizante e que controlam a biodisponibilidade
desse nutriente. Assim, nos anos 80 do século passado, esses estudos avançaram, ainda
liderados por essa 2ª geração de cientistas de solos, mas também contribuíram para a
formação da 3ª geração de pesquisadores, dos quais o professor Danilo Rheinheimer
dos Santos é um dos destaques e que, também, contribuí para formação de novos
profissionais, além de gerar informações que contribuem consideravelmente para
solução das dificuldades inerentes dos tipos de solo com que se faz agricultura.
Essa narrativa é apoiada pelo texto, que começa discutindo as propriedades
químicas do fósforo, avança na sua geoquímica, apresenta suas diferentes formas no

5
solo e como identifica-las. Discute os extratores usados que melhor descrevem sua
biodisponibilidade, os efeitos das adições de fertilizantes, seus destinos na natureza e,
muito importante e inovador, os limites em que deixa de ser biodisponível para se
tornar um forte agente de poluição ambiental.

Bons estudos,

João Kaminski

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1 O ELEMENTO QUÍMICO FÓSFORO

Uma substância brilhante foi obtida pelo alquimista alemão Hennig Brandt em
1669 por meio da destilação de barris de urina em sua busca pela lendária “pedra
filosofal”. Esta substância foi chamada por Brandt como “Phosphorus”, no português
“Fósforo”. Do grego “phôs”, significa “luz”, e “phoros”, significa “portador”, ou seja,
“aquele que contém luz”, em alusão ao seu brilho natural. Um século após sua
descoberta, Antoine Lavoisier reconheceu o Fósforo como um novo elemento químico
ao qual é atribuído a sigla “P” pela International Union of Pure and Applied Chemistry
(IUPAC).
O elemento P tem sua origem no espaço interestrelar, mais precisamente em
regiões massivas de formação de estrelas (visualização das imagens e outras
informações pode ser feitas em: https://doi.org/10.1093/mnras/stz3336 - Figura 11).
Nesse local, o P já se liga a um oxigênio formando o monóxido de fósforo, portanto,
o primeiro composto fosfatado existente. Durante o nascimento do sistema solar,
milhões de estrelas massivas foram formadas simultaneamente e incorporadas à
nebulosa solar e aos corpos presentes neste sistema, dentre eles cometas e os próprios
planetas. Assim, parte do P presente atualmente na Terra teve origem na própria
formação do planeta e parte foi incorporado logo nos primeiros anos de formação
devido a choques de corpos estelares à superfície (RIVILLA et al., 2020). Na Terra, o
P é o 11º elemento químico com maior abundância e um dos mais importantes para o
desenvolvimento e manutenção da vida no planeta.
Com número atômico 15 e massa atômica 30,97, o P pertence ao grupo 15 da
tabela periódica. Possui distribuição eletrônica [Ne] 3s2 3p3 (Figura 1), raio atômico
31
de 98 Pm e eletronegatividade de 2,19. Embora P seja o isótopo mais abundante,
ainda podem ocorrer outros isótopos com meia-vida variando de nanosegundos até
dias. Os isótopos radioativos mais comuns, presentes em quantidades traço, são o 32P
33
(meia-vida de 14 dias) e P (meia-vida de 25 dias), os quais são utilizados como
marcadores radioativos.

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Figura 1 – Conformação atômica e distribuição eletrônica do átomo de fósforo.

Fonte: Elaborado pelos autores.

O fósforo possui várias formas alotrópicas, dentre elas as mais conhecidas são:
 Fósforo branco – Formado por um arranjo de quatro átomos de P em
tetraedro (P4) resultando em composto de coloração branca. Altamente
instável, entra em combustão facilmente na presença de oxigênio. Possui
elevada toxidez e por isso, utilizado principalmente na indústria bélica.
Quando aquecido se transforma no fósforo vermelho.
 Fósforo vermelho – Formado por uma cadeia longa de átomos de fósforo
interligados sem estrutura definida (Pn) e com coloração vermelha escura.
Mais estável e menos reativo que o fósforo branco.
 Fósforo negro – Formado por cadeia de átomos de P interligados em
empacotamento laminar com coloração negra. Alta estabilidade e pouco
tóxico.
Embora as diferentes formas alotrópicas1 sejam utilizadas para as mais diversas
finalidades, nenhuma delas é encontrada naturalmente no ambiente, sendo necessários
procedimentos industriais para obtenção.

1
Alotropia é termo utilizado para definir quando um determinado elemento químico pode originar
duas ou mais substâncias simples diferentes, ou seja, compostos contendo somente átomos de P.

8
A conformação eletrônica e a presença de 5 elétrons na camada de valência,
confere ao P alta reatividade. O P pode assumir 4 números de oxidação (+1, +3, +4 e
+5), mas jamais encontraremos o elemento na forma catiônica no solo e ambiente. Na
verdade, a forma mais comum e abundante de P na crosta terrestre é o fosfato, um
oxiânion. Isso ocorre devido ao potencial iônico (PI) do P. O PI de um íon é definido
pela relação carga (Z) e raio (r), e determina o seu comportamento de hidratação e
hidrólise numa solução aquosa (ESSINGTON, 2005).
Cátions com valores IP pequenos (<0,03) tendem a permanecer hidratados e
não são hidrolisados durante todo o intervalo de pH normal das soluções de solo (ex.:
Na+, K+, Ca2+ e Mg2+). Os íons com valores moderados a elevados de PI (0,03<PI<0,1)
tendem a polarizar fortemente a água de solvatação e promover hidrólise (ex.: Al3+ e
Fe3+). Já os íons com valores de PI elevados (>0,1), como o P, promovem a dissociação
completa de moléculas de água de hidratação de forma permanente, resultando na
formação de oxiânions estáveis. Por isso, o P não existe na forma de cátion em
soluções aquosas e naturalmente, quase a totalidade do P está ligado quimicamente ao
oxigênio (elemento com maior abundância no planeta).
Devido ao raio iônico de ambos elementos (P e O), o P é capaz de coordenar 4
oxigênios formando um oxiânion fosfato trivalente. O oxiânion fosfato é composto
por um átomo de P em ligação dupla com um átomo de oxigênio e em ligação simples
com outros três, em conformação tetraedral (PO43-) (F2). Devido a diferença de
eletronegatividade (∆EN = 1,25) entre o P (EM = 2,19) e o O (EN = 3,44) e
considerando a convenção internacional de que ∆EN = 1,70 é 50%, a ligação química
P–O possui 68% de caráter covalente. Deste modo, as ligações P–O são altamente
estáveis em condições naturais (difíceis de serem desfeitas). Porém, três dos quatro
oxigênios do fosfato ainda são altamente reativos.
Por suas características químicas e, sobretudo, por sua capacidade de ligação
com o O e formação do oxiânion trivalente fosfato altamente reativo, o P é considerado
um elemento químico essencial para todos os ciclos de vida do planeta. Sua ausência
impossibilita o curso normal do ciclo de vida dos organismos. Isso porque, o P é um
componente essencial do composto orgânico trifosfato de adenosina (ATP) (ver em
https://doi.org/10.4028/www.scientific.net/nh.5.33 - Figura 6), e é a única estratégia
que os seres vivos desenvolveram para armazenar temporariamente energia (pode
armazenar até –30,5 kJ mol–1 de energia na ligação O–P, Magdum, 2013)
impulsionando a maioria dos processos bioquímicos. É importante destacar que a

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absorção de nutrientes e sua translocação dentro da planta são processos que
consomem energia, logo, uma planta mal suprida com P, desencadeará problemas
nutricionais com outros nutrientes também. Também é componente de fosfolipídios
que desempenham papéis críticos nas membranas celulares. Além disso, o P está
literalmente "em nosso DNA", pois é componente essencial do ácido
desoxirribonucléico (DNA) que garante a herança genética, e do ácido ribonucleico
(RNA) que dirige a síntese proteica em plantas e animais (WEIL; BRADY, 2017).

Figura 2 – Modelo químico estrutural 2D e 3D do oxiânion trivalente fosfato.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Conforme Weil e Brady (2017), em plantas saudáveis, o conteúdo de fósforo no


tecido foliar é geralmente cerca de 0,05–0,4% da matéria seca. O fornecimento
adequado de P melhora os processos de fotossíntese, floração, frutificação e
maturação. Também é necessário em grandes quantidades para a divisão celular e o
crescimento nos tecidos meristemáticos, especialmente nas raízes. Ainda de acordo
com Weil e Brady (2017), nas leguminosas tem papel particularmente importante pois
é essencial para a fixação biológica de nitrogênio e, consequentemente, afeta o
conteúdo proteico dos grãos.
Embora no solo o P tenha baixíssima mobilidade, dentro da planta, ele é muito
móvel, sendo transferido das folhas mais velhas para as mais jovens quando em falta,
e por isso as folhas mais velhas mostram primeiro os sintomas de deficiência do
nutriente. Segundo Taiz et al. (2017) a falta de P pode induzir a produção em excesso
de antocianinas, dando às folhas uma coloração levemente purpúrea. Em geral, uma
planta com deficiência de P é atrofiada, mas esse é um sintoma difícil de detectar
quando não há plantas bem nutridas com P na circunvizinhança. Ainda conforme Taiz

10
et al. (2017), sintomas adicionais de deficiência de P incluem a produção de caules
delgados e a morte das folhas mais velhas, e retardo na maturação da planta.

2 FÓSFORO NA CROSTA TERRESTRE

Naturalmente o P está sempre ligado a quatro átomos de oxigênio, na forma de


oxiânion, com o elemento cálcio como principal cátion neutralizador – estabilizador
do mineral, salvo raríssimas exceções. Então, esses minerais são genericamente
denominados “fosfatos de cálcio” ou simplesmente, apatitas. A célula unitária da
apatita tem geometria hexagonal e conformação atômica composta por tetraedros
(PO4) e dois poliedros de Ca. Um deles com o Ca coordenando 9 átomos de O e o
outro coordenando 6 átomos de O e um ânion (F–, OH–, Cl–) (Estruturas podem ser
visualizadas em https://doi.org/10.1039/c7cp02846f – Yao; Zhang; Wang, 2017 e em
https://doi.org/10.3389/feart.2015.00020 - Wang, 2015 - Figura 1). Estes minerais
estão presentes como acessório na maioria das rochas da crosta terrestre, com
concentração variável em função do ambiente de formação de cada uma delas.
Apatita é a denominação dada a um grupo bastante extenso composto por
diferentes tipos de minerais que variam entre si em decorrência da existência de
substituições isomórficas e iônicas na rede cristalina. Estas substituições conferem aos
diferentes minerais ampla variação nas características de tamanho do mineral,
cristalinidade, porosidade e solubilidade/reatividade (TOLEDO; PEREIRA, 2001). Os
minerais do grupo das apatitas com maior ocorrência e importância são:
 Fluorapatita (Ca10(PO4)6F2) – Presença do ânion F– no sítio Ca (ver mais
detalhes em https://doi.org/10.1039/b204111a - Mkhonto; De Leeuw, 2002
– Figuras 1 e 3). Ocorre principalmente em rochas ígneas. Está entre as
variações de apatita com menor solubilidade. Não ocorre na forma pura,
frequentemente há substituições importantes do F– por OH– e menos
importantes do PO4–3 por CO3–2 (TOLEDO; PEREIRA, 2001).
 Hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2) – Presença do ânion OH– no sítio Ca
– canais de ânions. Notadamente de origem ígnea.
 Cloroapatita (Ca10(PO4)6Cl2) – Presença do ânion Cl– no sítio Ca - canais
de ânions. Menos abundante que as demais formas. Pode estar presente em

11
rochas ígneas básicas, metamórficas com presença de Cl– ou sedimentares
(TOLEDO; PEREIRA, 2001).
 Carbonato-fluorapatita (Ca10(PO4CO3)6F2) – Denominadas no passado
como francolitas. Presença do ânion F– no sítio Ca (II) - canais de ânions,
além de substituições importantes do PO4–3 por CO3–2. Está presente em
vertebrados, sendo constituintes de ossos e dentes. Assim, possui
ocorrência importante em rochas de origem biogênica.

Figura 3 – Quantidades de fósforo na Terra e os gargalos limitantes para o uso do


fósforo para produção de alimentos.

Fonte: Adaptado de Cordell; White (2011).

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Apesar da grande abundância do P no planeta (4 × 1015 Mg) apenas uma
pequena parcela é acessada pelos seres vivos (Figura 3). Há uma série de gargalos que
dificultam ou impossibilitam esse acesso pelos organismos vivos à grande parte do P
contido no planeta. Como a ampla distribuição do P em pequenas concentrações nas
rochas da crosta terrestre; identificação e possibilidade de exploração das reservas de
rochas fosfatadas existentes; viabilidade técnica e econômica da exploração das rochas
fosfatadas; aproveitamento do P explorado para produção de alimentos. Todos estes
fatores restringem o consumo anual de P pela população mundial via alimentos a um
total de 3,6 Mg de P.
Embora seja amplamente distribuído e presente na quase totalidade das rochas,
o P explorado economicamente é proveniente de reservas naturais de rochas com
maior concentração de P (denominadas rochas fosfatadas). As reservas de rochas
fosfatadas podem ter sua origem em processos ígneos ou sedimentares:
 Rochas fosfatadas ígneas - São grandes depósitos provenientes de massas
intrusivas formadas pela solidificação de rochas silicatadas fundidas a altas
temperaturas. O lento resfriamento da massa proporciona maior
crescimento da estrutura cristalina dos minerais, o que lhes confere maior
tamanho, menor porosidade e solubilidade/reatividade em comparação às
rochas fosfatadas sedimentares (PTÁČEK, 2016; TOLEDO; PEREIRA,
2001). De acordo com Kauwenbergh (2010) nestas rochas, pode haver a
presença de fluorapatita, hidroxiapatita ou cloroapatita simultaneamente.
A proporção total de P nos depósitos de origem ígnea varia entre 5–15 %
P2O5 2 (PUFAHL; GROAT, 2017).
 Rochas fosfatadas sedimentares – São grandes reservas formadas por
depósitos de sedimentos marinhos, metamórficos, biogênicos (excremento
de pássaros ou morcegos) ou pelo intemperismo de outras rochas. A
carbonato-fluorapatita é o mineral de maior ocorrência, embora outras
variedades de apatita também possam estar presentes em rochas fosfatadas
sedimentares (KAUWENBERGH, 2010). Devido a origem sedimentar,
frequentemente há a ocorrência de minerais não fosfatados como

2
A expressão P2O5 é originária da doutrina de Berzelius de 1814 e é usada como unidade de medida.
Não existe essa forma de fósforo. As indústrias de fertilizantes continuam usando essa unidade de
medida porque o número é 2,29 vezes maior do que o real conteúdo de P. No entanto, e de forma
errônea, revistas prestigiosas ainda aceitam artigos contento essa unidade equivocada e não realista
(Lambers e Barrow, 2020).

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carbonatos, quartzo e argilas (PTÁČEK, 2016; TOLEDO; PEREIRA,
2001). A proporção total de P nos depósitos de origem sedimentar varia
entre 10–35 % P2O5 (PUFAHL; GROAT, 2017).

Segundo Cordell, Drangert e White (2009), por ter sua origem em longos
processos de formações, as reservas naturais de P são consideradas finitas, com
projeções de atingir o pico de exploração e consumo em 2033 e, com razoável grau de
certitude, restará menos que 50% das reservas mineráveis em meados desse século
(Figura 4).

Figura 4 – Histórico do processamento de rochas fosfática no mundo e projeção futura


com máxima disponibilidade de rocha em 2033. Estimativa do decréscimo
das reservas de rochas fosfáticas mundiais com projeção de restar apenas
50% entre 2035 e 2065.

Fonte: Adaptado de Cordell; Drangert; White (2009) e Pañuelas et al. (2013).

Atualmente, mais de 80% das reservas de P estão localizadas no Marrocos –


Saara Ocidental (República Árabe Saarauí Democrática3). Nestas regiões, a

3
Embora no Brasil praticamente ninguém se refira ao Saara Ocidental como país, muito provavelmente
pelo fato do país não ser reconhecido por pressão da União Europeia e dos Estados Unidos da América
justamente pela riqueza mineral existente na região.

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exploração das reservas de rochas fosfáticas é feita por empresas marroquinas e
internacionais, inclusive, com proteção das forças aramadas. Outros poucos países
como China, Brasil, EUA, Argélia, Jordânia, Síria, Rússia e África do Sul detêm
outros 10% das reservas. Em 2019, esses países foram responsáveis por
aproximadamente 70% da rocha fosfatada explorada mundialmente (USGS, 2020).
Embora não figure entre os países com as maiores reservas de P, os Estados Unidos é
atualmente o segundo país que mais processa rocha fosfatada, mas assim mesmo
representa apenas 1/3 do processado pela China (Tabela 1 - Cordell; White, 2015).

Tabela 1 - Rochas fosfatadas: (a) reservas mundiais – 6,4 × 1010 toneladas e


processamento das rochas para produção de fertilizantes em 2013 – 2,1
× 1010 toneladas.

Processamento para produção


Reservas mundiais
de fertilizantes em 2013
6,4×1010 Mg 2,1×1010 Mg
Marrocos e Saara Ocidental 50000 China 97000
China 3700 Estados Unidos 32300
Argélia 2200 Marrocos e Saara Ocidental 28000
Síria 1800 Rússia 12500
África do Sul 1500 Jordânia 7000
Jordânia 1300 Brasil 6740
Rússia 1300 Egito 6000
Estados Unidos 1100 Tunísia 4000
Iraque 430 Peru 3900
Outros países 520 Israel 3600
Arábia Saudita 3000
Austrália 2600
África do Sul 2300
Outros países 5630
Fonte: Adaptado de Cordell; White (2015)

A concentração das reservas de P faz com que a maior parte dos países
importem o fertilizante para manter sua produção agrícola. Países como Brasil,
Argentina, Canadá e França não possuem exploração de suas reservas de P em nível
suficiente para manter as respectivas produções agrícolas. Em 2019, a exploração de
P das reservas brasileiras representou apenas 2,2% do total no mundo (USGS, 2020).
Alguns países, como Rússia e Estados Unidos, mesmo que possuam produção e
exportação agrícola significativa, detém também mega-empresas processadoras de
rochas fosfatadas. Por sua vez, os países detentores das maiores reservas de P,

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especialmente o Marrocos e o Saara Ocidental, são exportadores de fertilizante, mas
não possuem significativa produção e exportação de produtos agrícolas.
Diferentemente, a China é um grande exportador de fertilizante, entretanto, sua
agricultura não supre a demanda interna por alimento e necessita grande importação
de produtos agrícolas (Figura 5). Com isso, há um fluxo mundial de P evoluindo da
exploração das reservas naturais → produção de commodities agrícolas → consumo
de commodities agrícolas (NESME; METSON; BENNETT, 2018). De modo geral,
há um fluxo muito grande de exportação de P do continente africano e entrada no
continente asiático, principalmente Ásia Central (Detalhes podem ser obtidos em
https://doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2018.04.004 - Nesme; Metson; Bennett, 2018 –
Figuras 4 e 5). Esse enorme fluxo mundial de P se intensificou após a revolução
industrial e tende a formar um novo equilíbrio do ciclo biogeoquímico do P a nível
global.

Figura 5 – Agrupamento de países por suas características de importação de fósforo


nos alimentos ou exportação via fertilizantes. Tamanho da bolha é
proporcional a população de cada país.

P nos fertilizantes importados (Tg ano-1)


2.5
Exportador de P via Importador de
alimentos e 2.0 P via alimentos
P nos alimentos importados (Tg ano-1)

importador de P via Índia e fertilizantes


P nos alimentos exportados (Tg ano-1)

fertilizantes 1.5

1.0

Brasil
França0.5
Argentina Austrália Indonésia
Canadá 0.0 Japão
-0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
Tunísia China
-0.5
Estados Unidos Marrocos
-1.0
Rússia Importador de P via
Exportador de -1.5
alimentos e
P via alimentos exportador de P via
e fertilizantes -2.0
P nos fertilizantes exportado (Tg ano-1) fertilizantes

Fonte: Adaptado de Lun et al. (2018).

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Embora a exploração de rochas fosfatadas em reservas sedimentares é
predominante a nível mundial (mais de 90%), no Brasil estas reservas são pouco
abundantes e a exploração de fosfatos ígneos representa a quase totalidade do P
extraído (PUFAHL; GROAT, 2017). As reservas brasileiras de rocha fosfatada
somam, aproximadamente, 315 milhões de toneladas de P2O5 e estão localizadas em
sua grande maioria nos estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Piauí e São Paulo. No
ano de 2019, o Brasil teve uma extração aproximada de 33,4 milhões de toneladas de
rochas fosfatadas, o que representa 5,3 milhões de toneladas de concentrado (teor de
35% P2O5) (USGS, 2020). Deste total, 93% são oriundos das minas de Catalão-GO,
Araxá-MG, Tapira-MG, Cajati-SP e Angico dos Dias-BA (ANM, 2019).

3 FÓSFORO NOS SOLOS

3.1 Intemperismo de apatitas e evolução dos teores de fósforo no solo


A presença de minerais apatíticos nas rochas da crosta terrestre é recorrente,
mesmo que em alguns casos em baixa quantidade. Assim, o intemperismo destas
rochas altera os minerais primários e substâncias mais estáveis às condições
ambientais são formadas (TURNER et al., 2018). Portanto, o P encontrado
naturalmente no solo é proveniente exclusivamente do intemperismo e dissolução de
minerais apatíticos (fosfatos de cálcio) presentes nos diferentes materiais de origem
(FROSSARD; BROSSARD; HEDLEY, 1995; TIESSEN; STEWART; COLE, 1984).
Além da dissolução de minerais apatíticos, o processo de intemperismo implica
decisivamente na redução dos teores de bases, sílica e carbonatos do perfil de solo; no
aumento da atividade de íons como alumínio e ferro; na transformação de minerais
primários para argilas 2:1, 1:1 e óxidos. Durante a pedogênese, o P proveniente da
dissolução da apatita é liberado na solução do solo, seguindo diferentes caminhos: (a)
precipitado com cátions - neoformação de fosfatos de cálcio; (b) adsorvido pelos
grupos funcionais dos minerais secundários, formando complexos de superfície de
esfera interna e, portanto, mais estáveis termodinamicamente; (c) incorporado a
compostos orgânicos biologicamente, formando o P orgânico do solo; (d) transferido
para sistemas aquáticos superficiais e subsuperficiais, chegando inclusive nos
oceanos, embora em taxas e quantidades pequenas. Cada um destes cenários não é

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permanente, e à medida que o intemperismo dos solos avança, a adsorção e a
incorporação do P à esqueletos carbonados toma maior importância.
Em regiões de clima temperado, onde ocorrem solos com menor grau de
intemperismo, grande parte do P ainda está contido em minerais primários, como
fluorapatita, hidroxiapatita e clorapatita, ou adsorvidos aos carbonatos. Já os solos
que experimentam grau moderado de intemperismo, como aqueles localizados em
regiões subtropicais, possuem apenas resquícios de minerais apatíticos e grande parte
do P é armazenado em compostos orgânicos, com destaque para biomassa viva, ou
adsorvido a superfície de minerais secundários, mas com elevada dessortividade. Por
fim, em solos altamente intemperisados, que predominam em regiões tropicais, o
fosfato adsorvido com alto grau de energia – baixa dessortividade – é predominante.
Apenas uma fração de aproximadamente 30–40% do P é armazenado no solo em
formas orgânicas e, mesmo assim, fortemente adsorvidas aos grupos funcionais da
caulinita e dos óxidos (NOVAIS; SMYTH, 1999).
Walker e Syers (1976) foram pioneiros em apresentar as transformações do P
no curso da pedogênese (Figura 6). A disponibilidade natural de P no solo é
dependente, além do teor de P no material de origem, do avanço do intemperismo e
dos processos biogeoquímicos no solo. Segundo o modelo, no início do processo de
pedogênese, o P liberado dos minerais apatíticos em parte é incorporado na biomassa
e em parte é adsorvido por minerais secundários. Com o avanço temporal, os minerais
primários apatíticos são totalmente dissolvidos e, concomitantemente, o grau de
energia dos íons fosfatos é cada vez mais elevado, diminuindo drasticamente a sua
dessortividade/biodisponibilidade. A partir deste momento, o aumento das formas
inorgânicas fortemente adsorvidas e menos disponíveis torna a fração orgânica do P
importante como fonte do nutriente para plantas e microrganismos. Nestes casos, os
níveis de P na biomassa e sua ciclagem no sistema são mais relevantes para manter a
disponibilidade do que a própria liberação pelo intemperismo dos minerais primários
ou pelo P fortemente adsorvido à fração mineral do solo (TURNER; CONDRON,
2013).

No Sul do Brasil, região de clima subtropical, com solos de moderado a


avançado grau de intemperismo, ainda há pequenos indícios da presença de fosfatos
de cálcio, porém insignificantes para suprimento da demanda vegetal, sejam oriundos
de neoformação ou remanescentes de minerais apatíticos provenientes do material de

18
origem dos solos. Esta presença é evidenciada em trabalhos que realizam o
fracionamento químico do P no solo (metodologia proposta por Hedley, Stewart e
Chauhan, 1982) e demonstrada na Tabela 2. Durante este protocolo de fracionamento,
o teor de P extraído por solução ácida de HCl é considerado proveniente de compostos
P–O–Ca (CROSS; SCHLESINGER, 1995).

Figura 6 – Modelo conceitual de Walker e Syers (1976) descrevendo a evolução da


dinâmica do fósforo durante desenvolvimento ecossistêmico.

Fonte: Adaptado de Turner; Condron (2013).

19
Tabela 2 – Teor de fósforo extraído por HCl e fósforo total em diferentes solos e sistemas de manejo dos estados de Santa Catarina, Rio Grande
do Sul e Paraná.
Camada P-HCl P-Total
Publicação Solo Textura Atividade –
cm mg kg 1
(Rheinheimer e Anghinoni, 2001) Latossolo Muito argilosa SPD1 0-17,5 22,4 1020
2
SCC 0-17,5 20,1 1089
Latossolo Argilosa SPD 0-17,5 42,7 973
SCC 0-17,5 25,6 754
Argissolo Franco argiloso-arenosa SPD 0-17,5 29,7 555
SCC 0-17,5 17,9 506
(Tiecher et al., 2012) Latossolo Argilosa SPD 0-20 7,1 1498
SCC 0-20 4,1 1464
Floresta 0-20 2,7 1173
(Gatiboni et al. 2017) Cambissolo Argilosa Floresta Pinus 0-20 1,1 840
Cambissolo Argilosa Floresta Pinus 0-20 0,6 686
(Couto et al., 2017) Argissolo Franco-Arenosa SPD 0-20 5,3 264
(Schmitt et al., 2017) Cambissolo Franca siltosa Vegetação Nativa 0-10 3,2 437
(Soltangheisi et al., 2018) Latossolo Argilosa SPD 0-10 3,9 917
(Somavilla et al., 2020) Argissolo Arenosa Campo Nativo 0-2,5 1,9 193
1
SPD – Sistema Plantio Direto; 2SCC – Sistema Cultivo Convencional.
Fonte: Elaborado pelos autores

20
3.2 Ciclo do fósforo em agroecossistemas

O P, diferente de outros elementos químicos não possui uma forma gasosa em seu
ciclo biogeoquímico e, portanto, plantas e microrganismos edáficos devem ser capazes
de adquirir P única e exclusivamente do solo. Em ambientes com avançado grau de
intemperismo, as espécies vegetais nativas e de microrganismos são adaptadas às
condições de baixa disponibilidade e conseguem alterar a própria morfologia e
metabolismo ou provocar alterações indiretas em propriedades do solo para maximizar a
concentração e absorção de P da solução do solo, conforme esquematizado na Figura 7.
Para aumentar a disponibilidade de P em solução, algumas plantas, originadas nesses
solos, são capazes de alterar o ambiente rizosférico por meio da exsudação de ácidos
orgânicos (ácido cítrico, oxálico e málico) e alteração do pH, facilitando com isso a
dissolução de minerais apatíticos (ARCAND; SCHNEIDER, 2006). Na opinião de
Ramaekers et al. (2010), para melhorar a absorção e utilização do P, as plantas podem
desenvolver mecanismos como aumento e arranjo do sistema radicular, aumento da
eficiência dos transportadores de P nos tecidos ou redução do custo metabólico da planta
bem como síntese de enzimas fosfatases, ou estimular microrganismos produtores de
fosfatases. Além destas, outra estratégia bastante conhecida é a associação simbiótica
planta-organismos, como a que ocorre entre plantas e fungos micorrízicos, em que há
uma potencialização tanto da área superficial específica quanto da eficiência de absorção
de P pelas plantas (RAMAEKERS et al., 2010; RHEINHEIMER; KAMINSKI, 1994).
Diferentes espécies de plantas de cobertura do solo possuem maior ou menor
potencial de solubilização de fosfato de cálcio e mobilização do P adsorvido aos grupos
funcionais. Plantas do genero Lolium e Lupinus são úteis como plantas de cobertura para
adubação verde, pois possuem potencial de solubilizar o P mineral e imobilizar na forma
orgânica nos tecidos vegetais (ARCAND; SCHNEIDER, 2006). Por outro lado, plantas
leguminosas tem menor potencial de solubilização de P, uma vez que a fixação biológica
de N inibe o processo de exsudação de próton e consequente rebaixamento do pH
rizosférico, porém tem grande potencial de imobilização de P na forma orgânica pois são
plantas com elevada demanda nutricional.

21
Figura 7 – Mecanismos utilizados pelas plantas e micro-organismos para
obtenção de fósforo.

Fonte: Adaptado de Tiecher (2011).

Nos solos ocorrentes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, didaticamente e


com visão de biodisponibilidade, pode-se dividir a quantidade total de P do solo em dois
grandes compartimentos: orgânico e inorgânico (Figura 8). A forma orgânica consiste do
P incorporado à esqueleto carbonado, quer vivo ou morto; enquanto o inorgânico é
praticamente 100% representado pelo fosfato adsorvido em complexo de esfera interna.
Embora seja extremamente difícil metodologicamente quantificar o real grau de
labilidade dos dois compartimentos, é possível, mesmo com restrições, estabelecer

22
teoricamente três “pools” em cada compartimento: lábil, moderadamente lábil e pouco
lábil. No compartimento orgânico, os fosfatos diésteres adsorvido e o fosfato orgânico
total presente na biomassa microbiana é considerada fração lábil. Mesmo assim, a
disponibilidade dependerá da atividade microbiana. Os fosfatos monoésteres, fortemente
adsorvidos aos grupos funcionais da caulinita e óxidos, ou qualquer tipo de fosfato
orgânico protegido fisicamente em microporos têm sua biodisponibilidade diminuída,
inclusive, podendo permanecer no solo por milhares de anos sem ser reaproveitado por
outros organismos vivos. Similarmente e de forma mais facilmente compreensível, o
fosfato inorgânico é adsorvido com diferentes graus de energia, desde aquele facilmente
dessorvível até aquele com taxas de dessorção desprezíveis sob ponto de vista de
biodisponibilidade.

Figura 8 – Compartimentos de fósforo em solos agrícolas.

Fonte: Adaptado de Santos (2000).

3.2.1 Fósforo inorgânico no solo

O fosfato proveniente dos minerais apatíticos chega à solução do solo, com o


avanço da pedogênese, na forma do oxiânion trivalente fosfato (PO4–3). Devido a suas
características químicas, o fosfato rapidamente é hidratado por moléculas de H2O, as
hidrolisa, sofre protonação e seu estado de valência é alterado. Os estados de valência 0

23
(H3PO4), –1 (H2PO4–), –2 (HPO4–2) e –3 (PO4–3) são o resultado da protonação ou
desprotonação dos oxigênios do tetraedro direcionado pelo pH do meio e descrito pela
constante de equilíbrio químico (pK) das reações. Já em valores de pH em torno de 2,
metade da concentração do ácido fosfórico (H3PO4) dissociará seu primeiro próton (pK1
= 2,15), cujo ânion H2PO4– predominará até pH próximo a 7 (pK2 = 7,20), quando a
metade do fosfato monovalente (H2PO4–) dissociará o segundo próton. Desse modo, em
valores “normais” de pH dos solos ocorrentes nos do Sul do Brasil (pH 4,0–7,0) haverá
basicamente fosfato mono e bivalente. Somente em pH extremamente elevados e não
compatíveis a ambientes subtropicais é que haverá a dissociação do terceiro próton (pK3
= 12,35). A reatividade do fosfato mono e bivalente em relação a formação de complexos
de esfera interna com grupos funcionais aluminol da caulinita e Fe–OH, em especial, os
monocoordenados na superfície dos óxidos são muito semelhantes. Ambos são altamente
reativos e, portanto, os teores de fosfato remanescente na solução do solo são
extremamente baixos. Cabe ressaltar que, durante os processos físico-químicos que o
fosfato é submetido no solo, sejam eles na forma orgânica ou inorgânica, em nenhum
momento as ligações P–O são desfeitas. O oxiânion PO4–3 é extremamente estável devido
a sua geometria e ao grau de covalência das ligações P–O (68%). Porém, os oxigênios em
coordenação simples do fosfato (F1), mesmo protonados, estão à procura de um átomo
mais reativo do que o hidrogênio para ficarem mais estável termodinamicamente.
A adsorção do fosfato à matriz mineral do solo ocorre em maior intensidade na
fração de partículas de tamanho argila (<2 µm). Isso devido ao aumento significativo da
área superficial específica e da densidade de carga dos minerais do solo em função da
diminuição do tamanho de partícula. A fração argila é composta principalmente por
argilominerais filossilicatados (como caulinita, esmectita, vermiculita) e óxidos de ferro
e alumínio, oriundos dos processos pedogenéticos, que contém grupos funcionais reativos
às moléculas desbalanceadas eletronicamente. Por isso, e devido à grande variação na
composição mineralógica dos solos, os comportamentos de adsorção e dessorção de
fosfato à matriz mineral do solo varia amplamente para os diferentes tipos de solo
(RHEINHEIMER et al., 2003; RHEINHEIMER; ANGHINONI; CONTE, 2003).
Para compreender os fenômenos de adsorção de fosfato no solo é preciso
compreender o que são grupos funcionais e como estes são carregados eletronicamente.
Os filossilicatos possuem unidades básicas estruturais compostas pelo empilhamento de
lâminas de tetraedros e octaedros. Sendo que, filossilicatos 2:1 (como esmectita,
vermiculita) possuem uma lâmina de octaedros de alumínio empacotada por duas lâminas

24
de tetraedros de silício. Filossilicatos 1:1 (caulinita) são formados por uma lâmina
tetraedral e outra octaedral. Na formação dos argilominerais pode ocorrer “erros
químicos” na sua construção; substituição isomórfica do cátion central dos tetraedros e
dos octaedros por outro de tamanho similar, mas com carga diferente. Nesse caso, a carga
originária do argilomineral será invariável em decorrência da condição geoquímica da
solução do solo, “cargas permanentes”. Essa densidade de carga, o, não adsorve o íon
fosfato, mas adsorve muito fortemente o íon K. Por isso que em solos jovens, tanto a
reserva quanto a biodisponibilidade de P é condicionada à presença de apatitas, à adsorção
do fosfato nos carbonatos e à biotransformação da fração orgânica.
Por outro lado, nas arestas quebradas (limite das lâminas tetraedrais e octaedrais)
da caulinita e na superfície dos óxidos (na realidade, também limite das lâminas
octaedrais) haverá sempre a exposição de oxigênios que possuem cargas dependentes às
condições de pH da solução do solo. Entender a reatividade do oxigênio desses grupos
funcionais permite prever a capacidade de adsorção de fosfato e, principalmente, a sua
dessortividade ou biodisponibilidade. Nos argilominerais do tipo 1:1, representado quase
que exclusivamente pela caulinita, há dois tipos de grupos funcionais expondo oxigênios:
silanol (Si–OH) e aluminol (Al–OH). Similarmente, os óxidos expõem na sua superfície
grupos funcionais ferrol (Fe–OH) e aluminol.
Essa macro divisão é insuficiente para compreender a adsorção/dessorção de
fosfato. Há necessidade de se conhecer o grau de energia da ligação do oxigênio desses
grupos funcionais ao cátion do tetraedro e octaedro e, logicamente, se o oxigênio está
ligado a um, dois ou três desses “cátions estruturantes”. A energia de ligação dos
diferentes orbitais moleculares formados entre o Si–O, Al–O, Fe–O, Mn–O e Ti–O é
correlacionada com a Valência de Pauling - valência do cátion coordenador dividido pelo
número de oxigênios coordenados. Resumidamente e de forma simplificada, o orbital
molecular formado com Si é muito mais estável (4/4 = 1; menor energia livre de Gibs) e
jamais os oxigênios do fosfato ofertarão condição físico-químicas mais favoráveis;
portanto, o silanol não adsorve fosfato. Por outro lado, orbitais moleculares formados
entre O e Al ou Fe (3/6), em octaedros, é menos estável do que o de Si–O; nos óxidos de
Mn e Ti, os valores são 0,67 (4/6) e, portanto, são intermediários. Desse modo, os
oxigênios desses quatro grupos funcionais, principalmente, aluminol e ferrol, podem ser

25
deslocados/trocados pelos oxigênios do fosfato, formando complexo de superfície mais
estáveis energeticamente.
Nos grupos funcionais ocorrentes na superfície dos óxidos, o oxigênio pode estar
ligado a apenas um cátion estruturante – monocoordenado (Fe–OH, Al–OH, Mn–OH, Ti–
OH), a dois cátions – bicoordenado (Fe–O–Fe, por exemplo) e a três cátions –
tricoordenado (tipo A, C e B, respectivamente). Logicamente, a suscetibilidade de
deslocamento/troca do oxigênio nos grupos monocoordenados é superior aos demais.
Por fim, os oxigênios desses grupos funcionais ocorrentes na superfície da
caulinita e dos óxidos podem adsorver (associar) ou dessorver (dissociar) hidrogênios.
Aliás, o orbital molecular entre O–H é muito estável e, portanto, somente é “desfeito” em
condições especiais de relação OH/H+ na solução que banha os grupos funcionais. A
capacidade de associação/dissociação também pode ser didaticamente prevista usando a
Valência de Pauling: Si “dedica” uma carga na ligação com O e, portanto, a “valência
residual” do O é –1; em contraste no caso do aluminol e ferrol, a “valência residual” é -
1,5 e nos Mn–O e Ti–O, é 1,33. Então, o oxigênio do aluminol e ferrol são muito mais
reativos ao hidrogênio, mesmo em baixas concentração/atividade do próton em solução.
Assim, cria-se a possibilidade de o mesmo grupo funcional estar com diferentes números
de associações com hidrogênios e por isso é variável em função da alteração na condição
geoquímica da solução do entorno do grupo funcional. Por exemplo, nos grupos ferrol e
aluminol o Fe3+ e o Al3+ podem ter “carga residuais” O3/2–, OH1/2– ou OH21/2+ em função
da diminuição do pH do solo.
A energia da ligação do cátion estruturante (Si, Al, Fe, Mn e Ti) com o O do grupo
funcional é alterada com a associação/dissociação de hidrogênio. Tomando como base o
grupo funcional ferrol, a ligação Fe–O possui 48% de caráter covalente e, por si só, já é
uma ligação bastante estável. Entretanto sua estabilidade pode ser alterada em função do
grau de protonação do O. Quando completamente deprotonado (Fe–O1,5–) o déficit de
carga faz com que a nuvem eletrônica seja deslocada em direção ao cátion e a ligação seja
fortalecida (Figura 9). Com o aumento da protonação (Fe–OH21,5+) a nuvem eletrônica de
compartilhamento de elétrons no grupo funcional é deslocada em direção ao OH2
tornando a ligação Fe–O menos fortalecida (Figura 9). À medida que o oxigênio se liga
com hidrogênio, a energia de ligação do oxigênio com o cátion estruturante diminui, o
que facilita o seu deslocamento/troca pelo oxigênio do fosfato.

26
Figura 9 – Representação teórica do deslocamento da nuvem eletrônica devido a
protonação do grupo funcional com consequência sobre o fortalecimento da
ligação Fe–O.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Observando-se a Figura 10, pode-se visualizar e compreender melhor como o íon


fosfato interage com os grupos funcionais: formação de um complexo de superfície por
deslocamento/troca do oxigênio do grupo funcional pelo oxigênio do fosfato com
compartilhamento de elétrons – troca de ligantes (PARFITT, 1979). Genericamente é
denominado de complexo de esfera interna, adsorção específica ou quimioadsorção e tem
alta estabilidade na ligação (SPOSITO, 1989; SPARKS, 1997). Logicamente, que entre
o íon fosfato livre na solução do solo e o íon fosfato compartilhando elétrons com o cátion
estruturante na superfície do argilominerais e do óxido, haverá sempre “alguns” íons
fosfato hidratados a caminho da superfície, mas já sob influência dos minerais. Isso é
conhecido como complexo de esfera externa ou adsorção física, cuja energia de interação
segue a Lei de Coulomb. A quantidade de fosfato adsorvida dessa forma é desprezível.
Convém revisitar a Figura 2 e não esquecer que o íon fosfato, em valores normais
de pH do solo, têm dois átomos de oxigênio altamente reativos. Então, sempre que houver
a possibilidade espacial e energética o fosfato deslocará oxigênios de dois grupos
funcionais. A condição primária para isso ocorrer é a existência de dois grupos funcionais
monocoordenados vizinhos e em distâncias compatíveis com tamanho do íon fosfato.
Teoricamente pode-se formar complexos de superfície (adsorção específica)
monodentados, bidentados e até tridentados (número de oxigênios do fosfato envolvidos

27
na adsorção). Complexos monodentados ocorrem quando apenas um oxigênio do fosfato
desloca um oxigênio do cátion estruturante; o outro oxigênio do fosfato permanece
reativo e o terceiro oxigênio somente em casos muito especiais também pode
compartilhar elétrons com átomos de ferro, alumínio e manganês, mas na maioria das
condições ele permanece ligação com hidrogênio. Também, a adsorção pode ser bi, tri e
até tetranucleares (número de átomos estruturante - Fe, Al, Mn) envolvido no
compartilhamento eletrônico de um único íon fosfato (Figura 10). Salienta-se que um
mesmo átomo de oxigênio do fosfato pode se ligar a dois e até três átomos de ferro
vizinhos (TA et al., 2018). No complexo bidentado binuclear, por exemplo, os dois
oxigênios altamente reativos do fosfato deslocam dois oxigênios de dois grupos
funcionais vizinhos, formando, portanto, dois orbitais moleculares com dois cátions
estruturantes vizinhos.
O compartilhamento de múltiplos elétrons (dos três átomos de oxigênios e dos
vários átomos dos cátions estruturantes) só será possível se as distâncias forem
compatíveis. E, mesmo apenas uma ligação química é dependente a reatividade do grupo
funcional, sendo que, obviamente, átomos de cátions estruturantes que estejam ligados a
múltiplos oxigênio do mineral ou não estão “disponíveis” para formação de complexos
superficiais com fosfato funcionais (Figura 10) (para maiores detalhes consultar
https://doi.org/10.1039/c1ee02093e especialmente Figuras 1 e 6). Finalmente, além do
compartilhamento eletrônico – formação de orbital molecular, haverá possibilidade de
formação de pontes de hidrogênio entre o fosfato e o grupo funcional.
No solo, um exemplo clássico disso é o comportamento de adsorção de fosfato
por óxidos de ferro como goethita e hematita (amplamente presente nos solos do sul do
Brasil). Neste caso, a hematita possui célula unitária mais “compacta”, sem canais
internos e com menor área superficial específica o que lhe confere menor capacidade de
adsorção de fosfato em relação a goethita (detalhes podem ser obtidos em
https://doi.org/10.1111/j.1365-2389.1989.tb01280.x - Parfitt, 1989 - Figura 1). Já a
goethita possui canais internos que conferem maior área superficial específica e
possibilitam a penetração do fosfato no interior do óxido. Assim, além da maior adsorção
de fosfato a estrutura da goethita favorece também a adsorção de fosfato de várias formas
e, portanto, mais energéticas e menos dessorvíveis (TURNER; KRAMER, 1992).

28
Figura 10 – Grupos funcionais mono, di e tricoordenados na superfície da goethita (a) e
formação de complexo de superfície com fosfato nesses três tipos de óxidos
(b): azul favorável e vermelho improvável.

Fonte: Adaptado de Kim et al. (2011).

A adsorção de fosfatos da solução do solo pelos grupos funcionais de superfície é


imediata e sempre inicia de forma monodentada na caulinita, mas sempre evoluirá para
formas de ligação múltiplas em óxidos, especialmente, na goethita, lepidocrocita e
ferrihidrita, em função da existência de sítios de adsorção vizinhos compatíveis com a
distribuição espacial dos oxigênios do fosfato. Segundo Ta et al. (2018), Figura 11, a
energia de ligação é crescente para os complexos monodentado < monodentada binuclear
~ bidentado binuclear < tridentado trinuclear < monodentado trinuclear < bidentado
trinuclear < bidentado tetranuclear; a possibilidade de dessorção do fosfato aumenta na
ordem inversa. No entanto, em um mesmo modelo de complexo de superfície haverá
diferenças enormes na energia de ligação e em consequência a possibilidade de dessorção
(biodisponibilidade ou labilidade) representa o inverso da energia de ligação.
Adicionalmente, a localização espacial do complexo superficial de fosfato também afeta
sobremaneira a dessortividade; complexos localizados no interior de canais da goethita,
por exemplo, são muito menos dessorvíveis do que àqueles nas superfícies externas.
Similarmente, mesmo que o complexo ocorre nas superfícies externas do óxido ou do

29
argilomineral 1:1 ele poderá ter grandes dificuldades de dessorção se estiver no interior
de um microagregado. Neste caso é o fenômeno de difusão do íon fosfato na solução do
solo do entorno do complexo até o exterior do microagregado quem governa a
dessortividade e não a energia de ligação do oxigênio do fosfato com o ferro ou qualquer
outro cátion estruturante.

Figura 11 – Adsorção de fosfato na fase 110 de óxido de ferro (MM = monodentada, MB


= monodentada binucelada, MT = monodentada trinucleada, BB =
bidentada, BT = bidentada trinucleada, BTetra = bidentada tetranucleada,
TT = tridentada trinucleada.

Fonte: Adaptado de Ta et al. (2018).

Solos subtropicais e tropicais em ecossistemas naturais, embora em total


equilíbrio entre taxas de crescimento da biodiversidade de plantas e as taxas de
biociclagem de P, não têm biodisponibilidade de P suficientes para produção de plantas
exóticas e com altas produtividades. Uma vez destruído o bioma natural, há necessidade
de transformar o solo em um ambinte sem elementos tóxicos e elevar os teores daqueles
exigidos pelas plantas de interesse agronômico. Assim, é praticamente impossível de
obter produtividades econômicas sem a correção da carência de P. Salienta-se que a
presença de grupos funcionais reativos ao P no solo é finita. Por isso, a adsorção do
fosfato adicionado ocorrerá em primeiro lugar nos grupos funcionais mais reativos
(protonados e localizados em pontos estratégicos na superfície dos minerais) e após, em
grupos funcionais menos acessíveis física ou quimicamente. Logo, há um limite de

30
adsorção de fosfato pelos solos. Assim, quando houver adição de P pela primeira vez, a
fração adsorvida pelo solo será muito elevada e a fração disponível para as plantas será
baixa. À medida que os grupos funcionais mais reativos vão sendo saturados por adições
subsequentes de fertilizantes, a quantidade e, principalmente, a energia de ligação dos
fosfatos adsorvidos diminui tornando as reaplicações de fosfatos mais eficientes do que
as adições prévias em termos de disponibilidade de P às plantas. O potencial de adsorção
de P de cada solo é muito dependente da intensidade de ocorrência dos processos
pedogenéticos, conforme discutido anteriormente, e pouco dependente dos métodos de
preparo do solo ou de sucessões de culturas (RHEINHEIMER; ANGHINONI; CONTE,
2003). Então, a biodisponibilidade, ou labilidade, do P não depende da fonte de adição,
mas dos produtos das reações que com ele ocorrem no solo.
A labilidade do P no solo é estudada principalmente por meio de extração
sequencial do P com soluções químicas (ácidas ou básicas) com diferentes forças de
extração capazes de extrair as frações de P do solo com energia de adsorção crescente
(HEDLEY; STEWART; CHAUHAN, 1982). Neste fracionamento sequencial, as frações
com moderada a alta labilidade (P extraído por NaHCO3 e NaOH 0,1 mol L-1) podem ser
considerados potencialmente disponível para as plantas (RHEINHEIMER;
ANGHINONI; KAMINSKI, 2000) e possuem tempo médio de residência (turnover)
variando de minutos até anos (HELFENSTEIN et al., 2020). Diferentemente, a
dessortividade do P é analisada por meio da extração sequencial com um mesmo agente
extrator. A dessortividade do P varia de um solo para outro de acordo com suas
características mineralógicas. Porém, de maneira genérica, a dessorção do P decresce com
o aumento dos turnos de extrações até um patamar de estabilização, atingido a partir do
quarto ciclo (Figura 12). Este decréscimo na dessorção é atribuído ao fato do P ser
adsorvido aos argilominerais e óxidos com diferentes graus de energia e
consequentemente possuem diferentes graus de dessortividade (RHEINHEIMER et al.,
2003). Estes autores verificaram ainda que, a porcentagem de P considerada disponível
pode variar de 30 a 100 % do P total capaz de ser dessorvido do solo e varia em função
do tipo de solo e sistema de cultivo empregado (Tabela 3).
Além do tempo, o pH do solo é um fator importantíssimo para a adsorção do
fosfato. Solos com baixos valores de pH (alta concentração de prótons na solução)
possuem maior quantidade de grupos funcionais protonados (Al–OH1,5+ e Fe–OH1,5+),
favorecendo a adsorção do fosfato pelo mecanismo da troca de ligantes. Solos com
pedogênese avançada são naturalmente ácidos e com predomínio de argilominerais 1:1 e

31
óxidos e, consequentemente, apresentarão altíssima capacidade de adsorção de fosfato.
Nesses solos, mesmo que o teor total de P seja elevado, a quantidade de P disponível é
extremamente baixa pois a energia de adsorção é muito forte.

Figura 12 – Dessorção de fósforo por extrações sucessivas com RTA em Latossolo


Vermelho distróférrico típico (LVdf), Latossolo Vermelho distrófico típico
(LVd) e Argissolo Vermelho distrófico típico (PVd) submetidos a sistemas
de cultivo convencional (SCC) e direto (SPD).

0 – 2,5 cm

Fonte: Rheinheimer et al. (2003).

A presença de compostos orgânicos pode diminuir a capacidade de adsorção do P


no solo. A matéria orgânica pode agir recobrindo os grupos funcionais dos argilominerais
e óxidos causando um impedimento físico à adsorção do P (GUPPY et al., 2005; YANG;
CHEN; YANG, 2019). No entanto, é impossível a matéria orgânica dessorver fosfato já
adsorvido aos grupos funcionais. Na verdade, o mais comum na literatura é observar uma
relação positiva do teor de matéria orgânica com a capacidade de adsorção de P (Figura
13c), pois da mesma forma que maiores teores de argila e óxidos resultam em maior
retenção de P (Figura 13a), eles também resultam em maior proteção físico-química da
matéria orgânica (Figura 13b) (OLIVEIRA et al., 2020).
Assim, a reserva potencial (disponível ou lábil) de P do solo é, portanto, aquela
adsorvida com baixa energia de ligação e da parte orgânica passível de ser mineralizado
pelos microrganismos. Por isso em solos naturais com grau de pedogênese mais avançada,
o P contido na biomassa (P orgânico) e constantemente biociclado é mais importante para
a nutrição das plantas do que o P adsorvido pela matriz mineral do solo.

32
Tabela 3 – Fósforo dessorvido na primeira extração (α), dessorção máxima (β), taxa de
dessorção constante (κ), fósforo disponível por Mehlich-1 e percentual de
extração dos métodos RTA e Mehlich-1 em solos de diferentes classes texturais
e sistemas de cultivo.

Camada Preparo α(1) β κ(1) Meh I(2) RTA*100/β Meh I*100/β


cm mg dm-3 mg dm-3 dia-1 mg dm-3 ------------ % -------------
Latossolo Vermelho distroférrico típico
0,0-2,5 SPD 98 aA(3) 248 aA 0,0407 ns 94 40 38
SCC 70 bA 176 bA 0,0304 52 40 29

2,5-7,5 SPD 76 aA 223 aA 0,0324 83 38 37


SCC 73 aA 202 aA 0,0310 61 36 30

7,5-17,5 SPD 45 aB 133 aB 0,0377 42 34 32


SCC 60 aA 157 aA 0,0320 43 38 27

CV(%) 16,11 14,34 22,56


Latossolo Vermelho distrófico típico
0,0-2,5 SPD 123 aA 261 aA 0,0685 ns 145 47 56
SCC 44 bB 99 bA 0,0734 37 44 37

2,5-7,5 SPD 112 aA 241 aA 0,0613 161 47 67


SCC 47 bA 105 bA 0,0677 51 45 49

7,5-17,5 SPD 116 aA 250 aA 0,0613 69 46 28


SCC 49 bA 109 bA 0,0687 40 45 37

CV(%) 21,43 18,42 13,20


Argissolo Vermelho distrófico típico
0,0-2,5 SPD 94 aA 165 aA 0,0781 ns 146 58 88
SCC 41 bA 85 bA 0,0783 80 49 94

2,5-7,5 SPD 42 aB 84 aB 0,0823 84 52 100


SCC 38 aA 77 aA 0,0688 69 51 90

7,5-17,5 SPD 12 aC 31 aC 0,0771 28 38 90


SCC 19 aB 42 aB 0,0736 31 45 74

CV(%) 21,43 18,42 13,20


α = RTA. Meh I = Extrator Mehlich-1. Letras iguais, minúsculas entre sistemas na profundidade e
(1) (2) (3)

maiúsculas entre profundidades no sistema, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). SPD =
sistema plantio direto. SCC = sistema de cultivo convencional.
Fonte: Rheinheimer et al. (2003).

33
Figura 13 – Relação entre P adsorvido estimado pela metodologia do P remanescente com
o teor de argila (a), entre teor de argila e carbono orgânico do solo (b), e entre
P adsorvido e carbono orgânico (c) em 60 amostras de solo representativas
do estado do Rio Grande do Sul na camada de 0-20 cm de solos sob condição
natural.

Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2020).

3.2.2 Fósforo orgânico no solo


A transformação do P inorgânico para orgânico ocorre com a incorporação do P
inorgânico da solução do solo aos tecidos de plantas e microrganismos. Nos tecidos de
plantas, o P corresponde a até 0,5 % da matéria seca e em microrganismos a até 3% da
matéria seca. Sendo participante fundamental de proteínas, ácidos nucleicos e na
transferência de energia. O P em suas formas orgânicas também coordena quatro átomos
de O em geometria tetraedral. Porém, nesta forma o fosfato está ligado a pelo menos um
átomo de C.

34
Na forma orgânica, há uma constante biociclagem do P no sistema com os
microrganismos decompondo os materiais orgânicos. Tanto em áreas de cultivos
agrícolas com plantas anuais (Figura 14) quanto em áreas de pastagem (Figura 15), logo
após a incorporação de material orgânico ao solo o teor de P armazenado na biomassa
microbiana expressa uma grande elevação com subsequente decréscimo no tempo. Este
comportamento é resposta da disponibilidade de substrato para o crescimento microbiano
e ciclagem de nutrientes com subsequente morte dos microrganismos (MARTINAZZO
et al., 2007; RHEINHEIMER et al., 2008). Este mesmo mecanismo é o que garante o
suprimento de P às plantas em sistemas naturais com baixos teores totais de P, porém com
elevada biociclagem do elemento, como em pastagens nativas do bioma Pampa
(OLIVEIRA et al., 2014, 2011). A atividade microbiana nestes sistemas pode ser, muitas
vezes, superior ao das áreas manejadas mesmo com aporte de P via fertilizante (CONTE;
ANGHINONI; RHEINHEIMER, 2002).
Além da incorporação do P proveniente da própria biomassa vegetal, a biota do
solo é capaz de armazenar também uma porção significativa do P adicionado via
fertilizante ao solo (Figuras 14 e 15) atuando como um retardador da imobilização do P
no solo. Após a morte dos tecidos vivos, os compostos orgânicos contendo P retornam ao
solo em sincronismo de disponibilidade de P e demanda pelas plantas (CONTE,
ANGHINONI, RHEINHEIMER, 2002; MARTINAZZO et al., 2007; RHEINHEIMER
et al. 2008, 2019; RHEINNHEIMER, ANGHINONI, 2003).
A fração orgânica de P no solo pode variar de 30 a 65 % do teor total de P e varia
em função da atividade biológica, temperatura e umidade, disponibilidade de substrato
para o crescimento microbiano e do próprio teor e disponibilidade de P do solo
(CONDRON; TURNER; CADE-MENUN, 2005). O que demonstra sua grande
importância no ciclo biogeoquímico do P no solo. A maior parte das formas orgânicas de
P no solo ainda não foram identificadas individualmente. De maneira genérica, o P
orgânico, assim como a fração inorgânica, é classificado de acordo com sua labilidade a
partir da extração sequencial proposta por Hedley, Stewart e Chauhan (1982) e representa
a disponibilidade aos microrganismos e possibilidade de mineralização e aproveitamento
do P pelas plantas. A fração de P orgânica extraída por NaHCO3 é considerada lábil (Po
rápido – Figura 8); A fração extraída por NaOH 0,1 mol L–1 é considerada de moderada
labilidade e; A fração extraída com NaOH 0,5 mol L–1 e o P orgânico residual são
considerados não lábeis (Po lento – Figura 8) Estas duas últimas, são de baixa ou nenhuma

35
disponibilidade aos microrganismos por estarem física e/ou quimicamente protegidos e
não sofrem mineralização.

Figura 14 – Armazenamento de fósforo na biomassa microbiana em um Latossolo


Vermelho distroférrico típico sob sistema plantio direto. Aplicação de
diferentes doses de fosfato solúvel na semeadura de azevém (a) e de soja
(b).

Fonte: Martinazzo et al. (2007).

36
Figura 15 - Conteúdo de fósforo armazenado na biomassa microbiana do solo em um
Argissolo em pastagem natural submetido a roçadas periódicas sem
reaplicação de fosfato (a) e com reaplicação de fosfato no outono (b) e na
primavera (c).

Fonte: Rheinheimer et al. (2008).

37
Figura 16 - Espectro 31P-RMN de extrato NaOH-EDTA de solo subtropical.

Fonte: Gatiboni et al. (2013).

Mais recentemente, com o advento de técnicas de ressonância magnética nuclear


do P (31P-RMN), novos estudos puderam ser desenvolvidos e o P orgânico mais
profundamente estudado. Atualmente, é de conhecimento que o P orgânico do solo está
principalmente na forma de ortofosfato monoeteres (como fosfato inositol) e ortofosfato
diesteres (como ácidos nucleicos e fosfolipídios) (Figura 16) (maiores detalhes estão
disponíveis em https://doi.org/10.1038/srep21760 – Godinot et al., 2016), compõem a
matéria orgânica do solo e podem ser alterados pelos cultivos agrícolas e práticas de
fertilização (GATIBONI et al., 2005; LIU et al., 2018). Ainda, análises de relação
di/monoesteres sugerem uma relação evolutiva com as formas de P orgânico no solo.
Solos com menor pedogênese e de elevadas altitudes possuem maiores teores de fosfato
diesteres e à medida que avança o intemperismo aumentam os teores de fosfato
monoesteres, que estão mais adsorvidos a superfície dos minerais do solo.
Em solos nativos, há ocorrência de formas mais lábeis de P orgânico. Porém com
o cultivo, os teores de P orgânico tendem a reduzir drasticamente, devido sobretudo a
mineralização das formas lábeis de P. Em solos cultivados, o baixo retorno de material
vegetal e o revolvimento do solo são os principais fatores que contribuem para redução
da matéria orgânica e por consequência dos teores de P orgânico (MENEZES-
BLACKBURN et al., 2018; RUMPEL et al., 2015).

38
De modo geral, os solos possuem uma relação estequiométrica C:N:P de 186:13:1
na matéria orgânica e 60:7:1 na biomassa microbiana do solo (CLEVELAND; LIPTZIN,
2007). Assim, o aumento ou a redução da matéria orgânica do solo resulta também em
incrementos ou reduções das formas orgânicas de P. O que é determinado, além do
volume de material orgânico que retorna ao solo, pela sua composição química e taxa de
mineralização e pela própria mineralogia do solo.
Dentre os compostos contendo P, ortofosfatos monoesteres tendem a ter uma
menor labilidade do que ortofosfatos diesteres devido a sua estrutura molecular e relações
químicas com os argilominerais e óxidos (MENEZES-BLACKBURN et al., 2018). Uma
representação teórica destas relações químicas está demonstrada na Figura 17 com as
principais moléculas orgânicas fosfatadas identificadas em solos. A partir desta
representação é possível visualizar que moléculas de ortofosfato monoesteres tendem a
serem adsorvidas quimicamente nos grupos funcionais, formando complexos de esfera
interna que lhes permite maior estabilidade no solo. Por outro lado, moléculas de
ortofosfato diesteres permanecem na zona de influência das partículas, porém sem haver
adsorção específica, principalmente devido ao balanço de carga e ao tamanho da
molécula. Desta maneira, são mais suscetíveis ao ataque de enzimas proveniente de
plantas ou micro-organismos do solo.
Além disso, há forte relação entre os teores de fosfatos diesteres e o conteúdo de
P armazenado na biomassa microbiana e, portanto, com altas taxas de transformação no
solo (Figura 8). O que evidencia especial importância destes compostos para o
fornecimento de fósforo para biomassa microbiana e consequentemente para as plantas.
Além de relações químicas, a mineralogia do solo favorece o acúmulo de matéria orgânica
e por consequência de compostos orgânicos contendo P quando proporciona maior
proteção físico-química por meio da agregação (PANETTIERI et al., 2017; VIRTO et
al., 2010). Este comportamento pode reduzir, ou até mesmo impedir, o acesso de
microorganismos e enzimas aos compostos orgânicos contendo P e, com isso,
impossibilitar sua mineralização e disponibilização do P no solo. Este fenômeno é
evidenciado pela maior recalcitrância de compostos orgânicos intra-agregados ou
associados a partículas de argila (MANGALASSERY; KALAIVANAN; PHILIP, 2019;
PANETTIERI et al., 2017; SARKER et al., 2018; VIRTO; BARRÉ; CHENU, 2008;
VIRTO et al., 2010).

39
Figura 17 – Representação teórica da adsorção e do posicionamento de moléculas
orgânicas contendo P na zona de influência de argilominerais e óxidos no
solo.

Grupos Zona de contato Zona de


Zona livre
funcionais Adsorção específica aproximação
HO HO OH + H O H
O Ca H2 O
O OH
H2O NH2
HO
Si Si O OH OH
HO N
O H2O
O O P HO
Argilominerais 2:1

HO O OH H2 O
O O O P N O
Al O H2 O
Al OH O O
OH O HO P O P OH
HO O
O O OH OH
HO
P OH
O HN H
Si Si NH OH O
HO HO H2 O
HO H2O
O + H2O P O N H2O
HO O
OH Ca O O
O O
NH2 H2 O
HO OH + H 2 O3 PO
HO Mg OPO 3 H 2
O OH
O O O HO
O N
HO N
Si Si HO P OH O O
P O OPO 3 H 2 H2O
OH N
O O HO OPO 3 H 2 O P O P O N
HO H 2 O3 PO N+ O
OH
Al Al NH2 OH OH H2O
HO O O O
O O N H2 N
P H2O
N
O O OH O P OH
Si Si HO H2O
O OH
HO O N OH H2O
N HO
O OH
HO OH P NH H3C
O O CH3
O O +
HO HO O N
HO H2O
OPO 3 H 2 P
O H 2 O3 PO CH3
O O H O H R O O
HO OH NH2 H2O
O P
Al Al O NH2 O O
OH OPO 3 H 2 H2O N
HO
Argilominerais 1:1

OH OH N H2O
O O H 2 O3 PO OPO 3 H 2 N
O H2O
HO R
Si Si + O N
P N N
Ca HO O
HO O O
OH O O
HO O
OH HO O H2 O
O H2 O
P OH
O O OH
HO O O O H O HO NH2 H2 O
HN HO
Al OH O O P OH
Al HO O
OH HO
HO OH H3C P O N
O O O O
P + CH3 O O
N H2 O +
O N
Si O O P O O
Si CH3 NH2
HO HO OH
OH
HO O O + H2O
OH Ca HO H2O
N
N H2O
O O HO O
HO O O P O O
O
Al Al P OH HO P O P O N N
O H2O
HO OH O
OH H2 O
O O OH OH OH H2O
HO H3C
Si Si O OH O CH3
O
HO O P H2O O N
+
+ OH OH
HO O Ca O
OH HO P H2O
O OH R O O CH3
O O P OH
HO OH
HO O OH OH
O O O H2O
Fe Fe HO
HO OH OH O H2O
O O O HO O
O P
Óxidos

HO OH P O R H2O
Fe P O O O
Fe OPO 3 H 2 OH OH OH H2O NH2
HO O OH O
OPO 3 H 2
O O P O
HO OH N
O CH3
Fe P O H2 O O N
Fe
HO O O O
OH H2 O H2 O
O O O H 2 O3 PO OPO 3 H 2
HO P O P O P O N N
HO OH O
Fe Fe O
HO O OH OH OH
O O P H2O
O
H2O
HO H2O H2O
OH OH
H2O

Maior Menor

Fonte: Elaborado pelos autores.

40
Figura 18 – Relação entre a quantidade de fósforo orgânico diester e o conteúdo de fósforo
armazenado na biomassa microbiana do solo cultivado em sistema
convencional e direto com diferentes rotações de culturas. (VcRH –
Latossolo Vermelho Distroférrico típico; CRH - Latossolo Vermelho
distrófico húmico e SclRP - Argissolo Vermelho Distroférrico típico).

Fonte: Rheinheimer et al. (2002).

4 AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO

A identificação de onde vem o P absorvido pelas plantas não é o fator mais


importante para o diagnóstico da fertilidade e a tomada de decisão sobre a dose de
fertilizante fosfatado a ser aplicada, mas sim qual o real teor de P com potencial de ser
absorvido pelas plantas existente no solo. Para a fertilidade do solo é importante saber
qual o valor de “disponibilidade” de P no solo e qual seu comportamento ao longo do
tempo. Para isso, basta escolher um método de extração de P “disponível”, adsorvido ou
não aos coloides do solo, que se correlacione com a produtividade de grupos de plantas
com comportamento similares. Obviamente que somente métodos que usem extratores
“brandos” ou que desequilibram “parcialmente” a relação solução / adsorvido terão
potencial para correlacionar-se com a produtividade de plantas.
A quantificação dos teores de P disponível no solo é feita com o uso de soluções
extratoras, resinas de troca iônicas ou qualquer outro adsorvente capaz de adsorver o

41
fosfato que já está em solução. Como consequência da extração deste fosfato, há também
a extração de fosfato adsorvido aos coloides por meio da dessorção de formas mais
fracamente adsorvidas e assim, capazes de tamponar os teores de P presentes na solução
do solo após a retirada destes. O modelo de disponibilização de P considera o que está na
solução do solo, teor absolutamente desprezível quantitativamente (fase líquida do solo),
e o que está adsorvido nos grupos funcionais dos argilominerais e óxidos e, em solos
jovens, precipitado (fase sólida solo), mas que pode se deslocar para a solução do solo. A
cinética de como a fase sólida “abastece” a solução do solo com P é controlada pela
energia de ligação do nutriente e pela taxa de difusão do P em meio líquido. No caso do
P, à medida que for adicionado maior quantidade desse nutriente em formas solúveis,
maior a quantidade de P adsorvido com menor energia, pois os sítios com maior avidez
pelo fosfato e, portanto, que o adsorvem com maior energia são os primeiros a serem
saturados, conforme visto anteriormente. Por isso, os métodos de avaliação da fertilidade
do solo procuram estimar a porção do P que está ligado a fase sólida e passível de ser
direcionada à solução à curto prazo e em taxas suficientes para manter altas
produtividades das culturas.
Os extratores utilizados para predição do P disponível são, normalmente, soluções
químicas classificadas em quatro grupos segundo modos de ação: dissolução ácida; troca
de ânions ligantes; complexação de cátions e hidrólise de cátions. Maiores detalhes sobre
os métodos podem ser obtidos em Silva e Raij (1999). Extratores do primeiro grupo, que
agem por dissolução ácida, são ácidos fortes diluídos ou ácidos fracos que promovem a
dissolução parcial dos coloides inorgânicos, sendo extraídos, em ordem decrescente de
efetividade, o fosfato presente ainda nas apatitas (mineral – precipitado) e na sequência
aqueles adsorvidos aos grupos funcionais aluminol e ferrol, mas com baixa energia de
ligação. O método Mehlich-1, proposto por Nelson, Mehlich e Winters (1953), é o típico
representante desse grupo de extratores. No segundo grupo de extratores, que agem por
troca de ligante, há a substituição do fosfato dos complexos superficiais pelos ânions
adicionados com a solução extratora. Normalmente são utilizados acetato, bicarbonato,
citrato, lactato ou sulfato. Método de Olsen é um representante desse grupo. Em
decorrência da alta especificidade do fosfato com os grupos funcionais dos argilominerais
do tipo 1:1 e óxidos, em especial, de ferro do tipo goethita, lepidocrocita e ferrihidrita, as
quantidades extraídas são muito pequenas. Até por isso que há poucas regiões no mundo
que utilizam esse tipo de extrator. No terceiro grupo de extratores, são adicionados ânions
que adsorvem/complexam o cátion estrutural do argilomineral ou óxido, especialmente,

42
o alumínio. O ânion principal usado é o flúor, mas também podem ser usados o citrato e
o lactato. Os diferentes métodos propostos por Bray representam esse grupo de extratores.
No caso do extrator bicarbonato, método Olsen, esse ânion pode atuar como trocador de
ligante no complexo superficial e pode precipitar o cálcio de minerais portadores de P
(apatitas) ou mesmo de minerais carbonatados que adsorvem fosfato. Por último, há
métodos que usam soluções extratoras promotoras da hidrólise de cátions. Então,
obrigatoriamente são soluções com altíssimos valores de pH e, portanto, também ocorrerá
a ação da troca de ligante do ânion hidroxila. Soluções de NaOH 0,1 mol L–1 são
comumente utilizadas para extrair fosfato em procedimentos de extrações sucessivas. Os
valores obtidos são muito mais elevados do que nos demais métodos, significando a
dessorção de fosfato adsorvido com energias mais elevadas e por isso são classificados
como de disponibilidade moderada e a médio prazo. A divisão nesses grupos de extratores
é meramente didática. O princípio é o mesmo: forçar o “desfazer” do complexo de
superfície (dessorção) fornecendo um outro ligante ao cátion estruturante. Há
logicamente ação de alguns extratores na dissolução dos minerais apatíticos e não
dessorção, tais como a adição de ácidos ou de complexantes de cálcio.
A Resina Trocadora de Ânions (RTA), método mencionado por Amer et al.
(1955), é a representante típica de agente adsorvedor do fosfato que já está na solução do
solo. Esses adsorventes praticamente zeram a quantidade de fosfato da solução do solo e,
para manter o equilíbrio químico seguindo princípio de Le Chatelier, haverá a dessorção
de fosfato dos complexos superficiais. As resinas são materiais sintéticos de alta massa
molecular constituídas de uma matriz polimérica com grupos funcionais com capacidade
de adsorção de ânions. Esses grupos funcionais são saturados com bicarbonato ou cloreto.
A mistura solo – água – RTA possibilita a troca do ligante da resina com o fosfato da
solução do solo. Adicionalmente, mas em menor significância, o ânion agora liberado na
solução do solo pode atuar como troca de ligante com o fosfato adsorvido nos complexos
de superfície. O uso da RTA ou de outros adsorventes em solução, como material
impregnado com óxidos de ferro, são excelentes extratores de fosfatos. No entanto, eles
são mais caros e mais sofisticados para implementação em laboratórios que processam
grande número de análises, como os de Ciência do Solo.
Um método de extração de P por si só não tem uso prático instantâneo e tampouco
indica a quantidade total de P disponível às plantas. Como muito bem demonstrado por
Mumbach et al. (2020), nas doses normalmente usadas para altas produtividades, somente
entre 10 e 20% do P adicionado como fertilizante é recuperado pelos métodos tradicionais

43
(Figura 19). O restante embora não tenha sido extraído, não quer dizer que não seja
disponível para as plantas.

Figura 19 – Percentagem de recuperação do fósforo adicionado como fertilizante solúvel


em função da dose e do teor de argila. (a) Mehlich-1; (b) Mehlich-3; (c)
Resina trocadora de ânions em lâminas; (d) Resina trocadora de ânions em
esferas.

Fonte: Mumbach et al. (2020).

Os valores de P extraídos devem ser obrigatoriamente correlacionados com a


absorção pelas plantas e consequentemente com sua produtividade em diferentes tipos de
solos e condições agroecológicas. Somente as conclusões obtidas a partir da relação
quantidade de “P disponível” extraído versus “produtividade de plantas” tem interesse
agronômico e importância ambiental (Figura 20).

44
Dentre os extratores de P existentes, os laboratórios de análise de solo do Brasil
utilizam com maior frequência o extrator Mehlich-1, o extrator Mehlich-3 proposto por
Mehlich (1984) e a RTA. O primeiro é o método oficial utilizado pela Rede Oficial de
Laboratórios de Análise de Solo dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O extrator Mehlich-1 é uma solução fraca formada pela mistura de ácidos fortes
em baixas concentrações (H2SO4 0,0125 mol L–1 e HCl 0,05 mol L–1). A extração do
fosfato ocorre pela dessorção do fosfato adsorvido em decorrência da ação do próton no
grupo funcional (dissolução ácida) e pela dissolução dos minerais primários de fosfatados
oriundos do material de origem e ainda persistentes no solo, que foram adicionados com
fertilizantes não solúveis em água (fosfatos naturais) ou que foram neoformados no solo
em decorrência da adição de quantidades muito acima das recomendadas
concomitantemente com elevação demasiada do pH do solo (neoformação de fosfatos de
cálcio). Dentre as principais vantagens da utilização do método Mehlich-1 estão sua
facilidade de execução, baixo custo e a possibilidade de quantificação de K e de outros
nutrientes catiônicos “disponíveis”. No entanto, deve ser observado que o extrator
Mehlich-1 possui dois problemas principais na estimativa dos teores de P no solo. O
primeiro se refere à exaustão da capacidade de extração com o aumento dos teores de
argila e do grau de pedogênese do solo. Isto foi contornado pela CQFS-RS/SC (2016)
agrupando os solos em quatro classes texturais distintas e criando uma quinta classe
exclusivamente para solos com cultivo de arroz sob alagamento. Assim, para os mesmos
teores de P obtidos em solos argilosos e arenosos haverá diferentes classes de
disponibilidade de P e, consequentemente, diferente recomendação de adubação. O
segundo problema é a superestimativa da disponibilidade em solos previamente adubados
com fosfatos naturais. Devido a este problema, de acordo com a recomendação atual da
CQFS-RS/SC (2016), não deve ser utilizado extrator Mehlich-1 para quantificação de P
disponível em um prazo de até 2 anos após a utilização de fosfatos naturais. Porém este
prazo deve ser aumentado, uma vez que, há indicativo da permanência de minerais
apatita, proveniente do fertilizante, por um período maior que 6 anos, mesmo em solo
ácido e com baixo teor de P e Ca (SOMAVILLA et al., 2020).
Na 11ª edição (2016) do Manual de Calagem e Adubação para os Estados do
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, optou-se pela inclusão do método Mehlich-3.
Ele é muito mais complexo do que o Mehlich-1 em termos de substâncias extratoras e
pode ser empregado quando da utilização de fertilizantes com fosfatos naturais. Além
disso, este método pode ser utilizado para extração, além de P e K, vários outros

45
nutrientes. O Mehlich-3 extrai quantidades 50% maiores de P que o Mehlich-1 na média
de vários solos (BORTOLON; GIANELLO, 2008). Por isso, para correta interpretação
das tabelas de recomendação, os teores de P disponível devem ser transformados em
equivalente a Mehlich-1 pela equação: PMehlich-1 = PMehlich-3/((2–(0,02 × Teor de
Argila%))) (CQFS-RS/SC, 2016).
A partir da escolha do método para quantificar o teor de P “disponível” há a
necessidade de realizar a correlação destes teores com a produtividade das plantas. Esta
correlação é feita utilizando culturas e solos representativos da região de interesse. Trata-
se de experimentos a campo onde é construído um gradiente de disponibilidade de P por
meio da aplicação de diferentes doses de fertilizantes fosfatados. O princípio para estudos
dessa natureza é a existência de resposta das plantas a aplicação de fertilizante e
concomitantemente deve haver aumento nos valores de P extraído pelo referido método
laboratorial. A partir disso, é possível relacionar o teor de P extraído por determinado
método com a produtividade das culturas (Figura 20). Para maior abrangência e
representatividade, as curvas de calibração são normalmente expressas como teor de P
extraído do solo (eixo “x”) versus rendimento relativo das culturas (eixo “y”).
A partir desta correlação é estabelecido o nível crítico de P no solo, que representa
o teor de P extraído pelo método laboratorial no qual é possível obter 90% do rendimento
máximo (Figura 20). Quando o teor de P disponível for menor do que o nível crítico,
existe grande probabilidade de resposta das culturas à adição de fosfato. Em valores de P
disponível no solo igual ou superior ao nível crítico, a probabilidade de resposta é baixa
ou nula, e normalmente a fertilização para fins de incremento de produtividade não é
economicamente viável.
A versão atual do Manual usado no RS e SC tem duas faixas acima do nível crítico.
A faixa “Alto” vai do nível crítico até o dobro do seu valor. É a faixa “ideal” pois equilibra
o melhor desenvolvimento vegetal e a segurança ambiental. Ela é extremamente larga,
facilitando o manejo da dose a ser aplicada. Acima desse valor, tem a faixa “Muito Alto”.
Não se deve adicionar fertilizantes fosfatados quando o solo for enquadrado nessa faixa,
pois não existe retorno econômico e possibilita contaminação ambiental. Abaixo do nível
crítico, os pesquisadores do Núcleo Regional Sul da SBCS optaram por criar três faixas
de acordo com a probabilidade de resposta das plantas à fertilização com P: “Médio” que
corresponde a rendimentos relativos entre 75 e 90% da produtividade máxima; “Baixo”
com rendimentos relativos entre 50 e 75% e “Muito Baixo” quando rendimento relativo
for menor do que 50% (Figura 20).

46
Figura 20 – Representação de uma curva de calibração de resposta de plantas em termos
de rendimento relativo em função dos teores de P disponível no solo,
adubação fosfatada requerida para as diferentes classes de disponibilidade do
nutriente no solo.

Fonte: Adaptado de CQFS-RS/SC (2004).

A versão de 2004 do Manual de Calagem e Adubação, a CQFS-RS/SC estabelecia


quatro níveis críticos de classe textural para interpretação dos valores de fosfato extraídos
pelo método de Mehlich-1. As classes de teor de argila usadas eram: Classe 1 de >60%,
2 de 60–41%, 3 de 40–21% e 4 de 21–1% de argila. Além destes, para o cultivo de arroz
irrigado por alagamento não havia necessidade de usar teor de argila para interpretação
da disponibilidade de P. Os níveis críticos de cada classe textural eram únicos para todas
as culturas, sem levar em consideração possíveis diferenças entre as plantas. A
compensação nas diferenças entre grupos de plantas era feita no estabelecimento da dose
de P a ser adicionado. Nessa sistemática, a interpretação da classe de disponibilidade
poderia ser a mesma para dado solo, mas a recomendação das doses de P eram diferentes
de acordo com a cultura.
Na versão atual do Manual (2016), a CQFS-RS/SC passou a utilizar 13 níveis
críticos de P, combinando essas mesmas quatro classes do teor de argila com três grupos
de culturas diferentes, de acordo com a sua exigência e uma classe específica para arroz
cultivado sob alagamento.
Os valores numéricos obtidos no laboratório para teor de P extraído e porcentagem
de argila são agora combinados com os grupos de culturas simplesmente para obtenção

47
da Classe de Disponibilidade, ou a probabilidade de resposta à aplicação do fertilizante.
Desse modo, é preciso organizar o manejo da adubação fosfatada considerando quatro
aspectos: a dose, o local ou forma de aplicação, a época de aplicação, e a fonte de P
utilizada.
O princípio básico do sistema de recomendação de fertilizantes é elevar o teor de
P extraído a valores acima do nível crítico, mas jamais ultrapassar o dobro desse valor.
Isto é, o solo deve estar com o teor de P extraído pelo método Mehlich-1 constantemente
na classe de disponibilidade “Alta”. Estando na classe “Alta”, é necessário adicionar a
cada cultivo a dose de manutenção do sistema para que se obtenha a máxima
produtividade econômica e se mantenha o nível adequado
Não há nenhuma dúvida de que todo volume de solo explorado pelo sistema
radicular deveria ter valor de P extraído pelo método oficial acima do nível crítico
estabelecido para essa camada de solo. Há necessidade de ficar atento para o significado
de nível crítico – camada amostrada/analisada. Os valores de níveis críticos usados no RS
e SC (solo da camada 0–10 cm) são muito mais elevados do que se fosse considerado
todo volume de solo na camada 0–20 cm. Os maiores valores são justamente pelo fato de
não haver movimentação do fosfato no perfil do solo e, portanto, é uma tentativa
laboratorial/experimental de compensar enorme gradiente de P extraído no perfil do solo.
Em outras palavras, os valores de P extraídos para atingir o nível crítico de um
determinado grupo de culturas é cada vez menor à medida que aumenta a espessura da
camada de solo amostrada. Por exemplo, caso a CQFS do NRS-SBCS optasse por
amostrar o solo apenas da camada 0–5 cm, os valores dos níveis críticos seriam maiores
ainda do que os em uso na versão atual do Manual.
Culturas como soja e milho desenvolvem sistema radicular a profundidades
superiores a 40 cm se não houver restrições físicas e químicas. As doses de fertilizantes
fosfatados para correção da carência de P dos solos recomentadas pelo atual Manual de
Calagem e Adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são
para todo volume de solo da camada de 0–20 cm. Mesmo que para alguns técnicos e
agricultores, parece uma camada de solo muito espessa, o sistema radicular das culturas
atinge camadas mais profundas do solo. Assim, recomenda-se elevar os teores de P
disponível acima do nível crítico, no mínimo, até os 20 cm de profundidade e,
obviamente, ajustando um novo nível crítico (Figura 21 de Belinaso - 2020, por exemplo).
Ótimo seria se todos os solos cultivados nos Estados do RS e SC tivessem altos teores de
P disponível em todo horizonte A, que nos Latossolos ultrapassa um metro. Não haveria

48
restrições ao crescimento radicular e, sem nenhuma dúvida, ter-se-ia a máxima
probabilidade de produtividade e alta estabilidade temporal, pois as plantas estariam,
inclusive, menos sujeitas aos constantes estresses hídricos.

Figura 21 – Relação entre disponibilidade de fósforo em diferentes camadas do solo e


produtividade da cultura da soja.

Fonte: Belinaso et al. (2020).

Qualquer alternativa a esse mínimo de volume de solo corrigido levará a perdas


de produtividade constantes (Figura 22 e Figura 23) que se acentuam em anos com baixa
disponibilidade hídrica. Salienta-se, embora deveria ser de conhecimento amplo, que se
recomenda apenas uma única operação de revolvimento profundo do solo para
incorporação do fertilizante fosfatado. Obviamente que essa operação deve ser feita
concomitantemente a correção da acidez do solo e de outros nutrientes se for o caso.
Jamais se deveria iniciar um sistema de produção com plantas perenes/semiperenes ou

49
um sistema de manejo conservacionista em solo com restrições ao crescimento radicular
em profundidade, em especial, deficiência de P e toxidez de alumínio. Embora o atual
Manual de Adubação e Calagem indique, alternativamente, que se possa fazer a correção
da carência em P na linha de semeadura de culturas com pequeno espaçamento, essa não
é a técnica mais correta e eficiente. A massa de solo continuará pobre em P disponível e
somente o pequeno volume de solo na região onde os grânulos forem depositados terá
disponibilidade adequada.

Figura 22 – Produtividade de soja safra 2018/2019 devido a aplicação da dose de correção


de fósforo e de corretivo de acidez.

Fonte: Belinaso et al. (2020).

As doses de P para manutenção correspondem a uma quantidade equivalente a


exportação da cultura de acordo com a expectativa de produtividade, mais eventuais
perdas de P do sistema. Ela visa manter o teor de P no solo acima do nível crítico ao longo
dos anos. Quando o teor de P no solo está na classe “Muito Alto”, deve ser feita apenas a
adubação de reposição do P exportado ou simplesmente dispensar a adição desse nutriente
e continuar o monitoramento dos níveis no solo até que se enquadrem novamente na
classe “Alto”, e então retomar a adubação de manutenção. Além disso, as faixas de
disponibilidade são extremamente amplas e é possível (e recomendável) que se faça ajuste
50
na dose em função da zona da faixa de disponibilidade que o valor de P extraído pelo
método oficial está localizado. Também, deve-se tomar cuidado com uso de sistemas
informatizados para definir dose, pois a alteração de apenas uma unidade de P extraído já
é suficiente para mudança na classe de disponibilidade e, portanto, resultará em dose de
fertilizante completamente diferente.

Figura 23 – Produção de soja em função da disponibilidade de fósforo no solo das


camadas de 0–10 e 10–20 cm.

Fonte: Informação não publicada da Embrapa/Comigo (Material cedido e autorizado por Oliveira Júnior
23/09/2020).

Os fertilizantes fosfatados para adubação de manutenção devem ser aplicados na


linha de semeadura das culturas produtoras de grãos e de forragem semeadas anualmente,
dentro do camalhão (batata e fumo, por exemplo), ou incorporado ao solo no momento

51
da preparação dos canteiros (sistema convencional de produção de hortaliças).
Exclusivamente, e ainda sabendo-se da baixíssima eficiência, em pastagens naturais e em
outras espécies semiperenes e perenes os fertilizantes fosfatados podem ser simplesmente
depositados na superfície. Em realidade, as perdas por escoamento superficial e as
consequências na contaminação dos mananciais aquáticos não justificam a reposição do
pouco P exportado por essas culturas.
A aplicação dos fertilizantes fosfatados para culturas produtoras de grãos
cultivadas em larga escala e de grande importância econômica para o RS e SC (soja, milho
e arroz irrigado) deve ser na linha de semeadura para evitar perdas de produtividade
(Figura 22) e transferência de P aos mananciais aquáticos por escoamento superficial.
Segundo Deuschle et al. (2019) práticas de mínimo revolvimento do solo, amplamente
adotadas no sul do Brasil nas últimas década, ainda tem potencial de perdas de água e
sedimentos e naturalmente favorecem a elevação das concentrações de nutrientes nas
primeiras camadas do perfil de solo. Entretanto, a aplicação superficial de fertilizantes
fosfatados nestas condições potencializa os teores e a saturação por P dos primeiros
centímetros de solo (BARBOSA et al., 2015; FISCHER et al., 2018; NUNES et al.,
2011). Como consequência, mesmo com a adoção de sistema com mínima mobilização
do solo em que, aparentemente possa não haver perdas expressivas de sedimentos das
lavouras, a aplicação superficial de fertilizantes fosfatados pode ser mais de 5,5 vezes as
perdas provenientes de áreas sob plantio convencional em que há mistura do fertilizante
ao solo (BERTOL et al., 2007). Além disso, segundo Shigaki, Sharpley e Prochnow
(2006) as perdas de P nestas condições são potencializadas quando da utilização de
fertilizantes com alta solubilidade em água ou conforme Barbosa et al. (2009) quando há
semeadura no sentido da pendente mesmo com fertilizante incorporado.
De modo irresponsável, até mesmo para fertilizantes fosfatados, a tomada de
decisão da forma de aplicação está sendo definida muito mais pela associação das
empresas de máquinas agrícolas, de fertilizantes e de assistência técnica privada (logística
operacional) do que pelas informações subsidiadas pela Ciência do Solo. No solo, o P não
se movimenta, nem para os lados e tampouco no perfil do solo, permanece apenas onde
é aplicado. A Figura 24 (Degryse; McLaughlin, 2014) e a Tabela 4 (Pierzynski;
Hettiarachchi, 2018) são absolutamente ilustrativas desse fenômeno, e demonstram que a
difusão do P fica restrita a um pequeno volume de solo do entorno do grânulo de
fertilizante. A restrição na zona de ação do fertilizante (influência significativa até 13,75
mm) ocorre mesmo com o uso de fertilizantes solúveis e esta zona tende a ser ainda menor

52
com o uso de fertilizantes de baixa solubilidade (fosfatos naturais). Usando-se doses
corretas, aplicadas no local correto (linha semeadura) e no momento correto (na
semeadura) a migração do P no perfil do solo ou lateralmente é absolutamente desprezível
e tampouco necessária.

Figura 24 – Dissolução de grânulos de MAP em Latossolo: a) análise de difusão via


coloração, b) teor de P lábil e c) P na solução em volta ao granulo. Difusão
significativa restrita a 7,5 mm mesmo 28 dias após aplicação e com umidade
máxima.

Fonte: Degryse; McLaughlin (2014).

Outra temática que está sendo desvirtuada do conhecimento científico acumulado


há décadas é a época de aplicação de P. Excelente seria se não houvesse necessidade de
adição desse nutriente; que o estoque de P passível de ser absorvido pelas plantas fosse
suficiente para obtenção de produtividades econômicas e ambientais adequadas. Não é
essa a situação natural dos solos ocorrentes no RS e SC. As raízes devem ter acesso ao P
desde a germinação das sementes ou do transplante das mudas. Por isso, quando
necessário adicionar P para atender a demanda do solo e das culturas, a lógica é adicioná-

53
lo no momento da semeadura / transplante. Se por um lado a antecipação da aplicação de
manutenção de P sem planta para absorvê-lo resulta em grande diminuição de sua
labilidade, por outro, a aplicação de P à posteriori somente pode ser feita em superfície o
que não terá relação alguma com produtividade e aumentará significativamente sua
transferência para os mananciais aquáticos. Os raríssimos artigos científicos que
constatam não haver diferenças entre aplicação na linha de semeadura versus aplicação
em superfície ou são feitos com financiamentos de empresas interessadas na simples
deposição de altas doses de fertilizantes com máquinas “modernas” ou não resultam em
aumentos de produtividade pelo fato do solo já estar acima do nível crítico. Nesses casos,
há um estoque de P potencialmente dessorvível que pode sustentar altas produtividades
por alguns anos, após este período ocorrerá, sem nenhuma dúvida, perdas de
produtividade.

Tabela 4 – Porcentagem do fósforo total adicionado e fósforo lábil extraído por resina em
Latossolo fertilizado com grânulos de diferentes fertilizantes fosfatados.

Tipo de Distância da superfície do grânulo (mm)


Fertilizante 0 - 7,5 7,5 - 13,7 13,7 - 25,0 25,0 - 43,5
% do P adicionado
MAP 74 a 25 ab 0c 0a
DAP 76 a 23 b 0c 0a
APP 63 bc 27 a 8a 0a
MAP+FEP 78 a 21 b 1c 0a
DAP+FEP 72 ab 23 b 0c 0a
APP+FEP 59 c 37 a 2b 0a
% do P resina
Controle 4b 3b 4a 4a
MAP 38 a 25 b 1b 4a
DAP 35 a 34 b 1b 4a
APP 34 a 27 a 1b 4a
MAP+FEP 36 a 27 a 0b 3 ab
DAP+FEP 36 a 24 b 2 ab 2b
APP+FEP 32 a 27 a 1b 4a
MAP – Monoamônio fosfato; DAP – Diamônio fosfato; APP – Amônio polifosfato;
FEP – produto comercial melhorador da solubilidade do fertilizante.
Fonte: Adaptado de Pierzynski; Hettiarachchi (2018).

A época de aplicação dos fertilizantes fosfatados continua sendo no momento da


semeadura. De acordo com Martinazzo et al. (2007), se antecipada, há perda de

54
produtividade, pois a energia de ligação do fosfato aos grupos funcionais aumenta com o
tempo e, consequentemente, a disponibilidade de P às plantas diminui.

5 LIMITE QUÍMICO AMBIENTAL DE FÓSFORO

Conforme mencionado acima, os níveis de disponibilidade de P no solo devem ser


mantidos acima do nível crítico para que não haja restrição do rendimento das culturas.
Agronomicamente, o atual Manual de Calagem e Adubação para os Estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina estabelece que os teores extraídos pelo método
Mehlich-1 devem, no entanto, ser inferior a duas vezes o valor do nível de suficiência –
crítico. Esse valor máximo foi estabelecido apenas para alertar que haveria perdas
econômicas pelo excesso de nutriente no solo e que a probabilidade de contaminação dos
mananciais aquáticos pelo escoamento superficial de sedimento e água seria aumentada.
Esse valor não foi estabelecido com base em trabalhos que correlacionam teor extraído
com concentração de P nos sedimentos erodidos ou na água escoada e os danos ecológicos
no meio aquático.
O P, como descrito nos itens anteriores, é fortemente adsorvido às partículas
inorgânicas e faz parte da estrutura da matéria orgânica do solo. Assim, as transferências
de P do solo aos sistemas aquáticos se dá, em termos quantitativos, quase que
exclusivamente na forma particulada, embora a pouca quantidade de fosfato que entra
nos mananciais aquáticos na forma solúvel seja suficiente para desencadear o processo
de eutrofização. Sempre que as doses adicionadas superam às quantidades exportadas
pelas colheitas ocorrerá acumulação do nutriente no solo das camadas superficiais,
quando se adota sistema sem revolvimento do solo (pastagens naturais e semiperenes,
sistemas florestais, produção de frutas e manejo conservacionista para culturas anuais,
em especial, sistema plantio direto). Nestes casos, os sedimentos transferidos do solo aos
sistemas aquáticos terão alta concentração de fosfato adsorvido, valores elevados de
fosfato dessorvível em água e concentrações de equilíbrio altas o suficiente para serem
fontes de fosfato ao corpo d’água. Mesmo nessa situação, a concentração na solução do
solo se mantém baixa ambientalmente sendo desprezível as perdas por lixiviação.
Assim, as quantidades e biodisponibilidade de P que é transferida aos ambientes
aquáticos estão condicionadas a fatores relacionados ao solo e aos mecanismos de
transporte (ALVAREZ et al., 2017). Entre os fatores ligados a dinâmica do P no solo,

55
arrastado como sedimento ou na forma solúvel, destacam-se àqueles relacionados a
relação solo-fosfato (teor total, potencialmente biodisponível e grau de saturação dos
grupos funcionais) e àqueles relacionados a facilitação do arraste superficial (modo e
época de aplicação). O processo erosivo envolve três fases: desagregação, transporte e
deposição. Portanto, para cada fase, o mecanismo é diferente e exige ações tecnológicas
diferentes para minimizar a transferência tanto do P particulado quanto do P solúvel. A
desagregação é causada pelo impacto da gota d’água sobre o solo e, portanto, o grau de
cobertura da superfície do solo definirá a magnitude do processo erosivo. Por isso que os
sistemas de manejo conservacionistas assumem grande importância, pois mantêm a
superfície do solo constantemente protegido quer por plantas vivas ou por seus resíduos.
O escoamento superficial (difuso e concentrado), fase de transporte do P, depende
fundamentalmente da quantidade de água que não infiltra e, portanto, depende da
precipitação (quantidade e intensidade), dos atributos de solo no perfil e na paisagem. A
fase de deposição ocorrerá quando não existir energia suficiente para continuar o
transporte; muito do solo desagregado e transportado é redistribuído na própria encosta
antes de atingir os mananciais aquáticos e, desse modo, haverá em (Figura 25)
pobrecimento de P nas partes altas das lavouras e enriquecimento nas partes baixas (zonas
de deposição), inclusive nas zonas úmidas e na mata ciliar (CAPOANE; TIECHER;
SANTOS, 2017). Maiores detalhes sobre mecanismos de erosão hídrica em escala de
bacias hidrográficas podem ser obtidos em Minella et al. (2010).
Na tentativa de reduzir o potencial poluidor e manter os níveis de P do solo em
valores ambientalmente seguros, principalmente em regiões com grande produção de
dejetos de animais, Gatiboni et al. (2014) sugeriram um teor limite de P extraído. Embora
desnecessário do ponto de vista agronômico, seria possível adicionar P ao solo sem
grandes impactos ao ambiente. A este valor máximo de P denominou-se Limite Crítico
Ambiental de P (LCA-P). O LCA-P representa 80% da capacidade máxima do solo reter
P e varia significativamente em função da granulometria do solo, em especial o teor de
argila, devido estar diretamente correlacionados com a quantidade de grupos funcionais
adsorventes de fosfato. O LCA-P é estimado pela equação: LCA-P (mg dm-3) = 43,5 +
argila (%). Assim, para cada teor de argila haverá um respectivo valor de LCA-P (Figura
26). A simplicidade da estimativa do LCA-P traz a vantagem de ser de uso prático,
bastando o teor de argila (em %) da análise de solo ser somado 40, o resultado será o
máximo teor de P disponível por Mehlich-1 (mg dm–3) no solo “sem riscos” de problemas
ambientais.

56
Figura 25 – Redistribuição de sedimento e consequentemente fósforo em escala de bacia
hidrográfica.

Fonte: Minella et al. (2010).

Embora o estabelecimento do LCA-P tenha sido um avanço para tomada de


decisão em parar de adicionar P aos solos, fatores inicialmente desconsiderados para a
estimativa do LCA-P como a declividade e forma da paisagem possuem grande
relevância. Isso porque, em áreas convexas e declivosas, o potencial erosivo do
escoamento superficial e consequentemente transporte do fósforo para corpos hídricos é
mais acentuado (ALVAREZ et al., 2017). Nesse sentido, recentemente Dall’Orsoletta
(2018), propôs ajustes ao modelo de LCA-P em função do teor de argila e das
declividades das áreas (Figura 27). Com isso, para declividade menor ou igual a 25%,
LCA-P = (42,287 + A) – (0,230 A + 0,0123 A D), e em declividade maior que 25% LCA-
P = (42,287 + A) – (–0,437 A + 0,039 A D); sendo A o teor de argila (%) e D a declividade
(%).

57
Figura 26 - Níveis crítico de fósforo, quantificado por Mehlich-1, para culturas agrícolas
e seus respectivos limites críticos ambientas (LCA-P).

Fonte: Gatiboni et al. (2015).

Com exceção de condições especificas de cultivo de plantas muito exigentes


(Grupo 1) o limite crítico ambiental de P é sempre superior ao limite crítico de P para
culturas agrícolas estabelecido no Manual de calagem e adubação para os estados do RS
e SC (CQFS-RS/SC, 2016). Assim, o uso do LCA-P para o estabelecimento de níveis
máximos de P no solo não limitará a disponibilidade de P para a grande maioria das
culturas agrícolas cultivadas em larga escala e não resultará em restrição da produção
agrícola.
Quando os valores de P disponível no solo se aproximarem LCA-P as adições de
dejetos e ou fertilizantes químicos devem ser suspensas para não aumentar os riscos de
contaminação ambiental. Logo, após os cultivos deve se analisar se o teor de P disponível
baixou com a exportação da cultura utilizada podendo ser avaliado a necessidade de uso
de adubação fosfatada no próximo cultivo.
Em solos com teores de P disponível na camada superficial acima do LCA-P
recomenda-se que não seja mais adicionado P. Se as condições da área permitirem pode

58
ser feita uma intervenção mecânica no solo com o objetivo de incorporar essa camada
saturada de P com as camadas mais subsuperciais a fim de diluir a concentração da
camada superficial, como já previsto para acumulação de cobre e zinco (MALLMANN
et al., 2014). Além disso, e em locais onde há impedimentos a intervenções mecânicas
pode ser recomenda o cultivo de culturas de maiores extrações de nutrientes como silagem
e/ou fenos, com o objetivo de redução da disponibilidade do P no solo abaixo do LCA-P.

Figura 27 – Limite crítico ambiental de fósforo em solos de Santa Catarina (LCA-P)


considerando efeitos restritivos em função da declividade e argila.

Fonte: Dall’Orsoletta (2018).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora muito se tenha estudado e compreendido sobre a importância e a


necessidade do manejo adequado de fertilizantes fosfatados em áreas agrícolas nas
últimas décadas, a utilização incorreta de fertilizantes fosfatados na agricultura tem
aumentado consideravelmente. Dois extremos são facilmente encontrados nas lavouras:

59
(a) teores biodisponíveis abaixo do nível crítico em todo perfil do solo e (b) com carência
severa em profundidade e excesso no solo da camada extremamente superficial. São raras
as lavouras em que os teores de fósforo biodisponíveis no solo são adequados ao
crescimento radicular em profundidade.
O uso de fertilizantes fosfatados incrementou exponencialmente nas últimas
décadas no Brasil acompanhando a incrível taxa de conversão dos biomas naturais em
agroecossitemas. No Sul do Brasil, praticamente todas as áreas passíveis de serem
mecanizadas do bioma Pampa já foram convertidos em monocultivo de soja, mesmo
naqueles solos extremamente frágeis. Concomitantemente, as áreas já cultivadas há
décadas, cujo sistema convencional foi convertido em sistema plantio direto sem adotar
as mínimas recomendações de Fertilidade do Solo, vêm recebendo doses elevadas de
fertilizantes fosfatados aplicadas no solo dos primeiros centímetros e sem preocupação
nem com a carência do solo em profundidade e tampouco com as terríveis consequências
ambientais. E obviamente, com reflexos sociais e econômicos a nível local (de lavoura),
regional e mundial. A sociedade urbana, que representa mais de 85% da população gaúcha
e catarinense, por exemplo, pouco opina sobre a contaminação dos recursos hídricos de
onde a água é captada para consumo humano. A transferência de fosfato solúvel ou
particulado com alta dessortividade aos sistemas aquáticos devido ao fato do solo dos
primeiros centímetros do perfil estar quase que saturado com fósforo tem sido responsável
pelo afloramento de algas e, inclusive, interrompendo a captação de água na grande Porto
Alegre. Aliado a isso, o uso exagerado e inadequado de múltiplos agrotóxicos, acelera a
degradação da qualidade das águas superficiais.
Por outro lado, o esgotamento das reservas mundiais de rochas fosfáticas e o
desbalanço global do ciclo biogeoquímico do fósforo devem ser compreendidos por
todos, ruralistas e urbanos. A dependência da agricultura brasileira das reservas
Marroquinas e Subsariana é nítida e insegura. Caso houvesse bloqueio na exploração de
fosfato desses dois países, a agricultura brasileira sofreria perdas de produtividade
incomensuráveis. Portanto, além das ações de estratégias geopolíticas e de garantias dos
interesses nacionais que o Brasil deveria adotar, fica evidente a premissa de melhor
compreender o ciclo biogeoquímico do fósforo. Atrelar as transformações em escala local
e global é fundamental para manter o equilíbrio dos agroecosistemas na Terra, ao mesmo
tempo que se garanta acesso a alimentos em quantidade e qualidade a toda população
mundial, cujo objetivo final é elimiar a fome e a miséria com concomitante preservação
do solo e os recursos hídricos.

60
Neste sentido, a busca pelo uso mais eficiente do fósforo é essencial para alcançar
a sustentabilidade dos sistemas de produção sem a perda do potencial produtivo de
alimentos. Isso só será alcançado por meio do uso do conhecimento e de tecnologias já
disponíveis, produzidos pelas instituições públicas de pesquisa. Recomentações estas que
estão sendo abandonadas pelo setor produtivo devido por interesse único das empresas
privadas de fertilizantes-máquinas-assistência técnica, por um lado, e pela destruição do
sistema público de assitência técnica, por outro lado. Mesmo o sistema cooperativista está
à mercê dos interesses desse complexo de empresas.
Além disso, a pesquisa deve se debruçar ainda mais na compreensão da ação de
microorganismos no ciclo do fósforo; nos mecanismos bioquímicos e fisiológicos das
plantas em relação a absorção, translocação e uso eficiente desse nutriente; na reciclagem
dos dejetos, inclusive, os humanos, entre outros. Tecnologicamente, deve-se buscar
formas de correção da carência desse nutriente no solo em profundidade, maximizando o
crescimento radicular. Isso pode envolver, inclusive, o reinício de sistemas e a adoção
maciça da diversidade de plantas, inclusive, na forma de rotação de culturas e mesmo na
forma de culturas mixtas consorciadas.

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