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Psicologia e Inclusão Escolar:


Reflexões Sobre o Processo de
Subjetivação de Professores
Psychology and Social Inclusion:
Reflexions on the Teacher’s Subjectivation Process

Psicología E Inclusión Escolar:


Reflexiones Sobre el Proceso de Subjetivación de Profesores

Claudia Gomes
&
Vera Lucia Trevisan
de Souza

Pontifícia
Universidade Católica
de Campinas
Artigo

PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2012, 32 (3), 588-603


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PSICOLOGIA:
CIÊNCIA E PROFISSÃO,
Claudia Gomes & Vera Lucia Trevisan de Souza
2012, 32 (3), 588-603

Resumo: Subsidiada pela teoria da subjetividade de Gonzalez Rey, esta pesquisa teve como objetivo
compreender as relações de subjetivação de professores no processo de inclusão escolar. Participaram do
estudo três professoras, uma da educação infantil e duas do ensino fundamental, de uma escola particular
da região do ABCD/SP, que tinham em suas turmas alunos com necessidades especiais. Os procedimentos
metodológicos utilizados foram observações, sistemas conversacionais e entrevistas de aprofundamento,
realizadas ao longo de nove meses, tempo em que a pesquisadora permaneceu no campo. As informações
acessadas foram organizadas em três eixos de análise: 1) necessidade / impossibilidade de atividades
pedagógicas diferenciadas, 2) consideração / desconsideração da complexidade do desenvolvimento e 3)
possibilidades reduzidas de identificação / pertença. Como resultado evidenciou-se uma relação de inter-
dependência entre os espaços vividos pelas professoras e a configuração de sentidos em relação à inclusão.
Tal constatação é indicativa da urgência de investimento na criação de condições que possibilitem aos
professores se posicionar, discordar, concordar, se submeter e subverter, em um processo reflexivo sobre
suas reais possibilidades de ação.
Palavras-chave: Inclusão escolar. Professores. Subjetividade. Educação inclusiva.

Abstract: Based on the subjectivity theory of Gonzalez Rey, this research aimed at understanding the rela-
tionship of subjectivity of teachers in school inclusion. The study had three teachers as participants, one from
early childhood education and two from basic education, all of them working at a private school in ​​ABCD / SP.
These teachers had in their classrooms students with special needs. The methodological procedures used
were: observations, interviews and conversation, that were conducted over nine months. The information
accessed  was organized into three areas of analysis:1) necessity/ impossibility of  different  educational
activities, 2) consideration/ disregard  of the complexity of development and 3) reduced possibilities of
identification / membership. The result showed interdependence relationship between the experience of the
teachers and the configuration of meanings about inclusion. This finding  indicates  the urgency of  invest-
ment in the creation  of conditions  that may allow  teachers to position themselves: agree, disagree,  submit
and subvert, in a reflective process on  their real possibilities of action.
Keywords: School inclusion. Teachers.  Subjectivity. Inclusive education.

Resumen: Subsidiada por la teoría de la subjetividad de Gonzalez Rey, esta pesquisa tuvo como objetivo
comprender las relaciones de subjetivación de profesores en el proceso de inclusión escolar. Participaron
del estudio tres profesoras, una de la educación infantil y dos de la enseñanza fundamental, de una escuela
particular de la región del ABCD/SP, que tenían en sus grupos alumnos con necesidades especiales. Los
procedimientos metodológicos utilizados fueron observaciones, sistemas conversacionales y entrevistas de
profundización, realizadas al largo de nueve meses, tiempo en que la investigadora permaneció en el campo.
Las informaciones a que se accedió fueron organizadas en tres ejes de análisis: 1) necesidad / imposibili-
dad de actividades pedagógicas diferenciadas, 2) consideración / desconsideración de la complejidad del
desarrollo y 3) posibilidades reducidas de identificación / pertenencia. Como resultado se evidenció una
relación de interdependencia entre los espacios vividos por las profesoras y la configuración de sentidos
en relación a la inclusión. Tal constatación es indicativa de la urgencia de investimento en la creación de
condiciones que posibiliten a los profesores posicionarse, discordar, concordar, someterse y subvertir, en
un proceso reflexivo sobre sus reales posibilidades de acción.
Palabras clave: Inclusión escolar. Profesores. Subjetividad. Educación inclusiva

Estima-se que no Brasil existam 24,5 milhões deficiência mental, e 4%, deficiência física
de pessoas com necessidades especiais, o que (Brasil, 2009).
corresponde a 14,5% da população. Dentre
as necessidades especiais apresentadas pelo
Censo do ano 2000, encontram-se desde Diante de dados tão representativos, é de se
dificuldades para andar, ouvir e enxergar até esperar que muitas sejam as políticas públicas
graves lesões incapacitantes. De modo mais direcionadas a pessoas com necessidades
detalhado, o relatório faz menção à seguinte especiais no Brasil. No entanto, o que se
categorização das necessidades especiais: observa é que têm assumido relevância no
48%, deficiência visual, 23%, deficiência cenário atual as políticas voltadas para a
motora, 17%, deficiência auditiva, 8%, inclusão escolar.

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Como se sabe, as discussões sobre inclusão seu quadro de profissionais, sua capacitação e a
não são recentes, sobretudo no meio falta ou a inexistência de materiais ou recursos
educacional, mas foi a partir de 1994 que a (Gomes & Barbosa, 2006; Gurgel, 2002; Viana,
temática ganhou foro mundial pela ação da 2005). Assim, evidencia-se a contradição entre o
Unesco, em documento intitulado Declaração legalmente imposto e divulgado (pela legislação
Mundial de Salamanca. Posteriormente, e pelas políticas educacionais) e o realmente
na América Latina, documentos como possível (estrutura física, organizacional e
a Declaração de Guatemala (1999) e a profissional das instituições escolares). Tal
Convenção Interamericana para a Eliminação contradição tem impedido o avanço do processo
de Todas as Formas de Discriminação contra de inclusão, visto o emprego pelas escolas
Pessoas com Deficiência (2001) deram novo de ações cada vez mais descomprometidas,
impulso a essas discussões. distantes das realidades subjetivas e sociais dos
alunos e, em consequência, excludentes (Souza,
Já no plano nacional, a Constituição Federal 2006; Sommer, 2007).
(1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente
(1990), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Se não bastasse a precariedade de muitos dos
(1996), o Plano Nacional de Educação (2001) aspectos e recursos materiais e organizacionais
e, mais recentemente, as Diretrizes Nacionais das instituições escolares que prejudicam a
para a Educação Especial na Educação Básica efetivação de propostas inclusivas, há que
(2001), assim como a Resolução Nacional de se considerar, ainda, a necessidade urgente
de se compreender as representações dos
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
profissionais da educação quanto aos seguintes
(2008), são exemplos de leis e políticas
aspectos: desenvolvimento, intelecto, psiquismo,
que amparam, subsidiam e direcionam
afetividade, cidadania, identidade, diversidade e
ações que tratam da inclusão escolar,
diferença, conceitos que sustentam as discussões
visando a contribuir, principalmente, para a
sobre o processo de inclusão de alunos com
reestruturação das bases organizacionais e
necessidades especiais (Gomes & Gonzalez
pedagógicas das escolas de modo a tornar
Rey, 2007).
possível a inserção e a permanência de alunos
com necessidades especiais nas salas de aula
Segundo Michels (2006), há duas tendências
do ensino regular (Brasil, 2008).
que permeiam a inclusão de alunos com
necessidades especiais. Uma é a perspectiva
A consideração da qualificação escolar
propositiva, que se caracteriza por uma ausência
como foco central nas discussões sociais é de análises sociais e a instauração de modelos
unânime, e não se poderia esperar menos pré-definidos e explícitos de compreensão
que isso. Como se sabe, é o ensino, em do aluno. Outra é a analítica, permeada
seus diferentes níveis, que tem como função pela discussão e consideração das condições
desenvolver ações que possam servir de históricas, que vê os alunos como sujeitos
base para um amplo movimento de inclusão constituintes e constituidores de suas próprias
social. No entanto, esse mesmo processo relações sociais. Ao que parece, a realidade
promissor no que concerne à promoção atual das escolas se caracteriza pela primeira
do desenvolvimento de sujeitos e da justiça tendência, e pode estar aí uma das causas da
social parece se encontrar, atualmente, atado exclusão praticada por muitas delas.
em suas próprias contradições (Libâneo,
Oliveira, & Toschi, 2003; Moraes, 1997). Carmo Neto (2000) afirma que professores e
demais profissionais da educação apresentam
O panorama da inclusão escolar, na maioria dificuldades na construção de novas
das escolas, parece piorar quando se considera representações do aluno com necessidades

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especiais, além de revelarem sentimentos Vygotsky na última etapa de seu pensamento


ambíguos quanto ao processo inclusivo. científico e, inacreditavelmente, foi ignorada
Segundo Martins, Almeida e Rossi (2007), na psicologia soviética até a década dos
anos oitenta e substituída pela categoria
ao mesmo tempo em que os professores
de sentido pessoal de A. N. Leontiev, mas
acreditam ter uma adequada formação tomou um caminho diferente daquele que
acadêmica para lidar com alunos com a categoria de sentido sinalizava na obra
necessidades especiais, as suas concepções e de Vygotsky. Na psicologia ocidental, essa
práticas pedagógicas são limitadas e restritivas, categoria aparece identificada com o caráter
e embasam suas práticas profissionais na singular do significado, interpretação que
nos parece muito influenciada pelo viés
reprodução do discurso médico sobre
linguístico e cognitivo que tiveram muitas das
necessidade especial.
interpretações de Vygotsky, principalmente
entre autores da psicologia norte-americana
Assim, uma nova forma de compreender o (Bruner, Valsiner, Werscht, Cole, Rogoff e
aluno e seu desenvolvimento constitui um outros), e que, mesmo pelas diferenças entre
dos pilares para repensar a efetivação de eles, evidencia-se que se centraram na ação
uma proposta de inclusão de todos os alunos, e na mediação semiótica, ignorando outras
contribuições do pensamento de Vygotsky.
reconhecendo-os como sujeitos construtores
Longe de compreender o pensamento
de suas próprias histórias, legitimados pelas
de Vygotsky como um sistema complexo
ações, reações e confrontações vividas em suas em desenvolvimento, muitos dos autores
experiências, assim como os desdobramentos ocidentais que mais têm contribuído com a
de suas dimensões subjetivas (Gonzalez Rey, divulgação da obra de Vygotsky se orientaram
2003). para destacar apenas as consequências
da ação e da mediação semiótica para o
desenvolvimento da Psicologia, com o que
Vigotski (1929/1997), com uma visão
colocaram a ênfase na linguagem acima
sistêmica da psique e um enfoque histórico e da constituição complexa de uma nova
cultural, é um dos maiores precursores de uma definição de psique, o que foi uma aspiração
teoria complexa da Psicologia, visto lançar recorrente em Vygotsky ao longo de seu
novas compreensões para os princípios de trabalho (Gonzalez Rey, 2007, p. 203)
linearidade e de determinismo, empregados
nos modelos científicos da Psicologia de sua
época. A categoria de sentido elaborada É com base nessa compreensão da teoria
pelo autor em uma de suas últimas obras de Vigotski que Gonzalez Rey desenvolve
(Pensamento e Linguagem, 1934) permite sua teoria da subjetividade, dando ênfase
compreender a constituição do psiquismo ao caráter cultural da psique e à relação
humano como processo fluido, complexo e dialética entre os aspectos individual e social,
dinâmico. Para o autor, a produção individual relação essa há muito descaracterizada pelas
de sentido tem sua origem no encontro concepções mecanicistas e passivas do
singular de um sujeito com uma experiência determinismo sociohistórico sobre o indivíduo
social concreta. O sentido não representa (Gonzalez Rey, 1989).
uma omissão do objetivo, e sim, uma forma
de se representar o processo através do qual De acordo com o autor, a teoria da subjetividade
a experiência objetiva, vivida na relação surge com a intenção de compreender a
intersubjetiva, se converte em experiência dialética da relação entre individual e social,
singular, constituindo o psiquismo do sujeito. favorecendo a compreensão da condição
singular do sujeito, possível somente a partir
A categoria de sentido na perspectiva da compreensão do caráter subjetivo de sua
histórico-cultural foi introduzida por
constituição psicológica. Nas palavras de

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Gonzalez Rey (1997, p. 39), “La realidad social, e que delimitam e sustentam os
adquiere significación para el desarrollo espaços sociais em que vivem os indivíduos.
humano a través de su expresión en las
formaciones subjetivas de ese proceso (...)”. O sujeito vivencia, assim, aspectos internos
De acordo e externos em suas relações de modo
com Gonzalez Dessa forma, o histórico e o atual se encontram simultâneo, o que denota que a subjetividade
Rey (2005a), configurados em sistemas dinâmicos que não se dá apenas em um nível individual,
esses sentidos
subjetivos tão expressam diferentes formas do nível mas que a própria cultura, dentro da qual
singulares e subjetivo, e é a configuração entre ambos se constitui o sujeito individual e da qual
individuais não que direciona e alavanca as construções e as ele é também constitutivo, surge como
se esgotam no
próprio indivíduo constituições do sujeito (Gonzalez Rey, 1997). representação de um sistema subjetivo
(subjetividade gerador de subjetividade (Gonzalez Rey,
individual), mas Vale ressaltar, porém, que a condição do 1997).
organizam-
sujeito individual só é impulsionada dentro
se em um
sistema aberto, de um tecido social, no qual a subjetividade Como resultado dessa confrontação, diversas
fundante na social e a individual, ainda que expressas situações exigem que o sujeito se reconheça
constituição e no e delimite o espaço de sua ação “e o espaço
em momentos contraditórios, se fundem em
desenvolvimento
dos processos dimensões processuais permanentes. Assim, em que encontra congruência consigo mesmo
sociais o desenvolvimento do sujeito individual é na situação que está enfrentando” (Gonzalez
(subjetividade impulsionado por suas relações e integrações Rey, 2003, p. 263). A subjetivação estabelece
social),
sociais, que, necessariamente, passam a a ponte entre a individualidade e os processos
ultrapassando,
assim, a constituir-se como elementos de sentido de socialização, que dependem, de modo
capacidade na organização desses sistemas. Logo, o central, de um sistema de intercâmbio cultural
imediata de (Gonzalez Rey, 2004).
conscientização
desenvolvimento do sujeito individual e sua
frente às subjetivação ocorrem de modo articulado
emoções que com todos os sistemas de relações sociais das Considerar um professor inclusivo é, antes
causam ações de tudo, considerar o professor sujeito –
quais ele toma parte (Gonzalez Rey, 2003).
concretas.
que, segundo Gonzalez Rey (2002), é uma
De acordo com Gonzalez Rey (2005a), condição impulsionada dentro de um tecido
esses sentidos subjetivos tão singulares social em que se fundem a subjetividade
e individuais não se esgotam no próprio social e a individual em dimensões processuais
indivíduo (subjetividade individual), mas dotadas de sentido para o sujeito, que,
organizam-se em um sistema aberto, fundante dessa perspectiva, é autor de suas ações e
na constituição e no desenvolvimento dos representações.
processos sociais (subjetividade social),
ultrapassando, assim, a capacidade imediata Assim, com base nos pressupostos da teoria
de conscientização frente às emoções da subjetividade de Gonzalez Rey, este estudo
que causam ações concretas. O processo objetivou explorar os núcleos comuns que
de configuração de sentidos subjetivos é organizam explícita e implicitamente as relações e
histórico e mediado. O sujeito, em sua dinâmicas escolares que sustentam e possibilitam
processualidade reflexiva, constitui e constrói espaços para que professores subjetivem e
o contexto no qual está inserido. construam suas próprias histórias no processo de
assumir-se como docentes inclusivos.
A partir dessas considerações, é possível
dizer que a dimensão subjetiva não é uma Procedimentos Metodológicos
abstração, mas o resultado de processos de
significação e de sentido que caracterizam Dentro dessa compreensão da produção
todos os cenários de constituição da vida do conhecimento, que não pode ser

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operacionalizada pelas vias tradicionais instituição demonstrou muito interesse, visto


de pesquisa, a epistemologia qualitativa estar se inserindo no processo de inclusão
aparece como uma possibilidade de e estar se deparando com especificidades
sistematizar princípios de uma vertente de desconhecidas até então. Tal fato caracterizou
pesquisa de abordagem qualitativa, capaz o estudo como pesquisa-intervenção.
de integrar aspectos dialéticos e complexos
das realidades estudadas. Assim, houve a aproximação gradual da
pesquisadora com os professores e os
A epistemologia qualitativa, formulada por demais funcionários da instituição, período
Gonzalez Rey (1989, 2002, 2003), tem em que se buscou esclarecer as dúvidas e
como foco a busca pela “produção de os objetivos da pesquisa, assim como foram
conhecimento em psicologia que permita feitos os convites aos profissionais para
a criação teórica acerca da realidade participarem. A seleção dos participantes
plurideterminada, diferenciada, irregular, tomou por base a aceitação e o interesse
interativa e histórica, que representa a dos profissionais em participar, tendo como
subjetividade humana” (2002, p. 38), e, para critério que ensinassem em classes em que
se encontravam alunos com necessidades
tanto, apresenta três princípios fundamentais
especiais, em processo de inclusão. Três
a serem considerados: 1) compreensão
docentes manifestaram interesse em participar
do caráter construtivo-interpretativo do
do estudo: Andréia 1, pedagoga, recém-
conhecimento, compreendida como
contratada como professora, polivalente e
necessidade de dar sentido a expressões do
regente da turma de educação infantil; Ana,
sujeito estudado, 2) legitimação do sujeito
professora formada no Magistério de 2º grau,
singular como instância de produção de
formada em Educação Física e licenciada em
conhecimento científico, o que implica o
Artes, com vasta experiência profissional,
resgate da individualidade ou singularidade,
professora polivalente do 2º ano do ensino
e 3) ênfase no processo dialógico, ou seja,
fundamental, e Cristina, formada em língua
na relação pesquisador-pesquisado.
inglesa e professora da disciplina de inglês de
todos os anos do ensino fundamental.
Procedimentos da pesquisa:
contato, convívio e cotidiano As primeiras ações de pesquisa se concentraram
1
Em consonância na observação das salas de aula nas quais as
com os postulados da
A definição da instituição escolar em que se professoras atuavam. Nesse momento, foram
Resolução nº 196/96,
do Ministério da realizaria a pesquisa adotou como critério realizadas observações nas modalidades
Saúde, e da Resolução descritiva e seletiva, com o objetivo de
CFP nº 016/2000,
o fato de a pesquisadora ter relações
que regulamentam estabelecidas com os profissionais da apreender elementos que pudessem facilitar
princípios para
pesquisas que instituição, o que favoreceria sua inserção no a aproximação com as docentes. Os espaços
envolvem seres contexto e aproximação com os professores e livres direcionados aos lanches e demais
humanos, foram
entregues a todas as alunos. Tal relação iniciou-se por um convite atividades extra sala de aula facilitaram o
professoras Termo à pesquisadora para acompanhar e participar contato, o que possibilitou a aproximação,
de Consentimento
Livre e Esclarecido, dos encontros de discussão promovidos firmando-se uma relação dialógica por meio
assim como, com o
pela instituição, nos quais profissionais dos sistemas conversacionais, considerados
objetivo de garantir
o anonimato e a que atuavam na proposta inclusiva eram recursos permanentes de pesquisa pela
preservação da epistemologia qualitativa, visto que, por
identidade dos
convidados, periodicamente. Esses mesmos
participantes, foram espaços de discussão possibilitaram a meio dessas conversas, foram apreendidos
utilizados nomes
fictícios para cada apresentação e a discussão de alguns pontos os conteúdos a serem aprofundados nas
participante. e objetivos desta pesquisa, sobre os quais a entrevistas. Foram elaborados, então, os

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roteiros de entrevistas. Todas as informações fundamentais de envolvimento dos sujeitos


decorrentes das observações, dos diálogos e com as realidades estudadas, o que exigiu
dos sistemas conversacionais estabelecidos procedimentos e elaborações interpretativas
entre os meses de fevereiro e dezembro de a partir dos caminhos empíricos da pesquisa.
2007 foram registradas em diários de campo,
que constituíram, com as transcrições das Organizadas as informações construídas ao
entrevistas, o conjunto de informações que longo da pesquisa e descritas nos resultados
tomamos como objeto de análise. e discussões, o processo de análise constituiu
de três momentos: o primeiro, em que
Análises das informações: as informações decorrentes do contato,
convívio e cotidiano vivido com cada sujeito
construções e produções
foram organizadas; o segundo, direcionado
à elaboração dos núcleos de significação
Com base nas informações registradas no
e, por fim, o terceiro, em que se buscou
diário de campo, apresentadas ao longo das
delinear algumas intersecções dos aspectos
discussões sob a indicação (relato D. C.), assim
vivenciados, reproduzidos e representados
como de trechos de fala dos participantes
pelos sujeitos e que sustentam os espaços e as
transcritos na íntegra e indicados como (relato
relações de subjetivação vividos no processo
sic), buscou-se construir uma organização
inclusivo.
que possibilitasse a elaboração de núcleos
de significação (Aguiar & Ozella, 2006) como
base da construção da análise. Resultados e Discussões

Para tanto, procedeu-se ao levantamento de Ao analisar a proposta de inclusão escolar


pré-indicadores, descritos por Aguiar e Ozella da instituição, as observações das relações
(2006) como ações de prévia identificação entre os atores da escola e os sentidos
das palavras e contextos que emergem como derivados da vivência de três professoras,
regularidades nos relatos ou expressões identificamos núcleos comuns que organizam
dos participantes. Nesse momento, essas explícita e implicitamente as relações e as
expressões, ainda consideradas flutuantes, dinâmicas escolares, além de produzirem
foram essenciais para o processo de e/ou sustentarem espaços para que as
aglutinação dos pré-indicadores para que professoras subjetivem e construam suas
somente assim a construção dos indicadores próprias histórias no processo inclusivo.
da pesquisa pudesse ser realizada, dando
origem aos núcleos de significação. De Foi possível constatar que alguns elementos
acordo com Gonzalez Rey, “um indicador é configurados pelos sujeitos são objetiva e
uma unidade de significação construída pelo subjetivamente partilhados pela cultura
pesquisador, e sobre a qual se pode elaborar organizacional da instituição e são geradores
uma hipótese que permita dar seguimento de ações e representações dos próprios
a um eixo de significação no processo de professores. As análises das informações
construção teórica” (2005, p.48). obtidas no acompanhamento da rotina
profissional das docentes Ana, Cristina e
A construção e a definição dos núcleos Andréia permitiram apreender que os núcleos
de significação, para Aguiar e Ozella, é o de significação na vivência da proposta
momento crucial para o início da análise inclusiva se sustentam por alguns elementos
da pesquisa, e, para tanto, os núcleos de comuns, que têm sua origem no clima
significação devem expressar os pontos organizacional. Esse fato revela a influência da

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instituição (cultural/social) na configuração de profissional, a professora também se mostra


sentidos de seus trabalhadores, um indicador comprometida com o desenvolvimento de
a ser considerado na implementação de seus alunos, mostrando compreender que
ações inclusivas nas escolas. a dinâmica pedagógica deve embasar-se
na contextualização das experiências dos
Ao utilizar a organização de alguns núcleos alunos: – Faço de tudo (...), daí arrumo a
para compreender e explicar a atuação sala de acordo com o que me falam, faço
dos sujeitos na proposta inclusiva, não sempre um levantamento do que gostariam
desconsideramos o caráter singular e e daí organizo minhas atividades, como
individual fundante para a elaboração de temas transversais, sabe? (relato sic). No
significações e sentidos subjetivos, mas entanto, frente às exigências a ela impostas
indicamos que pontos comuns da rotina em sua rotina de trabalho, nem sempre esse
escolar parecem polarizar e estabelecer processo é concretizado, como pode ser
espaços bem delineados e comuns de evidenciado em seu relato: – Nem sempre
confrontação, sendo estes: posso ficar muito tempo com os alunos com
dificuldades, não posso deixar os outros que
1) Necessidade / impossibilidade estão adiantados de lado (relato sic).
de atividades pedagógicas
diferenciadas Nos momentos em que Ana desenvolvia, com
os alunos, atividades diferentes das indicadas
Com relação ao primeiro eixo, necessidade/
na apostila, aqueles que apresentavam
impossibilidade de atividades pedagógicas
maiores dificuldades pareciam reconhecer
diferenciadas, que revela as dificuldades e as
um espaço facilitador para sua expressão e
potencialidades da cultura organizacional da
reconhecimento: – Quando todos podem
escola, pôde-se evidenciar que, em diferentes
falar, estão aprendendo, não? (relato sic). No
situações, as professoras, de modo geral,
entanto, segundo a professora, os pais dos
vivenciam um impasse entre reconhecer a
alunos não são favoráveis a essa alternativa
necessidade de realização de atividades mais
de atividades extra-apostila: – Às vezes peço
específicas e direcionadas para o atendimento
alguma atividade para casa que não está no
do aluno com necessidades especiais e
livro; a mãe ou o pai não sabem porque eu
desenvolver o conteúdo programado e
não peço as atividades do livro que já está
esperado pela escola.
tudo explicadinho (relato sic).
A compreensão da professora Ana sobre
a rotina em sala de aula é de que deve A opção pelo uso de apostilas com os
desenvolver ações profissionais comprometidas conteúdos a serem ensinados ao longo de
com o desenvolvimento acadêmico e social e determinado período – bimestre, semestre,
que tenham como base, acima de tudo, o etc., adotada pela escola como forma de
conhecimento do contexto em que vivem organização do ensino e prática do professor,
– como revelado em seu relato: – Eu busco constitui um dos entraves para que a
me aproximar, conversar, saber o que está professora Ana efetive sua prática profissional
acontecendo, onde está a dificuldade; se for dentro de uma compreensão contextualizada
uma dificuldade que eu mesma estou criando, e inclusiva. Para Gonzalez Rey (2004), pensar
mudo tudo na hora (relato sic). em um aluno construtor de sua realidade
é dimensionar a ação pedagógica, criando
Em diferentes momentos, pôde- uma relação que não venha a contrapor as
se perceber que, durante a sua prática posições de quem ensina e de quem aprende.

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O que se pode constatar ao analisar a dentro da escola. Mas, antes ainda, seria preciso
prática dessa professora é a presença de que a instituição fizesse o mesmo em relação aos
ações contraditórias e recursivas, que professores, que também deveriam ser incluídos
revelam momentos tensionais de ruptura no processo, pois só dessa forma a identificação
da profissional com as representações a ela desses profissionais com a proposta de inclusão
impostas ou por ela construídas e que a seria possível.
situam como uma professora atada em meio
às contradições. As contradições vivenciadas por Ana na
relação com a instituição refletem não apenas
Segundo Gonzalez Rey (2005), são os valores da escola em si mas também boa
esses momentos de recursividade, de parte da compreensão social de valorização
confrontações e de contradições que marcam do individualismo, da competição, do sucesso
a coexistência do diferenciado e do singular, acadêmico, entre outros, que permeiam as
caracterizando um sistema complexo ações desenvolvidas na escola e que dificultam
denominado subjetividade. Pensar sobre a o processo de inclusão. Pôde-se perceber
intersecção social/individual, que, segundo que Ana, ao expressar-se verbalmente ou agir,
o autor, não é um processo linear, mas sim, buscava utilizar-se de estratégias profissionais
de interdependência, auxilia uma análise que a libertassem das amarras institucionais.
mais complexa acerca das ações (por vezes Porém, tal movimento se dava de forma isolada,
contrapostas) da professora em questão. com pouca repercussão. No entanto, o que
não se pode desconsiderar é que, quanto mais
É em meio a essas colocações que se torna distante dos nós que a prendem à representação
imprescindível a retomada de alguns aspectos escolar de sua função, mais isolada dos espaços
que caracterizam o clima organizacional intersubjetivos (pessoal/profissional) estará,
da instituição em que a professora Ana o que dificulta e impossibilita sua própria
desenvolve sua ação profissional: ação transformação em uma das protagonistas no
profissional isolada, relações mediadas pela processo de inclusão escolar como professora
ênfase na competitividade e distanciamento inclusiva.
entre aqueles que elaboram as propostas da
instituição e quem as vivencia em sala de 2) Consideração / desconsideração
aula. Esse último aspecto é enfatizado pela da complexidade do
professora Cristina: – Toda vez que altera a
desenvolvimento
direção, querem mudar tudo, teria sido mais
fácil, pouparia trabalho se nos questionassem,
Outro núcleo relativo ao clima organizacional
afinal, já passamos por tudo aqui (relato sic).
da instituição que provoca ações e reações
diferenciadas nas docentes é consideração/
É essa contradição entre o esperado (imposto) desconsideração da complexidade do
institucionalmente e o compreendido desenvolvimento dos alunos. Pode-se constatar
singularmente que abre espaço para uma que, ao mesmo tempo em que se identificam
análise apurada do processo de inclusão, indicadores de que a ação escolar inclusiva
como uma ação de polarização entre necessita considerar a complexidade do
docentes e discentes. Para que um aluno desenvolvimento dos alunos, identificam-se
com necessidades especiais seja incluído, também indicadores contrários a essa posição.
é necessário que seus professores rompam
momentaneamente algumas representações É justamente a ideia de que é necessário
e se voltem para os alunos que permanecem cumprir o programa pedagógico que submete
à margem do processo educacional, mesmo professores e alunos a dinâmicas em sala de

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aula que apresentam muitas contradições. características pessoais dos alunos evidencia
Um exemplo é o desenvolvimento de que, se por um lado ela tende a compreender
atividades em grupo, que têm o objetivo as reais necessidades especiais desses
de favorecer a interação entre os alunos, o educandos, por outro, sua expressão deixa
que teoricamente conduziria à facilitação da entrever que sua concepção se sustenta
aprendizagem. Contudo, o que se observa é a no modelo de avaliação e de comparação
existência do grupo apenas como disposição característico da instituição: – Quando você
física dos alunos, pois as atividades são avalia um sozinho, você percebe que tem
desenvolvidas individualmente. Esse fato potencial... (relato sic).
indica o desafio da professora Cristina em
lidar com a organização de atividades grupais Essa colocação da professora revela o quanto
que propiciem participação/cooperação, de a escola está distante da possibilidade de
um lado, e o uso de apostila imposta pela incluir, ou, o que é mais grave, o quanto,
instituição e validada pelos pais, de outro: – em nome da inclusão, ela exclui. Também se
Uma pequena parcela da turma acompanha pode constatar que, em relação à família, as
com agilidade o tempo das respostas (relato concepções da professora são amparadas pelo
D. C.). entendimento de que a situação de fracasso de
alguns alunos tem raízes externas às relações
O que se pode perceber é que, com escolares, como evidenciado no seguinte
um enfoque na reprodução (permitido e relato: – Ela é uma dos piores, também imagina
incentivado pelo material didático adotado), a família? Devem perceber e ter vergonha do
torna-se comum que as dinâmicas em sala de rendimento e do comportamento que não
aula, ainda que em grupos, se caracterizem melhora nunca... O que a gente pode esperar
por trabalhos individuais e isolados. O dessas crianças, se aqui com meia dúzia não
acompanhamento das aulas das professoras vai, imagina quando cair desse jeito e com essa
nos permitiu observar a presença constante família no mundo... (relato sic).
e diária desse tipo de dinâmica, o que nos
ofereceu elementos para a compreensão É claro o descompromisso da professora em
de que o trabalho isolado propicia ações relação à educação e ao ensino dos alunos, e
competitivas, visto que são mais valorizados culpar as famílias pode ser um recurso que tira
aqueles alunos que cumprem satisfatoriamente dela a responsabilidade e a livra do sentimento
o protocolo de ensino-aprendizagem adotado, de incompetência, mantendo a imagem da
profissional que nada pode fazer a não ser
enquanto aqueles que não acompanham
conformar-se: – Falar que uma criança nessas
têm seu potencial desconsiderado e, muitas
condições vai aprender, daí é demais, a gente
vezes, valorizado por motivos distintos (como
sabe que a base é a família, e nesse caso já viu,
forma de compensação) por seus insucessos
né? (relato sic).
educacionais, ou, na pior das hipóteses,
desconsiderados por completo do processo
Assim, a professora mostra-se estagnada
escolar, como evidenciado no trecho de fala
frente aos desafios que a prática profissional
da professora: – Tem um grupinho modelo...
lhe oferece cotidianamente. Aparentemente,
eles... você precisa ver, é gritante a diferença... as relações estabelecidas em sala de aula são
desde vocabulário..., o comportamento... dá consideradas apenas no âmbito da cognição,
pra ver que são crianças cuidadas... (relato sic). desconsiderando-se a condição de seus alunos
e impossibilitando que conflitos criativos que
A dicotomia revelada no modo como propiciariam a construção de identidades
a professora considera e valoriza as diferenciadas dos alunos e de si própria sejam

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criados, o que constitui mais um empecilho espaços sociais em que vivem os indivíduos,
ao sucesso da inclusão escolar de alunos com é perpetuada pelos próprios significados
necessidades especiais na instituição. e sentidos dos agentes envolvidos e sua
subjetivação está articulada a esses sistemas
Dessa forma, indicadores marcam o e relações sociais dos quais faz parte e se
posicionamento da professora quanto configura.
à impossibilidade de que novas ações
pedagógicas e representações sejam Já afirmamos que pensar no processo de
instauradas, o que possibilitaria considerar inclusão do aluno é pensar também no
a complexidade que caracteriza o processo de inclusão do professor, porém,
desenvolvimento dos alunos em processo o que ainda não citamos é o desafio de se
de inclusão. Tal posicionamento, que leva a considerar a singularidade do professor quando
professora a se guiar em suas ações com base são observadas características tão discrepantes
na representação de que a prática pedagógica daquelas esperadas para a efetivação do
é formada por ações padronizadas para todos reconhecimento e da compreensão das
os alunos, consolida uma zona subjetiva em diferenças em sala de aula. No entanto, não
que “consolidar-se profissionalmente exige enfrentar esse desafio equivaleria a aceitar o
padronização das práticas pedagógicas”, risco de se praticar a exclusão de professores.
logo, um sentido de docência que exclui o
aluno, que exclui a si própria como sujeito, Acreditamos poder considerar que Cristina,
que exclui, enfim, qualquer possibilidade de mesmo sendo agente de transformação de
ser sujeito. sua história, compreendida dentro de suas
peculiaridades e singularidades, não se revela
No entanto, é preciso lembrar que tornar- neste momento uma docente inclusiva,
se um professor sujeito de sua história, visto não inserir em sua prática pedagógica
que promova o desenvolvimento dos cotidiana ações voltadas para a inclusão, ou
alunos e o seu próprio, é inserir-se em um mesmo demonstrar comprometimento com
processo recursivo e complexo e romper o processo. No entanto, por outro lado, fica
representações sociais e individuais que bastante claro o seu comprometimento com
sustentam sua concepção de ensinar, de seus princípios, concepções, necessidades
aprender, de desenvolvimento humano, e interesses. Eis um dos aspectos que
de práticas de ensino-aprendizagem, entre tornam a inclusão ainda mais complexa:
outras. Contudo, ao analisar as informações todos os sujeitos envolvidos na relação
de Cristina, não podemos desconsiderar que necessitam acessar condições favorecedoras,
o oposto nessa situação também deve ser de modo que possam agir, se posicionar e se
considerado, ou seja, as ações consoantes transformar como sujeitos singulares que são,
às representações da professora sobre regras, independentemente de suas necessidades,
costumes e valores da instituição podem aspirações, desejos, vontades e escolhas.
significar um posicionamento singular e
histórico, que a firma como sujeito de suas 3)Possibilidades reduzidas de identificação
escolhas como docente, ainda que um sujeito / pertença
submetido às condições materiais em que
atua. Por fim, são as contradições observadas nesses
dois núcleos de significação que indicam
Como sustenta Gonzalez Rey (2003), a que as ações inclusivas desenvolvidas nessa
subjetividade não pode ser entendida instituição estão relacionadas a possibilidades
como uma abstração, pois é resultante dos reduzidas de identificação / pertença. Exemplo

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disso é a experiência vivida pela professora distinção de dois grupos que dominam a
Andréia, que, diferentemente da professora reflexão – ‘os profissionais da casa’ e os
Ana (em busca de novas ações em meio ‘novatos’, e assim novamente o espaço grupal
a velhas concepções) e da professora instaura uma lógica de hierarquização fechada
Cristina (concepção restrita da prática ao debate sadio (relato D. C.).
pedagógica), expressa sentidos que denotam
que “professores inclusivos dependem de São ainda essas mesmas relações de
escolas inclusivas”, ao revelar sentimentos competitividade que impedem o
de insegurança e de isolamento profissional estabelecimento de relações sociais e pessoais
como frequentes em sua rotina de trabalho. que recuperem os sujeitos envolvidos,
apresentando-lhes novas formas de convívio
Uma das dificuldades da professora Andréia profissional, e não apenas focados em
é não partilhar ainda da organização da instabilidades e ameaças. Ressalta-se,
instituição, segundo relatos ouvidos de seus ainda, que, em decorrência da condição de
colegas de trabalho: – Ela tem aquela vontade, ingressante e de isolamento da professora, o
tem gás dos iniciantes, mas precisa ainda apoio institucional e organizacional em relação
aprender como as regras e como as “músicas à estruturação de suas práticas pedagógicas
são tocadas e dançadas aqui (relato sic). parece inexistente. Assim, as ações de Andréia
no processo de inclusão escolar de um aluno
Efetivar e pensar sobre o processo de com necessidades especiais se apresentam
inclusão escolar é redirecionar as ações como estratégias isoladas e acabam gerando
escolares até então desenvolvidas, rever a a exclusão. Segundo a professora: – Nunca
organização física, estrutural, organizacional trabalhei com inclusão, daí chego aqui e
e, principalmente, pessoal e profissional dos sozinha vou descobrindo tudo, ou melhor, só
agentes envolvidos, o que demanda um vou descobrindo porque ainda não sei o que
reordenamento de papéis e atribuições em vou fazer com ele (relato sic).
que a colaboração e a cooperação promovem
a constituição de uma equipe de trabalho Aparentemente, sem orientações precisas
que assuma e justifique suas escolhas, e não da coordenação (justificadas pela política de
só se adapte às exigências impostas pela autonomia do professor), a professora Andréia
organização, como pode ser constatado no utiliza-se de estratégias que se limitam à
relato da professora: – Não tem parceria, convivência social de seus alunos: – Eu
a rotina de trabalho das seis professoras, vou tentando, confesso que às vezes tenho
mesmo com um número bastante reduzido desespero, saio daqui acabada e fico pensando
de docentes, é individual e isolada, querem o que estou fazendo, fazendo sozinha, né...
mais é competir, fazer o mais bonito, cada um (relato sic).
por si (relato sic).
O desabafo da professora revela que, em
O que se pode perceber é que as ações nome da autonomia, as escolas praticam o
isoladas da professora são a base de algumas abandono. Também não se pode deixar de
das relações pessoais e sociais vivenciadas considerar a importância da formação dos
na instituição, em que a competitividade docentes no que se refere à preparação para
parece transformar-se em dificuldade para o trabalho com a inclusão de alunos com
compreender e desenvolver a proposta de necessidades especiais, enfatizando que essa
inclusão escolar como um processo efetivo formação não deve se resumir à apropriação
de toda a instituição, como pode ser descrito de dinâmicas e práticas pedagógicas a serem
no relato de observação a seguir: – há uma implementadas em sala de aula, mas deve

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impulsionar um processo de construção O que não se pode deixar de considerar


e de reconstrução cotidianas das relações é que parte da cultura organizacional da
pedagógicas e das interações humanas instituição é composta por elementos que
(Souza, 2009). demarcam isoladamente ações pedagógicas
dos professores, que, impulsionados por uma
No entanto, a inclusão escolar exige o relação competitiva em que se valorizam
compromisso de todos os envolvidos e não aqueles que correspondam às suas exigências,
pode ser distanciada das reais condições penaliza individualmente os insucessos, já
diárias dos responsáveis em implementá-la, que a política organizacional da escola não
conforme aparece no que diz a professora: – traça os padrões a serem estabelecidos, e
Parece que querem tratar ele como os outros mais, reproduzidos, também, nas relações
– e é claro que ele tem diferenças, daí colocam pedagógicas ditas inclusivas. Em outras
na sala e me deixam lá com ele; se acontece palavras, a escola exclui os professores,
alguma coisa, a culpa é minha, nessas horas, justamente aqueles que se espera que incluam
ninguém percebe que eu estou com o pepino os alunos.
sozinha para descascar (relato sic).
Dessa forma, os sentidos subjetivos expressos
A forma como a professora concebe o pelas distintas reações e sentimentos da
atendimento de alunos de inclusão revela professora em sua rotina profissional apontam
seu despreparo e a irresponsabilidade da a necessidade de que, para que Andréia
escola em destinar-lhe tal trabalho, sem apoio tenha a possibilidade de empreender ações
mínimo para sua realização: – As atividades, inclusivas em sala de aula, primeiramente é
não adianta, é cinco minutos, e, para isso, necessário que novas configurações subjetivas
quando não dá de rasgar tudo e jogar fora, sejam propiciadas pela instituição, de modo a
ou ainda jogar todo o seu material (relato sic). considerá-la efetivamente como uma docente
(Souza, 2004).
Sem condições para propor atividades
direcionadas, que atendam às peculiaridades Porém, o que fica evidenciado é que essa
do aluno, a professora revela sua perdição no compreensão atrelada à proposta de inclusão
que se refere ao processo de desenvolvimento escolar só se dará de fato quando a instituição
e aprendizagem: – Não dá nem para avaliá-lo, avançar em uma reflexão que focalize seus
eu acho que tem dias que está melhor, mas – aspectos organizacionais, em que se revejam
como vou avaliar isso? (relato sic). seus princípios e valores e seu compromisso
com a inclusão social, isso porque, como já
Como resultado, vivencia sentimentos de apresentado e discutido, o distanciamento
impotência, culpa, frustração, pânico, revolta entre as esferas que compõem a instituição
e isolamento que a levam ao desânimo e à escolar cria um abismo entre os profissionais
desistência de investir nos alunos, em práticas que interfere efetivamente no processo de
efetivas: – Hoje vou mudar, você me desculpe, inclusão em todas as suas esferas (sociais,
pode não concordar, mas estou cansada, pedagógicas, acadêmicas, familiares).
todos acham que eu não dou conta; do jeito
normal, você viu, não dou mesmo (relato sic) Novas possibilidades de pertencimento da
– ao realizar a estratégia de trancar com chave professora impulsionariam a definição de
a porta da sala de aula para que o aluno não uma identidade profissional que possibilitaria
fugisse mais (relato D. C.). refletir sobre as práticas inclusivas, e somente
a partir desse processo novas configurações
subjetivas poderiam ser vivenciadas pelos

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sujeitos. A consideração dos desafios da de uma atuação profissional submissa a


professora Andréia, no processo de inclusão condicionantes institucionais, impedindo o
de alunos com necessidades especiais, põe em desenvolvimento de novas experiências e, por
evidência o despreparo dos profissionais para conseguinte, a elaboração de novos sentidos
trabalhar com a inclusão, mas, sobretudo, o sobre a inclusão. Entretanto, também cabe
descompromisso e a irresponsabilidade questionar o que se tem feito nos espaços
das escolas, que não cumprem seu papel de formação continuada de professores,
no processo, revelando que: professores constituídos há muitos anos, e que fazem
inclusivos dependem de escolas inclusivas. parte da rotina de escolas públicas e privadas.
Como se afirmou na introdução, a questão
A complexidade do processo de inclusão da inclusão não é nova, e, se existem
escolar de alunos com necessidades especiais
políticas e ações, ou mesmo leis, que visam
e os desafios para a efetivação de uma
a torná-la realidade nos sistemas de ensino
proposta inclusiva passam, sem dúvida,
público e privado, há que se questionar que
pelo cuidado com a forma como os alunos
elementos estariam na base dos insucessos
a vivenciam, pois ainda que devessem ser
que caracterizam muitas das experiências
prioridade no processo, muitas vezes, as
de inclusão, do ponto de vista da equipe
ações se voltam para as estratégias, para
profissional ou dos alunos e de suas famílias.
as práticas profissionais, e não consideram
o sujeito que se oferece ao ensino e à
Acredita-se que as análises desenvolvidas
aprendizagem.
respondem a algumas dessas questões,
mas põem em evidência a necessidade
Considerações Finais de se desvelar muitas outras, que ainda
permanecem como desafio aos pesquisadores
As considerações sobre as experiências e profissionais da educação.
vividas pelas professoras nos remetem à
necessidade de problematizar algumas A segunda questão a se considerar se relaciona
questões que entendemos fundamentais para à instituição escolar, que, por sua vez, deveria
o sucesso da inclusão escolar. tomar para si a tarefa de oferecer espaços de
formação permanente que envolvessem todos
A primeira diz respeito à formação dos seus atores, de modo a promover a reflexão
professores, no âmbito inicial ou contínuo, sobre os propósitos de suas ações, sobretudo
que, muitas vezes, embasada em metodologias as inclusivas, tornando-se um espaço para
e recursos pedagógicos descontextualizados, a expressão das dúvidas, das inseguranças,
priva seus formandos ou docentes da dos medos e de troca de saberes, de estudo
possibilidade de refletirem criticamente sobre teorias e práticas de inclusão. Essa
sobre as concepções e os conhecimentos dinâmica possibilitaria a formação de novos
acessados na formação; ficam, desse modo, sentidos subjetivos sobre ser professor em
impossibilitados de desenvolver perspectivas propostas inclusivas e de identificação com a
críticas de análise e compreensão das elaboração, a discussão e a implementação
questões políticas, econômicas, sociais e de ações inclusivas, visto que eles próprios se
ideológicas presentes na educação em geral, sentiriam incluídos na proposta e nas ações
na formação de professores e, em especial, delas decorrentes.
nas políticas de inclusão. Essas questões,
que chamamos de falhas da formação, A intersecção entre o social e o individual,
contribuem sobremaneira para a perpetuação que caracteriza o processo de subjetivação, só

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será vivenciada em momentos de concretude deficiência, sobre pessoas com necessidades


da vida dos sujeitos, os quais envolvem especiais e acessar conhecimentos sobre o
sua história e suas experiências, passadas tema. Espaços com essas características, que
e futuras. No entanto, pôde-se evidenciar, promovem a interlocução, o confronto com o
neste estudo, a escassez de espaços para externo e interno, o contato com as emoções
que os sujeitos vivenciassem as integrações e os sentimentos, são geradores de novos
necessárias ao estabelecimento de novos sentidos sobre a inclusão.
sentidos, na medida em que não havia espaços
para a interlocução e/ou questionamento Assim, promover a inclusão escolar é
da proposta inclusiva, ficando os docentes planejar ações de formação e de atuação
isolados, sem qualquer ajuda da instituição que insiram seus profissionais em novas
ou apoio dos colegas. Essa situação é geradora esferas de compreensão e de vivência
de sofrimento, pois acaba depositando no da proposta inclusiva, nas quais possam
professor a responsabilidade pelo sucesso da questionar, discordar, elaborar e criar ações de
inclusão. Mas como ser um professor inclusivo enfrentamento do cotidiano. Consideramos
em uma instituição que exclui os próprios que somente a vivência e a experiência
professores? Essa é uma questão que precisa de novas ações, não apenas produzidas e
de investimento nos processos de inclusão: estipuladas pelas normas institucionais ou
será preciso envolver todos os profissionais da pelos deveres da profissão, mas construídas
escola desde o momento em que a instituição como espaços de apropriação, de reação e
decide atender a alunos com necessidades de subversão, permitiriam aos docentes novas
especiais. Esses profissionais devem participar formas de subjetivação que contemplassem o
da elaboração da proposta, expondo seus agir docente inclusivo.
medos e dúvidas, suas representações sobre

Claudia Gomes
Doutorado em Psicologia pela Pontificia Universidade Catolica de Campinas. Professora na Universidade Federal
de Alfenas, Minas Gerais – MG – Brasil.
E-mail:cg.unifal@gmail.com

Vera Lucia Trevisan de Souza


Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Docente e pesquisadora do Programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia e do curso de graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, São Paulo – SP – Brasil.
E-mail: vera.trevisan@uol.com.br

Endereço para envio de correspondência:


Avenida John Boyd Dunlop, S/D - Jardim Ipaussurama, Campinas – São Paulo – SP – Brasil.
CEP: 13060-904

Recebido 3/2/2010, 1ª Reformulação 26/3/2012, Aprovado 13/4/2012

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