Você está na página 1de 52

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

OTÁVIO HENRIQUE DE MELO SCHIEFLER

ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CÃES TRAUMATIZADOS ATENDIDOS NO


HVU COM TRAUMA TORÁCICO ENTRE MAIO DE 2014 A AGOSTO DE 2017

Tubarão/SC
2017
OTÁVIO HENRIQUE DE MELO SCHIEFLER

ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CÃES TRAUMATIZADOS ATENDIDOS NO


HVU COM TRAUMA TORÁCICO ENTRE MAIO DE 2014 A AGOSTO DE 2017

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Medicina Veterinária da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial para aprovação na Disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador: Prof. Sérgio Santalucia Ramos da Silva, Me.

Tubarão/SC
2017
OTÁVIO HENRIQUE DE MELO SCHIEFLER

ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CÃES TRAUMATIZADOS ATENDIDOS NO


HVU COM TRAUMA TORÁCICO ENTRE MAIO DE 2014 A AGOSTO DE 2017

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Medicina Veterinária da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial para aprovação na Disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso II.

Tubarão, 06/11/2017.

______________________________________________________
Prof. Sérgio Santalucia Ramos da Silva, Me.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Anderson Assumpção Me.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Débora Maria Marques Callado de Oliveira, Ma.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho aos meus pais, Simone de
Melo Schiefler e Alexandre Otávio Kolb
Schiefler, e minha avó Rute, por todo apoio,
confiança e incentivo para correr atrás dos
meus sonhos e objetivos.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de começar agradecendo ao professor e orientador Sérgio Santalucia


Ramos da Silva, por todo ensinamento passado durante as aulas, estágios e este trabalho. É
um profissional no qual tenho muito respeito e carinho. Um profissional na qual me espelho
muito. Deixo aqui minha admiração.
Também gostaria de agradecer a todos os professores do curso de medicina
veterinária da UNISUL, que contribuíram com minha jornada acadêmica e formação.
Agradecimentos a minha turma 2013-b, com certeza foi e sempre será a melhor turma de
todas e me orgulho muito por ter feito parte. E claro, agradecimentos enormes às amizades
feitas ao longo da graduação. Todas as risadas, choros e conselhos levarei para o resto da
vida.
“Você, eu, ninguém vai bater tão duro quanto a vida. Mas não se trata de bater
duro, se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de
aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer!” (ROCKY V, 2006).
RESUMO

Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento retrospectivo dos cães
traumatizados, com histórico de trauma torácico, atendidos no Hospital Veterinário Unisul
(HVU), Tubarão/SC, durante o período de maio de 2014 a agosto de 2017. Foram obtidos o
total de 19 casos de cães vítimas de traumatismo torácico através da análise das fichas clínicas
e cirúrgicas contidas no banco de dados do HVU, tendo como principal causa dessa afecção o
acidente automobilístico (57,89%). Posteriormente, os casos foram classificados quanto ao
número total de complicações, uma complicação e múltiplas complicações, assim como a
análise das frequências dessas complicações, na qual a hérnia diafragmática foi a alteração
mais presente (47,36%), seguido por pneumotórax (36,84%) e fratura de costela (31,57%).
Com relação ao número de complicações, foi identificado igualdade nos dois grupos, ambos
apresentando o mesmo número de casos (47,36%). Dessa forma, os casos foram
reorganizados novamente em dois grupos, porém, utilizando como comparativo a etiologia
mais frequente (acidente automobilístico) e outras etiologias com o número total de
complicações, na qual obteve-se também igualdade com relação ao número de casos. Além
disso, outros dados foram análisados, como o índice de sobrevivência com relação a principal
etiologia responsável pelo trauma torácico, tendo 72,73% de taxa de sobrevivência. Os dados
cadastrais de raça, gênero, peso e idade foram categorizados e traçado o perfil característico
desse tipo de paciente no HVU, tendo cães SRD, machos, pequeno porte e com idade entre 1
e 5 anos em sua maioria (74%). Os parâmetros vitais de frequência cardíaca, frequência
respiratória, temperatura e coloração de mucosa foram analisados, porém, devido a falta de
alguns dados, a correlação não condiz com os resultados reais. Por fim, foi verificado o tipo
de tratamento necessário para resolução do problema, clínico ou cirúrgico, assim como a
resolução do caso, prognóstico favorável o paciente recebeu alta e prognóstico desfavorável o
paciente veio a óbito.

Palavras-chave: Trauma torácico, Hérnia diafragmática, Acidente automobilístico, Cães,


Lesões intra-torácicas, Traumatologia.
ABSTRACT

This study aimed to perform a retrospective survey of traumatized dogs with a history of
thoracic trauma, attended at the Unisul Veterinary Hospital (HVU), Tubarão / SC, from May
2014 to August 2017. A total of 19 The cases of dogs victims of thoracic trauma through the
analysis of the clinical and surgical records contained in the HVU database, having as the
main cause of the affection the automobile accident (57.89%). Subsequently, the cases were
classified according to the total number of complications, a complication and multiple
complications, such as frequency analysis, quality of life, improved quality of life (47.36%),
followed by pneumothorax (36.84% ) and rib fracture (31.57%). Regarding the number of
complications, equality was identified in both groups, both presenting the same number of
cases (47.36%). Thus, the cases were reorganized again into two groups, however, using as a
comparative the most frequent etiology (automobile accident) and other etiologies with the
total number of complications, in which there was also equality in relation to the number of
cases. In addition, other data were similar, such as the survival index in relation to the main
etiology responsible for thoracic trauma, with a survival rate of 72.73%. The cadastral data of
race, gender, weight and age were categorized and traced in the characteristic profile of the
non HVU type, with SRD dogs, males, small and aged between 1 and 5 years (74%). The vital
parameters of heart rate, respiratory rate, temperature and mucosal staining were analyzed,
however, due to lack of data, a correlation does not match the actual results. Finally, we
verified the type of treatment required to solve the problem, clinical or surgical, such as case
resolution, prognosis or patient and high definition and unfavorable prognosis of the patient
died.

Keywords: Chest trauma, Diaphragmatic hernia, Automobile accident, Dogs, Intra-thoracic


injuries, Traumatology.
LISTA DE SIGLAS

TT - Trauma torácico
HVU - Hospital Veterinário Unisul
FC - Frequência cardíaca
FR - Frequência respiratória
T°C - Temperatura retal
SRD - Sem raça definida
O2 - Oxigênio
AMBU - Artificial manual breathing unit
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................12
2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................13
2.1 ANATOMIA DO TÓRAX...............................................................................................13
2.2 TRAUMA.........................................................................................................................16
2.2.1 CINÉTICA DO TRAUMA.........................................................................................17
2.3 TRAUMA TORÁCICO...................................................................................................18
2.3.1 EFEITO OCUPAÇÃO DE ESPAÇO........................................................................18
2.3.1.1 PNEUMOTÓRAX......................................................................................................18
2.3.1.2 EFUSÃO PLEURAL..................................................................................................19
2.3.1.3 HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA...................................................................................19
2.3.2 CONTUSÃO PULMONAR........................................................................................19
2.3.3 FRATURA DE COSTELA.........................................................................................19
2.4 DIAGNÓSTICO...............................................................................................................20
2.4.1 TORACOCENTESE...................................................................................................20
2.4.2 EXAME RADIOGRÁFICO.......................................................................................21
2.5 ABORDAGEM DO PACIENTE TRAUMATIZADO....................................................24
2.5.1 ABORDAGEM PRIMÁRIA - PROTOCOLO ABC DO TRAUMa.......................24
2.5.2 ABORDAGEM SECUNDÁRIA - A CRASH PLAN................................................25
2.6 PROGNÓSTICO..............................................................................................................26
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................27
4 RESULTADOS..................................................................................................................28
5 ARTIGO............................................................................................................................29
RETROSPECTIVE STUDY OF TRAUMATIZED DOGS SEEN IN HVU WITH
THORACIC TRAUMA BETWEEN MAY 2014 AND AUGUST 2017............................29
5.1 RESUMO........................................................................................................................29
5.2 ABSTRACT....................................................................................................................30
5.3 INTRODUÇÃO..............................................................................................................30
5.4 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................32
5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................33
5.6 CONCLUSÃO................................................................................................................37
5.7 AGRADECIMENTO (S)...............................................................................................37
5.8 REFERÊNCIAS.............................................................................................................38
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................40
REFERÊNCIAS......................................................................................................................41
12

1 INTRODUÇÃO

O trauma torácico (TT) é uma afecção comum na rotina de atendimentos de


pequenos animais, principalmente em grandes centros urbanos. O TT ocorre principalmente
por acidentes automobilísticos, interação entre animais, quedas, perfuração por objetos
penetrantes e armas de fogo. Na maior parte dos casos, esse tipo de trauma está relacionado
com multicomplicações, como contusão pulmonar, pneumotórax, efusão pleural, fratura de
costela e hérnia diafragmática.
Devido a sua gravidade e alto risco de óbito por consequência de
comprometimentos multissistêmicos, é fundamental que o médico veterinário esteja
preparado para uma correta abordagem clínico-cirúrgica emergencial desses pacientes a fim
de melhorar o suporte e aumentar as chances de sobrevivência dos mesmos. Muitas vezes não
é fácil identificar as lesões por serem intratorácicas. Além disso, não é incomum os pacientes,
principalmente os felinos, esconderem ou não demonstrarem sinais clínicos exuberantes.
Dessa forma, o conhecimento da etiopatogenia do TT é fundamental para se iniciar a
abordagem o mais rápido possível.
A pesquisa teve como objetivo analisar, por meio do levantamento de dados, a
casuística de cães traumatizados atendidos no Hospital Veterinário Unisul (HVU),
Tubarão/SC, com histórico de TT, durante o período de maio de 2014 a agosto de 2017,
buscando identificar qual a principal etiologia responsável pelo desenvolvimento de TT, o
número de complicações envolvidas, assim como a complicação mais comum em decorrência
do TT, taxa de óbito dessa afecção, qual gênero possui maior acometimento, analisar o padrão
fisiológico, qual porte é mais acometido, assim como a média de peso e idade, bem como a
resolução dos casos. Dessa forma, é possível traçar um perfil desse tipo de paciente,
melhorando a forma de abordagem, otimizando o tempo entre a identificação, avaliação e
tomada de decisão, buscando garantir a sobrevida desses paciente.
13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ANATOMIA DO TÓRAX

O tórax possui comunicação com o pescoço na sua porção cranial e, com o


diafragma, na sua porção caudal. Cranialmente, o tórax, é delimitado pela primeira vértebra
torácica, o primeiro par de costelas e a porção cranial do osso esterno (FRANDSON et al.,
2011). A cavidade torácica é composta pela parte final da traquéia, pelos brônquios e suas
ramificações, pelos pulmões, pelo coração e os grandes vasos. Na sua conformação, está a
coluna vertebral, seguido por 13 pares de costelas, osso esterno e os músculos da parede
torácica (BUDRAS et al., 2012).
A traqueia é constituída por vários anéis cartilaginosos incompletos, unidas por
ligamentos anulares. Após a bifurcação da traqueia, na região conhecida como Carina,
originam-se os brônquios principais direito e esquerdo, os quais se ramificam dentro dos
pulmões em brônquios lobares, segmentares, bronquíolos e, por fim, os alvéolos, local
responsável pela troca gasosa com o sangue (Figura 1) (DYCE et al., 2004). A traqueia e os
brônquios são responsáveis pela condução do ar até os pulmões (BUDRAS et al., 2012).

Figura 1. Árvore brônquica do cão, em vista dorsal. Os brônquios principais, lobares e


segmentados estão representados pelas letras e números, de acordo com a sua origem broncoscópica e orientação
anatômica.
14

(Fonte: EVANS & LAHUNTA, 2010).

Os pulmões (Figura 2) estão divididos em direito e esquerdo. Cada pulmão possui


sua divisão: pulmão direito subdividido em lobo cranial, lobo médio, lobo caudal e lobo
acessório. Já o pulmão esquerdo é composto por lobo cranial, subdividido em porção cranial e
porção caudal e lobo caudal (POPESKO, 2012). Cada pulmão é revestido por uma membrana,
chamada de pleura visceral ou pulmonar, a qual fica aderida na superfície dos pulmões. Existe
outra pleura que recobre a face interna da cavidade torácica, chamada de pleura parietal. As
pleuras recebem lubrificação de um líquido seroso, evitando o atrito entre os pulmões durante
os movimentos respiratórios. O espaço compreendido entre as pleuras visceral e parietal é
denominado de mediastino (MANTOVANI, 2005; FRANDSON et al., 2011).

Figura 2. Anatomia pulmonar - Face dorsal e ventral


15

(Fonte: CONSTANTINESCU, 2005).

A irrigação sanguínea dos pulmões é feita através do tronco pulmonar, da qual


saem ramos chamados artérias pulmonares direita e esquerda. A artéria pulmonar direita,
desmembra-se em três ramos, responsável por levar o sangue até o hilo pulmonar e para os
lobos pulmonares direito. A artéria pulmonar esquerda, possui na sua divisão o ramo
ascendente e o descendente. O ramo ascendente é responsável pelo lobo cranial do pulmão
esquerdo, enquanto o ramo descendente é responsável pelo lobo caudal do pulmão esquerdo
(CONSTANTINESCU, 2005).
O coração (Figura 3) pode ser dividido em lado direito e esquerdo. O lado direito
do coração é responsável pela circulação pulmonar, chamada antigamente de "pequena
circulação". Já o lado esquerdo do coração fica responsável pela circulação sistêmica,
chamada antigamente de "grande circulação" (DYCE et al., 2004; BUDRAS et al., 2012).
Cada lado do coração possui duas câmaras: átrios direito e esquerdo, que recebem o sangue
das grandes veias e os ventrículos direito e esquerdo, responsáveis por bombear o sangue para
as grandes artérias (POPESKO, 2012).O coração ainda pode ser dividido em três porções em
relação a sua musculatura: a camada externa, chamada de epicárdio. A camada interna,
chamada de endocárdio e a cada muscular, chamada de miocárdio (FRANDSON et al., 2011).
Entre os átrios e ventrículos, existem valvas atrioventriculares, chamadas de valva
bicúspide ou mitral no lado esquerdo e tricúspide no lado direito. Em cada saída sanguínea
dos ventrículos, possuem as valvas semilunares (aórtica na artéria aorta e pulmonar no tronco
pulmonar). A função das valvas cardíacas é impedir o refluxo sanguíneo durante a sístole e
diástole (CONSTANTINESCU, 2005).
16

Figura 3. Anatomia cardíaca e grandes vasos do cão - vista ventral

(Fonte: EVANS & LAHUNTA, 2010).

O sangue venoso, com baixa concentração de oxigênio, retorna ao coração pelo


átrio direito, através das veias cavas cranial e caudal. Após chegar no átrio direito, o sangue
passa pela valva tricúspide para o ventrículo direito. Então, o sangue é bombeado para a
artéria pulmonar até os pulmões, onde o sangue venoso recebe oxigênio proveniente da troca
gasosa com os alvéolos e retorna ao coração pelas veias pulmonares, até o átrio esquerdo, que
por sua vez passa pela valva bicúspide, caindo no ventrículo esquerdo, a qual bombeia o
sangue para a artéria aorta e seus ramos, enviando o sangue arterial, rico em oxigênio, para
todas as partes do corpo (MANTOVANI, 2005; FRANDSON et al., 2011).
Os músculos do tórax (Figura 4) recebem a nomenclatura de 'músculos
respiratórios', sendo divididos em inspiratórios e expiratórios. Os músculos inspiratórios
situam-se nas margens craniais das costelas, que tracionam as costelas no sentido
craniolateral, ampliando a caixa torácica. Os músculos inspiratórios são: serrátil dorso cranial,
reto do tórax, intercostais externos e o diafragma. Já os músculos expiratórios, situam-se nas
margens caudais das costelas, as quais tracionam as costelas no sentido caudomedial, fazendo
17

o estreitamento da caixa torácica. Os músculos expiratórios são: serrátil dorsal caudal,


intercostais internos e transverso do tórax (BUDRAS et al., 2012).

Figura 4. Musculatura de pescoço e tórax do cão - vista lateral

(Fonte: EVANS & LAHUNTA, 2010).

2.2 TRAUMA

O termo "trauma" possui origem grega, empregada para designar "ferida" ou


"ferimento", com sua definição referindo-se à lesão tecidual, com ocorrência de forma
abrupta, por meio de violência ou acidente (MORAES et al., 2010).
Frequentemente, cães e gatos são vítimas de traumatismo, sendo as lesões
classificadas em contundentes (não penetrantes) ou penetrantes (SIMPSON et al., 2009).
Dentre as causas de trauma contundente, estão acidentes automobilísticos, quedas e pancadas;
já no trauma penetrante estão armas brancas, mordeduras e projéteis de alta velocidade
(RAISER et al., 2015).
18

A principal característica do trauma contundente é a rápida compressão e


descompressão por uma grande onda de energia cinética causada pelo impacto no animal,
excedendo a capacidade de resistência suportada pelas estruturas ósseas. O resultado disso são
lesões contusas de órgãos e fraturas ósseas. Já o trauma penetrante consiste em uma aplicação
localizada de energia cinética, resultando em lesões abertas, com penetração de cavidades,
dilaceração de musculatura e, geralmente, com presença de bactérias (NUNES, 2009).
Segundo Holowaychuk & Monteith (2011), a causa mais comum de lesão contusa
em cães é por decorrência de acidentes automobilísticos. Em gatos, as lesões contusas são
decorrentes de quedas, acidentes automobilísticos e acidentes em máquinas de lavar ou em
motores de carros. Em lesões penetrantes, tanto em cães como em gatos, a maior casuística
está concentrada em brigas entre animais.
A resposta do organismo frente a um trauma depende de alguns fatores, como a
extensão da lesão, presença de hemorragia, dor e estresse. Quando o trauma é mínimo, por
meio de mecanismos fisiológicos, o organismo inicia uma resposta visando compensar a lesão
ocorrida e prevenir sua progressão. Entretanto, quando o evento traumático é grave, tem início
diversas alterações acidobásicas, inflamatórias e imunológicas que resultam em disfunção e
falência orgânica, infecções ou sepse, distúrbios de coagulação e processo inflamatório
sistêmico (MUIR, 2006).

2.2.1 CINÉTICA DO TRAUMA

Cães e gatos reagem de forma diferente a um trauma e a partir da apresentação


deles, podem ter lesões específicas. Os cães, normalmente, antecipam o impacto, ou seja, se
defendem, dessa forma, ao perceber que será atingido, eles se viram, fecham a glote e
contraem o abdome, dessa forma, a pressão intratorácica ficará muito aumentada e o
diafragma e musculatura abdominal rígidos, consequentemente, ao receber o golpe
contundente, poderá apresentar fratura de membros pélvicos (pelo movimento de se virar para
se defenderem da pancada), contusão pulmonar, fratura de costela, pneumotórax, hemotórax
e/ou hemoperitônio (pelo golpe do baço e fígado contra o diafragma contraído). Já o gato, ao
perceber que será atingido, tende a se manter de frente ao que vai agredi-lo, não fechando a
glote e não contraindo o abdome, consequentemente, receberá golpe direto na cabeça,
apresentando lesões variáveis na mesma, podendo ter exoftalmia traumática, fenda palatina
19

traumática e desinserção de sínfise mentoniana, além disso, durante o impacto, as vísceras


abdominais serão jogadas contra o diafragma que estará relaxado e a pressão intratorácica
baixa, não dando suporte ao mesmo, assim, com o deslocamento abrupto das vísceras
abdominais sobre a cúpula diafragmática, ocorrerá ruptura do mesmo e hérnia diafragmática
(AGUIAR, 2011 & RAISER et al., 2015).

2.3 TRAUMA TORÁCICO

O TT representa cerca de 10% das lesões causadas por algum tipo de traumatismo
na rotina de pequenos animais, sendo comum o atendimento com esse tipo de afecção
(CUNHA et al., 2009). Devido às consequências respiratórias, cardiovasculares e
hemorrágicas, as lesões causadas pelo TT estão entre as principais causas de óbito, sendo
necessária uma abordagem clínico-cirúrgica emergencial na maior parte dos casos (RAISER
et al., 2015).
As principais causas que resultam em traumatismo torácico especificamente são
atropelamento por automóveis, interações entre animais, quedas e objetos penetrantes
(RAMPAZZO et al., 2013). O TT dificilmente ocorre de forma isolada, geralmente estando
associadas a choque e outras lesões (WOUK, 2009). As complicações mais comuns são
contusão pulmonar, pneumotórax, efusão pleural, fratura de uma ou mais costelas e hérnia
diafragmática. A lesão à cavidade torácica pode ser classificada também em aberta ou fechada
(PAREDES, 2010).
A apresentação clínica consiste, principalmente, em sinais de distrição
respiratória, como taquipneia, posição ortopnéica e sons pulmonares abafados na auscultação.
Além disso, quando há presença de hemorragia, o animal pode apresentar hipovolemia ou até
mesmo entrar em um quadro de choque hipovolêmico, caracterizado por taquicardia, pulso
periférico fraco, extremidades frias, mucosas pálidas ou cianóticas pela baixa perfusão
tecidual e letargia (BJORLING, 2008; FOSSUM, 2008).
20

2.3.1 EFEITO OCUPAÇÃO DE ESPAÇO

2.3.1.1 PNEUMOTÓRAX

O pneumotórax é caracterizado pelo acúmulo de ar dentro da cavidade torácica ou


espaço pleural. Consequentemente, há diminuição da pressão negativa, impedindo a expansão
dos pulmões, podendo resultar em atelectasia. A entrada do ar pode ser por lesão direta na
parede torácica, havendo exposição da cavidade com o meio externo, por meio de um
ferimento, chamado de pneumotórax aberto, ou por lesão de lobo pulmonar, tendo
extravasamento de ar para dentro da cavidade torácica, chamado de pneumotórax fechado
(VASCONCELLOS, 2009).

2.3.1.2 EFUSÃO PLEURAL

Efusão pleural é definida como acúmulo de líquido no espaço pleural, sendo


classificada em hemotórax (quando há presença de sangue), piotórax (quando há presença de
exsudato purulento) e quilotórax (quando há presença de linfa) (MELO; MARTINS, 2009).

2.3.1.3 HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA

A hérnia diafragmática é resultado do rompimento do diafragma, por conta do


traumatismo, resultando em passagem de órgãos abdominais para dentro da cavidade torácica
(PRADO et al., 2013).

2.3.2 CONTUSÃO PULMONAR

A contusão pulmonar é resultado de uma intensa compressão e descompressão de


forma rápida do parênquima pulmonar e alvéolos, resultando em lesões e rompimento dos
capilares pulmonares. A consequência disso é o desenvolvimento de hemorragia
intrapulmonar. Conforme o acúmulo de sangue dentro dos pulmões vai progredindo, a troca
gasosa torna-se ineficaz, resultando em baixa ventilação e hipóxia (MARKS, 2011).
21

2.3.3 FRATURA DE COSTELA

A fratura de costela, também chamada de "tórax instável", geralmente ocorre por


traumas contusos, caracterizada por uma ou mais costelas adjacentes fraturadas. Quando há
perda de continuidade de costela com o restante do tórax, ocorre o desenvolvimento de
movimento paradoxal respiratório, que por consequência na alteração de pressão intrapleurais,
a região fraturada move-se para dentro durante a inspiração e para fora durante o movimento
de expiração (TORRES, 2010).

2.4 DIAGNÓSTICO

2.4.1 TORACOCENTESE

A toracocentese (Figura 5) é o procedimento de primeira escolha para o


diagnóstico do efeito de ocupação de espaço, seja ar, líquido ou vísceras. A punção deve ser
realizada na linha média do tórax, entre o 6ª e 8ª espaço intercostal, com agulha em ângulo de
90° em relação ao tórax. A punção deve ser feita em ambos os lados, caso o acúmulo de ar ou
líquido seja bilateral, começando pelo lado esquerdo (RAISER et al., 2015).

Figura 5. Procedimento de toracocentese realizada no hemitórax acometido, com o bisel da agulha


em ângulo de 90°. Após a inserção da agulha, deve-se virar o bisel para a parede torácica, reduzindo o risco de
laceração pulmonar.
22

(Fonte: SLATTER, 2007).

Além disso, a toracocentese também possui função terapêutica, pois ao remover o


ar ou líquido de dentro da cavidade do tórax, faz com que diminua a pressão intratorácica e,
pela descompressão, permite a expansão dos pulmões, aliviando o quadro respiratório
(GARCÍA, 2006).

2.4.2 EXAME RADIOGRÁFICO

Com o paciente estabilizado e fora de risco, o exame radiográfico pode ser


efetuado para confirmação do efeito de ocupação de espaço, principalmente a hérnia
diafragmática, além da contusão pulmonar e fratura de costela (WADDELL; KING, 2013).
Os sinais radiográficos de pneumotórax (Figura 6) incluem a visualização do
tamanho reduzido dos pulmões e o aspecto radiolucente do espaço pleural, por conta do
acúmulo do ar, Com a diminuição dos pulmões, é comum o desenvolvimento de atelectasia,
visto na radiografia com o aspecto mais radiopaco e, conforme o aumento do grau de
colabamento, maior o grau de radiopacidade dos pulmões. Além disso, os bordos pulmonares
ficam retraídos em relação a parede torácica e há afastamento do coração com relação ao osso
esterno (KEALY et al., 2012).
23

Figura 6. Radiografias latero-lateral (A) e ventro-dorsal (B) da região toraco-abdominal de um cão.


Verificou-se retração de lobos pulmonares e aumento de densidade do pulmão devido a atelectasia; cavidade
torácica radiolucente devido ao acúmulo de ar; deslocamento do coração dorsalmente em relação ao esterno;
perda da silhueta diafragmática

(Fonte: Talita Eising, 2017).

Os sinais radiográficos de efusão pleural (Figura 7) incluem a presença de líquido


no espaço pleural, resultando no seu espessamento, apresentando aspecto radiopaco e
opacificação de fissuras interlobares (THRALL, 2010).

Figura 7. Radiografias latero-lateral (A) e ventro-dorsal (B) da região toraco-abdominal de um


felino. Verificou-se aumento de radiopacidade da cavidade torácica pelo acúmulo de líquido; perda da silhueta
cardíaca e diafragática
24

(Fonte: Talita Eising, 2017).

Em hérnia diafragmática, os sinais radiográficos (Figura 8) podem ser visto na


radiografia simples ou contrastada. A visualização de presença de órgãos abdominais com
presença de gases dentro do tórax, perda da definição da linha diafragmática por conta da
ruptura e, ainda é possível identificar o posicionamento incorreto dos pulmões e ausência da
silhueta cardíaca por conta do deslocamento das estruturas gastrointestinais, fígado e baço
(LLABRÉS-DÍAZ et al., 2008).

Figura 8. Radiografia latero-lateral direito da região toraco-abdominal de um cão. Verificou-se


perda da silhueta diafragmática e cardíaca; extensa área com aumento de radiopacidade na cavidade torácica
25

(Fonte: Talita Eising, 2017).

No caso de contusão pulmonar, os sinais radiográficos podem estar ausentes nas


primeiras horas. Geralmente, o surgimento começa entre 6 a 12 horas após o trauma (WOUK,
2009), caracterizado por aumento de radiopacidade alveolar. Os sinais radiográficos também
incluem padrão alveolar por conta do infiltrado pulmonar e pode ou não haver fratura de
costela associada após trauma contundente (KEALY et al., 2012).
26

2.5 ABORDAGEM DO PACIENTE TRAUMATIZADO

2.5.1 ABORDAGEM PRIMÁRIA - PROTOCOLO ABC DO TRAUMa

A abordagem do paciente traumatizado, na maior parte dos casos, acaba sendo um


procedimento de emergência, devido as suas complicações. É fundamental que o médico
veterinário esteja pronto para receber este tipo de alteração, para que as tomadas de ações
sejam feitas de forma consciente, visando a sobrevida do paciente.
O método preconizado para estabilização do paciente traumatizado é o protocolo
ABC (A - Airway, B - Breathing, C - Circulation) do trauma (TELLO, 2010). O sistema ABC
tem como prioridade a avaliação da integridade e funcionamento dos sistemas respiratórios e
cardiovascular. A partir do protocolo, é possível identificar alterações que possam
comprometer a vida do paciente, adotar a correção e classificar em estável ou instável
(COSTA, 2014).
O objetivo do protocolo ABC é: Vias áreas (A), identificar qualquer problema que
esteja obstruindo ou dificultando a passagem do oxigênio pelas vias aéreas, superiores ou
inferiores, até os pulmões. Respiração (B), consiste em observar o padrão e o grau de esforço
respiratório, assim como verificar a integridade da caixa torácica. Circulação (C), consiste em
avaliar a hemodinâmica, grau de perfusão tecidual e a funcionalidade cardíaca (RAISER et
al., 2015).
Vias aéreas (A) - Manter as vias aéreas livres para conseguir uma oxigenação
adequada é a primeira medida que deve ser realizada (MANTOVANI, 2005). Para isso, é
necessária a limpeza ou sucção de qualquer material que possa estar impossibilitando a
passagem do ar na cavidade nasal, oral, faringe e traquéia, como sangue, muco ou outros
líquidos. Em alguns casos, somente a sucção do material é insuficiente, ou até mesmo o
animais esteja em um quadro de apneia ou parada respiratória. Nesses casos, a intubação
orotraqueal com tubo endotraqueal é o método mais indicado (BROWN; DROBATZ, 2013).
Quando a intubação orotraqueal está impossibilitada, o procedimento de cricotireoideostomia
é o procedimento de primeira escolha (MORAES et al., 2010).
Respiração (B) - A oferta de oxigênio deve ser realizada assim que uma via aérea
estiver viável, visando a manutenção de uma boa ventilação. A ventilação pode ser feita de
27

três formas: através do aparelho anestésico, sendo o método mais ideal, com oxigênio a 100%.
Outra forma é o uso do AMBU®, que utiliza o oxigênio do ambiente (21% O2), podendo ser
acoplado a um reservatório de oxigênio, chegando ao 100% ou através de uma máscara ou
sonda nasal conectada a uma fonte de oxigênio 100%, caso o paciente esteja acordado e
respirando sozinho (ROSSI et al., 2007).
Circulação (C) - Durante a avaliação circulatória, deve-se verificar a presença de
bulhas cardíacas, sua frequência, intensidade e ritmo, assim como a presença e qualidade de
pulso. Para avaliar esses parâmetros, utiliza-se a auscultação e Doppler vascular ou
oscilométrico, respectivamente. Também é necessário verificar a perfusão tecidual do
paciente, através da análise de coloração de mucosas e tempo de preenchimento capilar e a
hemodinâmica do paciente, identificando a presença de hemorragias internas ou externas
(CROWE, 2009; RAISER et al., 2015).

2.5.2 ABORDAGEM SECUNDÁRIA - A CRASH PLAN

Feito a abordagem primária, tendo as complicações graves estabilizadas e uma


adequada oxigenação aos tecidos, inicia-se a abordagem secundária, buscando reunir maiores
informações sobre o histórico e proceder com uma avaliação mais detalhada e completa. Isso
inclui exame físico amplo, necessidade de exames complementares e, se for o caso,
encaminhamento cirúrgico (MARAES et al.,2010).
Como método de abordagem, utiliza-se a sigla mnemônica A CRASH PLAN
(tabela 1) (RAISER et al., 2015).
Tabela 1. Descrição das siglas A CRASH PLAN (RAISER; CASTRO;
SANTALUCIA, 2015)
A CRASH PLAN
A Airway (Vias aéreas)
C Cardiovascular (Sistema cardiovascular)
R Respiration (Respiração)
A Abdôme (Abdômen)
S Spine (Coluna)
H Head (Cabeça)
P Pelvis (Pélvis)
L Legs (Membros)
28

A Arteries (Artérias)
N Nerves (Nervos)

A avaliação consiste em observar a patência das vias aéreas superiores (A);


verificar a coloração de mucosa, TPC, presença e qualidade de pulso, bulhas cardíacas e
pressão arterial (C); observar o padrão respiratório e auscultação bilateral dos pulmões (R);
procurar escoriações, ferimentos, sinais de hemorragia e presença de dor no abdômen (A);
Analisar o alinhamento da coluna, bem como a presença e sensação de dor superficial e
profunda (S); Verificar o grau de consciência do paciente, diâmetro da pupila e sensibilidade
motora (H) (CROWE, 2009; BROWN; DOBRATZ, 2013; RAISER et al., 2015).
A avaliação completa da região pélvica (P); Avaliar a presença de edema,
deformidades, lacerações, dor e a movimentação dos membros (L); Verificar a força e
intensidade do pulso arterial, podendo utilizar a femoral e tibial cranial (A); Através do
pinçamento digital, verificar a sensibilidade dolorosa dos nervos periféricos (N) (RAISER et
al., 2015).

2.6 PROGNÓSTICO

Segundo Raiser et al (2015), o prognóstico do trauma torácico depende do seu


rápido atendimento, diagnóstico e estabilização. O prognóstico pode ser favorável quando o
problema é identificado e corrigido, mantendo os níveis de oxigenação adequadas e baixo
nível de estresse. Quando o trauma torácico é fechado, geralmente, demora-se mais para
identificar as complicações, principalmente em gatos que, por serem carnívoros naturais,
dificilmente demonstram sinais de 'fraqueza', resultando num prognóstico desfavorável.
Para os pacientes que tiveram que passar por procedimento cirúrgico, tornou-se
necessário muita atenção ao pós-operatório, pois há o risco do paciente evoluir a óbito por
efusão e pneumotórax. Nesses casos, a monitoração é extremamente importante para a
sobrevivência do paciente (BROWN; DOBRATZ, 2013; RAISER et al, 2015).
29

3 MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento de dados foi obtido pela avaliação das fichas clínicas e cirúrgicas dos
cães traumatizados contidas no banco de dados do Hospital Veterinário Unisul, Tubarão/SC,
com histórico de TT, referente ao período de maio de 2014 a agosto de 2017.
Os dados sobre ano, dados cadastrais de raça, gênero, peso e idade, etiologia do
traumatismo, complicações decorrentes do TT (pneumotórax, efusão pleural, hérnia
diafragmática. contusão pulmonar e fratura de costela), parâmetros vitais de frequência
cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura (T°C) e coloração de mucosa, tipo de
tratamento (clínico ou cirúrgico) e o prognóstico (favorável - alta, desfavorável - óbito) dos
casos foram obtidos por meio da análise manual de cada ficha dos cães com TT.
Posterior à coleta e análise, os dados foram organizados em planilha do software Excel
2007 da plataforma Windows, onde foi verificado a frequência dos seguintes dados: número
de casos nos 40 meses do estudo, raça, sexo, etiologia, complicações, parâmetros vitais (FC,
FR, T°C e coloração de mucosa), tratamento e prognóstico. Dentro das análise das
complicações, os casos ainda foram separados em dois grupos, conforme a quantidade de
complicações: monocomplicação e multicomplicação. Além disso, foi verificado a média e
desvio padrão dos dados de peso e idade, bem como a classificação quanto ao porte dos cães:
pequeno porte (até 10 kg), médio porte (10 a 20 kg) e grande porte (acima de 20 kg),
conforme é classificado no HVU.
Após a análise das distribuições de frequências e médias, os dados obtidos foram
comparados com o que a literatura relata a respeito do TT.
30

4 RESULTADOS

Os resultados serão apresentados em forma de artigo científico formatado de


acordo com as normas da revista Ciência Rural.
31

5 ARTIGO

ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CÃES TRAUMATIZADOS ATENDIDOS NO

HVU COM TRAUMA TORÁCICO ENTRE MAIO 2014 A AGOSTO DE 2017

Retrospective study of traumatized dogs seen in HVU with thoracic trauma between

May 2014 and August 2017

Otávio Henrique de Melo Schiefler1 Sérgio Santalucia Ramos da Silva2*

5.1 RESUMO

Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento retrospectivo dos cães

traumatizados, com histórico de trauma torácico, atendidos no Hospital Veterinário Unisul

(HVU), Tubarão/SC, durante o período de maio de 2014 a agosto de 2017. Foram obtidos o

total de 19 casos de cães vítimas de traumatismo torácico através da análise das fichas clínicas

e cirúrgicas contidas no banco de dados do HVU, tendo como principal causa dessa afecção o

acidente automobilístico (57,89%). Posteriormente, os casos foram classificados quanto ao

número total de complicações, uma complicação e múltiplas complicações, assim como a

análise das frequências dessas complicações, na qual a hérnia diafragmática foi a alteração

mais presente (47,36%), seguido por pneumotórax (36,84%) e fratura de costela (31,57%).

Com relação ao número de complicações, foi identificado igualdade nos dois grupos, ambos

apresentando o mesmo número de casos (47,36%). Dessa forma, os casos foram

¹
1
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL),
Tubarão, SC, Brasil. E-mail: vetotavio@gmail.com.
²*
2
Professor do Curso de Medicina Veterinária da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Tubarão,
SC, Brasil. E-mail: santalucia.sergio@gmail.com. Autor para correspondência.
32

reorganizados novamente em dois grupos, porém, utilizando como comparativo a etiologia

mais frequente (acidente automobilístico) e outras etiologias com o número total de

complicações, na qual obteve-se também igualdade com relação ao número de casos. Além

disso, outros dados foram analisados, como o índice de sobrevivência com relação a principal

etiologia responsável pelo trauma torácico, tendo 72,73% de taxa de sobrevivência. Os dados

cadastrais de raça, gênero, peso e idade foram categorizados e traçado o perfil característico

desse tipo de paciente no HVU, tendo cães SRD, machos, pequeno porte e com idade entre 1

e 5 anos em sua maioria (74%). Os parâmetros vitais de frequência cardíaca, frequência

respiratória, temperatura e coloração de mucosa foram analisados, porém, devido a falta de

alguns dados, a correlação não condiz com os resultados reais. Por fim, foi verificado o tipo

de tratamento necessário para resolução do problema, clínico ou cirúrgico, assim como a

resolução do caso, prognóstico favorável o paciente recebeu alta e prognóstico desfavorável o

paciente veio a óbito.

Palavras-chave: Trauma torácico, Hérnia diafragmática, Acidente automobilístico, Cães,

Lesões intra-torácicas, Traumatologia.

5.2 ABSTRACT

This study aimed to perform a retrospective survey of traumatized dogs with a history of

thoracic trauma, attended at the Unisul Veterinary Hospital (HVU), Tubarão / SC, from May

2014 to August 2017. A total of 19 The cases of dogs victims of thoracic trauma through the

analysis of the clinical and surgical records contained in the HVU database, having as the

main cause of the affection the automobile accident (57.89%). Subsequently, the cases were

classified according to the total number of complications, a complication and multiple


33

complications, such as frequency analysis, quality of life, improved quality of life (47.36%),

followed by pneumothorax (36.84% ) and rib fracture (31.57%). Regarding the number of

complications, equality was identified in both groups, both presenting the same number of

cases (47.36%). Thus, the cases were reorganized again into two groups, however, using as a

comparative the most frequent etiology (automobile accident) and other etiologies with the

total number of complications, in which there was also equality in relation to the number of

cases. In addition, other data were similar, such as the survival index in relation to the main

etiology responsible for thoracic trauma, with a survival rate of 72.73%. The cadastral data of

race, gender, weight and age were categorized and traced in the characteristic profile of the

non HVU type, with SRD dogs, males, small and aged between 1 and 5 years (74%). The vital

parameters of heart rate, respiratory rate, temperature and mucosal staining were analyzed,

however, due to lack of data, a correlation does not match the actual results. Finally, we

verified the type of treatment required to solve the problem, clinical or surgical, such as case

resolution, prognosis or patient and high definition and unfavorable prognosis of the patient

died.Key words: Chest trauma, Diaphragmatic hernia, Automobile accident, Dogs, Intra-

thoracic injuries, Traumatology.

5.3 INTRODUÇÃO

O trauma torácico (TT) representa uma causa comum de óbito em cães e, por conta

de suas complicações, requer uma abordagem emergencial na maior parte dos casos (RAISER

et al., 2015). Dentre as principais causas de TT estão o acidente automobilístico, interações

entre animais e humanos, quedas, perfurações por objetos penetrantes e armas de fogo

(TORRES & TELLO, 2008).


34

As complicações envolvendo o TT estão relacionadas, principalmente, ao

comprometimento do sistema respiratório, tendo como principal sinal clínico a distrição

respiratória, podendo o paciente adotar modificações de postura para facilitar a respiração,

como posição ortopneica, levantando a cabeça e estendendo o pescoço para facilitar a

passagem do ar e o afastamento dos cotovelos, minimizando a compressão torácica

(AGUIAR, 2011). As consequências das lesões mais comuns por conta do TT são:

pneumotórax (aberto ou fechado), efusão pleural (tendo o hemotórax como principal), hérnia

diafragmática, contusão pulmonar, fratura de costela e desestabilização da parede costal

(RAMPAZZO et al., 2013).

O pneumotórax pode ser definido pelo acúmulo de ar dentro da cavidade torácica ou

espaço pleural, onde a entrada de ar pode vir por meio de uma lesão direta na parede torácica

ou por lesão de parênquima pulmonar, traquéia, esôfago ou diafragma, sem danificação de

parede torácica (RAISER et al., 2015). A efusão pleural é caracterizada pelo acúmulo de

líquido no espaço pleural, podendo ser classificada em hemotórax (quando há acúmulo de

sangue), piotórax (quando há acúmulo de exsudato purulento) e quilotórax (quando há

acúmulo de linfa) (MELO & MARTINS, 2009).

A hérnia diafragmática é resultado do rompimento do diafragma, por conta do

traumatismo, geralmente contuso, onde o animal não observa o momento do acidente,

mantendo a glote aberta e a pressão intra-abdominal elevada, causando sua ruptura e a

passagem de órgãos abdominais para dentro da cavidade torácica (PRADO et al., 2013).

A contusão pulmonar é uma lesão secundária em que há uma intensa compressão e

descompressão de forma rápida e não penetrante da parede pulmonar. Como resultado, pode

ocorrer lesão do parênquima pulmonar e ruptura de capilares. Dessa forma ocorre o

desenvolvimento de hemorragia intrapulmonar e alveolar, e conforme o acúmulo de sangue


35

dentro dos pulmões progride, a troca gasosa torna-se ineficiente (MARKS, 2011; WADDELL

& KING, 2013).

A pesquisa teve como objetivo analisar, por meio do levantamento de dados, a

casuística de cães traumatizados atendidos no Hospital Veterinário Unisul (HVU),

Tubarão/SC, com histórico de TT, durante o período de maio de 2014 a agosto de 2017,

buscando identificar qual a principal etiologia responsável pelo desenvolvimento de TT, o

número de complicações envolvidas, assim como a complicação mais comum em decorrência

do TT, taxa de óbito dessa afecção, qual gênero possui maior acometimento, analisar o padrão

fisiológico, qual porte é mais acometido, assim como a média de peso e idade, bem como a

resolução dos casos. Dessa forma, é possível traçar um perfil desse tipo de paciente,

melhorando a forma de abordagem, otimizando o tempo entre a identificação, avaliação e

tomada de decisão, buscando garantir a sobrevida desses paciente.

5.4 MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento de dados foi obtido pela avaliação das fichas clínicas e cirúrgicas dos

cães traumatizados contidas no banco de dados do Hospital Veterinário Unisul, Tubarão/SC,

com histórico de TT, referente ao período de maio de 2014 a agosto de 2017.

Os dados sobre ano, dados cadastrais de raça, gênero, peso e idade, etiologia do

traumatismo, complicações decorrentes do TT (pneumotórax, efusão pleural, hérnia

diafragmática. contusão pulmonar e fratura de costela), parâmetros vitais de frequência

cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura (T°C) e coloração de mucosa, tipo de

tratamento (clínico ou cirúrgico) e o prognóstico (favorável - alta, desfavorável - óbito) dos

casos foram obtidos por meio da análise de cada ficha dos cães com TT.
36

Posteriormente à coleta e análise, os dados foram organizados em planilha do software

Excel 2007 da plataforma Windows, onde foi verificado a frequência dos seguintes dados:

número de casos nos 40 meses do estudo, raça, sexo, etiologia, complicações, parâmetros

vitais (FC, FR, T°C e coloração de mucosa), tratamento e prognóstico. Dentro das análise das

complicações, os casos ainda foram separados em dois grupos, conforme a quantidade de

complicações: uma complicação ou múltiplas complicações. Além disso, foi verificado a

média e desvio padrão dos dados de peso e idade, bem como a classificação quanto ao porte

dos cães: pequeno porte (até 10 kg), médio porte (10 a 20 kg) e grande porte (acima de 20 kg),

conforme é classificado no HVU.

Após a análise das distribuições de frequências e médias, os dados obtidos foram

comparados com o que a literatura relata a respeito do TT.

5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de maio de 2014 a agosto de 2017, foram identificados um total de

19 casos de cães com histórico de TT, sendo 9 casos ocorridos em 2014, 6 casos em 2015 e

apenas 2 casos ocorridos em 2016 e também em 2017. A queda no número de atendimentos

de cães com TT demonstra que esse tipo de afecção possui uma baixa casuística dentro do

HVU.

A população de cães com histórico de TT eram, em sua maioria, do gênero

masculino, compondo 12/19 (63,15%) dos casos, ou seja, quase 2/3 dos cães atendidos com

TT. Já o gênero feminino esteve envolvido em apenas 7/19 (36,85%) dos casos. Em relação a

idade dos cães, foram compreendidas entre 1 mês a 12 anos de idade, tendo uma média de 2,7

anos. O maior índice de TT em cães machos pode estar relacionado com seu comportamento,
37

tanto territorial quanto exploratório. Nesses casos, acabam passando mais tempo no ambiente

externo, aumentando o risco de acidentes automobilísticos, brigas com outros animais e

agressões humanas (HART, 1991; HARRUFF et al., 1998; CLARKE, 2007). Segundo

BONNET et al., (2005) cães mais jovens possuem maiores chances de sofrerem algum tipo de

acidente, por conta da falta de experiência, por possuírem um comportamento exploratório e

curiosidade maior, além disso, possivelmente o porte também é um fator a ser considerado,

devido a própria resistência do cão.

Com relação à raça dos cães atendidos, em 9/19 (47,36%) dos casos não tinham raça

definida (SRD), enquanto o restante era composta por raças puras: 4/19 (21,05%) Pinschers,

2/19 (10,55%) Pastores alemães, 1/19 (5,26%) Pug, 1/19 (5,26%) York-shire terrier, 1/19

(5,26%) Poodle e 1/19 (5,26%) Shih tzu. A maior casuística de cães SRD reflete o maior

número de atendimentos na rotina do HVU por raças indefinidas.

Relativamente ao peso, o porte mais envolvido com o TT foi o pequeno porte em

14/19 (73,65%) dos casos, seguido por grande porte com 3/19 (15,80%) dos casos e por

último médio porte com 2/19 (10,55%) dos casos. O peso médio dos cães com TT foi de 8,40

kg.

Sobre a etiologia mais frequente responsável pelo desenvolvimento do TT, foi o

acidente automobilístico, presente em 11/19 (57,89%) dos casos. Estão presentes como outras

causas de TT encontradas no estudo a interação entre animais com 5/19 (26,30%) dos casos,

queda com 1/19 (5,26%) dos casos, enquanto em 2/19 (10,55%) dos casos o tutor não soube

informar a causa do acidente. A maior casuística de TT por acidentes automobilísticos vai de

encontro com os estudos de KOLATA et al., (1974); HALL et al., (2014) e RAISER et al.,

(2015), autores utilizados como referência.


38

Dentre as complicações envolvidas no TT, a hérnia diafragmática foi a mais

encontrada, estando presente em 9/19 (47,36%) dos casos. O pneumotórax foi a segunda

complicação mais observada, presente em 7/19 (36,85%) dos casos, seguido por fratura de

costela com 6/19 (31,57%) dos casos, contusão pulmonar em 4/19 (21,05%) e hemotórax com

4/19 (21,05%) dos casos. Em 1/19 (5,26%) dos casos não foi encontrado complicação alguma.

De acordo com Aguiar (2011) a hérnia diafragmática traumática ocorre quando o momento do

acidente não é previsto ou observado pelo animal. Dessa forma, a glote permanece aberta

durante o momento do impacto e toda energia cinética é direcionada contra o diafragma

relaxado. Quando isso ocorre, a pressão torácica está baixa por conta da abertura da glote, ao

contrário da pressão intra-abdominal, que pelo aumento repentino da pressão, resulta na

ruptura do diafragma, tendo como consequência a herniação de vísceras abdominais (PRADO

et al., 2013; RAISER et al., 2015).

Ainda com relação as complicações, os casos foram separados em dois grupos,

referente ao número total de complicações encontradas, que obteve como resultado 9/19

(47,36%) dos casos com apenas uma complicação decorrente do TT e também 9/19 (47,36%)

dos casos com múltiplas complicações. Em apenas 1/19 (5,26%) dos casos não houveram

complicações. Dessa forma, os casos foram reorganizados em dois novos grupos, dessa vez,

foi analisado o número de complicações referente a principal etiologia (acidente

automobilístico) com as outras causas. Como resultado, observou-se também igualdade com

relação ao número total de complicações, onde o acidente automobilístico teve 5/9 casos com

apenas uma complicação e também 5/9 casos com múltiplas complicações. Diante dos

resultados apresentados, não foi evidenciou-se correlação quanto ao número de complicações


39

envolvendo o TT ou a etiologia. Entretanto, ficou evidente que o acidente automobilístico, por

se tratar de um trauma contuso, teve o dobro de casuística de hérnia diafragmática se

comparado com outras causas.

Os parâmetros vitais de FC, FR, T°C e coloração de mucosa foram verificados suas

frequências. Entretanto, pela falta de preenchimento desses parâmetros em algumas fichas, os

resultados não refletem o resultado real dos parâmetros observados em um paciente com TT.

Sobre FC, em 7/19 (36,85%) não se tem os dados. Já FR, 8/19 (42,10%) não se tem os dados.

T°C em 6/19 (31,57%) não há dados e em coloração de mucosa, 4/19 (21,05%) não se tem

dados. Dessa forma, é impossível realizar qualquer correlação ou padronização.

De acordo com o tratamento, em 12/19 (63,15%) dos casos foi necessário entrar com

procedimento cirúrgico para correção do problema. As técnicas mais realizadas foram a

herniorrafia e lobectomia pulmonar. Em apenas 3/19 (15,78%) dos casos a estabilização e

tratamento clínico foram suficientes para resolução do problema. Entretanto, em 2/19

(10,55%) o paciente não resistiu a abordagem primária e evoluiu a óbito, um deles por conta

de uma contusão pulmonar originado de queda e outro com múltiplas complicações por conta

de acidente automobilístico. Já em 1/19 (5,26%) dos casos o paciente não necessitou de

nenhuma abordagem terapêutica por não apresentar complicação ou alteração. Infelizmente,

em 1/19 (5,26%) o tutor optou por não realizar o tratamento ou exames e o paciente teve alta

solicitada.

Com relação ao prognóstico dos cães com TT, em 13/19 (68,44%) dos casos foram

favoráveis, havendo a identificação e correção do problema, podendo o paciente receber alta.

Porém, em 5/19 (26,30%) dos casos o prognóstico foi desfavorável, onde o paciente evoluiu a

óbito devido às complicações decorrentes do TT. Como citado no parágrafo anterior, em 1/19

(5,26%) dos casos o tutor optou pelo não tratamento do animal, dessa forma não se tem dados
40

sobre a resolução do caso. Sobre os óbitos, em 2/5 (40%) o paciente não resistiu a abordagem

clínica emergencial e em 3/5 (60%) o paciente foi a óbito durante o pós-operatório. Vale

ressaltar que em um dos casos de óbito no pós-operatório o paciente não resistiu por conta de

uma dilatação volvo gástrica não identificada durante o trans-cirúrgico e não pelas

complicações decorrentes do TT.

Dentre as causas de óbitos, o acidente automobilístico foi responsável por 3/5 (60%)

dos casos. Ou seja, dos 11/19 casos de cães atropelados com histórico de TT, a taxa de

sobrevivência foi de 8/11 (72,73%), enquanto a taxa de óbito foi de 3/11 (27,27%). Powell et

al., (1999) obteve em seu estudo retrospectivo de cães com contusão pulmonar devido a

acidentes automobilísticos a taxa de sobrevivência de 82%. Segundo Simpson et al., (2009) a

taxa de sobrevivência de cães envolvendo acidentes automobilísticos gira em torno de 88%.

Os cães com histórico de TT devido a acidentes automobilísticos atendidos no HVU possuem

um índice de sobrevivência inferior aos estudos utilizados como referência. Esse índice

inferior pode ser por conta do tempo entre o momento do acidente e atendimento, visto que

quanto mais rápido for a abordagem do paciente, maiores as chances de sobrevida. Além

disso, ter uma sala emergencial e especializada para receber o paciente de emergência, como

pacientes com TT, assim como possuir uma equipe pronta e treinada para receber esse tipo de

acidente é fundamental para aumentar esse índice. Outro fator importante a ser considerado, é

o tempo de internação, onde o paciente pode receber maior atenção e monitoramento

(TELLO, 2010; RAISER et al., 2015).


41

5.6 CONCLUSÃO

Este estudo retrospectivo foi muito importante para verificar a casuística de cães com

TT, identificando a prevalência das complicações, bem como a etiologia mais frequente, e

revelar que a maior parte dos casos necessitaram de uma abordagem cirúrgica para correção

do problema. Podemos concluir que o TT é uma emergência complexa, que requer muita

atenção do médico veterinário para abordar este tipo de paciente, visto que se trata de

complicações multissistêmicas e, caso negligenciada, rapidamente o paciente pode evoluir a

óbito.

5.7 REFERÊNCIAS

AGUIAR, E. S. Lesões torácica In: _____; Emergências decorrentes do trauma em

pequenos animais. Porto Alegre: UFRGS, 2011. Cap. 8, p. 161-173.

BONNET, B. N.; EGENVALL, A.; HEDHAMMAR, A.; OLSON, P. Mortality in over

350000 insured swedish dogs from 1995-2000: I breed-, gender-, afe- and cause-specific

rates. Acta veterinary scandinavia, 2005. 46, p. 105-120.

CLARKE, K. M. Education of dogs owners is key to reducing attacks. British medical

journal, 2007. 334, p. 489.

HALL, K. E., HOLOWAYCHUK, M. K., SHARP, C. R. & REINEKE, E. Multicenter

prospective evaluation of dogs with trauma. Journal of the american veterinary medicine

association, 244 (3), 300-308, 2014.


42

HARRUFF, R. C.; AVERY, A.; ALTER-PANDYA, A. S.; Analysis of cirunstances and

injuries in 217 pedestrian traffic fatalities. Accident analysis and prevention, 1998. 30, p.

11-20.

HART, B. L. Effects of neutering and spaying on the behavior of dogs and cats: Questions

and answers about practical concerns. Journal of the american veterinary medical

association, 1991. 198-7, p. 1204-5.

KOLATA, R. J. Patterns of trauma in urban dogs and cats: a study of 1000 cases. Journal of

the american veterinary medical associations, v.164, n.5, p. 499-502, 1974.

MARKS, S. L. Traumatic injuries of the respiratory system. Proceeding of the congreso

latino americano de emergencia y cuidados intensivos LAVECCS, 2011.

MELO, F. A.; MARTINS, C. S.; Efusão pleural em gatos: revisão de literatura e estudo

retrospectivo. MedVep - Revista científica de medicina veterinária - pequenos animais e

animais de estimação, 2009. 7 (23), 442-446.

NUNES, B. F. "Trauma torácico: fisiopatologia e prevalência de lesões intratorácicas em

canídeos e felídeos politraumatizados no Hospital Veterinário de Porto. Utilidade da

troponina cardíaca I no diagnóstico de lesões intratorácicas" Tese (Mestrado) Universidade

técnica de Lisboa faculdade de medicina veterinária, Lisboa, 2009.

PRADO, T. D.; FILHO, E. F.; RIBEIRO, R. G.; NARDI, A. B. Hérnia diafragmática em cães.

Enciclopédia biosfera, Centro científico conhecer, Goiânia, 2013. 9(16), p. 1229-1241.

RAISER, A. G.; CASTRO, J. L.; SANTALUCIA, S. Trauma torácico In: _____; Trauma -

Uma abordagem clínico-cirúrgica. Curitiba: Medvep, 2015. Cap. 3, p. 35-60.

RAMPAZZO, V.; FRIOLANI, M.; CAMARGOS, A. S. Trauma torácico em cães - Relato de

caso. Revista científica eletrônica de medicina veterinária - Ano XI - N. 20 - Janeiro de

2013.
43

SIMPSON, S. A.; SYRING, R.; OTTO, C. M. Severe blunt trauma in dogs: 235 cases (1997-

2003). Journal of veterinary emergency and critical care, 2009. 19(6), p. 588-602.

TELLO, L. H. Chest trauma: tips and management. WSAVA/FECAVA World small animal

congress, 2010.

TORRES, P.; TELLO, L. H. Trauma torácico In: TELLO, L. H. Trauma em cães e gatos.

São Paulo: MedVep Livros, 2008. Cap.13, p. 149-162.

WADDELL, L. S.; KING, L. G.; Abordagem geral da dispneia In: KING, L. G.;
BOAG, A. Manual BSAVA de emergência e medicina intensiva em cães e gatos. 2 ed. São
Paulo: Medvep, 2013. Cap. 7, p. 100-144.
44

6 CONCLUSÃO

Este estudo retrospectivo foi muito importante para verificar a casuística de cães
com TT, identificando a prevalência das complicações, bem como a etiologia mais frequente,
na qual prevaleceram cães machos, pequeno porte, SRD, com idade média de 2,7 anos, tendo
o acidente automobilístico como principal responsável pelo desenvolvimento de TT e revelar
que a maior parte dos casos necessitaram de uma abordagem cirúrgica para correção do
problema. Podemos concluir que o TT é uma emergência complexa, que requer muita atenção
do médico veterinário para abordar este tipo de paciente, visto que se trata de complicações
multissistêmicas e, caso negligenciada, rapidamente o paciente pode evoluir a óbito.
45

REFERÊNCIAS

BJORLING, B. E. Trauma torácico In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G.; Manual


Saunders Clínica de Pequenos Animais. 3 ed. São Paulo: Roca, 2008. Cap.166, p.1754-
1762.

BROWN, A. J.; DROBATZ, K. J. Triagem do paciente de emergência In: KING, L. G.;


BOAG, A. Manual BSAVA de Emergência de Medicina Intensiva em cães e gatos. 2 ed.
São Paulo: Medvep, 2013. Cap.1, p.1-9.

BUDRAS, K. D.; McCARTHY, P. H.; RICHTER, W. F.; HOROWITZ, A.; BERG, R.


Cavidade torácica In: _____; Anatomia do cão - Texto e Atlas. 5 ed. São Paulo: Manole,
2012. Cap.5, p.38-39.

COSTA, S. A. "Maneio do paciente politraumatizado na clínica de animais de companhia".


Tese (Mestrado) - Universidade Técnica de Lisboa Faculdade de Medicina Veterinária,
Lisboa, 2014.

CONSTANTINESCU, G. M. O tórax e as vísceras torácicas In: _____; Anatomia Clínica de


Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2005. Cap.4, p.157-175.

CROWE, D. T. Patient triage In: SILVERSTEIN, D. C.; HOPPER, K. Small Animal


Critical Care Medicine. St, Louis: Elsevier, 2009. Cap.2, p.5-9.

CUNHA, M. G.; GOMES, K.; PIPI, N. L.; RAPPETI, J. C. Mandril de cateter na


osteossíntese costal em um cão. Acta Scientiae Veterinariae. 37(2): 201-205, 2009.

DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WNSING, C. J. Aparelho respiratório In: _____; Tratado de
Anatomia Veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Cap.4, p.154-163.
46

FOSSUM, T. W. Doenças pleurais e extrapleurais In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C.


Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2008.
Cap.130, p.1159-1170.
FRANDSON, R. D.; WILKE, W. L.; FAILS, A. D. Anatomia do sistema cardiovascular In:
_____; Anatomia e Fisiologia dos Animais de Fazenda. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
koogan, 2011. Cap.17, p.227-237.

GARCÍA, J. F. Cirurgia básica del tórax. The North American Veterinary Conference,
2006.

HOLOWAYCHUK, M. K.; MONTEITH, G. Ionized hypocalcemia as prognostic indicator in


dogs following trauma. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, 21(5), p.521-
530, 2011.

KEALY, J. K.; McALLISTER, H.; GRAHAM, J. P. O tórax In: _____; Radiografia e


Ultrassonografia do cão e do gato. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Cap.3, p.199-278.

LLABRÉS-DÍAZ, F.; PETITE, A.; SAUNDERS, J.; SCHWARZ, T. The thoracic boundaries
In: SCHWARZ, T.; JOHNSON, V.; BSVA Manual of Canine and Feline Thoracic
Imaging. England: BSVA, 2008. Cap.14, p.367-372.

MANTOVANI, M. Noções básicas de anatomia - Sistema respiratório In: _____; Suporte


Básico e Avançado de Vida no Trauma. São Paulo: Atheneu, 2005. Cap 4, p. 7-9.

MARKS, S. L. Traumatic injuries of the respiratory system.Proceedings of the Congreso


Latino Americano de Emergencia y Cuidados Intensivos LAVECCS, 2011.

MELO, F. A.; MARTINS, C. S; Efusão pleural em gatos: revisão de literatura e estudo


restrospectivo. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais
e Animais de Estimação, 2009. 7 (23), 442-446.
47

MORAES, L. P.; CORRÊA, M. A.; MURICIO, R. L.; PIMENTA, M. M.; RABELO, R. C.


Abordagem emergencial otimizada do felino politraumatizado. - Revista Científica de
Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, 2010. 8(26), 416-423.

MUIR, W. Trauma: physiology, pathophysiology and clinical implications. Journal of


Veterinary Emergency and Critical Care, 2006.16(4), p.253-263.

NUNES, B. F. "Trauma torácico: fisiopatologia e prevalência de lesões intratorácicas em


canídeos e felídeos politraumatizados no Hospital Veterinário de Porto. Utilidade da
troponina cardíaca I no diagnóstico de lesões intratorácicas" Tese (Mestrado) Universidade
Técnica de Lisboa Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 2009.

PAREDES, J. Traumatismo a lapared torácica. Proceedings of the Congreso Latino


Americano de Emergencia y Cuidados Intensivos LAVECCS, 2010.

POPESKO, P. Tronco In: _____; Atlas de Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos.
5 ed. São Paulo: Manole,2012. Cap.2, p.388-389.

PRADO, T. D.; FILHO, E. F.; RIBEIRO, R. G.; NARDI, A. B. Hérnia diafragmática em cães.
Enciclopédia biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, 2013. 9(16) p.1229-1241.

RAISER, A. G.; CASTRO, J. L.; SANTALUCIA, S. Trauma torácico In: _____; Trauma -
Uma abordagem clínico-cirúrgica. Curitiba: Medvep, 2015. Cap.3, p.35-60.

RAMPAZZO, V.; FRIOLANI, M.; CAMARGOS, A. S.; Trauma torácico em cães - Relato de
caso. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária - XI, n. 20, Janeiro de 2013.

ROSSI, C. N.; OLIVIA, V. N.; MATSUBARA, L. M.; SERRANO, A. C.; Ressucitação


cardiorrespiratória em cães e gatos. Revista Portuguesa de Ciências Veterinária, 2007.
102(563-564).
48

SIMPSON, S. A.; SYRING, R.; OTTO, C. M. Severe blunt trauma in dogs: 235 cases (1997-
2003). Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, 2009.19(6), p.588-602.

TELLO, L. H. Chest trauma: Tips and management. WSAVA / FECAVA World Small
Animal Congress, 2010.

THRALL, D. E. O espaço pleural In: _____; Diagnóstico de Radiologia Veterinária. 5 ed.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Cap.32, p.555-668.

TORRES, P. G.; Torax volante. CVDL, 2010.

VASCONCELLOS, R. R. Pneumotórax traumático em cães. Monografia (Graduação) -


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009/2.

WADDELL, L. S.; KING, L. G.; Abordagem geral da dispneia In: KING, L. G.; BOAG, A.
Manual BSAVA de Emergência e Medicina Intensiva em cães e gatos. 2 ed. São Paulo:
Medvep, 2013. Cap.7, p.100-144.

WOUK, F. Thoracic Trauma in Dogs and Cats. 34th World Animal Veterinary Congress
WSAVA - São Paulo, Brazil, 2009.

Você também pode gostar