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Review, Study, and Research of Coils for Sensors and Telemetry

Technical Report · August 2011


DOI: 10.13140/2.1.3265.9200

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1 author:

Sérgio Francisco Pichorim


Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR)
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E
INFORMÁTICA INDUSTRIAL – CPGEI

Prof. DSc. SÉRGIO FRANCISCO PICHORIM – DAELN

ESTUDO DE BOBINAS PARA SENSORES E TELEMETRIA

P E S Q U I S A, E S T U D O & R E V I S Ã O.

CURITIBA
2011
1. INDUTÂNCIAS DE BOBINAS

A indutância (L) é a propriedade de um circuito elétrico de causar a indução de uma


tensão (v) proporcional à variação no tempo da corrente (i) no circuito, ou seja

(1)

Quando esta tensão induzida é no mesmo circuito onde circula a corrente,


denomina-se de auto-indutância. Para circuitos diferentes, L é denominado de indutância
mútua. Tanto a auto-indutância de um circuito como a indutância mútua (Mij) entre dois
circuitos elétricos (Ci e Cj) podem ser determinadas pela equação clássica de Neumann
(SILVESTER, 1968; SOMA et al. 1987)

(2)
-7
onde µo é a permeabilidade magnética do meio (4π.10 H/m no vácuo), dsi e dsj são os
segmentos infinitesimais de cada circuito e Rij é a distância entre os dois segmentos. Como
mostrado na figura 1.

Figura 1 – Dois circuitos fechados.

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 2


1.1 INDUTÂNCIA MÚTUA ENTRE ANÉIS CIRCULARES COAXIAIS

Para dois circuitos em forma de anéis (círculos de raios a e b) coaxiais (no mesmo
eixo) e separados por uma distância D (figura 2), a indutância mútua entre eles, aplicando a
equação de Neumann (SILVESTER, 1968), é determinada por

(3)
onde k é um fator geométrico dado por (PICHORIM e ABATTI, 2004)

(4)

As funções K(k) e E(k), chamadas de integrais elípticas completas de primeira e


segunda espécie, respectivamente, são as integrais definidas (SILVESTRE, 1968)

(5)
e

. (6)
Nenhuma expressão algébrica geral pode ser dada para estas integrais, entretanto
são de interesse suficiente para formar uma parte da coleção padronizada das funções
transcendentais tabuladas ou ainda expressas em série de potências (SILVESTER, 1968,
SPIEGEL, 1973).

Figura 2: Bobinas circulares coaxiais (raios a e b, distância z=D) com representação de


algumas linhas de campo geradas pela corrente i. Modificado de Pichorim (2003).
Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 3
1.2 AUTO-INDUTÂNCIA DE UM ANEL CIRCULAR

A auto-indutância de um anel pode ser determinada a partir da solução anterior. Para


isso, faz-se a sobreposição dos circuitos i e j (anéis de mesmo raio a=b) separados apenas
pela espessura do fio condutor (diâmetro d) que forma o anel. Fazendo D=d e a=b, o valor
do fator geométrico k (equação 4) tende para 1, já que o raio (a) é muito maior que o
diâmetro (d) do fio (apenas lembrando que se trata de um anel e não de um toro). Contudo,
quando k=1, a função K(k) se torna indeterminada. Assim, uma aproximação mais realística
pode ser obtida desprezando-se o fluxo magnético dentro do condutor (SILVESTER, 1968,
TERMAN, 1943). Portanto, a auto-indutância de um anel (raio a e diâmetro do condutor d)
pode ser determinada por

(7)

1.3 AUTO-INDUTÂNCIA DE UM SOLENÓIDE (HÉLICE) DE CAMADA SIMPLES

Para uma bobina helicoidal (solenóide) de raio a, n espiras e comprimento l, a auto-


indutância total (Ls) poderia ser também determinada pela equação de Neumann (circuito
helicoidal da figura 3 com t variando de 0 a l, ou seja, de comprimento total 2π.a.n), mas
também não existe uma solução analítica.

Figura 3- Solenóide helicoidal de raio a, comprimento l e n espiras.

Uma solução numérica aproximada pode ser obtida considerando-se cada espira
como um anel, computando-se a contribuição das auto-indutâncias de cada espira (Lti) e as
indutâncias mútuas entre todas as espiras (Mij), ou seja, a auto-indutância é

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 4


(8)

O valor de Lti é calculado pela equação 7 e Mij (somente para i ≠ j) é calculado por

(9)

onde b é igual ao raio a e Dij é a distância entre as espiras i e j.


A solução pode ser implementada numericamente com o auxílio de qualquer
software de manipulação matemática (Excel®, MatLab®, Mathematica®, SigmaPlot®) ou
mesmo por um programa desenvolvido especialmente para este fim (C++ ou Visual
Basic®) (ROVERI, 2007).
Terman (1943) apresenta uma solução um pouco mais prática, onde a auto-
indutância (Ls), dada em µH, é calculada pela simples equação

Ls = n2.2.a.F/ 25,4 (10)

onde o raio a deve ser dado em milímetros e o parâmetro F, fator de forma dependente da
relação diâmetro pelo comprimento do solenóide, é dado por uma tabela ou pela curva da
figura 4 (TERMAN, 1943, tab.12).
Uma fórmula empírica mais simples e aproximada, válida para baixas freqüências, é

Ls = n2.a2/(9.a+10.l) (11)

onde Ls é dado em µH, o raio a e o comprimento l devem ser fornecidos em polegadas.


Está fórmula é válida para solenóides longos com l > 0.8.a (TERMAN, 1943).

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Figura 4 – Fator F em função da relação diâmetro pelo comprimento do solenóide de
camada simples. Modificada da Fig.19 de Terman (1943).

1.4 AUTO-INDUTÂNCIA DE ESPIRAL PLANA (PANQUECA) DE CAMADA


SIMPLES

Para uma bobina espiral (panqueca) de raio interno a, raio externo A e n espiras, a
auto-indutância total (Ls) poderia ser também determinada pela equação de Neumann
(circuito espiral da figura 5 com comprimento total π.n.(a+A)), mas também não existe
uma solução analítica.
Uma solução numérica aproximada pode ser obtida considerando-se cada espira
como um anel, computando-se a contribuição das auto-indutâncias de cada espira (Lti) e as
indutâncias mútuas entre todas as espiras (Mij), assim como foi realizado para o solenóide.
Para tal, utiliza-se as mesmas equações 8 e 9, substituindo-se a distância Dij=0 (as espiras
estão no mesmo plano) e fazendo os raios dos anéis ai e bj variarem de a até A.
O raio do anel circular equivalente de cada espira da panqueca (ai ou bj) pode ser
determinado pela relação:

(12)
onde a e A são os raios interno e externo, respectivamente.
Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 6
A solução pode ser implementada numericamente com o auxílio de qualquer
software de manipulação matemática (Excel®, MatLab®, Mathematica®, SigmaPlot®) ou
mesmo por um programa desenvolvido especialmente para este fim (C++ ou Visual
Basic®) (ROVERI, 2007).

Figura 5 – Bobina espiral plana (panqueca) de n espiras e raios a e A.

Grover (1946) apresenta uma solução um pouco mais prática, onde a auto-
indutância (Ls), dada em nH, é calculada pela equação

Ls = n2.Acm.P.F (13)

onde Acm é o raio médio em centímetros, P é um valor tabelado que depende dos raios a e
A e o parâmetro F, também tabelado, faz a compensação do espaço entre as espiras
(GROVER, 1946, tabelas 24, 25 e 26).
Terman (1943) apresenta uma determinação gráfica para um parâmetro K (figura 6)
que depende dos raios da bobina, e onde a indutância (em µH) é calculada por

Ls = n2.Am.K (14)

onde Am é o raio médio em polegadas (TERMAN, 1943, fig. 24).


Uma solução ainda mais simples para a determinação da auto-indutância de bobinas
panqueca, válida para a < 0,8 A, é

Ls = n2.(A+a)2 / (150.A–70.a) (15)

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 7


onde a e A são em centímetro e Ls é dado em µH (TERMAN, 1943 e LAGOMA, 1946).

Figura 6 – Parâmetro geométrico K para bobinas espirais planas (panquecas), onde m é o


raio médio (A/2+a/2) e h é a altura da bobina (A–a). Modificada de Terman (1943).

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2. CAPACITÂNCIAS DE BOBINAS

A capacitância (C) é a habilidade de um corpo de armazenar cargas elétricas. Em


um circuito elétrico, ela é definida com a propriedade de causar a circulação de uma
corrente (i) proporcional à variação no tempo da tensão (v), ou seja

(16)

2.1 GEOMETRIA

De maneira geral a capacitância é calculada entre duas superfícies condutoras planas


(de área A) em paralelo (distância de separação d) separadas por um meio não condutor
com permissividade relativa εr

(17)

onde εo é a permissividade do vácuo e vale 8,854 pF/m. No entanto, neste estudo necessita-
se da capacitância entre condutores cilíndricos em paralelo (espiras de um enrolamento).
Na figura 7 são apresentadas as variáveis geométricas que são envolvidas da determinação
da capacitância entre duas espiras (Ctt) consecutivas. As espiras são de seção transversal
circular de raio do condutor r e espessura do isolante t (permissividade relativa εr)
separadas por uma distância p. O comprimento da espira (perímetro) é lt e Do e Dc são
diâmetros dos condutores, com e sem a camada isolante, respectivamente.

Figura 7 – Geometria e variáveis para a determinação da capacitância entre espiras (Ctt).


Modificada de Massarini & Kazimierczuk (1997).

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2.2 CAPACITÂNCIA ENTRE ESPIRAS

Existem vários artigos com equações que se aplicam a situações ligeiramente


diferentes para se determinar a capacitância entre espiras consecutivas (Ctt), a seguir são
apresentados alguns exemplos.

Massarini e Kazimierczuk (1997) apresentam uma equação simplificada mais


completa, ou seja

(18)
onde

(19)

A partir da equação (18), assumindo que a espessura do isolante t é muito pequena,


faz-se o limite de ln (Do/Dc) tendendo a zero ser igual a 2.t/Do, tem-se (MASSARINI et al,
1996)

(20)

Ou ainda, para os condutores imersos em um único meio de permissividade εd, ou


seja, t=0, aplicando-se outro limite, tem-se (HOLE & APPEL, 2005) e (JACKSON, 1975)

(21)

Deve-se ressaltar que a equação (21) leva em conta a existência um espaço livre
entre as espiras, que vale p–2.r. Já as equações (18) e (20) supõem que as espiras estejam
encostadas e apenas separadas para camada isolante, que vale 2.t.

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 10


Grandi et al (1999) apresentam ainda

(24)

(25)

Deve-se ter em conta que Grandi et al (1999) trabalham com bobinas de uma ou
duas camadas e a integração de θ da figura 7 é feita de –π/2 a +π/2. Já no trabalho de
Massarini et al (1996) assume-se que a bobina é muticamada, ou seja, cada espira tem
outras seis espiras na sua vizinhança, assim a integração no cálculo do campo elétrico é
feita apenas para ângulos entre –π/3 a +π/3.

Caso exista entre as espiras um espaço (gap) de ar muito maior que a espessura do
isolante (ou a permissividade relativa εr seja próxima de 1), Grandi et al (1997 e 1999) e
Jackson (1975) apresentam uma simplificação da equação (24), isto é

(26)

Além das capacitâncias entre espiras, pode existir em um enrolamento a


capacitância entre as espiras e uma superfície condutora (núcleo da bobina ou blindagem).
Neste caso, a capacitância é o dobro do Ctt, pois se considera que o condutor esteja sobre a
linha tracejada de simetria da figura 7, ou seja, calcula-se apenas a metade do percurso x(θ).
A figura 8 mostra de forma mais simples este efeito.

Figura 8 – A capacitância entre uma espira e uma superfície condutora é o dobro da


capacitância entre duas espiras (já que 2C em série com 2C é apenas C).

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2.3 CAPACITÂNCIA DE UM INDUTOR

Concentrando-se as capacitâncias entre trilhas adjacentes (C) e entre o núcleo


condutor (2.C), tem-se o circuito equivalente segmentado, que é importante para a
determinação da capacitância total (Cs) do enrolamento. Um exemplo de segmentação pode
ser visto na figura 9. Este modelo segmentado pode ser desenvolvido para diversas
configurações de indutores (com ou sem núcleo) com uma ou várias camadas de
enrolamento ou diferentes formas de enrolamento (bifilar, por exemplo).

Figura 9 – Distribuição das capacitâncias internas em um indutor de n espiras em camada


simples (MASSARINI & KAZIMIERCZUK, 1997).

Assim, tem-se uma rede de capacitores concentrados (modelo segmentado), onde o


caso mais simples é um indutor de camada simples sem núcleo condutivo. Neste caso, a
capacitância total (Cs) é dada pela capacitância equivalente de n–1 capacitâncias Ctt em
série, ou

(27)

Para um indutor de camada simples com núcleo condutor (conforme a figura 9), a
capacitância interna (Cs) total é

, (28)

para um indutor com dupla camada de enrolamento e sem núcleo tem-se

, (29)

para um indutor com dupla camada de enrolamento e com núcleo tem-se

, (30)

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e para um indutor com tripla camada de enrolamento e sem núcleo tem-se

. (31)

Todas as equações de (28) a (31) são válidas para enrolamentos com mais de 10
espiras (MASSARINI & KAZIMIERCZUK, 1997).
Hope e Appel (2005) utilizaram um método analítico matricial para resolver
indutores de dupla camada com núcleo, chegando a valores de Cs entre 1,45 e 1,72 vezes a
capacitância Ctt, dependendo da distância de separação entre o enrolamento e o núcleo.

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3. MODELOS DISTRIBUÍDO, CONCENTRADO E SEGMENTADO

3.1 MODELO DISTRIBUÍDO

Um circuito pode ser visto como uma combinação múltipla de segmentos de


circuitos pequenos (infinitesimais), como mostrado na figura 10. A indutância série é
devida aos efeitos do campo magnético e a capacitância é devida ao campo elétrico. As
perdas são representadas por uma resistência série e por uma condutância em paralelo. As
constantes R, G, L e C são definidas como parâmetros do circuito por unidade de
comprimento e o circuito resultante é conhecido como modelo distribuído. O comprimento
do segmento é ∆x. Circuitos com elementos distribuídos são aqueles onde as dimensões
físicas de um ou mais componente afetam o funcionamento do circuito (Edwards, 2001).
Modelos distribuídos são mais realistas, pois eles levam em conta a velocidade de
propagação das ondas. A análise de linhas de transmissão ou as equações de Maxwell são
necessárias para modelar as estruturas com elementos eletricamente distribuídos (Corum &
Corum, 2001). Assim, este modelo pode resolver qualquer tipo de circuito, incluindo
reflexão de ondas, onda estacionária, linhas de transmissão, etc.

Figura 10 – Representação de um circuito com elementos distribuídos. Modificado de


Edwards (2001).

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3.2 MODELO CONCENTRADO (LUMPED)

Neste modelo, os valores dos elementos R, G, L e C são totalizados e representados


em um único ponto do circuito. Aqui, a velocidade de propagação da onda é considerada
infinita (OSU, 2011). Por exemplo, um indutor pode ser representado, a partir de seus
terminais x e y, como uma auto-indutância (Ls), uma capacitância interna (Cs) e uma
resistência interna Rs (perdas). Este modelo computa a auto-indutância total para baixas
freqüências (onde as reatâncias capacitivas são desconsideradas) e a capacitância para altas
freqüências (onde a indutância é desconsiderada) (MASSARINI & KAZIMIERCZUK,
1997).

Figura 11 - Representação clássica do circuito elétrico equivalente de um indutor.

Deve-se entender que as leis de Kirchhoff são aproximações que valem somente na
representação do circuito concentrado (lumped, em inglês). Estas leis, que derivam das
equações gerais de Maxwell, são o resultado de considerações da propagação como
infinitamente rápida. Assim, esperam-se resultados razoáveis apenas quando as dimensões
físicas dos elementos do circuito sejam pequenas quando comparadas com o comprimento
da onda, então a velocidade da luz não é perceptível. Numericamente, pode-se aceitar a
validade do modelo concentrado para circuitos com um décimo do comprimento da onda (l
< λ/10). A fronteira entre a teoria de circuitos concentrados (onde vale Kirchhoff e podem-
se identificar os elementos R, L e C) e sistemas distribuídos (onde não se pode utilizar
Kirchhoff e R, L e C não podem ser localizados como um elemento) depende do tamanho
do circuito e da freqüência de operação. Se isso não for observado, o modelo concentrado
será inapropriado (OSU, 2011).
Assim, deve-se sempre lembrar que as representações com elementos concentrados
requerem que a corrente seja uniformemente distribuída ao longo do indutor (nenhuma
propagação de ondas ou ondas estacionárias podem ser representadas sobre elementos
concentrados). Para freqüências muito altas a distribuição da corrente no indutor não é
uniforme, e o modelo concentrado é falho, pois a integral de Neumann assume uma
corrente uniforme. Todas as equações de cálculo de indutância pressupõem que a
velocidade da onda é infinita, ou seja, não podem existir ondas estacionárias na bobina
(CORUM & CORUM, 2000 e 2001).

3.3 MODELO SEGMENTADO

Mesmo quando se está trabalhando em baixa freqüência e a condição l < λ/10 é


satisfeita o modelo concentrado não consegue explicar enrolamentos bifilares ou outros
(isso será mais bem discutido a frente). Estes enrolamentos, por exemplo, a bobina bifilar
de Tesla (figura 12), apresentam o mesmo raio, o mesmo número de espiras com o mesmo
espaçamento e, portanto, a mesma auto-indutância (Ls) e a mesma capacitância interna
(Cs), mas a seqüência ou ordem das espiras é diferente, levando a um comportamento
Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 15
diferenciado. Assim, percebe-se que o modelo concentrado da figura 11 não consegue
explicar estas bobinas. Portanto, um outro modelo, mais detalhado que leve em conta a
organização (ou ordem) das espiras deve ser utilizado (PICHORIM & DESTEFANI, 2010).

Figura 12 – Patente de Nikola Tesla de 1894. A bobina da esquerda tem enrolamento


normal, a da direita é bifilar, ambas têm as mesmas dimensões e número de espiras, no
entanto, têm comportamento diferente.

Respeitando-se os limites do modelo concentrado, mas buscando uma solução mais


realista, foi proposto subdividir os elementos concentrados Rs, Ls e Cs em um número N de
segmentos. Quanto maior for N, mais próxima da realidade será a representação. Na
prática, um número de segmentos N iguais ao número de espiras facilitam o modelo e sua
análise.
O procedimento para a modelagem é determinar as resistências, capacitâncias e
indutâncias com as equações apresentadas anteriormente (como se fossem concentradas) e
depois dividi-las em segmentos que representam cada espira e conectá-las na ordem que as
espiras são enroladas no indutor. Ou seja

Ct = Cs . N (32)

Lt = Ls / N (33)

onde Ct e Lt são as capacitâncias e indutâncias de cada segmento, respectivamente.

A figura 13A mostra como são organizados os elementos Ct e Lt de cada segmento


(cada espira) de um solenóide camada simples normal, ou seja, com as espiras enroladas
seqüencialmente (t, t+1, t+2...).

No enrolamento bifilar (figura 12.2), conforme a proposta de Tesla, são enrolados


dois fios A e B em paralelo e, no final, estes dois fios são ligados em série. Em outras
palavras, é como se, no indutor, fossem enroladas primeiramente as espiras ímpares e
depois, através do fio de retorno, fossem enroladas as espiras pares. Assim, um solenóide
camada simples com enrolamento bifilar teria t, t+2, t+4... e depois t+1, t+3, t+5... Desta

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 16


forma, o modelo segmentado de um indutor bifilar fica representado conforme é mostrado
na figura 13B.

Figura 13 - A rede de capacitâncias distribuídas em segmentos por espiras (Ct) e a de


indutâncias (Lt), para uma bobina solenóide normal (a) e para um solenóide bifilar (b).

No solenóide todas as espiras têm o mesmo raio (e perímetro), portanto todos os


valores de Ct e Lt do modelo segmentado são iguais, conforme equações (32) e (33).
Entretanto, para bobinas planas (em forma de panqueca espiral ou quadrada) cada espira
tem raio e perímetro diferente, portanto os valores dos elementos capacitância Ct e
indutância Lt de cada segmento devem ser diferentes.

Um equacionamento para determinar a proporção destes valores em relação às


indutância e capacitância totais (Ls e Cs) deve ainda ser desenvolvido.

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 17


4. FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA EM BOBINAS

4.1 RESSONÂNCIA POR ONDA ESTACIONÁRIA

Inicialmente será feita uma suposição que exista apenas uma ressonância causada
por onda estacionária. Neste caso, será analisada a primeira ressonância (fo), ou seja, a
fundamental. Para tal, o solenóide é considerado uma guia de onda helicoidal onde não se
pode determinar fo pelos valores concentrados de indutância e capacitância do enrolamento
(Lc e Cs). Já que as fórmulas para os cálculos de Lc e Cs sempre supõem uma velocidade
de onda infinita (aproximação quase-estática), e na ressonância existirá uma onda
estacionária na bobina (CORUM & CORUM, 2001).
Além da velocidade de propagação da onda ao longo do condutor ( ),
existe uma velocidade axial da onda ao longo do eixo do solenóide, de comprimento de
onda λg (RÜDENBERG, 1941). O fator de propagação da onda na direção axial é

(34)

onde λo é o comprimento de onda no vácuo e vf é o fator de velocidade dado por

(35)

onde D é diâmetro do solenóide e s é a distância entre espiras adjacentes, ou seja, s=H/n


(comprimento do solenóide pelo total de espiras) (CORUM & CORUM, 2001).
A equação (35) é aproximada e dá resultados aceitáveis (erros menores de 10%)
para aplicações práticas que envolvam propagação de onda em ressonadores helicoidais
(CORUM & CORUM, 2001). Solenóides práticos geralmente apresentam diâmetros na
ordem de dezenas de milímetros, alguns centímetros de comprimentos e espaçamento s de
fração de milímetros. Com isso, o comprimento de onda λo se encontra na casa de dezenas
ou centenas de metros. Nesta situação, o termo 20.(D/s)2,5.(D/λo)0,5 é muito maior que 1.
Igualando (34) e (35) e fazendo a simplificação tem-se

(36)

Na ressonância o solenóide se comporta como um ressonador de um quarto de onda.


Assim, a onda neste guia é quatro vezes o comprimento H do solenóide

(37)

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 18


Substituindo (37) em (36), elevando-se à quarta potência

(38)

e isolando λo, tem-se

(39)

Substituindo s=H/n, chega-se a

(40)

Medhurst (1947) apresenta uma fórmula empírica para determinar o comprimento


de onda autorressonante em solenóides dada por

(41)

onde l é o comprimento total do condutor (l=π.D.n) e K é uma constante tabelada que


depende da relação H/D. A figura 14 mostra graficamente esta relação K e H/D. Para
H/D=0,1 tem-se uma bobina quase circular, para H/D maior que 1 tem-se bobinas
solenóides como normalmente são utilizadas.

Figura 14 – Constante K em função da relação H/D para a determinação da freqüência de


ressonância em solenóides como ressonadores de um quarto de onda. Figura adaptada de
Medhurst (1947).

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 19


Comparando as equações (40) e (41), tem-se uma boa correlação (r=0,972) para a
faixa de 0,8<H/D<20, como pode-se observar na figura 15. Assim, utilizando-se a equação
(40), chega-se a expressão final para a freqüência (fo) de ressonância em uma bobina
solenóide

(42)

Observa-se que fo é fracamente dependente de H/D e inversamente proporcional ao


comprimento do condutor ou, em outras palavras, ao número de espiras.

Figura 15 – Comparação entre a constante K obtida da tabela de Medhurst (pontos) e pela


equação (40) desenvolvida (curva) para a faixa de H/D entre 0,8 e 20.

Como exemplo prático, cita-se que Corum e Corum (2000) construíram um


solenóide de n=532 espiras, diâmetro D=16 cm e comprimento H=63,5 cm. Para este
solenóide uma freqüência de ressonância fo=520 kHz foi medida. Utilizando-se a equação e
a tabela de Medhurst (1947), chega-se ao valor de 467 kHz (erro de 10 %) e utilizando-se a
equação aqui desenvolvida (eq. 42), chega-se ao valor de 464 kHz (erro de 10,5%).
Métodos mais exatos de cálculo utilizam uma série de outros fatores de correção, tais
como: fator de proximidade entre condutores paralelos, diâmetro efetivo da bobina, fator de
correção da não-uniformidade do campo, fatores de correção de auto e mútua indutância do
fio, comprimento efetivo do condutor e efeito pelicular (STROOBANDT, 2011).
Utilizando-se o aplicativo Coil Inductor Calculator, para um fio 18 AWG, chega-se ao
valor de fo=541 kHz (erro de 4%) e para o programa TCTUTOR, chega-se ao valor fo=540
kHz (erro de 3,8%) (CORUM & CORUM, 2000).

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 20


4.2 RESSONÂNCIA POR INDUTÂNCIA E CAPACITÂNCIA

Diferentemente da primeira parte, será feita uma suposição que exista apenas uma
ressonância causada pela troca de energia entre campos elétricos e magnéticos, ou seja,
causada pela presença de uma indutância (Ls) e capacitância (Cs) total (concentradas) em
paralelo, conforme a figura 11. Neste caso, será analisada a primeira ressonância (fo), ou
seja, a fundamental, onde as reatâncias indutivas e capacitivas se igualam, ou seja

(43)

Como está sendo analisado apenas o comportamento da freqüência de ressonância,


o valor da resistência será desconsiderado nesta análise.
Nesta freqüência de ressonância, como se trata de um circuito LC paralelo, o
enrolamento apresenta o ponto de máxima impedância, ou seja, o ponto de mínima corrente
circulando pela bobina.
Para um solenóide de camada simples, conforme visto anteriormente, a indutância
Ls é diretamente proporcional ao número de espiras (n) ao quadrado (equação 10) e a
capacitância interna do enrolamento Cs é inversamente proporcional ao valor de n (equação
27). Assim, como e , tem-se

(44)

4.3 A PRIMEIRA RESSONÂNCIA

Como foi visto nos dois itens anteriores, existem duas ressonâncias que estão
presentes em um enrolamento, agora denominadas de foOE e foLC, freqüência de ressonância
por onda estacionária (OE) e freqüência de ressonância por indutância e capacitância (LC),
respectivamente. É necessário observar qual delas ocorre primeiro em um enrolamento, já
que elas têm comportamentos bem distintos na bobina.
Uma delas é inversamente proporcional ao número de espiras n (equação (42)) e a
outra é inversamente proporcional à raiz de n (equação (44)), ou seja, para indutores com
poucas espiras, predomina a ressonância LC e para indutores com muitas espiras,
predomina a ressonância OE. Isto pode ser visto no gráfico da figura 16. O ponto de
interseção das curvas, ou seja, a passagem de uma para outra forma de ressonância vai
depender de outros parâmetros do enrolamento.
Quando se aumenta o número de espiras tem-se a capacitância Cs muito baixa e, em
um solenóide camada simples, fo é muito alta. Em altas freqüências deve-se levar em conta

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 21


a velocidade de propagação da onda no enrolamento. Assim, passa a existir uma
ressonância causada por onda estacionária.

Figura 16 – Relação das freqüências de ressonâncias LC e OE em função do número de


espiras n. Na região A predomina a ressonância LC, na região C predomina a ressonância
OE, e na região B ocorre uma sobreposição dos dois efeitos.

O uso de núcleo de ferrite no enrolamento, ou de um capacitor externo, ou ainda de


uma forma de enrolamento diferenciado (bifilar, por exemplo) elevam os valores de Ls e
Cs, fazendo com que a foLC predomine sobre foOE , ou seja a região B da figura 16 se
desloca mais para a direita.

4.4 SOLENÓIDE SIMPLES VERSUS SOLENÓIDE BIFILAR

Para se utilizar o enrolamento como sensor indutivo ou capacitivo (ressonante),


deve-se evitar trabalhar nas regiões B e C, ou seja, com a presença de ondas estacionárias.
O modelo concentrado é limitado, mesmo em baixas freqüências. A mudança na
ordem das espiras modifica fo, mesmo tendo a mesma Ls, Ctt e Cs (PICHORIM &
DESTEFANI, 2010).
A figura 17 mostra o modelo segmentado (N segmentos) de um solenóide simples,
onde cada segmento tem indutância Lt=Ls/N e capacitância Ct=Cs.N. Ou seja

(45)

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 22


Figura 17 – Modelo segmentado de um solenóide simples (espiras em seqüência de um a N)
para a determinação da freqüência de ressonância.

4.5 MODELO SEGMENTADO PARA A 1ª RESSONÂNCIA

O modelo segmentado por espira da bobina bifilar (PICHORIM & DESTEFANI,


2010), apresenta várias ressonâncias, no entanto apenas a primeira tem aplicação prática.
Assim, o interesse da análise é encontrar um modelo que possa determinar fo. A Figura 18
mostra um exemplo de circuito elétrico de uma bobina bifilar de Tesla (N=9) para
simulação. Nove espiras são divididas entre nove elementos de Lt e Ct. As capacitâncias Ct
estão conectadas entre espiras adjacentes (0 à 1, 1 à 2, etc) e as indutâncias Lt são colocadas
entre espiras ímpares (1 à 3, 3 à 5, etc) e entre as espiras pares (0 à 2, 2 à 4, etc). A
indutância Lt5 está relacionada ao fio de retorno.

Figura 18 - O modelo de circuito equivalente para bobina de Tesla de 9 espiras utilizado


para determinar a freqüência de autorressonância (fo). Lt e Ct são as indutâncias e
capacitâncias totais para cada espira, respectivamente (PICHORIM & DESTEFANI, 2010).

Utilizando um software para simulação de circuitos (e.g. Electronics Workbench,


EWB), a curva de impedância da bobina (módulo) em função da freqüência para uma
bobina de Tesla solenoidal (como visto nas Figuras 17 e 18). Uma bobina solenoidal
convencional (como visto na Figura 17) com o mesmo número de voltas (N=9), indutância
por espira (Lt=100 µH), e capacitância entre espiras (Ct=10 pF) também foi simulado.
Embora os parâmetros Ct e Lt não sejam exatamente valores reais, eles podem ser
utilizados perfeitamente para as considerações teóricas (PICHORIM & DESTEFANI,
2010).

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 23


A Figura 19 mostra o resultado destas simulações, onde pode ser observado que fo
da bobina de Tesla (933 kHz) é 5,4 vezes menor que a fo de uma bobina normal (5,03
MHz). Como proposto por Massarini e Kazimierczuk (1997), ambas possuem a mesma
capacitância para altas freqüências (Cs=1,11 pF na região C da Figura 19) e a mesma
indutância para baixas freqüências (Ls=0,9 mH na região L da Figura 19).

Figura 19 - Impedância das bobinas em função da freqüência (curva sólida para bobina de
Tesla e pontilhada para bobina normal). Para baixas freqüências (região L) as bobinas
possuem a mesma indutância. Para altas freqüências (região C) as bobinas possuem a
mesma capacitância parasita.

4.6 EXEMPLOS PRÁTICOS

Alguns experimentos práticos foram realizados para demonstrar os efeitos das


ressonâncias em bobinas. Nestes experimentos, para vários modelos de bobinas, foram
levantadas as curvas do vetor impedância (módulo e fase) através de um analisador de
impedância vetorial de precisão da Agilent (modelo Agilent 4294A). A partir destas curvas,
as primeiras freqüências de ressonâncias foram determinadas. Também foram medidas as
auto-indutâncias (Ls) destas bobinas em baixa freqüência (aqui adotado 50 kHz). Os
resultados encontram-se comentados a seguir.

A) BOBINA CLÁSSICA

Um indutor solenóide de 90 espiras em camada dupla (diâmetro de 32 mm, fio


24AWG, indutância de 176 µH) foi enrolado e testado (figura 20).

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 24


Figura 20 – Curvas de impedância (A: Módulo e B: Fase) para um indutor solenóide de 90
espiras em camada dupla.

Observa-se na figura 20A que o módulo da impedância sobe até um máximo na


ressonância (1,26 MHz) e a fase passa de +90º (indutivo) antes da ressonância para –90º
(capacitivo) depois dela (DESTEFANI & PICHORIM, 2010). Tem-se aqui a clássica
ressonância LC paralela descrita no item 4.2. Este é o comportamento esperado de um
indutor no modelo concentrado, já que existe uma alta capacitância Cs de 90,66 pF causada
pelo enrolamento em camadas múltiplas (equação 29, Ctt ≅ 55 pF).

B) ONDA ESTACIONÁRIA EM SOLENOIDE CAMADA SIMPLES

Para um indutor solenóide de 90 espiras em camada simples (diâmetro de 32 mm,


fio 24AWG, indutância em de 121 µH), foi medida sua curva de impedância (figura 21) e
determinada sua primeira ressonância (DESTEFANI & PICHORIM, 2010). Teoricamente,
o solenóide como ressonador de ½ onda (o dobro da equação 42) oscila em 22,7 MHz.
Neste caso, o módulo da impedância desce até um mínimo na ressonância (21,01
MHz) e a fase vai além de +90º (círculos verdes) antes da ressonância além de –90º
(círculos azuis) depois dela. Este comportamento mostra o vetor da impedância passando
pelos 2º e 3º quadrantes (ângulos entre +90º e +270º), o que caracterizaria resistências
negativas na bobina! A figura 22 mostra o diagrama fasorial deste efeito. Esta
inconsistência ocorre por que, neste caso, o modelo concentrado é inadequado para
explicar, já que existe uma ressonância por onda estacionária no indutor.

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 25


Este comportamento é esperado aqui porque tem-se um indutor com camada
simples e muitas espiras, ou seja, uma baixíssima capacitância Cs (equação 27) estimada de
0,167 pF (Ctt=15 pF via equação 18, com Do=0,56 mm, Dc=0,51 mm e εr=4,5). Observa-
se ainda que se o modelo concentrado fosse utilizado a freqüência de ressonância foLC seria
de 35,4 MHz, o que mostra que este caso se encontra na região C da figura 16.

Figura 21 – Curvas de impedância (A: Módulo e B: Fase) para um indutor solenóide de 90


espiras em camada simples.

Figura 22 – Diagrama fasorial de uma impedância indutiva (1º quadrante), capacitiva (4º
quadrante) e as obtidas na bobina medida nos círculos da figura 21.

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 26


C) COMPARAÇÃO ENTRE ENROLAMENTO NORMAL E O BIFILAR

Dois indutores solenóides de dimensões iguais e com 45 espiras foram enrolados


(diâmetro de 32 mm e fio 24AWG), um com espiras seqüenciais e o outro com a forma
bifilar (DESTEFANI & PICHORIM, 2010).
O solenóide camada simples (figura 23) apresentou uma indutância medida de 40
µH (51 µH calculado via equação 10). Sua ressonância de 36,35 MHz foi do tipo onda
estacionária, como já era prevista. Se for suposta uma Ctt=15 pF (equação 18, com
Do=0,56 mm, Dc=0,51 mm e εr=4,5), Cs seria de 0,34 pF e foLC de 38,6 MHz.
Teoricamente, o solenóide como ressonador de ½ onda (o dobro da equação 42) oscila em
39,6 MHz. Com isso, pode-se concluir que este caso se encontra na região B da figura 16.
Já para o indutor bifilar camada simples, conforme visto na figura 24, o
comportamento de ressonância foi completamente distinto. Aqui, apesar de o enrolamento
ser em camada simples, tem-se uma capacitância interna muito maior (Cs=22 pF) por conta
do enrolamento bifilar, fazendo com que o indutor (com as mesmas 45 espiras e dimensões
iguais ao anterior) tenha uma ressonância LC paralela clássica (foLC) de 4,8 MHz (região A
da figura 16). Isto mostra que a forma de enrolar o indutor pode mudar drasticamente o seu
comportamento em freqüência e determina sua ressonância.

Figura 23 – Curvas de impedância (A: Módulo e B: Fase) para um indutor solenóide de 45


espiras em camada simples.

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Figura 24 – Curvas de impedância (A: Módulo e B: Fase) para um indutor solenóide de 45
espiras em camada simples bifilar.

5. COMENTÁRIOS FINAIS

Este estudo ainda não se encontra terminado. É necessário melhor compreender e


equacionar a redução na freqüência de ressonância causada pela forma de enrolar o indutor,
quando de forma seqüencial ou quando bifilar. Um modelo elétrico mais simples que seja
equivalente ao circuito mostrado na figura 18 também deve ser buscado.
Dois trabalhos de iniciação científica foram orientados nesta área. Um aluno de
mestrado (UTFPR-CPGEI) está desenvolvendo estes modelos e equações. Testes práticos
também estão sendo realizados para validação desta teoria e destes modelos. Seu trabalho
está previsto para ser defendido no início de 2012. Assim, as informações e dados neste
estudo serão revisados e acrescentados em um futuro breve.

Pichorim, S. F. (DSc.) – Estudo de Bobinas para Sensores e Telemetria - 28


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