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ffi%w&ffiffiffiry
DE Dennis Potter

Blue Renenbered Hil/s @ Dennis Potter, 1 984

TRADUçÃO DE
Título original: Blue Remembered Hills
Revisão: Marta 0lias
Daniel Jonas
Paginação: BdM

Concepção gráíica da colecção: Patrícia Flôr


Local e data de edìção: Lisboa, 201 1

lmpressão e acabamento: Digital XXI

Depósito Legal: 322708/1 1

ISBN: 978-989-8349-'ì 6-3

Todos os direitos reservados. 0s pedidos relativos a qualquer outra utìlização desta

peça deverão ser dirigidos a Judy Daìsh Associates Ltd',2 St Charles Place, London

W1 0 6EG, Êngland. Nenhuma representação pode ter lugar antes de ter sido obtida

a respectiva autorizaçã0.

Nenhumã parte desÌe livro pode ser reproduzida sob qualquer forma (electrónÌca,

mecânica, fotocópia, etc.) sem a prévia autorização da editora e do Teatro Nacional TEATRO
D. Maria Il.0 direito de Dennis Potter ser identiÍÌcado como autor desta obra foi NACIONAL
D, MARIA II
por ele certificado.

www.bicho-do-mato.pt BrcHq}{;MATO
Dennis Potter Em Portugal, Azul Longe nas Collnas estreou na Sala Estúdio do TNDM ll

Dennis Potter nasceu em 1935, na Floresta de Dean, em Gloucester_ a 1 0 de Fevereiro de 201 1, com encenação de BeatÍiz Batarda

shire (lnglaterra). Estudou Filosofia, política e Economia no New College, e interpretações de:

Oxford. Tornou-se conhecido em 1965 quando, após uma breve carreira


na política e no jornalismo, as suas primeiras quatro peças foram trans- PEÏER Albano Jerónimo

mitidas pela BBC. Entre as suas obras para televisão destacam-se B/ue DONALD Bruno Nogueira
JOHN Dinarte Branco
Remembered Hills (1979), Brimstone and Treacle (produzida em 975, .l

AUDREY Elsa 0liveira


mas estreada apenas em 1987), as séries penhies from Heaven (1r97g),
RAYMOND Leonor Salgueiro
The Singing Detective (986), Blackeyes (1 989) e Lipstick on your Collar
ANGELA Luísa Cruz
(1993). Dennis Potter escreveu também romances, peças para teatro,
WILLIE Nuno Nunes
ensaios e argumentos. Estreada na televisão em ,l979, Blue Remembered
Hìlls íez parte da rubrica <Play Íor Todayr e durava originalmente uma
hora e quinze minutos. Apesar de se ter dedicado à escrita para televi-
sã0, Potter fez várias incursões no teatro: Vote, Vote, Vote for Nigel Bar-
ton Íoi encenada ern 'l 968, três anos depois da sua estreia no pequeno
ecrã; Son of Man Íoi representada no mesmo ano em que estreou na
I televisão (1969); Brimstone and Treacle subiu ao palco muito antes de
estrear na BBC, ern 1976; Btue Renembered Hil/sfoi publicada em 19g4 i
na colecção (Waiting for the Boat> e, desde então, conheceu vários êxi-
tos no palco. A sua única obra escrita proposítadamente para a cena foi
Sufficient Carbohydrate (l 983). Dennis potter faleceu em Junho de I 994,
aos 59 anos.

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Nota do autor

Nesta peça, todas as personagens são crianças, falando alegada-


mente como crianças, e a históría cinge-se aos eventos de uma
tarde de Verão num bosque, num campo e num celeiro. 0 tempo
é supostamente averdadeiror, um incidente após o outro, sem
a imposição ou a intervenção da memória sob a forma de f/ash-
back e sem a premonição disfarçada de pensamento interior por
_.r parte das personagens. Comparada com a maioria das peças que

'a escrevi, é de longe a mais simples na forma e no conteúdo, uma


vez que decorre sem obstáculos, artifícios, diversões ou qualquer
tipo de enredo secundário; às personagens, sendo crianças, é-lhes
vedada a eloquência, a introspecção óbvia, a retórica ou ainda
os consolos úteis (e costumeira mentira dramática) de um pensa-
mento devidamente articulado.
A única excepção significativa de enrugar a superfície do
(naturalismo) (que, no geral, quase sempre considerei uma pis-
r irra estagnada, onde as ovas nunca chegarão a gerar girinos,
ttrrrito menos sapos e príncipes) foi a minha decisão prévia de
Itnistir para que as crianças fossem representadas por adultos.
()tt,ne escrevi <crescidos>, mas percebi então que estava a falar
rb rrr tores, que muito provavelmente devem a parte mais signifi-
rnllv,r rlo seu talento ao narcisismo devastador do <0lhem para
Irrlrrrlrr, que mantém a maioria deles, incluindo os octogenários,
rrlttrrl,rrloç numa adolescência emocional.
h.rrlro nresmo aversão a actores-crianças, pobres criaturas,
nlrrr,rr rk,ter total consciência de que seria mais decente direc-
tlllrnr ,r,rntipatia para os seus tutores gananciosos, ambiciosos
r lpnlvr,lrrrente negligentes. Teria sido, de facto, uma perspectiva z
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ltlprlnnlr'r lpr tido sete deles a actuar de uma só vez, mas este
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lrvír r)nìlltoensivel não foi a razão pela qual decidi dispensar I
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0s pequenos monstros. Não procurei deliberadamente inovação
mas também, ainda que paradoxalmente, como o sismógrafo que
ou complicação na narrativa de uma história muito simples, dado
poderia medir com maior veracidade os terramotos e os tremores
que, no meu ofício, a chamada <originalidade> é, sem dúvida,
das emoções da infância. As personagens de Hemingway podem
encarada como uma maldiçã0, e não como uma bênçã0, exacta_
sentir a terra mover-se no seu orgasmo mútuo, mas uma criança
mente como se um pé aleijado Íosse a consequência e não a causa
consegue senti-la a girar para fora do seu eixo pelo movimento de
de um coxear.
uma sombra na parede.
A nossa cultura reconheceu há muito que a infância não é
transparente com inocência, e que as suas aparentes simplicida_
des são apenas as opacidades das próprias angústias e agressões
de que procuramos ocasionalmente escapar, através de uma nos_
talgia inoportuna por esse <azul longe nas colinas> do pequeno
-n, verso doloroso de Housman. Contudo, apesar de sabermos disto,
sentimos também (graças a Deus) uma bondade compensadora
quando vemos efectivamente crianças numa peça. Os duros
ven_
tos de norte da ansiedade e da desilusão não conseguem apagar
totalmente o giz manchado de um quadrado do jogo da macaca.
Não queria que um <Ahlr complacente de retÍospecção-ate_
nuada interferisse com a visão de duas meninas a brincar com
uma boneca de porcelana ou quatro meninos a decidir que, afinal,
não existia nada melhor do que uma caixa de fósforos para incen-
diarem alguma coisa. O medo de ser assaltado que senti de súbito
quando caminhava estupidamente à noite num dos muitos
locais
perigosos de Nova lorque foi quase igual ao medo, que
sentira
quatro décadas antes, de ser emboscado por um rufia nas ruelas
de vedação alta que se afastavam da minha escola primária na
Floresta de Dean. Eu não queria que estas ou outras emoções
se
distanciassem pela presença de membros jovens, olhos frescos e
vozes em falsete.
Além disso, as crianças numa peça alteram subtilmente o que
fazem quando estão sob o olhar Íixo de adultos, e, uma vez que
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os actores-crianças estão duplamente sob tal censura, parecia =
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F ainda mais necessário utilizar o corpo adulto não só como a lupa z
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Cena 1

Carnpo. Oeste irrylês. As férias grarúes de 1943.

Urn rapaz tle sete anos, represerttado por wn adulto


tnadw"o, está a andar ao lortgo cle urn carnírilto qLte

vem serpentearulo desde algurnas casas distantes


até urna exterrsão de giestas e arbustos, e para alérn
clesta até ettrar tilun bosqLte. A wn lado da área
cotn arbustos ettcotttra-se utn pasto cotn wn vellto
_úí,
celeiro de rnadeira ao cetúro. EIe está e cotner utna
grattLle rnaça cle cozittltnr.

Ë+ À prhneira visttt, sern dúvida, vai pnrecer mais urn


adulto irnbecil do que wn rnenirto nonnal - pela
sua rnaneira de anclar, a sua inquietação, as suas
expressões e, aciftta de tudo, os seus Inafleiristnos
ruodelaclos nd Llctír/idclde frenética, na gittóstica
cortstante de wn rapaz de sete anos, realçada por
tquele corpo de adulto, rnais do que silnpleunente
paruli acla o u c a ricatw"atla.

Iìttquonto nnda e rnardría e cotne e coiltorce o rosto


( (tssobia desofrtwdünente, oproveita para ir pott-
lúl,eot,do utn tnaÇo de cígarros tto cltão, ou atíra
u,tt pilu ott tuna pedra. Mas tlepoís vê urna grande e
ltttuco profutttln poça de cigua ertlarneada nutn trilho
tlt cunoça ou de carnioneta de carga, e guína para
tt ltnlo deliberadarnente para ir chopinhar nela corn z
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,\ttut(l( prnzer. Depois, cotn o boca cheia de rnaça,
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tttnt(\'(t o fìtzer barull'tos de avioneta, abrindo e I
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fifdstondo os braços conto asas, e precípitaildo-se
Cotnicarnente, utn paï de pernas resolutas, ctperta-
d correr.
das nas calças cw'tas, desce dq árvore por cirna dele.
E Peter, represerÍado por urn adulto bent corpulento.
Este caça, ora etn voo picnclo, orct etn stbida verti-
Urn pottco rufin, rnas nada esperto. A reacção de
cal, é conhecido eiltre os seus arnigos por Wiltie.
Willíe é uttl pouco cautelosa. Peter balanceía-se tro
ratno tnais baixo.
WILLtE Waaaaaaaooom vroooaaaaaaa ak! (Irnitando
fogo)
Rat-a-tat-tat-tat-tat-tatl Waaaaa-zzzzzzzooooooooom !
PETER Escotilha abertal Escotilha abertal (E deixa-se cair
Rat-a-tat-tat-tat-tat-tat !
tl rar nati c nrn ente n o cltã o)

Depoìs, Willie, em pleno voo, decíde que


foi abaticlo. wrLLrE 0lá, Peter.
O caça ern c|tarnos mergullta nwna longa quecla, de

"asas" inclittadas e <tnotor" uivando. PETER Que tal, hã, Willie? Bom, não?

Aaaaaaaaaaoooooooooooooo..
WtLLtE 0 que é que estás a fazer?

Willie carninha aos ziguezagues e choca com vio-


PETER A lançar-me de pára-quedas. Que tal foi?
lência, corn toclo o tlevitlo nrelodrama, estatelaullg-
-se tle costas cont os braços e as penlas abertas,
WILLIE F|XE.
desfeíto. A sua corrida e a sua queda levaram-no à
prirneíra de algwruts árvores clestacnclas, o começo
PETER Tens de dobrar os joelhos, pá. Quando tocas no chã0.
gradual do bosque. Quatro ou cirtco segLutdos morto
Regra Número Um, ah pois é.
são o suficiettte pard Wíllie. Dó mais Lntn tlentacla
na sua grande rnaçã, ollnrulo para o céu.
WILLIE E o que acontece se não dobrares?

Morram todos. Todos, todos. Reduzidos a cinzas. (Urn


assobio desafirrctlo, depois utna cantíga desafintttla. PETER Partes o raio dos tornozelos.

Canta)
És o meu fogo, wltllE Bolas! lsso deve doerl
És o meu fósf'ro,
ptÌER É a primeira coisa que se deve aprendeç o meu tio z
És o meu V' (arrotn) rão o
No frio lnverno. disse. Ele mostrou a mim. Eu vou seÍ pára-quedista, é
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o Não imaginas... (A p'a saberes.
sutt voz .Iinlinui de ilftensidacle) I
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wrLLtE Eu cá vou é pròs comandos.
wtrrtr Calcinhas de menina.

Peter tern estaclo a cleitar uns olltares avctros pdra


Os dois rdpzzes fazertt "uuuuuuuu> e sacodetn
a rnaçã.
wnas risoclirtlns.

PETER Dá-me cá mas é uma dentada dessa maçã gigante.


PETER Já te disse para me dares uma trinca, não já?

wtLLtE (tentando desviar-Ilte a atenção) 0 teu tio Arnold é


wtLLtE (relutatternente) E de cozinhar, vê lá
um ga nda pára-quedista.

PETER Quê?
pErER Oi, oi. Então não é.5ó medalhas de ouro. Às centenas e
centenas.
wlLLlE É uma maçã ranheta. Muito amarga. Juro-te.

wtLLIE E eles podem ficar com os pára-quedas? Trazê-los para


PETER Mas vais-me dar uma trinca ou não vais? (Fíca de per-
casa, e assim?
trcts escarranchadas sobre Willíe, até agora apenas
tneio arnençador)
prrrn Pois clarol (Apanlta utna peclra sem razão npnìèur,
e atíra-a corn violêncin) Ganda lançamento, mas é.
WILLIE Dou-te o caroço.
Meio quilómetro, pra aí. (Funga) Espero é que ele traga
aqui a mim um pára-quedas quando voltar.
PEIER Tu é que vais levar um bom caroço! Pra que é que eu
quero o raio do caroç0, Willie?
wlLLlE (hnp ressíonatlo) Xau!

wrLLrE 0 meu pai diz que é a melhor parte da maçã


PETER Até dois ou três, se eu quisesse. São todos feitinhos de
seda. PETER 0 teu pai é mas é maluco, mas é

WILL|E E como outra coisa... wtLLlE (apctixonctdrunente) Não é nada!

WiIIie ri à socapLt. Peter olha para ele cont suspeí- PETER Nem o queriam ter no exército! Não é homem, não é
çãc,. nada !
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ts errun 0 quê? z
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o wtLLtE (aboffecido) Cala essa matracâ! I
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PEïER 0 teu pai não serve para nada.
Cospe o pedaço da rnaça. Peter subjuga Willie,
rrnrúetando-o corn os ioellns finnaclos no seu peito;
wlLLrE Espera ate eu lhe dizerl Vais ver o que ele te faz.
este clebate-se, arfando e asftxiando, no cltão.

PETER Aisim?
PETER Rendes-te?

WILLIE Sim!
wrLLlE Sai, mas é!

PETER 0 meu pai tem galões. (Aponta para o brnço) Coman_ PETER Olha que eu cuspo.
da centenas de homens. Centenas e centenas.

wrLLIE Não! Não... Pe-ter!


Os dois rctpazes olham-se mutuamente, nns Willie
está quase ern lágrímas, abraçanclo a maçã no
PEIER (con1 irnertsa satisfdçao) Olha que eu voul Vou cuspir!
colo. P.ausa. Peter asson o nsriz à manga da camÌ-
Mesmo no meio da tua cara! (E fonna utna grartde e
sola.
esplnnosct bolha de cuspo, prouta a cair')

Um dia até vai chegar a general ou quê. Foi o que a


wtLLtE Rendo-me! Rendo-me!
minha mãe disse - e se ela disse é porque é. 0 primo
dela e sargento!
Peter engole o cuspo.

Subitarnerúe e em ar cle tlesafio, WiIIie arrnnca nnis PETER De certeza? De certeza?


urn pedaço da maçã. Peter fi'anze-Ilrc
feronnente as
sobrancelhas. No momento em que Willie vrti engo_
wtluE A maçã também já está toda porca... Mandaste-a para
lir o pedaço cla nnça, peter atira-se a ele com tocla
o chã0, maluquinho.
a força.

Pt TER Quem e maluquinho?


wtruÊ @rfanclo) Uufl

wltUE Tu.
PETER (gritculdo) Seu porco egoÍsta!

Peter volta a apertáJo, perigosarnente z


WtLLtE (arfando) Peter... não! =
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|'r il R Quem? Quem? Quem? I
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WILLIE Ei! Ei! Ei! eETER 0h. Um bocado de porcaria nunca fez mal a ninguém.

PETER klpertatulo-lhe os dentes) Quem é maluquinho? Hã? wlLLIE (p,-esserúirtclourn furtclo de clúvida) Vais andar agar-
rado à barriga a contorceres-te de dores. (Srtstérn a
wtLLtE (arfanclo) Eu, eu... Au! Au! respiraçõo) Uma vez um rapaz morreu de comer uma
maçã porca. Ouvi na rádio. Juro-te. Uma trinca, mais
PEIER Quem? Quem é maluquinho? Quem? nada. Uma trinquinha e quinou.

wlLLìE Eul (Corneça a chorar) Sou eu. PEIER (alafinado, cortt a boca ainda cheia) Não digas asnei
ras, mas é!
Só para subliriltar o seu po,tto, Peter cospe-Ilrc rn
tneslnn. Willíe, rnaís t,ivo, apercebe-se da vingarrça que se

sbre diante dele.


IETER Para que te lembres bem, bebé chorão!

wrLlrÉ Por isso é que a força aérea as manda sobre a Alema-


Peter afrouxa o seu punho cruel, levanta-se, vai em nha. Maçãs porcas.
clirecção à rnaçã. WíIIie limpa o cuspo da cara.
Peter parou de rnastigar.
wtLLtE (lacritnejante) Essa maçã está toda porca.
p[ÍER Para quê? 0 que é que estás para aí a dizer?
Peter pega nela, esfrega-a tvt tnanga, dci-Ilrc wna
mordidela. wtlt.lE (totnandoJhe o gosto) Ai mandam, mandaml Para que
os alemães peguem nelas do chão, as limpem com as
PETER (cotn a boca cheia) Nem tentes. suas mangas alemãs, as comam e depois vão paÍa casa
e morrem. Em agonia. (Fungct) Fixe, não?
WILLIE Germes.

I'l lll\ (dlonnario) Quem te contou isso? Se estiveres a gozar


PErER Quê?
comigo, eu...

wtLLte Germes horríveis e coisas assim. Vai-te doer a barriga, Wtllt (ropidtunente) É verdadel Juro-te. Que eu caia aqui zj
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Peter. Apanhaste-a do chão, vai-te fazer mal. Muito rnorto iá!
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Peter olha pora ele, clepois cospe o que nintln tinhn 0 melhor até agora. Eu sei atirar maçãs, é bom que te
PETER
na boca. Mas clepois lernbra-se de utna coistt. alembresl

PETER (suspeitosarnertte) As maçãs esborrachavam-se aos bo-


wrLLrE Quase tão bem como o Wallace Wilson.
cados se fossem largadas assim. Elas são muito moles.

PETER Melhor. 0 meu é o melhor lançamento da primeira


wlLLIE lsso... é por isso que eles voam a rasar. Bombardeiros de classe.Eomaismortal.
voo picado. Aaaaaaaa - s;plosltl - aaaaaaaa.

wrLLrE Não dizias isso se o Wallace estivesse aqui. Ele conse-


ertrn Quem te contou? gue acertar numa borboleta a voal se quiser.

Willie inspira fundo, depois lança urrt rrcme cle PEÌER Cala essa matraca, mas é.
óbvia relevâncit:r.

wrLLrE De qualquer maneira, nós já vamos passar para a


wlLLlE 0 Wallace Wilson. segunda classe quando voltarmos para a escola.

PEIÉR (itnpressionado) 0 Wallace? PITER Para a segunda classe! Eh, pois é... É verdade, Willie.

Pois vamos e ludo. (Errxuga novarnente o nariz na


wtLLtr Eo Wallace não é o chefe da turma por nada. 0 Wallace rtrttnga) Onde andará o Wallace?
sabe do que fala, sabe muito bem.

wl lE Na pedreira, de certezinha. Na vadiagem.


Peter cortrai os lábios, gíra ern tonrc tlo seu cnlca-
nhar e atira o resto da rnaçã para longe. t,t ttn Não, que eu estive lá. A seita do William estava lá
de manhã. Apanharam um pneu velho, os gajos. Que
PETER De qualquer maneira, também não quero uma maçã sorte.
podre que só serve para cozinhar. Sabia mal. (Irtsirtrn-
-se ousadamente para Willie) Ainda me dá uma Wil ttt: Então eu é que não vou lá!
caganeira.

t't tllì Tens aí alguma prisca?


Willíe ri-se z
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wttttt Népias. Não consegui cravar a ninguém. Nem umazi-
ts wtut Ganda lançamento, pá z
F rrha. I
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PETER 0 teu velhote não deixou nenhuma na lareira? Cena 2

wtLLrr Nada.

No rneio do bosque.
prtrR Sacana do velho.

Rorarnente ficarn quietos, por utn tnotnetlto que seja


wlLLtr E ele agora conta tudo. Viu que faltavam duas ou três,
e ainda nem consegui arranjar um esconderijo seguro.
I'l ilìR Não arranjas lume?

Peter abafa o riso, pega noutra pedra e atira-a. Wil ilt Pra que é que queres lume se não tens uma prisca?
Cotneçatn a entrar no bosque, corn rnovitnentos
totalrtte nte cle se ngon çatlo s.
t't tttr Quero chegarfogo a um arbusto. Não posso?

Wil I lt (r r0.\ risiultos) A Sr." Baker apanhou o Wallace Wilson a


íazer chichi num arbusto.

I'l llll (r'lr'tilllttdo)Pois apanhou, não apanhou?

Wrl lt Alì, pois apanhou. Sábado passado.

I ttnt,ïtiln o dobrar-se corn wn cofitentatnento


htlú,tlll.

t'lth (l rlrít,.. ahl ahl... o que... hi! hi!... o que é que ele
rlluo/

Itutl Ih' rllr.,r,,,, cle disse...

llttt tlr l,rttrtt rlt tttutteira a poderern continuar a


t lt :o
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o lllrrc rlup nrltava que o arbusto estava a arder e... e.. I
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PETER Hi hi ho ho ho!
PETER Ele nem tem bola nem nada! 0 mariquinhas.Tem medo
de tudo.
wttttt (sufocando) ... e que ele estava a tentar apagá-lo!

wttLtr Medo da mãe, podes crer.


Vencidos pelo riso irtcontroláttel, rebolam clanclo
gargalhaclas.
l't r[R Ela não tratava aqui a mim assiml

(do firn de urn certo ternpo) 0 Wallace é quem conse-


PETER
wlll Vi-a a bater-lhe com uma pá. Mesmo em cheio na
gue mijar mais longe, isso é. pinha.

wtLLrE 0h, oWallacel Lá grande barriga tem ele! I'l lrI Aserio?
PETÊR E uma força como sei lá o quê. De buno. wur ( ortou-lhe o lábio e a orelha etudo.

Willie olha-o tle relance, com jnanha l:lttttn (nt silêrtcio. A seguir, cotno se pars escapTr
tt utn(t tt'rtsão que rno soubessern exltlicar, Peter
wtLLrE Pôs-te a bater os dentes, não, Peter?
rlttrrlrt sttbitantente a correr, Pára à fi'ente e cur-
l'r, . l('.
PEÍER (pica(lo) Cala a matraca. A seguir ao Wallace venho eu,
nunca te esqueças disso. t,l lllt V,rtrr0ll

WtLLtE (carrlncurlo)Tenho de ir. ll'llllt tli.slttrttt ú correr, e salta a catalo sobre ele.
I ttttllttlttt,tt.
PETER Aonde?

lllllll llr r;ttt' vou ao Pato Donald. Vamos arranjar frascos


wtLLrc Ah... hum... ao Pato Donald ^r qr.h,l,t v,rzios.
rln

PEIEa (trocista) Pra quê? pltlil lltto prrrl,t rlo ternpo. Não vão descobrir nada. Já andei
rltôr rh,h'\, J,i nõo há mais nenhum.
wtLLtE (encolherrdo os ombros) Jogar futebol. Sei lá. Qualquer z
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coisa.
tltlttt lttu Ê rltm r,rt rriio sei.0 Donald ganhou nove paus a
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o llllltll,l 1tn$,ttla. I
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PEIER (desdenlnsarnente) Sim, sim...
Wll.LlE Se eu conseguir arranjar dois ou três frascos dos gran-

des e levá-los à loja posso comprar uma revista para


wtLLIE Digo-te. Ele mostrou-me a massa. Sete frascos de mim.
quilo...

I'l llR Se.


pEttn lsso só dá sete sua cabeça de geleia!

wttlt Tarnbém não queria a Dandy.


wtLLti E quatro frascos de meio quilo. Nove, 'tás a ver.
I't tt tt (i,,(ïrr,(xlado) A Beano émelhor. 0 que éque achas da
prrrR Onde é que os arranjou? Beano?

wlLLtE (obviatnente evasivo) Sei lá. Pra aí Wrt t tt l)referia a Dandy. Entra lá o Desperado.

P ete r anal is a-o, de sconfi atlo.


Ìr I t t.s I'a I L' r' e stá di straítlo.

prmn Vá. Diz lá. l'l llll ír',r/,,\i(,srtrudo) Vê-me Só! Vê!

wtLLtt (desconfortcivel) Sou obrigado a dizer, e? wril il (lltô l

I'r'ltt ltt (.\l.i tt L'otrer ettt direcção às árrtores.


Peter errcosta-Ihe o punlto à boca, ameaçatlora-
rnente.

prttR Era melhor, Willie! Diz-me, é melhor. Ou então..

WILLIE 0h, deixa-me em paz!

PETER Eu... hum... deixo-te ver a minha Dandy*

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The Dandy e Beanq nomes de revistas de banda desenhada. Desperado está
ts
F por Desperate Dan, um cowboy que surge nos números da revisla The Dandy. z
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Cena 3
Cena 4

A caça. () vellto cnrvalho.

PEIER (benando) Um esquilo! Um esquilo!


wtLtl (ofeganfe) Foi lá para cima? Viste-o subir?

Chilreanclo e fazentlo olrLtttttuLt> como peles-venne-


tìt iliR (sc,r af Foi aqui que ele se meteu, tenho a certeza
Ihas ruuna expedíção guerreira, os dois <<rapazes> (Respird corn esforço) Fogo, corria como o diabo!
acornetern pelo rneio do bosque atrás de um esquilo.
IJrna caça selvag3ri, veloz, intensa, acabando jurtto
Wlllrl Como um raio.
clewn vellrc cnruàUn grantle e nocloso, unt pouco
isolado dc:ts outras árvores, a um lado cla vereclct
t,t tttr Pisgou-se pela árvore acima como sei lá o quê
arborízatla.

Wil r lt Já não o apanhamos, agora. Fugiu.

t'llllt (\ondottdo o lugar) Ele não consegue saltar para


aquela árvore ali. É muito longe. Não nos foge Willie.
Não nos foge, essa é que é, limpinho.

Wlllll L como é que o fazemos sair?

( |I I t t t t t t -se t nunwnente

t't tttr Assrrsta o gajo.

Wtt ttt ír',,1,,si. tsticarnertte) lá. Prega-lhe um cagaço!

lll rr r t tla exc'itação.


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l l ll il M,ilr(la umas pedras contra os ramos. Acaba com a raça
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o rh,lol Hã7 I
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2A
29
WILL|E 0u sobe. Chega mais perto. t),1N (etrcdnta,/o) Ah é? Jura

PEIER Não te esqueças que eles têm dentes afiados. Como tr^yMoND (excitndo) On-onde? Onde? (Saca da sua pistola de
agulhas fininhas e em brasa. E se te apanham nunca clturrtbo)
mais sais, que eu sei como os esquilos sã0.

wll[ Está preso ali em cima. Fixe, não? Apanhámos o


wtLlte Mas se calhar conseguimos apanhá-lo. Vivo. Hã? sacana !

pertn Nah! Só pela cauda consegues uma moeda de meio


telN it(urdo) Ah, mas com0 é que vão conseguir trazê-
(('spte
xelim. Foi o que o Wallace disse que eles pagam na -lo cá para baixo? Têm de o conseguir trazer cá para
esquadra da polícia. Com seis paus pode-se fazer um
baixo. Nunca vai sair de lá de cima. Digam-me mas é
ris monte de coisas. como é que esperam tirá-lo de lá de cima.

wtiLtr É verdade! Ainda assim... lr4rrs Roytrtorrtl tern estado a cotttrair a sua cara.

Toclo este ternpo nndarn à volta cla árvore, apa- n^YMoNt) P-p-pobre diabito.
nhando pedras, espreítando os rantos.

l'r lr í/Ìr,'(r Jolm) Com pedras, claro. Vamos acertar-lhe em


Dois outros <t'apazes> aparecetn por entre as citto- r heio. Nem mais.
res. São o lohn e, corn clnpéu cle cowboy e wn cinto
cotn coldres, o Rttyrnond. lútv (lit,t,giludo) Melhor era trepar até lá acima. Digam-me
rÌrds e como é que o vão tirar de lá de cima.
JoHN 0 que é que se passa aqui?

wil lll N,4o insistas.


wtLLtE Então, John? 0lá, Raymond.

t'ttttt (,\tt/.(t,tlo) Quem é que ia trepar lá acima! Para partir


(sorrindo ironicane tte) Entã0, entã0.
RAYMOND
o lloscoço. Aaaaaaaaa - crackl Assim, num instante,
lolol
Rayrnond está quase setnpre com este tÍpo tle rísirtlto.
Mas dci-se c1ue, infelizrnertte, tarnbém goguejn. ÍrlN {lWrllace Wilson. Ele ia. Num instantinho. z
=
o

Apanhámos um esquilo, John z


I
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PErER
lllïMilNtr I lxrrr;ue não o deixamos em p-paz? 0
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30
3t
PETER Ouçam sól
Cona 5

JOHN (catttott(lo j utttos)


t*'"'t Qrundo a lua brilha
O celeiro vellrc. AIi perto. À mesma hora.
No ninho do cuco...

I)e rnatleira. Teins de ararilta nurna ianela quebra-


Rayrnond hesita no seu sottiso. EIes voltnm a olltar
dd. Ferrilnetltns espalhadas. Urn carrirtlto de rnao.
para a árvore.
Utna velha garnela. Urn grande rnonte de feno. Urna
rotlo de carroÇa, etc. Muito espaÇo para hrincar.
WILLIE Eu acho qge o devíamos apanhar vivo. para mostrá-lo.
Fazíamos uìn circo. Não era? Era mesmo.
fl l)rtts rnenírns de sete arros, Angela, bonita, corn
cnrncóis e laços azuis, e Audrey, tTtuito terra-a-terra,
joHN (o céptico) Como é que sabemos que
I
ele ainda está lá nrn óculos baratos de aros de rnetal típo coruia e
em cima? Digam-me. Eu não vejo nada. Se é que ele foi
ctbelo ctu"to e liso, estão a jogar oàs casinlns" cotn
para ali.
ttttr thttido e rneio arúrttico rapazinho de pés lar-
,qps e cltatos virados para fora, que calça sapatos
PETER É onde está, digo-te. Olhat Vês? ()u botos, tnas setn rneias. Tetn aittda crostas repug-

n.ttttes à volta do boca. Urna criança rnaltratada-


Peter aportta cotn o seu dedo indicador e
faz wn
barullto de anna. Isto, por sLrct vez, faz tlisparar os !'lrtt rtrtt carrirrlto de bebé velho, arnolgado, que
outros três, que colneÇam a grítar nwna algazarra, r'ltio e tetn urna roda toda torta. No can'inho há
abrindo ,,fogo,,, dartçanclo aos saltos à volta cla tttrrs borteca de porcelarrc cor de chocolate charnada
árvore. Lá no alto, na folltttgem clensa, rnn vislum- l)ittt. Dirn, cluattdo inclinada, feclrc os olltos e
bre rápíclo tle wn estluilo. tttritt' trrtr peqtvn queixoso "Ma-rnã! NIa-rnã! ".

,.1 ltt'lt AnSeIa - a dorn da boneca - toca e volta a


l(t(til' tta Dina, obsenada por utna fttql-hutnorada
,ltnlrcy, que llte lança wn olltar bctstante agressivo.

l^ í{,,,(i,r(ruto a Dina uclratna") EntãO, então, entã0, z


^l,lr,t =
o
Varnos lá a dormir, Dina. Que bebé tão má, má, má.
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32
33
AUDREY Dá-lhe nos beiços, Angela, que ela fica já quieta! rx)N^tD Com quatro colheres de açúcar, 'tá bem?

DoNALD Não, não. Não se pode fazer isso. Nada de bater. Na (írg,?.sslvc) Então és Íua Mamã, és? Porque é que tens
minha casa não se faz isso. ^ilr)rÌ[Y
sempre de ser Íu a Mamã?

ANãELA (pard a Dina) Pronto, pronto, pronto. A Mamã está


nNr,ln Claro que sou. Sou eu que tenho o bebé, não sou?
aqui, vá, vá.
A boneca não é tua. Audrey.

DoNALD Não se pode bater num bebezinho, Audrey. Ainda o


nttilltt Y Então eu sou quem?
matavas.

loNnt rr Onde está o meu chá, mulher? Onde está o meu chá?
ï AUDREY E o qu\ sabes disso, tu, ó Pato Donald? Nunca tiveste
Quero o meu chá! (Bute cottt os pés rto chao twrna
lr-
um bebé: Dá-lhe no rabo, Angela.
tltra ítrútação de autoridade irritada)

oorunlo Não sou eu o pai aqui, sou ou não sou? E... e... não me
chames Pato Donald.
ANr,t l^ A chaleira está quase a ferver, amorzinho.

f rrfl^l l) í(.o//r muìtn delibeftiçãd Ê. bom que esteja, espero


nrucrm Nã0. Não lhe chames isso, Aud. Tu és o papá, Donald.
'Tás a chegar do trabalho, é? bem, é mesmo bom que esteja, que eu só espero que
essa maldita, que essa filha da mãe dessa gaita já

oonnro lson'idente) Sim. Estou todo partido, só de trabalhar esteja, é só o que eu espero. Dá-me cá um beijinho.

naquela serração. Já cortei o polegar e ïudo. lhtrita 1lt,la obraça-se contetrte, balançartclo-se ligeira-
wna sen's) Zzzzzzzzzz-chop! Ah! Ah! Ai que cortei o
tttttttc)
meu polegar.
y íi,,.sl,rf ittdo) E eu quem sou, então? Hã? Quero saber!
^utltrt
nruceLn 0h, coitado. Pobre, pobre Donald. 0 meu pobre marido.
ANrrll 0lì, Au-dreyl
DoNALD Ail Ai! Ail E não dói pouco. Sangue na serra toda. Estou
todo cheio de sangue. Sangue por todo o lado. Sangue. Attlllt y I rr vou ficar aqui sem fazer nada, sem ser nada, não é

Sangue! Irrsto.
z
o
ANGELA Não ligues. Já pus a chaleira ao lume. Vou fazer um cha- Atlrrt rrr lÌtrlcs ser a minha outra filha, Audrey. A minha Íilha
z
E zinho. rkrsobediente.
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34
35
Ê.
AUDREY (batetulo cott o pé) Não. Não quero ser isso. Não! Deixa-me ver o teu polegar. Tenho o meu material no
^ilr)n[Y
meu carro. Eu vou cosê-lo, vais ver.
Donalcl estó o soir do seu devaneio extático.

Arrg,ela olln pars Dotrald. Subitarnente, no rnotnento


oorunio 0h, vá lá, Aud. Não estragues tudo.
ctn que rrrostro a AruIrey o seu polegar:

AUDREY (cotn vivaciclade) Eu não estou a estragar nada!


nnr,trn Quál Quá! Quá!

DoNALD Estás, sim senhora Estragas sempre. Não estraga, Mttito oborrecido, Dortald afasta bruscatnettte a
Angela?
sud ntão de Audre1,.

Angete-cruza os braços ilnitando wna exasperaçao


t roNnt tr Angela ! Não faças isso !

adultn.
y 0h, céus. 0h, céus. Tenho de lhe dar umas picadelas.
ANGELA Quem queres seç Aud? ^ililrrr
Vais saltar, cuidado.

Os olhos de Audrey reverberarn. I )tttald ollra cotn ansiedade para Angela.

AUDREy A enfermeira. A enfermeira. Com uma tesourinha. l^ ((',,r resposta) Primeiro vai ter de tomar o seu chá,
^Nr,l
enfermeira. Ele precisa do seu chá bem quente.
DoNALD Ei... Boa ideia.Assim podestÍatardo meu dedo. Do meu
polegar. Depois de beber o meu chazinho.
nrrtrmv Não posso esperar o dia todo. Também era bom que
(,ste sítio estivesse limpo. Não posso esperar.
AUDREY 0 que é que tem o teu polegar?

âNr rt r  Níio, nem vou deixar que o chá dele arrefeça. Não estou
DoNALD Cortei-0, o filho da mãe, não cortei? Zzzzzz. Aaaaaaaghl
l),ìra estar aqui a sacrificar-me o dia todo à espera que
alo chegue a qualquer hora a pensar que o chá tem de
Angekt torce o nariz ern sinal de clesaprovaçã0. r'\lar pronto e à espera. Já estou a ficar é farta disto
lrrtlo,éoqueé.
ancrLn Cuidadinho com a língua, pato Donald
:o
z
Ârrtrrrr v ll,rrr, Angie. lsto é que é uma senhora a falar!
ts DoNALD (tocado) Não me chames isso, Angela ! prometeste-me! z
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36
37
D0NALD (i,?si?uante)Vâ lá, despacha-te. Daqui a bocado estou ÂN( rt I A Sim, e se ele me bater conto à mãe dele. Ela depena-te
mas é a sair para ir ao filho da mãe do bar, não falta vivo, não te depena, ó Pato Donald? Não te depena? Ela
muito. Para apanhar uma filha da mãe duma piela. bate'te com o ferro do fogã0, não bate?

ANGELA Vou-te pôr pimenta na boca! t) Pára com isso. Pára com isso.
tiltN^t

;,
ATDREY (agra(/cda) Pomos-l hg Angela? Pomos-l he?
lNr
't
t I ()ttá I Quá ! Quá !

DoNALD Nove ou dez canecas da boa é o que preciso. Perdi


tnNAt t) í,{r'll(r, tlo) Eslá calada! Está calada!
muito sangue.

,ltttlrn' ollto partt Artgela. Os olhtts de arnbas pare-


Auclrey agrrra o seu polegar.
t fl tt ll.ttttejor. I tuttarn forças.

ANGELA Não estás à+spera de chegar todos os dias a casa a


AlltrÌff y íH',r('f utsamerrte) Quál Quá! Quál
tresandar a bebida e esperar que eu não diga nada,
estás?
lr rlrrrrs tol)orisas à t,olta clele, terrivelmente

Auclrey chupalhe o polegar.


f rlrH^tlr ír',,r ltt,\titttüs) Nã0, porfavor, não. Porfavor.
DoNALD (entusíaxnado) Cala a boca, mulher. Chata, chata,
chata. Não vou aturar isto, digo-te já. Altlrmy ír ttnt llu,\dd) Pato Donaldl Pato Donald! Quál Quá!
()rrô I

AUDREY (cüspindo) Pronlo. Já estanquei o sângue. Mas vais


morrer daqui a nada. Mas vais morrer rnesrno. í' tutt ,'ltttlt'()') Pato Donaldl Quá! Quál Quá!
^tlrrll^
DoNALD Sou forte, não sou? Não sou pouco íorte, eu, lembra-te. lhnl,',tttthut t' pícnttdo-o cotn os seus dedos írtdi-
rrrrlrrrr't, (ttüìstntn4to à patede do celeiro, Ele hate
Urna rrutdança súbita por parte cle Angela ilft,, r,\ ntìos contro os orelhas, a fitn de tapar
r|| \f 'il\ rrrr|lrlos ttos escánúos. No que parece, etn
nrucrLn Quál Quá! Quá!
ltttilt,t rtrlrtlltt, (!ttdse wn ft'enesi psícótico, as duas
,rtrrr,,,ff r\ ltrttlir'ttlonnerte Audrey - agarrarnJhe :o
z
D0NALD Está calada!
t, ltil\rtttt lltr 0 t'dtelo. EIe gerne, cotnpletatnente
z
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AUDREY Dá-Ihe, Dona|d z
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38 39
Cena 6 r0lN E não ferram pouco, lembra-te. Quando podem. Irnha
de ser. lErtgole) Não tinha?

O velho carualho. À rnesmtt hora wttlt Vamos cortar-lhe a cauda, e?

Uma tnancha cínzenta de esquílo aturdiclo, atilr Ollttrrt tuls lrara os outros, iltcertos
gído por utna pedra, precipita-se da árvore cortra
o chão. t,t tttr Alguém tem uma faca?

Peter, lohn, \\lillie e Rayrnond cercatn ilnetliata- tottru 0 Raymond tem. Uma a sério.
tnetlte o anirnal, calcando-o fi'eneticarnente corn
as suas botas com cravos e coçadas nas pontas dos t't tr tr lens, Ray?
dedos. Ao tnataretn o esquilo vao rindo e grunhíntlo
e arfando, to_r_nados por um delírio irnparóvel. ll^yMilNt) ltrgtrlhosrunerte) Uma f-faca do ex-ército. Dos c-c-c...
Os actos violentos paratn, abruptamente. Afastam- (M(ts leva rruúto tempo)
-se wn pouco, entreolhutdo-se cotn rná consciêrtcia.
O vento muda e suspira rn velho carvalho. tuttN ( onrandos. É dos comandos.

Urn sentirnento rle crime itrstala-se ltAvMlNlr nrl nrcute)... comandos.


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l ìr

RAYMOND (ao fitn de algutn tetnpo) Está... está m-m-morto? l t tt tr l)oixa-me ver. Onde a arranjaste?

PETER yep. Pois está. Mais do que morto. liltlN l\!o não diz.

JIHN (terneroso) Não podia sobreviver. ll tÍil V'l lá, deixa-me ver. Mostra lá

Pausa r N-nãol
lltHt rltt ( v rl tl I t t t t r e t t te)

RAYMoND (friamente) M-m-morto. ll ll lt I l r1rrr" é que tens?


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loltn vai-se eclLtilibranclo oro nutlt pé, ora noutro lïlllll í) rlttr'Íoi, Raymond?
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40 41
Raymond contorce a cora.
IOHN Ah é?

RAYMoND (neio sohtçanfe) P-p-pobre animal!


I'ilrn Él

PETER Não sejas bebezinho!


t0tìN Ah é?

RAYMoND Nós m-mat-matámo-|o... (Soluço)


pilrR Êl

Obscurarnente envergonhatlo, peter clá run valente


Iistão encostados, rnns cada unt dernasiado inse-
eficontríto a Rayrnond.
gtro etn relação cto outro parct querer rnedir forças.
I\trsa.
JOHN Ei! Deixa-o em paz!

l{lllN (,ríÌo rnuito septro) Ah ê?


PETER (restruuryando) Tiro-lhe mas ) aquele chapéu de cow-
"\
boy.
pt tttt Ahl Cala-te, mas é! 1E nfasta-se)

JoHN Nã0, não tiras. Deixa-o em paz.


Wll llt Quem me dera ter uma faca. 0 meu pai não me deixa

prrtn Ah é? Porquê?
IAYM(IND 0h, são m-m-muito úteis.

lOtttrt Já disse!
Wllllf (,\,,spi,?trtdo) Dava-me cá um jeitinho ter uma faca das
boas, bem afiadinha. Ai não que não dava.
prren Não te metas. Não metas o nariz
onde não és cha_
mado.
I liiltn Para que é que a queres, Raymond, amigão? Eu sou
Lt'

bom com íacas. (Faz wn gesto de atirar) Clunkl


.tonru Rufia. I

!
lllMttNn P'Pra nada.
PETER Estás mesmo a pedi-la1 ai está1 estás.

lítltN Não quer trocar a faca. 5ó sabe limpá-la, afiá-la, limpá-


touru Ah é? E o que vais fazer? .la, aÍiá-la. z
=
o

F pETER iá vais ver, se não calares o bico. 'lllllll Delxa-me ver; RaY.Vá lá.
z
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42
43
1

RAYMOND Não! wl r r Não vai sangrar pouco, lembra-te bem. V;i-te sujar
todo.
lolttrt Que foi?
toltru É como quando o meu cão foi abatido.
RerrR Porque não?

rt^yMoNr) C-c-coitado do p-p-pobre R-Rover.


Raytnond aponta para o esquilo rnorto

wttttt Era um cão altamente, não era?


RAyMOND Vão-lhe c-c-cortar a c-c-c..

tolN Eu cá quero é arranjar 0s meus frascos de geleia. Dá um


Mas ern vez de chegnr à palavra furornpe nun choro. dinheiro bem fixe, não dá? Uma moeda por cada frasco
Todos voltam a olhar novotnente para o esquíIo. de duas libras.
Pausa. WiIIie está, ngora, tambún prestes a clrc-
rnr. lr^YMoNl) Vamos à p-p-procura?

wtLLIE Não devíamos.. l't tlr Não arranjam nada. iá não há nenhum. Já andei a ver
em toda a parte.
PEIER Ah, cala-te lá.

wrrrtt 0 Pato Donald arranjou alguns.


wllLl: (itlcotnoclado) Nã0... quem me dera que nós nã0.
percebem... rr rtlN í1,,/c,?ssarlo) A serio, Willie?

JOHN Eu também. Wtt ttt ['le tinha um saco cheio, ontem. Eu vi. (Sacotle tun risi-
rrlto) O Donald não queria mostrar o saco, vai daí eu
PErER Mas eles são selvagens, não são? rlisse-lhe: (Mostra o que está aí dentro senão mando-te
rrm bufardo na cabeça.r
JoHN Mesmo assim não gosto de lhe cortar a cauda. De qual-
quer maneira, é tudo cartilagem e assim. rulN ()ue Ílorzinha, não é?

wtLLtE (engolinrlo as palavrtts) É melhor não lhe tocar! lr n r tjnr bebé chorã0. z
o
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ts (repugnaclo) Bebezinhos. Eu ananco-a, então. z
o
PETER ilrilN tln soco e desiste logo. Um soco, mais nada. I
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PEIER (agitnndo os braços) Quá! Quál Quál lt l u VaÌTìos lá à procura dele. Pato Donald. Rir um bocado.

Toclos rietn
tnttru lá. E saber dos frascos. Onde é que os encontrou.

wtLLtE Ele até arranjou uma caixa de fósforos e tudo.


t,t il[ Vamos obrigá-lo a dizer-nos.
.+

PETER (rnuito interessado) Ai sim?


trrlN Íloa I
JOHN Ele rouba da carteira da mãe.
I'l lllr (rïrlrr jovialidade) Fazer-lhe uma queirnadura chinesa.

PETER Não admira que ele esteja sempre a levar.


tr^YMnNr) 1i, isso d-d-dói bem!
RAYMoND C-c-coitado do Donald.
('rtttlorcetn-se a rir. Mas depois, de algwna tnarrcira,
PEÍER (zornbando) Ele está mesmo a pedi-lasl Ele pôs o bar- tilnrttr o esquilo rnorto e ficarn calados.
raco do carvão a ardeç não pôs?

Wl u V,ri começar a cheirar mal, se o deixarmos aqui.


wtLLtE Mas isso também foi só quando a mãe o fechou lá den-
tro.
IllN V,rrnos enterrá-lo.

ioHN A minha mãe diz que a mãe dele é lixada.


l l il tr Niro qozes.

PEïER Porquê?
lrtrru Nlìo,.. um enterro a sério.Com tumba e tudo.

JoHN Sei lá.Tem alguma coisa a ver com lençóis.


lllllll l!r,r itleia !

wrLLrE 0 quê?
l.l ltfi Nôí) sejas mariquinhas.
JoHN Sei lá. A minha mãe diz que os lençóis da cama deles
tinham muito para contar. lilltN llilr r,rìterro a sériolem de ter uma tumba.

z
WILLÌE Ela faz chichi na cama? ll'llllr anbnal afincatla- =
o
cttrrrcçn a ltisar e a repisar o
,th',tl(. z
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o Riso abafado par pdrte de toda a gente. I
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46 47
PETER 0 que é que te deu?
(rna 7

wtLLtE Tumba! Tumbal Com tumba e tudo.

() cclciro.
Riem retwnbantemente, uivando e fazendo <Ltuuu-
uu, de alegria.
(l l\tto Dorrolcl, sozirrho, está arnontoatlo contra
ilt,ttt pdrede, rttuna posição fetal, chorando tnuito.
PETÊR (retotnando o fôlego) Fogo, Willie. Essa é boal
,lpcrto o< puttltos conh'a os serrs olhos etn desespero.
O clrtsto desolado pára ou dá de si. E, lentarnerte,
O que provoca outra explosão de gargalhadas.
tt lrt'incílrio, cotneÇa a ernbalar-se. Ao tnevno terttpo
tttttt(\'tt wn catlto tttottótotto e pesado.

lilrN^il) ((,,,r/)(tlttttdo-se)Pai-volta-Pai-volta-Pai-volta-Pai-volta-
"Pai-volta... (As palavras desvanecem-se à rnedida
tlttc se vni ernbalartclo cada vez rnaís rápido, e fica
úttld tez tnais rígiclo, ao potlto de quase estãr cata-
Itírrit'o, corn as costcts a martelar na paretle. Pá-pá-
'!'tí-Pá)

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49
Cena 8 t^ 0lì, sim. De muitas e de muitos. Especialmente de
^ftí't
rrrui tos.

O carnpo relvado. ,.ltnlray ntnpÕe a boca wn pouco, e cíntíIa.

O catninho do celeíro através tlo campo relvatlo em Attt,tl v í s a rnelhor amiga do Wallace Wilson?
direcção ao bosque.

t^ V,lÌros casar-nos. Com alianca e tudo.


À rtistância, Angela e Audrey estõo'í emptut'ar o ^Nrrl

carrinho de bebé ao lortgo tlo caminho. Vão-se ttpr<t- Aillrtil Y lt'tÌt graça
xirnando, acornpanltadas pelo chiar ritmado clo car-
rinlrc. Altr rt t n O rilre ê que queres dizer?

AUDREv ... e ela não me queria contar. Vai daí disse... disse: Atttru y orvl rlizer que ele ia era casar com a Hilary Jones.
<Bem, Betty>, disse eu, <não falo mais contigo>. <Não
es mais a minha melhor amiga>, disse eu.
â[rrt t I lir ô rrruito vaidosa.

ANGELA Nã0, ela é falsa, Aud. lf llrlll Y í' t,tn ililt .sorriso derryoso) Ele não gosta dela nem um
Irur,rrlirtlro.
AUDREY Iu és a minha melhor amiga, Angela

âNrrltl Nôo prxlia. Com aquele nariz dela


ANGELA (nwn risinho) Sim
I ltlttr rht crrrtittlto
Chiar do carrinho.

fllllllt v lltnlf'l tltto lhe acerte o passo?


AUDREY (cotn wn olhar oblíquo) Eu sou a Íua melhor amiga
também?
$tiltl lnllrr,. hro, Audrey?

ANGELA Sou a melhor amiga de muitas e muitos.


, lüilr Nn lto,t,
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AUDREY Oooh.Olhem quem fala!
lfftf À rt ln llrr, rì0 nariz, entã0. Acerta-lhe em cheio naquela
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o gtnttth, pr,tt<al I
À z
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50
51
AUDREY E acerto-lhe na cara também Cena 9

Riern
O bosque.
Faço? Faço?
Peter, lohrt, Willie e Rayntortd estão a carregar ímpe-
ANGELA Ela está mesmo a Pedi-las. tuosarnertte etttre as árvores, fazendo o tão farniliar
grito de carga dos índios.
A])DRE\ (manhosamente) Eu sou a tua melhor amiga' Angela?
,,Conetnos,> corn eles, participando da purn exci-

ANGELA És, Aud. És tu' És tu! tação física e do abandono de urna brincadeira
cle criança.Até clrcgannos ao campo de pastagetn
Chiar do caninho. no fitn do bosque.

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52, 53
Cena '10 PETER Ray?

RAYMoND N-n-n... (Opta por tnexer coln a cabeça)


O ctunpo aberto
PEIER (autotnaticrunente ) <K-K-K-Katy. > "
Peter párn, Ievantlo a tnão ao laclo
JOHN 0 Pato Donald às vezes arranja uma caixa. Vamos à

PEÏER UUf!
procura dele. Ele dá-nos alguns, se o deixarmos brincar
connosc0.

wtLLtE (arfflndo) Que é que foi? Partiste antes d-e nós'


PETER Vamos fazer uma fogueira baril. Pegar fogo a qualquer

(se,Í cr) Deu-me uma Pontada. cena


PETER

Meditatn rrc possibiliclade


loHN 0i. Se deu!

ar, caern pesaclatnerrte tut wtLLIE Podíamos tentar fazer uma faísca de qualquer coisa.
ArfLltlLlo e cont faltn cle

ervn tttfosa. Raytttorrd, esbaforído, chega ern últírno,


com o chapéLt cie cowboy a nndat para citnn e paro
PEIER A'ejeitatúo) Sim, sim, vou já apostar nisso.

baixo.
wttltE Pode-sel Basta esfregar duas pedras uma contra a

outra.
PEIER (gozilldo) Molengãol

lOHN Nunca consegui


RAYMoND Estava a... (arqueia)'.. g-g-guardar-vos as c-c-costas'

t,t tER Nunca ninguém conseguiu. Só dizes asneiras, Willie.


Antlant n flanar por alguts tnotnetúos' cada urrr
Como é costume.
chupando tuna f'olha cle en'a lartceolatla.

PETER (por 7Írzr) Alguém tem um fósforo? Hã?


Ahr.,,irr paródica à canção (K-K-K-Katy), muito popular entre soldados e mari-
rrhrtror tliì Primeira Guerra Mundìal, escrita por GeofÍrey 0'Hara em 1917 e
çr,rv,rrl,r por Billy Murray. Conta a história de um soldado gago, Jimmy, que z
WILLIE Népias.
rr rlul,rr,r arnoÍosamente a uma rapariga chamada Kate. Eis o seu refrão: o

É
I f,rrIl beautìful Katy,lYou're the only g-g-g-gìrl that I adore;lWhen the
z
F JoHN Eu muito menos. rt ^u^trt tttoonshines,I)verthecowshed,I l'IIbewaitingatthek-k-k-kitchendoor. g
o 2
o
I
zz l
ô
55
54
wlLLlE (cottorcertclo-se) Para rapariga não está mal.
wtLLtE Nã0, a sério, meu. Pode-se. Esfregas duas pedras uma
contra a outra. Como é que achas que faziam fogo
periR Já lhe deste um beijo?
antes de descobrirem os fósforos, ó espertinho?

PETER Vê lá mas é se não te esfrego as orelhas uma contra a Will ie volta-se, contorcertdo-se.

outÍa I

wlLL|E Deixem-se disso.

Risirtltos de toclo a ggnte rnenos cle \{illie


PErER (ollmtdo pdra os outros) Eu já, não te esqueças.

Ao longe, Audrey e Arrgela estão a aproxhnar-se,


e ntp urrando o carrhtlto cltitrnte. Ríern sufocadarnertte

JOHN Pensava que eram dois paus que se tinha de esfregar' JOHN (i,fer?ssado) Porquê?
Sim. Dois Paus.
prrcR Sabia a compota de morango.

Nenhurna resPosttr
Risos corttirtuados.

PETER Não há nada que se compare a um fósforo'


toHN Aposto que à Audrey ainda não deste nenhum!

Pausa.
G argallt a cl as r rni s e xtravagarúe s.

)oHN (Ievantanclo o ollnr) Olhem só para aquele carrinho'


wtLLIE Nunca ninguém, de certezinha
Que chiadeira.

PETER Não âs queremos por aqui, pois não? Pt:ten Nem nunca ninguém vai dar!

WILLIE (riissirr Lilat\tmente) A Angela ainda vá"' Gritos de gargollmda

(nurn crescettclo goztt) Oooooohl Ooooooh! r^yMr)ND Chiu! Ainda nos ouv-v-vem.
J0HN cle
e PETER z
=
o
(arreg,anhanclo os tlentes rrtun sorriso) É b-b-bonita' rntttrt Com medinho dela, é, Raymond?
RAYMOND
z
ts nã0, Willie? I
o z
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:!
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N
o
s7
56
trido s' JOHN A sério?
M t:ús ri si r tlto s reP t i r

cabelo com força' RNcrLn Ainda não está acabada


wtLLìE LembÍa-te, ela puxa-te o

querido? wtLLtE Para que é que vocés querem uma cabana?


AUDREY (c114,,1 artcto) Olâ, Peter' Estás bem'

pltER lsso não é para meninas, as cabanas.


oS oUTROS 0ooooooo!

AUDREY É para brincarmos às casinhas.


PETER 0 que foi?

os olhtts de
EIe nfasttt-se, torcenclo-se e tet'irarrdo
JOHN Que brincadeira mais mariquinhas.

etnbaraÇo.
nETER As mães e aos filhos das mães dos pais,

(chegrtrtdo) )âcontei à Angela sobre tu


e eu'
AUDREY
Riertr alto.

PETER Arranco-te o cabelo'Todinho!


nrucrLn Ponho-te pimenta na boca.

(poru Angeld, com ttm sorriso tlettgoso) Vês?


AUDREY
PETER E eu tiro-te a fitinha do cabelo.

ANGELA (sel',etíi mente) Assoa o nariz' Peter'


nrucrLn Dá-lhe,Aud.

PETER Cala a matraca'


ptrrR Não vos queremos à nossa beira.

Os r(lpúzes levrltltttttl-se' itt certos'


AUDREY Não querem ver a nossa cabana?

J0HN Por onde é que as duas andaram?


RAyrú0ND Não q-q-queremos brincar às c-c-casinhas. Pois não?

AUDREY Na nossa cabana'


wtLLrÊ Nã0, não queremos!

PETER (ttocisfd) Qual cabana? -oz


nrucrLa Podiam ajudar-nos a construí-la.
z
ANGELA Temos uma cabana
nas árvores' I
ts z
o o
:3 3
z N
z
o
59
58
prrrR Sim, sim.
JOHN O que é que Íalta?

e Arryeltt ttlltttttt turttt para o outrtt' RAYÍIIoND Quanto ap-p-postas?


Attclrey

roHtrt Anda lá, Ray. Mostra-lhe


AUDREY Ainda não a começámos'

ideia' não acham?


ANGELA (t?Tltitltttnerte) Mas é uma boa PEIER Até contaÍmos até dez.

casinhas' Queremos outra


PTTER Mas não é para brincar às nnyuolo Fácil

coisa, Angela'
prruR Dez nrl.

Um Íorte' Com pistolas e


tudo'
wtiur
JoHN lsso não é justo.
com a sua pistolt
RLlytilottd faz trm sorn cle dispttro
de clturnbo' nncrLa Tens de ser justo.

não for uma casa'


nruc[n Pode seÍ um forte quando prrrn Cem, entã0.

No caso de os alemães virem'


wlLLlE 5ó para nós, soldados' wtLLtn 0 que é que lhe dás, se conseguir? Dizias que não con_
seguia.
RAYMOND Eu sou um f-f-Íuzileiro'

AUDREY Dá-lhe um pau


PETÉR Não podes ser Íuzileiro' Raymond'

wtLLrr Dás? Peter?


Se q-quiser posso'
RAYMoND P-porque não?

se és gago'
Peter está a calcnr o solo, cortt as mãos bern enfia-
PÉTER Não te deixam ser fuzileiro
dns nos bolsos.

touru É verdade, Ray' É verdade' sìm senhor'


PETER (restltutrgttrtdo) Não posso andar para aí a atirar
baixo' dinheiro fora! z
p-p-pôr-me de cab-b-beça pra
RAYMoND Mas consigo c=

nruGrLa lsso é porque não tens nenhum. É só conversa! z


Ele consegue'
ts JoHN Consegue, consegue' I
z
o o
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2
z
ô
61
60
se aguentar?
eETER Ai é? Mas o que é que ele me dá se não RAYr\,roND Está b-b-bem

Hã? E se não se aguentar, hã?


IOHN Têm de dar um passou-bem

RAYMOND Empresto-te a minha


f-Í-faca
erren O quê?
prrrn Ai é? Por quanto temPo?
toHn Dá-se sempre um passou-bem quando se aposta a

RAYMOND E tU?
alguma coisa. É obrigatório.

PÊTER Se aguentares, RaYmond"' E por isso é slgrÕdo.

prmR 'Tá bem


JOHN Até CEM.

PETER Está caladinho, tu' Apertatn solettertrertte tts tttãos.

De novo sitrcis de potencinl ltostiliclstle etttre Johrr toHtrt Começas quando eu disser (pronto, a postos, já>.

e Peter.
PÊIER Anda lá com isso!

JoHN Até cem. Foi o que disseste'


toHtrt Está, Raymond?

PETER Está bem. Está bem. Até cem'


Rayttrortcl irrspirn fttrtdo e ncertn.

RAYMoND O que me dás?


Prontol (Pnusn) A postosl (pausa) Jál
prrrR Se conseguires, Raymond' dou-te a minha bola de fios'
0 que dizes? Rayrnord fico apoiado ao contr(irío, de cnbeçn pttrtt
baixo

RAYMOND PTA MiM?


WtLLtE Um, dois, três, quatro, cinco, seis..
amanhã' se não
PETER Por um dia. Eu Íico com a tua faca até z
f
se con- perrn Mais devagar! Mais devagar! o
conseguires, e tu ficas com a minha bola de Íios'
z
seguires. Está bem? Aceitas? I
F
o z
o
I
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N
ô
63
62
AUDREv A vir da orelha do Raymond! Aaaaaaaa! !
wlttÌE...sete,oito,nove'dez"'(Angelnitutta-se-lltes'ril'ris
u)]HN
rópirlo) "' onze' doze' treze"'
Royrnotrtl, nssustaclo, totnbú paro o cltao.

(tei n'u') s ame r te ) Se-te' oi-to' no-ve"'


PETER
RAYI/oND Hã? Quê? Onde?

(e,tttrsi.lstttados) "' catorze' quinze' dezasseis' dezas-


wlLLIE,
Bote corrt ns rrttlos rtos out,itios. Peter rnove-se salti-
sete, dezoito, dezanove' vinte"'
,o*'3ll tnrtdo.

PE]ÊR (lritúttcto) "'dez' on-ze' do-ze"'


PETER A tua faca! A tua faca! Quero a tua faca!

AtulreY tuna uttlLt ol)Ção'


)1HN (etÍurecído) Espera. Deixa ver..

PETER ... tre-ze, ca-tor-ze, quln-ze"'


e AUDREY Exartrìrta a orellra de Rnltntntd.
e dois' vinte e três' vinte
wlLLIE, (fì",láficos) "' vinte e um' vinte
ATJDREY (preocupoda) Pensava que era. Juro-te. Parecia mesmo.
e quatro, vinte e cinco"'
. o*'3ll Jurol Juro!
se tortn rr.tnis rá1tido'
À rtrctlicla que (1 sltLl cotrtogem
ntnnténr cLtrnicantetúe lertttt' J)HN (fitriosanrutte) Não há sangue nenhum !
e a de Auclrey e Peter se
e segre(Io urgettetneflte
qLnlquet coisa
Peter clesiste

ao ottvido de Autlrev' Astrtt ctTrtt z(1n!:a(l(l' cttttt óctt- RAYI\40ND De certeza? JJohn?

I os, agre ssivtt, trnttsfbnr ta- se rt tun l:torrito'sorri'so'


tonn Nada! Nada de nada! Nem uma gotal
e oito' vinte e nove'
... vinte e seis, vinte e sete' vinte
prrun Vá lá. Vá lá. Dá-ma
trinta e três"'
trinta, trinta e um' trinta e dois'

grito estillnçütte e ter- ANGELA lsso não é justo, Peter


De súbito, Auclrey ldttçd uttt
A conta1ent púrtt' E ertttio:
tível.
efirn lrirtdo c/fo) Aguentou? Não aguentou, pois não? Fize-
mos um acordo. A faca vem para mim. z
AUDREY (griÍotrrío) Sanguel Sanguel f
o

z
JoHN Seu batoteiÍo duma figa
I
ANGELA 0 que.'.! z
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! =
z N
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65
64
JOHN É.
PETER 0 quê?

aos segredi- Peter, airúa iuseguro de sí, tocalhe no otnbro.


JoHN Seu ganda batoteiro duma figa' Eu vi-te
nhos.
PETER Ai é?

Prren Olha lá!...


AUDREY (cor,? excitação) Dá-lhe, Peter! Acerta-lhe em cheio!

era' Juro' Pela minha alminha


AUDREY (assrrs tacla)Pensauaque
ANGELA Não o deixet John. Dá-lhe também!
Juro.

Não conta' Peter JOHN (sern grande cortfiança) Batoteiro.


JOHN Não conta' Começamos de novo'
Esquece'
PETER Dizes isso mais uma vez e eu faço-te engolir os dentes
pela garganta abaixo. (Ergue o punho) Só mais uma
PETER CONtA. siM!
vez.

JOHN NãO!
lohrt passa a lírtguct pelos lábios. Os ouhos estão
varados, cont os olltos faiscantes. Megno rto
PETER CONTA!
tnotnento ern qtte a tertsão cotneça a arrefecer:

JOHN NãOI I
JoHN Batoteiro.
;i_-.^1. I

PETER Fecha a matraca!

J0HN Fecha tu a tua!

à força' ó linguarudo'
PETER Vê lá se não ta Íecho mas é

tu se eu não Íecho mas é a tua'


cabeçorra'
JoHN E

z
PETER Ai é? =
o
z
lohn, inseg,tro, Innrbe os lábios' I
z
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67
66
I

)AHN (exclcrrttttrttlo) Corre, bebé, correl


Cena 11

AUDREY ( cl r o t tttt t t d0) peÍer!...

A luta
PEIER ((rrqueÌ(uüo, soluçurtclo) Não me chateies.
Deixa_me

Peter frnttze o olhar, n segLür


atacn' loltrt det'olve' em paz!

-llrc tlc irnedialo (l 4S/cssco'


Eln 1tára, yertdo-o ofttstor-sc. A sua ex1tressiío trttrts_
rtntn cetn tle port-
Lutarn. O trutis aproxinntlo seritt fon n n -s e, te r r í t, el n t e t t te. C o t tr e t. a a s a I tLt r.
e Peter tro-
cnclaria dos filmas tkt vellto oeste' lolttt
Uttt
cam socos e pattcndas cottl ttttt viSor crescerúe' AUDREy ( gr i tln r/o) Coba rde- gelati na, cobarde- gelatí na !

estíípor ciftn, e ktgo clepois por baixo' N[Ltt'irnett-


cle ervu' 3ru' Peter, correttdt), ttão ollto par(1 tr.is.
tiutt-se nttm terretto i|regulttr' coberto
ttltittdo, orfttrtdo à tocr' Os outros Llão utl't
e baterrtlo
e ütgela apoiattt httretsrtto, loltrt setta-se sorridente, ila en)a, un1
apoio rotfertln: Willie, RLtyrnontl
otn'ir rnuito altrt' Peter' Iterói rodeado por cLuttpritnetftos cle ptrtcaclirtlta.s
Ioltrt, e Auclrey, fazentlo-se
t|(15 COS\]S.

Joltrr vni-se soinclo


nrelltor' Peter ttcabo pctr ir uterrnr
J0HN (r,úi,rg1o/ íutttlLt-se) E não é que ele
tle cttstas tturn ttrbusto de g'iestas' deu à solal Não se
pôs a correrl Hã?

PETER AU! AU! AU!


wtLLre Es tu o número dois agora, John. lsso
é certinho.
já?
J}HN k)fegattte) Já te chega'
JoHN Número doisl pois sou!

AUDREY (,grifri,rrlo) Não desistas' Peterl Não desistas!


RAYIVÌOND Até p-p-podes bater o W_Wallace.

DesesperttdLrrttente, Peter erf!rc-se


e' buixttndo tt
triunfìtrrte' otirn
cabeça, investe cotftrLr lolut' loltn' ANGELA Nun-ca.
Peter
Peter Lto cltão. Os orúrcts brttdtttn e nrovertt-se'

es3ueirtt-se o ct$to tÍilizantlo () (lpoio rle trtãos pés'


e t}HN @rÍiutdol Um dia, talvez. Nunca se sabe.
Um dia des-
z
gettrctultt, solttcttttdLt, e cotneço
(1 correr' Autlrel' vai tes !
=
Õ
oo L:tttnpo e 4o
atrós dele pelo ctttninho em direcção z
ts ANGELA Tens sangue ou qualquer coisa no nariz, John
Ê I
o celeiro. z
o
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N
o

DÕ 69
WtLLtf Vrooooooo-ooo-ooom
loHN (agrarlatlo) Tenho? !

do carrìrtltrt'
Ang,ela vale-se tle utn boctttlo tle trnpo Rnytttotttl ttstl t1 Sua ltistoltt

ANGELA Pega. Deixa-me limPar' RAytvl0ND Rat-at-at-at-at-atl Apanhei_te !

JoHN Nã0. Deixa estar assim' lCorrr orgulho) Deixa estar wtLLtr Í\em penses! Ninguém bate a RAF. Olha para mim,
como está. como voo. Vrooooooml

wlLLlE Mas o que é que a tua mãe vai


dizer? toul Não... e o Peter também não me bate a mim! (Ollta
ent
t,olta) Onde anda o Wallace Wilson, é verdade?
isso' An-
JOHN Dá-me uma coça (Recottsitlertt) Ai"' tira-me
gie. Melhor assim' wtLLt Ninguém o viu ainda.

ANGELA Vou ser enfermeira' Os olltos cle lolnt estreítaram-se ern especuluc.ão.
Poderit ele bater o grartle I,Vallnce? Decíde, t,ísitel_
pugilista' Há
JOHN Eu vou ser soldado, primeiro' E depois tnettte, qtrc ttão pttsstt de utn sonlto.
meu gancho não falta
muito alemão que vai conhecer o
muito. )1HN (ritulo) Bem, onde quer que esteja, está a tramar
alguma, disso pode-se ter a certeza!

wtLtr E jaPas.

e os malditos lapas' 1Ele encollrc-se perattte


o
J0HN Sim,
ntratamerÍo, aplicaclo por Angela) Au! Não sejas

tão bruta!

Arrgela cospe In tt'LIpo, e lirrtlttt tttrtru t'ez

ANGELA Vá. Está melhor assim?


z
cottl os =
o
Willie está a fltzer sorr tle avioes outra vez'
z
braços esticttdos.
zI
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!!
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70 71
Cena 12 Cena í3

Fora do celeiro. O celeirc.

Peter, com a cara raiacla de lágrirnas, e o olho


a
Dortald vê Peter aentrar. Vemos que Donald, obser_
começar a inchar, clrcgou ao celeiro' rtattdo, estci escoudido atrás de wn esteio groslso
de
rnadeira.
PEIER (sibilanrlo) Espera só até veres' Espera só ate veres'
Espera só até veres' (Peg,a nwna pedra e atira-a Peter vagabwdeio por ali, assobiancío desafinatla_
no celeiro, carnirtharrdo
fttriosamente. Depois entra rnente. Erttão:
cl e smsz eI a d ct e tac itum ar nente)
PETER Eu vou apanhá-lo. Eu vou apanhá_lo.

Dortald tosse nervosamente. Peter roclopia para


trcís.

t_
DoNALD (4.ss,stado) o-olá, Peter.
.I

PEÌER 0 que é que estás aqui a fazer? Hã?

DoNALD N-nada, peter. Juro.

Peter lança-lhe wn olltar ntal_lttunoraclo, depois


acaltna.

PEIER Andei à bulha.

D0NALD Com quem?

z
PETER (agressivarnente) Com quem? Com quem? =
o
t Mete_te na
I tua vida! z
o
À (,
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N

72
73
Peter ollta ern yolttt descottfiatlo.
DoNALD (er7Sol irttilt em seco) Desculpa'

quem' prrrR Não há aqui nenhum frasco de geleia, pois não?


PETER Com o John Harris, foi com

DoNALD Não. Nenhum


DoNALD Deste-lhe, foi? (Engole em seco) De certeza'

PETER 0 Willie disse que tu tinhas um saco cheio ontem


PEIER (t'elLttLtttemente) Foi mais um empate'

a sério' DONALD
DONALD (rovot"dentente) Oh' deves ter-lhe dado í,reryosütnente) Está a mentir.

PEIER (ayatiÇ(rndo) Ele disse que tinhas para aí quase um


PflER (rosttanrlo) O que é que sabes tu disso?
xelim deles.

DONALD NAdA.
oorunLo Não. Juro.

lá' bate lá as asas!


PETER Quál Quál Quál Anda
Peter põe-llte o p111111q1 rto boca run?l Kcsto Ltlneo-
tleltois esbrt'tceia parn citrn e cd(.lor.
Dotnlcl olhtt pcrro ele'
para bttixo, cottt os ollns ltrin..iclos'
PETER Parto-te a cabeça, ó Pato Donald!

DoNALD Quá! Quál Quál Quá!


Dornld recuct, cotlt os olhos cheíos de rnedo

prtR Ele deu uns munos de sorte'


0 nojento'
DONALD Eu... eu acho que sei onde arranjar alguns frascos.

mais forte do que tu'


oorunLo De certeza' Ele não e
pereR Diz lá, entã0.

Peter sente o olltrt, e olltu porn ele'


DoNALD Não dizes a mais ninguém?

que estavas aqui a fazer' não te


per-
PEïER Já te perguntei o
PETER Se estiveres a mentir, vê lá..
guntei?
z-
C)
DINALD (ropidaltrcnte) Nã0... é verdade. Juro, peter. Juro.
DONALD NAdA. 4
z
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ô
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74
PETER E onde se arranja, então? Dortaltl abrac'd-s(, .1 si lrr(il)t.io, cortt tutttt goygallttr,l,r
al.go tttoníoca.
DoNALD Bem... sabes, atÍás da loja " no iardim'

DoNALD Sim! 0 senhor Hopkins guarda lá os frascos


ate vir o
PETER No muro. Sim. camiã0.

DONALD Há um barraco, não há? Ao pé das macieiras velhas' pErER Então


estão lavados e tudo.

PEÍER O que é que tem? DONALD (/jsirlro.ç) Siml

ent seco) Há lá frascos de geleia"' andei a prrrR Não têm nada


DoNALD Eh... lErtg,ole colado, nem estão porcos nem
nada?
ver por lá.
DoNALD Estão novos, peter.
Centenas e centenas deles.
prrrR Andas sempre na vadiagem' Sempre sozinho' como um
tolinho. Peter tleixa escol)nr utrr lotryo assobio.

DONALD (/i rrcn',osatnerúe) Mas acho coisas' PETER Fogol

PETER Lá há frascos de geleia, é? DoNALD 'Tás a ver! Não sou nenhum mariquinhas, pois
não?

os frascos
DONALD Devem ser da loja' E é lá que eles metem Peter aittcla ilão cotlsegue acrecíítrtr.
vazios'
PETER Quer dizer que encheste um saco de frascos
limpos que
PETER 0 quê? a loja já pagou e... fogol Ele compra_te
outra vez os
mesmos... semprel...
DONALD Eh, e onde o senhor Hopkins guarda os frascos vazios
quando os recebe' lSolta utts risitthos) DoNALD Por isso é que não podes
dizer nada a ninguém. íOliia
ortsiostunertte poro peter) Não dizes, peter.
Não dizes,
P etar fi c a atl t t ú rt'ttl Lt, tt c Lt t t t p re et t de r 1' úSL1 t t rc t tt c'
poÌs não?

z
tr
PETER Queres dizer.,. PETER Sabes o que vai acontecer, não sabes? o

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77
I

DONALD (íÌ,lsloso) 0 quê? PETER 5e eu fosse a ti ficava a contar que eles o amarrassenr
e o atirassem a um grande monte
de formigas carpin
PETER Vais parar à choldra, ah pois' Oh'Ah, pois vais teiras. É assim que os japas fazem.
Vinha na Capitao.
Tentaram fazer isso ao punhos_de_Ferro*
Por favor! Por e... porque e
oonnLo Não vais dizer nada a ninguém, pois não? que estás a chorar? Hã? O que
foi? O punhos_de_Ferro
favor! conseguiu fugir; não conseguiu?

PErER (ft'iamctrfe) Eo que é que me dás? DONALD í.çollrçÌtrttto) Não g0stavas se fosse o feu pai, gosta-
vas?
Pousa
peren Não sejas
bebezinho.
DONALD (strssr t rrn tulo) Iudo'
oolnLo 0 meu paizinho.
ertrn Consegues arraniar Priscas?
peter ollto
ltntr ele, e ilpíedo_se.
oorunro N-nã0.
prrrR Nã0. Não
digo. Juro. Não digo.
prrrn O teu pai não fuma? 0h, iá me esquecia'
DoNALD Não me importa.
Não me importa.
DONALD POiS.

PETER (cdrregartdo a express,ìo) Espera só até apanharmos


rETER O teu pai eslá desaparecido, náo está? É assim que aqueles japas, e só. Filhos da
mãe. Ei, ouve lá, apanhá-
dizem. mos um esquilo hoje!

DONALD 0s iaPas aPanharam-no' DINALD (olit,iatrclo o olhnr)Foi?


O quê... vivo?

Então é como se estivesse morto' Os iapas são os


dia- prreR Nã0. Tivemos
eETER de o mandar abaixo duma árvore.
bos mais assassinos que há'

DONALD Não são mais fortes que o meu pai' 0 meu pai não se
z
rende!
Punhos-de-Ferro está por
receu na revista de banda
Rockfist Rogan, nome de um piloto
cla RAF que apa_
:
o
desenhada Chanpion
Aqui'iup-iíni,em tgjS Era
tambem pugilista, daÍ o seu nome
F
È z
o I
9 z
z o
z
o f,

78
79
D0NALD Não são nada mansos. ootuL0 Se eu arranjasse
alguns.

PETER 5e te agarram nunca mais largam' Estás bem feitinho, petln Tu não incendiaste
o teu barraco do carvão?
ai isso estás. Tens fósforos?
DoNALD Um bocado.
oorunLo Fósforos? (Ele olhn corn tltotreirice outro t'ez)
perrR Deve
ter sido fixel
PETER Podíamos pegar fogo a alguma coisa.

Dortald cresce tttutt p(lroxisnto


D01JALD (hesifú1lrlo) Nã0. Mas. dc utnas risadas
stro / a tt e te o s s st
e tt t r t ad s. t t t1

Mns Peter está distrttído- oorl,cLo 0h! 0h, se foil Oh, se foil

erren Fogo. O olho está-me a arder' Está inchado? PETER (subitttrnerte) Esïás a esconder-te aquì?

DONALD UM bOCAdO. D]NALD (pnr(ltrdo cte


rir) Não.

PETER O esquilo saltou-me mesmo para cima dos olhos' perrn Vá lá. que
O fizeste?
Mesmo na cara. Já viste?
DONALD Eu... nada.
Mas não quero ir já para
casa.
oolrnLo A sério?
PETER lsso é estúpido, mas
é.
PETER Tenho soÍte em estar vivo' Da maneira como se atirou a

mtm DONALD Não é nada.

oonnlo Choraste? peter ollta


para ele, irttrigndo.

PETER Eu não choro. Achas? Vou ser pára-quedista pErER


0 que fizeste? Hã?

D0NALD Gostas de pegar fogo a coisas? D]NALD (furtitt:urtente)


Eu não fiz nada.
z
=
o
F PETER 0 quê? Os do i s rãp(l ze s c xttt t
o t ít t n tt t- se t tt tt tt trt t n er te. z
2 I
zz z
o
Õ
:
80

81
IETER A minha mãe diz que gostava que fosses lá para casa Í
,!
5 Cena 14
Ficar lá, e isso.

DoNALD (erfasiasmado) A sério? A sério?


À entrada do celeíro.

IETER Mas o meu pai diz para ela não se meter.


nETER Não há alernães na prisão,
Donald. É só rnacarrões.
ooNnio Não fiz nada de mal. luro.
oorunLo Espero que
não o apanhem.
prtn Diz lá. Anda.
RereR Espero que
apanheml

DONALD EU.,. bEM.


A buzina ainda soa.

Um súbito sorn de sirene ou buzina das redondezas


- popó-popó-popó-popó!

PETER (excitado) É da prisão dos prisioneiros de guerra! Deve


ter fugido algum macarrão.

DoNALD 0u um alemão!

Corrern par6 G entrada. A bLtzina ainda soa

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83
ii
I

Cena 15 wtiLre 5e calhar devíamos por


ir outro lado. Este carrinho está
a chiar muito.

() bosclue tolr,r 0k. Mais para o meio


das árvores. Vamos arranjar
um
esconderijo.
e Atulrey
loltrt, Willie, Rayrntttul, Arryeln e cctrrirtlto
etÍrar(lt\'t tle novo ttas arvores. A buzirttt ou siretrc AUDRFv Ele não nos vai fazer mal, pois
não?
está o soar - parece rttttiío perto.
J0HN (preocupado) Não penses
que ele vai aparecer por
aqui
JOHN Estejam alerta. É assim que temos de estar' não vai. já o apanharam,
de certeza.

ANGETA A minha mãe diz que temos de ir para casa quando wrLLrE Enfiaram_lhe uma
baioneta, mas é.
ouvirmos este barulho.
ANGELA (estridentetttente)Espero
beml Espero bem!
wlLLlE É. E a Professora também.
tonl,i Chhh, Angelal Faz pouco barulhol
nuoRrv Se estivermos juntos não faz mal'
wrLLte 0 ítalo ainda nos ouve!
Mas cotneçartr tt ficnr nssustnclos'
RAyMoND (utgentefitente) Ouçamll
RAYMOND lolltttntlo em t'<tltrt)Ienho a minha
f-f-Íaca' Chega

Ficarn pararisntros cre terror, r-tuvirttro os sotts do


bos-
wtLLtE Mas os ítalos são bons com facas, lembra-te
bem
que. Utna ave le.t,antt voo
nt!n1 stibito esvonçar rie
Cortam-te a garganta mal te vêem' aviso. Raytnotttl tlestontrclo-se
e (.onl(,Ç(t o con.er.
os outros orratn tresvttíracronrente
ett i,orta e tlis_
ANGELA (so/fú1 ndo rrm lamento) Quero ir para casal Quero ir
para ca-sa ! 1í:":":';":ï;,,:::::,,,,,,:,:,,ï:,,;::,:,i":,i,,,,i,,i,iì;,
os cirt.o ltrecipitarn-se trtrrtt,és
dos fetcts e rrns tín,o_
vai acon-
JoHN Não chores, Angie. Não tenhas medo' Não te res, fit'arttlo tttttis ou ntcttr.ts
iruttgs, deíxatttlo o carri_
tecer nada. Juro. ttlto obarttlLtttatlo rtos ctuttittltos
do bosqtte.
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Ê AUDREY E eu! Eu também
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84
;
1

RAYI\40 ND ( s u ss t t r ro t ul 0) Até esc-curecer, N ão ?


Cena 16
JoHN Já têm toda a gente atrás dele. Apanham-no nunr lr,
tante.
A gruta.

tttttn(l grttn naturnl' fo'


AUDREY 0 que lhe vão fazer?
Os cirrco vão (tbrigar-se
Ali se quedarn'
lltosa,escavackt entre as árttores'
toHw Tirar-lhe a tosse.
(1r e asstrstodos'
acotoveltrclos, seftt

nuoRry Bem feito.


encontra'
loHN Ele aqui não nos

wtLLtt Onde está o carrinho?


ANGÉLA DE CETTEZA?

nncrLn 0h.0h.0 carrinhol E a Dinal (Jtn larnento) Coitadi


que não'
JOHN Ja-mais. Claro
nha...

de escapar
wlLLIE Lá Íora não tínhamos hipóteses
JoHN Não lhe vai acontecer nada

bem aqui' Não se está?


ioHN (i,rcerÍo) Está-se
ANGELA ú7uel-rottdo-se) Mas vai ficar assustadal

AUDREY O que é que or"tviste' Raymond?


wtLLre Aguentem os cavalos!

RAYMOND EIEI
Mas ela está o solug'ar

JOHN Yiste-o? toHtrt 0h, vamos lá buscar-lhe o carrinho. Não demora nada

RAYMoND N-não sei' WILLIE Quem vai?

ANGELA QueÍo ir Para casa' J0HN (p(?ssdrríIo a língtttt rttts lábios) Todos. Se estivermos
juntos vai tudo correr bem, não é?
JoHN Temos de esperar
aqui algum tempo' :
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AUDREY (beligeranternerte) Deixem lá o carrinho! z


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wlLLlE Quanto?
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86
Íicar aqui' isso é o que
wtLLlE Por quanto tempo mais temos de WILLIE (sr/.çst//7.arrdo) Raymond?
O que é?
eu gostava de saber'
I)e olltos abertos, Rrtynotttl agurro_se
oo l)ttt\tt nt,tt
RAyMOND (strsstrrrnntlo) Devem ser ho-horas de l-jantar' próxirtto.

wlLLlE vai ate lá cima dar uma espreitadela' John' RAYM0ND de se s1t erad n r net fte
(
) Oucam!

J)HN (alarnnrlo) 0 quê? E certo é qtte se otn,itt Iogo o som


dtr torrirl,r,t,
Ltlguérn Cottt|o o t,cAetttçno rasteira. Os cinttt t,sttr.ì
wtLLIE VeÍ se não há lá ninguém' t{t -se n
tt r er de se sp e ro, d to ra r n i r
ryar t tlo.

;oHn Já vou. Utn wilto chegtt ao topo lo gj.uta,


cotn os nt(itt\
pelos tontozelos e os cordões
tt olhor portt si' e bttixa os olltos' desapertnclos. E 1,,,tr,.
loln vê Auclrey

PETER 0 que é que vocês estão aí a fazer?


AUDREY Nã0 estás assustado,
pois não?

J0HN Peter! thtv,eryortltodo) pensámos...


JoHN Claro que não!

AUDREY Pensávamos que


Wilson"' eras o Macarrã0.
AUDRÉY Se fosse o Wallace

já disse. Cala a boca, Audrey'


PETER í/Ìso nbaflttlo) Eu? Fogo!
JOHN Já vou,

WILLIE Não ouviste a sirene?


nuonrv E..' e o Petertambém e tudo'

JOHN (/"stTlütl gttntlo) cala esse trombone' Peter está n clescer cont esforço.

O-ouçaml! PEÌER 5e ouviT Claro. Não sou surdo, pois


RAYMOND não? Estava mesmo
à espera.
trrtn
O ntodo de Raytrrontl tlizê-lo é, tle rtovrt' de
urgência tao on'epi(1tlte que os outros
parolistttt' i0HN Para quê? 'I

Itorrorizntlcts. (Jt:lú p(utsü tle tretrnr' O st'ttn


tlct b<ts-

que. Potttbos-brot'os arrtiltttttr'


rl
ts Peter ollta poro e,le.
Ê
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o .1

88
89
PEIER (agra(lí1do) Assustado... estavas? ANGELA E fizeste_me
deixar o meu carrinho!

JOHN Eu? Claro que não. pErER (agrz(ltltÌo) Ai sim?

AUDREY (f ivrt,/lerlfe) Estavas, sim senhor! Estávamos todos a


J3HN (aborreciclo) fìve de olhar
por elas, não foi! [ssr,
chorar e tudo aqui. liano, o macarrone, ou
rt,r
macarrã0, ou sei lá conr),,1
chama, podia ter uma faca.
Já pensaram nÌsso?
JOHN Estavas tu, queres tu dizer

PEIER Nun-cal lMtts unt lanptcio de nrtsietÌat.le


PETER 0 Pato Donald está a tremer como gelatina' ltcrtot.n, llr,
a expressão)

wlLLlE Onde está ele? RAyMoND Nã0, é verdade,


l_l_lembrem_se bem.

pÊTER No celeiro. Não queria sair. (Vá lá), disse-lhe eu'


JOHN E se ele estivesse
à cata de sangue?
<Vamos lá apanhar 0 ítalo.) Mas ele não senhor' Foi-se
mas e esconder outra vez num canto' yilLLÌE Sangue jnglês.

JoHN Que mariquinhas. peter


ficn de boctt obertrt.

ANGELA É como tu, John. PEIER Não me tinha lembrado


disso. Ele podia ter_rne
apa-
nhado!
AUDREY Fizeste a mesma coisa!
W|LLIE Espetava_te
a faca
)oHN (oferrott(io) Foi por vossa causa, não Íoi? Não Íoi'
Willie? Não Íoi, Raymond? Nós não estávamos assus- PEIER (illtarulo ern retlor) Ele nunca nos vai encontrar
tados, pois não? aqui
no bosque, pois não?

wrLLIr Qual! joHw Ele matou


dois ou trêrs guardas para
sair da prisão' cor
tou-lhes as goelas.
RAYMOND C-c-claro que nã0.
AUDREY (r n e i o entu sí n
querlas lr
srt t ttiltt ) Foi? .Í
AUDREY íesfocTtlLlolhe cotn o tletlo) Nem sequer
ts espreitar, John. Artgela suspirtt. .Í
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90

91
wtLLtE (Íi'attzittLlo 11 expressão) Como é que sabes' lohn? Raytnortcl ollto pttrn os orÍros.

J0HN Foi o que eu ouvi, não interessa' RAY[\4OND N-n-não vêm?

PETER Fogo! wtLLtt Vamos?

Estiveste sempre
wlLLlE Mas estiveste sempre ao pé de nós! tonlr Ninguém te força.
aqui, John.
Peter olln parLt fLtlttt, e cÌecitle alirtltar oo lotlo ,1,1,,
AUDREY Estìveste sempre aqui ao pé de nós!
crren Ninguém vos força!
J0HN Nã0, não estive.
t\NcELA (locrirnejarte) E a minha Dina, coitadinha?
Deve est,il
AUDREY Então não estiveste! a chorar, a chorar e a chorar.

JOHN Mesmo se estive, é mais do que óbvio' não é? wÍtllE Eu não vou sozinho.

PETER É? RAYMoND N-n-nem eu.

rouru Não abrem as portas a um prisioneiro de guerra e o AUDREy Está bem, mas
e então a maldita boneca dela?
deixam fuqir - acham que deixam?
nructin Não fales mal
wtLLlÉ Nã0. Claro que nã0.
JoHN Vamos lá acima
buscá_la, peter?
JOHN Para isso e porque matou alguém - ou não?
PEÌER 0 quê? Eu e tu?
PETER Sim. E.Tens razãol
toHrri Melhor irmos os dois.

RAYMOND QreocupLlLlo) V-v-vamos


para casa'
ANGETA Não nos podem deixar aquil
Não nos podem deixar
JOHN Ninguem te força. sozinhas I

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93
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JOHN E vocês, aqui. (parl peter)'Bora.


AUDRÉY Alguém tem de ir'
I

pois não? Mas não se tnexetn.


WILLIE (/rervos amente) Mas não se demoram'
Voltam, não voltam?
,/ PETER Juntot não é?

venham num inst-tante'


RAYMoND P-p-por favor,
l. JoHN Sim. Juntos.

JoHN Fiquem quietinhos'


Olhotn wn par(l o outto, engolem em seco, e, conn)
que a wna tnarcha de tambor, escalam a cova,
PETER NãO SE MEXAM
tlel.
xot'tdo para tr"ás quafio companhehos ítssustodos.

JoHN Nem um plo'

aqui ao Número Dois e ao


PETER Arranjaram-nos a bonita'
Número Três.

lohn olha Para ele'

Dois?
JoHN Quem é o Número

P e quena, contri statl a P au s ct'

PETER TU.

a bonita' (Caloroso)
J0HN 0 Petertem razão'Arraniaram-nos
Anda, Peter, amigã0"'

PEÍER (ansiosamente) Iens a certeza?

JoHN Temos de arriscar' 7


E

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PETER Está bem. Vamos lá' então'
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Cena 17 Cena 18

Ánores para lú tltt gruta.


Ì1 grut(1

Movendo-se catúelostunettte, e segreclarttlo, lolnt e


Os qtratro esttìo tetlsos
Peter vã<t Por etttre 0s únlores. e rtet.t,osos.

WtLLtE (ntttTtLt yoz se3re.tlariol


Será que estão a
JoHN (sÍrsslluú? rtdo) Se ouvires alguma coisa...
ainda os vai apanhar.
salvoi lI
PETER Sim? 0 quê? ANGELA (próxirrttt de rnyo
dos lá,grintas)Será que
voltarn?

JOHN Atiramo-nos e deitamo-nos no chão' AUDREY (rabugenta) Claro que


sim.

PETER Para quê? Silêrttio. Corto de póssnro.

JOHN É assim que fazem os soldados. wrtltE Não confio neles.


Não confio nada neles.
Vão mas e a
correr para casa para jantar.
PETER Ah. EStá bCM
nuontv Chhhht

Et n siIêttc i o, at/ (lt t


ç
(t tt t, c Lt t n ic a tt rc t tte, tt t t t n o e s 1t é c i e

t ro tli tt t tltt ttlgt té t tt o rü ste i o r. Colatn_se. Tertsão


cle 1t tt t t to t tt i t n tr, p t

S-trbitorrrettter,,rr'rÏ:::t:r"ï::r:'::Ï:::'r,'::rrr,r,;* j;
fora, virtclo tlns tin<tres.

taHN (foro) Nãããããããol


Aaaaaaaaah! Socorrol
Aaaaaaahl
A facal
PETER (-ora) Larga_mel Larga-mel
Nãããão! Aaaaaaaaaghl
Não me matesl

"t olltos esbrrgctlltndos, trernerrr{o de lnrrcr,


z
?."::: o
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Willie, Ravtnorttl. Att,gela
e AtrrÌrey (tg(ìrrerTt_se
utr.s
!z aos outros,
5;erttettdo e soltttortdo.
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96

97
Cena 20
Cena 19

A gruta.
cla grutrt'
As áwores Por tletrás

que Os quatro estão uurtt desespero doloroso. Atrgrlrt


No bosclue,
'ona*n Peter e lohtt (que sentiram ltinguém
a rebolar-se rn está a clnrar. Raynond tapa os ouviclos, aperttt (,s
'rl-jo,,
pelas imecliações) estão
que não olhos, gernendo. Auclrey estcí anhtltacla nwn(l po,\i-
abafar tuna gargalhada
,o*,nttdo
ção fetal, e Willíe:
conseguem evitar'

tu"' wlLLtE Socorro! Socorro! So-cor-roool pail pail Socorro!


cetto tempo) Ho-hoo-hoo"'
PETER (í;ro fim de utn
ha-ha..
Os ouh-os decíclem jLuttar-se-lhe
'l d
ah-ah-ah"' o quê? Ho-ho-ho"'
JoHN Eu... ho-ho"' eu"'
T0D0S Socorro! Socorro! Socorro!

Precisttm de se alit'iar
com mais wna gargallnda
histérica'

achas que ouviram?


PETER (por frn) Achas"' (engasga-se) "'

que não ouvlram"'


JoHN Ouviram"' aì não

nova gargalhada' implo-


E, tentando conter tuno
dem de riso'

Í:i

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t- À
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98
Cena 22
Cena 21

O velln celeiro. A St.uta.

O Pctto Dotttrltl estti sertudo rttuttd rnasseiro orr Os gritLts no


|ttu1lai5117ç1 dLt tlesespero.
urn tpós
ttLnne roda cle cnrroça, a riscnr fósforos
Deixa codtt
o orút"o, retiraclos de tuna caixa t'elln'
05QUAÌRO 1à wna) Socorrol Socorro! Socorro!
uté qrrase o tlueitnor rtos dedcts;
fósforo consrutrir-se
Dtu'ttrrte todo o E o cnrritilto Ltbote_se aos repeloes
depois deixn-o cair rtpidamente' soltre alt,.s. (,ortr
olltt cttl vttlttt, artsìoso' grítos de pâttico, os qtuttro
Lerrtpo porfiarn trlrto ttsc.Ì\trtì
rrípido.
rtova
Acencle outro fósforo, obsetvú n chuna' Utna
Olha etn tedor Porn dnretn corrt peter
expressão venr-llrc à torro ckts olltos' e folttt, a1ts17[417alo e bcrtirrttltt
tlLre se de pnzer
p(tra o rttorfte tle feno - tão aterttatnettte e nlcnlsprezo.

queimn ttos dedos.


JoHN Eheh! Apanhámo_vosl
Apanhámo_vos!

DONALD Au! (Sctcode o fósfitro rttpiilnrnerúe)


eEïER Uhuh! Caíram como
uns patinhosl

Arrdrey,, ertlouquecido, crtira_se


sobre l)ett,r, nttr-
lltartcloJlte coi, (rs tttãos, arrattltntttlo-, cot,
tt\
turtltas.

nutnry Maldito! Malditol

A t,iolêrrcitt do ímpeto leva peter


no clttio,

prren Sai! Sail

Mtts ela bote-lhe corrt


forço e reltetitltttnt,rttt,, trtttr
os ptrrtltos fecltndos. Os;
uttros ossisterrt, bttqtrio_
Ê
o
bertos.
!!
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ô
'100
101
Ar.rDREy Eu dou cabo de til Dou cabo de ti! Cabo de ti! ptrrR Vai
ser mesmo nos óculorAud.A
sérí0.
pEteR Au! Aul Au! AudreY, não! Au!
AUDREv (arÍottdo) Eu sou
uma rapariga,vê
lá. Urna rapariry,rl
iOHN As raparigas não costumam fazer isto. nructLa És mesrno porco, peterl

nuonrv Cabo de ti!


WILLTE (tle súbito grittuttÌo
e npotttorttlol
Olhemt 0lhernl
PETER Fogo... sai! poratn e olltoru.

()ottt ttttt ttrot,itnertto tlesesperado, ele t'irct-se, põe-se


;osl 0 que foi?
etn cüna tlela e pretule-o pelos pulsos.

wttttt lgorgott,jutttkt)
O ítalol E tem uma
toHru Boa, Peter! grande facarrona!

Horror parolisiutte.
PETER Rendes-te? Desistes?

9ETER (tre7Ìet Ìrio) O-onde?...


AUDREY (.çrlrdrulo)Vou dizer à tua mãe!

W,illie soÌta unttt


risttcln satisfeita.
nruceLn Sim! E eu!

WlIiE Apanhei_tel
Apanhei-tel
JOHN 0h, vá lá. Foi a brincar.

PETER (fiffiosarnettte) Vou-te


partir a cara I
wrLLlE A brincar!

AUDREv Vês? Vês?


Gostaste, seu pezudol
RAYMoND N-n-não teve Piada!

JaHN (só
l)oro ter tt certeza) Não viste
PErER (ofegante) Desistes? Audrey? Eu cuspo-te, vê lá! (Ftrr- nada, pois não?

ntct tut10 lttillta cle cusqLt) wrtitÊ Não, Mas podia.


Ele até pode estar
ali, se queres saber.
AUDREY Não!
A iclein é colrrtttrtte purtt z
ts totíos. o
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102
)
t*
RAYMOND Se calhar está a olhar para n-n-nós agora.
Cena 23

AUDREY O, meu Deus!

O r.ellto celeirc.
IOHN (frnnzintlo o ollurr) Fizemos uma grande barulheira,
não fizemos?
O pato Dottaltl,
d e f(t s r o
PÉTER Pode ter ouvido.
s r,,, r;,':::: l';U
fo
outro, protege cortt
:::,:, r: :"'
::;, : ;,,, :;: :,::: : :::
tt rnão a crtatna, e
o t'ëtto. Não pore,ce futlt(t (lt(,ir
wtLLtE ( cotúorcer ulo-se ) Podi a ter. ter sitlo a prittteiro
algttrn do fetto rtrais tuttntittu:
lrúrnído^ est,i cltstnusc,trlo.
E a Cltatntt ytlcilt1,
nncELn Oh, vamos para casa. Vamos embora daqui! ret,e!(bse, (tpoga_Se.

D]NALD (ordettternertt,)
PETER 'Tá. É melhor. Vamos, John? Ah, vá Iá. Vá Iá. (Acenrta ouúo
Ílro, t,
não pegar âgora os japas fli.s_
ganham. 0s mal_
ditos dum raio do
wrLLrE Não é melhor; John?
filhos da mãe de
ganhamr 1sr,g,,rr-t nojo dos japas
o- aPt'oxitnartclo-o
do ferto' [Jrtrtr
r)equetto crtartttt
JOHN (sussrlrt4rrdo) Mais baixo. qtnse se extirtgue,
toso depois,r,,rn,,i,'.1!ll"'io' mns
rertte se ettrola
e latnbe a s,perfície
ríoferc. Crepito.
Olltnttt ttttlos trtts pdra os olttros
partdonosrrrrrrrr,;:r:nt':U:,i,rt:::ir';;:;:,'"r::"::,r;:::^
ett t r.l t óvt, t to, tt I í t t t e,
PETER Vamos. Não vou parar. Vamos dar à sola! ct fogacho ctttrt olgtttrt do
seco. Êxtose)urro'r"" fì'ttrt
i, vamos, vá, vamos, vamos.
E setn nnis delotry4trs raspo-se dtúi- ()s seis, tttutttT
E o yir estó.
fatturye tlescoortlertad(l, precipitütil-se sobre fetos
e

t)eget]çao.

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104 N

í05
PETER Será que o Pato Donald ainda está
Cena 24 leiro?
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wlLLte Coitado do Quá-Quá.


A camPo sberto' ï
Riern
Angela e Audrey' se'n
phn, Peter, Willie' Raymond' pelo
a correr dos bosque{'píssaram
fôlego, vierom RAYMoND V-va-vamos í-fingir ser 0...
baldio, até ao carnPo'
JoHN O ltaliano. Boa. Boa ideia!
O celeiro está emfrente'

PEÌER Resultou duas vezes!

lohn desacelera'
JoHN A terceira é de vezl
mais!
JoHN UuÍl Não Posso

ainda' PETER (rindo) Pregar-lhe um susto de morte.


uns cem quilómetros
PETER (sem ar) Aguenüva

wlLLtE (aLloptcutdo tutra voz grave, parodiondo) Qu0nt.f


sim' aposto'
wLLtE (arfando) Sim' -está-a-lá? Tenho a faca !

bem' não foi?


ANGÉL (6rclueiando) Aguentámos Riern de prazer.

todos embaciados'
(arfattdo) Tenho os óculos PEÍER (itnpressionado) lmitas bem, Willie, parece mesmo,
^uDRí\

RAYMoND C-c-caixa-de-óculos' wtLLtE (satisfeito) 0 meu nome é Mussolinasl

(cantando) JoHN Tomou-lhe o gosto, hã? É boa


^UDRE.Y brilha
Quando a lua
Sobre a casa do cuco"' PETER 0 últÍmo a chegar ao celeiro é mariquinhasl
a salvo
Oh, parem [á com
as discussões' Estamos
JoHN correr tão E desata 6 correr.
0 ítalo não consegue
agora, não estamos? I
depressa!
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106
Cena 26
Cena 25

No exterior.
O velho celeiro'

achnitação Corn fisirthos tle excitação, os outrcs sth


vivos' recuou etn
Donald, com os olltos porta, reportdo a pedra de modo a t,nvtl,lfr
et

co,n o tamanho do S*
.fogo .ryo-tou' tada ainda por seís pares de mãos .ll,t, t
octr'
a grande massa de feno' fechada.
As chamas devoram labaredas
pando wn quarto clo celeiro' e algwnas 'rl
wtLLtE (gritaildo)
cresce.rn atê ao tecto'
Quem_a_está_a_lá? Tenho a faca pn ll
tar a garganta!

Deolhosespantaclos,bocaabefta,Donaldcotneçí
De dentro, Dortald empurra a pofta, qtrc
arecuíremdirecçãoàporta,queunagrandepedra litt ll$
ruídos secos.
mantétn semi-aberta'

(gt'itettxdo, de dentro) Abram


DoNALD (co1t4 ódio) Arde'Íilho da mãe! Arde! Arde!
D1NALD
a portal SocotÍ0|
Socorro!

itrchar e enfunar subitarnente'


As chamas parecem
Mas eis clue
cone para a porta' PETER (deleitado) Ouçam sól
Donald, alsnnado'
estréPito'
estu se fecha com
Ruídos. Batídas. Gritos.

wtLLrE (gritctndo) Eu tenho a faca!

D1NALD (gritando, de dentro) Socorro! Socorro!

Funo penetra por baixo tla porta.

JoHN Olha, fez uma fogueira, o sacana.

z
ô II
*
108
ele que me disse que não
tinha fósforos! Ouçam só' Cena 27
eETER E

Fixe, não?

Riem todos. O velho celeiro

Por favor! Por


DoNALD (gritdl, do, de dentro) Abram a porta! Nurn pânico rnedonho, e iltcapaz de pett,ttìt,
fa-a-vor! afasta-se da porta para tentar
favor! Abram a porta! Por tuttct. fugo ptltt
acabando por
fi.car encurralado.

As cltarnas vão crepitando, gatgando


ató à puflãt
Ertquanto Dortakl se mexe com
intpetuosltüttb Q
grita, o tecto de macleira colapsa
ilmto .fui(, ,rurrht
chuva de faíscas.

I
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9
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110 lil
Cena 28 l)ottaltl é breyetnetÍe t,ìsltttttbrotltt
utt ttt, ),, ,t ,
t,t.t (-1 s, Sestic t r I on do,
lts rtr s c r. co t ì t
I
)I t. l, t tt t, t, í
lido. O celeiro estri tt
l" ' ' t""
set
No exterior. t't
eas terttts iresrizort
,,o'rr'íl))!,',,',."'tltt
Os seLs ftryt,nt rttert.ot.izttdos
Expressões cle cortstennção tttts seis fctces' Willie ce.leiro írnplotle. Corretn,
qtttttttlo ,, 11,1,,,, ,

corrent, €n! rlirr,r


éo prirneiro a cotnpreetuler úrc\o.
alts 1,t,, ,r
rlo compo.

wlLLlE Depressa! DePressal

toHru Hã? 0 quê?

wtLL|E (.so/Írçn rulo) Abram a porta! Abram!

ANGELA (grifíi,lrlo) Abram !

Nunr fi'enesi cle perturbnção entpurrotn a portd do


celeiro. Chonns s(1lt(1ttt ent clirecçno no u' Retroce-
tlent ent ten'ol e lrcrror, tturtt coro tle grit<ts'

wtLLlE (so/lçdlrrrb) Donald! Donald! 0h, Donald!

PEIER (clonlütuto)Sail Donald! Sai, amigo!

JoHN Vou contar à mãe delel Vou! Grande tolo !

wlLLlE Nã0, não faças isso! Não!

IOHN (bradnndo)Voul, Vou mesmo!

ToDOS Donald! Donald!


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F
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112

ltr
Cena 29 wrLLrr 0 quê?

nrucrLn É verdade,
estáva mos! Nas
árvores,
O catnpo foi?
Sentam-se, obsau'ecidos pela erva alta, ntriosa' tonrrr pois foi. Não
vimos nada
rnente distanciados urts dos outros, muito obala-
dos. PETER (aldententente)
Não sabemos nada
de
não?
RAYMoND P-Pobre Donald!

Mas cotneçam a choroti


ANGELA Devia... devia ter saído!". esrnagados.

RAyMoND Coitado
do Quá_Quá.
nuoREv Não foi culPa nossa!

JoHN Mas vão-nos atirar as culpas' De certezinha

eETER Eu não tenho culpa nenhuma. Não fiz nada' Nem estava
a forçar a Porta.

ANGELA Estavat sim senhor!

PETER Não, não estava! Estava a milhas!

AUDREY Estavas comigo, Peter. Não estavas?

Pausa

wLLrE Estávamos todos juntos,

nrucrLl A milhas!

L Pausa.
o
Iz
z
ô

114
Cena 30

Soluçam à meditla que o celeho é devorado pelas


charnas.

voz (No meu Peito, um ar que consome


Sopra de longe chã0.
E essas colinat qual seu nome,
Que torres. que quintas são?
Essa é a terra do azul, Perdi-a,

Eu vejo-a cintilar.

Caminhos da minha alegria,


Aos quais não sei voltar.>

Pano.

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