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PARA A GESTÃO
ESTADUAL DO SUS
2023-2026
INFORMAÇÕES
PARA A GESTÃO
ESTADUAL DO SUS
2023-2026
PARA ENTENDER A GESTÃO DO SUS
Apresentação
ste documento dispõe de informações básicas
sobre os principais temas envolvendo a organi-
zação do Sistema Único de Saúde (SUS), com ênfase
no nível de gestão dos governos estaduais.
As sínteses elaboradas pela equipe técnica do
Conass, em cada tema, basearam-se em produções
e formulações desenvolvidas ao longo dos anos, boa
parte delas, disponível e de fácil acesso no portal do
Conass na internet.
Boa leitura!
5
O Conass
F undado em 03 de fevereiro de
1982, com sede em Brasília, o
Conselho Nacional de Secretários de
tutos legais, ocorre ordinariamente uma
vez por mês, em Brasília, no dia anterior
à reunião da Comissão Intergestores
Saúde tem como MISSÃO constante no Tripartite (CIT) e extraordinariamente,
Estatuto da Entidade e no seu Mapa quando convocada.
Estratégico:
A instância executora do Conass é a
Z articular, representar e apoiar as Secretaria Executiva (SE), composta por
secretarias estaduais de saúde; equipe técnico-administrativa e por 14
Z formular políticas de Saúde; Câmaras Técnicas Temáticas.
Z promover e disseminar informação;
A Secretaria Executiva responde pelo
Z produzir e difundir conhecimento; assessoramento técnico à Diretoria e à
Z inovar, incentivar a troca de expe- Assembleia, subsidiando a tomada de de-
riência e atuar permanentemente cisão da entidade em questões relativas à
em defesa do SUS. gestão do SUS, de interesse comum aos
É reconhecido pela Lei n. 8.142/1990, secretários estaduais de saúde, e imple-
como entidade representativa do con- mentando suas deliberações.
junto das SES junto aos fóruns do SUS
Já as Câmaras Técnicas são formadas
no Conselho Nacional de Saúde (CNS),
por representantes titulares e suplen-
e pela Lei n. 12.466/2011, que acres-
tes das secretarias estaduais nas áreas
centa os artigos 14-A e 14-B à Lei n.
afins, indicados por ofício pelos gesto-
8.080/1990, para dispor sobre as Co-
res. Atuam na análise das políticas na-
missões Intergestores do SUS, o Conass,
cionais, na operacionalização destas e
o Conselho de Secretarias Municipais
nas propostas de estratégias específicas
de Saúde (Conasems), suas respectivas
relacionadas à gestão dos serviços, for-
composições, e dá outras providências.
talecendo a integração dos profissionais
A Assembleia do Conass, reunião forma- das SES e a troca de experiências.
da pelos secretários(as) ou seus substi-
6
Câmaras Técnicas do Conass
Z Atenção à Saúde
Z Atenção Primária à Saúde
Z Assistência Farmacêutica
Z Comunicação em Saúde
Z Direito Sanitário
Z Epidemiologia
Z Vigilância em Saúde Ambiental
Z Gestão e Financiamento
Z Saúde do Trabalhador
Z Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
Z Informação e Informática em Saúde
Z Vigilância Sanitária
Z Qualidade no Cuidado e Segurança do Paciente
Z Laboratórios de Saúde Pública
7
Finalidades do Conass
Z R
epresentar politicamente os secretários estaduais de
saúde perante as demais esferas de governo e instân-
cias do SUS (CIT e CNS);
Z P
restar apoio técnico e político aos secretários e
técnicos das secretarias estaduais de saúde;
Z A
tuar como órgão de intercâmbio de experiências e
informações de seus membros para a implementação
das diretrizes do SUS e em obediência às normas
em vigor;
Z Buscar consenso nas deliberações.
Programas do Conass
Z Programa de Apoio às Secretarias Estaduais de Saúde;
Z Programa de Cooperação Internacional;
Z Programa de Comunicação;
Z P rograma de Produção e Disseminação Técnico
Científica;
Z Programa de Desenvolvimento Institucional;
Z Programa de Gestão da Informação em Saúde;
Z P
rograma de Acompanhamento das Atividades
Legislativas no Congresso Nacional.
8
1
Planejamento no SUS
Planejamento
no SUS
“ Planejar consiste, basicamente, em
decidir com antecedência o que
será feito para mudar condições
”
insatisfatórias no presente ou
evitar que condições adequadas
venham a deteriorar-se no futuro
(CHORNY, 1998).
O planejamento no Sistema Único de Saúde (SUS) é
uma função gestora indelegável. Além de um dever
constitucional do Poder Executivo, esse processo é fun-
damental para assegurar a implementação das ações e
serviços de saúde no Sistema, devendo ser desenvolvido
de forma contínua, articulada, integrada e solidária entre
as três esferas de governo, a quem compete, em seu
âmbito administrativo, formular, gerenciar, implementar
e avaliar o processo de planejamento da saúde.
O arcabouço legal que o orienta define como espaços
permanentes de discussão acerca da política de saúde
e sua execução, as Comissões Intergestores - Comissão
Intergestores Tripartite (CIT), Comissão Intergestores
Bipartite (CIB) e Comissão Intergestores Regional (CIR),
e a Região de Saúde como o espaço territorial no qual
as ações e serviços de saúde devem ser planejados e
organizados, a fim de atender às necessidades de saúde
da populaçãode maneira adequada, com qualidade e em
tempo oportuno.
As diretrizes do planejamento no SUS integram a Portaria
de Consolidação n. 1, publicada em 2017 que, em seus
artigos 94 a 101, estabelece o planejamento ascendente
e integrado, do nível local até o federal, orientado por
problemas e necessidades de saúde da população para
a construção das diretrizes, objetivos e metas, e a
compatibilização entre os instrumentos
de planejamento da saúde (Plano de
Saúde, Programações Anuais e Rela-
tório de Gestão) e os instrumentos de
planejamento e orçamento de gover-
no, quais sejam, o Plano Plurianual
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentá-
rias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual
(LOA), em cada esfera de gestão.
11
Os instrumentos de planejamento do SUS
12
A estratégia tripartite para aprimorar a gestão e
a governança no SUS
13
Espera-se que essas
iniciativas estruturantes
possam contribuir para
a institucionalização do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS)
triênio 2021-2023.
do planejamento
O objetivo do projeto Fortalecimento da
como atividade Gestão Estadual do SUS, destinado às se-
capaz de subsidiar a cretarias estaduais de saúde, é fortalecer
a gestão estratégica estadual, por meio de
tomada de decisão,
suporte teórico metodológico às equipes
enquanto componente para o monitoramento e avaliação dos
fundamental de gestão, Planos Estaduais de Saúde (PES), a im-
plementação dos instrumentos de gestão
bem como para o e o desenvolvimento de competências
aperfeiçoamento para melhoria dos processos gerenciais.
O projeto Rede Colaborativa, destinado
contínuo da capacidade às secretarias municipais de saúde, tem
técnica nos diversos o propósito de consolidar a rede colabo-
rativa, por meio da estratégia do apoiador
níveis do sistema de Cosems, implantada nas 26 unidades fe-
saúde. derativas em 2017.
Espera-se que essas iniciativas estruturan-
tes possam contribuir para a instituciona-
lização do planejamento como atividade
2018, o documento intitulado Orientações capaz de subsidiar a tomada de decisão,
Tripartite para o Planejamento Regional enquanto componente fundamental de
Integradoi, utilizado como referência no gestão, bem como para o aperfeiçoamen-
projeto Fortalecimento da Governança, to contínuo da capacidade técnica nos
Organização e Integração das Redes de diversos níveis do sistema de saúde, for-
Atenção à Saúde – Regionalização. Essa é talecendo, nesse sentido, a capacidade de
uma das iniciativas que compõe a referida gestão pública da saúde.
estratégia, com os projetos Fortalecimento No quadro a seguir, saiba mais sobre a
da Gestão Estadual do SUS e Rede Cola- trajetória normativa do planejamento do
borativa, operacionalizados via Programa SUS e os referidos projetos de apoio às
de Apoio ao Desenvolvimento Institucional SES nessa área.
14
NORMATIVA/PROJETO EMENTA
Lei n. 8.080/90 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização
e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Lei n. 8.142/90 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e
sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá
outras providências.
Emenda Constitucional n. Altera os arts. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescenta artigo ao Ato
29 (regulamentada pela LC das Disposições Constitucionais Transitórias, para assegurar os recursos mínimos para o
141/12) financiamento das ações e serviços públicos de saúde.
Portaria GM/MS n. 4.279/10 Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS).
Decreto n. 7.508/11 Regulamenta a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do
Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
interfederativa, e dá outras providências.
Resolução CIT n. 1/11 Estabelece diretrizes gerais para a instituição de Regiões de Saúde no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS), nos termos do Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011.
Lei Complementar n. 141/12 Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos
a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e
serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências
para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas
3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis n.os 8.080, de 19 de setembro de
1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.
Portaria GM/MS n. 2.135/13 Estabelece diretrizes para o processo de planejamento no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS).
Resolução CIT n. 10/16 Dispõe complementarmente sobre o planejamento integrado das despesas de capital e custeio
para os investimentos em novos serviços de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Resolução CIT n. 23/17 Estabelece diretrizes para os processos de Regionalização, Planejamento Regional Integrado,
elaborado de forma ascendente, e Governança das Redes de Atenção à Saúde no âmbito do SUS.
Portaria de Consolidação Consolidação das normas sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde, a organização e
n. 1/17 o funcionamento do Sistema Único de Saúde. Título IV - Do Planejamento (art. 94 ao art. 108)
Capítulo I - Das Diretrizes do Processo de Planejamento no âmbito do SUS (art. 94 ao art. 101).
Resolução CIT n. 37/18 Dispõe sobre o processo de Planejamento Regional Integrado e a organização de macrorre-
giões de saúde.
Resolução n. 44/19 Define que o acordo de colaboração entre os entes federados, disposto no inciso II do art. 2º
do Decreto n. 7.508/2011, é resultado do Planejamento Regional Integrado.
Resolução CIT n. 1/21 Consolida as Resoluções da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) do SUS: Título I - Das Di-
retrizes de Regionalização e Organização das Redes de Ações e Serviços de Saúde - Capítulo
I - Das Diretrizes Para os Processos De Regionalização, planejamento Regional Integrado e
Governança das Redes de Atenção à Saúde; Capítulo II Do Processo de Planejamento Regional
Integrado e a Organização de Macrorregiões de Saúde e Capítulo V dos Aspectos Complemen-
tares de Planejamento, Responsabilidades e Pactuação entre os Entes Federados.
Projeto Fortalecimento da Apoia às SES por meio da disponibilização de consultores para integrar e facilitar o desenvol-
Gestão Estadual do SUS – vimento das oficinas de trabalho com as equipes técnicas das SES na realização dos produtos
Desenvolvido pelo Hospital que subsidiam o monitoramento e avaliação dos Planos Estaduais de Saúde (PES) vigentes e
Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), na construção dos planos subsequentes. Além disso, também será ofertada a estas equipes,
uma plataforma digital de aprendizagem, em formato EAD, com conteúdo identificado por
estas equipes, como necessários para aprimoramento de práticas de trabalho.
Projeto Fortalecimento da Apoia as equipes técnicas dos territórios (SES e SMS), por meio da disponibilização de consul-
Governança, Organização e tores para integrar e facilitar o desenvolvimento do planejamento regional integrado.
Integração das Redes de Aten-
ção à Saúde – Regionalização
– Desenvolvido pelo Hospital
Alemão Oswaldo Cruz e pela
Beneficência Portuguesa (BP)
15
Proposta do Conass
16
2
Governança
no SUS
Divisória de nº 2 em
Governança no SUS
arquivo separado
E Divisória
ste texto foiem
LEMOS separado
arquivo
elaborado por LOURDES
ALMEIDA , Mestre em Saúde
Coletiva, Assessora Técnica do Conass
i
19
tativa de superação das análises tradicio- Além disso, no art. 198, a Constituição
nais acerca dos sistemas unitários e fede- Federal estabelece que as ações e ser-
rais” (AGRANOFF, 1962) e “um importante viços públicos de saúde integram uma
contingente de atividade ou interações rede regionalizada e hierarquizada e
que têm lugar entre unidades de governo constituem um sistema único, organiza-
de todo o tipo e nível dentro do sistema do de acordo com as seguintes diretrizes:
federal” (ANDERSON, 1962). descentralização; atendimento integral;
Conforme Wright (1997), as relações de e participação da comunidade. O art. 7º
autoridade estabelecidas entre as esferas da Lei nº 8.080/1990, que trata dos princí-
de governo podem ser definidas em três pios do SUS, refere-se à descentralização,
tipos clássicos: a) autoridade coordenada, mas também remete à regionali-
com grande autonomia e independência zação, à conjugação dos
entre as esferas de governo, mas com uma recursos financeiros,
necessidade de coordenação conjunta; tecnológicos, mate-
b) autoridade igual (ou superposta), com riais e humanos
equivalências na distribuição do poder dos três entes na
institucional e uma relação de negociação prestação dos
entre as esferas de governo; c) autoridade serviços à
dominante (ou inclusa), com assimetrias população
na distribuição do poder institucional e (BRASIL,
com uma clara relação hierárquica entre 1990).
as esferas de governo (WRIGHT, 1997). O Decreto
A Constituição Federal, nos seus artigos nº 7.508/2011 men-
196 a 200, estabelece os princípios, dire- ciona a região de saúde
trizes e competências do SUS, mas não como espaço que tem a finalidade
aborda especificamente o papel de cada de integrar a organização, o planeja-
esfera de governo no SUS. Um maior de- mento e a execução de ações e servi-
talhamento da competência e das atribui- ços de saúde; será referência para as
ções da direção do SUS em cada esfera transferências entre os entes; a Rede
– nacional, estadual e municipal –, é apre- de Atenção à Saúde, onde se inicia e se
sentado na Lei nº 8.080, de 19/9/1990, que completa a integralidade da assistên-
estabelece, no artigo 15, as atribuições cia será organizada na região de saúde
comuns das três esferas de governo de (BRASIL, 2011).
forma bastante genérica, além de abran- No contexto da regionalização, as relações
ger vários campos de atuação. Nos artigos intergovernamentais devem ser analisa-
16 a 19, são definidas as competências de das como um dos componentes de uma
cada gestor do SUS, ou seja, a União, os nova prática na gestão, denominada go-
estados, o Distrito Federal e os municípios vernança, considerada um fenômeno mais
(BRASIL, 1988). amplo que governo ou que governabili-
20
dade, pois, além das instituições públicas, culada às relações intergovernamentais e
ela é constituída também por mecanismos interfederativas de três esferas de poder
informais que não são governamentais, autônomas e requer a busca do equilíbrio
o que permite que outros atores, como a entre elas, pois, nos processos decisórios
sociedade e as organizações envolvidas, compartilhados, necessitam lidar com
participem desse processo em que inte- elementos como solidariedade, coope-
resses, embora muitas vezes divergentes, ração, conflito e competição para efetivar
podem ser organizados e direcionados a implantação do Sistema Único de Saúde
segundo objetivos comuns, negociados, (SUS), em um contexto democrático, em
de modo a assegurar o direito ao acesso uma realidade plural marcada por desi-
universal à saúde. gualdades regionais importantes.
Nesse processo, há forte interdepen- Os acordos de cooperação, que produzem
dência federativa – nos procedimentos o bem público mediante a ação conjunta
de formulação e implementação de de vários atores, devem expressar ganhos
políticas, na organização e de escala, redução dos riscos e dos custos
gestão de redes envolvidos no desenvolvimento de novos
de atenção conhecimentos e tecnologias.
à saúde –, Nesse modelo, deve ser enfatizada inter-
sendo que dependência entre os atores envolvidos
as estraté- em termos de recursos e capacidades
gias e os e que, apesar disso, mantêm sua auto-
instrumen- nomia, ou seja, não estão, a princípio,
tos de coorde- submetidos às mesmas estruturas ca-
nação intergover- racterísticas das hierarquias. As relações
namental assumem caracterizam-se por sua horizontalidade, o
papel de destaque que não implica dizer que os atores sejam
na regionalização iguais em termos de autoridade e/ou alo-
(CAMPOS, 2006; cação de recursos. Entretanto, dada a sua
FLEURY e OUVERNEY, interdependência, possuem a consciência
2007; VIANA e LIMA, 2011; de que os resultados só serão alcançados
SANTOS e ANDRADE, 2011 apud em parceria (TORFING, 2005).
LIMA et al., 2015). As relações de au- A governança no SUS não se constitui ape-
toridade estabelecidas entre as esferas nas nos fóruns intergovernamentais, uma
de governo são de autoridade igual – ou vez que precisam fazer parte dela os ato-
superposta –, com equivalências na dis- res governamentais e não governamentais
tribuição do poder institucional e uma situados em um território e integrados em
relação de negociação entre as esferas propósitos comuns; a intersetorialidade
de governo. deve ser exercida, com a participação de
A dinâmica política desse processo de vários atores do território com a coorde-
regionalização está profundamente vin- nação do estado; deve haver o exercício do
21
controle social sobre os agentes públicos entes federativos, como decorrência
para verificar a responsabilidade e eficá- das normas do SUS.
cia da ação pública; devem ser observa- Considerando a complexidade dessas
das a descentralização e a autonomia dos relações, deve ser analisada a possi-
atores políticos e a formulação de políticas bilidade de sua regulamentação ou a
públicas por meio de audiências, con- promulgação de normas que as pro-
sultas públicas e conferências; é preciso tejam, reduzindo o seu caráter casuís-
maior transparência com a implantação tico, amparando-as em regras claras e
de mecanismos eficazes de prestação de diminuindo a incerteza e a instabilidade
contas; a sociedade deve participar na presentes (ALMEIDA, 2013).
gestão pública. Com a intenção de contribuir para a
A prática da governança no SUS precisa ampliação da discussão sobre o tema,
ser fortalecida, nessa lógica de inclusão sugerimos a leitura Conass Debate n.
de todos os atores que estão atuando 06 – Governança Regional das Redes
nas regiões de saúde, território que de Atenção à Saúde que reúne o re-
é referência para a organização das sultado de estudos realizados sobre
ações e dos serviços de saúde e para a evolução do tema Governança ao
a transferência de recursos entre os longo dos anos.
De 2016, quando este texto foi publicado, até os técnica e operacional, com o objetivo de monitorar,
dias de hoje, verificamos movimentos buscando o acompanhar, avaliar e propor soluções para o
fortalecimento da governança no SUS. A Comissão adequado funcionamento das RAS, contemplando
Intergestores Tripartite - CIT pactuou as Resolu- a participação dos diversos atores envolvidos,
ções CIT nº 23/2017 e nº 37/2018, estabelecendo incluindo os prestadores de serviços, o controle
diretrizes para os processos de Regionalização, social e representantes do Ministério da Saúde.
Planejamento Regional Integrado, elaborado de Além dessas atribuições, os Comitês Executivos
forma ascendente, e Governança das Redes de de Governança das RAS, devem contribuir para o
Atenção à Saúde - RAS no âmbito do SUS, propondo fortalecimento das Comissões Intergestores Regio-
às Comissões Intergestores Bipartite - CIB a institui- nais - CIR como espaço de governança regional e
ção, em espaços regionais onde se organizam as de gestão, envolvendo os três entes federados para
RAS, observadas as realidades locais, dos Comitês a implementação do processo de planejamento
Executivos de Governança das RAS, de natureza regional integrado visando a organização das RAS.
3
Financiamento do SUS
Financiamento
do SUS
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
25
Pela LC n. 141/2012, são consideradas despesas com ações e serviços públicos
de saúde as referentes a:
Z vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a sanitária;
Z atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de complexidade,
incluindo assistência terapêutica e recuperação de deficiências nutricionais;
Z capacitação do pessoal de saúde do Sistema Único de Saúde;
Z desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade promo-
vidos por instituições do SUS;
Z produção, aquisição e distribuição de insumos específicos dos serviços
de saúde do SUS, tais como: imunobiológicos, sangue e hemoderivados,
medicamentos e equipamentos médico-odontológicos;
Z saneamento básico de domicílios ou de pequenas comunidades, desde que
seja aprovado pelo conselho de saúde do ente da Federação financiador
da ação e esteja de acordo com as diretrizes das demais determinações
previstas nesta Lei Complementar;
Z saneamento básico dos distritos sanitários especiais indígenas e de co-
munidades remanescentes de quilombos;
Z manejo ambiental vinculado diretamente ao controle de vetores de doenças;
Z i nvestimento na rede física do SUS, incluindo a execução de obras de recupera-
ção, reforma, ampliação e construção de estabelecimentos públicos de saúde;
Z remuneração do pessoal ativo da área de saúde em atividade nas ações
de que trata este artigo, incluindo os encargos sociais;
Z ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS
e imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de saúde; e
Z gestão do sistema público de saúde e operação de unidades prestadoras
de serviços públicos de saúde.
26
Municípios devem aplicar, anualmente, no mínimo, 15%
da arrecadação dos impostos em ações e serviços públicos
de saúde, cabendo aos estados e ao Distrito Federal
12%, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
respectivos municípios.
27
Z 1988 – Constituição Federal – 30% do Orçamento da Seguridade Social (OSS)
menos o seguro-desemprego;
Z 2000-2015 – EC nº 29/2000 – valor empenhado no ano anterior acrescido da
variação nominal do PIB;
Z 2015-2016 – EC nº 86/2015 – de 13,2% (2016) a 15% (2020) da Receita Cor-
rente Líquida-RCL;
Z 2016-2021 – EC nº 95/2016 – 15% da RCL (2017) acrescido do IPCA (julho a
junho);
Z 2021-atual – EC nº 113/21 – 15% da RCL (2017) acrescido do IPCA (janeiro a
dezembro).
Fonte: SPO/MS
* Percentual previsto pela SOF/ME
28
A interdependência entre as
esferas da federação permite gerar
complementaridades que ampliam a
capacidade para resolver problemas típicos
da gestão em saúde
10,0%
0,0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fonte: SIOPS/DESID/MS
29
Propostas do Conass
30
4
Regionalização
Regionalização
“
”
Não sabendo que era
impossível, ele foi lá e fez
(Jean Cocteau)
O avanço no desempenho do SUS
implica a adoção de medidas que,
do ponto de vista da organização da pres-
7º da Lei n. 8.080/1990, que trata dos
princípios do SUS, refere-se à descentra-
lização, mas também remete à regionali-
tação de serviços de saúde e de sua ges- zação como a resposta mais eficaz para
tão, considerem as mudanças do perfil reduzir a fragmentação dos sistemas
epidemiológico da população, a distri- de saúde, com vistas à ampliação do
buição da carga de doenças, analisando, acesso e da resolutividade das ações e
especialmente, a dimensão continental serviços de saúde.
do país, caracterizado por iniquidades Do ponto de vista normativo, o processo
sociais e regionais importantes e que de municipalização da gestão da saúde
ainda enfrenta uma crise em seu modelo no Brasil, determinado pelas Normas
de atenção à saúde, em razão da incoe- Operacionais Básicas (NOB) n.os 01/93
rência entre a situação epidemiológica, e 01/96, precedeu o da regionalização.
caracterizada pelo predomínio das con- Em que pese seus inegáveis avanços, a
dições crônicas (cerca de 75% da carga necessidade de atuar na fragmentação
de doença), e a forma de organização do do sistema de saúde, com vistas a am-
sistema, voltado, historicamente, para pliação do acesso e da resolutividade
atender às condições agudas. das ações e serviços de saúde, resultou
A Constituição Federal (CF), no artigo na publicação da Norma Operacional da
198, estabelece que as ações e os ser- Assistência à Saúde (Noas n. 01/2002),
viços públicos de saúde integram uma definindo como macroestratégia para o
rede regionalizada e hierarquizada e aprimoramento do processo de descen-
constituem um sistema único, organi- tralização a regionalização, bem como
zado de acordo com as diretrizes de em outros movimentos destinados ao
descentralização, atendimento integral fortalecimento dessa diretriz, conforme
e participação da comunidade. O art. linha do tempo a seguir.
33
Linha do tempo do processo de Regionalização no SUS
Colegiado de
Início do SUS Comissões Gestão Regionais
Art. 196 e 198 CIT e CIB CGR
Institui incentivo
financeiro aos Estados
e ao DF, para o Estabelece a
aprimoramento das ações PRI e a organização organização do SUS
de gestão, planejamento de macrorregiões em Regiões de Saúde
e regionalização da saúde de saúde CGR ->CIR
34
Mas por que regionalizar? A interde- sibilidade e escala para conformação de
pendência entre as esferas da federa- serviços, devendo ser observadas as pac-
ção permite gerar complementarida- tuações entre o estado e os municípios
des que ampliam a capacidade para no processo de regionalização, inclusive
resolver problemas típicos da gestão parâmetros de escala e acesso.
em saúde, como: dificuldades de aqui- Nesse sentido, é fundamental consolidar
sição de equipamentos e insumos de a implementação da regionalização e a
alto custo; contratação de profissionais organização da RAS, abrangendo territo-
especializados; escassez da oferta de rialmente os espaços municipal, regional
determinados serviços, entre outros, e macrorregional, a fim de assegurar o
possibilitando a ampliação do acesso acesso aos níveis secundário e terciários de
e da resolutividade das ações e servi- atenção à saúde, ordenado pela atenção
ços de saúde. Para tanto, demanda um primária à saúde, sendo o Planejamento
processo de articulação funcional em Regional Integrado (PRI) o instrumento
busca da integração das ações e servi- indutor desse processo. Orientado por
ços de saúde, em uma ampla rede de práticas de gestão mais coletivas, contí-
atenção à saúde (RAS), fundamentada nuas e interdisciplinares, o plano regional
em um trabalho coordenado entre as se expressa em acordos políticos-admi-
unidades de saúde de diversos níveis nistrativos, que se materializam no com-
e densidades tecnológicas, a partir de partilhamento de recursos, com base na
mecanismos clínicos, gerenciais e de dinâmica e realidade local, bem como na
governança que permitam aos usuá- consolidação de uma governança solidária
rios uma atenção contínua e integral, e corresponsável, entre os municípios que
abrangendo a promoção, a prevenção, integram os espaços regionais, os estados
a cura e a reabilitação. onde estão localizados, e a união - que tem
A RAS compreende arranjos organiza- o papel de zelar pelo cumprimento das di-
tivos de ações e serviços de saúde, de retrizes e das políticas de saúde pactuadas
diferentes proporções tecnológicas, inte- na Comissão Intergestores Tripartite.
grada por sistemas de apoio técnico, lo- Nesse contexto, as relações intergoverna-
gístico e de gestão, que buscam garantir mentais devem ser analisadas como um
o acesso da população e a integralidade dos componentes de uma nova prática
do cuidadoi. As competências e respon- na gestão, denominada governança, con-
sabilidades dos pontos de atenção da siderada um fenômeno mais amplo que
RAS devem estar correlacionadas com governo ou governabilidade, pois, além
abrangência de base populacional, aces- das instituições públicas, ela é constituída
35
também por mecanismos informais que vezes divergentes, podem ser organiza-
não são governamentais, o que permite dos e direcionados segundo objetivos
que outros atores como a sociedade civil comuns, negociados de modo a assegu-
e as organizações envolvidas participem rar o direito do cidadão ao acesso – uni-
desse processo, em que interesses, por versal, resolutivo e oportuno – à saúde.
Propostas do Conass
Avançar na implementação da regionalização, coordenada pela Gestão
Estadual do SUS, abrangendo territorialmente os espaços municipal,
regional e macrorregional, a fim de assegurar o acesso aos níveis secun-
dário e terciário de atenção à saúde, ordenado pela atenção primária
à saúde.
36
5
As Redes de
Atenção à Saúde
As Redes de
Atenção à Saúde
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
39
As RAS devem operar com um conjunto de atributos:
40
O s gestores e os prestadores de
serviços de saúde dispõem de um
conjunto de instrumentos de política
financeiros alinhados com a perspectiva
das RAS; cultura de colaboração e tra-
balho em equipe; participação ativa de
pública e de mecanismos institucionais todas as partes interessadas; e gestão
que ajudam a conformar as RAS. O SUS baseada em resultados.
aderiu a essa proposta e construiu uma
As prioridades da implementação das
base normativa forte para sua implan-
RAS devem ser dirigidas aos seguintes
tação, contida na Portaria nº 4.279, de
atributos: sistemas de informação; go-
30 de dezembro de 2010 e no Decreto
vernança; gestão de sistema de apoio
nº 7.508, de 28 de junho de 2011.
e logísticos; financiamento e incentivos;
Há lições aprendidas das implementa- primeiro nível de atenção; recursos hu-
ções de RAS na região das Américas e manos; mecanismos de coordenação
as mais importantes são: os processos assistencial; e foco na atenção à saúde.
de integração são difíceis, complexos e
Nas RAS, a concepção de hierarquia é
de longo prazo; exigem mudanças sis-
substituída pela de poliarquia e o sis-
têmicas amplas e não são compatíveis
tema organiza-se sob a forma de uma
com intervenções pontuais; requerem
rede horizontal de atenção à saúde.
compromisso dos gestores e dos presta-
Assim, não há uma hierarquia entre os
dores de saúde; e a integração dos ser-
diferentes pontos de atenção à saúde,
viços não significa que tudo tenha que
a Atenção Primária à Saúde (APS) e os
estar integrado em uma modalidade
sistemas de apoio e logístico, mas a
única, porque há múltiplos níveis e for-
conformação de uma rede horizontal
mas de integração que podem coexistir
de pontos de atenção de distintas den-
em um mesmo sistema. Os esforços de
sidades tecnológicas.
reestruturação devem começar a partir
das estruturas reais existentes. Todos os componentes das RAS são
igualmente importantes para que se
A implementação das RAS gera resis-
cumpram os objetivos dessas redes,
tências às mudanças nos campos indi-
sendo fundamental que a APS seja ro-
vidual e organizacional. Por outro lado,
busta, resolutiva e de qualidade, para
a experiência de integração permite
ordenar o fluxo da rede.
identificar fatores facilitadores para a
implementação de RAS: compromisso A incoerência entre a situação de saúde
e apoio político de alto nível; disponibili- e o sistema de atenção à saúde, pra-
dade de recursos financeiros; liderança ticado hegemonicamente, constitui o
da autoridade sanitária e dos gestores; problema fundamental do SUS e, para
desconcentração e flexibilidade da ges- ser superado, envolve a implantação
tão local; incentivos financeiros e não efetiva das RAS.
41
Atenção Primária nas Redes de Atenção à Saúde
O primeiro nível de atenção à saúde Da mesma forma, uma APS como es-
no SUS se dá por meio da APS, tratégia só existirá se ela cumprir suas
conforme a Política Nacional de Aten- três funções essenciais:
ção Básica (PNAB), revisada em 2017 e Z Resolubilidade
reafirmando que a Estratégia Saúde da Z Comunicação
Família (ESF) é a estratégia prioritária Z Responsabilização
para a APS no SUS.
Há uma crise nos sistemas de saúde que
Um dos problemas mais prevalentes se manifesta em escala planetária no ma-
na análise da APS é uma visão estere- nejo das condições crônicas. A razão é
otipada de que os cuidados primários que esses sistemas estão estruturados de
são simples. Os cuidados primários forma fragmentada e não dão conta de
cuidam das condições de saúde mais estabilizar as condições de saúde. Por essa
frequentes, mas isso não significa que razão, há que se transitar dos sistemas
essas condições são necessariamente fragmentados para sistemas organizados
mais simples, há condições que são em redes coordenadas pela APS (RAS).
de manejo muito complexo. A inter- As RAS têm um componente fundamen-
pretação da APS como estratégia de tal que são os modelos de atenção à
organização do sistema de atenção à saúde e, no caso das condições crônicas,
saúde implica exercitá-la de forma a predominantes no país, há que se apli-
obedecer a certos atributos e a desem- car modelos dirigidos especificamente
penhar algumas funções. a essa situação.
Só haverá uma APS de qualidade quando Cabe ressaltar que os estudos sobre
impactos nos resultados das condições
os seus sete atributos estiverem sendo
crônicas mostram que as ações de pro-
operacionalizados, em sua totalidade.
moção da saúde são responsáveis por
Os primeiros quatro são os essenciais:
30% desses resultados, as intervenções
Z Primeiro Contato (Acesso) de prevenção da saúde que envolvem
Z Longitudinalidade mudanças de comportamentos e esti-
Z Integralidade los de vida são responsáveis por 50%
Z Coordenação do Cuidado dos resultados e as intervenções clíni-
Os outros três são os derivados: cas são responsáveis somente por 20%
dos resultados.
Z Competencia Cultural
Como se pode observar, a APS tem
Z Orientação Familiar
um papel fundamental na organização
Z Orientação Comunitária
da RAS.
42
Ressalta-se que muitos avanços foram que dão mais visibilidade política, isso
conquistados, como na estrutura, nos subfinancia e fragiliza a APS; fragilidade
processos e nos resultados, na equi- no apoio diagnóstico; enfermeiro divide
dade do acesso e reconhecimento in- o tempo entre a gestão e a clínica; em
ternacional. alguns casos, fragilidade do Controle
A base de dados do CNES/Datasus/MS Social; e o modelo de Atenção à Saúde
de outubro de 2022, aponta que exis- hegemônico.
tem no país: Enfim, a APS é um ponto de atenção
Z 50.962 equipes da Estratégia Saúde imprescindível para o manejo adequa-
da Família do dos eventos agudos; somente com
uma APS de qualidade se pode manejar,
Z 5.210 equipes de APS
adequadamente, as condições crônicas
Z 5.904 equipes de saúde bucal
não agudizadas, estabilizando-as e in-
Z 111 equipes de saúde fluvial troduzindo o autocuidado apoiado; a
Z 231 equipes de consultórios de rua organização da APS é uma condição
Z 5.530 equipes ampliadas de apoio necessária para a organização eficien-
à saúde da família te e efetiva da atenção ambulatorial
Z 291.346 agentes comunitários de especializada; a organização da APS é
Saúde uma condição necessária para a orga-
nização eficiente e efetiva da atenção
A cobertura da ESF do SUS é de 76.08%i,
hospitalar; e os investimentos em APS
o que corresponde a 15 vezes a popu-
são custo-efetivos e aumentam a efici-
lação de Portugal, 4 vezes a população
ência dos sistemas de saúde.
do Canadá e 2,8 vezes a população da
Inglaterra. Com o objetivo de assessorar as Se-
cretarias Estaduais de Saúde (SES), na
Entretanto, são muitas as fragilidades,
organização das RAS, a qualificação da
como por exemplo: o modelo de ensino
APS e a integração entre os vários pon-
médico é centrado na especialização;
tos de atenção, o Conass desenvolveu
baixos salários dos generalistas frente
uma proposta intitulada “Planificação
aos especialistas; maior incremento das
da Atenção à Saúde (PAS) – um instru-
responsabilidades clínicas da APS; cum-
mento de gestão e organização da APS,
primento de carga horária; APS não fre-
da AAE e da Atenção Hospitalar (AH)
quenta as manchetes da grande mídia
nas RAS”.
e não gera notícia positiva sobre saúde;
população vê APS como medicina de A PAS tornou-se uma grande oportu-
baixa qualidade e prefere especialista; nidade para a qualificação da resposta
gestores preferem investir em unidades do sistema de saúde à população (CO-
de atenção especializada e hospitais, NASS, 2018). Pode ser compreendida
43
da consolidação da estratégia da
saúde da família (OPAS, 2012); a
A PAS propicia mudanças na construção social da Atenção Pri-
organização das unidades de saúde mária à Saúde (CONASS, 2015); e
e nos processos de trabalho dos atualmente, com a Pandemia da
Covid-19, a Terceira Onda (MEN-
profissionais, desenvolvendo a
DES, 2020). Utiliza-se o MACC,
competência das equipes para o proposto por Mendes para o
planejamento e organização da Sistema Único de Saúde (SUS), a
atenção à saúde. partir dos modelos da Pirâmide
de Risco da Kaiser Permanente
(BENGOA, PORTER e KELLOGG,
2008), dos Cuidados Crônicos
como uma mudança no modus ope- (WAGNER, 1998) e dos Determi-
randi das equipes e serviços, buscando nantes Sociais da Saúde (DAHLGREN e
a efetividade das RAS. A partir dessa WHITEHEAD, 1991).
proposta, desenvolve-se a competên-
A estruturação da APS deu-se por
cia das equipes para o planejamento e
meio da implantação dos Macros e
organização da atenção à saúde com
Microprocessos, propostos por Men-
foco nas necessidades dos usuários sob
des (2018), na Construção Social da
a sua responsabilidade, baseando-se
APS, mais entendida como “Metáfora
em diretrizes clínicas, de acordo com o
da Construção de uma Casa”, com
Modelo de Atenção às Condições Crô-
vários momentos para a organiza-
nicas (MACC).
ção dos macroprocessos, que per-
A PAS é uma proposta que vai além de mitem dar resposta satisfatórias às
uma simples capacitação, pois propicia diferentes demandas. A organização
mudanças na organização das unidades dos macroprocessos foi baseada na
de saúde e nos processos de trabalho metodologia de gerenciamento de
dos profissionais, desenvolvendo a processos, por meio dos Ciclos de
competência das equipes para o pla- Melhoria Contínua (PDSA), que inclui
nejamento e organização da atenção um conjunto de ações gerenciais, em
à saúde, com foco nas necessidades uma sequência dada pela ordem esta-
dos usuários sob sua responsabilidade, belecidas pelas letras que compõem
baseando-se no MACC (CONASS, 2018). a sigla em inglês (plan, do, study, act)
A fundamentação teórica da PAS está (CONASS DOCUMENTA 31, 2018).
descrita nos livros publicados pelo Co- Com o caminhar da PAS, o Conass desen-
nass e pela Opas, com foco na implan- volveu os Laboratórios de Inovação na
tação das RAS: as redes de atenção à Atenção às Condições Crônicas (LIACC)
saúde (OPAS, 2011); o cuidado das con- em Curitiba, no Paraná, com relação ao
dições crônicas na APS: o imperativo MACC; em Tauá, no Ceará, referente aos
44
macroprocessos da APS; em Santo Antô- No desenvolvimento da PAS destacam-se
nio do Monte, em Minas Gerais, os macro- grandes potencialidades como: o envol-
processos da AAE, na região de Maringá, vimento e a integração dos gestores e
no Paraná, a organização nas RAS, da APS trabalhadores da saúde; a organização
e AAE, e atualmente, a integração da aten- dos processos de trabalhos das equipes; a
ção perinatal hospitalar nas maternidades integração dos profissionais das equipes e
da região de Caxias, no Maranhão e nas destes, com os usuários; a rápida visibilida-
maternidades do estado de Rondônia, de da organização da APS pela população;
além do Centro Colaborador no município a integração das equipes da APS e AAE e o
de Uberlândia, Minas Gerais, demonstran- ganho na qualidade da atenção prestada.
do que a organização dos processos de Essa experiência tem sido estudada,
trabalho é capaz de transformar, qualificar inclusive, com pesquisas externas rea-
e integrar os níveis de atenção em RAS. lizadas pela PUC/PR, UFMG, IMIP e USP,
A PAS vem sendo desenvolvida por meio apontando o caminho a ser seguido.
do PROADI-SUSii, por dois hospitais, o
Importante ainda destacar que no âm-
Beneficência Portuguesa e o Albert Eins-
bito da Atenção Primária à Saúde exis-
tein. O primeiro em 25 Regiões de Saúde
tem dois grandes programas governa-
dos estados de Rondônia, Maranhão,
mentais destinados ao provimento de
Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do
profissionais de saúde, especialmente
Sul. O Einstein desenvolve o Planifica
médicos, são eles: o Programa Mais
e está presente em 26 regiões de 20
Médicos e o Programa Médicos para o
estados: AC, AM, BA, DF, MA, MG, MS,
Brasil. Criados em contextos distintos,
MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RO, RR,
ambos são importantes instrumentos
RS, SC e SE.
para enfrentar a dificuldade de provisão
Há também um Centro Colaborador de médicos nos pequenos municípios,
da PAS em Uberlândia, no estado de em áreas remotas do país e nas perife-
Minas Gerais, fruto de uma cooperação rias dos grandes centros urbanos.
técnica entre o Conass e o município,
Acerca disso, também foi criada a Agên-
com a aquiescência da SES/MG.
cia Nacional de Desenvolvimento da
Esses projetos têm como objetivo im- Atenção Primária à Saúde - ADAPS, no
plantar a metodologia da Planificação, formato institucional de entidade de
visando integrar e fortalecer os níveis de serviço social autônomo, com a missão
Atenção Primária, Atenção Ambulatorial de incrementar o acesso a serviços e
Especializada e Atenção Hospitalar. soluções da APS.
ii PROADI-SUS é o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde instituído por meio
de um cooperação entre seis hospitais de referência no Brasil e o Ministério da Saúde. Criado em 2009, seu propósito é
apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação
de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde.
45
A estrutura operacional das Redes de Atenção à Saúde
RT 1 RT 2 RT 3 RT 4
SISTEMA DE GOVERNANÇA
SISTEMAS DE
TRANSPORTE EM SAÚDE
SISTEMAS DE APOIO
DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO
SISTEMAS
DE APOIO
SISTEMAS DE ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
TELEASSISTÊNCIA
SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE
POPULAÇÃO
Fonte: MENDES EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011.
46
triciamento nas unidades de APS com listas em geriatria ou gerontologia e
compartilhamento do cuidado dos casos definição de grupo de idosos que ne-
mais complexos com o reumatologista, cessitam de atendimento diferenciado
confirmando que as filas de espera de na APS, além da definição de critérios
demais especialidades podem ser re- padronizados de compartilhamento
solvidas com a metodologia inovadora do cuidado com a atenção ambulato-
implantada no município. Com relação à rial especializada em saúde do idoso.
lista de espera de reumatologia, desde Permitiu a identificação de sintomas
o início da implantação, em 2017, houve ou problemas de saúde que merecem
uma redução em 66%, de acordo com intervenções específicas, conforme o
avaliação realizada em julho de 2022. estrato clínico funcional, capazes de
A implantação da rede de atenção às melhorar a autonomia e independência
pessoas idosas trouxe a oportunidade do idoso e prevenir o declínio funcional,
de trabalhar com esta subpopulação, institucionalização e óbito. Trouxe uma
organizando os processos, de forma a revolução no manejo dessas pessoas,
valorizar a capacidade funcional como oferecendo uma abordagem integral,
principal indicador de saúde. Possibili- realizando a prescrição quando neces-
tou a identificação do idoso frágil por sário, diminuindo a iatrogenia e melho-
profissionais de saúde não especia- rando a vida dessas pessoas.
47
Propostas do Conass
Garantir que a Saúde da Família seja a principal estratégia do SUS, rede-
senhando o modelo de Atenção Primária, em termos de incorporação
tecnológica, ampliação de escopo, cobertura universal, especialização
de recursos humanos, buscando a meta de alcançar a cobertura de toda
a população brasileira pela APS, tornando-a garantidora do acesso aos
demais níveis de atenção.
48
6
Atenção Especializada
Ambulatorial e Hospitalar
Atenção Especializada
Ambulatorial e Hospitalar
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
51
Ainda, a desorganização fragmenta- ção isolado e com baixo grau de comu-
da da AAE é responsável por muitos nicação com outros pontos de atenção,
problemas de efetividade, eficiência especialmente com a APS. É o que se
e qualidade, que afetam esse nível de denomina de organização em silos, em
atenção. Em decorrência dos vazios cog- que, em geral, não há comunicação en-
nitivos e da organização fragmentada, tre os generalistas e os especialistas, o
o diagnóstico recorrente, muitas vezes que implica baixa agregação de valor
baseado em ideias de senso comum, é para as pessoas usuárias e insatisfação
que a AAE constitui-se em um gargalo no de profissionais e dessas pessoas.
SUS pela insuficiência de oferta, o que, Importa, ainda, destacar que, mesmo
normalmente, se denomina de “vazios tendo passado mais de uma década de
assistenciais da média complexidade instituição das RAS (BRASIL, 2010), ainda
ambulatorial”. não foi instituída uma política específica
Evidências têm indicado que é funda- para a AAE no SUS, fragilizando a estru-
mental operar, nas RAS, com relações turação e a efetividade desse nível de
produtivas entre os generalistas da APS atenção nas RAS do SUS.
e os especialistas da AAE para se obte- Embora, em setembro de 2021, a discus-
rem os melhores resultados sanitários, são da Política de Atenção Especializada,
sendo fundamental para a garantia do com foco na otimização do seu finan-
cuidado adequado das condições crôni- ciamento tripartite e na perspectiva da
cas. Contudo, nos sistemas fragmenta- RAS, tenha sido pactuada como um dos
dos vigentes, essas relações dificilmente temas prioritários na Agenda Estratégi-
são construídas e desenvolvidas de for- ca Tripartite para o ano de 2022, essa
ma consistente e coordenada. discussão ainda não teve avanços.
Como produto da fragmentação, a AAE Como contribuição, o Conass organi-
é desenvolvida como um ponto de aten- zou, em outubro de 2021, uma Oficina
52
de trabalho junto às Secretarias RAS, pauta essa que o Conass
Estaduais de Saúde, que resultou pretende continuar priorizando
em contribuições e proposições junto aos respectivos espaços
para a formulação de política tripartites.
para a AAE, na perspectiva da
A Instituição Hospitalar do
século XXI, de acordo com
a Organização Mundial de Saú-
ciamento público insuficiente,
fragmentado e baixa eficiência
no emprego dos recursos, com
de (2000), é caracterizada como redução da capacidade do sis-
uma instituição complexa, com a tema de prover integralidade da
presença de diversos pontos de atenção à saúde; de uma confi-
atenção, voltada para o manejo guração inadequada de modelos
de eventos agudos com incor- de atenção, marcada pela inco-
poração tecnológica compatível erência entre a oferta de servi-
com a sua atuação, eficiente, efi- ços e a necessidade de atenção,
caz, dotado de ambiência física não conseguindo acompanhar a
compatível com suas funções e tendência de declínio dos proble-
acolhedora para seus usuários mas agudos e de ascensão das
(CONASS, 2013). condições crônicas; a fragilida-
A portaria nº 4.279 GM/MS, de de na gestão do trabalho com o
30/12/2010 (BRASIL, 2010), ao es- grave problema de precarização
tabelecer diretrizes para a organi- e carência de profissionais em
zação da RAS no âmbito do SUS, número e alinhamento com a
expôs o cenário de fragmentação política pública; a pulverização
das ações e serviços de saúde, dos serviços nos municípios, o
e continua atual em sua análise perfil tecno-assistencial; a alo-
dos desafios existentes a serem cação desigual inter-regional; a
superados para o estabelecimen- complexidade administrativa-ge-
to de uma Política de Atenção, rencial; a ambiência hospitalar e a
no caso em tela, do componente Educação Permanente em Saúde
Hospitalar, tendo em vista a im- e formação (CONASS, 2013).
plementação da RAS. Em outubro de 2012, teve início
Segue, no entanto, o desafio de a discussão da Política Nacional
enfrentamento das importantes de Atenção Hospitalar (PNHOSP),
lacunas assistenciais; de finan- desencadeada pelo Ministério da
53
Saúde (MS) na reunião do Grupo de Tra- Atualmente, a PNHOSP, no âmbito
balho de Atenção à Saúde da CIT e pela do SUS, está instituída na Portaria de
publicação, em novembro do mesmo Consolidação nº 2, de 28/07/2017, que
ano, das consultas públicas nº19 e n.º instituiu a Consolidação das normas
20, sobre a Política Nacional de Atenção sobre as políticas nacionais de saúde
Hospitalar - PNHOSP e sobre a Contra- do Sistema Único de Saúde, Capítulo
tualização Hospitalar, respectivamente. II - Das Políticas de Organização da
Passado mais de um ano, foi publicada a Atenção à Saúde, Seção I - Das Polí-
portaria nº 3.390, de 30 de dezembro de ticas Gerais de Organização da Aten-
2013 (BRASIL, 2013), instituindo a PNHOSP ção à Saúde, Art. 6º - inciso IV, Anexo
no âmbito do Sistema Único de Saúde XXIV (pag. 142 a 145), estabelecendo
(SUS), estabelecendo- se as diretrizes para as diretrizes para a organização do
a organização do componente hospitalar componente hospitalar da Rede de
da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Atenção à Saúde (RAS).
Pensar nessa política hospitalar no con- O Conass vem apontando para a neces-
texto de redes regionalizadas, propõe sária revisão de políticas, adequando-as
desconstruir o hospital como estabeleci- à proposta de Rede de Atenção à Saúde,
mento monolítico em sua representação quais sejam:
sistêmica, para poder representá-lo como Z O componente hospitalar da rede
“condomínio” de serviços que se articulam de urgências;
em diferentes hierarquias da atenção, Z O papel dos Hospitais de Pequeno
conforme a natureza da inserção dos seus Porte nas RAS;
serviços, em termos de responsabilidades Z As políticas e programas de média
populacionais e territoriais, compondo e alta complexidade hospitalar na
redes de atenção e linhas de atenção e concepção da RAS, a exemplo das
cuidados. Inclui, dessa maneira, as diver- pessoas com doenças crônicas, tais
sas expressões desse condômino hospi- como câncer, renal, cardiovascular,
talar na rede de atenção às urgências, na dentre outros;
atenção ambulatorial especializada, no
Z A estratégia de cirurgias eletivas;
apoio diagnóstico, na integração resolutiva
Z A Política Nacional de Regulação;
junto à atenção básica e às redes de apoio
psicossocial, compondo um tecido de res- Z A contratualização dos hospitais pú-
postas que se integrem territorialmente blicos e privados sem fins lucrativos;
e possam ser remuneradas conforme Z As formas de financiamento e al-
a responsabilidade integrada territorial ternativas de gerência da atenção
e populacionalmente definidas (FILHO; especializada ambulatorial e hos-
BARBOSA, 2014). pitalar.
54
Procedimentos de média e alta complexidade no SUS
55
Programas e Políticas de Atenção Especializada
56
a exemplo do que já foi feito, em parte, tas e exames pagos pela Tabela SUS,
com os incentivos, desde que foram cria- considerada a insuficiência, a exemplo
dos o PAB fixo, o PAB variado, os pisos de da consulta médica em Atenção Espe-
vigilância, até chegarmos aos incentivos cializada, que mantém o mesmo valor
de contratualização (CONASS, 2016). por quase duas décadas.
Ao longo do tempo, pela insuficiência No que refere às despesas da saúde
de recursos na média complexidade, executadas pela união, segundo o portal
os estados e os municípios foram inje- da transparência da Controladoria-Geral
tando recursos para ampliar o acesso da União (BRASIL, 2022), considerado
da população a consultas e exames, o total de despesas executadas pela
porém, não há um sistema de informa- União em 2022, de R$ 120,35 bilhões,
ção que registre os repasses estaduais 46,73 % estão alocados na subárea da
e municipais para o SUS. Muitas vezes, Assistência hospitalar e ambulatorial,
esses recursos também são utilizados enquanto 26,16% estão alocados na
para complementar o valor de consul- subárea da Atenção Primária.
Referências
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ternet]. Despesas da saúde executadas pela União por subfunção.
Disponível em: https://portaltransparencia.gov.br/funcoes/10-sau-
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de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização
da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 147, n. 251, p.
88-93, 31 dez. 2010b.
57
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 3.390,
de 30 de dezembro de 2013. Institui a Política Nacional de Atenção
Hospitalar (PNHOSP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),
estabelecendo- se as diretrizes para a organização do componente
hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Diário Oficial da União:
seção 1, Brasília, DF, n. 253, p. 54-56, 31 dez. 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria
nº 316, de 06 de junho de 2008. Recompõe os atributos dos procedi-
mentos da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses
e Materiais Especiais do SUS.
CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. CONASS Debate 5.
Inovação na Atenção Ambulatorial Especializada / Conselho Nacional
de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2016.
CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. Nota técnica 24:
Política Nacional de Atenção Hospitalar / Conselho Nacional de Secre-
tários de Saúde. Brasília: CONASS, 2013 Disponível em: https://www.
conass.org.br/wp-content/uploads/2013/09/NT-24-2013-PNOHOSP-vf.
pdf Acesso em: 11 nov. 2022.
SOLLA, Jorge; CHIORO, Arthur. Atenção ambulatorial especializada. In:
GIOVANELLA, Lígia et al. (Org.). Políticas e sistemas de saúde no Brasil
2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012. cap. 17, p. 547-576. Disponível em:
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/ATENCAO_AMBULA-
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FILHO, A. N.; BARBOSA, Z. O papel dos hospitais nas Redes de Atenção
à Saúde. Revista Consensus. 2º sem, 2014. Disponível em: https://www.
conass.org.br/consensus/wp-content/uploads/2019/04/Artigo_consen-
sus_11.pdf Acesso em: 11 nov. 2022.
58
7
Regulação da
Atenção à Saúde
Regulação da
Atenção à Saúde
“ [...] disponibilização da alternativa assis-
tencial mais adequada à necessidade do
cidadão, de forma equânime, ordenada,
oportuna e qualificada, [...] deverá ser
efetivada por meio de complexos regula-
”
dores que congreguem unidades de tra-
balho responsáveis pela regulação das ur-
gências, consultas, leitos e outros que se
fizerem necessários.
Definição de regulação assistencial em
NOAS (BRASIL, 2002)
P ara se falar de Regulação da
Atenção à Saúde e de seu papel
na gestão de sistemas de saúde, faz-
cada”, que “deverá ser efetivada por
meio de complexos reguladores que
congreguem unidades de trabalho
-se necessária uma breve introdução responsáveis pela regulação das ur-
sobre o que se entende por regulação gências, consultas, leitos e outros que
no setor saúde, buscando discriminar se fizerem necessários”. Tais asserti-
melhor suas atividades, assim como as vas delimitaram claramente a regula-
competências dessa função no âmbito ção do acesso dos usuários aos servi-
do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse ços assistenciais, trazendo, também,
sentido, a Regulação vem sendo estru- a noção de complexos reguladores.
turada, de maneira a inscrevê-la numa A regulação estatal no Setor Saúde é
política de saúde condizente com os tomada como aquela em que o Estado
princípios do SUS. atua sobre os rumos da produção de
A Norma Operacional de Assistência à bens e serviços de saúde, por meio das
Saúde – NOAS (BRASIL, 2002), definiu regulamentações e das ações que as-
a regulação assistencial como a “dis- segurem o cumprimento destas, como
ponibilização da alternativa assisten- fiscalização, controle, monitoramento,
cial mais adequada à necessidade do avaliação e auditoria. Portanto, a regula-
cidadão, de forma equâ- ção estatal sempre será exercida por
nime, ordenada, uma esfera de governo
oportuna e (federal, estadual
qualifi- e munici-
REGRAS
61
pal), constituindo-se em uma das Acesso à Assistência ou Regula-
funções da gestão de sistemas ção Assistencial. Na Regulação
de saúde. da Atenção à Saúde a contratu-
Em 2006, a Portaria GM/MS 399, alização ou contratação de ser-
de 22 de fevereiro, divulgou o viços de saúde ganha destaque
Pacto pela Saúde, constituído junto com o controle, avaliação e
pelo Pacto pela Vida, Pacto de auditoria. Na Regulação do Aces-
so à Assistência, a Portaria GM/
Gestão e Pacto em Defesa do
MS 399/2006, retoma o que foi
SUS. Nesse processo os muni-
proposto pela NOAS/2002, de im-
cípios e estados assinaram a
plantação de complexos regula-
Adesão ao Pacto pela Saúde,
dores, constituídos de centrais de
por meio do Termo de Compro-
marcação de consultas e exames,
misso de Gestão previsto nesse
de internação e de atenção pré-
novo ordenamento. Essa Porta-
-hospitalar. Essa mesma porta-
ria estabeleceu alguns conceitos
ria estabelece que a Regulação
e alguns princípios norteadores
do Acesso é parte integrante da
para a Regulação no SUS.
Regulação da Atenção à Saúde e
No Pacto pela Saúde, surge pela deve estar integrada às ações de
primeira vez o conceito de Re- controle, avaliação e auditoria,
gulação da Atenção à Saúde, di- assim como de outras áreas da
ferenciando-se da Regulação do gestão.
62
ção à saúde tem como foco a produção secundária ou terciária, nas situações
de serviços de saúde, sendo que dessa de condições crônicas não agudizadas,
forma está dirigida aos prestadores de na perspectiva das RAS, é competência
serviços públicos e privados. A regula- da APS. Isso decorre do fato de que é
ção do acesso ou regulação assistencial na APS que as pessoas usuárias estão
está contida na regulação da atenção vinculadas, estão estratificadas por risco
à saúde, e está voltada para a organi- e são programadas para o atendimen-
zação e gerenciamento de complexos to em outros pontos de atenção ou de
reguladores constituídos pelas centrais apoio diagnóstico e terapêutico. A APS,
de marcação de consultas e exames, no exercício desse papel regulatório
centrais de leitos e gerenciamento do das condições crônicas não agudizadas,
atendimento pré-hospitalar. Por influ- pode utilizar a infovia das centrais de
ência da NOAS/2002 e das normativas regulação, mas o ato regulatório cabe
que a seguiram, os serviços de saúde à equipe de cuidados primários (MEN-
foram estruturando a parte operacional DES, 2019).
da regulação, ou seja, seus complexos Introduzir ações reguladoras em um
reguladores e controlando a demanda sistema de saúde requer um diagnós-
e a oferta de serviços de saúde, mui- tico apurado da situação de uma série
tas vezes servindo de triagem para as de processos e fluxos que estão neces-
consultas especializadas ou internação sariamente ligados à assistência e às
eletiva devido à demanda reprimida. O ações de controle e avaliação. Deve-se
gestor cria normas, fluxos, processos conhecer a estrutura do processo as-
e/ou regras que definem como, onde sistencial na atenção básica, buscando
e quando se dará essa relação. Ela é apurar o conhecimento sobre o per-
operacionalizada por meio do controle fil epidemiológico da população, fator
do fluxo da demanda assistencial exis- decisivo na definição de prioridades
tente em todas as unidades prestadoras para as ações reguladoras. Levantar e
de serviços e/ou por meio do redimen- mapear a população que este sistema
sionamento da oferta, reduzindo ou de saúde pretende atingir, seus fluxos,
ampliando essa oferta de acordo com a abrangência da Estratégia de Saúde
as necessidades da população. da Família (ESF) e a situação cadastral
Para MENDES (2019), a regulação as- dessa população. É necessário ainda
sistencial dos eventos agudos tem no identificar as dificuldades da APS e suas
seu centro os complexos reguladores principais necessidades e demandas. A
e a regulação assistencial das condi- regulação precisa fazer gestão da de-
ções crônicas não agudizadas, tem no manda para além da gestão da oferta,
seu centro a atenção primária à saúde no sentido de conseguir fazer gestão da
(APS). O ato decisório de enviar uma utilização, a fim de promover acesso e
pessoa usuária a um serviço de atenção cuidado (BRASIL, 2016).
63
Com a ação da Regulação da Aten- população; da capacidade instalada
ção à Saúde, começa a surgir a con- dos serviços de saúde; a organização
tratualização dos serviços de saúde, dos pontos de atenção e a modelagem
fundamentada no Plano de Saúde e da RAS para garantir a integralidade
no Planejamento Regional Integrado. da atenção à saúde; a identificação
A regulação da atenção à saúde e a de vazios assistenciais e a eventual
regulação do acesso devem estar in- sobreposição de serviços orientando
seridas e integradas ao Planejamento a alocação de recursos financeiros e
Regional Integrado (PRI), pois os pro- a programação geral das ações e ser-
dutos desse processo como: o levan- viços de saúde são também objetos
tamento de necessidades da saúde da da regulação da atenção em saúde.
64
Algumas reflexões para o debate sobre
a regulação da atenção à saúde
65
do em vista que tanto a APS, como a trabalho e quais seriam essas funções?
Atenção Ambulatorial Especializada, são Considerando-se a Política Nacional de
majoritariamente voltadas ao atendi- Regulação existente (2008), a organiza-
mento das condições crônicas não agu- ção do Sistema Único de Saúde em Rede
dizadas? Como deveria ser a regulação de Atenção à Saúde (2010), as questões
do acesso, tendo em vista a Rede de apontadas em 2019 pelas Secretarias
Atenção à Saúde? Como preparar as Estaduais de Saúde em relação à Regu-
equipes de atenção primária à saúde e lação, quando da elaboração de seus
de atenção ambulatorial especializada planejamentos estratégicos para o pe-
para desenvolverem funções de regu- ríodo 2020-2023, identifica-se a neces-
lação do acesso em seu processo de sidade de:
67
Para saber mais:
Portaria GM/MS 399, de 22 de fevereiro de 2006. Disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0399_22_02_2006.html
Portaria GM/MS 1.559 de 01/08/2008. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1559_01_08_2008.html
Conass Documenta 41 – Regulação e Contratualização de Serviços Hos-
pitalares no SUS. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
cd-41-regulacao-e-contratualizacao-de-servicos-hospitalares-no-sus/
Livro Desafios do SUS – Eugênio Vilaça Mendes. Disponível em: https://
www.conass.org.br/biblioteca/desafios-do-sus/
Portaria GM/MS 4279 de 30 de dezembro de 2010. Disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4279_30_12_2010.html
68
8
Contratualização
Contratualização
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40%
vinculados ao cumprimento
60%
das metas qualitativas
vinculados ao cumprimento
das metas quantitativas
*podendo haver variação desses percentuais, desde que seja respeitado o percentual mínimo de 40%
71
A despeito das iniciativas dos gestores não possui política de atenção hospita-
estaduais, ainda são grandes os desa- lar estruturada com desenho de rede
fios para o aprimoramento da contra- de atenção à saúde (RAS), definição de
tualização, de acordo com diretrizes. missão e tipologia para o cumprimento
Associa-se a isso a gravidade do período de seu papel na rede.
de restrições orçamentárias e financei- No que diz respeito à Contratualiza-
ras enfrentadas pela União, Estados e ção, as SES apontaram necessidades
municípios, exigindo maior esforço dos de apoio na discussão de aspectos le-
gestores para garantir a assistência. gais, e aspectos de gestão do contra-
O contrato formaliza compromissos to (processo negocial do documento
entre os pontos de atenção e a gestão descritivo nos aspectos de indicadores
da rede, e a regulação define fluxos e e compromissos qualitativos e quanti-
prioridades para viabilizar o acesso em tativos, financiamento, regulação, mo-
lugar e tempo oportunos. nitoramento e avaliação).
A contratualização e a regulação são Tem ganhado cada vez mais força, o de-
componentes inseparáveis da gestão bate e as decisões de gestores de saúde
da atenção à saúde. Parte dos gesto- sobre a gerência de hospitais públicos, a
res relatam dificuldades na formulação, celebração de parcerias do público com
negociação e gestão dos contratos com terceiros e alternativas. Dessa forma, a
seus prestadores e com a rede própria. celebração de parcerias crescentes com
Da mesma forma, relatam problemas terceiros carece de maior capacidade
diversos na regulação, passando pela do gestor de monitorar e avaliar os con-
governabilidade sobre os prestadores e tratos para resultados desejados, além
rede própria, pela existência ou não de da necessidade de revisão e inovação
estruturas, equipes qualificadas, fluxos das modalidades de contratualização e
e protocolos de regulação, e pela de- financiamento com alocação de novos
manda reprimida de ações e serviços de recursos para a atenção hospitalar.
saúde. A regulação também se constitui Para assumirem esse papel, as equipes
como ponto crítico em seus aspectos de técnicas apontaram, em reuniões pro-
estrutura, processos e enfrentamento movidas pelo Conass, como principais
político da decisão de regular com cri-
problemas e demandas, entre outras a
térios clínicos e de vulnerabilidades.serem enfrentadas na contratualização
Por outro lado, a maioria dos Estados no âmbito estadual:
72
Principais problemas e demandas a serem enfrentados
na contratualização no âmbito estadual:
74
Para saber mais:
Lei n.º 8.429/1992 sobre ato de improbidade administrativa.
Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº
8.080, de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a
articulação interfederativa.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n.º 1.286, de 26 de outubro
de 1993, normatiza a contratação de serviços de saúde por gestores
do SUS.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.702/GM/MS, de 17 de agosto
de 2004, cria o Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino
no âmbito do SUS.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.721/GM/MS, de 21 de setem-
bro de 2005, cria o Programa de Reestruturação e Contratualização
dos Hospitais Filantrópicos no SUS.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 161/GM/MS, de 21 de janeiro
de 2010, que dispõe sobre o art. 3º da Portaria nº 699/GM/MS, de 30
de março de 2006, que versa sobre o Termo de Cooperação entre
Entes Públicos.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS Nº 4.279 de dezembro de
2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n.º 3.172, de 28 de dezem-
bro de 2012, concede aumento no valor do Incentivo à contratação das
entidades beneficentes sem fins lucrativos, participantes do Programa
de Reestruturação e Contratualização dos Hospitais Filantrópicos ou
do Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino no Sistema
Único de Saúde (SUS).
75
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 3.390, de 30/12/2013,
institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP).
Brasil. Ministério da Saúde Portaria GM/MS Nº 3410 de 2013. Estabe-
lece as diretrizes para a contratualização de hospitais no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS) em consonância com a Política Nacional
de Atenção Hospitalar (PNHOSP).
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 2567, de 25 de novem-
bro de 2016, dispõe sobre a participação complementar da iniciativa
privada na execução de ações e serviços de saúde e o credenciamento
de prestadores de serviços de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasil. Ministério da Saúde: Manual de orientações para contratação
de serviços de saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Se-
cretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Regulação, Avaliação
e Controle de Sistemas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
76
9
Alternativas de Gerência
de Unidades Públicas
Alternativas de Gerência
de Unidades Públicas
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
79
Administração
Direta
Modelos de
Empresa Estatal Autarquia
gerência de
atuação
indireta
Consórcio Público Fundação Pública
80
cias, sistema de governança, fontes de recei- da em virtude de autorização legislativa para o
ta, patrimônio e quadro de pessoal. Por ser desenvolvimento de atividades não privativas
regida, integralmente, pelo regime jurídico de estado na área social. São dotadas de au-
de direito público, a autarquia observa os tonomia administrativa, patrimônio próprio
mesmos regramentos administrativos apli- gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
cáveis aos órgãos da administração direta, funcionamento custeado por recursos públi-
inclusive quanto a atos e processos admi- cos diretos do Tesouro do Ente que a instituiu
nistrativos, licitações, contratações, bens, e/ou de outras fontes. O regime de pessoal
regime de pessoal, regime orçamentário, da fundação pública de direito privado é o
financeiro e patrimonial, responsabilização, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
prestação de contas, imunidade tributária e observadas as regras específicas de direito pú-
prerrogativas processuais. blico, estabelecidas no art. 37 da Constituição.
81
pública; ou como pessoa jurídica de direito pri- Em 2019 existiam 225 consórcios de saúde
vado. O consórcio público está previsto no art. em 17 estados, sendo 198 de natureza pú-
241 da Constituição Federal e a instituição de blica e 27 de natureza privada.
consórcios públicos está disciplinada, em nível A Portaria GM/MS 2905, de 13 de julho de
nacional, pela Lei n. 11.107, de 6 de abril de 2022, dispõe sobre as diretrizes e os aspec-
2005, e pelo Decreto n. 6.017, de 17 de janeiro tos operacionais aplicáveis aos consórcios
de 2007, que regulamenta a Lei. O âmbito de públicos no âmbito do SUS.
atuação do consórcio público corresponde à
soma dos territórios dos municípios ou esta- Empresa estatal
dos consorciados, independentemente de a
Empresa estatal é a pessoa jurídica de direito
União figurar como associada.
privado, de fins econômicos, controlada direta
Quando assume a forma de associação públi-
ou indiretamente por ente da Federação, que
ca, o consórcio público adquire personalidade
execute serviços públicos ou explore atividade
jurídica mediante a vigência das leis dos entes
econômica caracterizada pela produção ou
da Federação que a instituírem. A associação
comercialização de bens ou pela prestação
pública pode exercer competências privativas
de serviços em geral. É uma figura jurídica
e não privativas de estado, visto que, sobre
própria para a exploração direta de atividade
ela incide o regime jurídico de direito público
econômica pelo Estado (Constituição Federal,
estabelecido pela Constituição Federal e legis-
art. 173). A empresa estatal é criada por au-
lação federal aplicável, devendo a lei, de todos
torização legislativa específica (Constituição
os seus entes instituidores, dispor sobre as
Federal, inciso XIX) e procedimentos do Código
demais disposições legais e normativas, nas
Civil: registro do estatuto social na Junta Co-
áreas de competência concorrente dos entes
mercial. Integra a administração indireta do
consorciados.
Ente federado que detenha o seu controle,
Quando é criado como consórcio público vinculada ao órgão da administração direta
de direito privado, sua criação deve ser responsável pela sua área de atuação para
autorizada pelas leis dos entes federados fins de orientação, coordenação e supervisão.
instituidores e sua personalidade jurídica A empresa estatal pode ser constituída como
é adquirida mediante o atendimento dos empresa pública ou sociedade de economia
ritos da legislação civil. mista. O regime de pessoal é o da CLT, com
No período de julho a outubro de 2019, o admissão por concurso público. Um exemplo é
Conass realizou levantamento nacional de a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
informações sobre consórcios que atuam na (Ebserh).
área da saúde, com o objetivo de traçar um
panorama geral de como estão constituídos Serviço social autônomo
e organizados os consórcios públicos no âm- Existem entidades instituídas pelo Poder Pú-
bito do SUS, especialmente no que tange às blico sob a denominação de “serviço social
suas áreas de atuação e ao alinhamento às autônomo” cuja finalidade é prestar serviços
disposições legais da Lei nº 11.107, de 2005. sociais diretos aos cidadãos, em geral. São
82
instituídos pelo Poder Público a partir de recebem recursos financeiros transferidos
autorização legal, tendo seu regulamento pelo Poder Público. Exemplo de Serviço So-
estabelecido por decreto. Na maioria dos cial Autônomo é a Associação das Pioneiras
casos, estabelecem com a Administração Sociais que administra a Rede Sarah.
Pública relações por contrato de gestão e
Modelos de
Organização da
gerência de
Organização Social Sociedade Civil de
atuação Interesse Público
indireta
83
Organização da Sociedade Civil de ambiente, promoção do desenvolvimento
sustentável, econômico e social e direitos
Interesse Público
humanos, entre outros.
A Oscip é um título instituído pela Lei n.
A Lei n. 9.790, de 1999, previu o Termo de
9.790, de 23 de março de 1999, concedido
Parceria como o ajuste celebrado entre o
pelo Poder Executivo a uma entidade civil
Poder Executivo e a Oscip para estabele-
sem fins lucrativos, criada por particulares,
cer, efetivamente, o vínculo de cooperação
que atue nas áreas da seguridade social.
entre as partes, para o fomento à execu-
O título é uma pré-qualificação ou pré- ção das atividades de interesse público
-habilitação da entidade civil para o es- realizadas pela entidade.
tabelecimento de relações de parceria
O Termo contempla a definição de me-
com o Poder Público, no desenvolvimento
tas de desempenho e responsabilidades
de atividades ou projetos de interesse
dos seus signatários, assim como os pro-
público, nas áreas de assistência social,
cedimentos de avaliação dos resultados
cultura, saúde, segurança alimentar e nu-
alcançados.
tricional, proteção e preservação do meio
Vigilância em Saúde
Vigilância em Saúde
“ [...] processo contínuo e sistemático de
coleta, consolidação, análise de dados
e disseminação de informações sobre
eventos relacionados à saúde, visando
o planejamento e a implementação de
medidas de saúde pública, incluindo a
regulação, intervenção e atuação em
condicionantes e determinantes da saú-
de, para a proteção e promoção da saú-
”
de da população, prevenção e controle
de riscos, agravos e doenças.
87
A Política Nacional de Vigilância em Saúde e
alguns conceitos relevantes:
i BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 588, de 12/07/2018: Política Nacional de Vigilância em Saúde.
Disponível em http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2018/Reso588.pdf
88
Vigilância em saúde ambiental - VSA dade humana e a acessibilidade, promo-
vendo a cultura da paz em comunidades,
Conjunto de ações e serviços que pro-
territórios e municípios.1
piciam o conhecimento e a detecção de
mudanças nos fatores determinantes e
Análise de situação de saúde:
condicionantes do meio ambiente que
interferem na saúde humana, com a finali- Ações de monitoramento contínuo da
dade de recomendar e adotar medidas de situação de saúde da população do País,
promoção à saúde, prevenção e monitora- Estado, Região, Município ou áreas de
mento dos fatores de riscos relacionados abrangência de equipes de atenção à
às doenças ou agravos à saúde.1 saúde, por estudos e análises que identi-
fiquem e expliquem problemas de saúde
e o comportamento dos principais indi-
Vigilância em saúde do trabalhador
cadores de saúde, contribuindo para um
e da trabalhadora - VSTT planejamento de saúde abrangente.1
Conjunto de ações que visam promoção
da saúde, prevenção da morbimorta- Vigilância laboratorial
lidade e redução de riscos e vulnera-
Componente da vigilância em saúde
bilidades na população trabalhadora,
com ações transversais aos demais
por meio da integração de ações que
sistemas de vigilância, que propicia a
intervenham nas doenças e agravos e
identificação, investigação, análise de
seus determinantes decorrentes dos
dados e informação sobre eventos de
modelos de desenvolvimento, de pro-
saúde pública, a qualidade, segurança
cessos produtivos e de trabalho.1
e eficácia de produtos de interesse de
saúde pública, mediante procedimentos
Promoção da saúde laboratoriais integrados e homogêne-
Parte da integralidade do cuidado na Rede os, visando o planejamento e a imple-
de Atenção à Saúde, articulada com as mentação de medidas de saúde pública
demais redes de proteção social, abran- para a proteção da saúde da população,
gendo atividades voltadas para adoção de prevenção e controle de riscos epide-
práticas sociais e de saúde centradas na miológicos, sanitários, ambientais e da
equidade, na participação e no controle saúde do trabalhador, bem como para
social, para o favorecimento da mobili- a promoção da saúde.
89
Dinâmica de organização da Vigilância em Saúde e suas áreas
de atuação:
90
Agenda prioritária - principais desafios atuais:
Z P romover a qualificação e recomposição Z Recuperação e homogeneidade das
das equipes técnicas das diversas áreas coberturas vacinais;
da vigilância em saúde nas três esferas Z Manutenção da situação de erradicação
de governo, fortalecendo a descentrali- da Poliomielite, com atenção à situação
zação das ações; de alto risco em quase todo o território
Z Fortalecimento da Rede Nacional de nacional / Recuperação do Certificado
Laboratórios de Saúde Pública / LA- de Eliminação do Sarampo;
CENs; Z Fortalecimento da capacidade de aná-
Z Integração das Ações de Vigilância em lise e monitoramento da situação de
Saúde e da Atenção Primária em Saúde saúde;
/ Incorporação das ações de vigilância, Z Atualização das legislações relacionadas
prevenção e promoção da saúde no às ações de Vigilância em Saúde, com
cotidiano das Equipes de Saúde da Fa- especial atenção ao Código Sanitário e
mília; à implementação dos processos admi-
Z Preparação e resposta às Emergências nistrativos;
em Saúde Pública; Z Adotar os princípios de Gerenciamen-
Z V
igilância e controle das Síndromes to de Risco nas ações de Vigilância
Respiratórias Agudas, a exemplo da em Saúde, em especial na Vigilância
Covid-19; Sanitária.
Propostas do Conass
Fortalecer a capacidade de preparação e resposta às emergências de saúde
pública com estruturas adequadas, disponibilizadas em rede por todo o país,
que propiciem maior capacidade de resposta, construindo conhecimento e
cumprindo o dever do estado na proteção da saúde da população.
92
11
Assistência Farmacêutica
Assistência
Farmacêutica
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
95
Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF)
O Componente Estratégico da
Assistência Farmacêutica (CE-
SAF) destina-se à garantia do acesso
de Vigilância em Saúde (PNVS) e
de Atenção Especializada à Saúde
(SAES). Essas políticas devem orien-
a medicamentos e insumos, no âm- tar os gestores das Secretarias Es-
bito do SUS, para prevenção, diag- taduais de Saúde (SES) e do Distrito
nóstico, tratamento e controle de Federal na operacionalização do pro-
doenças e agravos de perfil endêmi- cesso de programação, distribuição
co, com importância epidemiológi- e monitoramento de estoques dos
ca, impacto socioeconômico ou que medicamentos e insumos.
acometem populações vulneráveis, O financiamento é federal, e todos
contemplados em programas estra- os medicamentos dessa política
tégicos de saúde do SUS. são adquiridos de forma cen-
A organização e a execução das tralizada pelo MS e distribuídos
ações do CESAF estão em conso- periodicamente aos estados. As
nância com o disposto nas Políticas normas de execução e financia-
Nacionais de Medicamentos (PNM), mento do CESAF estão dispostas
de Assistência Farmacêutica (PNAF), na portaria GM/MS nº 4.114, de
de Atenção Básica/Primária (PNAB), 30 de dezembro de 2021.
96
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF)
O Componente Especializado
da Assistência Farmacêutica
(CEAF) é uma estratégia de aces-
no âmbito deste Componente;
e b) Grupo 1B: medicamentos
financiados pelo MS, mediante
so a medicamentos no âmbito do transferência de recursos fi-
SUS, caracterizada pela busca nanceiros para aquisição pelas
da garantia da integralidade do SES e Distrito Federal, sendo
tratamento medicamentoso, em delas a responsabilidade pela
nível ambulatorial, cujas linhas programação, armazenamento,
de cuidado estão definidas em distribuição e dispensação para
Protocolos Clínicos e Diretrizes tratamento das doenças contem-
Terapêuticas (PCDT) publicados pladas no âmbito do CEAF.
pelo Ministério da Saúde. Grupo 2: medicamentos sob
Considerando o equilíbrio finan- responsabilidade das SES e do
ceiro entre as esferas de gestão Distrito Federal pelo financia-
do SUS no que diz respeito ao fi- mento, aquisição, programação,
nanciamento do CEAF, a comple- armazenamento, distribuição e
xidade da doença a ser tratada dispensação para tratamento
ambulatorialmente e a garantia das doenças contempladas no
da integralidade do tratamento âmbito do CEAF.
da doença no âmbito da linha de Grupo 3: medicamentos sob res-
cuidado, os medicamentos que ponsabilidade dos Municípios
fazem parte das linhas de cuidado para aquisição, programação,
dos PCDT são divididos em três armazenamento, distribuição e
grupos, conforme características, dispensação. Está estabelecida
responsabilidades e formas de or- em ato normativo específico que
ganização distintas: regulamenta o CBAF.
Grupo 1: medicamentos sob res- O acesso aos medicamentos do
ponsabilidade de financiamento CEAF consiste no cumprimen-
pelo MS, sendo dividido em: a) to de algumas etapas, a saber:
Grupo 1A: medicamentos com solicitação do medicamento,
aquisição centralizada pelo MS dispensação ao paciente e re-
e fornecidos às SES e Distrito novação da continuidade do
Federal, sendo delas a respon- tratamento, que devem ocorrer
sabilidade pela programação, somente em estabelecimentos
armazenamento, distribuição de saúde vinculados às unida-
e dispensação para tratamen- des públicas designadas pelos
to das doenças contempladas gestores estaduais. Contudo, a
97
realização dessas etapas pode Atualmente, o CEAF é regulamen-
ocorrer pela rede de serviços tado pela Portaria de Consolidação
públicos dos municípios, desde GM/MS nº 02 (regras de financia-
que ocorra a pactuação entre os mento e execução) e pela Portaria
gestores estaduais e municipais, e de Consolidação GM/MS nº 06 (re-
que sejam respeitados os critérios gras de financiamento, controle e
da regulamentação, os critérios monitoramento), ambas de 28 de
legais e sanitários vigentes e os setembro de 2017 e retificadas no
demais critérios de execução de- Diário Oficial da União de 13 de
finidos no CEAF. abril de 2018.
98
Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB)
99
Agenda de discussões
Em andamento
Z Novo marco regulatório do CEAF;
Z Remodelação do programa Qualifar-SUS;
Z Estratégias para reembolso administrativo pelo MS em relação às
aquisições de medicamentos pelas SES por meio de força judicial.
100
12
Incorporação de
Tecnologias no SUS
Incorporação de
Tecnologias no SUS
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
103
incorporação de novas tecnologias. É A Comissão se reúne mensalmente,
o processo pelo qual são evidenciadas sempre nas primeiras quartas e quintas-
as consequências da introdução de tec- -feiras do mês. Desde sua criação, a Co-
nologias, cujo valor é incerto para os nitec já realizou mais de mil avaliações
sistemas de saúde. e emitiu mais de 700 recomendações.
Agenda de discussões
104
A análise da Conitec não é a análise do das as tecnologias com recomendação de
orçamento disponível. Em princípio, não incorporação pela Conitec, deve ser discu-
cabe à Conitec, em sua análise, incorporar tido no âmbito do Grupo de Trabalho de
ou deixar de incorporar pela existência Gestão da CIT – subgrupo Planejamento
ou não de disponibilidade orçamentária. e Financiamento, e as características de
Isso é competência dos gestores do SUS. acesso pelos Grupos de Trabalhos espe-
De forma lógica, o financiamento de to- cíficos das áreas fins.
1 2 3
SE da Conitec analisa os São elaborados relatórios
Secretaria-executiva (SE) estudos científicos sobre a tecnologia em análise,
da Conitec recebe pedido de apresentados e, caso julgue indicação, alternativas
incorporação e avalia a necessário, solicita estudos disponíveis no SUS e análise
conformidade documental complementares crítica de estudos apresentados
4 5 6
Conitec (Comitês) SE da Conitec submete parecer
avalia relatório, à consulta pública e as Conitec (Comitês)
emite recomendação e contribuições recebidas analisa relatório
encaminha à consulta são organizadas e inseridas e ratifica/retifica
pública no relatório técnico a recomendação
7 8 9
Secretário da SCTIE
Secretário da SCTIE Secretário da SCTIE reencaminha tema para
recebe relatório e realiza audiência reavaliação da Conitec
avalia recomendação pública, caso julgue para análise das contribuições
da Conitec necessário da audiência pública
10
Secretário da SCTIE
decide e publica no
DOU, após análise do relatório
105
Para saber mais:
Brasil. Ministério da Saúde. Lei nº 12.401, de 28 de abril de 2011.
Dispõe sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecno-
logia em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Diário
Oficial da União. 28 Abr 2011.
Brasil. Ministério da Saúde. Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de
2011. Dispõe sobre a Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
logias no Sistema Único de Saúde e sobre o processo administrativo
para incorporação, exclusão e alteração de tecnologias em saúde
pelo Sistema Único de Saúde - SUS, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. 21 Dez 2011.
Lima SGG, Brito C de, Andrade CJC de. O processo de incorporação
de tecnologias em saúde no Brasil em uma perspectiva internacio-
nal. Cien Saude Colet. 2019;24(5):1709–22.
Souza KA de O, Souza LEPF de. Incorporação de tecnologias no
Sistema Único de Saúde: as racionalidades do processo de decisão
da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema
Único de Saúde. Saúde em Debate. 2018;42(spe2):48–60.
Caetano R, da Silva RM, Pedro ÉM, de Oliveira IAG, Biz AN, Santana
P. Incorporation of new medicines by the national commission for
incorporation of technologies, 2012 to june 2016. Cienc e Saúde
Coletiva. 2017;22(8):2513–25.
Portal do Ministério da Saúde, seção do Departamento de Gestão
e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde (DGITIS). Dis-
ponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br
Vídeo institucional – A CONITEC. Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=XNH_6pZIHPo
106
13
Informação e Informática
em Saúde/Saúde Digital
Informação e Informática
em Saúde/Saúde Digital
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
Ação Tomada de
Monitoramento Decisão em
Saúde
Dado Conhecimento
Entendimento/
Interpretação
Análise Informação
i Mendes, Eugênio Vilaça: O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação
da estratégia da saúde da família. Brasil: Organização Pan-Americana da Saúde e Conselho Nacional de Secretários
de Saúde, 2012. Págs. 94 e 119-20. Disponível em: http://www.conass.org.br/biblioteca/o-cuidado-das-condicoes-
-cronicas-na-atencao-primaria-a-saude/.
109
O Sistema Único de Saúde (SUS) é de gestão
tripartite, logo os sistemas de informação
devem considerar as necessidades e
atribuições das três esferas de gestão.
110
A principal estratégia trazida por esses como também a troca de informações
documentos é a implementação da clínicas entre os diferentes pontos de
Rede Nacional de Dados em Saúde – atenção, com vistas à continuidade
RNDS. Ainda que incipiente, permitirá do cuidado.
não só a integração das informações,
2 Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução N° 659, de 26 de julho de 2021. Disponivel em: http://conselho.saude.gov.
br/resolucoes-cns/1922-resolucao-n-659-de-26-de-julho-de-2021
3 Brasil. Ministério da Saúde: Portaria GM/MS N° 1.768, de 30 de julho de 2021. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/
dou/-/portaria-gm/ms-n-1.768-de-30-de-julho-de-2021-335472332
111
apoio à decisão clínica, vigilância em saúde, para promover a adoção de hábitos
regulação, gestão, ensino e pesquisa”.ii saudáveis e o gerenciamento de sua
A Visão Estratégica apresentada na última saúde, da sua família e da sua comu-
versão do documento, atualizada para o nidade, além de auxiliar na construção
período 2020-2028 é de que “até 2028, a dos sistemas de informação que irão
RNDS estará estabelecida e reconhecida utilizar;4
como a plataforma digital de inovação, 5. Formação e Capacitação de Re-
informação e serviços de saúde para todo cursos Humanos: Capacitar profis-
o Brasil, em benefício de usuários, cida- sionais de saúde em Informática em
dãos, pacientes, comunidades, gestores, Saúde e garantir o reconhecimento
profissionais e organizações de saúde.4 da Informática em Saúde como área
de pesquisa e o Informata em Saúde
Traz em seu plano de ação 7 prioridades:
como profissão;4
1. Governança e Liderança para a ESD:
6. Ambiente de Interconectividade:
Garantir que a ESD seja desenvolvida
Permitir que a RNDS potencialize o
sob a liderança do Ministério da Saúde,
trabalho colaborativo em todos os
mas que, ao mesmo tempo, seja capaz
setores da saúde para que tecnolo-
de incorporar a contribuição ativa dos
gias, conceitos, padrões, modelos de
atores externos que participam das pla-
serviços, políticas e regulações sejam
taformas de colaboração;4
postos em prática;4
2. Informatização dos três Níveis de
7. Ecossistema de Inovação: Garan-
Atenção: Induzir a implementação de
tir que exista um Ecossistema de
políticas de informatização dos siste-
Inovação que aproveite ao máximo
mas de saúde, acelerando a adoção
o Ambiente de Interconectividade
de sistemas de prontuários eletrôni-
em Saúde, estabelecendo-se como
cos e de gestão hospitalar como parte
um grande laboratório de inovação
integradora dos serviços e processos
aberta, sujeito às diretrizes, normas
de saúde;4
e políticas estabelecidas por meio da
3. Suporte à Melhoria da Atenção à prioridade 1.4
Saúde: Fazer com que a RNDS ofereça
suporte às melhores práticas clínicas, A RNDS pretende estruturar as infor-
por meio de serviços, como telessaúde, mações referentes aos atendimentos
e apps desenvolvidos no MS e também prestados aos usuários do SUS visando
outras aplicações que sejam desenvol- à implementação da interoperabilidade,
vidos pela plataforma de colaboração;4 permitindo o recebimento, armazena-
4. O Usuário como Protagonista: En- mento, disponibilização, acesso e aná-
gajamento de pacientes e cidadãos, lise de dados e informações em saúde.
ii Brasil. Ministério da Saúde: Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028. Disponível em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_saude_digital_Brasil.pdf
112
A Estratégia de Saúde Digital e as Ações de Telessaúde e
Telemedicina
iii Brasil. Lei nº 14.510, de 27 de dezembro de 2022. Altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para autorizar e
disciplinar a prática da telessaúde em todo o território nacional, e a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015; e revoga a Lei nº
13.989, de 15 de abril de 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/L14510.htm
iv Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.314 / 2022. Define e regulamenta a telemedicina, como forma
de serviços médicos mediados por tecnologias de comunicação. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/
arquivos/resolucoes/BR/2022/2314_2022.pdf
v Brasil. Decreto nº 11.358, de 1º de janeiro de 2023. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos
Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Saúde e remaneja cargos em comissão e funções de
confiança. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/decreto-n-11.358-de-1-de-janeiro-de-2023-455353763
113
tecnologia da informação e comuni- Z Monitorar a conformidade das políticas
cação - TIC, desenvolvimento de sof- de TIC e de proteção de dados com as
tware, interoperabilidade, integração normas e políticas de tecnologia, infor-
e proteção de dados, disseminação de mação e comunicação da administração
informações e políticas de avaliação e pública federal;
monitoramento em saúde; Z Coordenar a implementação e a atu-
Z Monitorar o portfólio de tecnologias de alização da Política Nacional de Infor-
saúde digital do Ministério da Saúde, mação e Informática do SUS e o Plano
inclusive os dicionários de dados, siste- Diretor de Tecnologia da Informação,
mas nacionais de informação em saúde, no âmbito do Ministério da Saúde;
sistemas internos de gestão, tecnolo- Z Definir padrões tecnológicos e semânti-
gias de telessaúde, padrões semânticos cos para o desenvolvimento, integração
e tecnológicos e demais soluções de e interoperabilidade de soluções de TIC
hardware e software; e saúde digital, inclusive telessaúde, no
Z Manter as bases de dados dos sistemas âmbito do Ministério da Saúde;
de informação do Ministério da Saúde; Z Estabelecer programas de cooperação
Z Coordenar a Política de Monitoramento tecnológica e educacional com gestores,
e Avaliação do SUS; entidades de pesquisa e ensino e orga-
Z Coordenar as políticas de prospecção e nizações da sociedade civil para pros-
incorporação de tecnologias digitais e pecção e transferência de tecnologias
telessaúde ao Sistema Único de Saúde; digitais e para formação em saúde digital;
Z Definir critérios e coordenar a gestão do Z Propor padrões tecnológicos e semânti-
acesso e compartilhamento das bases cos para o desenvolvimento, integração
de dados do Ministério da Saúde; e interoperabilidade de soluções de TIC
Z Definir, implementar e monitorar as e saúde digital, incluindo telessaúde, no
políticas, práticas e procedimentos re- âmbito do Sistema Único de Saúde; e
lativos à proteção de dados, no âmbito Z Coordenar o Comitê Gestor de Saúde
Ministério da Saúde; Digital.
114
à RNDS dos sistemas legados (SISAB adquiridas
/ e-SUS APS, SI-PNI, SINAN, SINASC, junto ao
SIM, GAL, BNAFAR, SISREG), agilizar a setor
implementação do Conjunto Mínimo pri-
de Dados - CMD - da Assistência à vado,
Saúde (incorporando os atuais SIA ape-
e SIH), bem como dos documentos sar de
clínicos com informações essenciais ainda
para a continuidade do cuidado, ser neces-
como o Registro de Atendimento sário avançar
Clínico - RAC, Sumário de Alta Hos- na universalização
pitalar e Prescrição Eletrônica. da informatização e conectividade
Z Modelos de dados e modelos com- das Unidades Básicas de Saúde. Já na
putacionais: Publicar padrões de Atenção Hospitalar e na Atenção Am-
interoperabilidade entre diferentes bulatorial Especializada, será necessá-
Sistemas de Informação de Saúde, rio avançar muito, não só na questão
incluindo gestão de metadados e da infraestrutura, conectividade e ca-
regras de negócio consumíveis por pacitação das equipes, mas também
máquina relativas aos documentos na disponibilização de solução pública
clínicos, diretrizes terapêuticas e para a ampla utilização de prontuários
protocolos acima citados, com am- eletrônicos. Para a Atenção Ambulato-
pla discussão, formulação e publi- rial está em fase avançada a adapta-
cação no portal de serviços do Da- ção do próprio e-SUS APS, enquanto
tasus, para consumo por parte dos que para a Atenção Hospitalar quase
integradores estaduais, municipais e não tivemos avanços.
privados. Dar ampla divulgação aos Z Avançar na atualização tecnológi-
modelos já pactuados (RAC, Sumário ca e redução da fragmentação dos
de Alta e Prescrição Eletrônica). diversos sistemas de informação.
Z Alimentação das informações em Z Retomada da estratégia nacional de
meio eletrônico no momento do cui- monitoramento e avaliação por meio
dado: Tanto para produzir de forma da RIPSA e da SAGE, contemplando
automatizada os documentos clínicos, a integração das equipes de ciência
como para futura integração com os de dados, padronizando estratégias
sistemas de informação é essencial a analíticas, inclusive, atualizando o
implantação de prontuários eletrôni- IDB e dando vazão a soluções auto-
cos em cada ponto de atenção. Esse matizadas de compartilhamento de
processo já está bastante avançado na microdados, gestão de metadados e
Atenção Primária com a disseminação soluções de visualização com tradu-
do uso do e-SUS APS e integração de ção do conhecimento para técnicos
informações de outras soluções locais de saúde e sociedade civil.
115
Propostas do Conass
Efetivar a Estratégia de Saúde Digital e a Rede Nacional de Dados em Saúde priorizando
a informatização e conectividade dos diversos pontos de atenção e das secretarias de
saúde; reforçar a formação e educação permanente em Saúde Digital para todos os
profissionais de saúde e fortalecer as ações de Telessaúde (Tele-educação, Tele-as-
sistência e Telemedicina).
116
14
Judicialização e
Direito à Saúde
Judicialização e
Direito à Saúde
Art. 1°: O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei
n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada
esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder
Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: I - a
Conferência de Saúde; e II - o Conselho de Saúde.
§ 3°: O Conselho Nacional de Secretários de Saúde
(Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Mu-
nicipais de Saúde (Conasems) terão representação
no Conselho Nacional de Saúde. (grifos não são do
original).
BRASIL. Lei 8.142, de 29 de dezembro de 1990.
119
O Conass mantém a Câmara Técnica de Direito Sanitário (CTDS),
composta por assessores jurídicos e procuradores indicados
pelos titulares da SES, para discutir e contribuir com a gestão
estadual do SUS em seus posicionamentos e decisões, junto
ao sistema sanitário e de justiça, além de elaborar publicações
técnicas e promover a cooperação técnica entre SES.
120
o cumprimento de decisões judiciais, causal entre a assistência e a atuação do
seja no campo da saúde ou em outro, e sistema de justiça, impedindo – inclusive
por isso, o ente estadual teve, ao longo – a aplicação de penalidades pessoais
desses anos, de se adaptar e suportar contra o gestor.
custos adicionais e indiretos ao cálculo É essencial que o gestor – individual e
rotineiro das ações judiciais. coletivamente - tenha meios de aferir
O Conass mantém a Câmara Técnica e se posicionar sobre as teses em de-
de Direito Sanitário (CTDS), composta bate, a quantidade de processos e seus
por assessores jurídicos e procuradores impactos orçamentários e financeiros,
indicados pelos titulares da SES, para e quanto, dos cumprimentos impos-
discutir e contribuir com a gestão esta- tos pelo sistema de justiça dizem da
dual do SUS em seus posicionamentos obrigação assumida por outros entes
e decisões, junto ao sistema sanitário (portanto, passivas de ressarcimento)
e de justiça, além de elaborar publica- ou ainda, não tenham sido assumidas
ções técnicas e promover a cooperação pelo SUS.
técnica entre SES. O fenômeno da judicialização exige ra-
A organização do fluxo das ações, dos ciocínio elaborado e compromisso so-
valores, dos cumprimentos, da aferição cial, portanto, é essencial que os respon-
de fraudes é importantíssima para a sáveis por tais controles tenham meios
gestão estadual e suas decisões, mas é para exercê-los: equipes, softwares,
mais importante ainda para a segurança fluxos designados e, essencialmente,
dos pacientes. É importante que diag- relações respeitosas e produtivas entre
nósticos e análises sejam feitos cons- a SES e as procuradorias, e dessas, com
tantemente, para identificar a relação o sistema de justiça.
121
Para saber mais:
BRASIL. Conass. Coletânea Direito à Saúde. Institucionalização. Dis-
ponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/institucionalizacao/
BRASIL. Conass. Coletânea Direito à Saúde. Dilemas do Fenômeno da
Judicialização. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
dilemas-do-fenomeno-da-judicializacao-da-saude/
BRASIL. Conass. Coletânea Direito à Saúde. Boas Práticas e Diálogos
Institucionais. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
boas-praticas-e-dialogos-institucionais-2/
BRASIL. Conass. Coleção Para Entender a Gestão do SUS. Direito à
Saúde. Vol. IV. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
direito-a-saude/
BRASIL. Conass. Desafios do SUS. Disponível em: https://www.conass.
org.br/biblioteca/desafios-do-sus/
BRASIL. Conass e UFPB. Judicialização: Reflexões com Base na Agenda
da Gestão Estadual do Sus. Disponível em: https://www.conass.org.br/
biblioteca/judicializacao-reflexoes-com-base-na-agenda-da-gestao-es-
tadual-do-sus/
BRASIL. Conass e Fiocruz. Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sani-
tário. 2019. Vol.3. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
cadernos-ibero-americanos-de-direito-sanitario/
BRASIL. Conass e Fiocruz. Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sani-
tário. 2019. Vol.4. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
cadernos-ibero-americanos-de-direito-sanitario-ciads-vol-8-n-4/
122
15
Qualidade no Cuidado e
Segurança do Paciente
Qualidade no Cuidado e
Segurança do Paciente
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
Diante desse contexto, no Brasil, o Mi- Merece destaque a criação da 13ª Câma-
nistério da Saúde (MS) criou em 2013, o ra Técnica do Conass, a Câmara Técnica
Programa Nacional de Segurança do Pa- de Qualidade no Cuidado e Segurança
ciente (PNSP), instituído pela Portaria nº do Paciente (CTQCSP), em 2017. Um dos
529, de 1º de abril de 2013, que tem por seus objetivos é atender à necessidade
objetivo oferecer a qualificação do cuidado de fortalecer as Secretarias Estaduais
em todos os serviços de saúde da União. de Saúde (SES) para o debate entre os
técnicos indicados pelos Secretários Es-
Nesse mesmo ano, a Agência Nacional taduais de Saúde, a fim de que possam
de Vigilância Sanitária (Anvisa), lança ser desenvolvidas ações voltadas para
a RDC nº 36/2013, que dispõe sobre a qualidade no cuidado e segurança
as ações de segurança do paciente e a do paciente, respeitando os consensos
melhoria da qualidade nos serviços de técnicos, com base nas regulamenta-
saúde do país e a implementação dos ções, com a promoção, prevenção e
núcleos de segurança do paciente (NSP), melhorias nos serviços de saúde.
125
Dificuldades no financiamento das ações de segurança do
paciente: prevenir custa menos que remediar
126
e gestores precisam explorar os Uma das formas de direcionar a
custos de ausência da segurança atenção para o problema é tor-
do paciente e trazer reflexões so- nar a segurança do paciente uma
bre a importância de incentivar política pública, acompanhada
e investir, de modo a favorecer a de revisão sobre o modelo de
adoção de processos de gestão da remuneração em saúde, que
qualidade e melhoria da segurança deve enfocar o pagamento por
do paciente no SUS. qualidade.
R essalta-se a importância da
transversalidade da segu-
rança do paciente nas Redes de
são elas: segurança, eficiência, efe-
tividade, equidade, oportunidade,
centralidade na pessoa e, mais re-
Atenção à Saúde (RAS) e não so- centemente, integração.
mente na atenção hospitalar, na Compreende-se que a seguran-
qual o tema é amplamente discuti- ça busca minimizar os danos e a
do mundialmente. Das seis metas eficiência reduz os desperdícios,
internacionais de segurança do incluindo aqueles associados ao
paciente, nem todas são aplicáveis
uso de equipamentos e suprimen-
em outros pontos de atenção à tos. Nesse sentido, considerando
saúde, havendo a extrema neces- que a segurança e a eficiência são
sidade de integração da temática,dimensões da qualidade, deve- se
se aproximando da proposta de ampliar essas discussões para a
organização das RAS. RAS, atendendo às dimensões do
Há sete dimensões que definem cuidado à saúde da população e
a qualidade no cuidado de saúde, custo do sistema.
127
“[...] Estima-se ainda que metade de toda a carga global de dano associado ao cuidado
de saúde tenha origem na atenção primária, com 4 em cada 10 pacientes sofrendo
falhas de segurança. Estudos apontam que 80% do dano ocorrido na atenção pri-
mária à saúde poderia ser evitado; e que, em países da OCDE, esses danos resultam
em 6% dos dias de internação, equivalente a 7 milhões de internações”.
Essa realidade realça ainda mais a importância das iniciativas do Conass sobre a
segurança do paciente na APS. Para que a qualidade e segurança nesse contexto
seja fortalecida, o Conass, por meio da CTQCSP, constrói essa agenda de forma
propositiva, como:
Z Projeto de formação da segurança do paciente na APS, desenvolvido pelo
Hospital Moinhos de Vento (HMV), via PROADI-SUS;
Z Projeto de Aprimoramento da Gestão da Segurança do Paciente no PES- 2020-
2023, desenvolvido pelo Conass;
Z Implementação da segurança do paciente no projeto da Planificação de
Atenção à Saúde, desenvolvido pelo Conass;
Z Transversalidade da segurança do paciente no PlanificaSUS, desenvolvido
pelo hospital Albert Einstein (HIAE), via PROADI-SUS;
Z Revisão da Política Nacional de Atenção Básica.
128
sentado pelo Diretor-Geral da OMS, na Assembleia Mundial da Saúde, em 2019,
aponta para danos causados pelo cuidado de saúde como sendo uma das dez
causas de morte e incapacidade do mundo.
A maioria dessas causas de morte poderiam ter sido evitadas e sua prevenção
seria custo-efetiva. Para isso, se faz necessário o envolvimento do gestor com
o fortalecimento dos NESP para ganhos de eficiência, como planejamento e in-
vestimentos em segurança do paciente. O NESP contará com o apoio do Conass
para acesso aos dados do painel de segurança do paciente. Esses dados podem
ser utilizados para tomada de decisões imediatas e construção e atualização
de um plano local de segurança do paciente. É necessário, porém, que estejam
integrados no Plano Estadual de Saúde da SES.
129
Para saber mais:
Para se aprofundar no assunto, seguem mais informações sobre as
legislações e Plano Global de segurança do paciente.
130
16
Controle Social
e Participação
da Comunidade
Controle Social e Participação
da Comunidade
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
133
é fundamental para o alcance desses ob- de novembro de 2022 a março de 2023
jetivos. A Lei Federal nº 8.142, consigna e etapas estaduais e do Distrito Federal,
que o Conass é membro permanente do realizadas de abril a maio de 2023.
Conselho Nacional de Saúde. Ao final do processo, as deliberações
É importante destacar que a 17ª Confe- aprovadas na 17ª Conferência Nacio-
rência Nacional de Saúde vai acontecer nal de Saúde devem ser contempladas
entre os dias 02 e 05 de julho de 2023, re- no próximo ciclo de planejamento da
alizada pelo Conselho Nacional de Saúde União e servir de subsídio para a ela-
(CNS) e Ministério da Saúde (MS), sendo boração do Plano Nacional de Saúde
precedida por etapas municipais que vão e Plano Plurianual de 2024-2027.
Propostas do Conass
Fortalecer a participação da sociedade por meio dos Conselhos de
Saúde nas três instâncias gestoras para que estes desempenhem
plenamente sua competência legal, visando um trabalho cada vez
mais efetivo de participação na governança do SUS e aprimorar os
mecanismos de avaliação de satisfação dos usuários.
134
17
Educação e
Trabalho na Saúde
Educação e Trabalho
na Saúde
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
137
mento em Saúde Pública, a qualificação estão preparadas para atender às ne-
dos trabalhadores e a necessidade de cessidades indicadas pelas SES, e para
responder e melhorar as condições, as atuar em rede. O Conass desenvolve
oportunidades e os desafios do SUS. ações para o fortalecimento e pleno
Atualmente são 20 Escolas Estaduais de funcionamento das Escolas Estaduais
Saúde Pública, atuando em Rede (REDE- de Saúde Pública e, consequentemente,
COESP), com informações sobre todas trabalha para o fortalecimento e qua-
as Escolas, biblioteca virtual e espaço in- lificação das estruturas de Gestão do
terativo para a elaboração de propostas Trabalho e da Educação nas Secretarias
e atividades comuns. Essas instituições Estaduais de Saúde.
Propostas do Conass
Fortalecer a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, da for-
mação à pós-graduação, e estimular o desenvolvimento de ações locais de
Educação Permanente, por meio de apoio técnico e de definição de critérios
para financiamento permanente a estados e municípios.
Comunicação em Saúde
Comunicação
em Saúde
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
A desinformação é um problema
que, historicamente, afeta a so-
ciedade. É uma forma de manipulação
tomada de decisão, como observado
na pandemia da Covid-19.
Para evitar que as fake news na saúde
de informações que visa distorcer a ver-causem danos, é importante a atuação
dade e enganar as pessoas. proativa das SES com o desenvolvimen-
A era digital trouxe consigo uma nova to e permanente atualização de canais
forma de disseminar informação: as de comunicação com informações con-
redes sociais. Com o acesso à internet fiáveis e de fácil entendimento pela po-
cada vez mais facilitado, qualquer pes- pulação.
soa pode criar um perfil em uma rede É importante destacar que esses canais
social e compartilhar suas opiniões com de combate à desinformação devem
o mundo. utilizar-se de linguagem acessível e que
No entanto, essa facilidade também tem sejam aplicados métodos de indexação
um lado negativo: as fake news. são in- do conteúdo nas ferramentas de pesqui-
formações falsas, elaboradas de forma sa na internet, como o Google, para que
intencional, geralmente com o objetivo pesquisas simples possam apresentar
de causar danos ou confundir as pesso- o link de acesso à informação confiável.
as. Elas podem ser facilmente criadas A imprensa tem papel fundamental no
e compartilhadas nas redes sociais, e processo de combate à desinformação,
muitas vezes é difícil distingui-las de mas é imprescindível que as SES pos-
informações verídicas. Além de causar suam canais de informação na internet
desinformação, geram medo nas pes- e que estes tenham prioridade no pla-
soas e têm o potencial de influenciar a nejamento da comunicação das Secre-
tarias, com mecanismos que facilitem
o compartilhamento de informações e
a presença de contas oficiais nas prin-
cipais redes sociais.
Além disso, é importante criar ações de
comunicação específicas para educar as
comunidades locais sobre o problema
da desinformação e ensinar as pessoas
a serem críticas com as informações
que recebem.
142
O Agendamento Institucional e a Comunicação Proativa na
Gestão do SUS
143
Assessoria de comunicação ou assessoria de imprensa?
144
A importância da rede de comunicadores
145
Para saber mais:
BRITO, Duarte Vital; GARCIA, Andreia. Comunicação e Saúde Pública no
meio online: onde estão as Unidades de Saúde Pública?. XXV Encontro
Nacional de Saúde Pública, 2019.
CONASS. Que Saúde Você Vê? Conass Debate N. 4. Brasília, 2015. Dis-
ponível em https://www.conass.org.br/biblioteca/que-saude-voce-ve/
CARDOSO, A. S. NASCIMENTO, M. C. Comunicação no Programa Saúde
da Família: o agente de saúde como elo integrador entre a equipe e a
comunidade. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, p. 1509-
1520, 2010. Suplemento.
Coriolano-Marinus, Maria Wanderleya de Lavor et al. Comunicação nas
práticas em saúde: revisão integrativa da literatura. Saúde e Sociedade
[online]. 2014, v. 23, n. 4 [Acessado 02 Novembro 2022]. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0104-12902014000400019. ISSN 1984-0470.
PINTO, Pâmela A.; ANTUNES, Maria João L.; ALMEIDA, Ana Margarida P.
O Instagram enquanto ferramenta de comunicação em saúde pública:
uma revisão sistemática. In: 15th Iberian Conference on Information
Systems and Technologies (CISTI).[Internet]. 2020.
PITTA, Aurea da Rocha. Por uma política pública de comunicação em
saúde. Saúde e Sociedade, v. 11, p. 85-93, 2002.
146
19
CIEGES
Centro de Inteligência Estratégica
para a Gestão Estadual do SUS
CIEGES
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
149
Dados válidos e confiáveis é condição essencial para a construção de
indicadores que propiciem uma análise objetiva da situação de saú-
de, assim como para a tomada de decisões baseadas em evidências
e para a programação de ações de saúde. Estes decorrem de uma
política de informação e informática bem estruturada, conforme
descrito nas ações da estratégia saúde digital desse mesmo caderno.
O CIEGES
150
CENTRO DE INTELIGÊNCIA
CIEGES
ESTRATÉGICA PARA A
GESTÃO ESTADUAL DO SUS
151
Z Apoiar análises estatísticas e de aprendizado de máquina;
Z Reduzir o tempo de resposta dos sistemas de saúde, por meio de
construção de bancos de dados e informações, principalmente
em casos de desastres e emergências em saúde pública;
Z Apoiar a tomada de decisão em tempo oportuno;
Z Apoiar a publicização dos dados e informação em saúde; e
Z Apoiar a gestão para decisões baseadas em informação.
152
pelo Facebook e sistematizados pela organização global de saúde Vital
Strategies, em parceria com o Conass. Esses painéis representam uma
importante ferramenta para identificar as tendências da doença no País.
Rede CIEGES
153
Para saber mais:
Portal CIEGES: https://cieges.conass.org.br/
Painel Casos e Óbitos Covid: https://www.conass.org.br/painelconass-
covid19/
Painel de Monitoramento de Autorizações de leitos UTI SRAG/COVID-19:
https://www.conass.org.br/leitos-srag-uti-covid-19-monitoramento-
-de-habilitacoes/
Painel de análise do excesso de mortalidade por causas naturais no
Brasil: https://www.conass.org.br/indicadores-de-obitos-por-causas-
-naturais/
Painel Redes sociais e covid-19 – sintomas e comportamentos dos
internautas: https://www.conass.org.br/sintomascovid19/
Ferré F, Mansano NH, Carvalho MV, Avendanho FC, Silva JF, Silva NC.
O papel tripartite na divulgação de casos e óbitos por Covid-19 e a
atuação do Conass. In: Freitas CM, Barcellos C, Villela DAM, editores.
Covid-19 no Brasil: cenários epidemiológicos e vigilância em saúde [In-
ternet]. Rio de Janeiro: Observatório Covid-19 Fiocruz; Editora Fiocruz;
2021 [citado 2022 ago. 20]. p. 215–27. Disponível em: http://dx.doi.
org/10.7476/9786557081211.0014
Ferré F. Infoestrutura para apoio à decisão estratégica no SUS. In: San-
tos AO, Lopes LT, organizadores. Reflexões e futuro. Brasília: CONASS;
2021. p. 114–27. (Coleção covid-19; vol. 6). Disponível em https://bit.
ly/35D0k0j
154
20
Relações Internacionais
Relações
Internacionais
BIBLIOTECA DIGITAL DO CONASS
157
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