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Casos obrigatórios de crase

 A crase será obrigatória em dois casos:

 Quando ocorrer fusão


 Quando se tratar de tradição

Nos casos de fusão, o artigo definido feminino ou o pronome demonstrativo iniciado


pela vogal “a” irá contrair com a preposição “a”, o que resultará na indicação do sinal
grave de crase.

Já os casos de tradição ocorrerão quando houver expressões circunstanciais femininas,


cuja crase seja exigida pelo uso, como se vê em: à noite, às vezes, às vésperas, à espera,
à procura, à beira, à tarde, nas indicações de hora e nas estruturas que indiquem “moda
de” e “maneira de”.

Casos proibidos de crase 

O sinal de crase será proibido, sem exceções, nos seguintes casos:

#1 Antes de palavras masculinas em geral.

Exemplo: Cheirava a vinho.


Exemplo: Andava a cavalo.

Exemplo: Falavam a respeito do tema.

Exemplo: A despeito de nossa vontade, não use crase.

#2 Depois de preposição, como “para”, “com”, “contra”, “perante”, “sem”, “sob”,


“sobre”…, com exceção de “até”.

 Exemplo: A reunião foi marcada para as dez horas.

Exemplo: Jurou perante a justiça.

#3 Antes de numeral, exceto horas.

Exemplo: Viajarei de 8 a 18 de agosto.

Exemplo: Minha casa fica a duas horas daqui.

Exemplo: Trabalho de segunda a sábado, da primeira semana do mês à última, das 8 às


20 horas.

#4 Entre palavras repetidas, que constituam expressões idiomáticas.

Exemplo: Mês a mês, dia a dia, gota a gota, semana a semana, frente a frente.

#5 Antes de nomes próprios completos, de modo a se indicar distanciamento.

Exemplo: Referiu-se a Flávia Rita Coutinho Sarmento.

#6 Antes de palavra plural, quando o “a” estiver no singular. Entretanto, caso o mesmo
“a” se encontre no plural, haverá a colocação do sinal crásico.

Exemplo: Não obedeço a leis.

Exemplo: Não obedeço às leis.

Exemplo: Sou favorável a pessoas de bem.

Exemplo: Sou favorável às pessoas de bem.

#7 Antes de artigo indefinido (um, uns, uma, umas).

Exemplo: Chegou à uma (hora) e saiu em seguida.

Exemplo: Referiu-se a uma explicação qualquer.

#8 Quando o termo determinado exercer a função sintática de sujeito da oração (sujeito


não pode ser preposicionado) 
Exemplo: A medida que ela usou foi perfeita. – A medida, aqui, exerce função de
sujeito da oração.

#9 Quano o termo exercer função de objeto direto do verbo, uma vez que não se exige
preposição.

Exemplo: Comunicamos (VTDI) a direção do evento (OD) sobre o ocorrido (OI).

Exemplo: Comunicamos (VTDI) à direção do evento (OI) o ocorrido (OD).

#10 Antes de pronome pessoal (eu, tu, ele, ela, nós, vós, mim, ti, si…) à não admite
artigo e, consequentemente, não admitem crase.

Exemplo: Referiu-se a (preposição) mim e a (preposição) ela.

Exemplo: Jamais desobedecerei a (preposição) ti.

#11 Antes de pronomes de tratamento (você, Vossa Excelência, Vossa Senhoria…),


uma vez que pronomes de tratamento não admitem artigo, o que inviabiliza qualquer
tentativa de contração com a preposição “a”.

Exemplo: Isso diz respeito a Vossa Senhoria.

#12 Antes de Dona (forma de tratamento) + Nome Próprio

Exemplo: Referiu-se a Dona Maria.

Exemplo: Referiu-se à dona do bar.

Exemplo: Referiu-se à dona onça.

OBS: Dona é a forma feminina do pronome Dom. Trata-se de uma forma cerimoniosa.

#13 Antes de pronomes indefinidos (qualquer, cada, tudo, todo, ninguém, nenhum…)

Exemplo: Obedecia a qualquer ordem sua.

Exemplo: Referiu-se a cada um de nós.

#14 Antes de pronomes demonstrativos não iniciados por “a” (este, esta, esse, essa,
isto…)

Exemplo: Referiu-se a essa ideia.

Exemplo: Sou favorável a isso.

Exemplo: Sou favorável àquele pedido. à Pronome demonstrativo iniciado por “a”.

#15 Antes de verbo.


Exemplo: A partir de hoje, não faça mais isso.

Exemplo: Salário a combinar.

Casos especiais para o uso de crase

São casos especiais para o uso de crase:

#1 Os pronomes “Senhora(s)”, “Senhorita(s)”, “mesma(s)”, “outra(s)” e “própria(s)”


admitem crase, embora o sinal dependa do contexto discursivo.

Exemplo: Reconheceu (VTD) a (artigo) senhora (OD).

Exemplo: Dirigiu-se (VTI) à (fusão à “a” preposição + “a” artigo) senhora (OI).

Exemplo: Voltou a (artigo) outra sala depois da reunião.

#2 Nas expressõesaAntes de casa, terra e distância, desde que haja especificador ou


determinante, será admitido o uso de crase.

Exemplo: Voltou a casa depois de dias no mar (adj. adverbial). à Não há especificador,
logo, não se usa crase.

Exemplo: Os deputados voltaram à Casa para votação. à Há especificador, o qual é


destacado por meio da grafia maiúscula da palavra. à A Casa = Casa Parlamentar –
Câmara dos Deputados.

Exemplo: Retornaria à terra natal. à Há especificador, logo, usa-se crase.

Exemplo: Observava-os a uma distância de dez metros. à  O substantivo distância está


especificado, contudo, está precedido de pronome indefinido, o qual se enquadra como
um caso proibido. Os casos proibidos sempre prevalecem sobre o os demais.

Exemplo: Adorava (VTD) a casa dos pais (OD). à Trata-se de VTD, o qual requer OD,
não sendo, por isso, craseado.

Exemplo: Educação a distância é uma tendência. à Não há especificador, logo, não é


caso de crase.

OBS: A letra maiúscula é uma forma de especificador.

#3 Antes de alguns topônimos (bairro, cidade, país, estado…), a norma culta autoriza o
uso do sinal crásico.

 Topônimos femininos (da) admitem crase.


 Topônimos masculinos (do) não admitem crase.
 Topônimos neutros (de) somente admitem crase se houver especificador.

Exemplo: Gosto da Bahia. (Feminino)


Exemplo: Gosto do Rio de Janeiro. (Masculino)

Exemplo: Gosto de Belo Horizonte. (Neutro)

Exemplo: Amava (VTD) a Paris das luzes (OD). à Amar é VTD, sendo o resto da
oração objeto direto. Por isso, não cabe crase.

Exemplo: Voltou à cidade de Belo Horizonte. à Voltar + a (preposição) + a (artigo).


Cabe crase.

Exemplo: Retornou à Mariana, um berço da história mineira. à Retornar + de. Há uso


de crase.

Exemplo: Voltou a Bahia.

Exemplo: Voltou a Brasília.

#4 Nas expressões “a qual” e “as quais”, haverá crase se o termo consequente exigir
a preposição

Exemplo: As pessoas as quais conhecemos (VTD) mudam nossas vidas.

Exemplo: As pessoas às quais fiz alusão (VTI) mudam nossa vida.

Exemplo: A lei à qual me refiro é importante.

OBS: Pronomes relativos quem/cujo nunca aceitam crase.

#5 Antes de “que”/”de”, somente será possível o uso de crase se o “a” possuir valor de
“àquela” ou subentender palavra feminina.

Exemplo: Conhecia (VTD) a (OD = aquela) que estava de branco.

Exemplo: Referiu (VTI) -se à (pronome demonstrativo) de blusa preta.

Exemplo: Sua atitude é semelhante à de outras pessoas.

Exemplo: Sua vida era idêntica à do outro rapaz.

#6 O uso da crase poderá provocar alteração no sentido da frase, de maneira que seu uso
é autorizado, porém com ressalvas às alterações semânticas.

Exemplo: Saiu a francesa (sujeito).

Exemplo: (Ele – sujeito desinencial) Saiu (VI) à francesa (adj. adv. de modo).

Exemplo: Assistiu (VTI) à cena (OI). à Sentido de ver.

Exemplo: Assistiu (VTD) a cena (OD). à Sentido de dar existência.


#7 Crase será permitida em situações de paralelismo sintático sempre que os termos de
uma oração estiverem relacionados entre si e houver uso de artigo antes de todos os
termos.

!Exemplo: Preferia dinheiro a felicidade. Atenção! Ambos os termos estão


relacionados, mas o primeiro não apresenta artigo. Por isso, o segundo, para manter o
paralelismo sintático, não deve vir com artigo, o que impede a fusão de crase.

Exemplo: Preferia o dinheiro à felicidade.

Exemplo: Sou favorável a (preposição) (não há artigo) lei, ordem, regra./Sou favorável
à (preposição + artigo) lei, à (preposição + artigo) ordem e à (preposição + artigo)
regra.

#8 Nos adjuntos adverbiais de instrumento, há autores que não autorizam o sinal de


crase nas locuções formadas por palavras femininas. porém, trata-se de uma
corrente minoritária. Em provas objetivas, quando não houver outra resposta, o
mais recomendado é usar o sinal de crase nas expressões adverbiais femininas
de instrumento. 

Exemplo: Fogão a gás.

Exemplo: Fogão a lenha./Fogão à lenha.

Exemplo: Carro a álcool.

Exemplo: Carro a gasolina./Carro à gasolina.

Exemplo: Barco a vela./Barco à vela.

Casos facultativos de uso de crase

A crase será empregada facultativamente nas frases nos seguintes casos:

#1 Antes de pronomes possessivos femininos, no singular, que não subentendam


palavras.

Exemplo: Referiu (VTI) -se a (preposição) suas decisões (OI). à “a” singular seguido de
palavra plural.

Exemplo: Referiu-se às (preposição + artigo) suas decisões. à Caso de crase


obrigatória: “a” no plural seguida de palavra plural.

Exemplo: Minha decisão foi semelhante à (preposição + artigo – a decisão) sua. à O


pronome possessivo feminino está, aqui, subentendendo palavras.

Exemplo: Referiu (VTI) -se a sua decisão (OI). à Caso de crase facultativa. à (palavra
masculina) Referiu-se a/ao seu pedido.

OBS: Artigo antes de pronome possessivo é facultativo.


Exemplo: Meu filho é lindo./O meu filho é lindo.

#2 Depois da preposição até, pois a preposição “a” é facultativa depois de “até”.

Exemplo: Foi até o escritório./ Foi até ao escritório. à A preposição é facultativa, logo,
a crase também o será.

Exemplo: Foi até a escola./Foi até à escola.

#3 Antes de nome próprio sem sobrenome e sem especificador.

 O especificador pode indicar intimidade, caso em que se usará crase.


 O especificador pode indicar, também, distanciamento. Nesse caso, não se usará
crase.
 O artigo será facultativo por falta de especificador.

Exemplo: Refiro-me a Ana./Refiro-me à Ana.

Exemplo: Refiro-me à Ana, uma grande amiga.

Exemplo: Refiro-me a Ana, uma funcionária do local. (= funcionária qualquer).

OBS: Nas indicações de tempo decorrido, deve-se usar “há”; nas indicações de tempo
futuro, deve-se usar “a”.

Exemplo: O governo investe há alguns anos em setores que só terão retorno a médio
prazo.

Exemplo: A duas semanas do casamento, vários eventos festivos aconteceram.

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