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Os 613 mandamentos ou 613 mitzvot (do hebraico:‫ תרי"תווצמ ג מצוות‬ou Taryag mitzvot sendo

TaRYaG um acrônimo do valor numérico "613") é o nome dado ao conjunto de todos os


mandamentos que, de acordo com o judaísmo, constam na Torá (os cinco livros de Moisés).[1] De
uma forma geral, a expressão "A Lei de Moisés" (em hebraico Torat Moshé ‫ )תורת משה‬também é
utilizada em referência ao corpo legal judaico.
Apesar de que houve muitas tentativas de codificar e enumerar os mandamentos contidos na Torá, a
visão tradicional é baseada na enumeração de Maimônides. De acordo com essa tradição, estes 613
mandamentos estão divididos em "mandamentos positivos", no sentido de realizar determinadas
ações (mitzvot assê, mandamentos do tipo "faça!", obrigações[1]) e "mandamentos negativos", na
qual se deve abster de certas ações (mitzvot ló taassê, mandamentos do tipo "não faça!",
proibições[1]). Existem 365 mandamentos negativos, correspondendo ao número de dias no ano
solar, que é como se cada dia dissesse à pessoa "Não cometa uma transgressão hoje";[1] e 248
mandamentos positivos, relacionado ao número de ossos ou órgãos importantes no corpo humano,
[2] isto é, como se cada membro dissesse à pessoa: "Cumpra um preceito comigo".[1] Apesar de
que o número 613 é mencionado no Talmud, sua significância real cresceu na literatura rabínica
medieval tardia, incluindo muitos trabalhos listados ou arranjados pelas mitzvot.
Três dos mandamentos negativos envolvem yehareg ve'al ya'avor, o que significa que "uma pessoa
deve se deixar ser morta ao invés de violar este mandamento negativo", são eles o assassinato,
idolatria e relações proibidas.[3]
Muitas das mitzvot não podem ser observadas a partir da destruição do Segundo Templo (70 E.C.),
apesar que elas ainda mantém grande significância religiosa. De acordo com um entendimento
padrão, há 77 mandamentos negativos e 194 positivos que podem ser observados hoje. Há 26
mandamentos que se aplicam somente dentro da Terra de Israel.[4] Além disso, existem alguns
mandamentos baseados em tempo das quais a mulher está isenta (exemplos incluem shofar, sucá,
lulav, tzitzit e tefilin.[5] Alguns dependem de um status especial da pessoa no judaísmo (como
cohanim), enquanto outros se aplicam apenas aos homens e outros apenas às mulheres.

Por que 613 mitzvot? O que há de especial em


relação a este número?
Consta tanto na Torá, os cinco livros do Pentateuco, como na tradição oral do Talmud, que
as mitsvot, o número de mandamentos bíblicos ordenados por D’us ao povo judeu, são 613. Ou seja,
são 613 mitsvot e não há dúvida a respeito do número, é uma tradição sagrada. O único debate que
existe entre os legisladores é definir exatamente quais são as mitsvot que se encaixam dentro desses
613 itens.
Vamos dar um exemplo: existe uma lei ordenando a construção de um templo. Porém, dentro
de cada templo há uma série de objetos rituais necessários que também devem ser construídos.
Segundo alguns legisladores, cada objeto em si representa uma mitsvá separada, uma mitsvá
individual.

Opiniões de legisladores sobre as 613 mitsvot


Enquanto outros acreditam que se trata do cumprimento de uma única mitsvá: a construção do
templo, e que os objetos necessários para este fim são pormenores compreendidos na mitsvá
principal. Portanto, as pequenas discussões que existem entre os legisladores são a respeito de quais
são exatamente estas mitsvot.
Maimônides – antes de escrever seu opus magnum, o Códex – escreveu um livro, Sefer
Hamitsvot, no qual enumera as 613 mitsvot. Outros grandes rabinos como Nachmânides ou o rabino
Avraham de Posquières (Raavad) às vezes debatem com Maimônides se algumas mitsvot deveriam
ser incluídas ou não. Mas ninguém põe em dúvida o número de mitsvot: 613.
Na Torá há alusões ao número 613. Na parte em que conta a volta de Jacob da estadia com seu tio
Labão, a Torá relata as palavras do patriarca: “Im Lavan garti ” (morei com Labão). Garti tem o
valor numérico de tariag (613), indicando que apesar de morar com o perverso Labão, Jacob
cumpriu as 613 mitsvot.
Existe um versículo na Torá onde está escrito “Torá Tsivá Lanu Moshe” (a Torá que Moshé
nos ordenou). O valor numérico da palavra Torá é 611. Se adicionarmos os dois primeiros
mandamentos que o povo de Israel ouviu no Sinai diretamente de D’us totaliza-se o número 613, o
número de mandamentos ordenados por D’us.
VER Será que a Torá já existia antes da revelação do Monte Sinai?

613 mitsvot: um número divisível


Sabemos que este número, ou estes mandamentos, são divididos em mandamentos
positivos (mandamentos a serem feitos, mitsvot assê), e os proibitivos (sobre ações a não serem
feitas, mitsvot lo taassê).
Temos 248 mandamentos positivos e 365 proibitivos. Estes números correspondem às partes do
corpo humano. Segundo o Talmud, dentro do como humano existem 248 órgãos e ossos diferentes e
365 veias e artérias. Aliás, o Talmud enumera estes 248 órgãos. Portanto, cada mitsvá corresponde a
uma parte do corpo.
Por exemplo, o homem cumpre a mitsvá do tefilin com o braço; a tsedaká com os dedos; ele cheira
o bessamim com o nariz; reza com os lábios. E assim por diante. Cada mitsvá corresponde, portanto,
a uma parte do corpo humano.

A alma também é divisível como as 613 mitsvot?


Nossos sábios místicos se aprofundam ainda mais afirmando que a própria alma do ser humano
é dividida em 613 partes espirituais. Estas partes espirituais correspondem a partes físicas do corpo
que, por sua vez, correspondem às mitsvot. Portanto, cada parte da alma assim como cada parte do
corpo tem uma mitsvá apropriada.
É importante também observar o número dos mandamentos que ordenam ações a não serem feitas
— 365. Estas correspondem ao número de dias do ano do calendário solar, também 365. Um dos
parâmetros do mundo no qual o ser humano vive é o tempo, e o judeu pode, através de suas
ações, elevar, este tempo, conferindo a cada dia um conteúdo sagrado. As mitsvot têm este poder de
elevar, enaltecer cada dia do ano assim como cada parte de nosso corpo e de nossa alma.
(Publicado na Revista Morashá em Dezembro 1997)

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