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LIÇÃO 1

BREVE HISTÓRIA DA TORÁ

Introdução

A Torá são as instruções do Eterno para uma vida de santidade, com


recomendações para A nossa saúde física e espiritual. Até hoje, é escrita
em rolos que contém o chamado Pentateuco (os 5 livros de Moisés) Mas,
como surgiu a Torá?

Os Rolos de Moisés

A própria Torá diz-nos que o Eterno entregou a Torá a Moisés palavra


por palavra. Moisés, como servo fiel do Eterno, escreveu-as fielmente
conforme determinação de Deus.

Moisés escreveu treze rolos da Torá, doze dos quais foram dados às doze
tribos de Israel. O décimo terceiro foi posto dentro da Arca da Aliança,
a qual foi posteriormente guardada no Kadosh Kadoshim (Santo dos
Santos) dentro do Tabernáculo, e mais tarde no Templo.
Este último rolo da Torah era o padrão pelo qual todos os outros rolos
eram julgados.

Ocasionalmente, era retirado da Arca justamente para a conferência dos


outros rolos da Torá, para não admitir modificações (conforme instrução
em Deuteronômio 12:32.

As Tentativas de Destruir a Palavra do Eterno

Houve momentos em que esta décima-terceira Torá quase foi perdida.


Alguns reis de Israel que se desviaram do Eterno tentaram anular ou
modificar os ensinamentos da Torá. Por isto, durante o reinado de Acaz,
entre os anos 3183 e 3199 (isto é 578-562 AC), muitos rolos da Torah
foram destruídos. Por causa disto, os sacerdotes (descendentes de Arão)
escondiam a Torá escrita por Moisés para protegê-la.

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Durante o reinado de Manassés, entre 3228 e 3283 (isto é 533-478 AC),
os esforços para a destruição da Torá foram tão intensos e parcialmente
bem-sucedidos que a existência da Torá escrita por Moshe teve que ser
escondida da maioria do povo, com excepção de um grupo de pessoas
tementes a Elohim e dedicadas a preservar a Sua Palavra. Foi apenas
durante o reinado de Josias, no ano de 3303 (isto é 458 AC) que está Torá
foi novamente revelada, escondida dentro do Templo, conforme escrito
no Tanach (Primeira Aliança) em 2 Crónicas 34:14: "Hilquias, o sacerdote,
achou o livro da Torá de YHWH escrita pela mão de Moisés"

As Tábuas dos Dez mandamentos estavam escondidas numa catacumba


preparada pelo rei Salomão para esta finalidade, dentro do Templo).

Quando Jerusalém corria risco de invasão, o rei Josias escondeu a Arca


contendo a Torá original e as Tábuas dos Dez Mandamentos. Acredita-
se que o local onde era escondida a Arca (a catacumba de Salomão) seja
o local onde hoje ela se encontra, tal era o zelo dos cohanim sacerdotes
para com a preservação destes artigos santos.

O Exílio da Babilónia

Durante o exílio da Babilônia, em 3338 a 3408 (isto é 423 a 353 AC),


houve um declínio no conhecimento da Torá. Havia muitos casamentos
entre o povo do Eterno e os povos pagãos, e as pessoas esqueciam-se da
Torá e dos seus mandamentos. Quando Esdras e Neemias retornaram à
terra santa, restauraram a Torá ao seu local original. Esdras também fez
uma cópia fiel, letra por letra, do rolo da Torá para ser usado como
padrão para os outros.

Como São Copiados os Rolos da Torá

Ao longo das gerações, têm se tomado grande cuidado para se preservar


a Torá exatamente da forma que foi dada a Moisés. Tanto que no
Talmude, é dado aos escribas da Torá a seguinte recomendação: "Seja
cuidadoso em sua tarefa, pois é um trabalho sagrado – se você adicionar ou subtrair
uma letra sequer, você terá que destruir tudo”. Uma vez que cada Torá deve ser
uma cópia perfeita da original, deve ser cuidadosamente copiada de outro

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rolo da Torá. Entre cópia, conferência e correção, o processo leva muitos
anos. É proibido escrever no rolo da Torá uma só letra sequer que não
tenha sido copiada de outra Torá".

Além disto, o escriba deve repetir cada palavra em voz alta antes de
escrevê-la, para garantir a precisão na cópia. Este era o costume entre os
profetas, conforme vemos em Jeremias 36:18: "Sim, da sua boca ele me ditava
todas estas palavras, e eu com tinta as escrevia no livro".

Desde os primórdios do povo, para garantir a preservação da Torá, cada


frase, palavra e letra são contados!

Por ser a Palavra do Eterno, a Torah foi dada a Moisés letra por letra, e
assim é preservada para evitar qualquer erro de interpretação. Portanto,
até mesmo as passagens mais triviais da Torá podem conter lições para a
pessoa que desejar aprofundar-se nela.

"Guardo a Tua palavra no meu coração, para não pecar contra Ti."

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LIÇÃO 2
A BRIT HADASHÁ E A TORAH (LEI)

A grande maioria das pessoas já deve ter tido problemas para entender a
correta relação existente entre “Novo Testamento” e a “Lei”.

Imaginemos hipoteticamente, uma pessoa, daqui a dois mil anos, no ano


de 4012, que pegasse nestes textos e vissem os seguintes exemplos
do português com a palavra “Lei” e como essa pessoa imaginaria a
utilização de cada uma delas:

- “Um bom cidadão deve cumprir a lei” - algo como constituição, código civil,
ou lei que regula a sociedade;
- “A Lei da Gravidade fez com que a bola caísse rapidamente” - uso da palavra
lei para um fenómeno natural;
- “Todas as segundas-feiras eu aborreço-me com o meu chefe. É a Lei de
Murphy!” - expressão humorística;
- “Esse anel é feito de ouro lei” - significa ouro de qualidade;
- “Esse texto viola as leis da gramática” - Regras para o bom uso da
língua portuguesa;
- “Os preços baixam sempre nesta época do ano. É a lei da oferta e da
procura.” - Para se referir a um fenómeno social.
- "Aquela acrobacia desafia as leis da física" - Refere que foi um movimento
bastante difícil de executar.

Imaginem esta pessoa, daqui a dois mil anos, se pegasse estes seis
diferentes contextos da palavra “Lei” e tentasse entender como sendo
“uma coisa só”. O que pensam que iria acontecer com esta pessoa?
Certamente esta pessoa iria ficar confusa, exatamente como nós
atualmente ficamos muitas vezes, quando lemos o “Novo Testamento”
e não entendemos as diferentes aplicações da palavra “Lei” ali existentes.

Sábio conselho

Seguindo alguns dos conselhos de um dos mais renomeados professores


das Escrituras, o rabino Hillel, que inclusive viveu cerca de 30 a 40 anos
antes de Yeshua e foi um dos grandes analistas/exegetas do judaísmo.

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Ele criou um sistema de interpretação das escrituras que ficou conhecido
como as “leis de Hillel”, onde duas destas leis são aplicáveis ao que
estamos a analisar:

• A analogia deve ser feita a partir de outra passagem;


• A explicação é sempre obtida a partir do contexto.

Basicamente, quer dizer que, É um perigo observar isoladamente um pequeno


texto para justificarmos uma doutrina, a Bíblia é um todo e toda se harmoniza, sem
qualquer tipo de contradição, quando entendida debaixo da ação do Espírito de Deus.
Não nos devemos deixar guiar por preceitos de homens.

Estas duas leis estão na introdução deste tema porque vamos utilizar
ambos os conceitos de Hillel ao longo deste estudo. Deve-se notar que
estas também são encontradas em outras técnicas de exegese e
hermenêutica, não sendo este conceito necessariamente exclusivo do
judaísmo. A primeira das técnicas diz que: se há duas passagens que estão
em aparente contradição, então é muito provável que encontre a resposta
numa 3ª passagem ou no contexto de uma das passagens. Basicamente
as “escrituras interpretam as escrituras”. Então, se eu tenho duas
passagens com “aparente contradição”, como por exemplo, uma no
chamado “Novo Testamento” e outra no “Antigo Testamento”, a solução não
é “classificar” que existe um “conflito” entre elas, mas sim procurar
harmonizar as Escrituras.

E isto é um conceito importantíssimo, pois procurar conciliar as


passagens das Escrituras deve ser o objetivo principal: neste exemplo,
como harmonizar o “Antigo Testamento” com o “Novo Testamento”? A
segunda técnica tem a ver com a primeira: é a explicação obtida do
contexto. Isto também não é exclusivo judaico. Para entender a passagem
é preciso entender o contexto em que esta passagem se encontra.

Por exemplo, se utilizarmos uma das cartas de Paulo, que é a fonte das
passagens onde encontramos as maiores controvérsias relacionado com
a questão da “Lei” ao utilizar uma destas cartas, nós temos de entender:

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• Quem estava a escrever;
• Porque é que estava a escrever;
• Para quem estava a escrever;
• Qual era o “pano de fundo” na qual esta pessoa estava inserida;
• Qual o “pano de fundo” do público para a qual esta carta era
dirigida; e assim por diante.

Basicamente temos que entender todo o “conceito do contexto” que está por
detrás desta passagem. O objetivo deste estudo será explicar o conceito
da palavra “Lei” através da realidade existente na época dos relatos
do “Novo Testamento”. Apresentaremos o significado desta palavra em
cada uma das diversas passagens, bem como o que cada uma delas se
refere exatamente nestes versículos.

Forma de ver

Um erro relativamente comum a quase todos, é “projetarmos a nossa


realidade” como forma de analisarmos outra realidade qualquer. Ou seja,
através da “nossa forma de ver”, tentamos “modelar” o que aconteceu
em épocas distantes, com povos e costumes diferentes, procurando
transformar aquela realidade para algo a que nós estamos acostumados e
vivemos nos dias de hoje. Um exemplo é o acesso que todos temos aos
livros atualmente. Não damos atenção ao fato que a invenção de
Gutenberg, que viabilizou a impressão dos livros, aconteceu apenas em
1439. Da mesma forma não consideramos que a alfabetização de grande
parte da população é uma conquista do século XX.

O fato é que, na época de Yeshua, as Escrituras eram copiadas de forma


artesanal e apenas pelos professores das Escrituras (escribas), trabalho
que levava mais de cinco anos para cada cópia ser feita, escritas em pele
de carneiro e a pena.
As Escrituras

Outro erro corrente é que nos “esquecemos” de quais eram as Escrituras


que todos tinham acesso na época de Yeshua e os apóstolos: os rolos da
Palavra compreendiam exclusivamente os livros de “Génesis a Malaquias”.

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Quando lemos hoje um texto do “Novo Testamento” que faz referência
às Escrituras, abrangem apenas estes livros, como podemos ver
em Lucas 4: "Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de
Sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.

Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava
escrito: [Onde Yeshua passa a ler Isaías]

O Espírito do Eterno está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar Boas Novas
aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, visão aos cegos, para pôr
em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. [ano de
jubileu]"

A outorga da Torah

Quando falamos de “Lei” em relação à Torah, os cinco primeiros Livros


das Escrituras ou Pentateuco, devemos compreender que a palavra
“Lei” aqui utilizada não significa a lei no conceito jurídico de carácter
obrigatório da sociedade. Mas um conjunto de instruções que o Eterno
nos deu, ensinos para que vivêssemos de forma santa, pois Ele
disse: “Sede santo por que Eu Sou Santo”! (Lev. 19:2).

Portanto, YHWH deu-nos um conjunto de instruções/leis para que,


por meio delas, pudéssemos viver de acordo com a moral d’Ele. Isto que
é chamado de Torah - que literalmente significa instrução,
as instruções dadas para que possamos ter uma vida de santidade.

Um contrato para o povo do Eterno

A Torah foi dada no Sinai por Moises, e representa um verdadeiro


contrato de casamento entre Israel e o Eterno. Para entendermos o
conceito completamente, é necessário explicarmos que no casamento
israelita, normalmente temos os seguintes elementos: um noivo, uma
noiva e um contrato de casamento ou “Ketubá”. Neste contrato estão
escritas todas as obrigações matrimoniais a que as partes se submetem;
na Ketubá há toda a referência, por exemplo, que o marido deve honrar
a esposa, a esposa deve ser dedicada ao marido, que ambos devem ser

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compreensivos apoiando um ao outro, viver de acordo com os preceitos
da Bíblia, criar um lar com sinais de fé israelita etc. Destacamos que este
contrato é voluntário, onde cada uma das partes manifesta sua vontade
de seguir tais regras, não é algo imposto por terceiros e contrário as suas
vontades.

Quando o povo esteve ao pé do Monte Sinai, da mesma forma, o que


ocorreu, foi um casamento, e Israel, ao aceitar este casamento israelita,
aceitou o contrato/Ketubá que foi a Torah. Da mesma forma que o
exemplo anterior, nota-se que foi feito uma proposta e, de livre vontade,
foi aceite. Nada foi imposto. É importante que tenhamos presente esta
analogia do casamento israelita, pois será utilizada mais adiante.

Moisés e os Anciãos

Outro erro muito frequente é pensar que um contrato pode ter um texto
tão detalhado, que seja capaz de abranger cada uma das mais variadas
situações quotidianas, explicando de forma minuciosa e nos mais
intrínsecos detalhes absolutamente todas as variáveis possíveis e
imagináveis. Como no casamento, através do seu “contrato ou
Ketubá”, nele não está especificado tudo detalhadamente de “como vai
e o que vai acontecer" na relação do casal. Temos ali apenas as diretrizes
gerais e as mais relevantes. De certa forma, a Torah também é um
“conjunto de diretrizes base”, como se fosse uma “constituição”.

Por isso é que, muitas vezes, é necessário à ajuda de alguém muito mais
experiente em Torah para sabermos como aplicar a Torah nas nossas
vidas. E esta era a função de Moisés, bem como dos anciãos que ele
delegou, que tinham para com o povo.

Ensinando o povo a forma correta de “como viver” de acordo com os


preceitos da Torah, ou seja, não só o conteúdo da própria Torah, mas
também a ordem da precedência dos mandamentos e preceitos, uns
sobre os outros. Este é, por exemplo, o que aconteceu quando Yeshua
coloca o preceito de guardar o Sábado aos fariseus, perguntando se por
acaso não salvariam um animal que caísse no Sábado. Yeshua dizia que
o preceito da preservação da vida é superior ao da observância de não

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trabalhar no Sábado. Por mais respeito que qualquer um de nós tenha
pelo Sábado, se tiver um acidente nesse dia Santo, não iremos deixar de
ir ao Hospital certo?

A Torah tem uma classificação, uma ordem de importância. Ela


não é um monobloco.

Esta é uma ideia do judaísmo que se perdeu no cristianismo, onde todo


o pecado é “igual”, sendo que isto não é bem assim. Claro que todo o ato
de pecar tem sempre como resultado o nosso afastamento do Eterno,
sendo esta consequência igual.

Porém o ato de “falar mal” do meu amigo não tem o mesmo peso de
“pegar uma metralhadora e fuzilar crianças numa escola”. Naturalmente
que uma coisa é muito mais grave que a outra. Sendo a Torah uma
constituição, cujos preceitos têm precedência umas sobre as outras, às
vezes estes mesmos preceitos podem entrar em aparente conflito,
principalmente no mundo que vivemos que não se preocupa muito com
a Torah.

Por exemplo: uma pessoa que está a passar fome e recebe oferta de um
emprego em que precisa de trabalhar no Sábado, que lhe possibilitará
acabar com a fome e sustentar a sua família, deverá aceitar o emprego ou
não? mesmo que em carácter temporário, devido ao fato de violar o
Sábado? De um lado há o preceito da preservação da vida mais a
obrigação do sustento da nossa família e do outro lado o mandamento
do Sábado.

Ou ainda: a Torah fala que não podemos comer animais impuros. Mas
no caso de haver fome na terra. Podemos ou não os comeres? Para esta
série de questões, Moisés estabeleceu um conselho de anciãos cujo
objetivo era que pudessem ensinar o povo a viver de acordo com a
Torah.
Como a Torah foi passada pelo Eterno semelhante a uma constituição,
foi necessário estabelecer uma forma de orientação para que as pessoas
pudessem viver dentro dela, desde aqueles tempos iniciais.

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Governando com a Torah: a Halachá

O concílio de anciãos tinha também a função de julgar as causas do povo.


Ao analisar a Torah, percebemos a presença de muitos preceitos
relacionados à: restituição, o que fazer quando um peca contra o outro,
qual o tipo de punição, tipo de restituição, o que deve ser feito para que
uma pessoa possa ser considerada culpada perante a sociedade, entre
tantos outros. Com isto, uma das funções dos anciãos era também julgar
as causas baseados na Torah.

Portanto, ensinavam a viver em conformidade com os preceitos da Torah


que tinham aceitado previamente no Monte Sinai. E julgavam as causas
do povo, conforme estipulava a Torah. Receberam o nome de “Beit Din”
que significa “Casa de Julgamento” ou "tribunal/sinédrio", cuja
responsabilidade e função era justamente explicar ao povo como deveria
viver além de julgar as causas do povo.

A chamada “Halachá” que significa literalmente “caminhar”, surgiu


como desdobramento destas funções. Ou, num sentido mais abrangente,
seria como deveríamos caminhar dentro da Torah.
A Halachá é formada, portanto, da forma que se deveria caminhar em
santidade. Como os anciãos ao longo das gerações foram perdendo o
verdadeiro propósito do ensino, e criaram as suas próprias leis que de
certa forma prevaleceram sobre o mandamento, uma das missões de
Yeshua durante o seu ministério terreno, foi corrigir essas tradições,
dando o seu exemplo e ensinado-nos sobre como deveríamos caminhas
em santidade. Ele é sem dúvida a Torah Viva.

A Halachá era algo que não poderia várias. Seria similar ao conceito atual
da “jurisprudência”, na qual decisões anteriores de tribunais superiores
auxiliariam e ofereceriam diretrizes aos demais tribunais subordinados,
bem como as pessoas sujeitas a sua autoridade, de como elas deveriam
decidir sobre a questão, lastreados pela interpretação feita sobre os
preceitos da sociedade.

Possui um caráter “renovável”, pois a jurisprudência aplicável nas


circunstâncias do século passado não necessariamente continua a ser

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compatível com as questões dos tempos atuais. Israel hoje é um estado
secular, logo a halachá do Israel antigo não pode ser aplicada no atual
estado de Israel. Da mesma forma, a Halachá também deve ter esta
característica, pois cumprir a Torah como era feita a cerca de três mil
anos passados dentro de Israel não é a mesma coisa que cumpri-la hoje
no mundo. Ambas as realidades são tão distantes que as mudanças desta
magnitude requerem também transformações na Halachá.

A Halachá também não possui o “peso de Lei”, ela é a interpretação do


povo, através dos seus anciãos, de como se entende a “Lei”, mas não é a
Lei. Esta é a grande diferença: os anciões sabiam que a Halachá não é
“Lei”. Se nós não andarmos segundo a halachá, não há o mesmo peso de
pecar, no sentido de violar a Torah.

O exílio babilônico

Quando o povo foi para o exílio babilónico, estava a ser perseguido e


havia a preocupação muito grande com a preservação do judaísmo. Havia
um problema, pois o judaísmo enquanto religião era totalmente centrado
nas atividades do tabernáculo. A partir da outorga da Torah no Sinai,
houve o tabernáculo como cerne da vida religiosa judaica, passado depois
para o Templo de Salomão após a sua construção em Jerusalém.
Redefinir para preservar

Durante o exílio babilónico houve a destruição do Templo. Aliado a isto


houve também o exílio do povo, o qual não estava mais em Israel, sendo
este um preceito também muito importante para a prática do judaísmo
como era concebido então. Diante deste cenário, os líderes do povo
concluíram ser necessário redefinir a religião como era conhecida,
encontrando um novo centro de apoio onde pudessem sobreviver
durante o exílio, sem que permanecesse dependente do sistema do
Templo, que fora destruído.

Entre rabinos e sinagogas

Surgiu como alternativa, a implantação da sinagoga como local de


orações, em substituição do modelo baseado no culto no Tabernáculo e

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no Templo. Para entender melhor a concepção da sinagoga como
alternativa, podemos verificar que todos os elementos presentes na
sinagoga têm referência direta ao Templo de Jerusalém, como se fosse
um mini Templo ou uma lembrança direta deste. Com este novo modelo
alternativo, as sinagogas passaram a ser o novo centro da vida religiosa
judaica. Nestas encontramos a “bimah” ou local onde se apoia a Torah,
referindo-se ao Altar do Templo; há ainda a “harona hackodesh”, onde é
guardado a Torah, em referência ao Santo dos Santos; o “Kadosh
Kadoshim” para a Arca da Aliança; e a “luz contínua” da “Menorah” ou
candelabro de sete braços.

Todo o serviço da sinagoga também remonta ao serviço que era prestado


no Templo, como é no caso do Sidur ou livro de orações judaicas, sendo
distribuídas de acordo com aquilo a que o Templo tinha por referência:
sacrifícios da tarde, sacrifícios da manhã, e limpezas das cinzas do altar.
Concluindo, todo o modelo das sinagogas foi desenvolvido para que o
povo tivesse o Templo como referência, como o seu centro de vida
religiosa, apesar de estarem há anos no exílio, com o objetivo de
preservar o judaísmo. Neste contexto, a figura do rabino surgiu tal qual
o conceito moderno da palavra, onde estes são mestres nas leis da Torah
e nos costumes que o povo israelita tinha. Dentro deste novo formato, a
linha que separavam os “costumes” e “as leis” começou a atenuar-se a
partir desta época. À medida que o tempo passava e os rabinos iam se
sucedendo, os costumes e as leis passaram a se tornar cada vez mais uma
coisa só, e isso condicionou todo o resto.

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LIÇÃO 3
A TORÁ ETERNA DE YHWH: ELOHIM

A Torah ou Torá, ‫ּתֹורה‬,


ָ é uma palavra hebraica que traduzida literalmente
significa "Ensinos e instrução". A Torá é conhecida no mundo cristão
como Pentateuco, isto é, os primeiros cinco livros da Bíblia Sagrada, todos
da autoria de Moisés. Mas também é muitas vezes identificada como
sendo a "Lei de Moisés", no entanto, o seu significado mais profundo,
está especificado na tradução literal da palavra Torah, que como já foi
dito, significa "instrução" e "ensino" Mais do que a Lei de Moisés, é a Lei
de Deus, pois Moisés foi apenas o intermediário da mensagem. Na Torá
está a instrução de Deus para todo o homem, ou seja, é o manual de
instruções, o código de conduta para todo aquele que deseja servir ao
Eterno Todo-Poderoso.

É na Torah que se baseia toda a Bíblia, e ainda que isso vos possa
surpreender, quando nós fazemos referência a "toda a bíblia", incluímos
logicamente os escritos apostólicos, conhecidos como Novo
Testamento. A Torá aponta para Yeshua, e Yeshua, veio dar
cumprimento e ensinar a Torá, isto é, torná-la plena. Existem várias
interpretações (midrash) e tradições que foram passadas oralmente
entre os judeus, que mais tarde foram compiladas numa obra sagrada do
Judaísmo, o Talmud, que na maior parte das vezes acabam por ter mais
relevância para os Judeus do que a própria palavra escrita. O judaísmo
defende que a palavra de três rabinos vale mais do que a palavra escrita.
Rejeitamos essas doutrinas, e tradições humanas, e não vamos além
daquilo que está escrito na Torá (Deut. 4:2). Respeitamos o judaísmo
rabínico e as suas tradições, mas reconhecemos que muitas das tradições
humanas acabam por anular a Torá que foi dada sob a instrução de
YHWH (Mat. 15:3-6) ainda que muitas dessas tradições tenham o
propósito de proteger o mandamento (Mat. 23:3).

A Torá (instrução) foi dada para todo o Israel por estatuto perpétuo.
Aqueles que se chegam à fé através do testemunho de Yeshua, são parte
de Israel, e herdeiros conforme a promessa, como escreve Paulo na sua
carta aos Gálatas (3:29).

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Ao lermos o capítulo 11 de Romanos percebemos que não existe mais
do que um "povo salvo”, mas sim um único povo salvo, Israel.

Há quem faça a distinção entre Israel Físico, e Israel Espiritual, ou seja,


leis que contemplam uns, e leis que contemplam outros, uns que
herdarão a terra, e outros herdarão o céu. Mas no capítulo 11 de
Romanos, vemos que existe apenas um único grupo de salvos, que são
aqueles que fazem parte da oliveira cultivada (Israel), cuja raiz é o
Mashiach Yeshua. E esse grupo de salvos herdará a terra.

Essa oliveira (congregação/noiva) é composta por naturais, e por


enxertados, e nela não há judeus nem gentios como nos diz a
palavra (Gal. 3:28), pois todos são um em Yeshua.

Há quem advogue que a Lei que permanece em vigor, são apenas os 10


Mandamentos, e que a restante Torá foi cravada no madeiro, uma vez
que alegam que a Torá terminou em João Batista (Luc. 16:16). Ou seja,
defendem que apenas os Dez Mandamentos, porque foram outorgados
fora do Sacerdócio Levítico, são os únicos que permanecem até hoje.

Mas, seguindo essa linha de pensamento, deparamo-nos então com


diversas questões, e enumerarei algumas delas:

- é lícito ao crente comer sangue?


- é lícito ao crente relacionar-se sexualmente com animais?
- é lícito ao crente fazer tatuagens?
- É lícito ao crente comer Porco ou Marisco?
- É lícito ao homem crente vestir-se de mulher, ou a mulher crente vestir-
se de homem (travestismo).

As respostas são tão óbvias que se tornam desnecessárias. Mas todas


estas e tantas outras restrições não são contempladas nos Dez
Mandamentos, mas são na verdade instruções da Torá (Gen. 9:4; Lev.
18:23; 19:28; Deut. 14:8).

Quando perguntam a Yeshua quais são os maiores mandamentos,


Yeshua cita a Torá, não cita nenhum dos dez. (Lev.19:18; Deut. 6:4-5).

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Os Dez Mandamentos são apenas um resumo da instrução. Pois a Torá
não é da autoria de Moisés, foi dada por Deus a Moisés, e este escreveu
em rolos o que Deus lhe transmitiu (Mal. 4:4). Como se pode então dizer
que a Torá são mandamentos de homens?

Existem várias tradições como já dissemos que foram acrescentadas


pelos rabínicos ao longo do tempo, e algumas, até certo ponto até podem
ser positivas na medida em que protegem o mandamento, mas muitas
vezes nem sempre o são, além do facto de Deus ter dado uma instrução
precisa para não acrescentar nem diminuir nada à Sua palavra; Esses
acrescentos é que, são na verdade, mandamentos de homens, mas nunca
a Torá. Yeshua nos relatos de Mat. 15 e Mc. 7 mostras exatamente a
diferença entre mandamentos de homens, e os mandamentos de YHWH.
A questão que é debatida nesses textos, dizia respeito à obrigação de lavar
as mãos antes de comer, mas tal mandamento tem origem na tradição
dos anciãos (Mc. 7:3), não na Torá. Yeshua censurou exatamente esse
facto, os judeus da época eram tão zelosos com as tradições humanas,
que acabavam por descurar na instrução de YHWH, como vemos
em Mat. 15:1-9 e Mc. 7:6-13.

Então, se aqueles que defendem que os Dez Mandamentos são o resumo


de dois mandamentos que Yeshua identificou como sendo o Amor a
Deus e Amor ao próximo, então porque é que tem tanta dificuldade em
aceitar que os Dez Mandamentos são o resumo da Torá. Ou seja, dois
mandamentos, desdobram-se em dez, e os dez, desdobram-se em toda a
instrução de YHWH, ou seja, na Torá. Curiosamente os Dois Primeiros
mandamentos que Yeshua cita, não constam entre os Dez, Yeshua
identifica-os citando a Torá (Deut. 6:4-5; Lev. 19:18).

Alegoricamente falando. Podemos imaginar os dois primeiros


mandamentos como sendo um título de um livro, os dez mandamentos
como sendo o índice/capítulos desse mesmo livro, e a Torá o conteúdo
de cada capítulo.

Vejamos um ponto, o que diz Yeshua quando é tentado pelo adversário


no deserto? “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca
de YHWH.” Vemos que o homem viverá se atentar para tudo aquilo que

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provém de YHWH, não apenas os Dez Mandamentos, e já agora, fazendo
uma ressalva, vejamos que Yeshua responde a Satanás mais uma vez
citando a Torá (Deut. 8:3), não os dez.

Surge então a pergunta, o que é que realmente Yeshua anulou? Uma vez
que a Bíblia é a nossa única regra de fé vejamos o que nos diz a Palavra
em Mateus 5:17:

"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Em
verdade vos digo: Enquanto existirem céus e terra, não se anulará da Lei a menor
letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um
desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo,
será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes
mandamentos será chamado grande no Reino dos céus."

Os que defendem que a lei perpétua, contempla apenas os dez


mandamentos, afirmam que a "Lei" mencionada no texto acima, se refere
apenas aos dez, mas a palavra que consta nos originais semitas é "Torá",
ou seja, a instrução de YHWH. E essa instrução não são só os Dez,
mas toda a palavra que provém da boca de YHWH. Toda a Torá, isto é, o
Caminho que o Eterno definiu para que o homem caminhasse
rectamente. Quem é que nós também identificamos como sendo o
Caminho? O nosso irmão mais velho e mestre, Yeshua HaMashiach.
Logo Yeshua é a Torá Viva, o Verbo/Palavra/Instrução de
YHWH. (João 5:46).

No entanto há algo que nós não fazemos mais, que são os sacrifícios de
animais para expiação do pecado. Mas por quê? Por que foram abolidos?
Não, tudo vigora enquanto existir o céu e a terra. Não os fazemos
essencialmente por duas razões:

- A primeira é que atualmente não há templo, e os sacrifícios só podem


ser feitos no local estipulado pelo Eterno;
- A segunda, é que os sacrifícios eram feitos pelos primogénitos, mas
depois da corrupção no Sinai com o bezerro de ouro, essa missão ficou
a cargo dos sacerdotes levitas. Mas os sacrifícios eram um prenúncio
daquilo que haveria de acontecer, o sacrífico perfeito do cordeiro de

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Deus preparado desde a fundação do mundo. Por isso, Yeshua é agora o
nosso sumo sacerdote, não da ordem Levita, mas da Ordem de
Melquisedeque (Heb. 7:10), e o seu sacerdócio é perpétuo como nos
mostra o livro de Hebreus (7:24). Vejamos também em Heb. 9:11-12.

Mas ainda que os sacrifícios não sejam mais feitos, porque como já
vimos, eram uma sombra do que seria o sacrifício de Yeshua, quererá
isso dizer que a Torá (à excepção dos Dez Mandamentos) se torna inválida?
Então, mas a Torá não é uma orientação que visa andarmos segundo a
vontade de YHWH? Claro que sim!! Mais, a Torá visa o amor que o
Eterno tem pela sua criação, e se andarmos segundo ela (lembremo-nos
que Torá significa instrução) não demonstraremos também a nossa fé que
opera por amor? Logicamente.

Os Sábados Santos

É habitual, ouvir os crentes que advogam que só os Dez


Mandamentos vigoram atualmente, argumentarem que o Sábado se
mantém como estatuto perpétuo, porque são parte dos Dez
Mandamentos escritos nas pedras, pelo dedo de YHWH. Até aqui tudo
bem. Estamos 100% de acordo, pois o Sábado foi dado como estatuto
perpétuo para todo o Israel. No entanto, esses mesmos defensores
acérrimos do "Sábado", paradoxalmente, ignoram os outros Sábados
(Solenidades Anuais/ tempos apontados por YHWH) que também
foram dados a Israel por estatuto perpétuo.

Eles Defendem a imutabilidade da Lei de Deus, mas devido ao fato


desses “sábados” não serem contemplados na Lei da Pedra, escrita pelo
dedo de YHWH, alegam que não é necessária à sua observação. Porque
consideram que os Sábados Anuais, estão apenas ligados ao sacerdócio
levítico, e como esse foi substituído pelo sacerdócio de Yeshua, não faz
sentido que os observermos agora.

Mas será assim? Então eu pergunto, então e o Sábado semanal não está
também ligado ao sacerdócio levítico? Antes de conclusões precipitadas,
vejamos primeiramente o que nos diz a palavra: "Porém, no dia de sábado,
oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de flor de farinha,

17
misturada com azeite, em oferta de alimentos, com a sua libação. Holocausto é de cada
sábado, além do holocausto contínuo, e a sua libação. Holocausto é de cada sábado,
além do holocausto contínuo, e a sua libação." Números 28:10

Vemos que o Sábado Semanal também é contemplado por ofertas do


sacerdócio levítico.

Por que é que não as fazemos hoje? Já vimos o porquê, uma vez que
somos nós (como sacrifícios vivos, que vivemos uma vida de amor e
dedicação ao Eterno), que nós oferecemos continuamente a Deus através
de santificação do dia, oração e reunião solene. Por essa razão não
fazemos mais ofertas ligadas ao sacerdócio levítico, porque o nosso
sumo-sacerdote é Yeshua. Mas certo é que não deixámos de observar o
dia de Sábado como um memorial da criação, e como um dia separado
(santo) para o povo de Israel.

Deixámos nós então de observar o Sábado como um dia de descanso?


Deixámos de observar o Sábado como um memorial da Criação? Claro
que não. Então por que ignorar os Sábados Santos que foram dados
em Levítico 23? Também eles são datas Solenes, também eles são
Sábados (Shabbatot).

É lógico que não façamos mais os sacrifícios de animais pelas razões já


referidas, mas claramente deveremos observá-los como dias solenes, que
foram dados por estatuto perpétuo a todo o Israel, e esses dias revelam-
nos o plano de salvação de Deus para todo aquele que se volta para ele e
que aceite o testemunho de Yeshua.

YHWH não pretende que vivamos na ignorância relativamente ao Seu


plano, e como tal deu-nos dias representativos de cada etapa do seu
plano. Os dias Santos de YHWH são representados por colheitas, logo
são distribuídos ao longo do ano agrícola na terra de Israel. A colheita da
cevada representada por Yeshua como as primícias, a colheita do trigo,
em representação dos santos sobre os quais foi derramado o Espírito de
Santidade, na festa das semanas (Pentecostes); e a colheita dos frutos da
época, representando a colheita geral da humanidade na festa das
cabanas/tabernáculos.

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Não ignoremos isso. São 8 dias Santos que nos foram dados como
Sábados (descanso/reunião solene), um a ser observado semanalmente, e sete a
serem observados anualmente:

SOLENIDADE SEMANAL

- O Sábado; (Lev. 23:3)

SOLENIDADES ANUAIS

- O primeiro dia dos pães ázimos; (Lev. 23:6)


- O sétimo dia dos pães ázimos; (Lev. 23:8)
- O Pentecostes/ Festa das Semanas; (Lev. 23:21)
- O Dia das Trombetas; (Lev. 23:24)
- O Dia da Expiação; (Lev. 23:27)
- O primeiro dia da Festa das Cabanas / Tabernáculos (Lev. 23:34-35)
- O último grande dia, ou oitavo dia da Festa das Cabanas. (Lev. 23:39)

Agora vejamos. Se eles defendem que Yeshua anulou no madeiro, aquela


que muitos chamam lei cerimonial, eu pergunto? Entendem por lei
cerimonial apenas os sacrifícios de animais e as ofertas queimadas, ou
toda a Torá à excepção dos dez mandamentos? Curioso é que a Bíblia
não faz nunca menção a uma pretensa lei moral ou cerimonial, apenas
diz que há uma instrução (Lei/Torá) para a qual o homem deverá atentar.

As únicas distinções que a bíblia aponta no que diz respeito à lei são:

- A Lei de Deus (o caminho a verdade e a vida- Yeshua)


- A Lei do pecado (que leva à morte),
- E as obras da lei (mandamentos de homens que foram acrescentados,
ou seja, os legalismos da lei).
Destas, a que foi cravada na cruz, definitivamente foi a lei do pecado (que
falava contra nós), nunca a Lei de Deus.

Então os sacrifícios foram abolidos? Não, o Sacerdócio de Yeshua que é


perfeito, é também perpétuo, logo não terminou. Ele continua a ser o
nosso Sumo-Sacerdote. Então nada foi abolido, e está em vigor. João

19
5:17. Se com o sacrifício de Yeshua, deixasse de ser necessária a
observação das Solenidades de YHWH de Levítico 23, deparamo-nos
com a pergunta:

O que faziam os seguidores de Yeshua (judeus e gentios) reunidos


solenemente no dia de Pentecostes pouco antes de receberem os Espírito
Santo?

Lemos que Yeshua advertiu os seus discípulos para que não se afastassem
de Jerusalém pois receberiam em breve o dom do Espírito Santo (At.
1:4), mas não vemos nenhuma indicação específica que tal milagre
ocorreria no dia de Pentecostes. No entanto lemos que os seguidores de
Yeshua estavam juntos em reunião solene nesse dia. Então a observância
das festas solenes não tinha sido abolida? Vemos que não, mantinha-se
mesmo após a morte de Yeshua.

Exemplos da observância das Solenidades de YHWH após o


ministério de Yeshua

Vemos Paulo a instruir os crentes a celebrarem a festa dos asmos:


"Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade
e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade." 1 Coríntios 5:8.

Vemos Paulo a observar o Jejum no dia da expiação (Atos 27:9 ver nota
abaixo).

NOTA: O dia da expiação, é no décimo dia do sétimo mês do calendário


bíblico. Corresponde a uma época do ano em que a navegação de
embarcações é desaconselhada devido à turbulência. O dia da expiação
sempre foi conhecido pelo dia do Jejum.

Vemos Paulo a fazer todos os esforços possíveis, para estar presente


numa das festas de peregrinação a Jerusalém, o dia de Pentecostes. (Atos
20:16)

Há ainda quem não se convença com estes argumentos, alegando que só


devemos celebrar a Páscoa e o Pentecostes, porque foram as únicas

20
solenidades espiritualizadas por Yeshua. Mas há uma razão lógica para
essas solenidades ainda não terem sido espiritualizadas (isto é, ainda não
tiveram o seu cumprimento profético). A razão simples é que as
solenidades que ainda não tiveram ainda o seu cumprimento profético,
são sombras da segunda vinda de Yeshua, e não da primeira.

As solenidades da primavera (Páscoa; Primícias; Asmos e Pentecostes,)


já tiveram o seu cumprimento profético durante e logo após o ministério
de Yeshua.

Páscoa- O Cordeiro Pascal sacrificado no Êxodo, foi representado por


Yeshua aquando do seu sacrífico no madeiro, o sangue de Yeshua livra-
nos da morte, da mesma forma que o sangue do cordeiro colocado nas
ombreiras das portas dos Filhos de Israel os livrou da Passagem do Anjo
da Morte pelo Egito.

Asmos- Os Israelitas deixam o Egipto (Pecado), e na ázafama da saída,


os pães não têm tempo de levedar / O fermento assim como o Egipto
tipifica o pecado. Yeshua limpa o fermento dos nossos corações, como
nos diz Paulo em 1ª Cor. 5:6-8.

Primícias- Na festa das primícias, o primeiro molho de cevada ceifado,


era acenado no ar pelo sumo-sacerdote. / Yeshua ressuscita ao terceiro
dia, e sobe ao Pai na manhã do primeiro dia da semana, como
representação do molho movido, descendo novamente ainda nesse
mesmo dia para se reunir à tarde com os discípulos.

Pentecostes- A segunda colheita anual, neste caso do trigo, é entregue a


Lei a Moisés. / É derramado o Espírito Santo sobre os Santos que teriam
a missão de espalhar o Testemunho de Yeshua pelo mundo, a Lei é
gravada nos corações dos santos.
Já as solenidades de Outono só terão o seu cumprimento aquando
da segunda vinda de Yeshua:

Dia das Trombetas- Segunda vinda de Yeshua ao toque da sétima e


última trombeta;

21
Dia da Expiação- Seremos transformados e ressuscitados incorruptíveis
(1ª Cor. 15:52);

Festa dos Tabernáculos- Governo milenar de Yeshua, Satanás é preso.

Oitavo grande dia- Destruição total de Satanás; os novos céus e nova


terra,

Ainda restam dúvidas, se devemos ou não observar as festas que Deus


instituiu por estatuto perpétuo?

Não precisamos que Yeshua nos dê mais provas, nem esperar que ele
espiritualize as outras para que as passemos a observar, porque Deus já
nos instruiu a fazê-lo, e porque se amamos a Yeshua, guardamos a sua
instrução, e se guardamos a sua instrução, atentamos para a palavra de
YHWH, porque Yeshua veio dar o testemunho do Pai, veio falar aquilo
que o pai lhe ordenou (João 14:24;),

Será que a palavra de Deus muda?

Malaq. 3:6; Tiago 1:17; 1ª João 2:24

Então e o que é que Ele nos instrui a fazer?

"Amarás, pois, a YHWH teu Deus, e guardarás as suas ordenanças, e os seus


estatutos, e os seus juízos, e os seus mandamentos, todos os dias." Deut. 11:1

E sobre as festas o que nos diz?

"Depois falou YHWH a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e diz-lhes: As
solenidades de YHWH, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas
solenidades": Levítico 23:1-2
"Estas são as solenidades de YHWH, as santas convocações, que convocareis ao seu
tempo determinado". Levítico 23:4

Se a observação das Solenidades de YHWH deixa de ser necessária


depois do sacrifício de Yeshua, porque então algumas denominações

22
cristãs, incluindo a Igreja de Cristo, observam a Páscoa e o Pentecostes? Se
a observação das Solenidades de YHWH deixa de ser necessária, porque
é que essas festas serão observadas durante o milénio de Yeshua? Como
é que nós sabemos isso? Porque a palavra nos diz:

"E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra
Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, e para
celebrarem a festa dos tabernáculos." Zac. 14:16

Por fim, deixo-vos um provérbio que resume tudo o que foi dito.

"Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus
mandamentos." Provérbios 2:1-5
LIÇÃO 4
ANALOGIA SOBRE TORAH E GRAÇA

Somos salvos pela graça, mas isso implica o desprezo da Torah?

Essa talvez seja a questão mais debatida entre os grupos de crentes.


Queremos destacar primeiramente que nós defendemos que a salvação é
pela graça. Mas também defendemos que a graça não existe somente após
o sacrifício de Yeshua, mas sim desde a queda do homem. Na ausência
da graça, Adão e Eva teriam sido destruídos aquando da desobediência,
na ausência da graça, nem mesmo Noé teria sido poupado no dilúvio.

Atentemos então para a seguinte ilustração para compreender esta


questão da lei e graça:

"Havia um jovem de boas famílias, que tinha o amor, carinho e atenção dos pais, que
lhe proporcionavam uma vida desafogada desde criança.

Quando o jovem fez 11 anos, os seus pais apresentaram-lhe uma rapariga de origens
humildes, de uma classe social diferente da deles, mas sobre a qual os seus pais
demonstraram que aquela seria a rapariga ideal para ele futuramente, pois apesar de
não ser abastada como eles, tinha todas as características necessárias para o fazerem
feliz, além de ter a capacidade de fazer dele um homem, e ensinar-lhe os valores
fundamentais da vida.

23
O rapaz não estava muito receptivo à sugestão dos pais, mas começaram por ser amigo,
e de forma natural ao fim de algum tempo começou a namorar com ela. Os anos
passaram, e ele continuava com ela, apesar de não lhe dar a devida atenção, ou pelo
menos a atenção que ela merecia, e como tal, envolveu-se com outras raparigas que
faziam mais o seu género, e que ele considerava serem mais interessantes. Os pais
perceberam isso, mas não insistiram e deixaram-no escolher por si mesmo.

Com 18 anos, quando o jovem terminou o ensino secundário, colocaram-no numa das
melhores universidades do país, deram-lhe um carro novo, e até lhe compraram uma
moradia com piscina numa das zonas mais privilegiadas da cidade. Quanto à
namorada de sempre, idealizada pelos seus pais, já não fazia parte da vida do rapaz,
que se tornara um namoradeiro, e provavelmente até já teria esquecido o nome
da rapariga com quem namorara 6 anos.

O interesse do rapaz pela vida noturna cresceu rapidamente e depressa os seus amigos
de sempre foram substituídos por outros "amigos" pouco recomendáveis, pois não eram
assim tão amigos, já que o incentivaram a consumir drogas.

Aquilo que a princípio seria apenas uma experiência e o rapaz, partindo da premissa
que "as drogas leves não fazem mal a ninguém", depressa se tornou numa dependência
incontrolável, e as drogas leves foram trocadas pela heroína, e começaram a ter reflexos
na vida e no comportamento do rapaz, que já não se dava com os amigos de sempre
porque achava que eles eram chatos (por estes fazerem tentativas diversas para o
alertar) e tampouco se dava com os novos "amigos" que tinha conhecido, já que esses
lhe voltaram as costas quando ele mais precisava. Os seus amigos agora não eram
mais homens, mas eram sim as ruas da zona mais degradante da cidade onde se
prostituía para sustentar o seu vício.

Certo dia, quando os seus pais voltavam de um jantar de negócios deram com ele na
rua, junto a uns contentores a ressacarem, e completamente aluado, eles nem queriam
acreditar que aquele desgraçado ali deitado era o seu filho, e ficaram em choque. No
entanto, saíram apressadamente do carro, pegaram nele e levaram-no para casa, onde
tiveram uma longa e emotiva conversa, na qual o rapaz disse o quanto estava perdido
e arrependido, mas que naquele momento aquela adversidade era bem mais forte que
a sua vontade ou capacidade de a enfrentar.

24
Os pais prontificaram-se a ajudá-lo, mas alertaram-no, que para isso ele teria que ser
o primeiro a querer ajudar-se a si mesmo, pois por mais que os seus pais o quisessem
ajudar, de nada adiantaria se ele não contribuísse para isso, pois assim toda aquela
jornada que iria começar, não iria surtir efeito.

O rapaz entendeu, e aceitou aquilo que os pais lhe disseram, e no dia seguinte, foram
a uma das mais conceituadas clínicas de desintoxicação do país, para que pudessem
dar início ao tratamento. As horas dos dias demoravam a passar, mas o rapaz
cumpriu aquilo que prometera aos pais, a sua força de vontade, a saudade da sua vida
passada, e o desejo de não desiludir os seus pais, deram-lhe a força necessária para
conseguir cumprir com sucesso o plano de recuperação. Passado um tempo, o rapaz
estava cá fora, livre da dependência de estupefacientes, e totalmente renovado.

Rapidamente, voltou a dar-se com os amigos de sempre que o acolheram, voltou aos
estudos, e até recuperou a namorada que já conhecera à vários anos e que sempre
manifestou o seu amor por ele e que ele rejeitara. Sem dúvida que a sua vida voltava
a ter um rumo, e contra todas as expectativas, voltava a ganhar sentido. Quem o via
dizia: "quem te viu, e quem te vê, pareces outro, estás com muito boa aparência, nem
nos teus melhores dias me lembro de te ver assim"

Após esta história... surge a pergunta, como se iriam sentir os pais daquele
jovem, se ele voltasse a cometer os mesmos erros? O amor que eles
tinham revelado e a oportunidade que lhe deram, não tinha servido para
nada. E que falta de respeito demonstraria o jovem para o esforço e amor
que os pais lhe demonstraram? Ele seria um ingrato, e os pais certamente
ficariam com o coração desolado...!

Relacionemos esta história, com o amor que YHWH revelou ao enviar o


Seu Filho Unigénito para dar a vida para anular/perdoar as nossas
transgressões, e dando-nos a possibilidade de ser novas criaturas quando
o aceitamos. O que sentiria YHWH que enviou o Seu filho Unigénito
para pagar tão alto preço, se nós voltássemos a cometer os mesmos erros
que fizeram com que houvesse a necessidade de Yeshua derramar o Seu
sangue? Terá sido o seu sacrifício em vão? Quem guarda a Torah não
nega Yeshua, antes pelo contrário, na verdade quem a
despreza/ignora/viola é que nega Yeshua, e nega o propósito de todo o
plano de salvação de YHWH.

25
Então temos a seguinte analogia:

YHWH- Representado pelos pais do jovem, que têm um amor


incondicional por ele, que apesar de ter ido contra tudo aquilo que os
pais lhe ensinaram desde sempre, manifestam o seu amor por ele ao dar-
lhe a mão quando ele mais precisa.

YESHUA- Representado pela clínica e pelos tratamentos que o ajudaram


a recuperar e a limpar o seu organismo.

O PECADO- Representado pela dependência do jovem de


estupefacientes que contaminaram toda a sua pessoa.

A GRAÇA/PERDÃO- A oportunidade que os pais lhe deram para se


recuperar, demonstrando todo o amor que têm pelo seu filho.

A RECONCILIAÇÃO- Representa o facto do jovem dar ouvidos ao


conselho dos seus pais, e de fazer o tratamento por reconhecer que estava
doente, e de ser a causa do sofrimento dos seus pais. Da mesma forma
nós batizamo-nos para renascermos, sermos renovados, por
reconhecermos que somos pecadores, e termos parte na culpa do sangue
derramado por Yeshua.

O BATISMO- Representado pelo processo de limpeza durante o


tratamento na clínica.

A NOVA CRIATURA- Representada pelo jovem que sai totalmente


limpo da clínica e renovado.

O VOLTAR ÀS VEREDAS ANTIGAS- O jovem recupera os seus


verdadeiros amigos que sempre lá estiveram, e que não se afastaram dele,
pelo contrário, ele sim é que os afastou e não atentou para os seus
conselhos, e recuperou a namorada de sempre, que sempre lá esteve, mas
que ele pouca ou nenhuma importância lhe deu.

A NAMORADA- Representa a Torah, a instrução de YHWH.

26
A OBSERVAÇÃO DA TORAH- A jovem atenta para a instrução que
os pais lhe deram desde sempre, e percebe que aquela sim é a pessoa ideal
para ele, e por amor a ela e ao conselho dos seus pais, respeita-a e aprende
a amá-la, e quando a conhece verdadeiramente surpreende-se: "como é que
alguém como tu me pode ter passado despercebida, tu és tudo aquilo que eu sempre
precisei na minha vida, como é que pude ser tão parvo".

Cabe-nos fazer a pergunta: quem atenta para a Torah realmente cai da


graça como o grosso do cristianismo defende?

A resposta é: NÃO, antes pelo contrário. Pela graça e misericórdia de


YHWH, é-nos dada uma segunda oportunidade, e o caminhar na fé, zelo
e perseverança levar-nos-á a alcançar a plenitude da graça, que é a
ressureição para a vida Eterna.

27
LIÇÃO 5
OS PAIS DA IGREJA CONTRA A TORAH, CONTRA YSRAEL,
E CONTRA O VERDADEIRO MESSIAS DE YSRAEL -
YESHUA.

Shalom a todos os irmãos sinceros, espalhados pelo mundo. Esta é uma


verdade que poucos sabem sobre Martinho Lutero (o fundador da Igreja
Luterana e um dos precursores da “Reforma Protestante”,) e sobre todos os
pais da Igreja Cristã que perseguiam os Israelitas que seguiam a Torah.

Todos os crentes evangélicos sinceros, por não conhecer toda a história


destes homens, chamaram-nos de “grandes reformadores”, entre os mais
famosos, Martinho Lutero! Lutero foi um sacerdote católico da Igreja
Romana, e seguiu tudo o que aprendeu da Igreja Cristã Romana e do
Catecismo Romano, cujas doutrinas estão relatadas nas bíblias Gregas
corrompidas, que advogam a trindade, o antinomianismo, e nas quais
consta que o verdadeiro nome do messias de Israel, é “Jesus Cristo” e não
“Yeshua HaMashiach” (Yeshua, o Messias). A grande maioria das pessoas
dirá: “quem é esse? Nunca ouvi falar desse nome”.

Em Atos dos Apóstolos 26:14, nos originais em hebraico e aramaico, esta


questão do nome responde definitivamente a esta questão!

"E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica
dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os
aguilhões. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Yeshua, a quem tu
persegues;"

Em todas as versões gregas mal traduzidas e adulteradas, os falsos


tradutores Romanos afirmam que o nome em "hebraico" no verso 15 é
“JESUS!” Mas todos nós que conhecemos a Igreja Cristã, sabemos que
o nome de Jesus é o nome grego-latino-aportuguesado do verdadeiro
nome do Mashiach! Qualquer pessoa consciente entenderá que isso é
uma fraude textual antissemítica, já que negam a raiz hebraica da fé, e
negam o verdadeiro Mashiach, o Filho de YHWH, Yeshua, o judeu, o
zelador da Torá.

28
No mesmo livro de Atos é dito que em nenhum outro nome há salvação,
mas perguntamos, em que nome? O grego ou hebraico? Talvez isso não
seja o ponto fundamental, pois certamente que somos conscientes
também para saber que mais importante que o nome, é a pessoa que
associamos a esse nome, certamente que não é errado usarmos o nome
de Jesus se associarmos esse nome ao Filho de YHWH, aquele que veio
ensinar a Torá, e planificá-la, ao invés de anulá-la. Infelizmente, essa
associação não acontece, já que o grosso do cristianismo considera que
Jesus é Deus na carne, e que a graça invalida a Torá, logo estamos livres
da Lei. Um aparte, as leis da qual estamos livres ao aceitarmos Yeshua, é
aquela que falava contra nós, a Lei do pecado, a as leis dos homens
(tradições) que foram acrescentadas à lei, que a tornaram pesada. Mas
continuando; nós optamos por usar o nome Yeshua, essencialmente
porque sabemos que esse é o seu nome verdadeiro, e para fazer a
distinção entre quem foi Yeshua e a pessoa que é associada ao Jesus
Romano.

Nenhum de nós dúvida que a salvação é pela graça, longe de mim querer
afirmar o contrário, pois as escrituras são claras ao dizer que a Torá não
aperfeiçoou coisa alguma (Heb. 7:19), no entanto, sobre este texto
de Hebreus, não é porque a Torá seja imperfeita, antes pelo contrário (Sl.
19:7), mas porque devido à dureza dos nossos corações e a tendência
para praticar o mal (Yetzer hara), foi necessário o sacrifício de um justo
que não pecou para fazer expiação por todo aqueles que nele crêem.

Mas crer em Yeshua, é um processo faseado, que implica reconhecer que


somos pecadores, arrependermo-nos dos nossos pecados, e após o
baptismo, nascermos como novas criaturas, e o ser nova criatura, implica
uma vida de submissão e de amor incondicional a YHWH e uma fica
voltada para Ele e focada nEle. Isto é, viver uma vida desviada do pecado,
e isso implica atentar para a Sua instrução (Lei/Torah). Muitos alegam
que a Graça anula a Lei, mas quem defende isso, defende também que
podemos pecar deliberadamente e mesmo se o fizermos, somos salvos
pela graça, já que o pecado é a transgressão da Lei, e como a Lei não
interessa mais, podemos transgredi-la sem qualquer problema porque
estamos salvos por Jesus...!!! Essa ideia não só é ridícula como também é
satânica.

29
Nós somos sem dúvida salvos pela graça, mas porque Yeshua pagou um
preço alto pelas nossas transgressões, atentamos para a Lei para
andarmos segundo a instrução de YHWH, e fazemo-lo não para obter a
salvação, mas sim pela fé que opera por amor. Resumindo, devemos
observar a Lei não para sermos salvos, mas para agradar ao Eterno, mas
por amor a Ele, já que a própria Lei é uma manifestação do amor do
Todo-Poderoso para com a Sua criação; daí surge a pergunta, qual é o
Pai que não deseja o melhor para os seus filhos? A ciência prova a cada
dia que a instrução de YHWH tem reflexos bastante positivos na vida
humana, nomeadamente a nível de saúde, como é o caso das leis
alimentares, e o descanso semanal.

Vemos que YHWH deu-nos mandamentos, estatutos e juízos para que


saibamos como caminhar. Ele sabia que, devido à tendência do homem
para praticar o mal, certamente seria difícil para ele caminhar rectamente,
não porque o mandamento seja difícil, mas unicamente devido à
perversidade do coração humano, como tal, é exatamente na nossa
imperfeição que a graça de Yeshua nos preenche, tornando-nos dignos
onde jamais seríamos, mas daí até dizer que a Lei é inútil, vai de um
extremo ao outro, pois quem afirma isso, não só despreza a Lei do
Eterno, como ignora o sacrifício de Yeshua. Terá derramado ele o seu
sangue em vão? Ele fê-lo para que nos voltássemos para o Eterno, não
para continuarmos de costas voltadas, isto é, ignorando a sua Lei/Torá.

Para quem não é religioso e quer aprender as escrituras sem


partidarismos, e sem ter vergonha de professar que a salvação veio do
Yeshua Judeu, e não dos Jesus Romano, jamais terá vergonha de
pronunciar o único nome verdadeiro do Messias de Israel o qual ele
recebeu quando foi circuncidado no oitavo dia. Muitos sinceros de
coração, sem conhecimento dessa verdade, defendiam o nome greco-
latino-aportuguesado de Jesus Cristo, e falaram desse nome a muitas
pessoas e as ensinaram a amar esse nome, porque não tinham
conhecimento das raízes semíticas das escrituras, e do hebraísmo das
escrituras. E nas Igrejas que passaram, foram perseguidos e difamados
por observarem algumas partes da Torah, e a maioria dos críticos diziam
que a Torah era maldita? Foram ensinados pelos doutores indoutos das
Escolas Dominicais, que todas as escrituras da Brit Chadasha (Aliança

30
Renovada, mas conhecido como “Novo Testamento”) foram escritas no
Grego e que o nome do Messias era em Grego. Esta é a grande mentira
que Roma passou a todo o Cristianismo e para a humanidade, que o
messias tem um nome grego, que nasceu em 25 de dezembro que na
verdade representa o nascimento do deus-sol Mitra, um Jesus que faz
parte de uma Trindade Cristã, a segunda pessoa dessa trindade, e que
criou um nova Religião chamada Igreja, e se intitula de “ISRAEL
ESPIRITUAL” no lugar do verdadeiro ISRAEL. Todas estas mentiras
precisam de ser desmascaradas o mais rapidamente possível, por pessoas
que meditam nas escrituras de dia e de noite.

Abaixo, veremos várias provas do antissemitismo Romano do


Cristianismo (Católico e Evangélico) em relação ao verdadeiro messias
de Israel; que nasceu em Bet Lechem-Belém; frequentava as Sinagogas;
escolheu doze discípulos Israelitas e não Romanos; que obedecia à
Torah, e que veio resgatar as ovelhas perdidas da casa de Israel (as doze
tribos dispersas), às quais se têm vindo a ajuntar ovelhas de outro aprisco
que abraçam a mesma fé de Israel (Zc. 8:23; Mat. 15:24; Jo. 10:16;). Este
de quem vos falo, é Yeshua HaMashiach.

POSIÇÕES E DECLARAÇÕES DOS PAIS DA IGREJA CRISTÃ


CONTRA OS JUDEUS (Antes da reforma protestante)

Eusébio: Disse que os Judeus costumavam matar as crianças dos


cristãos nas cerimônias anuais. "As escrituras judaicas são destinadas aos
cristãos e não aos Judeus".

Marcion: Qualquer cristão que utilizasse um símbolo judaico, "um nome


judaico", (foi aqui que o nome pagão greco-latino-aportuguesado de
Jesus Cristo foi criado) ou realizasse qualquer celebração judaica, seria
considerado cúmplice da morte de Cristo juntamente com os Judeus.

Crisóstomo (bispo de Antióquia escreveu oito sermões contra o povo


judeu): "As sinagogas são zonas de meretrício e teatro, cheio de ladrões e bestas
selvagens. Os Judeus são culpados da morte de Cristo". "Não há expiação para o
povo judeu. Deus sempre os odiou. Os cristãos devem odiá-los porque eles foram
assassinos de Cristo e são adoradores de satanás".

31
Justino-Mártir: Acusou os Judeus de iniciarem a matança de cristãos.
"Se alguém, por fraqueza de espírito, resolver observar as instituições como foram
entregues a Moisés, e das quais esperam alguma virtude, mas que julgamos terem sido
indicadas em razão da dureza dos corações, juntamente com sua esperança neste
Cristo, e desejarem cumprir os eternos e naturais atos de justiça e piedade, mas optam
por viver com os cristãos e os fiéis conforme declarei anteriormente, não os introduzindo
a serem circuncidados como eles próprios, ou a observarem o Shabat, ou a observarem
qualquer outra cerimónia, sou da opinião que não devemos reunir a eles e não
associarmos a eles em todas as coisas, como parentes e irmãos.”

Orígenes: Acusou o povo judeu, dizendo que eles conspiravam para


matar os cristãos.

Hilary-de-Potiers: Disse que os Judeus eram um povo perverso,


amaldiçoado por Deus.

Ephraim: Difamava os Judeus chamando de prostíbulos as suas


sinagogas.

Cyril: Deu aos Judeus a escolha de exílio, apedrejamento ou conversão.

Jerónimo (Tradutor-da-Vulgata): Disse que os Judeus não são capazes


de compreender as escrituras e devem ser perseguidos severamente até
serem forçados a confessar a verdadeira fé. Foi ele que pela 1ª vez
inventou o nome Jesus.

Agostinho: "Os Judeus e a nação de Israel são apenas testemunhas da verdade do


cristianismo, serviram apenas para deixar o legado da fé e da verdade cristã. Agora
deveriam estar em constante humilhação quanto ao triunfo da igreja sobre a sinagoga.
Não há salvação para os Judeus. Eles já estão perdidos de qualquer forma." "O
judaísmo é uma corrupção e os Judeus devem ser escravizados".

Tomás-de-Aquino: Perpetuou a perversa teoria de St. Agostinho.


Todas as provas acima, ensinam que o Cristianismo criado em Roma, e
passado aos evangélicos, é, e sempre será o grande perseguidor do povo
do messias de Israel que segue a Torah e toda as Escrituras nos originais
em hebraico e não em Grego. Os apóstolos jamais aceitaram um messias

32
romano e uma religião cristã, eles jamais aceitariam outro messias que
não fosse o profetizado por todos os Israelitas em todos os livros
proféticos do Tanach (Antigo Testamento), se não fosse o Messias de
Israel. Pois a salvação veio dos judeus e não da Roma Papal ou das suas
filhas!

Até ao concílio de Nicéia, a Páscoa cristã era celebrada ao mesmo tempo


que a Pascoa judaica, dado que Yeshua tinha sido sacrificado no dia da
Páscoa judaica. No entanto o ódio de Constantino aos judeus (segundo
relato do seu historiador predileto, Eusébio Livro V Cap XXIII e seg)
levou-o a decretar que a Páscoa cristã passasse a ser celebrada no
primeiro domingo da lua cheia após o equinócio da Primavera, sistema
que se manteve até 1582, altura está em que os calendários oriental e
ocidental divergiram.

Na sequência do exposto, há quem diga que Eusébio também relatou que


para ser diferente dos judeus, a Páscoa iria sempre calhar no domingo a
seguir ao dia da Páscoa Judaica do calendário rabínico.

Na Reforma Protestante

Lutero: "Os cristãos devem queimar as sinagogas e os Judeus. Devem tirar os livros
e os Talmudes deles, pois esses contêm somente mentiras e blasfêmias. Devem ameaçar
de morte os rabinos que ensinam isto. Devem proibir os Judeus de viajar. Devem
obrigar os Judeus a trabalharem em serviço manual e não adquirirem profissão".

"Os Judeus são arrogantes, teimosos e de coração de ferro como os demónios”.


(Martinho Lutero, "On the Jews and Their Lies" (1543), Traduzido por
Martin H. Bertram, editado por Franklin Sherman, vol.47, pp. 121-306,
em Luther's Works, de Jaroslav Pelikan e Hehnut T. Lehmann (Filadelfia,
Fortress Press e St. Louis, Concórdia Publishng House, 1962-1974).)
Abaixo um enxerto das pg. 268-278: "Que faremos, nós cristãos, com este povo
rejeitado e condenado, os Judeus?". “...Vou dar-lhes o meu conselho sincero: primeiro,
atear fogo às suas sinagogas, em honra ao nosso Senhor e à cristandade, de modo que
Elohim veja que somos cristãos... Aconselho que as suas casas sejam arrasadas e
destruídas...Aconselho que os seus livros de orações e escritos talmúdicos lhes sejam
arrebatados...Aconselho que seus rabinos sejam proibidos de ensinar, sob pena de

33
perderem a vida e serem mutilados...Acreditamos que o nosso Senhor Jesus Cristo
dizia a verdade ao falar sobre os Judeus que não O aceitaram e O crucificaram: ‘Sois
uma raça de víboras e filhos do demônio...’". Li e ouvi muitas histórias relativas aos
Judeus que estão de acordo com este juízo de Cristo. Isto é: que envenenaram poços,
assassinaram, sequestraram crianças... Ouvi dizer que um judeu mandou a outro
judeu por intermédio de um cristão, um recipiente cheio de sangue, juntamente com um
barril de vinho no qual depois de bebido até o fim, encontrou-se um cadáver de um
judeu."

EXTRAÍDO DA CONFISSÃO DE CONVERSÃO DE UM


JUDEU AO CRISTIANISMO

“Eu, aqui e agora, renuncio a todo rito e observância da religião judaica, detestando
todas as suas mais solenes cerimônias e dogmas, os quais outrora eu guardei e mantive.
No futuro, eu não praticarei nenhum rito ou celebração relacionada com essa religião,
nem qualquer costume do meu erro passado, prometendo não a buscar ou cumpri-la...

[Eu] prometo nunca retornar ao vômito da superstição judaica. Nunca mais eu


realizarei nenhum dos ofícios das cerimônias judaicas as quais eu fui ligado, nem
nunca mais as apreciarem. [Eu] evitarei todo relacionamento com outros Judeus, e
manterei meu círculo de amizades entre apenas outros cristãos. [Nós não] nos
associaremos com os Judeus amaldiçoados, que se mantém sem baptismo...Nós não
praticaremos a circuncisão carnal, ou celebraremos a páscoa, os shabbatot, ou outros
dias de festas relacionadas com a religião judaica...Com relação a carne de porco,
prometemos observar a seguinte regra: De que se devido a um antigo costume, não
somos capazes de comê-la, não iremos por melindre ou erro, recusar as coisas que são
cozidas com ela... E se em todos os pontos tratados acima fomos achados culpados de
qualquer forma... [então] aqueles entre nós que forem achados culpados, ou perecerão
pelas mãos de nossos companheiros, por fogueira ou apedrejamento ou, [se nossas vidas
forem poupadas], perderemos imediatamente nossa liberdade, e vocês nos entregarão
juntamente com toda nossa propriedade a quem lhes convier para a escravidão
perpétua...

[Eu] renuncio a toda adoração dos hebreus, à circuncisão, todos os seus legalismos,
pão não levedado, a Páscoa, o sacrifício de cordeiros, as festas das semanas, os jubileus,
as trombetas, a expiação, os tabernáculos, e todas as outras festas hebraicas, seus
sacrifícios, orações, aspersões, purificações, expiações, jejuns, shabbatot, luas novas,

34
comidas e bebidas. E [eu] renuncio a todo costume e instituição das leis judaicas...
Numa palavra, eu renuncio a absolutamente tudo o que é judeu...Juntamente com os
antigos, eu excomungo também os rabinos chefe e os novos doutores malignos dos
Judeus...Se eu me desviar do caminho reto em qualquer modo e profanar a santa fé, e
tentar observar a qualquer rito da seita judaica, ou se eu enganar a vocês, de qualquer
forma, nos juramentos desse voto...Então que caiam todas as maldições da Lei sobre
mim...Caiam sobre mim, sobre minha casa, e todos os meus filhos, todas as pragas
que feriram o Egipto, e para o horror de outros, que eu sofra em acréscimo, o destino
de Datã e Abirão, ou seja , que a terra me engula vivo, e depois de eu ter sido privado
desta vida, serei ainda entregue ao fogo eterno, na companhia do diabo e seus anjos,
compartilhando com os habitantes de Sodoma, e com Judas a punição do fogo; e quando
eu chegar diante do tribunal do temível e glorioso juiz, nosso Senhor Jesus Cristo, possa
eu ser contado naquela companhia a quem o glorioso e temível juiz, com semblante
ameaçador dirá: Apartai vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos"

Bibliografia: Dubnow, Simon. Manual de la história Judia. Buenos


Aires, Ed. S. Sigal, 4ª Ed. 1955. Guimarães, Marcelo Miranda. Trazendo
a igreja de volta às suas raízes bíblicas e judaicas. BH, ministério
Ensinando em Sião, 2ª Ed.2000. Stern, David H. Manifesto Judeu
Messiânico. Rio de Janeiro. Comunidade Emanuel, 1989. Wallis, Jim. O
Messias Judeu para os Judeus. São Paulo, Ed. Or Chadash

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Hoje com toda a sinceridade e honestidade, e com muito temor a


YHWH, declaro diante de todas as pessoas as seguintes colunas e
alicerces da verdadeira Congregação do Eterno iniciada em Abraão:

- Renunciamos a toda religião originária do Cristianismo Protestante


Pentecostal (todo tipo de Cristianismo paganizado);

- Rejeitamos todos os dogmas, doutrinas, festas pagãs, e nomes pagãos,


teologias, e principalmente o nome inventado pelos romanos na qual
defendia, o nome romano de JESUS CRISTO para Yeshua e JEOVÁ
para YHWH.

35
E todos os irmãos sinceros que cresceram no Cristianismo, eu aconselho
a estudar as escrituras com traduções fiéis baseadas nos originais
Hebraico, Aramaico e mesmo do Grego que não foram adulterados pelos
pais da Igreja e a teologia Cristã Universal;

- Eu e a minha casa servimos ao Criador YHWH e ao messias Yeshua;

- Estudamos a TORAH, o TANACH E A BRIT HADASHÁ, isto é,


toda a Bíblia, de dia e de noite, para que não sejamos enganados por
ensinos de homens e demónios;

- Jamais voltaremos as costas aos irmãos que estão no Cristianismo por


não conhecerem a verdade e não os julgo de forma alguma, pois da
mesma forma que eu achava que estava certo, pois acreditava que os
Líderes me ensinavam a verdade da palavra de YHWH e acredito que no
fundo eles também pensam que estão a ensinar o correto, não o fazendo
com dolo, mas sim por terem herdado uma herança paupérrima da fé
cristã.

A minha oração a todos, em nome de Yeshua HaMashiach, é para que


os irmãos sinceros, sejam neutros, não religiosos, não defensores do
denominacionalismo, que abram os seus olhos e deixem o Cristianismo
pagão Romano e as enganadores manifestações do falso “espírito santo”
e a coluna central da doutrina de Roma Papal, o falso messias Romano
Jesus Cristo, e o mais depressa possível, voltem-se para YHWH, através
de Yeshua HaMashiach, o verdadeiro Filho do Verdadeiro e Único Deus
Todo-Poderoso, YHWH.

36
LIÇÃO 6
CIRCUNCISÃO
(Sob uma perspectiva de análise da Bíblia como um todo)

Muito se tem escrito sobre a Circuncisão. Deve ser mantida nos dias de
hoje? É obrigatória apenas para os Judeus? A Circuncisão do coração
substitui a circuncisão na carne? Se a Lei deve ser observada por todos
os crentes, será que o preceito da circuncisão está excluído? Estas e outras
perguntas serão analisadas no estudo que se segue, como tal, veremos em
primeiro lugar em que consiste a circuncisão.

Circuncisão- É a ação ou efeito de cortar o prepúcio circularmente que


cobre a glande do órgão sexual masculino.

Na imagem acima, vemos os Egípcios, praticado a circuncisão. Tal ato,


tem sido observado em algumas múmias, mas não se sabe quando é
iniciada a prática e em que termos foi realizada. Diz-se que José, como
pessoa influente no Egipto, foi quem introduziu esta prática no Egipto.
Outros preferem a versão de Heródoto, segundo a qual, foi Abraão que
levou o costume dos egípcios. Em resposta a esta última afirmação, diz-
nos:

"Quanto ao testemunho de Heródoto, que chegou ao Egipto 15 séculos depois, e apesar


do seu grande aprendizado e pesquisa, tem escrito inúmeros absurdos, como tal, eu me
recuso absolutamente em colocar o discurso dele ao nível do de Moisés. O grande
fundador do Estado judeu, o legislador maior conhecido, nascido e criado no Egipto,
divulga fatos relacionados com a introdução da circuncisão na sua comunidade. Um
simples viajante estrangeiro e historiador, grego, vem muito mais tarde, e faz afirmações
que são parcialmente verdadeiras e parcialmente falsas, como mostra Josefo na sua
resposta a Apion, então, mais de 20 séculos depois de Heródoto, os cépticos torcer
verdades, e apontam teorias sem fundamento, para provar que Abraão não recebeu
uma circuncisão a mando de Deus (como escreve Moisés), mas que Abraão, adotou a
prática dos egípcios."

A Brit Milá (hebraico, "a aliança da circuncisão", é a circuncisão ritual


praticada pelo homem judeu no oitavo dia após o nascimento, como um
símbolo da aliança (Brit) entre YHWH e Abraão, em Gen. 17:1-14. A

37
Brit Milá é realizada no início da manhã do oitavo dia de vida de um bebé
do sexo masculino, e nem deve deixar de ser feito nem que o oitavo dia
calhe a um Sábado ou no Yom Kippur, o dia da Expiação. O dia mais
sagrado do calendário Judaico. É um preceito a ser cumprido pelo pai,
como Abraão fez com Isaque (Gen. 18:4) uma vez que um ano antes do
nascimento de Isaque, YHWH ordenou isso mesmo Abraão.

“Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a


Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê
perfeito. E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo: Quanto a mim,
eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações; E não se chamará mais o
teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te
tenho posto; E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de
ti; E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em
suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência
depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas
peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.
Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua
descendência depois de ti, nas suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis
entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será
circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança
entre mim e vós. O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas
gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não
for da tua descendência. Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o
comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança
perpétua. E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio, não estiver circuncidada,
aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança”. Gen. 17:1-14

“Então tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa, e a todos
os comprados por seu dinheiro, todo o homem entre os da casa de Abraão; e circuncidou
a carne do seu prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus falara com ele.

E era Abraão da idade de noventa e nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne
do seu prepúcio. E Ismael, seu filho, era da idade de treze anos, quando lhe foi
circuncidada a carne do seu prepúcio. Naquele mesmo dia foram circuncidados Abraão

38
e Ismael seu filho. E todos os homens da sua casa, os nascidos em casa, e os comprados
por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.” Gen. 17:23-27

Este pacto da circuncisão foi feito quando Abraão tinha noventa e nove
anos de idade. YHWH fez o pacto com Abraão e com a sua
descendência. Todos os homens da casa, incluindo os escravos, eram
obrigados a ser circuncidados, todos os que se recusaram a fazê-lo, seriam
extirpados do povo. Mais tarde YHWH disse que todo o estrangeiro que
quisesse comer a Páscoa (e, assim, juntar-se a Israel) deveria ser
circuncidado.

“Porém se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa ao


SENHOR, seja-lhe circuncidado todo o homem, e então chegará a celebrá-la, e será
como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela.” Ex. 12:48

“Uma mesma Torah para o natural e para o estrangeiro"

A circuncisão foi instituída como um selo ou sinal externo de justificação


que Abraão teve pela fé demonstrada. Esse foi um sinal físico da aliança
feita entre Abraão e YHWH. Os descendentes de Abraão, Isaque e Jacob,
deram continuidade ao pacto instituído.

Aparentemente, Moisés ignorou, ou esqueceu essa instrução, e YHWH


irou-se com ele, mas Zípora, esposa de Moisés, circuncidou ela mesmo
o filho de ambos, no lugar de Moisés.

“E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o SENHOR o encontrou, e o quis


matar. Então Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho,
e lançou-o a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinário. E desviou-se
dele. Então ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão.” Ex. 4:24-26

Sintetizando: A Circuncisão era um requisito obrigatório da Torah para


a descendência de Abraão "No oitavo dia [após o nascimento] se
circuncidará a carne do seu prepúcio." (Lev 12:2, 3.) Era tão importante
que se cumprisse esse mandato, do oitavo dia, que isso deveria ser feito
mesmo que o oitavo dia de vida da criança caísse a um sábado (João 7:22,
23). Alguns exemplos de pais que observavam a Torá e que

39
circuncidaram os seus filhos ao oitavo dia, foram os de João, o Batista,
os de Yeshua, e os de Paulo. (Luc. 1:59, 2:21, Filip.3:04, 5) A Torá
também exige que um estrangeiro seja circuncidado para lhe ser
permitido comer do cordeiro pascal. Hoje, não se exige que o gentio seja
circuncidado na carne para celebrar a Páscoa, pois não há templo em
Jerusalém para se fazer o sacrifício do cordeiro. (Ex. 12:43-48). A única
exigência é que o participante de Pêssach seja circuncidado no coração.

Por que a Circuncisão ao oitavo dia?

A Torah não explica o porquê, mas nem é necessário (Deut. 29:29), pois
YHWH sabe com certeza o propósito, e se assim o é, YHWH é que sabe.
YHWH é perfeito, e as suas instruções não são dadas ao acaso. (2 Sam.
22:31). No entanto, nos últimos anos, conheceram-se algumas das razões
físicas para que seja o oitavo dia o tempo apropriado para a circuncisão.
Não existe no sangue, até ao oitavo dia de quantidades suficientes do
componente que provocada a coagulação, ou seja, não existe “vitamina
K” em quantidades suficientes, visto que isso só acontece a partir do 5-7
dia após o nascimento. Além disso, um outro fator de coagulação
chamado “protrombina” existe apenas cerca de 30% dos valores
normais, ao terceiro dia de vida, enquanto ao oitavo dia, a proporção é
maior do que em qualquer outro tempo de vida da criança, chegando aos
110% em relação aos valores normais. Assim, há razões que apontam
para que a instrução do Senhor, está relacionada, com o evitar o risco de
hemorragia.

A respeito deste assunto o Dr. S. I. McMillen faz a seguinte afirmação:


“Depois de analisarmos a vitamina K, e a protrombina, chegamos à conclusão de que
o dia indicado para a prática da circuncisão é o oitavo dia de vida”.

No primeiro século parece ter-se tornado habitual dar o nome à criança


quando esta era circuncidada. (Luc. 1:59, 60, 2:21.)

Os israelitas não circuncidaram os machos recém-nascidos durante os


quarenta anos em que estiveram no deserto, de modo que, depois de
atravessarem o Jordão, Josué fez facas de pedra, e os circuncidou.
YHWH protegeu-os até que estes estivessem recuperados. (Josué 5:2-9).

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A influência grega começou a sentir-se no Médio-Oriente dois séculos
após o retorno dos judeus da Babilónia, e muitas pessoas deixaram de
praticar a circuncisão, incluindo Efraim que se dispersara. Mas Judá e
Benjamim, como tribos, mantiveram a Torah e, portanto, quando o rei
sírio Antíoco Epifânio proibiu a circuncisão, ele deparou-se com mães
judias que preferiram morrer em vez de privar os seus filhos do "sinal do
pacto" (Gen. 17:11).

Porém mais tarde, sob o seu governo, alguns judeus retornaram ao estado
de “incircuncisão” por receio da opressão. Como tal, com o auxílio de um
ferro, esticaram o restante de pele que ainda tinham, de modo a cobrir a
glande. Anos mais tarde, o imperador romano Adriano, deparou-se com
ele, quando proibiu os judeus de circuncidar os seus filhos.

Uso figurativo da “Circuncisão”

O termo "circuncisão" também é usado no sentido figurado. Por


exemplo, dizia-se que depois de plantar uma árvore na Terra Prometida
"por três anos, o seu fruto era incircunciso", o seu fruto é considerado
como o "prepúcio", logo não deveria ser comido. (Lev. 19:23)

Também Moisés diz a YHWH: "Também eu sou incircunciso de


lábios…” (Ex. 6:12, 30) O termo "incircunciso" é uma forma figurativa
de se referir com desprezo aqueles que não “tem onde cair mortos” (Ez.
32:18-32).

Embora a circuncisão física fosse realizada de acordo com a Torá,


YHWH mostrou repetidamente que realmente importava era o seu
significado simbólico, dizendo a Israel que "retirassem o prepúcio dos
seus corações” Então, o que Paulo falou nas suas epístolas, não era
novidade para Israel, porque Deut. 10:16 diz: “Circuncidai, pois, o
prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz.”

Entre outros textos:

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Eu também andei para com eles contrariamente, e os fiz entrar na terra dos seus
inimigos; se então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o
castigo da sua iniqüidade,” Lev. 26:41

“Ao Egito, e a Judá, e a Edom, e aos filhos de Amom, e a Moabe, e a todos os que
cortam os cantos do seu cabelo, que habitam no deserto; porque todas as nações são
incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.” Jer. 9:26

Assim, portanto, a "circuncisão do coração” significa mudar a nossa


forma de pensar, e procurar viver uma vida de santidade. Filtrar as
emoções e as palavras, de modo a não sermos imundos diante de
YHWH. Esta última é mais importante do que a circuncisão da carne,
que transparece para fora, ambas são circuncisões, mas não fazem parte
da mesma aliança.

Depois de YHWH mostrar que a porta de salvação estava aberta também


a gentios, e como tal poderiam juntar-se à congregação, houve uma
questão que foi levantada no célebre concílio de Jerusalém, em Atos 15,
em que supostamente os líderes religiosos afirmavam, que os novos
crentes, antes do batismo e da conversão, teriam que passar pelo
processo de circuncisão, e só depois poderiam ser considerados como
membros da congregação.

“Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E,


havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis
que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da
minha boca a palavra do evangelho, e cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes
deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós: E não fez
diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por
que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais
nem nós pudemos suportar?

Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.
Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão
grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios.
E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Homens irmãos, ouvi-me:
Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo

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para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito:
Depois disto voltarei, E reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, Levantá-
lo-ei das suas ruínas, E tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque
ao Senhor, E todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, Diz o Senhor,
que faz todas estas coisas, Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas
as suas obras. Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que
se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos,
da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos,
tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas. Então pareceu
bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-
los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas,
homens distintos entre os irmãos. E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os
apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em
Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde. Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre
nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que
deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento, pareceu-
nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos
amados Barnabé e Paulo, Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos
anunciarão também as mesmas coisas. Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e
a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos
abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da
prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.” Atos 15:6-
29

No regresso para Israel, estes, agora gentios após a dispersão de Efrahim,


teriam que observar quatro mandamentos imediatos, e depois iriam ter
tempo para aprender o resto da Torá, como nos mostra o vs. 21. Por que
é que era importante que eles observassem de imediato esses quatro
preceitos? Porque eram práticas comuns nas nações pagãs de onde eles
vieram, Nações idólatras, com práticas sexuais ilícitas, e em que se
consumia sangue, e faziam-se sacrifícios a ídolos. Era importante que
houvesse uma ruptura com essas práticas, de modo a serem aceites na
congregação, e começarem o seu processo de santificação. Eles não
podiam voltar a Israel, e continuar a seguir práticas que tinham aprendido
nas nações pagãs. Deveria esquecer os ídolos, voltar-se para YHWH, e
seguir a Torá.

43
Para entender corretamente esta passagem, devemos atentar para o
versículo 21 que mostra que os gentios, iriam aprender aos Sábados sobre
Moisés (Torah), e assim poderiam cumprir conforme iam aprendendo.

O Cristianismo, na sua tentativa de querer justificar a inutilidade da


Torah, usa sempre o texto de forma tendenciosa, e fora do contexto,
esquecendo por completo o vs. 21. Depois de começarem a observar
estes quatro mandamentos, Israel (naturais e enxertados) teria o dever de
guardar/observar a Torá, ou seja, andar segundo a instrução de YHWH.
Recorde-se que TORAH, significa literalmente “Instrução”.

Paulo circuncidou Timóteo pouco depois de deixar o Concílio de


Jerusalém, mas ele apenas o fez, para evitar que os Judeus “pegassem”
pelo facto de ele não ser circuncidado.

"E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo,
filho de uma judia que era crente, mas de pai grego; do qual davam bom testemunho
os irmãos que estavam em Listra e em Icônio. Paulo quis que este fosse com ele; e
tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque
todos sabiam que seu pai era grego." Atos 16:1-3

É demonstrado aqui que Paulo não era contra a circuncisão, ainda que
aqui só a tenha feito por conveniência das circunstâncias, uma vez que
Timóteo, apesar de ser judeu de nascimento, por parte da mãe, não estava
circuncidado, talvez porque o seu pai era grego. Mas Paulo não o fez
como requisito de salvação, mas sim para que os Judeus constatassem
que ele não falava contra a Torah, e como tal, demonstrava dessa forma,
que as Boas Novas que Paulo pregava, não eram contrárias à Torah de
YHWH, uma vez que era para isso que os Judeus atentavam. Além disso,
Timóteo estava pronto para tal, ele já era um membro destacado da sua
congregação, e certamente, não foi obrigado a circuncidar-se mesmo
sendo um líder da sua congregação. No entanto, Timóteo sendo
instruído na Torah, sabia que teria que seguir os mandamentos da Torah,
para não induzir os judeus em erro, que se convertiam a Israel por meio
do Messias. Por isso mesmo é que Paulo explica na sua carta aos
Coríntios: "E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que
estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo

44
da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para
com Deus, pois guardo a Torah de Yeshua), para ganhar os que estão sem lei." 1
Cor. 9:20-21

Aqui o texto aponta para os que estão "debaixo da lei". Isto significa
simplesmente "aqueles que se defendem como sendo cumpridores da lei,
para serem justificados”, ou seja, não aceitavam que eram salvos pela
graça e misericórdia de YHWH, e não entendiam que só seriam salvos,
por meio do sacrifício de Yeshua. Isto é, arrependerem-se das suas
transgressões, e aceitando Yeshua como o Messias.

Não devemos cumprir a Lei, para sermos salvos, mas sim, devido ao fato de estarmos
salvos, (pelo sacrifício de Yeshua) devemos cumprir a Lei.

Pois foi pelas nossas transgressões à Lei, que Yeshua derramou o seu
sangue. Cumprimos por estarmos salvos, (como sinal do nosso
arrependimento, e amor à instrução de YHWH), e não para ser salvos,
pois Yeshua já pagou a nossa dívida.

Paulo afirma uma vez, mas que guarda Torah e que a Torah é apoiada
pelo testemunho de Yeshua, o que mostra mais uma vez que Yeshua não
anulou a Torah nem a cravou no "madeiro". Já tinham passado vários
anos que desde que Yeshua tinha sido morto e ressuscitado. Teria Paulo
aqui perdido a oportunidade de dizer que a Torah tinha sido cravada no
madeiro?

O apóstolo aborda o tema da circuncisão em várias cartas, e em todas


elas, diz que tal ato NÃO É um requisito para se ser salvo, nem se deve
impor esse preceito aos novos crentes, como requisito prévio antes do
seu batismo.

"Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és


transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão
guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como
circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará
porventura a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não é judeu
o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é

45
judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra;
cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus." Rom. 2:25-29

O que entendemos destas palavras de Paulo? Vejamos:

Um verdadeiro Judeu (santo) tem o seu coração interiormente circunciso,


e os Israelitas que regressam, que ouviram o chamamento de Yeshua,
também o devem ter assim. Todos somos iguais em Israel, porque
YHWH não faz acepção de pessoas. Todos temos que ter o testemunho
do Messias e a instrução de YHWH (Torah) escrita nos nossos corações,
para agirmos de acordo com ela.

Mas vejamos outras abordagens de Paulo sobre o tema:

"E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e
particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse
ou não tivesse corrido em vão. Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego,
foi constrangido a circuncidar-se;" Gál. 2:2-3

Aqui os apóstolos e demais anciãos da Assembleia de Jerusalém não


forçaram Tito a submeter-se à circuncisão como um requisito
indispensável prévio à imersão (batismo) e salvação, e tampouco Paulo
dizia que a circuncisão não tinha importância. O que Paulo dizia, era que
Tito, sendo da diáspora de Efrahim gentio, não lhe era exigido como
requisito indispensável, para que fosse aceite, as exigências já nós as
abordámos em Atos 15. E já vimos que Paulo circuncidou Timóteo,
porque este já estava preparado para tal (coração circuncidado), e tinha
sido ensinado pela sua avó e sua mãe Eunice (2Tim. 1:5) nos caminhos
da Torah, e se submeteu ao sinal do pacto de Abraão por ser dessa forma
mais facilmente aceite nas comunidades judaicas zelosas da Torah.

"E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque,
antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois
que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.
E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se
deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e
direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se

46
tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a
viverem como judeus?" Gál. 2:11-14

Aqueles de quem Paulo fala, como judaizantes, eram os que praticavam


a heresia de Galácia, ou seja, os que exigiam uma imediata circuncisão e
só depois o batismo. Eles intitulavam-se "Senhores" e queriam que
Efrahim (que estava a regressar à Torah), se submetessem a eles como
seus subordinados. Eram os da seita dos fariseus, que se tinham
levantado no conselho de anciãos em Jerusalém e disseram: "É necessário
que sejam circuncidados e instruídos a guardar a lei de Moisés".

Outros textos surgem em Gálatas (NOTA: Parêntesis acrescentados para melhor compreensão):

"Eis que eu, Shaul, vos digo que, se vos deixardes circuncidar [segundo a exigência
dos homens], Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que
se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. [incluindo legalismos
humanos que também o próprio Yeshua censurou] Separados estais de Cristo, vós os
que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. [porque a salvação é pela graça, não
por sermos zelosos da lei] Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da
justiça. Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum;
mas sim a fé que opera pelo amor." Gál. 5:2-6

Como foi explicado anteriormente, não é requisito para a Salvação em


Yeshua. Essa foi a grande batalha de Paulo em quase toda a sua vida. Se
fosse dado ouvidos aqueles que exigiam a circuncisão como requisito
indispensável para a salvação, e o fizessem, teriam que guardar de
imediato toda a Torah. Porque a circuncisão é a marca externa dos que
pertencem a Israel. E se estás circuncidado e não guardas a Torah,
profanas o Nome Santo de YHWH.

Ninguém é salvo para a vida eterna por apoiar-se na Torah, de uma forma
legalista. A Torah não salva, Yeshua é o nosso salvador, e depois de vir
Yeshua, e de o aceitarmos, começamos a aprender e a obedecer a Torah,
então dessa forma somos purificados.

A circuncisão faz-se como um ato de obediência e amor a YHWH, à sua


Instrução (Torah) e Israel. O ato da fé vem em primeiro lugar. E isso

47
traduz-se no estar salvo pelo sangue de Yeshua, o Messias. Por isso, se te
apressas a fazer a circuncisão para ser salvo, isso não importa, antes pelo
contrário, será um tropeço porque terás que obedecer a toda a Torah sem
teres tido tempo de a conhecer ou de a ter aprendido.

"Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a
circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz do Mashiach.
Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que
vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-
me, a não ser na cruz de nosso Yeshua, pela qual o mundo está crucificado para mim
e eu para o mundo. Porque em Yeshua nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem
virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura." Gál. 6:12-15

Nem mesmo os Judeus circuncidados guardavam a Torah, pois davam


primazia às tradições rabínicas em detrimento do mandamento. Que
proveito tinham então em estar circuncidados? Nenhum, pois não
cumpriam a toráh devido à sua falta de amor.

Como vimos, a circuncisão não é requisito indispensável para a salvação


e o que importava acima de tudo era ser uma nova criatura, mediante a
conversão e arrependimento.

Paulo fala isso mesmo novamente, da verdadeira circuncisão na sua carta


aos Colossenses 2:11-12:

"No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo
do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no baptismo,
nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.

" Os que confiam em Yeshua, têm o seu coração circuncidado. O


primeiro passo, é o arrependimento dos nossos pecados, e já vimos várias
vezes que o pecado, é as transgressões à Torah de YHWH. E depois fazer
a nossa conversão mediante a imersão em água, como símbolo do
sepultamento do homem velho, e ressuscitar para a nova vida de fé. Aqui
não se fala de circuncisão física pois esta é uma sequência da obediência
à Torah, e não como esta estava a ser argumentada entre os fariseus:
"primeiro a circuncisão física". Assim percebemos que o importante é o

48
nosso coração, e não os sinais externos. Dessa forma percebemos melhor
o que Paulo quer dizer em Colossenses 3:10-11:

"E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem
daquele que o criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão,
bárbaro, cita, servo ou livre; mas Yeshua que é tudo em todos."

Não é requisito necessário de imediato aos que vêm das nações


gentílicas

Contudo, depois daquela decisão apostólica de Atos 15:11, em Atos 16:1-


3 lemos:

"E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo,
filho de uma judia que era crente, mas de pai grego; do qual davam bom testemunho
os irmãos que estavam em Listra e em Icônio. Paulo quis que este fosse com ele; e
tomando-o, o circuncidou…"

O próprio Paulo circuncidou Timóteo. Por que o fez? Para que Timóteo
fosse salvo? Para que Timóteo se tornasse judeu? Timóteo já era judeu,
visto que sua mãe era judia (ainda que o seu pai fosse grego). Então por
que Paulo circuncidou Timóteo? O texto é esclarecedor: "Paulo quis que
este fosse com ele…" numa viagem missionária e por causa dos judeus
que havia naqueles lugares.

Que lições aprendemos desta passagem?

1º- Timóteo não era circuncidado, mas era bem-visto pelos irmãos que
havia naquela comunidade (At. 16:2). Ou seja, Ele era um bom crente em
Yeshua, um judeu nazareno, judeu de nascimento e crente na fé.

2º- O texto afirma que Paulo o circuncidou "por causa dos judeus que
havia naqueles lugares" (v.3) Paulo iria dar testemunho do Messias entre
os judeus, e queria levar Timóteo consigo. Se ele levasse Timóteo sem
este estar circuncidado, os judeus não crentes em Yeshua, teriam ali um
motivo para se recusarem a ouvir o testemunho, uma vez que era um
incircunciso que lhes falava. Por isso, é notório, que Paulo o fez por

49
conveniência, para que os Judeus não tivessem motivos para se
recusarem a ouvi-los.

Então para que serve a circuncisão? Romanos 2:25 dá este


argumento:

"Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és


transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão."

A circuncisão serve para te identificar como descendente de Abraão e


filho da Aliança. Porque a circuncisão é o sinal físico da Aliança. Mas se
não cumpres a Lei da Aliança, então para nada te serve a circuncisão. O
ponto chave é este: Paulo faz uma clara distinção entre Lei e Circuncisão,
não é a mesma coisa! A Lei são os termos da aliança, e a circuncisão é o
sinal da Aliança. Não se deve confundir.

Como sabemos que YHWH fez essa distinção, e que isso não é apenas
um capricho de Paulo? Vejamos Gênesis 17:11: "E circuncidareis a carne do
vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós."

Uma coisa é a Aliança, e outra coisa é o Sinal; uma coisa é a Lei, e outra
é a Circuncisão. Não são a mesma coisa. A importância de isto veremos
mais adiante.

Paulo reforça isso mesmo ao dizer: "Se, pois, a incircuncisão guardar os


preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a
incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará porventura a ti, que
pela letra e circuncisão és transgressor da lei?" Rom. 2:26-27

Novamente, Paulo faz uma distinção entre a Lei, que é o código escrito
(letra), e a circuncisão. Notemos atentamente a passagem de Romanos
4:9-12: "Vem, pois, está bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também
sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.
Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na
circuncisão, mas na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da
fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando
eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada; "

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E aqui é onde Paulo faz a sua famosa e controversa afirmação:

"Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente


na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no
espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus." Rom. 2:28-
29

Vejamos também o cap. 3:30-31: "Visto que Deus é um só, que justifica pela
fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De
maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei."

De forma que, um homem pode não estar circuncidado e seguir a fé


verdadeira, como também o pode fazer se estiver. Não há diferença, e
um não é superior ao outro.

Paulo não estava sozinho nesta ideia

Muitos ignoram que Paulo, não foi o único Judeu que não exigia a
circuncisão dos novos convertidos. No judaísmo tradicional antigo,
houve judeus, incluindo rabinos, e missionários, que não exigiam a
circuncisão dos convertidos. Vejamos esta citação do livro "Judaísmo e
o dilema Cristão" do rabino Ben Zion Bokster pg. 168:

"Houve missionários judeus no mundo antigo que procuraram converter pessoas entre
os povos pagãos. Mas os seus esforços nem sempre passavam por converter pessoas
formalmente, mas sim chamar as pessoas apartar-se dos seus costumes pagãos de modo
a entrar na fé judaica. Os que estavam dispostos a isso, eram recebidos, preparados e
instruídos. Mas temos um exemplo, do missionário judeu, Ananias, que na realidade
dissuadiu o príncipe de Abilene de dar esse passo, quando este último ansiava
converter-se ao judaísmo. Ananias advertiu-o que deveria adorar a Deus primeiro,
sem se circuncidar, pois a adoração a YHWH era de muito mais importância que a
circuncisão. Dentro das próprias religiões nativas, era mais importante que as pessoas
deixassem a sua superstição, falsidade e paganismo, tornando-se dessa forma,
espiritualmente, como parte do povo judeu, ainda que tecnicamente falando, não
fizessem parte dele."

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Surpreendente? Este texto é de um judeu rabino tradicional, uma
verdadeira joia. E foi exatamente isso que Paulo defendeu, o fariseu dos
fariseus.

Significado da Circuncisão, sob a fé no Messias.

Paulo diz-nos claramente qual é o significado da circuncisão na fé de


Yeshua: "É alguém chamado, estando circuncidado? Fique circuncidado. É alguém
chamado estando incircuncidado? Não se circuncide. A circuncisão é nada e a
incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus". 1 Cor.
7:18-19

É feita novamente uma distinção entre a circuncisão (sinal) e a


observação da Lei Divina. Certamente, tudo aponta para que as pessoas
podem observar os mandamentos divinos, e ser abençoado por isso, sem
estar circuncidado. Notemos o que o Espírito de YHWH nos ensinou
através de Paulo: "Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar,
Yeshua de nada vos aproveitará. (…) Porque em Yeshua nem a circuncisão nem a
incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor." Gál. 5:2-6

Nos vs. 4 e 5, que foram citados, Paulo claramente mostra que se dirige
aqueles que procuram justificar-se com base na Lei. Vejamos: "Todos os
que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos,
somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Yeshua. Porque nem ainda
esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para
se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser no sacrifício
do Mashiach, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Porque
em Yeshua nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser
uma nova criatura". Gál. 6:12-15.

Nada poderia ser mais explícito, do que aquilo que é dito por Paulo, o
apóstolo dos gentios.

Somos Gentios?

Alguns defendem, que o que os identifica como gentios, é o fato de não


estarem circuncidados, e o que identifica os judeus, é o facto de estarem.

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Este argumento não convence, porque as mulheres judias não se
circuncidam, e são tão judias como os homens. Mesmo assim, quando
aos homens, há algo mais a dizer: a passagem de Efésios 2:11-13 é muito
importante. Paulo diz em primeiro lugar, que os crentes no Messias que
estavam em Éfeso, antes "eram gentios" "estavam sem o Messias" e "estavam
longe [das terras de Israel]".

O vs. 19 concluí que "já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos
dos santos, e da família de YHWH". Essa família é obviamente Israel, na
qual são enxertados os gentios que se convertem, quando aceitam o
Messias, mesmo não estando circuncidados. De forma que, segundo o
Espírito de Santidade que inspirou Paulo, o fato de estarem
circuncidados, não os torna mais judeus, nem o fato de não estarem, os
faz menos judeus. É evidente, que o que torna uma pessoa como parte
da comunidade de YHWH, é a condição do coração "interiormente".

Paulo teve que lutar muito contra os "judaizantes" que defendiam a falsa
doutrina da circuncisão como meio de salvação, e uma vez mais,
vemos Paulo a defender a verdade da Torah e não os seus legalismos, na
sua carta aos Filipenses: "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guardai-vos da circuncisão [dos legalismos impostos]; Porque a circuncisão somos
nós, que servimos a YHWH em espírito, e nos gloriamos em Yeshua, e não confiamos
na carne. Ainda que também pudesse confiar na carne; se algum outro cuida que pode
confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel,
da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; segundo o zelo,
perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para
mim era ganho reputei-o perda por Yeshua. E, na verdade, tenho também por perda
todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Yeshua HaMashiach, meu Senhor;
pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que
possa ganhar a Yeshua, E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da
lei, mas a que vem pela fé em Yeshua, a saber, a justiça que vem de YHWH pela
fé;" Filip. 3:2-9

Paulo chama de maus obreiros, aqueles que exigiam que os novos crentes
se circuncidassem antes de entrarem na comunidade de Israel. Esta é uma
expressão "depreciativa" e nada boa. Também afirma que os verdadeiros
circuncisos são os que Adoram a YHWH em "espírito e em verdade".

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Paulo não está a negar a Circuncisão ou o sinal do Pacto, antes
defende, que para estar diante do Pai YHWH não devemos agarrar-nos
à circuncisão ou à Lei, mas sim a YESHUA. Depois de nos agarrarmos
a Yeshua, então devemos observar a Torah. Primeiro fazemos a
conversão e a imersão, e depois poderemos e devemos observar a Torah.
O estudo da Torah, e a consequente observação da instrução contida na
Torah, evitará que nos desviemos novamente. Está claro que não é a
observação da Torah que nos levará à salvação, pois se tivermos a Torah,
mas não tivermos a fé em Yeshua, de nada nos servirá a Torah. Por isso
é dito na carta aos Coríntios 7:19: "A circuncisão não é nada, [sem a
conversão em Yeshua], e a incircuncisão nada é [sem a conversão em
Yeshua], mas sim a observância dos mandamentos de YHWH."

A outra Circuncisão

Muitos não captaram o sentido completo da passagem que vou citar


agora. Leiamos com discernimento: "No qual também estais circuncidados com
a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão
de Cristo; Sepultados com ele no baptismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder
de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos". Col. 2:11-12

Existem três pontos importantes nesta passagem:

1- A circuncisão que YHWH requer dos crentes, é uma circuncisão


espiritual, no coração.
2- Esta circuncisão simbólica, que recebem os crentes, é a circuncisão do
Messias, que é imputada ao crente.
3- Esta circuncisão espiritual, é recebida quando nos arrependemos, e
somos imergidos na água (do batismo), mas nada nos diz que substitui a
circuncisão física.

O Espírito de Santidade ensina-nos que desde os tempos de Abraão, a


circuncisão física do prepúcio era um sinal externo da circuncisão
espiritual do coração. E o mais importante é que nos ensina também que
deste a instauração da Nova Aliança, a imersão (o batismo) é o sinal
externo da circuncisão espiritual em Yeshua, que indica que a circuncisão

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do Messias, é feita e nós mediante o nosso arrependimento e imersão na
água.

Contudo, a imersão em nome de Yeshua, não é uma substituição da


circuncisão física como sinal da aliança. São duas coisas completamente
distintas. Uma é física e a outra, de maior valor, a espiritual, como sinal
externo da Torah gravada nos nossos corações. E foi essa circuncisão
espiritual que receberam os novos crentes, no momento do seu batismo.

Por isso, a imersão na água, é tão importante para o crente. Além disso,
é algo que tanto pode ser recebido por homens, como por mulheres.

Contudo, de forma alguma, afirmamos que a circuncisão física não deve


ser feita. Nunca aqui foi dito isso. Trata-se simplesmente de uma decisão
muito pessoal, sobre a base do amor aos mandamentos da TORAH.

Outras passagens para reflexão são At. 21:18-26; Gál. 2:1-5; Col. 4:11;
Tito 1:10; Jeremias 9:34; Ez. 44:9 e Deut. 10:16.

De forma que, é possível, e com respaldo bíblico, que os crentes


pratiquem a fé de Abraão, sem ter que se circuncidar. Esta é uma posição
razoável e com base bíblica. Mas quem prefere circuncidar-se, que o faça,
desde que não o faça para salvação, nem se aparte do Messias Yeshua.

Contudo, os irmãos que o façam, devem estar conscientes do que vão


fazer: Circuncidado ou não, os judeus tradicionais não os aceitarão se
crêem em Yeshua.

Conclusão:

Os novos crentes, seguidores de Yeshua, não têm que decidir


circuncidar-se no momento da sua conversão nem tem necessariamente
que se reunir com os judeus tradicionais para o fazer. Porque lhes foi
imputada a circuncisão pelo Messias, aquando do batismo. Se desejam
circuncidar-se na carne, nada é impeditivo, mas primeiro é importante ter
fé, e ver a circuncisão como uma manifestação de amor pelas instruções
de YHWH, e não como um meio de obter a salvação. Apenas como um

55
sinal do Pacto que YHWH fez com Abraão e com a sua descendência
(pois também nós somos Israel). BARUCH HASHEM.

56
LIÇÃO 7
A TORÁ ESTÁ ABOLIDA?

“À Torá e ao Testemunho, se não falarem segundo esta Palavra, é


porque não há luz neles” (Isaías 8:20)

No estudo que publicámos recentemente, intitulado “Quem é Israel”;


abordámos superficialmente quem é que faz parte do Povo de Israel. Ser
parte de Israel é crer que o Messias Yeshua, foi quem ensinou e viveu a
Fé de Abraão na sua forma mais pura; e que esta Fé, é simplesmente a
Torá e as Promessas dadas a Abraão, revividas por intermédio de Moisés,
e preservadas pela tribo de Judá.

Como está Escrito em Romanos 2:28-29,

2:28 “Pois não é judeu aquele que o é exteriormente


2:29, mas sim aquele que o é no coração.”

Isto é, não é necessário que se nasça como um descendente físico de uma


das doze tribos de Israel que retornaram a Judá, para ser “judeu”, ou
nascer dentro de Judá para o ser. Tudo o que se tem que fazer para ser
Israelita é crer e praticar a Fé de Abraão, preservada por intermédio de
Judá, que Yeshua, os Apóstolos e os anciãos da antiguidade ensinaram.

A Fé que Yeshua e os Apóstolos ensinaram foi simplesmente a Fé de


Abraão, restaurada por meio de Moisés, e preservada pela tribo de Judá.

E como está Escrito em Gálatas 3:26-29,

3:26 Porque todos sois filhos de YHWH pela fé no Messias Yeshua.


3:27 Porque todos quantos fostes batizados, no Messias já vos revestistes do Messias.
3:29 E, se sois do Messias, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme
a promessa.

Então crendo no Messias, tornamo-nos descendentes de Abraão e


herdeiros conforme a promessa. A promessa é a que se transcreve abaixo,
e que está em Génesis 17:4-8:

57
17:4 Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
17:5 E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque
por pai de muitas nações te tenho posto;
17:6 E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
17:7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti
em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Elohim e à
tua descendência depois de ti.
17:8 E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações,
toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Elohim.

Logo, se nós estamos revestidos com o Messias, então somos semente


de Abraão e herdeiros conforme a promessa.

Essa promessa é que YHWH será o nosso Elohim (Deus) para toda a
Eternidade, que possuiremos a terra de Canaã e que através de Abraão e
a Semente (singular), todas as nações serão benditas.

A bênção chega-nos através da obediência à Torá de YHWH, e através


da Remissão dos pecados pelo Testemunho de Yeshua, o Seu Filho.

A possessão Eterna de Canaã é para a nação de Israel; e a semente de


Abraão é chamada Israel.

As Sagradas Escrituras dizem-nos que se estamos revestidos de Yeshua,


o Messias Judeu de Israel, então também somos parte da semente de
Abraão, e herdeiro da nação de Israel.

São as pessoas das nações que crêem em Yeshua, que foram enxertadas
na Oliveira cultivada, cuja raiz é Yeshua, e que Abraão, Isaque e Jacob
são o tronco, e por sua vez, as doze tribos de Israel são os ramos.

A bandeira que o Todo-Poderoso deu ao Seu povo para que governe o


Seu Reino de Israel é a Torá. Muitos dizem que a Torá está abolida,
iremos falar sobre isso adiante, mas vemos que a respeito de Abraão, está
escrito em Génesis 17:1-2:
17:1 Anda diante de Mim e sê perfeito

58
17:2 E estabelecerei o Meu Pacto entre mim e ti…

E em Génesis 26:3-5 YHWH diz a Isaque:

26:3 Peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua


descendência darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a
Abraão teu pai;

26:4 E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua
descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;

26:5 Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus
preceitos, os meus estatutos [Tempos Assinalados], e as minhas leis.

Ele está Escrito relativamente a Zacarias e Isabel, os pais de João, o


Batista, em Lucas 1:6:

5:6 E eram ambos justos perante YHWH, andando sem repreensão em todos os
mandamentos e preceitos de YHWH.

Tal como Zacarias e Isabel, também Yosef (José) e Myriam (Maria), os


pais de Yeshua, também circuncidaram o seu filho ao oitavo dia, de
acordo com o pacto feito com Abraão; e Myriam ofereceu sacrifícios pelo
seu primogénito, e observou o período de purificação Ordenado por
YHWH na Torá.

Vemos também Yeshua em criança, juntamente com os seus pais a


observarem a festa de Pêssach (Páscoa), como está escrito em Lucas 2:41.

Também vemos Yeshua após ter estado, 40 dias no deserto, a vencer a


tentação apoiando-se nos Mandamentos da Torá. As três vezes em que
venceu a tentação através da Torá estão citadas abaixo, como lemos
em Lucas 4:1-13:

- Nem só de pão viverá o homem (preceito da Torá que consta


em Deuteronômio 8:3);

59
- A YHWH teu Elohim temerás, e só a Ele servirás (preceito da Torá que
consta em Deuteronômio 6:13);

- Não tentarás a YHWH teu Elohim (preceito da Torá que consta


em Deuteronômio 6:16).

Em Lucas 5:14, Yeshua ordena ao Leproso que acabara de sarar, que


fosse fazer as ofertas pela sua purificação conforme está prescrito da
Torá.

No Sermão do Monte, Yeshua declarou que não veio abolir a Torá, mas
sim cumpri-la (planificá-la).

Yeshua então declara que qualquer pessoa que quebrar o menor


Mandamento e assim ensinar aos outros, será chamado o menor no
Reino de YHWH.

O que será então daqueles que quebram os maiores Mandamentos e


assim incentivam outros a fazer o mesmo? Esses serão lançados nas
trevas onde haverá pranto e ranger de dentes.

Esses serão expulsos da Festa da Boda, porque mesmo que confessam a


Yeshua como o seu Messias, eles não vestiram as Suas vestes de Justiça
(o cumprimento da Torá do Eterno e de uma vida centrada em YHWH),
exigidas por meio da Fé e da obediência, e preferiram vestir as suas
próprias roupas (as da desobediência, e do egocentrismo).

São esses que lhe dirão nesse dia: “Mestre, Mestre, não profetizámos em teu
Nome, e em teu Nome não expulsámos demónios e realizámos milagres?”
E Ele lhes dirá “Não vos conheço, apartai-vos de mim vocês que praticam a
iniquidade” (violação da Torá) Mateus 7:21-23.

A iniquidade é um pecado voluntário, e o pecado é a transgressão da Torá


(a “Lei” de YHWH). Logo, Ele lhes dirá “Não vos conheço, apartai-vos de mim
vocês que violam a Torá voluntariamente”.

O Sermão do Monte é interessante, porque Ele começa por dizer:

60
1. Não veio abolir a Torá e que
2. Nem um Yud ou um traço serão removidos da Torá até que os céus e
a terra passem;
3. E para declarar que qualquer que viole o menor dos Mandamentos da
Torá e assim ensinar aos outros, será chamado o menor do Reino de
YHWH.

Então, Ele termina o Sermão três capítulos depois declarando “Nunca vos
conheci, apartai-vos de Mim” às pessoas que professam ser crentes, mas que
a sua confissão não está conjugada com a obediência à Torá.

E o que foi que Yeshua ensinou nesses três capítulos entre a Declaração
de abertura e a declaração final? Ele ensinou os Mandamentos da Torá!

Ele ensinou de forma direta desde Êxodo 20:13-14; 21:14; Levítico 19:18;
24:20; Deuteronômio 5:17-18; 19:21 e 24:1.

E ensinou vários Mandamentos baseados diretamente nos princípios


ensinados na Torá.

Em Mateus 23:2-3 Yeshua disse:

23:2 “Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.


23:3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as…”

E para aqueles entre os leitores, que crêem que a Fé é incompatível com


a observação da Torá, Yeshua disse em Mateus 23:23,

23:23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro
e o cominho, e desprezais o mais importante da Torá, o juízo, a misericórdia e
a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.

Este é um ponto fundamental que muitos certamente ignoram – a Torá


ensina sobre a Fé.
E então Yeshua continua a dizer, depois da Sua ressurreição em Mateus
28:19-20:
28:20 “Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado”.

61
O que é que Ele nos ensinou? Ele ensinou a Torá, e ordena que guardem
todas as coisas que Ele lhes tinha ensinado, e que o ensinem às pessoas
das nações (os gentios) para que fizessem o mesmo.

Eles guardavam as Festas e outros Tempos Assinalados. Eles


observavam o Sábado, iam às Sinagogas e ensinavam e estudavam a Torá.

Eles obedeciam aos Mandamentos de YHWH, os Seus Estatutos e os


Seus Juízos – da mesma forma que Abraão o fez, e do mesmo modo que
Moisés também o fez. Como também o fizeram milhares de crentes na
Torá e nas Promessas dadas a Abraão, antes da vinda de Yeshua.

De igual modo, o que fizeram os Apóstolos após Yeshua ascender aos


céus, após a Ressurreição? Eles foram celebrar Shavuot, que é chamada a
Festa das Semanas, ou também Pentecostes pelos “cristãos”.

Seria de facto estranho eles estarem a fazer isso, se a Torá tivesse sido
abolida na morte de Yeshua. E ainda mais estranho que eles tivessem
sido abençoados com o Batismo do Espírito Santo naquele dia, se tudo
aquilo tivesse sido abolido.
Mas eles estavam a celebrá-lo, mesmo antes de saberem que naquele dia
iria ser derramado o Espírito de Santidade. Eles saberiam que isso haveria
de acontecer, mas não que seria naquele dia, contudo, estavam reunidos
naquele lugar, em Santa Convocação, conforme o Mandamento
de Levítico 23:21.

Como está escrito em Atos 2:1-4:

2:1 E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo


lugar;

2:2 E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu
toda a casa em que estavam assentados.

2:3 E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram
sobre cada um deles.

62
2:4 E todos foram cheios do Espírito Santo…”

E o que foi que eles ensinaram após esta experiência? Que a Torá estava
abolida contrariamente aquilo que Yeshua ensinou? E de forma contrária
às bênçãos do Espírito de Santidade que acabaram de receber visto que
observavam a Festa prescrita pela Torá, que supostamente foi abolida?
Não faz o menor sentido. Em Atos 2:38-39:

2:38 Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome do Messias Yeshua,


para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;

2:39 Porque a Promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão
longe…”

Qual Promessa? A “Promessa” dada a Abraão. E arrepender-se do quê?


Do pecado da violação da Torá, pois, o pecado é a violação da Torá (1
João 3:4) e foi devido a esse pecado, que Yeshua teve que se sacrificar
para fazer expiação por todo aquele que se arrepende e retorna ao
caminho do Eterno, tal qual o filho pródigo.

Também em Atos 3:1, os Apóstolos foram ao Templo durante a hora da


oração. E o que foi que ensinaram? A “abandonar a lei de Moisés?” sobre
a qual toda a nação de Israel e governo está fundado? Isso seria
equivalente a pedir a um cidadão português que se apartasse da
Constituição da República Portuguesa.

De facto, não foi isso que aconteceu. Eles ensinaram sim, a que se
arrependessem e convertessem para que os seus pecados pudessem ser
apagados (Atos 3:19).

Ora, todos os que conhecem a história Bíblica, certamente saberão que a


congregação/igreja primitiva foi constituída unicamente por Judeus e
prosélitos na Fé; o que significa que todos eles eram obedientes à Torá.

Ou seja, todos eles obedeciam à “Lei de YHWH”. Da mesma forma que


as pessoas em Portugal obedecem às leis Portuguesas; e também como
os residentes em Espanha obedecem às leis Espanholas; etc.

63
O mesmo acontecia com a assembleia primitiva, que era constituída por
aqueles que obedeciam aos preceitos do Eterno; dados a Abraão,
restaurados através de Moisés (porque o povo se esquecera deles após o
cativeiro no Egipto), e preservados através do Reino do Sul de Judá.

E porque a Torá foi, é, e sempre será a Lei Divina ordenada à nação de


Israel, quando se é uma noiva fiel, falar contra a Torá é falar contra Israel,
e contra o Todo-Poderoso que a ordenou.

Como está Escrito em Isaías 2:2-4, a Torá de YHWH sairá de Sião e a


Palavra de YHWH de Jerusalém.

Sim. Os crentes da assembleia/congregação/igreja primitiva foram todos


obedientes à Torá, porque todos eles eram obedientes à lei da nação de
Israel. A Constituição que foi e sempre será, a Torá sobre a qual foi
fundada a nação de Israel.

Ou seja, quem ensinar que a Lei de YHWH sobre a qual a Santa Nação
de Israel fundada pelo próprio YHWH, foi, ou que de alguma forma está
“abolida”, seria o mesmo que ensinar que a nação de Israel e YHWH que
a fundou, e as Promessas que Ele fez a Abraão, foram todos de certa
forma abolidos. Porque uma é Autoridade Divina e expressão da outra.

Antes de avançarmos, é necessário compreender um ponto – a nação de


Israel era uma nação religiosa, com um governo religioso, cuja existência
e autoridade derivam de forma direta do próprio YHWH, através da Torá
e das Promessas dadas a Abraão, restauradas através de Moisés e
preservadas pelo Reino do Sul de Judá.

Quando Yeshua foi crucificado, foi pelo facto de se declarar a si mesmo


como o Messias – e o Rei dos Judeus, o que significa que Ele é o Rei de
Israel por intermédio do governo de Judá.

Quando nós somos um com o Messias, somos um com o líder Real de


Israel. Se nós adoptados como manual de vida a Torá que foi dada por
YHWH para que fosse a Lei da Terra, convertemo-nos num seguidor de

64
Yeshua que foi, e é um Judeu obediente à Torá, e Rei de todos aqueles
que praticam a mesma Fé através da qual Ele viveu e ensinou.

As Sagradas Escrituras declaram que Yeshua nos deu o exemplo para que
nós andássemos como Ele andou. 1ª João 2:4-6.

Não podemos querer ser um com o Messias, se adoptados uma conduta


contrária aquela que a Torá e nos ensina. Yeshua é de facto a Torá em
carne, a Torá Viva, não da letra, mas do Espírito.

É totalmente irracional, dizer que se crê no Messias e considerar-se


apartado de Israel, como um gentio que não obedece à Torá.
Pois se de facto é-se crente, então foi enxertado em Israel, e como tal
está sujeito à “Lei” Divina – sujeito à Torá Divina do Rei de Israel,
ordenada por YHWH como sendo a Constituição da nação de Israel.

Não podemos pensar numa única religião sobre a terra que ensina
exatamente o oposto daquilo que foi instituído pelo próprio YHWH.

Os budistas ensinam os ensinamentos de buda; os muçulmanos os


ensinamentos de Maomé; os hindus os ensinamentos do hinduísmo etc.
mas quando se chega à teologia da moderna “igreja”, a doutrina é tudo
menos aquela que Yeshua ensinou.

Yeshua ensinou que nem sequer o menor detalhe seria removido da Torá
até que os céus e a terra passem. E Ele, de igual modo, declarou que os
céus e a terra passarão, mas que a Sua Palavra não passará.

Mas a “igreja” ensina que tudo isso foi abolido na cruz, e que os Seus
ensinamentos se aplicam apenas aos Judeus – não aos “cristãos” que
professam ser seguidores dos seus ensinamentos.

Yeshua ia às Sinagogas no Dia de Sábado, mas a “igreja” vai as igrejas ao


Domingo, como faziam os adoradores pagãos do sol.

Yeshua guardou Pêssach/Páscoa, mas a “igreja” celebra Ishtar com os


seus ovos e os coelhinhos. Nota: Ishtar é uma divindade pagã feminina,

65
cujo nome deu origem ao nome de uma Festa Católica camuflada de
Páscoa Cristã (a chamada semana santa), em inglês: Easter (de Ishtar).

Yeshua celebrou Pêssach e a Festa dos Pães Asmos, mas a “igreja” não
celebra nenhuma das Festas Santas e apartadas ordenadas por YHWH
nas Sagradas Escrituras.

Yeshua Guardou Sukkot (Festa das Cabanas/Tabernáculos) mas eles


guardam o Dia das Bruxas, o dia dos Finados, o Natal, a Festa de Ano
Novo e o Carnaval, todas festividades que têm origem em práticas pagãs
e culto a demónios, mas que eles insistem em chamar de “santas”,
misturando o sagrado com o profano.

Yeshua disse “não peques mais”, mas eles dizem “estamos debaixo da ‘graça’
não debaixo da Lei”, e por consequência, o arrependimento converte-se
mais numa opção do que num Mandamento.

Yeshua disse que devemos obedecer à Torá dada através de Moisés, mas
a “igreja” obedece às traduções humanas em vez de obedecer à Torá e
chama a isso de obediência.

A teologia moderna de facto ensina exatamente o oposto a tudo aquilo


que Yeshua ensinou. Duvidam? Então leiam os seus ensinamentos por
vocês mesmo. Existem algumas versões Bíblicas que transcrevem as
palavras de Yeshua a uma cor diferente, para se diferenciar do restante
texto. Examinem essas Palavras. Verão que tudo aquilo que Ele ensinou
está em perfeita harmonia com a Torá e vem diretamente da Torá.

Não é de surpreender, pois foi o próprio Yeshua que deu a Torá a Moisés,
na qualidade de Verbo de YHWH, visto que foi Yeshua quem falou
sempre e agiu em Nome do Pai, o Todo-Poderoso. Constatamos então
que Yeshua não muda como nos diz a Palavra, e que a sua Palavra é a
mesma, seja como Proclamador, seja como Executante.

Existe apenas um Criador, um só universo, uma nação, um povo, e todos


são governados por uma Lei – uma bandeira. E essa bandeira é a Torá,
que veio diretamente de YHWH. E os Seus filhos ouvem a Sua Voz.

66
Em Atos 5:25-42, os Apóstolos ensinaram no Templo em Nome de
Yeshua, e foram expulsos do Templo por ensinar em Seu Nome – não
por ensinarem que a Torá tinha sido abolida. Eles ensinaram que aquele
que eles tinham crucificado era o Messias e que Ele veio para levar
ao arrependimento e Remissão dos pecados ao povo de Israel.

Frisamos uma vez mais, para remissão dos pecados do povo de Israel
(naturais e enxertados).

Não veio para os gentios que continuaram no paganismo. Não veio para
aqueles que cristianizam o paganismo em nome de “Jesus Cristo”, mas
veio na verdade para levar ao arrependimento e Remissão dos pecados
da Oliveira cultivada que é Israel.

“À Torá e ao Testemunho, se não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz
neles” (Isaías 8:16-20).

Ser um “crente” significa tornar-se um com o Messias, e por


consequência, um com Israel.

Cada um de nós é um potencial membro do Corpo do Messias, que é a


Cabeça do Corpo de Israel.

Ao longo do livro de Atos, vemos claramente que eles, como crentes em


Yeshua, iam às Sinagogas a cada Shabbat (Sábado).

Qual é a função principal das Sinagogas? Exaltar o Nome de YHWH e


estudar os Seus Mandamentos. Como lemos em Eclesiastes 12:13-14:
12:13 De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a YHWH, e guarda os
Seus Mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.

12:14 Porque YHWH há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está
encoberto, quer seja bom, quer seja mau.

Era isso que acontecia nas Sinagogas, ensinava-se a temer a YHWH e a


obedecer aos Seus Mandamentos.

67
Mesmo após a visão de Pedro [na qual YHWH mostrou a Pedro que
deveria ter comunhão com os crentes incircuncisos que ainda não se
tinham convertido oficialmente], este continuou a frequentar as
Sinagogas, como podemos ler em Atos 13:5 e 13:14:
13:5 “E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de YHWH nas sinagogas
dos judeus; e tinham também a João como cooperador.”

13:14 “E eles, saindo de Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na


sinagoga, num dia de sábado, assentaram-se;”

Em quantas igrejas que afirmam ter a Bíblia como sua única regra de fé,
se ensinam hoje os Mandamentos de YHWH?

Tenhamos em atenção, que tudo isto aconteceu depois da Ressurreição,


e depois da visão de Pedro, oito anos após a Ressurreição, e que o
Shabbat estava a ser observado.

E onde estavam estes gentios incircuncisos da cidade de Antioquia quase


uma década depois da ressurreiçã0, quando os Apóstolos lá
chegaram? Estavam nas Sinagogas, no Dia de Shabbat.

Então por que razão os Apóstolos e estes gentios incircuncisos iam às


Sinagogas e porque razão guardavam o Sábado se tudo isso tinha sido
abolido (conforme o pensamento generalizado cristão)?

As pessoas gostam de citar a visão de Pedro, para dizer que é correto


comermos de tudo. A interpretação da visão é feita de forma explícita
em Atos 10:28 onde está escrito,

10:28 “E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se
ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame
comum ou imundo.”

Atos 11:1-18, repete esta explicação da visão.

Também em Atos 10:14, Pedro, depois de ter visto o lençol das coisas
imundas, e depois de ter sido ordenado a matar e a comer, disse:

68
10:14, Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma
comum e imunda.

Sem dúvida que esta declaração feita oito anos após a ressurreição, seria
no mínimo estranha, se assumíssemos que a Lei Divina dada a Israel teria
sido “cravada na cruz”.

Mais estranho ainda, que esta declaração tenha sido feita por um dos
“doze”, escolhido entre milhões de pessoas sobre a terra para representar
o Seu Nome e Ensinamentos.

Mas esta declaração não tem nada de estranha, pois Pedro, mesmo após
o sacrifício de Yeshua, continuava a respeitar as leis alimentares, pois nem
estas, nem qualquer outra lei dada pelo Eterno, tinham sido cravadas na
cruz, como o grosso do cristianismo insiste em afirmar.

O que foi cravado na cruz, como já dissemos em estudos anteriores, foi


a cédula que falava contra nós. Que cédula era essa? A que continha a
lista das nossas transgressões, logo que é cravado na cruz, são os nossos
pecados, a partir do momento em que nos arrependemos.

Essa é a única razão, pela qual Pedro faz essa declaração. Porque a Torá
não foi cravada na cruz.

Isso acontece, porque em Atos 10:28, oito anos após a Ressurreição,


Pedro cita a Torá; dizendo que é ilícito para alguém que pratica a Fé, ter
comunhão com alguém de outra nação.

O ponto de comunhão, da mesma forma, traz à mente Atos 15:14-21,


onde aos novos gentios incircuncisos, é exigido que obedeçam a quatro
leis básicas da Torá antes que a sua confissão e Batismo na Fé possa ser
aceite e validado.

Quatro Mandamentos críticos da Torá, deveriam ser respeitados, antes


que a comunhão pudesse ser estabelecida com eles. E estes
Mandamentos da Torá são:

69
1-Não adorar ídolos;
2-Não comer nada sufocado/oferecido a ídolos;
3-Não comer sangue;
4-Não praticar relações sexuais ilícitas.

Todos estes Mandamentos procedem diretamente da Torá, e todos estes


quatro Mandamentos estão declarados diretamente em oposição às
práticas inerentes aos rituais pagãos que os novos crentes estavam
obrigados a abandonar, pois essas eram práticas comuns que grassavam
entre os gentios.

Ou seja, para serem aceites na congregação, era urgente que abandonasse


essas práticas pagãs, e os restantes mandamentos da Torá, aprenderiam
ao longo do tempo à medida que iam frequentando as Sinagogas (vs. 21).

É incrível como o vs. 20 de Atos 15 é isolado, para fundamentar a


doutrina cristã de que essas são as únicas leis que devem ser observadas
pelos gentios, e que o vs. 21 seja totalmente ignorado.

Esses quatro preceitos básicos deveriam ser observados de imediato, para


demonstrar o compromisso destes novos crentes, em servir a YHWH –
unicamente ao Elohim de Israel – e não servir a nenhum outro que não
Ele.

Ou seja, era lhes exigido que mostrassem frutos de arrependimento. E se


eles demonstravam esses quatro sacrifícios de obediência, então isso seria
numa primeira fase suficiente para validar como sincera a sua confissão
de Fé de Yeshua; e como já vimos que consta em Atos 15:21, eles
poderiam aprender todos os Mandamentos da Torá nas Sinagogas a cada
Shabbat, à medida que cresciam e amadureciam no Messias.

Esse é o processo de santificação, a cada dia aproximarmo-nos mais do


Eterno atentando para os seus Mandamentos, e sem esse processo de
santificação que se segue após o Baptismo de arrependimento, ninguém
irá ver a YHWH.

70
Concluímos, portanto, que a Torá, claramente não é ensinada em
nenhuma parte das Escrituras, como estando abolida.

Apresentaremos seguidamente, mais provas de como os crentes, mesmo


gentios obedeciam à Torá:

Atos 16:1-3, Paulo circuncida Timóteo, que era gentio. Teria Paulo
amaldiçoado Timóteo? Claro que não, mas essa exposição ficará para um
estudo posterior.

Em Atos 18:1-4, Paulo discutia nas Sinagogas a cada Shabbat, para


persuadir os judeus e gregos que Yeshua era o Messias.

Estas coisas sucederam cerca de 12 anos após a ressurreição, e


aproximadamente 4 anos após a visão de Pedro, e os gregos ainda
continuavam a sentar-se nas Sinagogas no dia de Sábado, ombro a ombro
com os judeus, para juntos aprender a Torá e escutar os ensinamentos de
Paulo, sobre o facto de que Yeshua era o Messias de Israel.

Em Atos 18:18, Paulo faz o voto Nazireu, que exige que o cabelo seja
rapado, e um sacrifício de animal deva ser oferecido. Números 6:1-21.

Em Atos 18:21 Paulo demonstra uma determinação e uma ânsia para


estar em Jerusalém a tempo para as Festas.

Em Atos 20:16 Paulo faz todos os possíveis para estar Jerusalém para a
Festa de Pentecostes, e em Atos 21:20 comprova essa mesma visita.

21:20 … bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são
zeladores da Torá.
Todos são zeladores da Torá? É o que nos diz o texto, se são zeladores,
tinham todo o cuidado em andar segundo ela, a além disso, esses
zeladores da Torá são crentes no Messias Yeshua. Contudo, o grosso do
cristianismo ensina que o “cumprir a lei” é incompatível com a fé.

Mas eles tinham sido informados por caluniadores, que Paulo ensinava
contrariamente à Torá, e portanto, para lhes provar que esses rumores

71
sobre ele não eram verdadeiros, ele juntou-se a quatro crentes no Messias
obedientes à Torá, e juntos fizeram o voto Nazireu, purificando-se,
fazendo a oferta, e pagar o disposto respeitante a esses votos.

Para que não haja equívocos, há só um Evangelho. Desde Adão até ao


tempo do fim, sempre houve, e sempre haverá um só Evangelho. É o
mesmo ontem, hoje e sempre; e tal como Seu Autor, não muda.

Se Paulo ensinou qualquer coisa contrária ao que Yeshua ensinou – se


ele ensinou que havia um Evangelho para os Judeus e outro para os
gentios, então ele era um falso profeta, que ensinava um evangelho falso.

Mas o próprio Paulo disse que se alguém ensinasse outro Evangelho –


então seria anátema. E ele nos dizemos.

Então, iremos de seguida apresentar alguns pontos para reflexão.

Se nós afirmamos ser crentes, então nós confessámos previamente que


somos pecadores.

E se nós confessámos que somos pecadores, então confessamos que


somos violadores da Torá, porque o pecado é a violação da Torá. (1 João
3:4- em algumas versões aparece: “o pecado é iniquidade”; noutras aparece
“o pecado é a transgressão da lei”).

Logo o arrependimento implica, deixar de pecar voluntariamente. Pois


seria o mesmo que um ladrão ser perdoado em tribunal, e este em vez de
mudar o rumo da sua vida e aproveitar a nova oportunidade, continuava
na vida do crime. Arrependimento implica então que se deixe de violar a
Torá. Pois é a Torá que determina o que é, e o que não é pecado, o que
agrada e o que não agrada a YHWH.

1 João 3:6-9 diz:

3:6 Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o
conheceu.

72
3:7 Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é
justo.

3:8 Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para
isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.

3:9 Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado [não viola a Torá];

Ora, se a Torá foi “cravada na cruz”, então é muito estranho que o


Apóstolo João, diga estas coisas, várias décadas depois de a Torá ter sido
supostamente abolida.

Se por acaso isto fosse um ensinamento falso do Apóstolo João, então


mais estranho é que Yeshua se tenha revelado a ele para lhe mostrar o
que ele relata no livro da Revelação (Apocalipse).

É necessário que despertemos e deixemos de permitir que nos alimentem


com a comida espalhada por satanás.

Yeshua ensinou que se o conhecemos, conheceremos a Verdade, e por


meio da Verdade, seremos libertos.
Através da Torá de YHWH e do Testemunho de Yeshua, a Verdade
certamente nos libertará.

Os Mandamentos de YHWH são a Verdade, a Sua Torá é a Verdade, e


o Testemunho do Seu Filho, Yeshua, é a Verdade. E a Verdade Liberta
o homem. Para aqueles que são nascidos de YHWH (que nascem de
novo), certamente não pecarão mais voluntariamente.

Yeshua revela a João em Apocalipse nos capítulos 2 e 3.

“E aquele que vencer, dar-lhe-ei a Árvore da Vida, que está no meio do Paraíso de
YHWH.”

“Aquele que vencer não será vencido pela segunda morte…”


“Aquele que vencer, dar-lhe-ei do maná escondido para que coma, e dar-lhe-ei uma
pedra branca, e na pedra um novo nome que ninguém conhece exceto aquele que o

73
recebe”
“E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as
nações,
E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também
recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela da manhã.”

“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e
escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova
Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e o meu novo nome.” ´

“Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci,
e me assentei com meu Pai no seu trono.”

Aquele que resiste até ao final será aquele que receberá a Salvação (Mateus
24:13).

São esses que obedecem aos Seus Mandamentos que terão o direito à
Árvore da Vida e que entrarão através das portas da cidade (Apocalipse
22:14).

E aqueles que continuam no pecado, ou seja, os que transgridem a Torá


deliberadamente, e que não se arrependem, são os que serão deixados de
fora (Apocalipse 22:15).

Portanto, amemos a YHWH, com todo o nosso coração, mente, forças


e alma; e amemos o próximo como a nós mesmos, (Mateus 22:37-39) da
mesma forma que a Torá nos ensina a fazer.

Arrependamo-nos para que os nossos pecados possam ser


embranquecidos.

Não exaltemos ídolos, não cobicemos a mulher do próximo, não


tratemos mal nem oprimamos o próximo, não condenemos os inocentes,
não sejamos hipócritas, celebremos os Tempos Apontados pelo Eterno,
e Honremos e Amemos o Único Elohim Todo Poderoso que existe, e
que nos deu uma nova oportunidade, através do Seu Filho Amado
Yeshua, o Messias.

74
Vivamos uma vida segundo a Torá (Instrução) d’Aquele que Tudo Sabe.
Ainda que não entendamos a razão de certas instruções, atentemos para
todas elas, com confiança e na certeza de que o Eterno sabe o que é o
melhor para a sua criação.

As coisas encobertas [que não compreendemos] pertencem a YHWH nosso Elohim,


porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta Torá. (Deuteronômio 29:29)

Shalom.

75
Lição 8
YESHUA E A TORÁ

“Não pensem que vim abolir a Torá ou os Profetas, não vim anular mas
cumprir” Mateus 5:17

Como é do conhecimento dos crentes em geral, a questão “Lei e Cristo”


é um dos assuntos mais debatidos entre os teólogos cristãos, sendo que
a maioria dos quais defende que a “Lei” e o Messias são antagónicos.
Analisando as coisas de uma forma generalizada, constatamos que o
“Cristianismo” crê que a “Torá” é algo que se torna dispensável a partir
do momento em que “se aceita Jesus como Salvador”. No entendimento da
grande maioria das organizações cristãs relativamente à pessoa de “Jesus”,
Ele trouxe um novo ensino, que difere consideravelmente das instruções
dadas por intermédio de Moisés (a Torá). A crença comum, é de que o
ensino do Messias, no “Novo Testamento”, anulou e substituiu os
ensinamentos do “Antigo Testamento”. Mas será que é mesmo assim?

Uma vez que foi essa a imagem que foi pintada do “Jesus cristão”, o
“judaísmo” sempre mostrou grande resistência em aceitar o “Jesus cristão”,
pois eles esperavam um “messias” que gravasse a lei no coração das
pessoas, não um “messias” que viesse anulá-la, Isaias 8:16.

Essa é a ideia mais mal interpretada até hoje, tanto pela maior parte do
“cristianismo” como também pelo “judaísmo” uma vez que foi essa imagem
errada do Messias que o “cristianismo” deu a conhecer ao “judaísmo” já há
vários séculos, “Um Jesus que anula a Lei”.

Ora, qual era um dos requisitos fundamentais que deveria caracterizar o


Messias que foi prometido no Antigo Testamento? A resposta está
em Isaías 8:20; qualquer um que falasse contra a Torá, ou ensinasse uma
doutrina distinta da Torá, seria sem dúvida conotado como falso profeta.

Mas como veremos, Yeshua está longe de ser um falso profeta, na


verdade ele é bem mais do que um simples profeta, Ele é o Filho
Unigénito do Eterno, aquele que sempre representou o Pai na relação
que este mantém com a Sua Criação.

76
No decorrer deste estudo, para melhor compreensão e raciocínio,
citaremos dois nomes, “Jesus” e “Yeshua”; posto que “Jesus” será o nome
utilizado para referirmos o personagem criado pelo “cristianismo romano”:
o “Messias Romano”, ou o “Messias com as vestes de Roma”; e por sua vez
usaremos o nome “Yeshua”, como referência ao Verdadeiro Filho do
Eterno que foi enviado pelo Seu Pai para cumprir o propósito para o qual
estava destinado.

Estas duas “personagens” têm pontos em comum, visto que o “Jesus


Romano” tem fragmentos da história do Verdadeiro “Yeshua”, pois
satanás, devido ao facto de não lhe ser permitido criar, usa como
estratégia a transformação/deturpação daquilo que foi Criado e
estabelecido pelo Eterno.

Ao longo da história que nos é relatada pelas Sagradas Escrituras,


constatamos isso mesmo por diversas vezes. Por exemplo: a fé original é
iniciada em Abraão, Isaque e Jacob e é firmada na fé num Elohim (Deus)
Uno, Todo-Poderoso.

Por outro lado, a fé que é apresentada ao mundo por satanás, também


tem início em Abraão, Isaque e Jacob, contudo é firmada na fé dum
Deus-Trino (Trindade), composto pelo Deus Pai-Deus Filho-Deus
Espírito Santo.

Provavelmente nem todos perceberão a diferença, mas muitos


entenderão, e tudo farão para estabelecer essa diferença.

Esse é o nosso propósito - marcar essa diferença tão evidente - pois esse
é o fundamento da Fé Monoteísta. (Deut. 6:4 João 17:3). Ainda
que Jesus e Yeshua tenham aspectos aparentemente similares, veremos
que é impossível criar qualquer tipo de ponte, ou fusão entre eles, pois
ambos são totalmente antagónicos, e isso seria o mesmo que tentar
misturar água com azeite.

Para melhor compreensão atentemos para o esquema abaixo:

77
Para conhecermos o Verdadeiro
Yeshua, teremos que fazer uma
pergunta: O que é que Ele
realmente ensinou?

O Sermão da Montanha sem


dúvida que é um bom ponto de
partida, pois, uma vez que este é o
depoimento mais longo, registado
dos ensinamentos de Yeshua,
devemos esperar encontrar nele o
Seu parecer relativamente às Leis
de YHWH (A Torá dada pelo
Eterno através de Moisés).

Um dos motivos para certas


declarações de Yeshua nesse
célebre Sermão, é que algumas
pessoas acreditavam que a Sua intenção seria subverter a autoridade da
Palavra de YHWH, e substituí-la pela Sua, visto que os seus
ensinamentos eram totalmente diferentes dos ensinos dos Fariseus ou
dos Saduceus.

No entanto, tal premissa por si só, já é um problema. Pois dizer que


Yeshua subverte a autoridade da Palavra de YHWH, e substitui pela Sua,
é o mesmo que referir um Candidato à Presidência da República, que em
período de campanha Eleitoral promete mundos e fundos, e assim que
toma posse, apresenta projetos totalmente distintos dos prometidos e
que afinal tem outras ideias totalmente antagónicas. Isto por quê?

Porque a função pela qual Yeshua foi criado, foi exatamente com o
propósito de ser o Verbo de YHWH, ou seja, foi criado com o propósito
de ser aquele que falaria em Nome de YHWH- Yeshua é a Palavra de
YHWH. (Atos 7:30-33 e 38 – Hebreus 1:1-4)

Logo a afirmação de que Ele veio ao mundo para subverter a Palavra de


YHWH, e substituí-la YHWH” em todos os sentidos da expressão. Tal

78
e qual como um Advogado, que quando tem uma procuração fala em
nome daquele que ele representa, pois por procuração, ele tem todos os
demais direitos.

Foi essa a função dada, pelo Eterno Todo-Poderoso ao Seu Filho - a de


representar o Pai Celestial; a função de representar Aquele que tudo lhe
sujeitou; e por essa razão ele é chamado “O Primogénito da criação”
(Colossenses 1:15).

A doutrina apresentada por Yeshua não era diferente da doutrina


ensinada por YHWH a Moisés, pois ele não muda, nem como
proclamador (falando aos antigos em Nome do Pai) nem como
executante (pois viveu e ensinou uma vida de acordo com a Torá), pois
sabemos que Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8.)

De facto a doutrina anunciada por Yeshua, era sim diferente da doutrina


ensinada pelos saduceus e fariseus, pois muitas das coisas ensinadas por
estes ao longo dos tempos eram contrárias aos ensinamentos da Torá
dada por YHWH a Moisés, e que foi escrito por Moisés em rolos tudo
aquilo que o Eterno lhe ordenou, e que hoje conhecemos
por Pentateuco (no mundo greco-latino) e por Torá (no mundo semita) O
Pentateuco/Torá são os 5 primeiros livros da Bíblia, e os 5 da autoria de
Moisés.

Yeshua refutou as interpretações erradas que as pessoas tinham tirado


relativamente às Sagradas Escrituras, e por isso faz declarações enfáticas
sobre a Torá, como se analisará de seguida.

Yeshua explica o Seu ponto de vista sobre a Torá, imediatamente após


proferir as benesses: “Não pensem que vim destruir a Torá e os Profetas, pois não
vim anular, mas cumprir” (Mateus 5:17).

Por aqui percebemos que a intenção de Yeshua, ou o propósito pelo qual


Ele foi enviado, nunca foi o de destruir ou substituir a Torá.

Longe de ser antagónico aos textos do “Antigo Testamento”, Ele diz que

79
veio cumprir “A Torá e os Profetas”, e continua reafirmando a autoridade
de ambas as coisas.

“A Torá e os Profetas” era uma expressão habitualmente usada em


referência às Escrituras do Antigo Testamento (ver Mateus 7:12).

“A Torá,” que literalmente significa Ensinamento/Instrução, mas que na


maior parte das vezes é traduzida como “lei”, refere-se, como já
dissemos, aos cinco primeiros livros da Bíblia, os livros de Moisés, nos
quais as instruções/leis de YHWH foram escritas.

A expressão “Os Profetas”, referia-se não só às escrituras dos profetas, mas


também aos livros históricos/poéticos do que veio a ser conhecido no
mundo greco-latino por “Antigo Testamento”.

O “cristianismo” crê, desde sempre ao longo da sua história que o “seu


Jesus” cumpriu os “profetas”, ou seja, cumpriu durante o seu ministério
terreno parte das profecias concernentes ao Messias prometido a Israel.
Mas o que dizem eles sobre o cumprimento da “Lei” relativamente ao
salvador que eles apresentaram ao mundo? O Jesus Romano/Cristão é
um “salvador” que aboliu a Lei, ou que a cumpriu em nosso lugar para
que nós não tivéssemos mais que a cumprir.

Lamentavelmente, o significado de “cumprir a lei” tem sido distorcido


por muitos que invocam o nome de Jesus, mas que realmente não
entendem o que o Verdadeiro Messias, Yeshua, ensinou. Eles dizem que
visto que “Jesus” disse que cumpriria a lei, nós jamais precisamos de a
guardar, e que jamais a lei tem imposição naqueles seguidores. Contudo,
essa doutrina é contrária aquilo que a Palavra nos ensina.

Outro ponto de vista defendido por alguns grupos, é que o “cumprir a


Lei” significa que Cristo “preencheu”, o que faltava na lei, isto é,
completou-a; cancelando-a em parte a adicionando-lhe parte, dando
origem à chamada “lei de Cristo” ou “lei do Novo Testamento”.

Este último ponto de vista, implica que o “Novo Testamento” traz uma
mudança nos requisitos para a salvação e que as leis dadas no “Antigo

80
Testamento” são obsoletas. Como veremos, isso de facto é a doutrina
apresentada pelo “semideus” “Jesus-Romano! mas que na verdade é
totalmente contrário à doutrina ensinada pelo Servo do Eterno, o Filho
de YHWH, o Messias de Israel Yeshua.

O Cumprir a Torá

Mat. 5:17 “Não cuideis que vim destruir a Torá ou os profetas: não vim abolir,
mas cumprir.”

Tanto nos manuscritos hebraicos/aramaicos, como nos gregos, a palavra que


é traduzida como “cumprir” aponta na verdade para “tornar pleno”, “encher”,
“completar”, “dar-lhe substância”; “plenificar”.

A maior parte das versões bíblicas utilizadas pelo “cristianismo” são


baseadas nas versões gregas, mas mesmo no grego, a palavra utilizada
é pleroo, que significa exatamente o que expusemos acima “plenificar”;
“encher”.

Foi exatamente isso que Yeshua fez, ao demonstrar o propósito e o


alcance da “Lei” de YHWH. Ele cumpriu os requisitos da Torá, quer na
letra, quer no espírito.

Tudo será cumprido

O segundo maior depoimento feito por Yeshua, dentro do mesmo


contexto, esclarece de uma forma ainda mais contundente, que Ele não
veio para destruir, anular ou ab-rogar a Torá. “Porque em verdade vos digo
que, até que o céu e a terra passem, nem um yud ou sequer um simples traço, se omitirá
da Torá sem que tudo seja cumprido” (Mateus 5:18).

Com estas palavras, Yeshua compara validade da Torá à permanência dos


céus e da terra. Ele demonstra que a Torá é imutável, e inalterável e só
pode ser cumprida, nunca anulada.

Neste versículo específico, a palavra que consta nos manuscritos gregos

81
e semitas, significa “vir a existir”, ou “vir a acontecer” (Dicionário de
Thayer’s, palavra nº1096 Strong).

Logo, o significado mais profundo de Mateus 5:18 é que até que o plano
de YHWH seja totalmente “cumprido”, isto é, enquanto existirem seres
humanos na sua atual condição, é também necessário que existe a parte
física da lei de YHWH nas escrituras, que são sombras de coisas
espirituais. Yeshua explicou que isso é tão certo como a existência do
Universo.

Aqueles que violam os preceitos da Torá

Seguidamente, Yeshua afirma que o destino de cada pessoa, dependerá


da sua conduta relativamente à Torá dada pelo Seu Pai:

Mateus 5:19 “Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim
ensinar aos homens, será chamado o menor [pelos que estão *] no Reino dos céus;
aquele, porém, aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos
céus”

* Os que persistem em transgredir e em ensinar a transgressão da Torá


de YHWH, de modo algum serão admitidos nesse Reino. Yeshua é
claríssimo, e conciso; aqueles que O seguem e aspiram ao Seu Reino têm
a obrigação vitalícia de obedecer à Torá. Ele diz que não é permitido
omitir nem mesmo um “yud” [menor letra do alfabeto hebraico], o que
significa que nem mesmo o mínimo detalhe, será omisso, ou invalidado.

O valor que Yeshua dá aos preceitos da Torá de YHWH é inquestionável,


bem como a elevada estima para com a Torá, que Ele exige aqueles que
ensinam em Seu Nome. Ele reprova aqueles que desprezam o menor dos
mandamentos da Torá, e eleva aqueles que ensinam e obedecem a esses
preceitos. Da mesma forma que Yeshua cumpriu de forma irrepreensível
a Torá do Eterno, também os seus servos deverão cumpri-la e ensinar os
outros a proceder desse modo (1João 2:2-6). É deste modo que os
verdadeiros ministros do Messias são identificados, quando seguem o
Seu exemplo, como nos diz a Palavra em João 13:15:
13:15 “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.”

82
Yeshua não mudou a Torá

Yeshua mostrou o contraste existente entre o verdadeiro sentido da Torá


e a interpretação mesquinha levada a cabo pelos escribas e fariseus,
usando as palavras: “ouvistes o que foi dito (…) Eu, porém vos digo…” (Mateus
5:21-22; 27-28).

Alguns pensam erradamente, que a intenção de Yeshua era contrastar o


Seu próprio ensinamento com o de Moisés e, por consequência, declarar-
se a Si mesmo como a verdadeira autoridade. Por essa razão, assumem
que Yeshua se estava a opor à “Lei Mosaica” ou a modificando-a de algum
modo.

No entanto, não faz qualquer tipo de sentido, que Yeshua após ter
proferido a mais enfática proclamação de perpetuidade da Torá, venha
agora dizer que ela muda ou é contrária aos Seus ensinamentos. Yeshua
não era contraditório nem inconsistente, Ele honrou e sustentou a Torá
em todas as suas afirmações.

Nesses textos, este não se está a opor à “Lei Mosaica”, pois Ele não muda,
já que foi Ele mesmo que a ditou a Moisés, na qualidade de Verbo de
YHWH, a Torá. Nem tampouco reclama uma espiritualidade superior.
O que Yeshua estava de facto a fazer, era a refutar as más interpretações
perpetuadas pelos escribas e Fariseus. É por isso que Ele diz que a justiça
de uma pessoa deve exceder a dos escribas e a dos fariseus.

Yeshua estava sim a restaurar ao seu ponto original a pureza e o sentido


dos preceitos da Torá dada a Moisés, que tinha sofrido ao longo dos
séculos várias interpretações erradas, e acrescida de preceitos humanos
que a tornaram pesada quando na sua essência original é leve e boa, ao
alcance de todo o homem (Deuteronômio 30:11-14) (Mateus 11:30 –
Romanos 7:12)

E como o Espírito que inspirou aqueles que escreveram os textos de


ambos os Testamentos, provém do mesmo Deus, nunca poderia haver
conflito vital entre eles. Porque diz-nos a Palavra em Malaquias 3:6 “Eu
YHWH, não mudo…”

83
Novo Mandamento do Messias

Yeshua disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como
eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (João 13:34).

Seria este um Mandamento Novo que substituiria todas as “leis” dadas


através de Moisés? Yeshua responde explicitamente a isso quando diz:
“não cuideis que vim destruir a Torá ou os profetas”.

Contudo, muitos acreditam que este “novo” mandamento as liberta de


qualquer obrigação para com as “Leis” de YHWH. Se atentarmos bem,
vemos tanto o “Antigo” como o “Novo” Testamento ensinam que nós
nos devemos amar uns aos outros (Levítico 19:18). Logo, aquele que é
visto como um dos grandes pilares da fé Cristã, é afinal um preceito da
“Lei/Torá” que eles dizem ter sido abolida.

Yeshua não introduziu o “amor” como um novo princípio. Isso já era


um preceito da Torá e era parte fundamental da instrução de YHWH ao
Povo de Israel. Então o que é que de facto era “novo” no mandamento?
Vejamos o que nos diz Yeshua:

“Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei a vós…”

O que havia de novo, era o Seu próprio exemplo de amor! O mundo


inteiro tem um modelo perfeito do amor de YHWH, no exemplo
perfeito dado pela pessoa do Messias. Yeshua amou-nos de uma forma
tão intensa que sacrificou-se a Si mesmo por nós (por todos aqueles que
se arrependem e adoptam uma vida de santidade, sem a qual ninguém
verá a YHWH).

João 15:13 “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos
seus amigos”.

Yeshua veio como a luz do mundo, para iluminar o entendimento do


verdadeiro sentido da Torá, que veio a ser deturpado ao longo dos

84
séculos (após a instituição do Pacto do Sinai). Yeshua demonstrou, por
completo, o que é a obediência em amor:

João 15:10 “se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do


mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no Seu
amor”

Nós cumprimos com o “novo” mandamento de Yeshua quando


obedecemos a todos os mandamentos de YHWH de uma forma amorosa
e genuína e estamos dispostos a dar a nossa própria vida pela dos outros.
O que é cumprir por amor? (Lucas 6:32-35).

6:32 E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores
amam aos que os amam.

6:33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os
pecadores fazem o mesmo.
6:34 E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa
tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro
tanto.

6:35 Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e
será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para
com os ingratos e maus.

Partindo do ponto que Yeshua não anula a Lei, e sabendo que Paulo era
um apóstolo de Yeshua, e depois de lermos vários textos das Sagradas
Escritos, particularmente este que acabámos de ler de Lucas 6:32-35,
percebemos que Paulo explicava sim, que a Torá de nada valia se não
fosse cumprida por amor.

Contudo, a maior parte das pessoas cumpridoras da Torá na época,


fariam com o propósito de alcançarem a Salvação, ou seja, no sentido de
serem recompensadas, e por isso Yeshua explica,

“Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será
grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo;

85
Ou seja, o cumprir as coisas por amor ao Eterno é indubitavelmente uma
demonstração de amor genuíno, já que o cumprir com o propósito de ser
recompensado, é um amor interesseiro, e fútil.

É exatamente sobre isso que Paulo falava quando aparentemente


desvalorizava a Lei, de facto, ele menosprezava não a Torá, mas sim a
atitude daqueles que se vangloriavam pelo cumprimento da Torá para
serem considerados santos diante do Eterno, quando na verdade eram
pecadores e transgressores da Torá pois violavam o maior dos
Mandamentos, o Amor a YHWH, o cumprir a Torá por amor a YHWH
e não com vista ao galardão.

E é exatamente por isso que Yeshua diz: “Nenhum servo pode servir dois
senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e
desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (riquezas) Lucas 16:13.

Na verdade, era o que acontecia frequentemente, muitos cumpriam a


Torá não por amor ao Eterno, mas sim com vista ao galardão prometido
por YHWH aos cumpridores da Torá.

Nesse caso eles serviam à riqueza (com o intuito de ser recompensados),


não a YHWH (numa vida de submissão e de obediência amorosa).

De facto, como a Palavra nos ensina, o único caminho que nos pode
levar à Salvação é Yeshua, que foi o único homem legítimo merecedor
da Salvação por ter vivido uma vida sem pecado ao contrário de todo o
homem que viveu desde Adão.

E aprendemos também pela Palavra, que pela fé em Yeshua, e


arrependimento em Nome deste, não anulamos a “lei”, mas sim
estabelecemo-la, conforme Romanos 3:31: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De
maneira nenhuma, antes pelo contrário, estabelecemos a lei.”

É habitual entre os meios antinomianos (de anomia; ausência de lei),


basearem-se em textos de Paulo como justificação para a inutilidade da
Torá, como se o Messias deles fosse o próprio Paulo. Mas vejamos o que
Paulo nos diz sobre esse tipo de atitudes (1 Coríntios 1:11-16):

86
1:11 Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de
Cloé que há contendas entre vós.

1:12 Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo,
e eu de Kefas, e eu do Messias.

1:13 Está o Messias dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados
em nome de Paulo?

1:14 Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio,
1:15 Para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome.

1:16 E batizei também a família de Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum
outro.

Como lemos, o próprio Paulo considera totalmente condenável esse tipo


de atitudes, porque ele não é o Messias, mas sim Yeshua. Então o que
devemos fazer com os escritos de Paulo? Ignorá-los quando dão a ideia
de contradizer a mensagem do Messias que disse que veio cumprir a Torá
e não revogá-la?

Óbvio que não, exatamente porque Paulo nunca contradisse a Torá,


como é defendido habitualmente pelas maiores facções cristãs.

O que devemos fazer então? Devemos procurar harmonizar as palavras


de Paulo com as palavras do Messias que estão perfeitamente
harmonizadas com as palavras da Torá, a base de tudo.

Já lemos várias vezes o que nos diz Yeshua relativamente à Torá, agora
vamos ver o que Paulo diz que aparentemente contraria isso; Romanos
6:14

6:14 “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e
sim da graça.”

Tendo em conta as Palavras de Yeshua (Mateus 5:17-19) e este texto (e

87
outros) de Paulo aos Romanos, numa análise superficial parece que
estamos perante uma contradição.

Se realmente este texto dissesse que a Torá não é mais válida, contradiria
tudo aquilo que o Messias disse, pois Ele incentivou a que se cumprisse
a Torá e advertiu aqueles que ensinavam o contrário. Como tal, se este
texto fosse levado à letra, então teríamos que optar entre Yeshua ou
Paulo, pois nessa perspectiva, um é a antítese do outro. Temos três
opções;

1- Ou existe uma contradição na Palavra;


2- Paulo seria um herege e como tal não era guiado pelo Espírito
Santo;
3- Ou então não estamos a ver as coisas dentro da perspectiva correta.

Vejamos, o que nos diz o versículo seguinte;

6:15 “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da
graça? De modo nenhum.”

Paulo estaria a contradizer-se a si mesmo? Ora, ensina-nos a Palavra que


a definição de pecado, é a transgressão da “Lei” conforme 1 João 3:4:

3:4 “Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; ora, o pecado é a transgressão
da Lei.” (ARC; NVI*)

*Almeida Revista e Corrigida e Nova Versão Internacional

Tomemos o seguinte exemplo. Um cidadão, que cumpre as leis do seu


país, paga os impostos, e vive de forma exemplar em sociedade, qual a
probabilidade da Justiça desse país recair sobre essa pessoa? Se o cidadão
cumpre a lei, poderá de alguma forma ele ser acusado por essa mesma
lei? Claro que não.

Vendo as coisas nessa perspectiva, percebemos então que, se nós somos


agraciados com a “graça” do Eterno, pelo arrependimento das nossas

88
transgressões passadas, temos uma nova oportunidade de viver de uma
forma correta aos olhos do Eterno, isto é, em conformidade com as Suas
Leis, e como tal, as penalizações previstas pela “Lei” para aqueles que a
transgridem, não se aplicam a nós.

Paulo sabia que aquilo que escrevera poderia gerar interpretações erradas
e que poderiam vir a ser distorcidas. Paulo sabia, e Pedro também sabia
(2Pedro 3:15-16).

E por isso Paulo esclarece com o vs. 15 (Romanos 6:15), que pelo facto da
“Lei” nada ter a apontar aos que caminham em santidade, isso não
significa que ela nos dê liberdade para pecar.

Da mesma forma que um cidadão exemplar, não deve achar-se no direto


de transgredir a lei, só porque habitualmente é cumpridor dela.

A lei não é aplicada se não houver transgressão. Quando se diz que se


fez justiça, é porque alguém que cometeu um delito, foi punido. Caso
essa pessoa não tivesse cometido qualquer erro, de que forma a
penalização prevista na lei se aplicaria a ela? Não se aplicaria porque não
havia motivo para tal.

Romanos 5:13 “Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é
imputado, não havendo lei.”

Romanos 8:2 “Porque a lei do Espírito de vida, no Messias Yeshua, me livrou da


lei do pecado e da morte.”

Qual é a Lei do pecado e da morte? Aquele que nos condena! Ora, ela só
nos condena, se a transgredirmos. Pela fé no Messias Yeshua, essas
transgressões são-nos perdoadas, mas não para que continuemos a
transgredir. Por quê?
Hebreus 10:26 “Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o
conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados,”

Ou seja, somos livres do pecado, para que nasçamos de novo, vivendo

89
uma vida de santidade sobre a qual a lei do pecado deixa de ter poder
sobre nós.

Vendo as coisas nessa perspectiva, todos os textos de Paulo se


harmonizam com os ensinamentos de Yeshua e com os Escritos antigos
dados através de Moisés e dos Profetas.

Havia sim uma grande luta de Paulo contra aqueles que se tentavam
justificar pelas obras que faziam, e rejeitavam Yeshua. Paulo ensinava que
só Yeshua nos poderia levar à Salvação, “porque todos pecaram e estão
destituídos da glória de YHWH” (Romanos 3:23).

O homem desligou-se de YHWH a partir do momento em que teve


conhecimento do pecado. Porque o pecado entrou no mundo através de
um homem, todos pecaram, e todos estão desligados de YHWH. A Torá
ensina-nos a caminhar rectamente, mas devido à nossa carnalidade, e
inclinação para praticar o mal, nunca a conseguimos cumprir na
perfeição, e como tal, precisamos de Yeshua que nos reconcilia com o
Pai Celestial, e torna-nos dignos onde jamais seríamos.

Yeshua veio completar a Torá no sentido de ter vindo esclarecer as


interpretações erradas que eram feitas desta, por exemplo (Mateus 5:27-
28):

5:27 “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.

5:28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já
em seu coração cometeu adultério com ela.”

Muitos interpretam textos semelhantes a este, como se o propósito fosse


esquecer o que foi dito aos antigos, porque deixou de ser válido.
Contudo, tal argumentação não encontra respaldo nem mesmo nos
Escritos Apostólicos, como podemos ver através de textos como os de 1
João 2:7; 2:24 ou Judas 1:3.

Para entender melhor o contexto, imaginemos um homem que é casado,


mas que sente atracção por outra mulher. Quando passa por ela na rua,

90
ou no trabalho, a sua cabeça enche-se de fantasias com ela, e quando se
relaciona sexualmente com a sua mulher, é a outra mulher que ele
imagina. Analisando as coisas sob o ponto de vista prático, isso não é
adultério, uma vez que o adultério consiste na consumação do ato. Mas
será que esse homem não está a violar a Torá? É dessa forma que o
Eterno deseja que cumpramos a Torá?

Por essa e outras razões, Yeshua disse que veio completar a Torá, no
sentido de nos ensinar a viver por ela, e por isso Ele diz no versículo 28:

5:28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já
em seu coração cometeu adultério com ela.”

A Torá manda não adulterar, o que significa manter uma relação


extraconjugal, ou ter práticas sexuais ilícitas. Só que na verdade esse
entendimento das escrituras é pouco esclarecedor. Por essa razão uma
das funções de Yeshua na sua primeira vinda, foi ensinar-nos de que
forma deveríamos observar os mandamentos.

Isso acontece em diversas ocasiões durante o seu ministério, e


poderíamos citar inúmeros exemplos, que são usados muitas vezes para
tentar provar que Yeshua anula os Mandamentos do seu Pai, quando na
verdade percebemos que Ele veio sim estabelecê-los da forma a cumprir
todos eles da forma que o Nosso Pai Celestial deseja.

Yeshua veio ensinar o verdadeiro significado dos mandamentos, não da


forma que os homens considerava ser correto, mas da forma que o
Eterno Seu Pai deseja que se cumpra.

O exemplo que demos, é na verdade uma “perversão da Torá.” Ou seja,


muitos tentavam procurar deturpar a Torá sem de facto transgredi-la
literalmente, com o propósito de servir os interesses próprios. A isso
chama-se legalismo, e é sobre esse legalismo que se fundamentam
expressões como “debaixo da lei” e “obras da lei”. O que disse Yeshua
sobre isso (Mateus 15:3-5):

91
15:3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o
mandamento de Deus pela vossa tradição?

15:4 Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser
ao pai ou à mãe, certamente morrerá.

15:5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que
poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe,
E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.

Muitos com vista aos próprios interesses, acabavam por transgredir a


Torá sem mesmo se aperceberem. Isto porque a Torá sem a presença do
Espírito de Santidade, pode levar a esse tipo de interpretações, porque “a
letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6). O que de certa forma
significa que aquilo que se torna morto pelo legalismo, ganha vida de
novo através do Discernimento Espiritual que provém do Eterno.

Conclusão

Como temos vindo a constatar nos últimos estudos publicados, Yeshua


não aboliu a Torá, nem cumpriu-a para que nós não a tivéssemos mais
de a cumprir. Ele pagou sim um alto preço para nos resgatar do pecado,
não para que continuássemos nele (continuar a violar a Torá).

A Palavra Torá, contrariamente à opinião da maioria, não significa “lei”,


mas sim “ensino”; “instrução”. Pois é através da Torá que o Eterno nos
ensina o que lhe agrada e não agrada. É através da Torá que aprendemos
o que é correto e o que é incorreto aos olhos do Eterno.

A língua grega, em detrimento do hebraico, teve uma influência mais


direta e penetrante na língua portuguesa, e outras línguas
contemporâneas. E por essa razão na maioria dos idiomas fala-se da Lei
de Moisés em vez da Instrução de Moisés.
Essa também é uma das razões pelas quais os “cristãos”
inadvertidamente passaram a considerar a Torá como tendo um carácter
legalista (ver Romanos 3:20; Gálatas 3:23).

92
Yeshua veio completar sim o vazio que existia no nosso entendimento
relativamente à Torá e aos profetas, para que possamos viver da forma
mais correta o que nos é ensinado por ambos.

Isto para que todos nós que desejamos de todo o coração servir ao
Eterno Todo-Poderoso através do Nosso Sumo-Sacerdote Yeshua, o
Messias de Israel, possamos exprimir de uma forma mais consistente e
plena aquilo que representa ser parte do povo de YHWH, a Oliveira
Cultivada cuja raiz é o Messias.

SHALOM

93
Lição 9
AS CARTAS DE PAULO E A TORÁ

"Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao
Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas." Atos 24:14

Paulo é o mais incompreendido dos discípulos de Yeshua, no que diz


respeito às suas cartas. Antes de ler Paulo devemos ter como base alguns
aspectos principais, nomeadamente a quem é que Paulo se dirigia, quais
os problemas que se deparavam os crentes a quem se dirigia, e o contexto
da sua mensagem.

No primeiro século durante o reinado de Herodes, na terra da Judeia


havia uma agitação entre os judeus. Eles esperavam pelo Messias que
viria e que os livraria da opressão dos romanos. Os sinais dos tempos e
as Escrituras apontavam para esse grande evento. Havia uma ausência de
unidade entre a comunidade religiosa. A história regista que havia cerca
de vinte seitas religiosas nesta época. Entre eles estavam os fariseus,
saduceus, essênios, nazarenos etc.

A sua interpretação das Escrituras variava, alguns acreditavam na


ressurreição, outros não. Houve vários que se levantaram dizendo ser o
Messias, porém a confusão e a violência seguiam-se após tais declarações.

"E naquele dia levantou-se grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém; e todos,
exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria". "E Saulo
assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava
na prisão" (Atos 8:1-3). Este é Saulo de Tarso, que mais tarde foi
conhecido com o apóstolo Paulo, do qual falaremos.

Ele foi e é o mais incompreendido dos discípulos como já referimos. Até


Pedro nos seus últimos dias escreveu a respeito dele

"... como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que
lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos
difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras
Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pedro 3.15,16).

94
Há um registo no livro de Atos de um evento monumental, que não
apenas mudou a vida de Saulo de Tarso, mas também de todo o mundo
gentio:

"E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou
um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo,
Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu
sou Yeshua, a quem tu persegues...E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres
que eu faça?" (Atos 9.3-6).

De acordo com Atos 26:14 esta conversa foi em língua hebraica. As


mudanças que aconteceram na vida de Saulo naquele dia não o afastaram
da Torah (a Lei), mas dar-lhe-iam um maior entendimento sobre ela.
Saulo era judeu, de nascimento até a morte!

"Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de


hebreus; segundo a lei, fui fariseu; ... segundo a justiça que há na lei,
irrepreensível" (Filipenses. 3:5-6).

O seu amor pelo seu povo, Israel, somente era suplantado pelo amor que
Ele tinha ao Deus de Israel, YHWH. À igreja em Roma ele escreveu,

"No Mashiach digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência
no Espírito Santo): Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque
eu mesmo poderia desejar ser anátema do Mashiach por amor dos meus irmãos, que
são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos,
e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; Dos quais são os pais, e dos
quais é o Mashiach segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente.
Amén".

"Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua
salvação" (Romanos 9:1-5, 10:1).
Um homem pode escolher uma ocupação, ou o campo de trabalho no
qual ele deseja desenvolver sua vida, mas no tocante às coisas
espirituais, ["...Porque os dons e a vocação de Deus são sem
arrependimento" Romanos 11:29] havia um chamado especial sobre a vida de
Saulo de Tarso. A sua vida deu uma volta de 180 graus, foi de um

95
dedicado oponente e perseguidor da seita dos Nazarenos, ele tornou-se
um devoto seguidor do Mashiach Yeshua.

A Torá começou a ser-lhe aberta, ele começou a conhecer as Escrituras


sob uma nova perspectiva, como ele nunca tinha visto. O seu chamado
foi para estender a mensagem de esperança, vida e paz para as nações
(gentios). Foi escrito por Moisés na Torá, em Deuteronômio:

"A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me
provocaram à ira: portanto eu os provocarei a zelos com o que não é povo; com nação
louca os despertarei à ira" Dt. 32:21

E Isaías escreveu, "Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado
daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu
disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui" Is 65:1

Desta e da outra Escritura ele viu que as nações (gentios) encontrariam


o seu caminho para o Elohim de Israel através da sua misericórdia. Há
aqueles que gostariam de culpar esta teoria e privar os gentios da
adoração ao único e verdadeiro Deus o "Deus de Israel".

Mas somos gratos a este querido irmão, Saulo de Tarso, que apoiou sua
fé na Tanach (Bíblia Hebraica) e através da sua fidelidade e misericórdia
ao Deus de Israel, nós na nossa geração, judeus e gentios temos prazer
na revelação das profecias concernentes ao plano da salvação de YHWH
e do profetizado Messias judeu, Yeshua.

Percebemos então que Saulo (Paulo) nunca abandonou o seu


judaísmo "...Apressava-se, pois, para estar, se lhe fosse possível, em Jerusalém no
dia de Pentecostes" (At 20.16) Sobre a sua partida para Jerusalém e o
encontro com Tiago e os anciãos, ele foi novamente confrontado por
aqueles que não viram a profundidade espiritual desta mensagem do
Messias.

A sua mensagem não foi destruída com a Torah (Lei), mas em vez disso
ele sentiu a necessidade da Torah ser escrita nas tábuas de carne do

96
coração. A alegria de fazer a vontade de Deus no Messias e não a carga
do justo seguindo um mandamento. Mas muitos não o entenderam.

"... Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores
da lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão
entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus
filhos, nem andar segundo o costume da lei. Que faremos pois? em todo o caso é
necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. Faze, pois,
isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto. Toma estes contigo, e
santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão
sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também
tu mesmo andas guardando a lei (Torah). Todavia, quanto aos que crêem dos gentios,
já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se
guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição.
Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já
santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali
até se oferecer por cada um deles a oferta" (At. 21.20-26).

Noutro texto nós iremos ver a mensagem de Paulo aos gentios em


profundidade. Mas, realçamos que, ainda que a circuncisão não tenha
sido ordenada aos gentios, não foi proibida também. O facto que vemos
aqui é que Saulo manteve a Torah (Lei) como está escrito:

"Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao
Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas. Tendo
esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver
ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos. E por isso procuro sempre
ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens" (At.
24:14-16).
E agora nós também, nos dias de hoje, que cremos em Yeshua como o
único que cumpriu as profecias concernentes ao Messias,
reconhecemos a fé israelita da "seita dos nazarenos".

As raízes da fé de Saulo não eram Romanas, Gregas, Russas, inglesas etc.


mas judaicas. Nós também reconhecemos que a nossa fé e as suas
raízes são israelitas.
Lição 10

97
DEBAIXO DA GRAÇA E NÃO DEBAIXO DA LEI

A primeira coisa que devemos ter ciente ao ler o versículo acima, é que
o "crer" não significa meramente respeitar, porque quem crê, cumpre a
palavra conforme a Escritura e aceita o convite para seguir o seu
caminho. A chave para entender os textos que o apóstolo Paulo, está
noutras passagens distintas das controversas, que muitas vezes são usadas
equivocadamente.

Na sua declaração no versículo acima, Paulo não deixa dúvidas de que a


sua forma de servir ao Eterno é acreditar em tudo das Escrituras. Crer é
um verbo que significa “tomar por verdadeiro, ter por certo, acreditar”. Não há
como declarar que “crê em tudo” e incluir um “mas” ou “senão” ou mesmo
fazer qualquer outro tipo de ressalva.

A frase é ainda mais contundente, pois a forma de Paulo servir ao Eterno


é “crendo em tudo que está escrito nas leis e profetas”. Se por um lado esta é uma
declaração incisiva e definitiva sobre a sua crença e procedimentos
religiosos, por outro lado também permite entender que possui um
carácter restritivo: de todo o sistema legal judaico que existia na sua
época, Paulo manifesta que sua crença engloba apenas e tão somente o
que está “escrito na lei e nos profetas”.

Ou seja, ratifica que na sua fé não há espaço para “leis rabínicas”, isto é,
as tradições humanas que foram acrescentadas à palavra, e que o próprio
Yeshua também censurou. E ainda lemos que Paulo crê no que está
escrito, não havendo então espaço para a pretensa lei oral que tanto o
Judaísmo Rabínico advoga, que é exatamente o que já falámos, o
legalismo judaico.

Paulo, ciente das demais “leis e costumes” dos homens, durante a sua
acusação no julgamento que Atos 24 relata, foi enfático em afirmar que
a sua fé era inabalável e exclusivamente no que “está escrito nas leis e
profetas”. Foi afirmado na forma de “confissão” quando o mesmo foi preso
por não cumprir a “lei rabínica”: vs 6. “...o prendemos, e conforme a nossa lei o
quisemos julgar”.

98
Vejamos a Opinião de Pedro sobre Paulo “E tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas
epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes
torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” 2Pe. 3:15-16

O apóstolo Pedro [Kefá] que conviveu com Yeshua e acompanhou Paulo


desde o seu início, quando emitiu a sua epístola para todas as
congregações “da Diáspora” (1Pe. 1:1) especificando o nome de cinco
províncias que representavam praticamente o conjunto da Ásia
menor [diferente de Paulo que escreveu cartas pontuais para congregações especificas].

Neste texto que divulga para todas as congregações que seguiam a Torá
e criam em Yeshua como o Messias, Pedro inicia destacando e
enaltecendo a inteligência que Paulo possuía. No versículo seguinte alerta
para o facto de que os textos de Paulo são difíceis de compreender,
havendo perigos com:

Pessoas que não têm conhecimento [das Escrituras]; aqueles que não são
estáveis [na mensagem das Escrituras]; e finaliza informando que
ambos “torcem, como o fazem com as outras Escrituras, para sua perdição”.

Logo, Paulo deve, como todos os demais livros das Escrituras, ser
entendido à luz das revelações da Bíblia como um todo. Esta visão não é
uma nova interpretação, nem uma invenção. É justamente o resgate do
contexto por detrás das Escrituras, sendo bereanos (At. 17:11) o
suficiente para encontrarmos o vínculo e a contextualização do novo, a
partir do antigo. Entendendo o novo como algo que agrega e explica, não
como algo que destrói e substitui.

CARTAS DE PAULO

As “Cartas de Paulo” são respostas e soluções direcionadas para


problemas enfrentados por cada uma daquelas congregações. Um dos
grandes erros atuais na interpretação é, por exemplo, o desconhecimento
de que tais cartas foram dirigidas para congregações compostas por:

99
- Judeus seguidores de Yeshua que foram educados na Torah desde o
seu nascimento;

- Judeus seguidores de Yeshua que haviam sido circuncidados quando


crianças, mas que abandonaram os caminhos da Torah;

- Gentios, (assim chamados) que se converteram ao Judaísmo, e que


foram circuncidados antes da sua fé em Yeshua e conheciam um pouco
da Torah;

- Gentios (assim chamados) que chegaram à fé em Yeshua e estavam


aprendendo algumas coisas de Torah desde então;

- Gentios (assim chamados) que praticamente nada sabem da Torah e


estavam totalmente desorientados do ponto de vista de que era
importante e o que não era.

Da mesma forma, Paulo não escreveu “temas universais” para que todos
seguissem, como sendo uma súmula religiosa ou então um tratado sobre
as vantagens e desvantagens de qualquer tema. Muito menos eram cartas
doutrinárias com uma nova forma de ver as Escrituras por outro prisma
ou eliminando Livros ou Mandamentos dos escritos conhecidos naquela
época, como alguns certamente acreditam.
Paulo respondia às questões que tais comunidades lhes formulavam,
exclusivamente dentro da óptica das Escrituras [Génesis a Malaquias] e
lastreado na fé em Yeshua como o nosso Messias.

As soluções eram específicas como podemos notar, por exemplo, em


“1Coríntios 7” onde a congregação de Coríntios estava com problemas e
Paulo deu recomendações especificas. Se durante a nossa leitura não
soubermos qual foi o problema daquela congregação, devemos então ler
Paulo a “tentar” compreender o que estava a acontecer naquela
congregação específica. Muitos defendem o facto de Paulo dizer que a
Torah não estava mais em vigor. Porém se isto tivesse acontecido -
embora o Eterno dissesse ao longo de sua Palavra que esta seria “para
sempre” - se Paulo contradiz o que o Eterno falou, ele só poderia estar

100
endemoniado! Não que isto tenha ocorrido, mas pensar que isto (a torah
ter sido abolida) aconteceu, é fundamentalmente herético.

Paulo nunca contradisse o Eterno; é só uma questão de entender o que


Paulo dizia. Mas, sabemos que existe outra forma de olhar para esses
escritos e é isso que procuramos, e nisto está a verdade: na harmonização
dos textos bíblicos, e não na contradição.

Por exemplo, nós observamos o Sábado tentando estar nos cultos, ou


em comunhão com o Eterno, ou ainda estar em casa fazendo estudos da
Palavra etc. Mas se questionarmos a um rabino ortodoxo: “se guardamos
corretamente o Shabbat mesmo com a luz acesa, com o uso do computador e uma série
de outras coisas”.

A resposta será que não estamos a observá-lo de forma correta, já que os


judeus rabínicos não cozinham nem acendem a luz ao Sábado porque
estabeleceram regras e mandamentos humanos ao longo dos tempos que
não constam na Santa Palavra do Eterno, e além de o fazerem, exigem
que aqueles que abraçam a Sua fé o façam, Paulo afirma que isso é errado
que não devemos seguir mandamentos de homens, mas sim unicamente
a palavra do Eterno. Como Paulo sabia que aquela congregação em
particular, existia um grupo de seguidores oriundos do sistema legal
religioso rabínico, o que ele dizia era para não deixar ser julgados pela
observância do Sábado pela óptica rabínica.

Outro exemplo, nas respostas que a carta de Paulo trata em Colossenses


2:16, incluiu a questão quanto ao comer e ao beber.
E como nas perguntas anteriores, a resposta é sobre a forma que os
grupos ligados ao gnosticismo (por motivos diferentes que abordaremos
noutro estudo) e alguns dos “oriundos das tradições rabínicas”, desejavam que
os “recém-chegados” à fé seguissem, e não sobre o ato de seguir o
mandamento da alimentação bíblica.

Desde a instituição do complexo sistema legal rabínico, os rabinos


afirmam que para comer comida pura biblicamente, não basta seguir
apenas as instruções da Torah. Como os “acréscimos rabínicos” que
fizeram nas outras áreas, na alimentação também incluíram que, por

101
exemplo, não se pode misturar carne com leite ou mesmo que o cozinhar
tem de ser apenas por judeus, e implica um processo de limpeza
(casherização) dos utensílios para não perder a sua condição de limpo.
Tudo isso são dogmas e mandamentos humanos contra os quais Paulo
se levanta, não contra aquilo que o Eterno separou como limpo e imundo
em Lev. 11 e Deut. 14.

Outro exemplo existente nos dias de hoje: se optarmos por comer fora
num “restaurante vegetariano” onde não há nenhum tipo de carne, inclusive
a de porco, e perguntarmos a um rabino ortodoxo se esta alimentação
seria Kosher (pura biblicamente), a provável resposta é que não seria,
porque “pelas regras rabínicas” somente seria pura se fosse preparada por
um judeu na sua confecção. E, inclusive, como solução, este rabino
sugeria levar um isqueiro, acender e passar a chama no prato, tornando-
a pura, e tanto para Paulo, como para nós isso é absurdo, porque nada
na Torá é dito a respeito disso. Tais leis e regras existem sim, mas fora da
Torá, isto é, nas leis rabínicas que de certa forma ganharam mais destaque
e zelo, que a própria palavra do Eterno (Mat. 15:6).

O EXEMPLO DE YESHUA
Temos em Marcos 7 (e em Mat. 15) a posição de Yeshua sobre a
imposição das “leis rabínicas” e a sua opinião sobre isto: "Foram ter com
Yeshua os fariseus, e alguns dos professores da Torah vindos de Jerusalém, e repararam
que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.
Pois os fariseus e todos os moradores da região de Judá, guardando a tradição dos
anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; e quando voltam do mercado,
se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há, que receberam para
observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze. Perguntaram-lhe,
pois, os fariseus e os professores da Torah: Por que não andam os teus discípulos
conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar? Respondeu-
lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo
honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; mas em vão me
adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Vós deixais o mandamento
de Elohim, e vos apegais à tradição dos homens. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar
mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição."

102
Paulo demonstrava que a fé em Yeshua como sendo o Messias inclui o
seu posicionamento de abandonar as tradições dos homens e seguirmos
apenas os mandamentos de Deus.

Portanto, devemos ter em conta cada um dos cenários existentes nas


congregações para entendermos corretamente qual foi a questão e o
porquê de cada resposta que Paulo proferiu. Naquela congregação de
Colossenses havia um grupo oriundo de longa convivência com regras
rabínicas e acostumados com a forma com que a “lei oral dos rabinos”
tratavam muitas questões. Temos de lembrar que este grupo praticava a
forma rabínica porque já tinha formação sobre o conteúdo das
Escrituras.

Ao mesmo tempo, os “recém-chegados” eram formados por graus diferentes


de “gentios” como foi exposto no início deste capítulo. Existiam os que
desconheciam inclusive até mesmo as próprias Escrituras. Se nesta
congregação existiam até mesmo os que sequer sabiam qual era a
totalidade do conteúdo das Escrituras, como os outros poderiam lhes
impor/julgarem por não as praticar pela forma rabínica? Com isto, o
grupo que já conhecia as Escrituras, necessitava de tempo e esforço para
remover o acréscimo dos “costumes e leis rabínicas” que eram contra a
Torah, e que eles ainda acreditavam ser importante na fé ao Messias.

E, da mesma forma, o outro grupo precisava de remover os “mitos e


costumes” oriundos do paganismo e outras religiões, também necessitando
de tempo e dedicação para apreender as Escrituras e começar a distinguir
o que realmente é o correto para YHWH.

A explicação para a carta à congregação dos Colossenses é que Paulo


tratou de harmonizar todos os grupos com formação diferentes (1Cor.
9:20), procurando mostrar a importância na crença que todos possuíam
em Yeshua como Messias e seguirem a Torah eram o que todos deveriam
ter como objetivo.

PRINCIPAIS HERESIAS (SOBRE A LEI) ENFRENTADAS


POR PAULO

103
- Defendiam que era obrigatório cumprir preceitos rabínicos (i.e., adições
à Torah);

- Defendiam que os crentes estavam sob autoridade dos rabinos;

- Defendiam que deveriam viver de acordo com as “obras da lei” (que


são os exemplos de vida dos grandes rabinos);

- Defendiam que mesmo cumprindo-o a Lei milimetricamente, ainda


assim não eram salvos, como acreditava a Casa de Shamai, ao valorizar
os méritos. E “apenas” com a graça do Eterno também não poderiam
ser salvos.

- Alegavam que “Não judeus” são inferiores, segundo a “lei oral ou


rabínica”.

OBRAS DA LEI E OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO


Outra expressão mal compreendida é “obras da lei”, que no texto original
aramaico é “abdeh namusa”, mas a maioria não sabe que é um termo
rabínico. No hebraico, o equivalente é “Ma'assei haTorah”. Ou seja,
São “acrescentos à Torah” por puro legalismo. É importante lembrar
sempre que “obras da lei” não significa “cumprir a Torah”. O primeiro é
seguirmos o exemplo de alguém acreditando que poderá nos trazer a
salvação ou proximidade com YHWH. O segundo é fazer a Vontade de
YHWH que a manifestou na Sua Palavra.

Entre 1947 e 1956, centenas de manuscritos antigos – incluindo cópias


de quase todos os livros do Antigo Testamento – foram descobertos,
dentro de grandes vasos de barro, escondidos em 11 cavernas, nas
montanhas do lado oeste do Mar Morto. Ao analisar a sua escrita e ao
submetê-los a testes radio métricos, os arqueólogos ficaram pasmados ao
constatar que esses documentos tinham cerca de 2 mil anos de
antiguidade! Alguns tinham sido escritos nos dias de Yeshua e outros até
dois séculos antes! Quem teria escrito os famosos Manuscritos do Mar
Morto? Por que teriam sido escondidos nas cavernas do remoto e
inóspito Deserto da Judéia? Que segredos eles escondem? Essas
perguntas continuam a ser debatidas até hoje por arqueólogos,

104
historiadores, filólogos e teólogos. Mas algumas respostas
surpreendentes já foram encontradas.

Uma dessas surpresas ocorre num manuscrito conhecido como MMT


(abreviatura da expressão hebraica "Miqsat Ma-ase ha-Torah" que
significa "importantes obras da lei"). Esses são os únicos escritos até hoje
conhecidos, fora da Bíblia, que usam a expressão “obras da lei”. Antes
da sua descoberta, essa expressão só aparecia nos escritos de Paulo, onde
severas críticas são feitas às “obras da lei”. Paulo ensina, por exemplo,
que “o homem não é salvo pelas obras da lei” (Gál. 2:16) e que “todos aqueles
que são das obras da lei estão debaixo da maldição” (Gál. 3:10).

O que Paulo queria dizer por “obras da lei”? Alguns defendem que ele se
referia à obediência à Lei de Deus e concluíram, muito apressadamente,
e que os crentes não precisavam mais de obedecer à Torah. O MMT,
contudo, aponta para um significado totalmente diferente. Seis cópias
fragmentárias do MMT foram descobertas nas cavernas do Mar Morto,
indicando que, provavelmente, muitas outras cópias foram feitas e
distribuídas. O MMT é uma carta, com mais de 130 linhas, que tenta
convencer seus leitores a praticarem os “importantes obras da lei” e, para
nossa grande surpresa, ele faz uma lista de cerca de vinte dessas práticas
religiosas, consideradas extremamente importantes pelo autor do MMT.

Entre elas está: (1) não usar tecidos em que se mistura lã e linho; (2) não
colocar debaixo do mesmo jugo animais de espécies diferentes; (3) não
semear grãos de espécies diferentes no mesmo campo; (4) não lavar
utensílios em água corrente – pois poderiam contaminar-se com o que
tivesse sido lavado pela corrente acima; etc. O MMT, evidentemente,
interpreta e amplifica, de maneira extremada e distorcida, os textos do
Velho Testamento. A sua preocupação é com a preservação da pureza,
em não misturar o puro com o impuro, e não incorrer no erro do “jugo
desigual”. O MMT considera tais práticas como essenciais para a religião.

O apóstolo Paulo posiciona-se firmemente contra esse ensinamento que,


como nos mostra o MMT, parece ter sido bastante difundido naquela
época. O MMT comete o erro de achar que impureza é uma questão
externa, ritualística, e não moral, do íntimo do coração. Para Paulo, uma

105
religião meramente exterior e ritualística não tem qualquer virtude,
porque todos somos “justificados pela fé no Mashiach, e não pelas obras
da lei, porque pelas obras da lei ninguém será justificado” (Gálatas.
2:16). A Torah de YHWH (mandamentos, estatutos, juízos e
testemunhos) porém, continua a ser “santa, e o mandamento santo, justo e
bom” (Rom. 7:12).

DEBAIXO DA LEI

Quantos de nós já ouvimos a expressão (muito comum nos meios


evangélicos): “não estou debaixo da lei, estou debaixo da graça”?

Certamente que somos salvos pela graça, não pela observação da Lei, mas
a maioria utiliza está “teoria enganosa” para dizer que a “Lei da Torah”
não é mais válida. Mas quem o utiliza esbarra num problema que não
percebem: no hebraico a palavra “graça” é “chessed” [‫]חסד‬. E esta palavra
aparece mais de 240 vezes no Tanach ou o chamado “Velho
Testamento” (VT). Com isto, os servos de Elohim sempre estiveram
“debaixo da graça”, desde os tempos em que a Torah foi dada, e não
apenas após o ministério de Yeshua. O que muitos não percebem é: o
problema está nas duas formas com que foi feita a tradução das
Escrituras:

Durante a tradução do chamado VT a palavra hebraica “chessed” foi


traduzida como “misericórdia” ou “benignidade”. Já no chamado
“Novo Testamento” ela palavra “chessed” foi traduzida apenas como
“graça”. Intencionalmente a tradução J.F. de Almeida procurou
modificar o sentido da palavra “chessed” para outro contexto, visando
deixar a “graça” como algo exclusivo para o período após Yeshua apenas.
Porém, a palavra hebraica “chessed - ‫ ”חסד‬possui o significado de “graça”
para todos os Livros da Escritura. Isto porque a graça sempre esteve
presente desde o Jardim do Éden, pois o Cordeiro de Elohim que morreu
por nós estava preparado desde a fundação do mundo. (1Pe. 1:19-20)

Veja alguns exemplos de “chessed - ‫ ”חסד‬no VT com a correta tradução


deste termo e de “iniquidade” como “transgressão da Torah”:

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"Tu, com a tua beneficência (graça/chessed/‫ )חסד‬guiaste a este povo, que salvaste;
com a tua força o levaste à habitação da tua santidade" [Ex 15:13]

"E faço misericórdia (graça/chessed/‫ )חסד‬a milhares dos que me amam e aos que
guardam os meus mandamentos." [Ex. 20:6]

"Que guarda a beneficência “graça/chessed/‫ ”חסד‬em milhares; que perdoa a


iniquidade [o não cumprimento da Torah], e a transgressão e o pecado; que ao culpado
não tem por inocente; que visita a iniquidade [o não cumprimento da Torah] dos pais
sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração." (Ex. 34:7).

"Perdoa, pois, a iniquidade [não cumprimento da Torah] deste povo, segundo a


grandeza da tua misericórdia (graça/chessed/‫ ;)חסד‬e como também perdoaste a este
povo desde a terra do Egito até aqui." (Num. 14:19)

"E faço misericórdia “graça/chessed/‫ ”חסד‬a milhares dos que me amam e guardam
os meus mandamentos." Dt. 5:10

"Será, pois, que, se ouvindo estes juízos, os guardardes e cumprirdes, o Senhor teu
Elohim te guardará a aliança e a misericórdia (graça/chessed/‫ )חסד‬que jurou a teus
pais;" Dt. 7:12

A “Lei/Torah” foi dada pela “Graça/Chessed” do Eterno, que nos explicou


através da Torah como viver uma vida de santidade.
A “Graça/Chessed” coexiste com a “Lei/Torah” no próprio Evangelho
desde Gênesis, o termo “Lei” pode ter três conotações diferentes (lei dos
homens, Lei de YHWH e a lei do pecado), como Paulo sabia destas
“leis”, quando faz referência a estar debaixo da “graça” como o oposto a
estar debaixo da “lei”, Paulo não falava contra a “Lei de YHWH- A
Torah”, mas sim da “lei rabínica” ou "lei dos homens."

O cumprir a “Lei da Torah” no Velho Testamento é paralelo à “graça”;


então, sendo paralelo não pode ser oposto. Paulo desenvolveu a
expressão “debaixo da lei” que no aramaico é “techeit namusa” e no grego
é “upon nomos”. Esta expressão não existia anteriormente em nenhum
outro livro e em ambos os idiomas. Foi criada por Paulo, como forma de

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expressar o que denominamos atualmente como o “legalismo” das leis
dos rabinos praticados naquela época.

Portanto, o uso da expressão “debaixo da Lei” seria o mesmo que “não


estamos debaixo de regras dos homens, mas sim da graça de Elohim, que na Torah
nos explica como podemos ser agraciados com essa mesma Graça, isto é, andando
segundo toda a sua vontade (mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos)”.

Lição 11
A VERDADE SOBRE A TORAH – ANÁLISE E POSIÇÕES
EXTREMISTAS.

O primeiro grande erro das Bíblias evangélicas, é substituírem a palavra


Torah, por Lei, quando ela se refere à lei de Deus, ou seja, Torah, significa
instrução, e é compilada pelos cinco primeiros livros da Bíblia, da autoria
de Moisés, conhecido pelo mundo ocidental, como Pentateuco. Quando
Jesus diz que não veio abolir a Lei em Mateus 5:17, se for feita uma
tradução fiel aos originais, temos:

"Não penseis que vim abolir a Torah ou os profetas, não vim abolir, mas cumprir."

Ao surgir a palavra “Lei” nas Bíblias evangélicas, é mudado todo um


contexto da frase. Mas que lei? As pessoas associam à lei que está na
pedra, que essa não foi abolida, tudo o resto foi, mas se a tradução fosse
fiel aos originais, todos saberíamos que Yeshua se referia à Torah como
um todo, à instrução, ao Pentateuco. A Bíblia Judaica completa de David
Stern diz-nos:

Depois de quase dois mil anos de


trevas e jugo romano, ainda temos
dificuldades naturais na nossa
relação com a Torah. Ninguém
pode supor que, depois do

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despertar de um torpor tão longo, o observar a Torah seja tarefa
extremamente fácil e trivial.

Principalmente, considerando-se que o Judaísmo normativo, embora


tenha preservado boa parte da observância à Torah, também trouxe a ela
um jugo de costumes e normas humanas (algumas até mesmo de origem
pagã) que não faziam parte originalmente da fé que nos foi ensinada por
Moisés. Por razão disto, duas posições extremistas extremamente
perigosas têm surgido no nosso meio.

A primeira é a de que somente o que a Torah diz é válido como regra de


comportamento. A segunda alega que, além da Torah escrita, existe uma
suposta “Torah Oral”, Torah oral essa que foi compilada naquilo que
hoje conhecemos por Talmude (Mishná e Guemará). Este estudo
pretende refutar essas duas posições, em defesa da verdade não apenas
da Torah, como de todas as Escrituras.

PRIMEIRA POSIÇÃO EXTERMISTA: SÓ A TORAH É


VÁLIDA

"Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que
guardeis os mandamentos de YHWH teu Deus, que eu vos mando." (Deut. 4:2)

É possível para muitos de nós rapidamente termos a percepção de que a


Torah é o fundamento da nossa fé. Nela, estão descritas a nossa
identidade, a nossa história, as nossas transgressões, e as promessas de
YHWH para nós e de que deveríamos dar ouvidos à voz Do Messias (Dt.
18:15).

Contudo, alguns têm levado essa posição ao extremismo, dizendo o


seguinte: “Se não está na Torah, então determinado ato ou atitude não é
pecado” ou “não é da vontade de YHWH”. Essa posição baseia-se justamente
no primeiro texto citado, de Deut. 4:2, que determina que Israel não
deveria fazer qualquer acréscimo ou diminuição da Torah. Tais pessoas
chegam ao absurdo de dizer que Yeshua não poderia ensinar nada de
novo acerca da vontade de YHWH, pois a Sua vontade estaria totalmente

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expressa na Torah. Ora, convém perguntar a tais pessoas porque Yeshua
perdeu tempo da sua vida a ensinar o povo, ao invés de ir diretamente
para o madeiro.

O facto é que a Torah contém a essência expressa da moral e da vontade


de YHWH, indubitavelmente. Como tal, ela serve como parâmetro para
verificarmos se algo está ou não de acordo com a vontade d’Ele. É por
isso, por exemplo, que rejeitamos a interpretação anti-lei dada pelo
Cristianismo aos escritos de Paulo, pois vai totalmente contra aquilo que
YHWH nos revelou nos primórdios.

Se uma determinada vertente de interpretação das Escrituras fere


frontalmente a Torah, então podemos ter a certeza e a convicção de que
essa não é a interpretação correta da Palavra de YHWH. Todavia, isso
não quer dizer que absolutamente tudo o que YHWH desejasse dizer
esteja declarado de forma literal na Torah. Caso contrário, não haveria
qualquer necessidade de outros textos bíblicos. E, hoje em dia, não existe
nenhum grupo religioso que creia que os Cinco primeiros livros da Bíblia
sejam os únicos inspirados. O mais próximo disso são os samaritanos,
que só aceitam, de todo o Tanach (VT), a porção da Torah.

Contudo, até mesmo eles têm livros adicionais nas suas escrituras. Isso
significa que em Israel nunca houve quem entendesse que a Torah
almejava ser a totalidade da revelação de YHWH para nosso povo. Até
porque, se somos um povo conduzido por YHWH, então isto significa
que YHWH se revela a nós de forma contínua e constante. A Torah
sempre foi, ou pelo menos sempre deveria ter sido, o parâmetro
principal, para verificarmos se uma palavra dada por um profeta estava
de acordo com a vontade de YHWH. E assim o é até os dias de hoje.
Algumas pessoas, contudo, tomam o versículo mencionado no início
deste estudo como uma declaração literal de que nada mais possa ser
revelado da vontade de YHWH. O curioso é que normalmente isto é
mais utilizado para defender comportamentos moralmente estranhos,
uma vez que a Torah se cala a respeito deles. Não é à toa que Yeshua nos
recomenda que atentemos para os frutos (Mat. 7:15-20). Se analisarmos
essa questão, podemos perceber que quase sempre o que se tem é uma
tentativa de servir à carne, ou de justificar um comportamento negativo.

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Um Princípio Essênio

Recentemente, por exemplo, um líder alegou que a poligamia e o sexo


entre duas mulheres não eram pecados, pois a Torah nada diz a respeito.
Contudo, sabemos que Yeshua diz:

"Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no
princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se
unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?" (Mat. 19:4-5)

Yeshua refere-se a um princípio que os essênios chamavam de Yessod


HaBeriá, ou “Fundação da Criação” isto significa que quando YHWH criou
todas as coisas, estabeleceu as condições ideais de existência. Assim
sendo, tudo aquilo que foge dessas condições é em decorrência da
transgressão humana. Assim sendo, a princípio, YHWH criou o homem
e a mulher para formarem uma só carne, um único casal.

Lembremo-nos que Yeshua também deixa claro em Mat. 19 que nem


tudo o que a Torah permitiu foi por vontade de YHWH. Isso é fácil de
entendermos. Por exemplo, a Torah contempla sacrifícios pelo pecado.
Contudo, a vontade de YHWH é que nunca tais sacrifícios
ocorram. Como assim???? É simples: YHWH não pode desejar que o
homem peque! A Torah apenas prevê tal situação devido à transgressão.
Mas, nós teremos que nos esforçarmos para não agirmos segundo os
impulsos da carne. Com relação ao lesbianismo, a Torah não se
pronuncia, porque naquela época, numa sociedade patriarcal onde as
mulheres se casavam muito cedo e permaneciam na casa dos seus
maridos, tal prática era incomum.

Contudo, Paulo revela qual a vontade de YHWH: "Por isso YHWH os


abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural,
no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros,
homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que
convinha ao seu erro." (Rom. 1:26-27)

111
Semelhantemente, aqui Paulo também aplica o princípio essênio da
Fundação da Criação: No princípio, Elohim não criou as mulheres para
se inflamarem sensualmente umas com as outras. Qualquer coisa que fira
o princípio e a ordem natural criada pelo Eterno é, por definição, uma
transgressão ao mandamento de Elohim! E, no entanto, esse líder diz que
é lícito, porque a Torah nada fala a respeito. Mas vejamos, a Torah nada
fala a respeito disso, porque a Torah é um princípio estabelecido, e não
uma enciclopédia de todas as possíveis e imagináveis transgressões e
depravações comportamentais que o ser humano seja capaz de inventar.
A Torah, por exemplo, nada fala contra consumirmos drogas. Mas por
causa disso, quer dizer que é lícito?

É por isso mesmo que YHWH nos deu o Espírito Santo: "E porei dentro
de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos,
e os observeis." (Ez.36:27) Será que realmente podemos dizer que o
versículo de Deut. 4:2 a questão refere-se ao facto de que tudo o que
YHWH quis dizer está no Pentateuco e que, fora do Pentateuco, nada é
pecado?

Analisemos o versículo em questão e verifiquemos o que ele diz: "Não


acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os
mandamentos de YHWH teu Deus, que eu vos mando."

A frase diz, essencialmente, que aquilo que YHWH nosso Elohim nos
diz não deve ser distorcido: nem para mais, nem para menos. Repare
que algumas pessoas entendem algo que a Torah NÃO diz: Que YHWH
não daria qualquer outra palavra.

O mandamento é claro: Não distorcer o que YHWH diz. Mas o


mandamento não amordaçou YHWH de modo que nada mais pudesse
ser dito. Existem duas formas de entender esse versículo. Uma delas é a
de que ele se refira a um princípio geral de que não devemos distorcer o
que YHWH nos ensina. Outro é o de que esta tenha sido uma forma de
“selar” o livro da Torah, isto é, a partir daquele ponto, nada mais poderia
ser dito ou ensinado acerca da vontade de YHWH, ou acerca do que são
os mandamentos. A segunda interpretação traz grandes problemas para
os seus propositores:

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Problema #1 – Cortar Deuteronômio

O primeiro problema que podemos perceber é o de que esse texto é dito


em Deuteronômio 4, e nele, a totalidade da Torah não havia sido dada
ainda.

Se o texto for entendido como uma forma de sacramentar que, a partir


daquele ponto, YHWH não daria mais qualquer ordem a Israel, então a
Torah deveria ser encerrada em Deuteronômio 4. Tudo o que está além
de Deut. 4 deveria ser ignorado, pois não faz parte da Torah.

Contudo, isso gera um enorme problema: "E Yeshua respondeu-lhe: O


primeiro de todos os mandamentos é: Ouve ó Israel, YHWH é o teu Deus, YHWH
é UM. Amarás, pois, a YHWH teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro
mandamento." (Marcos 12:29-30)

Ora, tanto Yeshua quanto o próprio Judaísmo normativo concordam que


o Shemá é talvez a mandamento mais importante de todas, a partir do
qual todo o restante da Torah deriva. Afinal, trata-se da declaração de
que Israel tem apenas UM Deus, a quem devemos todo o amor e
devoção.

Porém, o Shemá só aparece em Deuteronômio 6 Ou seja, se acharmos


que Deuteronômio 4 sacramenta a totalidade das palavras de YHWH, então
o mandamento principal fica fora da Torah!

O CERNE DA QUESTÃO

O cerne do problema descrito em Deut. 4 está em:

- Não levar em consideração as palavras de YHWH;


- Fazer acréscimos ao que YHWH diz;
- Remover do que YHWH diz;

Três exemplos de posições históricas podem ser vistos como algo que
fere essa recomendação:

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- A posição cristã de que a Torah foi abolida desmerece as palavras de
YHWH e, portanto, contradiz Deuteronômio 4;

- As leis acerca do Judaísmo normativo, como por exemplo, não


comerem carne com leite (Dt. 14:21)

- As excepções do Judaísmo normativo.

Por exemplo, YHWH diz que devemos remover todo o fermento de


nossos lares na semana dos asmos (Ex. 12:15), mas o Judaísmo
normativo diz que é lícito guardar o fermento em casa, desde que seja
trancado num armário, e seja feito um documento a vender o fermento
para um estrangeiro durante a semana dos asmos e automaticamente o
recomprando após os Asmos. É justamente contra esse tipo de situação
que Moisés alerta o povo, quando diz que as palavras de YHWH são
inalteráveis. Em momento algum Moisés diz que YHWH não poderia
dar novas orientações ao povo.

A Torah dá as cartas

A verdade é que a própria Torah já nos ensina como devemos agir.


Primeiramente, a Torah legitima a existência de profetas: "Ouvi agora as
minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, YHWH, em visão a ele me farei
conhecer, ou em sonhos falarei com ele." (Núm. 12:6)

Evidentemente que o teste sempre foi a Torah. Mas foi justamente dessa
forma que o povo de Israel pôde reconhecer que Escrituras ilustravam a
vontade de YHWH.

Paulo diz com clareza:

"Toda a Escritura divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir,


para corrigir, para instruir em justiça;" (2Tim. 3:16)

As Escrituras são inspiradas por YHWH, mas também são proveitosas


para instruir em justiça. Assim sendo, quando lemos uma Escritura que
prescreve um dado comportamento, a nossa posição jamais deve ser a de

114
dizer que “não está na Torah”, afinal a própria Torah alerta que haveria
profetas para nos revelarem a vontade de Deus.

SEGUNDA POSIÇÃO EXTREMISTA: TORAH ORAL?

Podemos dizer, então, como dizem os judeus normativos, que existe uma
Torah Oral? Certamente que não. O facto é que tudo aquilo que YHWH
deu ao povo de Israel foi descrito, segundo o próprio Yeshua, “na Torah
e nos profetas”. Como vimos, para verificarmos se algo é verdadeiro,
devemos utilizar a Torah como parâmetro. Para considerarmos a
hipótese de uma Torah Oral, tal hipótese precisa ser possível mediante a
Torah escrita. Vejamos se isso é possível.

O Judaísmo farisaico, que posteriormente se transformou no Judaísmo


normativo, alega que juntamente com o texto escrito da Torah, foi
entregue uma “Torah Oral” a Moisés. Essa suposta “Torah Oral” teria sido
passada de Moisés aos sábios, e preservada de geração em geração.
Existem evidências históricas contrárias a isso, como, por exemplo, o
próprio testemunho de Flávio Josefo. Contudo, antes de sequer
considerarmos tal análise, é preciso verificar se a própria Torah “escrita”
dá margem para isso.

A questão é bem simples: Existe algo na Torah escrita que afirme


que NÃO há uma Torah Oral? Ou existe algo que afirme que há? Ou, na
ausência de um texto claro, há algum indício que possa levar à hipótese
de uma Torah oral?

A resposta para a maior parte dessas perguntas é “não.” Contudo, para


uma delas, a resposta é “sim”. Vejamos exatamente o que diz a Torah.

A primeira evidência aparece em Êxodo 24:12: "Então disse YHWH a


Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; e dar-te-ei as tábuas de pedra e a Torah, e os
mandamentos que tenho escrito, para os ensinar."

Aqui vemos que tudo o que YHWH deu a Moisés foi escrito. Mas há
mais: "E Moisés escreveu esta Torah, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que
levavam a arca da aliança de YHWH, e a todos os anciãos de Israel. E ordenou-lhes
Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão,

115
na festa dos tabernáculos, quando todo o Israel vier a comparecer perante YHWH
teu Elohim, no lugar que ele escolher, lerás esta Torah diante de todo Israel aos seus
ouvidos. Ajunta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que
estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam a YHWH vosso
Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Torah; E que seus filhos,
que não a souberem, ouçam e aprendam a temer a YHWH vosso Deus,, todos os
dias que viverdes sobre a terra a qual ides, passando o Jordão, para a possuir." (Deut.
31:10-13)

Novamente, vemos que aquilo que deveria ser ensinado ao povo era
lido da Torah, e não transmitido via tradição oral.

Mas será que há algo na Torah que diga que TUDO o que YHWH disse
a Moisés, ele escreveu? A resposta é sim. Repare na instrução que Moisés
deixa aos seus sucessores: “E, havendo-o passado, escreverás nelas todas as
palavras desta Torah, para entrares na terra que te der YHWH teu Deus, terra que
mana leite e mel, como te falou o YHWH Deus de teus pais." (Deut. 27:3)

Para sacramentar a questão, existe ainda o testemunho de Josué, sucessor


de Moisés, que diz com total clareza que tudo o que Moisés deixou foi
escrito: "E depois leu em alta voz todas as palavras da Torah, a bênção e a maldição,
conforme a tudo o que está escrito no livro da lei. Palavra nenhuma houve, de tudo o
que Moisés ordenara, que Josué não lesse perante toda a congregação de Israel, e as
mulheres, e os meninos, e os estrangeiros, que andavam no meio deles." Jos. 8:34-35

Portanto, podemos concluir com clareza que a Torah Oral é


um acréscimo que não existe à Torah e que viola sim as determinações
de Deuteronômio 4.

CONCLUSÃO

Como podemos perceber ambas as posições são equivocadas. YHWH


deixou para Israel não somente a Torah, como todo um conjunto de
Escrituras, das quais a Torah é a base de tudo. Além disso, podemos ver
que Moisés não deixou qualquer conjunto de tradições orais, como
complemento da Torah. Assim sendo, a Torah pura de YHWH não está
isolada, pois é fundação para toda a Palavra, mas também não precisa de

116
qualquer acréscimo, pois, como diz o salmista: A Torah de YHWH é
perfeita, e refrigera a alma. (Salmos 19:7)

117
Lição 12
ANÁLISE SOBRE GÁLATAS: AFASTAR-SE DO MESSIAS?

Paulo começa, no versículo seis do primeiro capítulo, a dizer que está


admirado de os gálatas por “tão depressa passásseis daquele que vos chamou à
graça do Mashiach para outro evangelho;” Isto demonstra que eles procuravam
viver uma vida religiosa (judaica) sem a presença de Yeshua e que alguns
procuravam afastá-los das “Boas Novas do Messias”. Mais adiante ele
comenta como era zeloso das “tradições” dos seus pais, que diversas vezes
acrescentavam ou subtraíam algo da Torah. Estas mesmas tradições
pareciam fascinar os gálatas.

No versículo 14 do capítulo 2 há algo intrigante: Paulo descreve a forma


como repreendeu a Pedro: “se tu, sendo judeu, vive como gentio e não como os
judeus, como é que obrigas aos gentios a viverem como judeus?”.

Muitos antinomianos (anti-lei) dão “pulos” de alegria e satisfação, porque


Paulo está a defender um ponto de vista semelhante aos seus. Porém, ao
ler o versículo seguinte – se é que o fazem – logo os seus “pulos” se
transformam em tropeços, pois Paulo, surpreendentemente diz: “Nós
somos judeus por natureza e não os pecadores de entre os gentios”.

Mas o que estava a dizer Paulo afinal? Ele repreende Pedro por este
querer fazer passar por um “que vive como judeu” na presença de judeus,
mas que vivia “como um gentio” na ausência dos judeus... ele condena a
atitude de Pedro por querer viver como judeu – como grande parte da
Cristandade alega?

A resposta é “não é bem isso”.

Se lermos bem, ele diz a Pedro que ele “vive como gentio e não como os judeus”,
referindo-se, pelo contexto, aos judeus que viviam de forma legalista,
segundo as tradições rabínicas dos seus pais como, aliás, ocorre até hoje.

Seria, por exemplo, o caso de Pedro, se vivesse hoje entre nós, todos os
Sábados aquecesse a sua comida no micro-ondas, porém, ao chegarem
alguns “dos judeus” ele, além de desligar o micro-ondas e até guardá-lo

118
numa caixa, retiraria a lâmpada do frigorífico para agradar àqueles judeus
e provar que vivia como um deles, ou mesmo que, ao invés de usar o
microfone na sinagoga como de costume (quando tais judeus não
estivessem perto, claro...) ele gritasse mais alto, naquele Sábado pelo
menos (só para agradar aos mais “ortodoxos”, isto falando a título de
exemplo).

Seria como se Paulo então chega-se a ele e dissesse: “Pedro, porque é que
ages dessa forma? porque não usas o microfone como o fazes todos os Sábados e porque
escondeste o micro-ondas? (Isto porque os Judeus rabínicos ao Sábado nem
sequer acendem a luz ou a televisão porque consideram que isso é uma
violação do Sábado, apesar da Torah nada mencionar sobre isso, para
perceber melhor o contexto da questão ler o texto o artigo o “Fogo ao
Sábado”)

Paulo completa então ao dizer que ele, pela Torah morreu para a lei
(legalismo) (vs. 19).

No entanto a versão almeida (relembro que Almeida era evangélico, crente que a
salvação pelo facto de ser pela graça anula a Lei do Eterno.) no vs. 19 do
capítulo 2 diz:

“Porque eu pela Lei, estou morto pela lei, para viver para Deus.”

Vejamos o que diz o mesmo versículo nas traduções fiéis aos manuscritos
originais hebraico/Aramaico das Cartas de Paulo:

Reparem no ponto “interpretação


legalista errónea” Os rabínicos
acrescentaram diversos pontos e
rituais à simplicidade da lei de
Deus, Deus simplesmente diz que guardássemos o Sábado, e eles ao
Sábado, acrescentaram a proibição de acender a luz, de andar de carro,
entre outras (exemplos para perceber o contexto dos legalismos, na
medida que naquela época nem havia carros nem tampouco eletricidade).
É contra esses legalismos que Paulo fala, nunca contra à Torah. Nem

119
podia o fazer, porque o mesmo Paulo mostra como já referimos várias
vezes:
“Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao
Elohim de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito nas leis e nos profetas.” At.
24:14.

Vejamos que nesta frase não há espaço para as leis rabínicas, visto que
essas são transmitidas oralmente entre as gerações (tradições). Repare
que assim deixa de existir qualquer tipo de contradições Bíblicas, os
escritos de Paulo, sendo divinamente inspirados, e Paulo sendo um
emissário de Yeshua, nunca iria falar contra a lei de Deus, porque aquele
que diz que o ama, e não guarda os mandamentos, é mentiroso, e isso é
nos dito pelo apóstolo João. No capítulo 3, Paulo diz que Abraão confiou
em Deus e isto lhe foi imputado por justiça, e que os que são da fé são
filhos de Abraão. Novamente, vejo os “pulos” dos antinomianos,
achando então que ser “da fé” seja diferente de “cumprir a Torah” - mas
rapidamente essa alegria esporádica vai deixar de fazer sentido.
Acompanhando o raciocínio de Paulo, de que os que são da fé são filhos
de Abraão, recordo-me do texto de Gên. 17, onde Deus fala com Abraão
sobre a promessa e com Abraão faz uma Aliança. Vejamos o que diz esse
texto: Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o
YHWH e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê
perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente.
Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus disse: Quanto a mim, será contigo a minha
aliança; serás pai de numerosas nações. Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão;
porque por pai de numerosas nações te constituí. Far-te-ei fecundo
extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti. Estabelecerei a minha
aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança
perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a
terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o
seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua
descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis
entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado.
Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e
vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações,
tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for

120
da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por
teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. O
incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada
do seu povo; já que quebrou a minha aliança.
Devemos guardar estas palavras, pois falaremos delas noutro estudo.
Devemos também lembrar de que isto foi muito antes da outorga da lei
no Sinai. Seguindo o raciocínio de Paulo, mais adiante ele diz que, aquelas
partes que falam de castigo e maldição que estão descritas na Torah,
recaíram sobre o Messias, que recebeu assim o “salário da transgressão à
Torah”, ou seja, do pecado, que é a morte.
No capítulo 4 ele refere-se às práticas pagãs em que, outrora, os gálatas
viviam. Vemos especialmente no versículo 8, quando ele diz que “Outrora,
quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que, por natureza não são deuses” Pois
bem, então o famoso “guardais dias, meses, tempos e anos” (vs. 10) refere-se
a tais práticas pagãs, entendem meus caros amigos evangélicos?
Ele roga aos gálatas: “peço-vos que vos torneis como eu” - pensando que, se
fossem como ele, estariam livres de qualquer extremo perigoso. Agora,
vejamos novamente como ele era, segundo ele mesmo (a melhor e mais
confiável fonte sobre “ele”): “Mas, confesso-te isto: que, seguindo o Caminho, a
que eles chamam seita, assim sirvo ao Elohim de nossos pais, confiando em tudo
quanto está escrito na Torah e nos profetas,” At. 24:14
“Paulo, porém, respondeu em sua defesa: nem contra a Torah (a versão almeida
diz novamente Lei) dos judeus, nem contra o tempo, nem contra César, tenho
pecado em coisa alguma.” At. 25:8
Paulo continua perplexo com os gálatas, pois ele repara que estes queriam
viver de uma forma legalista na sua observância da Torah. Ele nos
compara a Isaque, o herdeiro da promessa, livre da escravidão. O capítulo
cinco é o ápice do delírio dos antinomianos que tiram-no sempre de todo
o contexto em que está inserido, e fazem uma salada indigesta com ele,
ao virar Paulo, invariavelmente contra si mesmo e contra o Messias (e
contra toda a Bíblia.), ao afirmar que ele pregava “contra a circuncisão” que
é um preceito da Torah.

121
Paulo afirma que o Messias nos libertou de um “jugo de escravidão” e,
claramente pelo contexto lido, refere-se às tradições rabínicas e
observância legalista da Torah - e não à Torah propriamente dita.
No versículo 2 ele diz: “se vos deixardes circuncidar (por legalismo, ou com
o intuito de ser salvo) o Messias de nada vos aproveitará.”
Se, como alguns querem fazer crer, Paulo estivesse a falar “contra a
circuncisão”, ele teria caído em profunda contradição, até mesmo com o
que escrevera antes na própria carta aos gálatas. Pois ele se refere aos que
“são da fé” como filhos de Abraão e, uma vez filhos, cabe a eles tanto a
promessa, quanto a obrigação da Aliança proposta por YHWH– em
contrapartida, por assim dizer a essa promessa – que está explicitado em
Gên. 17:10-14 que compreende literalmente a circuncisão!
Mas Paulo que não era homem de contradição, antes pelo contrário,
refere-se aqui no versículo 2 à circuncisão legalista, uma circuncisão feita
com o intuito de salvação, (como o ser batizado com fins de salvação de
hoje) sem sequer a pessoa ter o conhecimento da Torah e do porquê ou
para que estava a fazer aquilo e o que compreendia ser circuncidado,
quais implicações em se fazer parte de uma aliança, etc.
No versículo 6 do capítulo cinco, muitas traduções trazem: “Porque, no
Mashiach Yeshua, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé
que opera pelo amor.”
Este é um texto um tanto ou quanto abstrato demais (nestas traduções),
no entanto, tem sido usado como base para os que afirmam que Paulo
era contra a circuncisão e é levado absolutamente para fora do seu
contexto original!
Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo perseguido?”
Completando a “salada” na cabeça antinomiana.
Agora, (sem levar em consideração por agora a deficiência dessas
traduções...) devemos recordar que, em Atos, Paulo defende-se dos seus
adversários que o acusavam justamente disso, de pregar contra a Torah,
e ele afirma: “nem contra a Torah dos judeus, nem contra o templo, nem contra
César, tenho pecado em coisa alguma.”

122
E o que os anciãos disseram a ele: “toma contigo estes e santifica-te com eles e
faz por eles a despesa para que raspem a cabeça; e saberão todos que é falso aquilo de
que têm sido informados a teu respeito; mas que, também tu mesmo andas corretamente
guardando a Torah.”
A própria Bíblia de Jerusalém traz, um comentário sobre At. 24:5-8: “(Paulo)
explica sobre a condição de “nazireu” que não o impedia de modo algum de ser fiel ao
judaísmo.”
Logo, se ele andava corretamente a respeitar a Torah e se eram falsas as
acusações de outrora contra ele a esse respeito, também hoje igualmente
são falsas as acusações de que ele “pregava contra a Torah”! (Lembrando
ainda que em Atos 16 O mesmo Paulo circuncida Timóteo).
Claro, temos a tradução “HaTeshuvá” onde lemos no versículo 6: “Porque
no Messias, a circuncisão e a incircuncisão nada são sem a fé que é tornada plena no
amor”.

Muito mais coerente com a vida, prática e declarações de Paulo!!!!


Ele diz que “esta persuasão” não vem de Deus, a persuasão de achar que,
através de uma vida de legalismo, de observância legalista da Torah – que,
infelizmente mesmo hoje vemos infiltrar-se em muitos grupos de crentes,
levando muitos até mesmo a negar a Yeshua - a vontade de, pelo
legalismo ser justificado, leva muitos a se esquecer e a se afastar do
Messias, já que, para estas pessoas, no seu legalismo e observância dos
mandamentos rabínicos, supostamente alcançariam a justificação, ao
mesmo tempo em que tentam agradar à linha mais ortodoxa e
“oficial” atual.
Esta postura é o “fermento” que, estando presente irá, invariavelmente
levedar toda a massa e, por fim, esta pessoa, ou este grupo se achará,
diferentemente do que pretendia, cheios de “transgressão à Torah”, uma
vez que eles não mais são “do Messias”, não sendo então “descendência de
Abraão” e muito menos, “herdeiros conforme a promessa” (Gál. 1:6),
eles “afastaram-se do Messias”.
Paulo não pregava mais os mandamentos rabínicos, a forma de
observância legalista da Torah. Ele pregava a liberdade que o Messias nos

123
trouxe quando nos ensinou a viver em obediência aos mandamentos de
Elohim, apenas e tão-somente a eles.
Ele ainda afirmou que, “se andarmos no Espírito” teremos em nós os frutos
do Espírito, “Paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão, temperança” ...”
contra estas coisas não há lei”.
Por que “não há lei”?
Porque “estas coisas” são o que quem vive uma vida de obediência e
observância (não legalista) da Torah encontram na sua vida e
desenvolvem no dia a dia no seu carácter! Por fim, no capítulo 6
versículos 1, ele exorta-nos dizendo “se um homem for surpreendido em algum
delito, vós que sois espirituais, corrigi o tal”. Porém, só há “delito” se houver
uma lei tipificando o delito, ou seja, só saberemos se alguém cometeu um
“delito” se tivermos a Torah como parâmetro, pois é ela quem nos mostra
o que é ou não transgressão, já que ela nos mostra qual é o alvo – Rom.
4:15 “...pois onde não há Lei, não há transgressão...”

O Capítulo 6 versículos 12 é muito claro sobre o quê e a quem Paulo se


refere: “Todos os que querem ostentar boa aparência na carne, estes vos constrangem
a vos circuncidar, somente para não serem perseguidos por causa da cruz do
Mashiach. Nem ainda estes mesmos que se circuncidam guardam a Torah, mas
querem que vos circuncideis para se gloriarem na vossa carne. Porque a circuncisão e
a incircuncisão não são nada, mas sim ser uma nova criatura.”
O ser uma nova criatura implica servir ao Eterno (atentar para a sua
instrução) por amor a Ele, não com o intuito de ser salvo.

124
Lição 13
A Torah e o Messias, um simples "mas"!
A TORAH É ANTAGÓNICA DO MESSIAS?

Não é novidade para ninguém que Satanás usa meias verdades para, se
possível, confundir os eleitos. Dentro deste conceito, vejamos só o
trabalho satânico que ocorreu na tradução de Rom. 10:6: Nas
traduções romanizadas das filhas de Babel encontramos: “Ora Moisés
descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por
elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá
ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo)” (Rom. 10:5-6).

Reparemos na palavra “mas” destacada a azul. Segundo o


dicionário Houaiss, a conjunção “mas” é definida como: “conjunção
adversativa - com variações de sentido, introduz o segmento que denota basicamente
uma oposição ou restrição ao que já foi dito”.

Resumindo, a palavra “mas” é usada para mostrar oposição. Uma subtil


tentativa de fazer oposição entre “Torah” e “graça”.

Contudo, esta mesma palavra “mas” não é encontrada nem no Textus


Receptus (grego) nem na Peshitta (aramaico)! Foi uma invenção dos
tradutores.

Segue uma leitura mais fiel de Rom. 10:5-6: “Porque Moisés escreve que o
homem que pratica a justiça que vem da Torah viverá por ela, e é a justiça que vem
pela fé. Assim [Moisés] diz: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu e trará
do alto ao Messias?”

Vejam que Paulo não antagoniza “Torah” e “graça”, mas sim


complementa a questão do viver a Torah, mostrando que o viver a Torah
é pela fé. Basta uma palavra acrescentada, uma pequena palavrinha
inocente, um “mas”, e dá-se margem a todo o sistema teológico do
Anticristo: o de operar à desobediência. Agora vejamos algo interessante,
vemos claramente uma citação de Paulo a Deut. 30:11-14. Porém,
quando olhamos para essa passagem, encontramos: “Porque este
mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não

125
está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo
faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres:
Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para
que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu
coração, para a cumprires. “(Deut. 30:11-14)

Ou seja, Paulo faz uso de um sentido alegórico: ao citar, falando do


Messias, um texto que fala da Torah, ele mostra que o Messias e a Torah
são UM – não há como dividi-los. Isto torna-se ainda mais claro quando
sabemos que Yeshua é o verbo de YHWH (Jo. 1:1 Ap. 10:3), isto é, a Sua
Palavra, e a Torah é a instrução (palavra) de YHWH. Logo Yeshua é a
Torah em carne, o nosso instrutor/Mestre, que não veio abolir a Torah,
mas sim ensiná-la.

As implicações disso são fantásticas, pois podem ser encontradas em


ambos os lados da equação desta postura de Sha'ul (Paulo):

• Não há como viver a Torah sem a fé no Messias, e não há como


viver a fé do Messias sem viver a Torah, porque ninguém ama a
YHWH se não atenta para a sua instrução.

A Palavra de YHWH é viva. Basta voltarmos a ela, e caem as escamas de


Babel/Roma!

126
Lição 14
O LIVRO DE GALATAS É CONTRA A TORAH?

A interpretação clássica do Cristianismo é que o livro de Gálatas indica


que ninguém é capaz de cumprir os mandamentos da Torah com
perfeição e que se tentarmos fazê-lo, seremos amaldiçoados. O grande
abuso que existe do texto, que é completamente retirado do seu contexto
original, fica evidente quando pensamos a respeito dos pontos abaixo:

AS ESCRITURAS CONTRADIZEM-SE?
Só existe uma forma coerente de interpretar as escrituras: a de
harmonizar os textos, e não colocá-los em antagonismo. Portanto, se
uma determinada passagem parece contradizer uma revelação anterior,
temos que rever a leitura que estamos a fazer de tal passagem. Portanto,
a única interpretação aceitável do Novo Testamento é aquela na qual ele
não entra em contradição com o Velho Testamento.
Desta forma, surge a pergunta: será que Paulo quis mesmo dizer que a
Torah não deveria mais ser cumprida, sendo que o Eterno disse que a
Torah permaneceria para sempre? Vamos analisar esta premissa.
- Posso casar-me com a minha irmã?
- Somos mesmo obrigados a dar o dízimo?

Qual seria a resposta se perguntássemos a um pastor cristão se podemos


casar com um irmão de sangue? Isso são preceitos da Torah, mas a
verdade é que nada é dito no Novo Testamento que nos diga que não
podemos nos casar com irmãos de sangue ou que ainda devemos dar o
dízimo, logo se a Torah para muitos crentes foi abolida, à partida essas
coisas seriam lícitas, certo?
PAULO AMALDIÇOOU TIMÓTEO?
Ora, se de facto o livro de Gálatas diz-nos que a circuncisão é maldição,
então por que é que Paulo amaldiçoou Timóteo? (At. 16:3).

127
Esta pergunta já começa a dar indícios de que, ou Paulo não era uma
pessoa confiável (mas sabemos que o era), ou o ato de circuncidar ou
não, por si só, não era o tema que Paulo tratava em Gálatas.
Paulo era hipócrita?
Ao atentarmos para a “jornada” de Paulo, percebemos uma grande
contradição (isto é, se ele realmente fosse aquilo que o Cristianismo
descreve):

- Ano 48-49 EC – Paulo escreve o livro de Gálatas


- Ano 50 EC – Ocorre o Concílio de Jerusalém (At. 15) e Paulo declara-
se cumpridor da Torah.
Ao lermos At. 15:1-2 temos uma “dica” relativamente ao verdadeiro
objetivo da carta aos Gálatas e o que estava a acontecer naquela época:
Alguns homens desceram da Judeia para Antioquia e passaram a ensinar aos irmãos:
“Se vocês não forem circuncidados conforme o costume ensinado por Moisés, não
poderão ser salvos”.
Isto levou Paulo e Barnabé a uma grande contenda e discussão com eles.
Assim, Paulo e Barnabé foram designados, juntamente com outros, para
irem a Jerusalém tratar dessa questão com os apóstolos e os presbíteros.
Pelo que podemos observar aqui nesta passagem, a grande questão não
era cumprir ou não a Torah, mas sim exigi-la para fins de salvação.
O BATISMO SALVA?
Isto é semelhante à discussão sobre se o baptismo salva ou não.
Infelizmente, existem ainda grupos que insistem na heresia de que o
baptismo é necessário para a salvação. Não pretendo aqui alongar-me
nesta discussão, até porque a maioria dos seguidores de Yeshua não crê
desta forma, simplesmente quero destacar que o baptismo significa o
nosso reconhecimento e arrependimento da culpa pelo sangue
derramado por Yeshua, e a adopção de uma nova conduta de vida, como
novas criaturas.

128
Contudo, se eu escrever uma carta a dizer de que somos salvos pela fé, e
não pelo baptismo, isto quer dizer que prego contra o baptismo? Claro
que não! A questão é a seguinte: em quem confio para a minha salvação?
Confio no meu baptismo? Ou confio no sacrifício de Yeshua? Isto faz
toda a diferença! Se eu pratico o baptismo da forma correta, em mim não
pode haver condenação, pois sigo uma ordenança de Yeshua.
Ora, com a observância da Torah a mesma coisa ocorre. Cumprimos os
mandamentos do Eterno por amor ao Seu Filho. (Jo. 14:21) O segredo
para a observância correta da Torah está, novamente, no livro de Atos:
“Por meio dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não
podiam ser justificados pela Torah de Moisés.” (At. 13:39)
Ou seja, a Torah não é eficaz para nos justificar, pois não somos capazes
de cumpri-la plenamente. Porém, ao sermos justificados, nós
confirmamos que agora temos um novo coração, capaz de amar ao
Eterno e por amor a Ele querer andar de acordo com os ensinamentos
da Torah, que foram dados por Ele: Anulamos então a Torah pela fé? De modo
nenhum! Pelo contrário, confirmamos a Torah. (Rom. 3:31)
FILHOS DE ABRAÃO?
Em vários momentos da história, o Eterno fez alianças com o povo, ou
com indivíduos. Existe uma grande diferença entre a “aliança de Abraão” e
a “aliança de Moisés”.
Até aos tempos de Yeshua, havia grande discussão entre os judeus, sobre
como é que os gentios poderiam tornar-se co-herdeiros de Abraão. Ficou
estabelecido pelo Sinédrio que os gentios se tornariam co-herdeiros se
passassem por um ritual de conversão (ou seja, falando resumidamente,
pela circuncisão). É em Abraão, não em Moisés, que serão benditas todas
as nações. E como entramos na aliança de Abraão? Pela fé!
A aliança de Moisés é uma aliança para uma vida de santidade. Porém,
ela não tem o poder de nos libertar de nossa natureza pecadora. Um dos
motivos pelos quais ela foi dada foi exatamente para nos mostrar que
sem termos parte na aliança de Abraão, é em vão fazer parte da aliança

129
de Moisés. Uma pequena ilustração ajudará a entender: imaginemos que
estamos doentes, de cama. O pecado é a nossa doença. Por estarmos
doentes, não conseguimos sair da cama (ou seja, somos escravos do
pecado). Agora imagine que a você, estando doente de cama, alguém o
quer ensinar a andar de bicicleta. Estas “instruções” de como andar são
a Torah. Você vai tentar, e vai perceber que está de cama. Se você não
tomar o remédio (Yeshua) não conseguirá sair da cama, muito menos
andar de bicicleta.
Ou seja, de nada adianta tentarmos cumprir a Torah sem termos antes
sido salvos em Yeshua. Será, na melhor das hipóteses, um exercício de
futilidade. É contra isto que Paulo fala. O alerta em Gálatas é de que
temos que confiar no remédio para sairmos da cama, ou seja, temos que
confiar em Yeshua para sermos salvos.
UMA ALIANÇA NÃO ANULA A OUTRA
Se nós somos participantes na “aliança de Abraão”, podemos também
tomar parte na “aliança de Moisés”. Não mais como filhos de Hagar
(escravos), mas como filhos de Sara, libertados pelo sangue de Yeshua e
com sede de obediência ao Eterno, pois agora somos servos da justiça
do Eterno.
LIVRES DE QUÊ?
Mas então porque é que Gálatas parece dizer que estamos livres da
Torah? A resposta é, estamos livres sim, mas não dos preceitos da Torah.
Afinal, ninguém concordaria em dizer que estamos livres para pecar
(Rom. 3 explica bem esta questão). Na realidade, estamos livres da
condenação que havia, por todas as vezes (ainda que inconscientemente)
que nos desviamos da Torah! Afinal, o não-cumprimento da Torah
levava à morte. Porém, Yeshua tomou sobre si a morte, de modo que
não cumprimos a Torah por termos receio da separação do Eterno, mas
cumprimo-la sim por amor a Ele, fazendo jus ao mandamento principal.
Porque sabemos que Ele, na sua infinita sabedoria, nos deu instruções
que contêm o que é melhor para nós.

130
Basta ver que a cada dia a ciência comprova cada vez mais que há
sabedoria por trás do estilo de vida defendido na Torah (i.e. o descanso
semanal, uma alimentação saudável, etc.).
ESTOU LIVRE?
Estamos, e como cidadãos livres, livres da ameaça de morrer e ficar longe
de YHWH, agora podemos escolher o nosso caminho. E eu escolho
aquele que YHWH tem por ideal e que transmitiu a todos nós através de
Moisés.

Cabe, então, a cada um de nós analisar e tomar a decisão.


QUEM FOI PAULO?
Será que Paulo foi um judeu que negou as suas raízes e que se converteu
a uma nova religião, e contradisse as revelações anteriores dadas por o
Eterno, e disse que estamos livres de algo que nem mesmo o Filho de
YHWH ousou abolir, e que usou “artifícios” para atacar os judeus? Certo
é que é assim que Paulo é visto, seja intencionalmente ou não. Mas será
assim?

Ou será que Paulo foi um estudioso, formado segundo a escola de


Gamaliel (neto de Hillel), que nunca negou o chamado de Israel, nem a
Torah, mas foi apenas contra o legalismo, ou seja, contra a deturpação
da Torah? Este Paulo de que vos falo, não contradiz nenhuma escritura
anterior. A escolha é de cada um.

131
Lição 15
TRADIÇÃO E AS OBRAS DA LEI (MMT)

Hoje, irmãos, todos nós temos imensos obstáculos a ultrapassar a vários


níveis, pessoal, profissional, até mesmo em termos de espiritualidade, e
desde sempre tem havido protagonistas antagónicos à Fé, mas neste
presente século eles são exponenciais.

A crise mundial, ao ser interpretada só em termos de ordem financeira


fica aquém da sua verdadeira dimensão. As suas verdadeiras causas
levam-nos à falta de valores, de princípios éticos, e tudo isso aliado ao
facto do Eterno estar ausente do coração da maioria das pessoas que
labutam (Eclesiastes 2:23-26).

Eclesiastes 2:23-26 “Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição;
até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade. Não há nada melhor
para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu
trabalho. Também vi que isto vem da mão de YHWH. Pois quem pode comer, ou
quem pode gozar melhor do que eu? Porque ao homem que é bom diante dele, dá
YHWH sabedoria e conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que
ele ajunte, e amontoe, para dá-lo ao que é bom perante YHWH. Também, isto é,
vaidade e aflição de espírito.”

A luta material não tem fim, mas o nosso inimigo sabe que já tem pouco
tempo (Efésios 2:2 e Atos 26:18), e o sistema que ele domina reflete-se em
todas as áreas, até nas que parecem mais inofensivas. Como tal, há que
se estar bem atento.

A tradição e os costumes que estão tão arraigados no nosso dia a dia,


mesmo em questões simples de linguagem; na maior parte das vezes,
afastam-nos do Altíssimo. Assim para além do Testemunho que nos é
aconselhado (Romanos 13:12), também entre nós, devemos de alertarmo-
nos uns aos outros continuadamente (Romanos 15:14 – Salmos 19:11).

Romanos 13:12 “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das
trevas, e vistamo-nos das armas da luz.”

132
Romanos 15:14 “Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós
mesmas estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-
vos uns aos outros.”

Salmos 19:11 “Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande
recompensa”.

Sobre o facto da própria linguagem, ter sido manipulada por satanás, por
acaso (e felizmente), no mundo lusófono, imperou o costume judaico, ao
se intitular os nomes dos dias da semana como dias de trabalho/feira,
(ex. segunda-feira; terça-feira; quarta-feira etc.).

Já no caso dos nossos irmãos "habla español", a situação é diferente, pois


ao citarem cada um dos dias da semana, estão sempre a "invocar" os
nomes de deuses pagãos (martes, lunes, viernes etc.). Situação semelhante
acontece entre os povos anglo/saxónicos, como é o caso do sétimo dia
da semana ser chamado de "saturday” - o dia de saturno; ou o “sunday”
- dia do sol, em alusão ao deus-sol, a mesma divindade pagã que está na
origem do Natal etc.

E, como não podia deixar de ser, no melhor pano cai a nódoa, isto por
quê? Porque mesmo entre o povo santo, o paganismo também ganhou
força, ao ser dado o nome de um deus pagão ao quarto mês do calendário
judaico tradicional (Ezequiel 8:13-15): Ezequiel 8:13-15 “E disse-me: Ainda
tornarás a ver maiores abominações, que estes fazem. E levou-me à entrada da porta
da casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas
chorando a Tamuz*. E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda tornarás a ver
abominações maiores do que estas.”

*Tamuz, uma divindade pagã, foi o nome dado ao quarto mês do


calendário judaico tradicional (calendário de Hillel II/Calendário
rabínico).

Tudo isto são coisas em que devemos refletir.

Outro exemplo; até há bem pouco tempo, a minha mente não se


incomodava com o vocábulo “arco de irís” para denominarmos aquelas

133
sete cores do arco que aparece no céu. Hoje já tento evitar denominá-lo
assim, pois “iris”, é o nome duma deusa do panteão grego, logo prefiro
vê-lo como o “arco do concerto de Noé” ou “arco da Aliança”, mas tudo
menos irís. A própria Bíblia, mesmo nas suas versões contemporâneas,
felizmente, nunca intitula esse “arco do concerto” como “arco-íris”, mas
sim como arco-celeste. (Apocalipse 4:3; 10:1).

Até a própria ciência, que se diz ser a antítese da religião, faz jus à sua
“religiosidade” ao dar também o nome de irís à parte mais visível do olho
humano, isto por quê? Porque Irís seria uma deusa (pagã) que exercia a
função de arauto divino. Na sua tarefa de mensageira, a deusa deixava
um rastro multicolorido ao atravessar os céus. (fonte: Wikipedia).

E assim chegamos ao propósito deste estudo, A Tradição pela qual


Yeshua em certas ocasiões denunciou quando se substituía a Palavra de
YHWH, assim como a luta constante que Paulo travou contra as obras
da lei.

Mateus 15:2-3 "Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois
não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que
transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?"

Romanos 3:20 "Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da
lei, porque [é] pela lei [que] vem o conhecimento do pecado."

Paulo, quando escreve o termo “obras da lei” nas suas epístolas muitas
vezes é incompreendido dentro do espírito da Lei (Torah), no entanto
passamos a entender melhor esta questão quando é explicado à luz da
mais recente evidência arqueológica: Os Manuscritos do Mar Morto.
Os textos traduzidos pelos eruditos Qimron e Stugnell dão-nos algumas
pistas: As “obras da lei” não são nem mais nem menos do que um corpo
de escritos existentes do primeiro século, o Miqsat Ma’ase há-
Torah ou MMT, que só recentemente foi recuperado. Esta descoberta
faz com que Paulo se torne mais inteligível para a Fé dos nossos dias.

Houve um ataque à Fé em todo o mundo por muitos séculos, na tentativa


de eliminar o conceito de que a Lei (Torah) não é mais válida, com base

134
em comentários de Paulo de difícil compreensão (2 Pedro 3:16), como por
exemplo em Gálatas e Romanos.

Hoje mais do que nunca, percebe-se que os argumentos são espúrios; no


entanto, mesmo assim esta questão não tem sido bem compreendida.
Mas com a identificação do que são realmente “as obras da lei”, o que
para uns parecia contradição, hoje torna esse entendimento obsoleto.

Entre 1947 e 1956, centenas de manuscritos antigos – incluindo cópias


de quase todos os livros do chamado Antigo Testamento – foram
descobertos, dentro de grandes vasos de barro, escondidos em onze
cavernas, nas montanhas do lado oeste do Mar Morto. Ao analisar a sua
caligrafia e a submetê-los a testes radio métricos, os arqueólogos ficaram
pasmados ao constatar que esses documentos tinham cerca de dois mil
anos de existência! Alguns tinham sido escritos nos tempos de Yeshua e
outros até dois séculos antes.

Quem teria escrito os famosos Manuscritos do Mar Morto? Por quem


teriam sido escondidos, nas cavernas do remoto e inóspito deserto da
Judeia? Que segredos eles escondem? Estas e outras questões continuam
a ser objeto de debate até hoje por arqueólogos, historiadores, filólogos
e teólogos. Mas a ponta do véu já foi aberta tendo sido dadas respostas
surpreendentes.

A par de outas descobertas uma dessas respostas ocorre num manuscrito


conhecido no campo académico como MMT (abreviatura da expressão
Hebraica Miqsat Ma’ase há-Torah = importantes obras da lei). Esse é
o único escrito, fora da Bíblia, no primeiro século que usa a expressão
“obras da lei”.

Antes da sua descoberta, esta expressão só aparecia nas cartas do


Apóstolo Paulo, onde severas críticas são feitas às “obras da lei” Paulo
ensina, por exemplo que “o homem não é salvo pelas obras da lei”
(Gálatas 2:16) e que “todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo
da maldição” (Gálatas 3:10).
No decorrer deste estudo veremos que o termo “obras da lei” refere-se
a uma análise sectária de purificações rituais que não têm base no

135
caminho ensinado por Yeshua. Não se referem em absoluto às Leis de
YHWH para a salvação espiritual. Referem-se a sacrifícios associados a
rituais de purificação. É nisto que consiste e assim torna-se mais claro a
compreensão de por exemplo Romanos 3:20-27.

Romanos 3:20-27 “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras
da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a
lei a justiça de YHWH, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de
YHWH pela fé no Messias Yeshua, para todos e sobre todos os que crêem; porque
não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de YHWH;
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há no Messias
Yeshua Ao qual YHWH propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência
de YHWH; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja
justo e justificador daquele que tem fé em Yeshua. Onde está logo a jactância? É
excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.”

Neste e noutros versículos, o que Paulo queria dizer por “obras da lei”?
A maioria dos cristãos assumiram que ele está a falar na Lei de YHWH
dada através de Moisés, e concluíram muito apressadamente que já não
mais precisam de obedecer à Lei. O MMT, contudo, aponta para um
significado totalmente diferente. Pode-se provar agora do que Paulo
estava de facto a referir, quando alertava contra as “obras da lei”, que não
era mais do que um conjunto de escritos que prevaleceram dentro do
sectarismo judaico localizado ao redor de Qumran.
Na passagem acima Paulo diz, efetivamente, “por qual lei? Não pelas
obras, mas pelo princípio ou Lei da fé.” Esta é a extensão central ou
fundamental da salvação para a humanidade. No entanto Paulo defende
a Lei, que hoje os incautos dizem ter sido abolida.

Romanos 3:28-31 "Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé


sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos judeus? E não o é
também dos gentios? Também dos gentios, certamente, Visto que
YHWH é Um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a
incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes
estabelecemos a lei."

136
Aqui, Paulo está a validar a Lei, mas diz que “as obras da lei” não são
válidas. Não conferem qualquer salvação. A salvação vem pela fé em
Yeshua. Então por que é que Paulo se envolveu nesta discussão?

De facto há um problema com as declarações de Paulo e a coerência do


texto Bíblico, porque parece haver contradições entre o que ele explica.
Por um lado, Paulo diz que se deve defender os mandamentos e por
outro lado ele diz que essas “obras da lei” não conferem vantagem. Este
aparente conflito tinha que ser resolvido. A resposta final é que, existe
clara distinção entre a moralidade e a lei ritual.

A expressão “obras da lei” no grego é “ergoon nomou” este termo foi usado
na Septuaginta para traduzir do hebraico a expressão “Ma’ase há-Torah”.
Este termo oriundo da seita de Qumran, tornou-se comum no judaísmo
rabínico do primeiro século, mas não fazia parte propriamente da lei oral,
mas sim do pensamento judaico em geral. O significado do vocábulo em
si perdeu-se e tivemos que esperar pelo achado dos Manuscritos do Mar
Morto (MMM) para se voltar a ter contacto com o significado desta
expressão que levou tantos, a distorcerem as Escrituras.

A partir destas descobertas pode-se então compreender corretamente


Paulo. Vamos assim rever alguns desses textos, dar uma espreitadela aos
MMM propriamente ditos. Os escritos de Paulo tornam-se mais claros e
a contradição aparente desaparece. Torna-se esclarecido que as “obras da
lei” preocupada com detalhes de sacrifícios e de pureza ritual nada têm a
ver com o conceito de salvação de acordo com as Leis que a Torah
estabelece no chamado Antigo Testamento.

Hoje em dia estamos na era do conhecimento, e esta nova ferramenta, é


tanto uma arma como um escudo contra os que procuram destruir a Fé
e a Lei (Torah). O debate sobre o que Paulo disse efetivamente em
Romanos e Gálatas pode ser defendido e explicado através da
compreensão.

A explicação sobre as “obras da lei” – a obra Miqsat ma’ase ha-Torah ou


MMT – que não é nem mais nem menos do que uma carta da seita de

137
Qumran (Os Essênios) e que foi introduzida no judaísmo sectário do
primeiro século e desapareceu nos seguintes.

Após a dispersão, depois da destruição de Jerusalém, e finalmente depois


da queda de Massada, o MMT foi perdido. Manteve-se numa caverna em
Qumran. A compreensão do que Paulo dizia estava “perdida”, então as
pessoas e organizações que queriam se livrar das “Leis” contidas no
Antigo Testamento, utilizaram a compreensão de meias verdades ou de
passagens polémicas nos escritos de Paulo para minarem toda a
mensagem contida nas palavras de Yeshua no famoso sermão relatado
nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus.

As epístolas do chamado Novo Testamento (NT) também foram usadas


para atacar as atitudes de Paulo, o adversário tentou minar a
compreensão dos gentios por um lado, e por outro, a dos próprios judeus
convertidos. Os judeus que aceitaram Yeshua como o Messias, sentiam-
se ameaçados por aquilo que Paulo tinha dito. Introduzindo uma
aparente contradição nos textos bíblicos, Gálatas 2:13 dá uma ideia do
que aconteceu.

Gálatas 2:13 "E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até
Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação."
Por outras palavras, nem mesmo os escolhidos estavam livres de
raciocínios torpes.

Gálatas 2:14-16 "Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a
verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives
como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?
Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o
homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé no Messias Yeshua, temos
também crido no Messias Yeshua, para sermos justificados pela fé no Messias, e não
pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada."

A expressão “as obras da lei”, tem sido geralmente entendido como o


funcionamento da lei, mas de facto o que é na realidade, é mais um título
de um manuscrito da época, “Obras da Lei”, que como já dissemos se
refere ao termo hebraico Miqsat ma’ase há-torah.

138
De agora em diante, podemos identificar isto como um título de um
manuscrito judeu do primeiro século, o qual tenta transmitir alguma
justificação através de obras. Gálatas 3:1-14 dá-nos uma melhor
explanação.

Paulo refere-se a Abraão neste texto de Gálatas, porque o pai da nossa fé


foi considerado justo. Em Génesis 22:16, Abraão dispõe-se a sacrificar o
seu filho, Isaque conforme YHWH ordenou, logo em certos casos, a fé
é explicada através das obras, pelo conhecimento da vontade expressa do
Eterno e não pelas obras agregadas através da tradição e cultura de uma
determinada forma de raciocínio humana.

Salmos 106:30-31 “Então se levantou Finéias, e fez juízo, e cessou aquela peste. E
isto lhe foi contado como justiça, de geração em geração, para sempre.”

O judaísmo contemporâneo da altura e mais tarde a “igreja”


interpretando este feito de Finéias, consideraram-no justo para todas as
gerações. Assim, os essênios, os autores do MMT, e outros grupos que
pensavam que a lei pode conferir a justiça pelas obras, aplicaram este e
outros textos similares e o aplicaram como se a justificação pela retidão
pudesse ser conferida através das ações dos indivíduos.

Os “Filhos de Sadoc” era o nome pelo qual se autodenominavam os da


seita de Qumran, entendiam que Sadoc, (ou Sadoque) sumo sacerdote de
David e de Salomão, era um descendente direto de Finéias que
concordava com essa posição. No entanto o que Paulo diz é que nada é
justificado perante YHWH pela Lei, mas que é através da Fé que o Justo
viverá.

Assim, a justiça é a obediência aos mandamentos através da fé. Adesão á


Lei, sem a Fé, num sistema maior, não é nada. Este é o conceito que aqui
se trata. Esta visão física permaneceu, embora existam muitos textos
bíblicos, como em Isaías 9:1-6 que fala do Messias, assim como em Isaias
53, que fala do seu sofrimento e da eliminação do pecado. Estes textos
apontavam para o sacrifício expiatório do Messias para a efetiva remoção
do pecado. Mas a maioria dos judeus do primeiro século acreditavam que
através das obras poderiam alcançar a justiça. Como Paulo disse;” Ó

139
gálatas insensatos, quem vos fascinou? Recebestes o Espírito pelas obras
da lei, ou pela pregação da fé?” E em seguida falou de Abraão.

O MMT, evidentemente, interpreta e amplia, de maneira extremada e


distorcida certos pontos do Antigo Testamento. A sua preocupação
reside em questões de pureza, em não misturar o puro com o impuro, ou
não incorrer no erro do “jugo desigual”. O MMT considera tais práticas
como essenciais à religião.

O apóstolo Paulo posiciona-se firmemente contra esse ensinamento que,


como mostra o MMT, parece ter sido bastante difundido naquela época.
O MMT comete o erro de achar que impureza é meramente uma questão
externa, ritualística, e não moral, do íntimo do coração. Para Paulo,
religião meramente exterior e ritualística não tem qualquer virtude,
porque todos somos “justificados pela fé no Messias, e não pelas obras
da lei, porque pelas obras da lei ninguém será justificado” (Gálatas 2:16).
A Lei de YHWH, porém, continua sendo “santa, e o mandamento santo,
justo e bom” (Romanos 7:12).

Yeshua jamais foi contra a Torah, mas sim contra os legalismos oriundos
da tradição oral, e das “obras da lei”, ou seja, leis humanas tidas como de
igual ou superior valor à Torah do Eterno. YHWH ALERTOU PARA
QUE NADA FOSSE ACRESCENTADO OU TIRADO DA SUA
PALAVRA: “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela”
(Deuteronômio 4:2),

Logo, Uma questão se coloca: O Que é e Quais são as “obras da lei”?

Quimron e Stugnell fizeram uma reconstrução das obras da lei nos textos
do MMM (Manuscritos do Mar Morto). Para melhor entendimento
dividiram o texto em três partes. A primeira, trata sobre questões de
calendário, composto em linhas e números de 1 a 21. A segunda são
textos com secções de leis, numerados de 1 a 82 e em terceiro lugar, uma
espécie de epílogo que contêm textos numerados de 1 a 32. Fragmentos
de seis cópias separadas de MMT foram encontradas em Qumran,
portanto não se trata apenas de um texto isolado, mas de múltiplas

140
cópias.

Abaixo reproduz-se alguns extratos do Miqsat Ma’ase há-Torah ou


MMT:

Linha Um diz: [o décimo sexto (dia) do (ou seja, o segundo mês) é um


sábado].

Ora, estas não são posições bíblicas. Estes dias baseiam-se talvez, no
calendário solar em Qumran, o que é de facto um erro (visto o calendário
bíblico ser lunissolar e não apenas baseado no sol). Este é um dos
motivos porque o MMT não sobreviveu para além do II século, visto o
Talmud ter por base o sistema de calendário lunissolar.

A Reconstrução diz:
O vigésimo terceiro dia (do mês) é um Sábado. O trigésimo [do mês é
um sábado. O sétimo do terceiro (mês) é um sábado – o décimo quarto
do mês, é um sábado - o décimo quinto do mês é a Festa das Semanas
[Pentecostes caí então nos, 14º e no 15º do terceiro mês para Qumran:
(Isto é contrário ao que diz levítico 23). O texto continua]. II- O
vigésimo primeiro dia do mês é um sábado. O vigésimo oitavo é um
sábado. Depois disso (ou seja, o Sábado), domingo e segunda-feira,
[terça-feira deve ser adicionado (a este mês). *

*Estas são reconstruções nos nomes dos dias que usamos para melhor
se compreender o texto do MMT.

O texto continua:

E a estação termina – noventa e um dias. O primeiro dia do quarto mês


é um Dia Memorial. O quarto]
III-do mês é um Sábado. O décimo primeiro é um Sábado. O décimo
oitavo do mês é um Sábado. O vigésimo quinto dia do mês é um sábado.
O segundo do quinto mês é um Sábado. O terceiro do mês é a Festa do
Vinho (Novo) ...

IV- O nono é um sábado]. O décimo sexto do mês é um Sábado. O

141
vigésimo terceiro dia do mês é um Sábado. O trigésimo [do mês é um
sábado. O sétimo sexta (mês) é um sábado. O décimo quarto do mês é
um Sábado ...

O texto, enumera todos os Sábados do ano, e completa o ano com outros


Sábados, através de festas do azeite novo, e das festas da oferta da
madeira. Estes não são de facto Festas ou Dias Santos indicados pelo
Altíssimo. Há uma série inteira de festivais no calendário, que estão
indicados nas “Obras da Lei”, que são impostos às pessoas sem qualquer
apoio Bíblico. Aparentemente Barnabé foi influenciado por estas “leis”,
de tão insidiosas que foram estas práticas no primeiro século. O texto
continua:

1 Ora, estas são algumas das nossas regras que são [algumas das regras
de acordo com]

2 [os] preceitos (da Torá), de acordo com a [nossa opinião e] de todos os


interessados [...]

É preciso lembrar que estes são papiros encontrados com cerca de 2000
anos de idade, e alguns fragmentos estão em falta. Há reticências (...) nos
fragmentos. O texto continua:

3, e a pureza de [o ... E quanto à semeou os] novos grãos de trigo dos


[gentios os quais eles ...]

4 e deixe que seu [...] o toque e o pro[fane, e ninguém deveria comer]

5 nenhum grão de trigo novo dos gentios, [nem] deveria ser trazido para
o santuário.
Aqui vemos o conceito – não comer – não tocar – não saborear
(Colossenses 2:21). Agora os comentários de Paulo fazem todo o sentido.
Ele fala das “Obras da Lei”, e isso é o que este texto refere. Paulo diz que
não nos devemos deixar absorver por estas práticas. O texto diz – não
toque nisso – não saboreie isso – e não faça isso. Não são estas práticas
que conferem justificação. A justificação vem através de Yeshua
HaMashiach.

142
Esta é uma descoberta completamente nova, é um texto de tradução
importante. Esta é também uma das razões pela qual os textos de
Qumran ficaram retidos antes de serem publicados, durante quase 50
anos. Os textos vêm também pôr em causa os argumentos do
protestantismo moderno. Fica sem sentido a posição contrária das filhas
de Roma contra o Sábado e os dias Santos instituídos por YHWH. Os
modernos antinomianos (que defendem a inutilidade da Torá) hoje são
silenciados pela publicação deste texto. As suas posições contra a “Lei”,
são absolutamente indesculpáveis.

Vamos agora aos conceitos (na linha 5):

Nenhum grão de trigo novo d[os gen] tios, [e] deve ser trazido para o
santuário. [E com respeito ao sacrifício da oferta pela purificação]

6 que cozinhem em uma panela [de cobre e eles ..] sobre isso,

7 a carne de seus sacrifícios, que eles [...] no pátio do templo (?) ...

E assim, chegamos a falar sobre os sacrifícios e de como deveriam


proceder no pátio do Templo. Eles, os essênios não tinham o controlo
do Templo em Jerusalém, nem reconheciam a autoridade dos saduceus
nem dos fariseus, seitas que eles consideravam demasiado brandas. Mas
tinham contruído um edifício menor que chamavam de “templo”.

O que eles faziam, era estabelecer regras para algo que não tinham
controlo. Mas através deste texto diziam aos fariseus e demais
autoridades, como deveria funcionar a estrutura. O texto converteu-se
num documento muito persuasivo em todo o Médio Oriente do primeiro
século. A sua influência era tão forte que o próprio Paulo teve que dedicar
grande parte das suas duas cartas, Romanos e Gálatas, a combater este
texto. Quão ampla deve ter sido a sua difusão.

Continuação:

8 o caldo dos sacrifícios. E sobre o sacrifício dos gentios: [somos da


opinião de que eles] sacrifiquem

143
9 para o [...] isto é como (uma mulher) que fornicou com ele, [E no que
diz respeito à oferta de cereais] o sacrifício

. . . quanto as peles e ossos de animais imundos. É proibido fazer abas de


vasos com os seus ossos e peles.

Em outras palavras, atacavam diretamente tudo o que os Gentios faziam


nos sacrifícios do Templo. Os seus opositores deixavam a oferta de
cereais de um dia para o outro. Eles sustinham que deveria ser comido
antes do pôr-do-sol do dia em que foi sacrificado.

No entanto, aqui vislumbra-se o aparecimento do conceito, tal como


João descreve, que fala da mulher, em relação à religião falsa, que é uma
prostituta, visto ser da cultura popular da época considerar a religião falsa
como se fosse uma rameira ou uma mulher adúltera na relação com
YHWH.

O texto também fala de como se deveria fazer os sacrifícios, ou sobre o


que os opositores faziam, de deixarem até ao dia seguinte, mas está
escrito, e no ponto 11, afirma-se que a oferta de cereais deveria ser
comida depois do pôr-do-sol, e que a carne deveria ser oferecida no dia
em que foi sacrificada antes de anoitecer. Pois os filhos dos Sacerdotes
deveriam ter o cuidado de colocar isto em prática, e de não levar as
pessoas a sofrerem a punição.

O MMT também se refere às regras de pureza da oferta da vaca de


purificação, ou seja, o sacrifício da novilha vermelha. O que a sacrifica, o
que a queima, e quem recolhe as cinzas, quem deveria espargir a água da
sua purificação; e ao pôr-do-sol que todas essas pessoas são purificadas.

Lemos sobre a oferta da novilha vermelha em Números 19:2 em diante.


Os escritores do MMT estavam preocupados principalmente com os
sacrifícios, e a regulamentação de todos eles. Entretanto, vemos Paulo
uma vez mais a dizer-nos, que estas purificações sacrificatórias foram
abolidas. Foi o cheirographon, ou seja, a “dívida” que foi cravada na
cruz, Colossenses 2:14.

144
Isto são questões e disparates instituídos que Paulo teve que combater,
porque enfraqueciam a eficácia do sacrifício de Yeshua. No entanto,
Paulo nunca contestou a Lei do Antigo Testamento. A luta de Paulo era
contra um “corpo de lei” que interpretava de forma sectária partes da
Torá do Eterno.
As seitas judaicas do tempo de Yeshua tinham feito um conjunto de
regras secundárias, das quais, grande parte foram mais tarde compiladas
no Talmud, e que na época formavam um corpo de leis que regulavam
todos os detalhes da sua vida diária, e que se tornaram uma extensão do
próprio judaísmo rabínico. O seu procedimento por exemplo, era
deveras obcecado com a questão da lavagem das mãos, de como
controlar os seus atos, do que deviam comer ou o que combinariam com
as suas ofertas.

As “obras da lei” falam assim em três elementos, que também são


abordados no Novo Testamento. É uma das razões pela qual há uma
aparente contradição no que Paulo diz; Por que até então não sabíamos
em que consistiam as Obras da Lei.

Mas agora sabemos que as Obras da Lei é um texto explicativo, tipo


“mini-talmud”, que não concorda com o Antigo Testamento. Ao
entender-se isto, tudo se torna mais simples na compreensão das cartas
de Paulo.

Com o texto do MMT, os argumentos das “seitas” da atualidade


(evangélicas) antinomianas, são destruídos por completo. Qualquer um
que diga hoje em dia que a lei foi abolida, nós podemos responder
tranquilamente que não sabem aquilo que estão a afirmar. Hoje temos
uma excelente arma para combater a apostasia e nos defendermos das
heresias.

Estavam obcecados com a limpeza! Obcecados com os rituais. Era uma


fixação que Paulo teve que abordar porque o Messias colocou a
compreensão da “religião” numa base espiritual e não tanto física. Aquela
visão de religião era uma pedra de tropeço para todo o mundo, e continua
a ser uma pedra de tropeço no entendimento atual. Somente quando se
lê explicações sobre do que eram constituídas as “Obras da Lei”, é que

145
nos damos conta da magnitude do problema que Paulo teve que
enfrentar.

O MMT aborda os mais variados assuntos e tem regras próprias para


muitos temas, como no caso da alimentação, de uniões proibidas e de
matrimónio entre parentes, das deficiências físicas dos membros da
congregação, ou do relacionamento com os Moabitas, e Amonitas, dos
leprosos, das misturas de tecidos ou de sementes a semear no campo, ou
mesmo de quem se podia ou não introduzir em casa.

Todos esses conceitos passaram a ser vistos em contextos físicos. Toda


a estrutura do Espírito, a nossa compreensão daquilo que faríamos
espiritualmente, foi completamente minada por este texto sobre as
“obras da lei” que reduziu tudo a um nível físico em vez do sentido
espiritual.

Podemos agora olhar para os textos, à luz do que Paulo provavelmente


disse, de facto, com referência ao MMT. O texto ainda não é conclusivo,
mas os eruditos estão medianamente seguros – e isso é na realidade aquilo
que se trata.

As implicações são de facto revolucionárias, mas não tanto para nós, que
sempre defendemos a Lei, o Sábado, as Festas, a alimentação kosher
(apropriada), isto porque mesmo com deturpações das traduções, sempre
se conseguiu discernir a Verdade quando analisamos a Palavra como um
todo, e sabendo que YHWH não muda, e que a sua Palavra não tem
sombra de variação.

Tudo isto é revolucionário sim, para os protestantes modernos que


ignoram a distinção da lei que foi claramente entendida por eles na
Reforma, se bem que não tenham entendido de forma clara a Páscoa e
outros dias Santos que nos ajudam a compreender o Plano de YHWH
para a salvação da humanidade através da obra redentora e de expiação
do Seu filho Yeshua HaMashiach.

Veremos de seguida alguns exemplos, de leis criticadas e rejeitadas por

146
Yeshua, ou seja, leis rabínicas ou obras da lei, ou leis humanas que foram
acrescentadas à Torah.
Os Escribas

Os escribas tinham o trabalho de copiar as Escrituras à mão, tomando


um cuidado extremo para assegurar cópias perfeitas do texto. Os
sacerdotes e os escribas do tempo de Esdras eram praticamente
idênticos. Contudo, no tempo dos Macabeus, dividiam-se em dois grupos
distintos. Os sacerdotes passaram a formar o grupo dos Saduceus. Os
escribas, que eram chamados os Hassidim no princípio do século II a. C.,
dividiram-se em dois grupos, sendo um o grupo dos Fariseus.

Os escribas passaram a ser os peritos na Lei e eram conhecidos como


advogados e mestres da lei. Chamavam-lhes Rabis, que era um termo de
respeito. Eram extremamente zelosos pela Lei e pela sua observância.
Era de conhecimento geral que havia 613 mandamentos na Lei ou Torá
(os livros escritos por Moisés), embora nem todos fossem muitos
específicos.

Para ter certeza de que a Lei era seguida corretamente, deram-lhe


interpretações e passaram essas interpretações ao povo como tendo tanta
importância como as próprias Escrituras. Devido ao zelo que tinham,
aplicavam a Lei a todas as situações possíveis e imaginárias, criando assim
centenas de regras minúsculas e ridículas, muito difíceis de cumprir. Estas
regras criadas pelo homem eram conhecidas como “Lei oral”.

Pode-se ter uma ideia de como a Lei oral funcionava se repararmos, por
exemplo, na lei que regulava o trabalho do Sábado (dia de descanso). Os
escribas formaram leis à volta do Sábado, como se fosse uma vedação
para proteger esse mandamento.

Por isso perguntavam: “O que é que constitui trabalho?” Consideravam


trabalho andar mais do que 1 quilômetro a partir da povoação em que se
vivia (daí vem a expressão “caminho de um sábado”), carregar um fardo
etc. Quanto ao carregar um fardo, procuravam determinar o que constitui
um fardo. Chegaram à conclusão de que um fardo era comida de peso

147
equivalente a um figo seco ou á tinta necessária para escrever duas letras
do alfabeto hebreu.

Mas havia sempre áreas de incerteza. Assim, passavam horas


intermináveis a debater se era permitido, por exemplo, um alfaiate
caminhar um pouco com uma agulha espetada na roupa, ou se era
permitido usar próteses dentárias, ou se um pai podia pegar no filho ao
colo. Curar era também considerado trabalho. Só era permitido se a vida
da pessoa estivesse em perigo. E, mesmo assim, o tratamento só podia
ser ministrado para evitar que a pessoa piorasse no tempo do ministério
de Yeshua, a “Lei oral” acompanhava sempre, obrigatoriamente, a Lei
transmitida Por YHWH a Moisés e escrita por ele, e era aceite como
tendo a mesma importância da Escritura (vulgo Velho Testamento); em
muitos casos era considerada mais importante do que as Escrituras
sagradas. E Yeshua não aceitava isso.

No século IV d.C. as leis orais foram reunidas numa forma escrita e


passaram a formar um documento conhecido como o “Mishná”, a este
foi acrescentado um comentário conhecido como o “Guemará”. Estes
dois volumes foram compilados numa obra que foi chamada de
“Talmud”.

Certa vez os discípulos sentaram-se para comer sem lavar as mãos, não
seguindo a tradição religiosa daquele tempo. Este lavar das mãos era um
lavar ritual, de purificação (MMT), não era simplesmente por razões de
higiene. Os mestres da Lei perguntaram a Yeshua porque é que os
discípulos não viviam segundo as tradições dos anciãos. Yeshua
respondeu o seguinte: Marcos 7:6-8 “Bem profetizou Isaías [Isaías 29:13]
acerca de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim. Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas, que
são mandamentos dos homens.’ Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes
as tradições dos homens...”

O Eterno não tinha ordenado esta tradição na Lei escrita. Mas, mesmo
hoje em dia, quando os Judeus ortodoxos lavam as mãos, pronunciam a
seguinte bênção: “Bendito és tu, Senhor, rei do universo, que…nos mandaste lavar
as mãos.”

148
Por que razão é assim? Explicam que a Lei oral ordena que se obedeça
aos Rabis e, ao obedecer aos Rabis, estamos a obedecer indiretamente ao
Altíssimo. Portanto a bênção que pensam que YHWH lhes ordenou para
quando lavassem as mãos é, de facto, uma declaração da sua obediência
à autoridade que crêem que o Eterno deu aos Rabis, para decretarem
novos mandamentos.

Acreditam também que, durante os 40 dias e 40 noites em que Moisés


esteve no Monte Sinai, lhe foi dada uma nova lei que era para ser
transmitida oralmente, que ficou conhecida como Lei oral. O problema
com os decretos rabínicos é que a própria Lei escrita ordena o seguinte:
Deuteronômio 4:2 “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis dela”.

E a Palavra também nos diz que Moisés escreveu tudo aquilo que o
Eterno lhe ordenara (Êxodo 24:4-6).

Os decretos rabínicos, fabricados pelo homem, constituem um


acrescentar à lei. Por isso é que Yeshua disse aos escribas: Mateus 5:6 “E
assim invalidastes, pela vossa tradição o mandamento de Deus”.

Os escribas diziam que YHWH rejeitava todos aqueles que não


conseguiam guardar a Lei, tal como eles a entendiam. Raciocinavam que,
uma vez que as pessoas comuns não podiam estudar a Lei, tanto na forma
escrita, como na forma oral, eram ignorantes daquilo que YHWH queria
delas e por isso nunca conseguiam agradar ao Eterno.

Consideravam-se a si próprios como os únicos que eram dignos. Devido


a isso, tinham tendência a desprezar as pessoas comuns e referindo-se a
elas como “os pecadores”.

Os Rabis, que passavam a vida a debater pontos minúsculos da Lei,


falavam do “jugo da lei”, que o povo de YHWH devia ter orgulho em
carregar. Mas esta Lei, como já afirmamos, não era a Lei que o Altíssimo
tinha dado originalmente através de Moisés, mas era a Lei escrita
juntamente com a Lei oral, sendo está muito mais exigente. Yeshua
criticou-os com severidade, dizendo: Lucas 11:46 “Ai de vós, também,

149
doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar; e, vós
mesmos, nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas.”

Os escribas tinham tendência a desmoralizar as pessoas. A Lei ficou tão


difícil de suportar, que muitas pessoas desistiram simplesmente de tentar
guardá-la. Como devem ter acolhido com alívio Yeshua, quando lhes
disse; Mateus 11:28-30 “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e
eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo
é suave e o meu fardo é leve”;

Os Rabis esperavam que os outros suportassem esta carga da “lei”. Mas


eles nem sempre faziam isso. Yeshua disse o seguinte acerca deles:
“…dizem e não praticam” (Mateus 23:3).

Mateus 23:13 “Mas, ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos
homens o reino de YHWH; nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão
entrando”.

Com Esdras, que era sacerdote e escriba, não tinha sido assim. Ele
mesmo vivera em estreita comunhão com o Senhor e exortava o povo a
voltar a YHWH (Neemias 8:1-18).

A grande tragédia quanto aos escribas era que estavam na letra e não no
Espírito. De facto a letra da Lei mata. Tinham deixado de permitir que o
Espírito Santo lhes falasse pela Bíblia e tinham imposto as suas próprias
tradições como um filtro, pelo qual a liam. Eles próprios não estavam a
receber a bênção que o Altíssimo tinha para eles e, além disso, estavam a
impedir que outros a recebessem.

Os Fariseus

Os Fariseus eram, ao mesmo tempo, uma seita religiosa e um partido


político. No tempo do ministério de Yeshua formavam o grupo religioso
mais numeroso em Israel, sendo constituído principalmente por Judeus
comuns, muitos dos quais eram escribas. No tempo de Yeshua tinham
uma grande influência dentro e fora do Sinédrio, que era a assembleia

150
que governava os Judeus. De tempos a tempos colidiam com as
autoridades romanas, mas, em geral, deixavam nas mãos de YHWH a
questão de quem devia governá-los.

Fariseu significa "separado". Quanto à sua origem iam até ao tempo de


Judas Macabeu, quando o partido Hassidim se formou para se opor à
posição fraca dos sacerdotes e governantes. O partido Hassidim era
conhecido como o partido "devoto".

A sua preocupação era a observância rigorosa da letra da lei. No século


II a.C., o partido Hassidim dividiu-se em dois grupos: os Fariseus e os
Essênos (ou Essênios). Os Fariseus eram um grupo religioso fanático que
queria obedecer à lei escrita e à lei oral, dando uma ênfase especial à
observância da lei oral.

Preocupavam-se especialmente com a limpeza ritual. Os Essênios eram


ainda mais severos, acreditando que a pureza ritual só podia ser
conseguida pelo afastamento e isolamento da sociedade. Não possuíam
nada, renunciavam a tudo o que fosse vida normal, incluindo o
casamento. Como consequência, eram totalmente alheios à vida política.

Além de só comerem a comida que YHWH aprovava como "limpa",


tantos os Essênios como os Fariseus tomavam precauções meticulosas
quanto ao preparo desses alimentos. O preparo de cada refeição era um
acontecimento complicado. Depois havia o assunto de lavar as mãos
antes de comer. Não era por motivos de higiene, era o lavar cerimonial
das mãos. Procedia-se da seguinte maneira: Despiam-se os braços.
Levantava-se um braço e deitava-se água pelos dedos estendidos e
virados para cima, de modo que a água corria pela mão e pelo braço.
Continuava-se a deitar água até chegar a uma determinada linha marcada
no antebraço. Esse mesmo braço era então posto com a mão e os dedos
virados para baixo. Era deitada água nesse mesmo antebraço começando
pelo ponto mesmo antes daquela linha marcada, de modo que a água
corria pela mão e saía pelos dedos. Repetia-se o processo com o outro
braço.

Era a isto que os Fariseus chamavam lavar as mãos antes de comer. Em

151
geral o povo admirava os Fariseus pelo seu zelo. Mas Yeshua não nutria
essa admiração por eles. Criticou-os asperamente pelos seguintes
motivos:

- Estavam mais preocupados em parecerem boas pessoas do que em


obedecer a YHWH. Gostavam de ser vistos como homens santos.
Procuravam sempre os lugares mais importantes na sinagoga e gostavam
que lhes chamassem "Rabi" quando eram cumprimentados no mercado
(Lucas 11:43).

- Gostavam que as suas obras fossem vistas por toda a gente. Faziam um
espetáculo da sua oração em público. Quando oravam, certificavam-se
de que todos reparavam neles. Yeshua chamou-lhes "hipócritas" ou
"atores" (Mateus 23:13). Também lhes disse que o que importa
verdadeiramente é o que está no interior do homem.

Estas foram as Suas palavras: Mateus 23:25,26 "Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de
rapina (avidez) e de iniquidade (satisfação dos próprios desejos). Fariseu cego! Limpa
primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo."

Mesmo antes de Yeshua, já João Batista tinha falado claramente contra


eles, quando foram ter com ele para o ouvir no deserto. Disse-lhes:
Mateus 3:7-9 "...Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos
por Pai a Abraão, porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar
filhos a Abraão. E, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore,
pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.".

A propósito da palavra "fogo", é interessante notar que, sempre que


Yeshua falou de inferno, fê-lo quando se dirigia aos dirigentes religiosos
(Mateus 23:15). A mensagem dEle para o povo não era acerca do fogo do
inferno, mas sim de um Elohim de amor e de perdão, que esperava que
fossem a Ele, tal como fez o filho pródigo.

Os Fariseus também classificavam as pessoas comuns como "pecadoras"


por não cumprirem a prática religiosa. Os escribas consideravam as

152
pessoas "pecadoras" porque não conheciam os pormenores da lei oral,
ao passo que os Fariseus as consideravam "pecadoras" porque não
cumpriam os pormenores dessa lei, o que eles próprios também não
faziam. Criticavam-nas e desprezavam-nas.

Yeshua descreve a maneira normal dos Fariseus orarem, na parábola dos


dois homens que subiram ao templo para orar. Contou o seguinte: "O
fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Elohim, graças te dou, porque
não sou como os demais homens - roubadores, injustos e adúlteros...jejuo duas vezes
por semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo." Lucas 18:11.

Mas era injusto classificar as pessoas comuns (a maioria), como


"pecadoras" só porque não observavam cada um dos pormenores da lei
oral. Tinham simplesmente desistido de guardar a “lei de Moisés” porque
era demasiado difícil, visto que tinha sido misturada com a “lei oral”, que
era uma lei humana (jugo pesado), e não uma lei dada por YHWH (que
é leve, santa, justa e boa).

A maioria, tinha que trabalhar para ganhar a vida e não tinha tempo para
obedecer às leis religiosas, sofisticadas, que os dirigentes religiosos
tinham estabelecido. Yeshua compreendeu a situação do povo comum,
e não tratou as pessoas como os Fariseus. Procurou sim estar com elas.
Comeu na companhia de "pecadores". Passou tempo com aqueles que se
sentiam excluídos da presença e da bênção do Altíssimo.
Estavam tão obcecados com o obedecer às interpretações da lei, em cada
pormenor (pois entendiam que a salvação vinha da obediência perfeita
da lei), que ignoraram a mensagem de graça e misericórdia do Altíssimo.
Mas Yeshua não era assim. Quando os Fariseus O criticaram por comer
com "pecadores, Ele respondeu: Mateus 9:12-13 "Não necessitam de médico
os sãos, mas sim, os doentes. Ide, porém e aprendei o que significa: Misericórdia quero
e não sacrifícios. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao
arrependimento".

Os Fariseus procuravam agradar ao Eterno através da atenção rígida que


davam ao cumprimento da Lei. Isto constituía um grande sacrifício. No
entanto, Yeshua disse-lhes que o que era mais importante para YHWH

153
era mostrar misericórdia àqueles que não tinham esperança (Mateus 23:23;
Lucas 11:42).

Há que destacar que entre os fariseus também residia a discórdia em


certas interpretações, devido á influência de duas Escolas, a de Hillel e a
de Shammai. A Escola de Hillel era mais compassiva na sua interpretação
da Lei do que a Escola de Shammai, esta era muito conservadora e
intransigente, muitos dos ataques contra Yeshua provinham da Escola de
Shammai, e o Mestre utilizava por vezes os ensinos da Escola de Hillel
para estabelecer os seus argumentos.

Os Saduceus

Os Saduceus eram também uma seita religiosa e um partido político.


Juntamente com os Fariseus, formavam os dois principais partidos
políticos do tempo de Yeshua. Mencionamos brevemente os Essênios,
que eram um dos partidos menores. Havia um outro partido de minoria
que eram os Zelotes. Estes acreditavam que o Eterno queria que os
Judeus se insurgissem através de uma ação militar contra as forças
romanas ocupantes. Por isso pregavam a violência e a revolta. Tinham
como modelo Finéias, que agiu com zelo no tempo de Moisés e que
matou, com uma lança, duas pessoas não cumpridoras da lei.
O nome "Saduceu" vem de "Sadoque", conforme acima, que foi um dos
sacerdotes mais notáveis que viveu no tempo de David e de Salomão. Os
Saduceus surgiram no tempo dos Macabeus, vindo dum grupo
helenístico, que era a favor da introdução da cultura grega na sociedade
israelita. A maioria deles era constituída por membros das famílias de
sacerdotes, muito poderosas, que governavam em Israel naquele tempo.
De facto, os sacerdotes desta família tinham desempenhado o papel de
reis até que os Romanos deram esta posição a Herodes.

No tempo de Yeshua, os Saduceus ainda tinham um grande poder


político, exercido através do Sinédrio, onde eram a força dominante e
cujo presidente era o sumo-sacerdote, que, como é obvio, era um deles.
O Sinédrio era composto de setenta membros. Os Saduceus e os
Fariseus, em número igual, constituíam a maioria dos membros. O resto
dos lugares era ocupado por escribas e anciãos.

154
Os Saduceus estavam muitas vezes dispostos a comprometer os seus
valores na maneira como lidavam com os Romanos e com outros, para
manterem o seu "status" e as suas posições de influência. Colaboravam
plenamente com os Romanos para evitarem revoltas armadas.

Os sumo-sacerdotes contavam-se entre eles. Como grupo, criam na lei


de Moisés e na pureza levítica, mas não aceitavam a palavra dos profetas.
Não acreditavam em anjos, nem em espíritos malignos. Também não
acreditavam na ressurreição. Eram um grupo tradicional que se baseava
na razão e não na revelação (devido à influência helénica).

Em relação à Palavra escrita, podemos dizer que a diferença fundamental


entre os escribas e os Fariseus, por um lado, e os Saduceus, por outro,
era que os primeiros acrescentavam a tradição à Palavra, ao passo que os
últimos tiravam partes da Palavra, rejeitando a palavra dos Profetas.
Yeshua advertiu os discípulos para que tivessem cuidado com o fermento
dos Fariseus e dos Saduceus (Mateus 16:5-12).

Isto aconteceu depois de Yeshua ter alimentado 5 mil pessoas, com cinco
pães, e 4 mil pessoas, com sete pães. Os discípulos pensavam que Yeshua
estava a criticá-los por não terem levado pão com eles. Por isso explicou-
lhes que estava, de facto, a falar dos ensinamentos dos Fariseus e dos
Saduceus, comparando-os ao fermento. O fermento é farinha misturada
com água, que, quando deixada durante algum tempo, começa a
fermentar e a azedar. Quando se misturam farinha e água de novo, o
fermento afeta toda a mistura. Ao cozê-la, a massa cresce, produzindo
pão com bom aspecto. Mas o pão sem fermento é feito com massa nova.
É raso e sem grande aspecto, mas é mais nutritivo. A palavra do Altíssimo
é comparada ao pão, nas Escrituras.

Deuteronômio 8:3 "O homem não viverá só de pão, mas de tudo que sai da boca do
Senhor viverá o homem".

A palavra de YHWH alimenta-nos espiritualmente. O problema é que os


homens, muitas vezes, pensam que podem melhorá-la e torná-la mais
atraente. Yeshua avisou acerca do fermento dos dirigentes religiosos, isto
é, acerca do ensinamento que acrescentavam às suas interpretações e

155
tradições. Jesus disse aos Fariseus que eles invalidavam a palavra de
YHWH pela sua tradição.

Mateus 15:6 “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de


YHWH”.

SÍNTESE

Durante séculos, o Cristianismo tem alegado que quando Paulo se refere


às “obras da lei”, aponta para o cumprimento da Lei do Eterno. E,
segundo o Cristianismo, quem vivesse na graça não deveria procurar
obedecer às Leis do Eterno.

Por outro lado, grupos como os Adventistas do Sétimo Dia (IA7D) que
defendem a perpetuidade dos Dez Mandamentos dizem por sua vez, que
Paulo se refere aqui à Lei Cerimonial.

Contudo, quando pesquisamos o contexto judaico daquilo que foi dito,


vemos que o termo “obras da lei”, no hebraico “Miqsat Ma’ase ha-
Torah” se refere à prática judaica de transformar a Lei espiritual em
práticas meramente físicas.

O termo aparece frequentemente no Talmud, porém alguns cristãos


alegavam que, como o Talmud é posterior ao primeiro século, não havia
comprovação de que na época de Yeshua o termo “obras da lei” já fosse
um termo conhecido em Israel, e referido a atos rabínicos para a
justificação por obras conforme o exposto. E por isso alega o
Cristianismo que “obras da lei” teria sido entendido como obedecer aos
mandamentos de YHWH.

Porém, uma descoberta arqueológica nas cavernas de Qumran, colocou


totalmente por terra esta falsa premissa do Cristianismo. Um dos
fragmentos do Mar Morto diz: "Agora escrevemos a vocês algumas das OBRAS
DA LEI, aquelas que determinamos que fossem ser benéficas a vocês... E deverão ser
reconhecidas por vocês como justiça, em que vocês têm feito o que é correto e bom perante
Ele...” (4QMMT (4Q394-399) Seção C linhas 26b-31)

156
Aqui vemos os oponentes de Paulo a saírem das páginas do chamado
“Novo Testamento” e materializando-se como figuras históricas; aqueles
que acreditavam que costumes e leis humanas poderiam nos justificar
perante YHWH.

O texto de Qumran é uma prova claríssima de que a expressão “obras da


lei” já era um termo técnico teológico conhecido e explorado muito antes
da vinda do Messias! E vemos também pelo texto uma alusão a tradições,
e não aos mandamentos de YHWH – contrariando totalmente a teologia
e as alegações cristãs.

Grupos como o descrito fragmento de Qumran exposto acima não só


tentavam se justificar perante YHWH por obras e costumes, como ainda
transformavam tais costumes em leis, contrariando o que o Eterno
determinara. Os “Ma’ase há-Torah” são a base para as takanot, isto é,
emendas à Torah feitas pelos rabinos.

A autora Tracey Rich, em seu livro “Judaism 101” (isto é o ABC do


Judaísmo), admite na secção em que descreve a lei judaica:

“A Halachá também incluí leis que não se derivam das mitsvot


(mandamentos) da Torá…. Uma takaná (emenda rabínica), assim como
uma guezeirá (lei de proteção), é tão vigente quanto uma mitsvá da Torá”.

Vemos tão claramente que, ao contrário da absurda alegação cristã


tradicional, Paulo não falou contra a observância das Leis do Eterno, mas
sim contra uma prática que há muito já afastava o povo dos caminhos de
YHWH – prática essa que também foi condenada pelo próprio Messias
Yeshua. Pelos achados de Qumran, e pelo que conhecemos do Talmud,
vemos que a origem da heresia das “obras da lei” remonta ao período
intertestamentário, nada tendo com a suposta “abolição” dos
mandamentos de YHWH.

Talvez sejam justamente às “obras da lei” (Miqsat Ma’ase há-Torah) que


se refira o profeta Isaías quando afirma no contexto profético quando
diz:

157
Isaías 28:13 “Assim, pois, a Palavra de YHWH lhes será mandamento sobre
mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra,
um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se
enlacem, e sejam presos”.

Isaías já profetizava que a Torah (Mandamentos de YHWH) seria


distorcida pelas “regras sobre regras” criadas pelos rabinos e outras seitas
– pelos que confiavam nas “obras da Lei.” Paulo estava plenamente
alinhado com os profetas, os quais defendiam a Torah. Infelizmente,
Roma uma vez mais, distorceu tudo, e as suas filhas acompanharam-na…

Encerramos deixando para reflexão esta frase: “O que poderia haver com a
Lei do Eterno para que Ele pudesse querer destrui-la?”

Uma passagem bíblica que resume tudo: "A Torah de YHWH é perfeita, e
refrigera a alma.” (Salmos 19:7a)

Shalom!

158
Lição 16
A Incoerência Teológica do Cristianismo

Em conversa com alguns evangélicos e sobre o porquê deles seguirem


aquilo que seguem, surgiu um debate interessante, como por exemplo o
facto da mulher não poder usar calças, o crente não poder fazer
tatuagens, entre outras coisas.

Mulher pode usar calças?

Sobre esse tema, abordamos num estudo específico, por isso não me vou
alongar, para não fugir ao tema da conversa entre mim e esses amigos,
que quando questionados sobre as calças em si, claramente em alto e bom
som a maioria falou que não! Perguntei um simples "porquê?":

Um falou: "Acho que pode sim, não vejo qualquer problema!"

Outro contrariando: "O pastor diz que a mulher não pode usar calças e
pronto!"

Outro complementou: "O pastor disse, mas eu não vejo nada na Bíblia
que fala de mulher não poder usar calças!"

Outro disse mais: "Isto é doutrina, então deve ser seguido!"

Perguntei eu: "Doutrina? Baseada em quê? Por acaso isto está na


Bíblia?"

Daí um deles replicou:

"Tem sim, na Bíblia numa parte fala que a mulher não pode usar roupa
de homem, e homem não pode usar roupa de mulher!"
Está aí a resposta, então a mulher não pode usar calças porque a Bíblia
diz que mulher não se pode vestir como um homem, e como calças são
roupa masculina, logo é proibido o seu uso pela mulher. Argumento
Interessante...

159
É proibido fazer tatuagens?

Novamente quando questionados responderam negativamente, dizendo


que isto era pecado, que o crente não pode ter estas "coisas". Novamente
questionei "porquê?".

Um disse: "O crente não deve fazer o que o 'mundo' faz!"

Outro complementou: "Isso é coisa do diabo!"

Um contrariando falou: "Que mal tem? Só uns desenhos e letras, não


vejo problema nenhum, hoje o mundo mudou, a modernidade está aí!"

Perguntei "mas não tem nada na Bíblia que fale a respeito?"

Daí, o mesmo que falou sobre a mulher não poder usar calças pois estava
na Bíblia, respondeu: " tem sim, pois na Bíblia diz que não se pode fazer
marcas de tatuagem no corpo."

Está aí, mais uma vez a resposta plenamente bíblica.

Faço mais uma pergunta, um filho pode casar-se com a própria mãe?

Eles olharam para mim surpreendidos, e um disse "estás maluco?".

A maioria numa única só voz respondeu que não poderia.

Novamente a palavra mágica: "Porquê?", e ouvi as mais variadas


respostas:

"Não sei o porquê, só sei que é errado"

"Se eles tiverem vontade, se tiverem amor um pelo outro, pode sim!"
"Isto também é do diabo, e nós crentes não devemos fazer estas coisas
que o 'mundo' faz!"

160
"Na Bíblia diz que um filho não se pode casar com a própria mãe e com
outros diversos parentes", respondeu aquele que era um conhecedor da
bíblia.

Interessante todas estas respostas, então pelo que se via a doutrina desta
igreja estava a passar com sucesso nos testes de "coerência teológica",
pois tudo estava plenamente baseado na Bíblia.

E fui perguntando várias coisas "pode isto?", e alguns respondendo "não


porque na Bíblia diz que não pode". Até que cheguei à seguinte questão:

O crente deve guardar o Shabbat (Sábado)?

O espanto nos seus rostos foi maior do que quando perguntei se um filho
poderia se casar com a própria mãe. Todos sem excepção falaram que
não. Até o mesmo que havia falado não haver problema algum em
mulher usar calças, fazer tatuagens e se casar com a própria mãe, falou
que o crente não deve guardar o Shabbat. Soltei novamente a palavrinha
mágica: "Porquê?"

Um disse:

"Agora é a Graça, e o Sábado é passado!"

Outro complementou:

"Nós crentes não precisamos guardar a Lei, pois a Lei é peso, e Cristo
tirou o peso!"

O amigo conhecedor da bíblia disse:

"Porque no Novo Testamento não fala nada da observância do Sábado,


logo se não está escrito ali não precisamos guardar. Pois o que o crente
precisa seguir é só que o está no Novo Testamento"

O crente pode passar a navalha no seu rosto?

161
Responderam que "isto não faz parte da doutrina de Cristo, pois não está
no Novo Testamento!"

Conclusão de tudo isto: Coerência ou incoerência teológica?

Algo me pareceu estranho nestas respostas!

Em todas as questões que tinham relação com a doutrina ensinada por


esta igreja foram explicadas com passagens da Bíblia.
Por exemplo, quando questionei a respeito das calças serem usadas ou
não pelas mulheres, obtive a resposta de que na Bíblia em determinada
parte diz que a mulher não deve usar roupas de homem. Tal passagem
existe realmente, e consta na Torá, Deuteronômio 22:5 que assim
fala: "Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de
mulher, porque qualquer que faz isto é abominação a YHWH teu Elohim".
Ou seja, a doutrina ensinada (da mulher não usar traje de homem) por
esta denominação está correta neste ponto! Ou seja, isto está na Bíblia,
como o meu amigo evangélico me respondeu!

Noutra questão como a da tatuagem, responderam-me que numa parta


da Bíblia diz que não se deve fazer marcas de tatuagem no corpo. Tal
texto está na Torá novamente em Levítico 19:28, onde diz: "nem no vosso
corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou YHWH", em algumas traduções
consta assim: "e escrita de tatuagem não poreis em vos; Eu sou o Eterno."

Ou seja, isto está na Bíblia, e se esta igreja assim ensina, está a proceder
corretamente!

A outra questão foi em relação ao casamento entre familiares, no caso


entre mãe e filho. Também me falaram que isto consta na Bíblia como
proibição. E realmente está sim, na Torá, em Levítico 18:7, assim: "Não
descobriras a nudez de teu pai, nem tampouco a de tua mãe. ela é tua mãe, não
descobrirás a sua nudez." Claramente vemos a proibição de casamento entre
mãe e filho escrito na Torah.

Agora análise esta questão: O crente pode passar navalha no seu rosto?

162
Todos me responderam que não importa, pois "isto não faz parte da doutrina
de Cristo, pois não está no Novo Testamento!" Ora, aí é que mora o problema,
pois na questão que fiz anteriormente sobre a tatuagem disseram que não
se pode fazer pois está na Bíblia, daí quando questionados sobre o rapar
a barba com navalha dizem que isto não consta no Novo Testamento,
então não precisa de ser seguido. Assim do nada, a forma de
interpretação (por conveniência) muda completamente! O mais
engraçado é que a passagem que fala sobre a tatuagem está LOGO
ABAIXO da passagem que fala sobre a barba:

"Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, e não raspareis a


vossa barba. E incisões por um morto não fareis em vossa carne, e escrita de tatuagem
não poreis em vos; Eu sou o Eterno." Levítico 19:27-28

Como pode ser isto? Então somente metade da passagem é válida?

Coerência ou incoerência teológica?

E o Shabbat? Deve o crente observar?

Todos responderam que não, pois "não consta no Novo Testamento, logo não
é necessário!"

Ora, mas se em todas as outras questões feitas fizeram a afirmação "está


na Bíblia" referente às calças, tatuagens, porque então relativamente ao
Shabbat não está na Bíblia?

"Não, mas o Shabbat não consta no Novo Testamento (NT), então não precisa!"

Ora, mas em relação à tatuagem não há um versículo sequer no NT que


trate de tal assunto, Muito menos em relação ao não uso de calças pelas
mulheres, e bem menos ainda em relação à proibição de casamento de
mães e filhos!!!

Alguns alegam que no "NT" não se vê Paulo a observar muitos


mandamentos, e por isso não é preciso guardar. Desculpem a sinceridade
do argumento que se segue, mas por acaso no "NT" lemos algo sobre

163
Paulo ou Yeshua urinando? Logicamente que não, mas isso implica que
eles não o faziam?

Se for usado o padrão estabelecido de que "se não está no NT então não
é preciso guardar", então a doutrina desta igreja e de muitas outras em
relação às calças, tatuagens e centenas de outras coisas é totalmente
furada, pois não há base BÍBLICA alguma! Mas somente nas "fervorosas
pregações" dos pastores!

Quando falamos a respeito da Torá com muitos evangélicos, logo dizem


que o que está na Tora não é preciso, pois "são coisas de judeus".

Ora:

- A mulher não poder usar calça, não é "coisa de judeu"?


- Não poder fazer tatuagens, não é "coisa de judeu"?
- Não poder um filho se casar com a própria mãe, não é "coisa de judeu"?

Então, tudo isto não está na Torá?

Ora se aquilo que está na Torah não precisa ser seguido então por que
razão pregar que um crente não pode ter tatuagens?
Porque pregar que o crente não se pode casar com a própria mãe?

Ora, se no "NT" não consta uma passagem sequer dando o mandamento


de observância do Shabbat, então o crente da mesma forma pode usar
calças (mulher), autoflagelar-se, encher a cara de tatuagens de brincos no
rosto e casar-se com a própria mãe! Tudo porque se "não consta no NT,
então não precisa de ser observado"!

"Não, mas a Lei é peso, e Cristo tirou o peso!"


Aquilo que eles chamam de "Cristo cumpriu a Lei", mas na prática usam
como "Cristo aboliu a Torá", é nada mais do que contrariar as suas
próprias doutrinas.

Pois se no que eles chamam "Lei" consta da mulher não poder usar
calças, do servo de YHWH não poder se casar com a própria mãe, e

164
então se "Cristo tirou o peso" (aquilo que eles mesmo chamam "Lei") então
pode se fazer tudo isto o que eles dizem que não se pode.

O que quero mostrar é apenas a total incoerência teológica de tais igrejas!

Fica a questão:

Aquilo que é ensinado em tais denominações é porque está na Bíblia ou


porque um líder guiado por doutrinas satânicas decidiu que era assim e
disse que era "revelação"?

Pois se afirmarem que é porque está na Bíblia então temos que cumprir
tudo, não apenas o não uso das calças para mulher, o não poder se tatuar,
mas todos os outros mandamentos da Torá como orar três vezes ao dia,
as leis alimentares, as festas de Levítico 23, colocar a palavra de YHWH
nos umbrais da porta etc.

O N.T. testamento não precisa de confirmar todas as Leis, pois a Bíblia


é um todo.

Ou será que eles, os líderes, vão admitir que as suas doutrinas são
humanas?

Creio que não irão optar por nenhuma. Não se darão a trabalho de
aprender mais e muito menos admitir que os seus ensinamentos são
mandamentos de homens.

Por quê? Porque a soberba e arrogância do "aqui é a salvação" cegou-os!


Se as igrejas estão lotadas, então está bom, a "obra está a crescer"! Em
equipa que ganha não se mexe... Afinal, ali só há boas intenções, somente
o amor ao próximo, não? Todos são "bonzinhos", somente ocorre boa
intenção ali. Mas há um ditado que diz: O caminho para o inferno é cheio
de boas intenções.

Em tais denominações não há um padrão de interpretação bíblica.

Interpretam a Bíblia como um horóscopo, de acordo com o vento. E se

165
é lido algo que contraria a interpretação anterior, como nos exemplos
acima expostos da tatuagem e barba (claramente contraditório),
simplesmente ignoram, pois não querem se dar ao trabalho de investigar
na Bíblia e fazer como os crentes de Bereia, que são enaltecidos no livro
de Atos, que verificavam sempre para ver se aquilo que estava sendo
pregado estava de acordo com a Torá ou não. Estes líderes que se dizem
os "mais corretos" com as suas pseudoortodoxias fazem como o mundo
faz. Ensinam mentiras e incoerências! Tem ouvidos para ouvir (a Torá)
mas não ouvem, tem olhos para ver (a Torá) mas não vêem, têm boca
para falar (a Torá) mas não falam! Estão agindo sobre o espírito do anti-
Mashiach, ou espírito da anomia, ou seja, o espírito da "violação da
Torá":

"Pois o ministério da IRA CONTRA A TORÁ já opera; somente há um


que agora o detém até que seja posto fora; e então será revelado o
INIMIGO DA TORÁ, a quem o Senhor Yeshua matará como o sopro
de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse
INIMIGO DA TORÁ cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com
todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da
injustiça..." 1ª Tessalonicenses 2 (traduzido do aramaico) sobre a vinda
do anti-Mashiach e a ação de seu espírito maligno contra a Torá.

Quem ensina contra a observância da Torah está a ensinar segundo a


eficácia de Satanás!

Você que está a ler este texto, quando você fala da Torah, você incentiva
a sua observância ou diz que é "tempo perdido"? Seja honesto, e admita
se aquilo que você ensina às pessoas vem realmente do Alto!

Não se engane a si mesmo...

"Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a violação da Torá." Mt 7:23

O mesmo "mundo" que eles tanto falam ser contra, acha normal violar
um Shabbat, amanhã acharão normal um casamento entre pessoas do
mesmo sexo.

166
O mesmo "mundo" que eles tanto falam ser contra, acham normal comer
coisas impuras, amanhã acharão normal um casamento entre pessoas de
mesmo sexo.

O mesmo "mundo" que eles tanto falam ser contra, acha normal dizer
que a Torá não precisa ser observada, amanhã acharão normal um
casamento entre pessoas de mesmo sexo.

O que meus netos acharão normal no futuro? O que é normal hoje? Não
é violar a Torá? comer um porquinho assado? Violar um Shabat? Adorar
ídolos?

Se querem tanto ser diferentes do mundo porque não se diferenciam


REALMENTE do mundo e não apenas de forma intelectual?
Como um servo de YHWH fala: "Ser do mundo e viver no mundo, é
fácil. Ser diferente e viver isolado, não é tão difícil.

Porém ser diferente e viver no mundo... esse é o desafio." Parafraseando


o que ele disse: Ser do mundo e viver violando a Torah é fácil. Observar
a Torah e viver isolado, não é tão difícil. Porém observar a Torah e viver
no mundo... esse é o desafio!

Realmente os erros de Efraim permanecem até hoje:

"Escrevi para ele [Efrayim] miríades de coisas da Minha Torá; mas isso é para ele
como coisa ESTRANHA" ("ou como quem diz... coisas de judeu?") Oséias
8:12

"O Meu povo está sendo destruído (...) visto que te esqueceste da Torah de YHWH"
Oséias 4:6

Que YHWH, Bendito Seja o Seu Nome, abra os olhos de Efraim! O


problema é quando Efraim não quer ver! Tem olhos, mas não vêem...

"Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua Torah" Sl. 119:18

"Para sempre, ó YHWH, a Tua Palavra está firmada nos céus" Sl.119:89

167
"A soma da Tua Palavra é a verdade, e cada uma das tuas justas ordenanças dura
PARA SEMPRE!" Sl. 119:160

Por fim deixo-vos aquela que felizmente se tornou doutrina de algumas


organizações:

"À Torá e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há
luz neles" Isaías 8:20

168
Lição 17
A Lei Moral e a Lei Cerimonial

Shalom!

O estudo de hoje é de grande profundidade, e revela-nos alguns


pormenores bastante relevantes no que diz respeito à harmonia do texto
bíblico. Contudo, é um estudo longo, e como tal, aconselha-se a sua
leitura de forma faseada, de modo a meditarmos e refletirmos, para que
possamos ir ao encontro da verdade naquilo que o nosso Pai YHWH nos
transmite, através do que nos foi revelado pelos patriarcas e profetas.
Este estudo, vem na sequência do da semana passada intitulado “Porque
devem os crentes em Yeshua observar as Leis dos Judeus”. Nesse foram analisadas
algumas razões pelas quais aquelas que são conhecidas por parte do
“cristianismo” como “festas dos judeus”, devem ser observadas por todo
aquele que ama o Eterno Todo-Poderoso.
Apesar de grande parte da “cristandade” menosprezar a Lei de Deus,
existem grupos, nomeadamente os Adventistas do Sétimo Dia (IA7D) que
pregam a perpetuidade da Lei, ainda que interpretem que essa mesma
“Lei” se baseie somente nos Dez Mandamentos.
Recentemente, ao ler um estudo proveniente das Igrejas do Sétimo Dia,
achámos curioso o argumento que é utilizado por este grupo para
defender a perpetuidade do sábado semanal. Estes, quando confrontados
com a passagem de Colossenses 2:16 dão uma resposta minimamente
curiosa. Vejamos o que nos diz o texto bíblico: Colossenses 2:16 “Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos sábados”
Esta passagem é bastante usada pelas Testemunhas de Jeová para tentar
refutar a obrigação de observar o sábado. No entanto, os Adventistas,
que são defensores da perpetuidade dos Dez Mandamentos, como um
todo, (e isso implica logicamente também o mandamento do Sábado [o
quarto mandamento]), usam o seguinte argumento como explanação
desta passagem específica: “Precisamos analisar, com isenção de ânimo, sem
ideias pré-concebidas, a passagem de Colossenses 2:16, e interpretá-la dentro do seu

169
contexto e no sentido claro e evidente que contém. Notemos os seguintes factos: Estes
sábados referidos em Colossenses 2:16 estão associados a dias de festas e Lua Nova,
que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados fixos. Ora o sábado do
Decálogo não tem esta natureza. Não era festivo nem típico.” Fonte: A. B.
Christianini, Subtilezas do Erro, 2.ª ed., 1981, pág. 124
Realmente existe uma explicação lógica para esse texto de Colossenses
2:16 que daremos mais adiante neste estudo, no entanto, o argumento
utilizado pelos Adventistas é absolutamente questionável. Visto que no
texto de Colossenses 2:16 existem quatro pontos distintos que são
referidos:

1) A alimentação (o comer e o beber);


2) Os dias de festa;
3) Os dias de lua nova;
4) Os sábados.

Portanto, justificar este texto colocando “tudo no mesmo saco” é pouco


razoável. Os “sábados” deste versículo específico, não são os sábados
anuais, que eles insistem em chamar de “cerimoniais”, mas sim o sétimo
dia da semana; o mesmo sábado referido no quarto mandamento dos Dez
Mandamentos escritos pelo dedo de YHWH. Porque na verdade os
Sábados Anuais (Solenidades Festivas), já são referidos no versículo,
como “Dias de Festa”.
Por isso, o argumento utilizado de que “Estes sábados aí estão associados a
dias de festas e Lua Nova, que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados
fixos” deixa de fazer sentido, pois são duas situações diferentes, e não
haveria necessidade de Paulo se repetir numa mesma frase.
Paulo aborda sim, não só os dias de sábado semanal, mas também as luas
novas, e os dias de Festas (Sábados Anuais) que YHWH ordenou. No
entanto, Paulo aborda ali uma situação bastante relevante para os crentes,
que como já dissemos, abordaremos mais adiante.
Contudo, a razão principal pela qual, damos início ao nosso estudo com
este texto de Colossenses 2:16, deve-se fundamentalmente ao facto dos
grupos adventistas atentarem apenas para o "Sábado" como tema de

170
debate nesta passagem para tentar explicar o texto, e não darem a mesma
ênfase às "luas novas" e aos dias festivos ordenados por YHWH. Mas
isso acontece, exatamente porque não analisam o texto dentro da
perspectiva correta, visto que fazem a sua interpretação como se o texto
constasse nas Sagradas Escrituras somente da seguinte forma: “Portanto,
ninguém vos julgue (...) por causa dos (...) sábados”
Analisemos agora algumas ideias base das Igrejas do Sétimo Dia:
1º ARGUMENTO- “Só os Dez Mandamentos são válidos”
Essa ideia é comum entre as Igrejas do Sétimo Dia. Serão só os Dez
Mandamentos válidos e tudo o resto resume-se à premissa de que “A Lei
Cerimonial foi cravada na cruz?”
Mas o que é que esses grupos entendem por “Lei Cerimonial”?
Vejamos o que é dito por eles: “Todos os rituais inerentes às ofertas queimadas
que eram feitas como expiação do pecado eram parte da lei cerimonial”.
Na verdade, esse é o argumento utilizado por esses grupos de crentes
para justificarem o facto de não guardarem as “Festas dos
Judeus” porque “Jesus já cumpriu o propósito de fazer expiação pela humanidade.”
De facto, essas festas, como já vimos no estudo da semana passada, não
são as Festas dos judeus, mas sim as Festas de YHWH.
Mas vejamos, deixando de haver meios para fazer essas ofertas
literalmente, isso implica que os dias festivos dados por estatuto perpétuo
deixem de ser importantes para ser observados?
Se esse é na verdade o argumento utilizado para justificarem a razão de
não guardarem esses dias festivos, por que razão então, mantêm eles a
observação do mandamento do Sábado Semanal?
Se atentarmos para as Escrituras, vemos que o Sábado Semanal também
tinha a sua parte cerimonial; vejamos: Números 28:9, “Porém, no dia de
sábado, oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de flor de
farinha, misturada com azeite, em oferta de alimentos, com a sua libação. Holocausto
é de cada sábado, além do holocausto contínuo, e a sua libação”

171
No entanto, sabemos que as Igrejas do Sétimo Dia não deixaram de
observar o sábado semanal, apesar de também ter a sua parte “cerimonial”.
Ou seja, não observam as “Festas dos Judeus” porque são “cerimoniais”, mas
o sábado semanal que também tinha a sua parte “cerimonial”, mantém
como mandamento a observar. É no mínimo uma argumentação
incoerente.

Além desses dias terem a sua parte ritual, eles foram dados
principalmente como dias de Santa Convocação e por Estatuto perpétuo.
Mesmo sendo a parte ritual ou “cerimonial” algo que deixou de ser feito,
isso não implica que esses dias passem a ser ignorados, pois da mesma
forma que o Sábado Semanal foi dado como mandamento perpétuo,
assim também foram as Festas de YHWH.
Ambos tinham a sua parte ritual caracterizada por ofertas queimadas, mas
foram dados essencialmente como dias a observar perpetuamente, por
todas as gerações.
Aliás, esse foi um dos propósitos da criação dos luminares celestes;
servirem para sinais para regular os tempos apontados/determinados (os
sábados semanais, e os sábados anuais), como nos diz o texto de Génesis
1:14:

“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o
dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.”
Vemos então que YHWH já tinha o plano de dar “datas solenes de Santa
Convocação”. Isto antes de existir o Sacerdócio Levítico; antes de existir
Israel; e até mesmo antes de criar o homem.
2º ARGUMENTO- “Guardamos só o Sábado Semanal porque esse
mandamento consta na Lei Escrita pelo Dedo de Deus”
Esse é outro argumento utilizado pelas Igrejas do Sétimo Dia. Mas
vejamos; somente os Dez Mandamentos deverão ser seguidos pelos
crentes?

A resposta afirmativa por parte desses grupos acaba por se revelar

172
problemática, pois o Apóstolo Tiago, no célebre concílio de Jerusalém
relatado em Atos 15, exorta os “novos crentes” a guardarem dois
mandamentos da Lei escrita pelo Dedo de Deus, mas também dois
mandamentos que não constam nos “Dez”:
Atos 15:20 “Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da
prostituição, do que é sufocado e do sangue.”
1ª Contaminação dos ídolos (2º Mandamento da Lei escrita pelo dedo
de YHWH)
2ª Prostituição (7º Mandamento da Lei escrita pelo dedo de YHWH)
3º Sufocado (mandamento que não consta nos dez, mas sim na suposta
“lei cerimonial”)
4º Sangue (mandamento que não consta nos dez, mas sim na suposta
“lei cerimonial”)

Outros aspectos relevantes, são aqueles que constatamos através da


própria pessoa de Yeshua. Vejamos, quando Yeshua é tentado por
Satanás, não se baseia só nos Dez Mandamentos nas respostas que dá ao
adversário, de facto cita preceitos dos Dez Mandamentos e
da Torá (diferenciação nossa para melhor entendimento do raciocínio):
Mateus 4:3-4 “E, chegando-se a ele Satanás, disse: Se tu és o Filho de YHWH,
manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está
escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de
YHWH.”

Na verdade Yeshua cita a Torá; Deuteronômio 8:3.

Mateus 4:6-7 “E disse-lhe: Se tu és o Filho de YHWH, lança-te de aqui abaixo;


porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas
mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Yeshua: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.”

Mais uma vez Yeshua cita a Torá, Deuteronômio 6:16

Mateus 8:10 “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-


lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se,

173
prostrado, me adorares. Então disse-lhe Yeshua: Vai-te, satanás, porque está escrito:
A YHWH teu Deus adorarás, e só a ele servirás.”
Aqui Yeshua cita o 1º Mandamento dos Dez mandamentos (Êx. 20:3), e
a Torá (Deut. 6:13; 10:20).

Continuando a nossa análise, gostaríamos de fazer uma sequência de


perguntas aqueles que defendem que somente os Dez Mandamentos são
válidos:

a) É lícito comer carne de porco?


Respondem que não por causa das leis alimentares que constam
em Levítico 11 e Deuteronômio 14.

b) É lícito ao homem vestir-se de mulher ou a mulher vestir-se de


homem?
Respondem que não porque a bíblia diz que isso é abominação aos olhos
de Deus, baseando-se em Deuteronômio 22:5.

c) É lícito fazer tatuagens no corpo?


Respondem que não porque a bíblia diz que não devemos tatuar o nosso
corpo, baseando-se em Levítico 19:28.

d)É lícito ao ser humano relacionar-se sexualmente com animais


(zoofilia)?
Respondem que não porque a bíblia diz que isso é confusão e
abominação baseando-se em diversas passagens da Torá (Ex. 22:19; Lev.
18:23; 20:15).

e) É lícito ao homem comer sangue?


Respondem que não porque a bíblia diz que não deve ser feito, baseando-
se em Génesis 9:4; Levítico 17:14; Atos 15:20.

f) Para finalizar, um filho pode casar-se com a sua própria mãe?


Respondem que não porque a bíblia diz que isso também é abominação,
fundamentando-se em Levítico 18:7.

No fundo tudo é lícito ao ser humano, é dada uma escolha desde o

174
princípio ao homem, a de submeter-se à vontade de YHWH, ou andar
de forma contrária, isto é, em transgressão à instrução de YHWH. Essa
escolha trará consequências. Por isso Paulo diz que tudo é lícito, mas
nem tudo convém.

Contudo, o propósito de todas as questões colocadas acima é apenas para


a constatação de um facto; por que razão então, todos esses crentes das
Igrejas do Sétimo Dia afirmam que essas coisas não são lícitas, se
nenhuma dessas coisas é proibida nos DEZ MANDAMENTOS? Não
são só os Dez Mandamentos que são válidos?

Concluímos, portanto, que a doutrina ensinada, é fundamentada numa


incoerência teológica que se torna evidente após a apresentação dos
factos acima.

No fundo a resposta é simples, não são apenas os Dez Mandamentos que


vigoram após a Morte de Cristo, pois o homem não vive só de Pão mas
de toda a Palavra que sai da boca de YHWH (Deut. 8:3).

A Palavra de YHWH é um todo, e Ele não muda (Malaquias 3:6; Tiago


1:17), e Paulo ensina-nos que “Toda a Escritura divinamente inspirada, é
proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para
que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
(2 Timóteo 3:16-17).

Porventura Paulo ensina que só os Dez Mandamentos são válidos?


Salientamos uma vez mais o facto de que quando Paulo escreveu esta
carta a Timóteo, as únicas Escrituras que existiam e que eram
consideradas divinamente inspiradas eram as do “Tanach” (vulgarmente
conhecido por Antigo Testamento).

Vemos então que toda a Escritura divinamente inspirada, é proveitosa para


ensinar, corrigir e instruir.

Contudo, grupos como os Adventistas do Sétimo dia fazem a seguinte


diferenciação entre as Leis do Eterno (diferenciação humana; não
bíblica):

175
Iremos então agora analisar, cada um dos 18 pontos que na perspectiva
da Igreja Adventista diferenciam ambas as leis:
1- Existia antes da queda / foi dada depois da queda
Antes da queda, o homem não tinha conhecimento do pecado, o seu
coração era puro, no entanto, existia uma restrição: Não comer da árvore
da ciência, do bem e do mal.
A partir do momento em que o homem transgride, passa a estar desligado
do Todo-Poderoso, e por isso é necessário que haja uma instrução para
que ele saiba como se desviar do pecado, uma vez que a serpente irá
alimentar-se da sua carnalidade, porque o homem é pó. (Gên. 3:14).
Se não tivesse transgredido, o homem nunca iria saber o que era
adulterar; matar; furtar; desonrar o pai ou a mãe; cobiçar algo que não lhe
pertencesse; etc. pois tudo isso é dado a conhecer ao homem a partir do
momento em que o pecado entra no seu coração. (Romanos 7:13).
2- Foi violada na primeira transgressão / Foi dada em
consequência dessa transgressão

176
Qual mandamento dos Dez é que foi violado na primeira transgressão?
A violação de facto foi proceder de forma contrária aquela que o Eterno
ordenou, conforme nos diz Gên. 2:17.
A lei é dada em consequência dessa transgressão, porque YHWH é
benevolente, pois mesmo depois do homem ter transgredido a instrução,
YHWH dá-lhe uma oportunidade de andar em santidade, apesar de este
agora ter conhecimento do mal.
Contudo, devido a esse conhecimento do pecado, isto é, devido à sua
carnalidade, ele será sempre imperfeito para a cumprir a Lei de forma
irrepreensível, e por isso há a necessidade de expiação por parte do
Cordeiro de YHWH (Gên. 3:15; Gên. 22:8; João 1:29).
A lei é então dada para que o homem viva (Deut. 30:19; Mat. 19:17), mas
o homem viverá, não pelos seus méritos, porque ele é pecador, mas sim
pela sua busca incessante em tentar cumprir a vontade de YHWH, e
apenas esse é digno de ser salvo pelo sangue do Cordeiro (1 Jo. 2:4; Ap.
14:12; Hebreus 10:37; 1Jo 1:9).
Hebreus 6:6 “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e
provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo. E provaram
a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez
renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho
de Deus, e o expõem à injúria.”
3- Foi ditada por Deus / Foi ditada por Moisés
É usado o texto de Ex. 20:1-1 para tentar defender que só os Dez
Mandamentos foram dados por Deus e que os outros foram dados por
Moisés. Mas surge a pergunta, a “lei” que foi dada por Moisés foi dada
por sua auto recriação? Se atentarmos bem para o capítulo 20, o povo é
que pediu para que fosse Moisés a falar-lhes no lugar de YHWH porque
temiam (vs. 19). E o que é que YHWH faz? Ele acede ao pedido do povo
e diz a Moisés: “Então disse YHWH a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel:
Vós tendes visto que, dos céus, eu falei convosco.”
Todas as outas instruções que foram dadas além dos Dez Mandamentos,
foram ditadas por Moisés, mas a mando de YHWH. Moisés não deu “as

177
suas leis”, deu as Leis que YHWH lhe ordenou que este ditasse ao povo,
vejamos mais exemplos:
Êxodo 21:1 “Estes são os estatutos que lhes proporás.”
Quem iria propor ao povo? Moisés;
Quem instrui Moisés sobre o que deveria propor ao povo? YHWH,
O Eterno Todo-Poderoso.
Dúvidas? Vejamos:
Êxodo 24:3-4 “Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras de YHWH,
e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras,
que YHWH tem falado, faremos. Moisés escreveu todas as palavras de YHWH, e
levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze
monumentos, segundo as doze tribos de Israel;”
Quantas às “Festas do Eterno”, que as Igrejas do Sétimo Dia chamam de
“Festas dos Judeus”, ou preceitos da “lei de Moisés”, vejamos o que nos diz
o texto bíblico:
Levítico 23:1-2 “Depois falou YHWH a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel,
e dize-lhes: As solenidades de YHWH que convocareis, serão santas
convocações; estas são as minhas solenidades”
4- Foi escrita por YHWH / Foi escrita por Moisés
Este ponto está relacionado com o anterior. Moisés escreveu as Leis a
seu bel-prazer? Mais uma vez vamos ler o texto que citámos à pouco:
Êxodo 24:3-4 “Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras de YHWH,
e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras,
que YHWH tem falado, faremos. Moisés escreveu todas as palavras de YHWH…”
Neemias 8:14 “E acharam escrito na lei que YHWH ordenara, pelo ministério de
Moisés, que os filhos de Israel habitassem em cabanas, na solenidade da festa, no
sétimo mês.”
Malaquias 4:4 “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe
para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos.”

178
Todas as passagens transcritas acima mostram que a lei dada por Moisés,
veio de YHWH. A passagem de Neemias, particularmente, quando cita
a Festa das Cabanas/Tabernáculos demonstra que as Festas Bíblicas não
são da lei de Moisés, mas sim da Lei dada por Deus através de Moisés.
Já agora, se o que Moisés escreveu não é válido por que razão crêem em
Jesus?

João 5:46 “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu
ele.”

E por quê? Porque toda a Torá aponta para Yeshua, particularmente as


Festas que foram dadas a Israel, que são sombras de eventos que teriam
o seu cumprimento profético no futuro, na pessoa de Yeshua.
Outro ponto importante; onde é que nos diz na palavra que só o que foi
escrito pelo dedo de YHWH é válido?
Não vale a pena perderem tempo a procurar porque não existe nada que
o diga ou sequer se assemelhe a algo do género. Se assim fosse,
poderíamos apenas rasgar da Bíblia a página onde constam os Dez
Mandamentos, e descartar todo o resto.
De facto, todos os Servos de YHWH que escreveram os livros que
compõe a Bíblia não escreveram por mérito próprio, mas foram sim
inspirados e instruídos pelo Espírito do Eterno.
Concluímos, portanto, que, usar o argumento de que não é válido porque
foi escrito por Moisés e não por YHWH, é uma atitude muito pouco
coerente porque descredibiliza todo o texto bíblico que existe além
dos Dez Mandamentos.
Destacamos mais uma vez um versículo que lemos na carta que Paulo
escreve a Timóteo?
2 Timóteo 3:16 “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;”
5- Sobre tábuas de Pedra / Foi escrita num livro

179
Por este não ser um aspecto tão relevante, não nos focaremos neste
ponto específico e reafirmamos apenas o que foi dito no ponto anterior,
e a passagem específica que citámos de 2 Timóteo 3:16.
6- É Eterna / Devia Cessar
O Salmo 119 é um hino de Louvor que é focado na Grandeza, Perfeição
e Perpetuidade da Lei. Transcrevemos um dos muitos versículos desse
Salmo que provam isso mesmo:
Salmo 119:160 “A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus
juízos dura para sempre.”
A Instrução de YHWH (Torá) dada através de Moisés divide-se em
Mandamentos, Estatutos, Juízos e Testemunhos. Não são apenas os
Mandamentos escritos na pedra que vigoram, como nos demonstra
o Salmo 119:1, 2, 7, 8, 13, 112, 160.
Estes são alguns entre muitos outros versículos deste mesmo Salmo, e do
resto das Escrituras que mostram que a Palavra de YHWH não se resume
aos Dez Mandamentos. Aconselhamos vivamente a leitura na íntegra
deste Salmo 119, que não deveria ser caracterizado apenas por ser
extenso, mas essencialmente pela sua maravilhosa composição.
Contudo, os grupos das Igrejas do Sétimo Dia associam a palavra “lei”
apenas à Lei escrita na Pedra. De facto, é assim que as traduções que
foram feitas a partir da Septuaginta (versão grega das Escrituras),
procedem, e mais do que nunca percebemos através deste Salmo, quão
pobres são as outras línguas relativamente ao hebraico, a língua em que
foram escritos todos os livros do Tanach (Antigo Testamento).
As traduções que são fiéis aos manuscritos originais não traduzem a
palavra “Torá” como “lei”; mas mantém a palavra na sua forma original,
e isso revela-se mais problemático, quando na verdade, a palavra Torá
significa literalmente ensino/instrução, e não Lei.
Vejamos apenas dois exemplos:
1º Exemplo comparativo:

180
Salmo 119:1 (versão de J. F. Almeida revista e corrigida) “Bem-aventurados os retos
em seus caminhos, que andam na lei do SENHOR.”
Salmo 119:1 (versão da Bíblia hebraica) “Benditos os íntegros que caminham segundo
a Torá de YHWH”
2º Exemplo comparativo:
Salmo 119:18 (versão de J. F. Almeida revista e corrigida): “Abre tu os meus olhos,
para que veja as maravilhas da tua lei.”
Salmo 119:18 (versão da Bíblia hebraica): “Abre meus olhos para que eu possa
observar as coisas maravilhosas da tua Torah”
Por essa e várias outras razões, percebemos que não são só os Dez
Mandamentos que vigoram para sempre, mas sim a Palavra de Deus, que
chegou até nós através dos homens escolhidos por Ele.
Isaías 40:8 “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste
eternamente.” (ver também 1 Pedro 1:24)
Entretanto, voltemos à análise do quadro comparativo.
Supostamente, os Adventistas do Sétimo Dia dizem que a “lei” que é
dada além dos Dez Mandamentos deveria cessar conforme a análise que
fazem de Oséias 2:11. Mas nós já vimos anteriormente que a Palavra de
YHWH é perpétua, logo, a única hipótese, é que só poderá existir algum
equívoco na interpretação do texto.
Oseías 2:11 vem na sequência dos versículos anteriores. De quem é que
se fala no contexto deste texto? Comecemos pelo vs. 1 e seguintes desse
capítulo:

“Dizei a vosso irmão: Ami; e a vossa irmã: Ruama.”


O capítulo 2 inicia de forma estranha, se não atentarmos para o que vem
antes, e por essa razão, devemos começar pelo princípio. O livro de
Oséias começa por falar dos desvios dos filhos de Israel, vejamos:
Oséias 1:2-9 “O princípio da palavra de YHWH por meio de Oséias. Disse, pois,
YHWH a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de

181
prostituição; porque a terra certamente se prostitui, desviando-se de YHWH. Foi,
pois, e tomou a gomer, filha de Diblaim, e ela concebeu, e lhe deu um filho. E disse-
lhe YHWH: Põe-lhe o nome de Jizreel; porque daqui a pouco visitarei o sangue de
Jizreel sobre a casa de Jeú, e farei cessar o reino da casa de Israel. E naquele dia
quebrarei o arco de Israel no vale de Jizreel. E tornou ela a conceber, e deu à luz uma
filha. E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama; porque eu não tornarei mais a
compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei. Mas da casa de Judá me
compadecerei, e os salvarei por YHWH seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem
pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros. E, depois de
haver desmamado a Lo-Ruama, concebeu e deu à luz um filho. E Deus disse: Põe-
lhe o nome de Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus.”
YHWH exemplifica o cenário através de uma prostituta que dá à luz dois
filhos (um casal de irmãos), Ruama e Ami.
A prostituta representa a Casa de Israel (Reino do Norte/Efraim) que
traiu o seu marido (YHWH) adulterando com outros homens (ídolos
pagãos).

Podemos ir então agora para o capítulo 2 onde tudo se começa a


esclarecer:

Oséias 2:1-5 “Dizei a vossos irmãos: Ami; e a vossas irmãs: Ruama. Contendei com
vossa mãe, contendei, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido; e desvie
ela as suas prostituições da sua vista e os seus adultérios de entre os seus seios. Para
que eu não a despoje, ficando ela nua, e a ponha como no dia em que nasceu, e a faça
como um deserto, e a torne como uma terra seca, e a mate à sede; E não me compadeça
de seus filhos, porque são filhos de prostituições. Porque sua mãe se prostituiu”
E é na sequência disto que vem Oséias 2:11:
Oséias 2:11 “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os
seus sábados, e todas as suas festividades.”
E por que razão? Porque Israel em vez de observar as Solenidades que o
Eterno instituiu, para as observarem em Sua honra, o Povo de Israel fê-
las mas em adoração a deuses falsos, o vs. 13 esclarece:

182
“Castigá-la-ei pelos dias dos Baalins, nos quais lhes queimou incenso, e se adornou
dos seus pendentes e das suas jóias, e andou atrás de seus amantes, mas de mim se
esqueceu, diz YHWH.”
O que o Eterno fará cessar nunca poderiam ser as Suas Festas porque
essas foram dadas por estatuto perpétuo, mas sim as festas em adoração
a deuses pagãos. O capítulo 3 confirma isso mesmo:
“E YHWH me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu
amigo, contudo adúltera, como YHWH ama os filhos de Israel, embora eles olhem
para outros deuses, e amem os seus bolos de uvas.”
Mais uma prova de que o que cessaria era a adoração aos ídolos:
Oséias 4:17 “Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o”.
Para finalizar a reflexão sobre este ponto atentemos para um detalhe
relevante; Oséias 2:11 diz que YHWH faria cessar as festas deles (“suas
festas”), o que é bem diferente das “minhas solenidades” referidas em
Levítico 23.

Existe um outro texto semelhante ao de Oséias 2:11; que está em Isaías


1:13-14 que diz:
“Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas
novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade,
nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha
alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.”
À semelhança do texto de Oséias, e de qualquer outro texto bíblico,
também este de Isaías 1:13-14 deve ser analisado como um todo, e dentro
do contexto correto. Por que razão YHWH estaria na verdade farto
desses dias que Ele separou como Santos e perpétuos?
Os vs. 1-12 desse mesmo capítulo esclarecem. O povo não estava a
adorar verdadeiramente o Eterno.
Por trás de toda a aparente adoração, deveria existir também um coração
circuncidado, isto é, um coração pretenso a servir o Eterno com amor,
um coração puro e verdadeiro.

183
Um servo que manifestasse não apenas no exterior a sua dedicação, mas
principalmente no seu interior. Tudo isto faz mais sentido quando lemos
os vs. 1-12 em consonância com os seguintes textos:
Deut. 30:6 “E YHWH teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua
descendência, para amares a YHWH teu Deus com todo o coração, e com toda a tua
alma, para que vivas.”
Deut. 10:6 “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a
vossa cerviz.”
Deut. 4:29 “Então dali buscarás a YHWH teu Deus, e o acharás, quando o
buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.”
Deut. 5:29 “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem
todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos
para sempre.”
Deut: 26:16 “Neste dia, YHWH teu Deus te manda cumprir estes estatutos e
juízos; guarda-os, pois, e cumpre-os com todo o teu coração e com toda a tua alma.”
Deut. 11:16 “Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais
a outros deuses, e vos inclineis perante eles;”
Romanos 2:29 “Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração,
no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.”

Deut. 8:5 “Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim
te castiga YHWH teu Deus”
O Eterno quer que o amem de verdade vivendo em obediência, não que
vivam pelas aparências, ou que demonstrem algo que verdadeiramente
não são;
1 Samuel 16:7 “porque YHWH não vê como vê o homem, pois o homem vê o que
está diante dos olhos, porém YHWH olha para o coração.”
1 João 3:18 “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas nas
atitudes e em verdade.”

184
Na verdade, mais do que sacrifícios, o Eterno deseja que o homem não
peque, como lemos em:
1 Samuel 15:22 “Porém Samuel disse: Tem porventura YWHH tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra de YHWH? Eis que o
obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de
carneiros.”

Concluímos, portanto, que YHWH nunca se poderia referir às Festas por


Ele determinadas, pois se no caso de Oséias 2:11 YHWH se refere às
festas em honra de falsos deuses; já no caso de Isaías 1:13-14 o texto
aponta para a iniquidade de Israel (vs. 4).
E isso torna-se mais evidente quando lemos na bíblia o Eterno a enaltecer
os dias por Ele separados em textos como os de Isaías 56:1-2; 58:13; e
Ezequiel 20:12, 20.
A Palavra não tem contradições, o homem é que é de fraco entendimento
(Oséias 4:6).
A partir do momento em que as Festas que são dadas pelo Eterno para
que as observassem em sua honra, e o homem observa-as, mas em honra
de outros deuses, o Eterno nada tem a ver com elas, pois o foco de
adoração foi substituído. A idolatria cessará um dia, a adoração a YHWH
será para sempre (Isaias 66:20-24).
7- É Perfeita / É imperfeita
Sobre este ponto, o texto de Hebreus que é citado sem dúvida é
complexo. Contudo, como nos exemplos anteriores, deve ser analisado
dentro da perspectiva correta. Vejamos o que nos diz o texto:
“Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e
inutilidade (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma
melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.”
É a lei que não é perfeita ou o homem? O que nos diz o Salmo 19:7? O
homem é que é imperfeito para a cumprir, nesse sentido, ela não
aperfeiçoou o homem porque ele é um pecador. Enquanto o homem é
carne corruptível, nunca poderá ser perfeito diante de YHWH, e a

185
melhor esperança que é introduzida, é o sangue derramado por Yeshua
onde os salvos branqueiam as suas vestes. A lei nenhuma coisa
aperfeiçoou, porque desde a queda no Éden que o homem se desligou
de YHWH, e a única forma de se reconciliar com este é através de
Yeshua.

Mas quer isso dizer que podemos transgredir a Torá deliberadamente?


Claramente que não. O mandamento é inútil na medida em que a nossa
carnalidade não nos permite cumpri-lo na perfeição. E é exatamente
nessa nossa fraqueza, que o sangue de Yeshua nos torna dignos onde
jamais seríamos.
Salmo 19:7 (Bíblia hebraica) “A Torá de YHWH é perfeita, e refrigera a alma; o
testemunho de YHWH é fiel, e dá sabedoria aos humildes.”
8- É Espiritual / É carnal
Porventura já ressuscitámos incorruptíveis? Na medida em que somos
carne, precisamos de instruções para não ceder aos impulsos carnais.
É exatamente pelo facto de sermos carne, que o Eterno é compassivo
para conosco, pois sabe que diariamente a serpente se tenta alimentar da
nossa carnalidade (tentações). Por isso é que devemos deixar que YHWH
guie o nosso espírito para que este tenha controlo total sobre a nossa
carnalidade.

9- É a substância das coisas boas / É apenas uma figura


O texto usado pelos adventistas para justificar o seu ponto de vista é o
de Hebreus 10:1 que diz:
“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas,
nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode
aperfeiçoar os que a eles se chegam.”
Os sacrifícios de animais eram uma sombra de um sacrifício perfeito.
Contudo, ainda que os sacrifícios de animais sejam inúteis diante do
sacrifício de Yeshua isso implica que os Dias Festivos deixem de ser
observados? Claramente que não, pois foram dados como dias de Santa
Convocação por estatuto perpétuo, como já vimos.

186
10- Cristo não a aboliu / Cristo aboliu-a
Yeshua não aboliu nada da Torá, para já porque a Palavra que Yeshua
falou não era d’Ele, mas sim do Pai que O enviou, e já vimos que a
Palavra de YHWH não muda (Mal. 3:6; Heb. 13:8). Na verdade, a palavra
utilizada por Yeshua no texto é Torá, mas mais uma vez as versões gregas
traduzem como “lei”:
Mateus 5:17-18 - Peshitta (Escritos apostólicos em Aramaico) “Não pensem que
vim destruir a Torá ou os profetas. Não vim destrui-la, mas completá-la, pois na
verdade vos digo que até que os céus e a terra passem, nem um yud* ou um traço se
omitirá da Torá sem que tudo seja cumprido”.
*yud é a letra menor do idioma hebraico, o que mostra que nem a
mínima coisa será removida.
A Torá só se tornaria plena com a vinda de Yeshua, pois a Torá aponta
para Ele, visto que ele é a Torá Encarnada
(instrução/Palavra/Verbo/Representante de YHWH).
Quanto ao texto de Efésios 2:15 diz-nos o seguinte: “Na sua carne desfez a
inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em
si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,”
Na verdade, a lei dos mandamentos nunca poderia ser desfeita, que como
já vimos é perfeita e eterna. Vejamos o que nos diz o mesmo texto na
Peshitta do Aramaico:
“Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; derrubando a parede
de separação que estava no meio. Pela sua carne, cumprindo a Torá através das mitsvot
contidas em ordenanças, desfez a inimizade para criar, em sua essência, dos dois um
novo homem, assim fazendo a paz pelo madeiro reconciliar ambos com YHWH num
só corpo, tendo por ela matado a inimizade;”
Paulo refere-se à inimizade existente entre a Casa de Judá (Reino do Sul
ou Casa de Judá) e a Casa de Israel (Reino do Norte ou Efraim). Devido
ao facto de Efraim se misturar entre as nações e ter adoptado os seus
costumes (paganismo e desvio da Torá), Judá passou a olhá-lo como o
irmão desobediente, visto que ele quebrou os mandamentos.

187
Mas como Yeshua veio não só para a casa de Judá, mas também para a
casa de Israel (que entretanto se espalhou pelas nações), e ensinou a
cumprir a Torá, dessa forma Yeshua faz com que essa parede de
inimizade que separava os irmãos fosse anulada, fazendo dos dois
novamente um.
Vemos o cumprimento dessa profecia a cumprir-se em força nestes
últimos dias, em que muitos estão a despertar para o facto de que na
verdade Yeshua não veio anular a Torá, mas ensinar-nos sobre ela. Leia-
se sobre as duas varas (casa de Israel e casa de Judá) que voltarão a ser
unidas em Ezequiel 37:16-28.
A inimizade é desfeita em Yeshua, porque o irmão obediente voltará a
abraçar o irmão desobediente porque esta volta à observação da Torá.
Lembrem-se da parábola do filho pródigo. E vejam como o sentido do
texto de Efésios foi deturpado. Na verdade, satanás manipula tudo, mas
só até um certo ponto, porque a base da fé está presente em todas as
versões bíblicas. E com a ajuda do Espírito do Eterno, conseguimos
discernir a verdade.
11- Deve existir até que tudo seja cumprido / Devia existir
somente até à posteridade
Diz-nos o texto de Gál. 3:19: “Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa
das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e
foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.”
Este texto de certa forma já foi explicado. A lei foi dada exatamente para
instruir o povo sobre como se desviar do pecado. Onde não há pecado
não há lei (Rom. 5:13).
Porque a Torá escrita foi dada até que viesse a Torá Viva, e estas duas
complementam-se, pois é pela guarda dos mandamentos e pela fé em
Yeshua que se salvarão os escolhidos (Ap. 14:12).
Os pontos 12; 13 e 14 como estão relacionados serão abordados
seguidamente como um todo:

188
O jugo de servidão de que fala Gálatas 5:1 não se refere à Torá, pois sobre
a Torá diz-nos as escrituras:
Deut. 11:16 “Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e
tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos
céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está
além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga,
e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti,
na tua boca, e no teu coração, para a cumprires. Vês aqui, hoje te tenho proposto a
vida e o bem, e a morte e o mal; porquanto te ordeno hoje que ames a YHWH teu
Elohim, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus
estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e YHWH teu Elohim
te abençoe na terra a qual entras a possuir.”
Na verdade, o jugo de servidão de Gálatas 5:1; e o jugo que ninguém
podia suportar de Atos 15:10 não pode ser a Torá dada por YHWH, pois
o próprio Yeshua confirma que o seu fardo é leve (Mat. 11:30).
Yeshua na verdade tem a necessidade de dizer isso, porque muitos
consideravam a Torá difícil de cumprir devido aos acrescentos humanos
que ao longo dos séculos foram feitos pelos anciãos, mais precisamente,
após o exílio da Babilónia. Poderemos entender melhor esse contexto
quando lemos em Mateus 15:2-8.
Mas o simples cumprimento da Torá (sem os acrescentos das tradições
humanas [Mat. 15:6]), na verdade é algo que está ao alcance de qualquer
pessoa que deseja verdadeiramente no seu coração servir ao Eterno.
As cargas que ninguém podia suportar, são as tradições humanas que
foram acrescentadas aos mandamentos que os antigos exigiam que
fossem levadas tão a sério como o próprio mandamento. Tornando o seu
cumprimento numa missão quase impossível.
Isso ainda hoje é muito comum entre o Judaísmo Ortodoxo que
compilou numa obra intitulada Talmud, todas as tradições humanas que
foram acrescentadas aos mandamentos com o propósito de proteger o
mandamento.

Hoje em dia, acontece frequentemente no Judaísmo Ortodoxo (Os

189
Fariseus da época de Yeshua) que as suas tradições, tenham mais
importância para eles do que a própria palavra escrita ordenada por
YHWH. Já no tempo de Yeshua isso acontecia, e por isso Ele diz:
Mateus 23:3-4 “Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e
fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não
fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos
homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;”
Os anciãos e os líderes religiosos tinham grande influência sobre o povo,
e é dessa influência que Yeshua os liberta, mostrando que na verdade o
Seu fardo (Mandamentos) é leve.
15- É guardada juntamente com a fé em Jesus / É inútil diante
da fé
Paulo não diz que a Lei era "aio" (tutor), mas que ela serviu de "aio"
(Gálatas 3:24), isto é, ela conduziu as pessoas até ao Messias, e depois de
estarem Nele, pela Fé, a Lei já não serve mais de "aio", mas como
indicador no Caminho, ela ensina-nos como devemos andar.
O facto de a Lei ter sido um "aio" não a anula, nem a faz deixar de
vigorar, nem a desvaloriza.
A partir do Sinai, a Lei, servindo de "aio", conduziu muitos a viverem
pela Fé, em obediência a esta Lei, este sempre foi o grande objetivo dela.
Fé em quem? Em YHWH, o Todo-Poderoso.
E, depois da vinda de Yeshua, ela novamente serviu de "aio", agora para
conduzir a este Yeshua, por intermédio da Fé. Como? A Torá está ligada
a todo o ser humano para a obediência ou desobediência, para a
fidelidade ou rebeldia. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. Tanto na
obediência, quanto na desobediência, a Torá conduziu muitos ao Messias
pela Fé no Seu testemunho;
1 João 2:2-7 "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos,
mas também pelos de todo o mundo. E nisto sabemos que o conhecemos: se
guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os
seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda

190
a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto
conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como
ele andou. Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que
desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio
ouvistes."

E quando Paulo diz em Gálatas 3:24: "...para que, pela fé, fôssemos
justificados.", esta justificação teria que se evidenciar pelas obras,
conforme diz Tiago 2:24: "Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e
não somente pela fé." Isto implica um novo nascimento, uma nova vida.
Que obras seriam estas? As obras da Fé (fidelidade), e como podemos
ser fiéis ao Eterno? Através da obediência. E como podemos obedecer
ao Eterno? Pelos Mandamentos da Torá.
Primeiramente, quem eram os judaizantes? Crentes ou incrédulos? Eles
eram crentes no Messias Yeshua. Qual era a atitude equivocada deles em
relação aos crentes gentios?
Vamos ler em Atos 15:1; "Então, alguns que tinham descido da Judéia
ensinavam assim os irmãos: se vos não circuncidardes, conforme o uso
de Moisés, não podeis salvar-vos."
Esses judeus crentes pertenciam a que grupo? À seita dos fariseus (Atos
15:5).

Qualquer teólogo sincero sabe que o motivo do Concílio em Jerusalém


foi este: aceitar o argumento destes judeus crentes ou o testemunho de
Paulo e Barnabé.
E o que é que foi decidido nesse concílio?
Atos 15:19-21"Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios,
que se convertem a YHWH, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações
dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os
tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e, cada sábado, é lido nas
sinagogas."

191
Onde é que a teologia cristã lê, ou vê nesta passagem, que a Lei perde o
sentido quando equiparada com o Messias?
Onde e quando é que neste Concílio foi decidido que os crentes deveriam
deixar de guardar a Lei? Donde é que surge a ideia de que a Lei é
obsoleta? Não deste concílio, mas sim dos concílios do cristianismo
romano levados a cabo séculos depois.
Quatro práticas deveriam ser deixadas de imediato (Atos 15:20) o restante
aprenderia gradualmente, ensinado nas Sinagogas, e o que é era ensinado
nas sinagogas? A Torá, e esta é uma prova de que os gentios crentes
frequentavam as Sinagogas juntamente com os judeus crentes no Messias
Yeshua.
A análise real de Gálatas, sem os "óculos de Roma":
Durante séculos, o grosso do “cristianismo” tem alegado que quando o
Paulo se referiu às "obras da lei" se referia à Torá.
Contudo, uma vez que pesquisamos o contexto israelita (que é o mais
confiável possível) sobre as palavras de Paulo, aprendemos que o termo
"obras da lei", no hebraico "ma'assei hatorá" se refere a prática rabínica de
transformar um costume/hábito/tradição de grandes rabinos em
mandamentos.

Ou seja, "obras da lei" seria a crença de que podemos ser justificados


imitando os hábitos/costumes de pessoas de referência (grandes rabinos,
etc.)

Enfim, esta interpretação do cristianismo romano não é bíblica. O termo


aparece frequentemente no Talmud, porém alguns cristãos alegavam que,
como o Talmud é posterior, não havia comprovação de que na época de
Yeshua o termo "obras da lei" já fosse um termo conhecido em Israel, e
em referência a atos rabínicos para a justificação por obras.
Porém, uma descoberta arqueológica nas cavernas de Qum'ran nas
imediações do Mar Morto, deitou-se totalmente por terra a falsa premissa
do cristianismo romano. Eis um dos fragmentos do mar morto:

192
"Agora escrevemos para vós algumas das obras da lei, aquelas que determinamos que
fossem ser benéficas a todos... E deverão ser reconhecidas por vós como justiça, em que
vós tendes feito o que é correto e bom perante ele..." (4 QMMT(4q394-399)
secção C linhas 26b-31).
Aqui vemos aqueles que se opunham a Paulo, citados fora do Novo
Testamento e materializando-se como figuras históricas: “aqueles que
acreditavam na justificação pelas mesmas obras da lei.”
O texto de Qum'ran é uma prova histórica e clara sobre o termo "obras
da lei", sendo um termo teológico conhecido e explorado muito antes da
vinda do Messias.
Vemos também pelo texto uma alusão às tradições rabínicas e não aos
Mandamentos de YHWH.
Grupos como estes tentavam e ensinavam o povo a justificarem-se diante
do Eterno por hábitos/costumes, denominados "as obras da lei" que no
fundo foram a base para os acrescentos feitos à “Torá" (que eles chamam
de lei oral, que foram compilados mais tarde no Talmud) levado a cabo
pelos rabinos.
Comprovamos então que, contrariamente à falsa alegação Greco-
Romana Cristã, Paulo não falava da Torá, mas sim de um sistema
religioso rabínico.
Existe uma profecia de Isaías sobre o que viriam a ser “as obras da lei”:
Isaías 28:13-15 “Assim, pois, a palavra de YHWH lhes será mandamento sobre
mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra,
um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se
enlacem, e sejam presos. Ouvi, pois, a palavra de YHWH, homens escarnecedores, que
dominais este povo que está em Jerusalém. Porquanto dizeis: Fizemos aliança com a
morte, e com o inferno fizemos acordo; quando passar o dilúvio do açoite, não chegará
a nós, porque pusemos a mentira por nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos
escondemos.”

Será que Paulo anulou a lei, coisa que Yeshua não ousou fazer (Mat. 5:17)
quando citou este e outros textos que à primeira vista parecem
complexos?

193
Não é difícil perceber o contexto das palavras de Paulo, quando sabemos
que ele era um crente zeloso e cumpridor da Torá (At. 25:8;28:17).
A graça de ser salvo não invalida a lei, mas sim, aquele que teve a
experiência do novo nascimento no Messias, ou seja, a natureza do
pecado que habitava em nós deu lugar ao Espírito de YHWH, não
estando nós mais sob o jugo da lei do pecado (a natureza do pecado), que
oprime, amarra e destrói o homem, desligando-o do Todo-Poderoso, e
nem do legalismo farisaico que dificultava o cumprimento da Torá.
Uma coisa é entender o legalismo da Lei, a outra é viver sob os princípios
da Lei.
Se quiserem fazer uma análise mais aprofundada sobre esta e outras
passagens nas cartas de Paulo sobre a Lei, clique aqui.
16- É uma Lei Real / É a Lei de Moisés
Por tudo aquilo que já foi analisado neste estudo, consideramos que se
torna desnecessária acrescentar mais linhas a tudo que já foi referido.
Reafirmamos apenas que a chamada Lei de Moisés é a Lei de YHWH,
uma vez que foi o Eterno que a deu a Moisés, conforme já demonstrado.
17- É a Lei que julgará o mundo / Ninguém será julgado por ela
É curioso as Igrejas do Sétimo Dia citarem Colossenses 2:16 como forma
de justificarem que ninguém será julgado por esta lei. Ainda é mais
interessante constatar isso quando nesse texto estão incluídos os Sábados
que eles defendem como sendo perpétuos.
No princípio deste estudo, avançámos que esta passagem de Colossenses
2:16 tinham uma mensagem bastante relevante para os crentes, e que
iríamos aprofundar o seu sentido mais à frente. Pois bem, é nela que nós
iremos focar agora.
De facto, nós seremos julgados pelas nossas transgressões conforme nos
revela o próprio Yeshua:
Mateus 7:21-23 (Almeida Revista e Corrigida) “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está
nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu

194
nome? e em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitas
maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniqüidade.”
Em algumas versões de J. F. de Almeida o versículo 23 diz: apartai-vos de
mim, vós que praticais a violação da lei”.
Mas vejamos o mesmo texto na versão traduzida a partir do aramaico:
Mateus 7:23 (Peshitta Aramaico) “E então eu lhes direi: Nunca vos conheci,
afastem-se de mim vocês que são violadores da Torá”.
Voltando a Colossenses 2:16, que nos diz:
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de
festa, ou da lua nova, ou dos sábados,”
Muitos crêem que este texto anula as leis alimentares, os dias Santos
dados em Levítico 23; as luas novas e os Sábados. Mas vejamos, o que é
que é referido aqui neste texto? De facto o texto fala de alimentação, dias
festivos, luas novas e de Sábados. Mas eles são anulados nesta passagem?
Pode uma simples passagem anular muito do que está escrito em todo o
restante texto bíblico.
Ora, sabemos que a Palavra não tem contradições, como tal, seguindo os
princípios abordados no início deste estudo, vamos analisar o cap. 2
como um todo. Como em todos os versículos bíblicos, só temos que
atentar para o contexto dessa passagem, para entender o seu significado.
Os vs. 13-14 do mesmo cap. 16 de Colossenses dizem que fomos
perdoados, porque “a cédula fora riscada”. Esta cédula não é a Lei de Deus.
Mas sim os nossos pecados. O que foi cravado na cruz não foi a Lei de
Deus, mas sim as nossas transgressões, como profetizado por Jeremias
(31:34) e Isaías (43:25).
E por que é que sabemos que não foi a lei que foi riscada? Porque
YHWH não muda; e porque Yeshua também confirmou que isso não
aconteceria enquanto existirem céus e terra (Mat. 5:17-18)
É graças ao sacrifício de Yeshua, que triunfámos diante do nosso
acusador (vs.15 de Colossenses 2), e por isso mesmo não devemos deixar

195
que nenhum homem nos julgue. Aliás, quem tem o direito de julgar?
Somente o Eterno, por isso, que “ninguém vos julgue”.
A palavra “portanto” do vs.16 vem em sequência dos vs. anteriores.
A melhor forma de resumir o vs. 16, é que as nossas transgressões nos
foram perdoadas (vs.13). A lista dos nossos pecados foi
removida/riscada, através do sacrifício de Yeshua (vs.14).
No entanto, o texto diz-nos muito mais do que isso. Quem conhece um
pouco da história dos Colossenses, sabe que o povo de Colosso era
influenciado por mestres ligados ao gnosticismo, que impunham leis
humanas, para que os homens pudessem alcançar elevada espiritualidade.
E era com isso que Paulo se confrontava em Colosso. Como vemos no
cap. 2 vs. 4, 8, 18, 20, 22. Paulo não se referia às leis de Deus, mas às
influências humanas, aliás, permitam que se faça uma ressalva só a título
de curiosidade; A palavra lei nem sequer aparece na carta aos
Colossenses, mas isso são apenas detalhes.
Os mestres gnósticos de Colossos, censuravam os novos crentes em
Yeshua, por estes comerem e beberem aos Sábados, nos dias de Festa de
YHWH, e nos dias de Lua Nova, pois consideravam que perdiam a
espiritualidade pôr o fazerem.
Os mestres gnósticos ignoravam na verdade o propósito das Festas de
YHWH. Além de serem dias santos, eram também dias festivos.
Precisamente isso, dias festivos, de regozijo em que as pessoas devem
comer e beber com alegria, como vemos em Deut. 16:11, 14, 15.
Não quer isso dizer que sejam dias de glutonaria ou bebedeiras, não
torçamos o sentido do texto, mas não deixam de ser dias de alegria, em
que se deve festejar e adorar o Eterno Deus.
Não há nenhuma restrição relativamente ao comer e ao beber nesses dias,
(exceptuando no dia de Expiação, que é um dia de Jejum obrigatório,)
como os mestres de Colossos defendiam, pois o propósito das festas,
além de ser o de servir o Eterno, é também festejar em honra d´Ele,
comendo e bebendo alegremente.

196
Foi contra a influência que o gnosticismo exercia sobre Colossos, que
Paulo falou. Paulo refutou essa ideia, afirmando que nada os proibia de
comer e beber nesses dias.
Por isso, ao contrário da ideia geral das pessoas que falam sobre este texto
específico, Paulo não aconselha a que não se observem os dias Santos de
YHWH, aconselha sim a observação desses dias, em total regozijo,
comendo e bebendo sem se deixarem perturbar pelas críticas dos homens
hereges; pois tais restrições que lhes tinham sido imputadas, não constam
na Torá, mas sim são influências humanas, neste caso dos mestres
gnósticos.

Vamos então ler o texto novamente com o contexto correto, e com uma
tradução fiel aos originais, e sem tendenciosidades:
“Portanto, não deixem que vos julguem pelo comer ou pelo beber nos dias de festa
(solenes), ou nos dias de lua nova, ou nos sábados, pois tais coisas são o prenúncio
daqueles que preparam o próprio corpo para serem julgados no Messias" (Colossenses
2:16 Peshitta- versão em aramaico do Novo Testamento).
A passagem é muitas vezes mal interpretada. O que é que realmente quer
ela dizer? Paulo combatia uma heresia local. Falsos mestres tinham
introduzido a sua própria filosofia religiosa, a qual era uma mistura de
conceitos Judaicos e gentios.
As suas ideias eram fundamentadas na “tradição” humana e nas
“convicções do mundo” não na Palavra de Deus. Paulo avisou os
Colossenses dizendo-lhes:
“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não
segundo Cristo” vs.8
Estes falsos mestres introduziram as suas próprias normas e
regulamentos como comportamento devido (vs. 20-22). O aviso de Paulo
à igreja de Colossos indica fortemente que estes hereges foram os
percursores duma maior heresia que se desenvolveu no gnosticismo, o
qual por si só, é uma crença que sustenta o sistema do conhecimento

197
secreto (gnosis é o grego para “conhecimento”, daí o termo gnosticismo) para
melhorar a religiosidade de uma pessoa.
Da palavra “gnosticismo” vem a palavra “agnosticismo”, e penso que isso
esclarece claramente os leitores sobre a heresia que Paulo se confrontava
em Colossos.
Os gnósticos declaravam-se tão espirituais que desdenhavam
virtualmente qualquer coisa física, considerando-a como inferior a eles.
Em Colossos, os falsos mestres rejeitavam o físico--as coisas perecíveis que
podiam ser tocadas, provadas ou manuseadas (vs. 21-22) —particularmente
quando isso se relacionava com a adoração.
A sua filosofia encorajava a negligenciar as necessidades fisiológicas do
corpo para se alcançar elevada espiritualidade. Em verdade, contudo, a
sua autoimposta religião em nada ajudou e nada alcançou em combater a
natureza humana. Como Paulo escreveu, não foi “de valor algum, senão para
a satisfação da carne” vs. 23.
Os Cristãos em Colossos obedeciam a Deus. Eles guardavam o Seu
Sábado e Dias Santos, e regozijavam-se neles, seguindo as instruções
bíblicas (Deut. 16:10-11, 13-14).
Os hereges condenavam a igreja de Colossos pela forma que os
Colossenses celebravam os Dias Santos. Repare-se que eles não
contestavam os dias em si mesmos, mas sim o gozo físico deles—alegrando-se e
participando nas festas—que provocava a objecção desses falsos mestres.
Repare-se outra vez as palavras de Paulo:
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, nos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos sábados” (Col. 2:16).
Como tal. ao contrário da interpretação que a o grosso da cristandade faz
desta passagem específica, Paulo, confirma que os Crentes Colossenses
— que eram principalmente gentios (Colossenses 2:13) — observavam o
Sábado semanal e os Dias Santos de Deus, passados mais de 30 anos
depois da morte e ressurreição de Yeshua.

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Se eles não estivessem a comemorar estes dias, os hereges não teriam
fundamento para as suas objecções relativas ao aspecto de comer e beber
nos dias de festa.
Nunca esteve em questão neste texto, o que é lícito ou não é lícito comer,
ou se os dias dados por YHWH como Dias Solenes deveriam ou não ser
observados. Porque Paulo observava a Torá, como lemos em Atos 24:14.
Conclusão: Além de tudo o que foi dito, queríamos salientar que há duas
razões fundamentais para as Festas terem sido dadas, sendo que o seu
propósito não se resumia a que fossem dias de ofertas queimadas ou de
sacrifícios.

A razão principal foi revelar-nos o Plano de Salvação de YHWH para a


humanidade. Mas também foram dados como dias de homenagem e
adoração ao Eterno. Ou seja, são “festas” caracterizadas exatamente pelo
sentido literal da palavra “festa”:
Festa- Nome feminino; solenidade religiosa ou civil; comemoração ´pública periódica
em honra de um acontecimento ou de uma pessoa/entidade; reunião social para
convívio e diversão, geralmente com música e dança; banquete; festim; demonstração
pública de alegria; Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora- 2003-
2013
.
Festa- Reunião em que há regozijo; Dia de comemoração; Dia santificado; função
religiosa com que se celebra um dia santificado; Alegria, regozijo; Gesto ou
demonstração de um sentimento de ternura ou de afeto. Dicionário Priberam.
Em breve falaremos de como as festas estão relacionadas com a primeira
e segunda vinda de Yeshua. Ou seja, veremos que as Festas são profecias
de eventos que teriam cumprimento na pessoa do Nosso Salvador -
Yeshua.

É compreensível que alguns textos possam gerar alguma confusão, e


possam dificultar o entendimento do texto bíblico, é normal que assim
seja, pois satanás cumpriu o seu plano de enganar as nações.

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Contudo, não podemos aceitar que textos sejam tirados fora do
contexto para fundamentar doutrinas, ou fazer interpretações isoladas
quando essas mesmas contradizem a Torá ou os profetas.
Textos isolados não fazem doutrina, pois a Palavra é um todo, e quando
entendida com discernimento e à luz da Torá e do Testemunho, veremos
como tudo se harmoniza.
Isaías 8:20: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é
porque não há luz neles.”
Hebreus 6:18 “Para que por duas coisas imutáveis [a Torá e o Testemunho], nas
quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o
nosso refúgio em reter a esperança proposta;”
Deuteronômio 11:26-28 “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;
A bênção, quando cumprirdes os mandamentos de YHWH vosso Deus, que hoje vos
mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos de YHWH vosso
Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno”
Deuteronômio 30:19 “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que
te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para
que vivas, tu e a tua descendência”
A base da fé está na Torá, pois apesar do primeiro mandamento escrito
na pedra dizer que não deveremos ter outros deuses diante de YHWH, é
na Torá em Deuteronômio 6:4-5 que está revelada a base da fé monoteísta,
e isso é corroborado pelo próprio Yeshua:
Mateus 22:36-38 “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Yeshua disse-
lhe: Amarás YHWH teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento.”
João 17:3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro,
e a Yeshua HaMashiach, a quem enviaste.”
Rogamos-te Pai Santo e Eterno, em Nome do Teu Filho amado Yeshua,
que venhas abrir o nosso entendimento e gravar a tua Torá nos nossos
corações. ‫( אָ מֵ ן‬Amén). Shalom.

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