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23º Congresso Nacional de Transporte Aquaviário,

Construção Naval e Offshore


Rio de Janeiro, 25 a 29 de Outubro de 2010

Simulação do Sistema Portuário para Recepção de Minério e Carvão no


Porto de Pecém-CE.

Victor José Guerra


Edson Felipe Capovilla Trevisan
Afonso Celso Medina
Rui Carlos Botter

Universidade de São Paulo

Resumo:
O presente trabalho apresenta uma análise do transporte de insumos para uma usina siderúrgica que
será implantada na área de influência do porto de Pecém. Estes insumos (carvão e minério de ferro),
bem como os produtos siderúrgicos, escoarão pelo porto em questão. Neste sistema o minério é
transportado a partir de terminais marítimos localizados no Brasil, por frota própria e em ciclo fechado.
Já o carvão, por sua vez, é oriundo de diversas partes do mundo. O objetivo deste trabalho é
dimensionar as frotas de navios de minério e avaliar as capacidades dos pátios e equipamentos para
ambos os insumos, a fim de proporcionar uma boa operação do sistema. No estudo são
apresentados a metodologia utilizada, o modelo conceitual desenvolvido, bem como as principais
análises realizadas e resultados obtidos. Concluiu-se que a ferramenta desenvolvida é eficaz para
realizar o dimensionamento proposto e que os resultados foram satisfatórios.

operação simultânea dos dois berços, optou-se


1 - Introdução pela utilização de equipamentos de descarga
do tipo contínuo, sendo de rosca sem-fim no
Está sendo estudada a implantação de
berço de carvão e de canecas para a descarga
uma siderúrgica no Porto de Pécem, no
de minério.
estado do Ceará. Os insumos para a
Deste modo, faz-se necessário analisar a
siderúrgica, assim como os produtos
eficiência e a disponibilidade de cada uma das
acabados, devem ser movimentados pelo duas classes de descarregadores, a fim de se
porto de Pécem. avaliar se estes serão realmente capazes de
Atualmente, o Porto de Pecém é dotado de
atender à demanda de granéis prevista para
uma ponte que dá acesso a uma plataforma
descarregar no porto.
com 1 berço de cada lado. Essa plataforma
Além disso, julga-se necessário
tem comprimento compatível com navios do
dimensionar uma frota cativa de navios
tamanho de um Capesize e largura de 50 operando em ciclo fechado para alimentar o
metros. sistema com minério de ferro.
No projeto de expansão do porto, a ponte
Para analisar a eficiência deste sistema foi
será ampliada e será construído um novo
desenvolvido um modelo de simulação de
berço, que permitirá: o carregamento de
eventos discretos para conduzir diversas
placas produzidas na siderúrgica, a operação
análises de cenários propostos.
de contêineres, a descarga de minério de
ferro e do carvão.
2 - Objetivos
Inicialmente quatro descarregadores foram
previstos no projeto, sendo dois de cada lado. Os principais objetivos deste trabalho são:
Contudo devido a largura estreita da • Dimensionar a frota de navios
plataforma e visando minimizar o conflito na supridores de minério necessária para a
movimentação da carga estabelecida Definição do Sistema - é a etapa onde
em cada uma das 3 fases de demanda ocorre a determinação das fronteiras e das
do projeto; restrições a serem usadas na definição do
• Avaliar as capacidades dos pátios sistema bem como uma investigação como o
disponíveis, bem como dos sistema funciona;
equipamentos de movimentação, tanto Formulação Conceitual do Modelo - é uma
para minério como para carvão; etapa onde se desenvolve um modelo
• Propor modificações no preliminar de forma gráfica (por exemplo,
dimensionamento de equipamentos e diagrama de blocos) ou já em um pseudo-
pátios, quando necessário. código, para definir os componentes, as
variáveis e as interações lógicas que
3 - Metodologia constituem o sistema;
Projeto Experimental Preliminar - consiste
Para o estudo em questão será utilizada na seleção das medidas de eficiência que
uma metodologia elaborada inicialmente por serão empregadas, os fatores a serem
Pedgen et al (1995) e modificada variados e quais dados precisam ser colhidos
posteriormente por Botter (2002). Foram do modelo, de que forma e em que extensão;
utilizados também os trabalhos de Ono (2001) Preparação dos Dados de Entrada -
e Brito et al (2010). Para estes autores, ao se consiste na identificação e coleta dos dados
elaborar ou projetar um sistema real ou ideal, necessários pelo modelo;
é possível compreendê-lo com o auxílio de Tradução do Modelo - é a formulação do
experimentos em modelos simplificados. modelo em uma linguagem de simulação
Assim, assumindo-se diversas premissas e apropriada;
hipóteses, um determinado comportamento Verificação e Validação - é uma das etapas
pode ser explicado e projetado também no essenciais do processo e que consiste na
futuro, se necessário. confirmação de que o modelo opera da forma
No entanto, para a obtenção de tal modelo, que o analista pretendia e que a saída do
é importante que a abordagem realizada seja modelo é confiável e representativa de um
sistêmica, isto é, que seja considerada como sistema real. A verificação busca mostrar que
um todo, não se atendo apenas às partes de o programa computacional se desempenhou
cada sistema. Isto se deve ao fato de que, as como esperado e pretendido, fornecendo,
partes do sistema, se consideradas desta forma, uma correta representação lógica
isoladamente, podem afetar e alterar o do modelo. A validação, por outro lado,
resultado final ou total do sistema; sendo, estabelece que o comportamento do modelo
portanto, capaz de ter seus objetivos e representa de forma válida, o sistema do
interesses iniciais alterados em virtude de mundo real que está sendo simulado.
alguns aspectos únicos ou singulares, Projeto Final Experimental - consiste em
pertencentes ao próprio sistema. projetar experimentos que irão gerar as
informações desejadas e determinar como
3.1 - Desenvolvimento do Simulador cada uma das "corridas" especificadas no
A simulação tem que ter como objetivo a projeto serão executadas;
descrição do comportamento de sistemas; a Experimentações - consiste em executar a
construção de teorias ou hipóteses que simulação para gerar os dados desejados e
explicam o comportamento observado; o uso realizar análises de sensibilidade;
do modelo para prever um comportamento Análise e Interpretação - consiste em
futuro (efeitos produzidos por mudanças no realizar inferências sobre os dados obtidos
sistema ou na sua forma de operar). pela simulação;
As seguintes etapas são usualmente Implementação e Documentação - é a
empregadas no desenvolvimento dos modelos disponibilização e aplicação dos dados
de simulação de modo a garantir eficiência. utilizados e dos resultados obtidos, além de
Definição do Problema - é a etapa onde uma documentação do modelo e de seu uso.
ocorre uma definição clara das metas do
estudo, por que se está estudando este 3.2 - Análises Estatísticas no Subsistema
problema e quais respostas buscam-se Carvão
encontrar; Durante o desenvolvimento do trabalho
Planejamento do Projeto - busca-se nesta foram testadas diversas hipóteses para definir
fase verificar a existência de recursos físicos, o comportamento da chegada de navios no
humanos e técnicos para a execução do porto de Pecém no que tange ao transporte de
projeto; carvão.

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Inicialmente utilizou-se o processo de Assim, foram considerados os seguintes
chegada exponencial. Posteriormente foram itens no modelo:
testadas as seguintes distribuições • Duas categorias de minérios:
probabilísticas:
 Minério oriundo do Terminal
• Distribuição normal: ilimitada nos
Marítimo de Ponta da Madeira
extremos e, apesar de concentrar
(Minério Norte);
valores próximos à média, permite a
chegada de navios com intervalos muito  Minério oriundo do Terminal
pequenos ou muito grandes; Marítimo de Tubarão (Minério Sul);
• Distribuição triangular: segundo • No início da simulação é gerada uma
Pedgen et al (1995) utilizada quando a frota de embarcações, utilizada tanto
forma exata da distribuição real não é para suprir o minério do sistema Norte
conhecida, mas pode ser estimada por como do sistema Sul. Esta frota entra
um valor mínimo, máximo e o mais em fila a espera de uma missão
provável. Porem, esta distribuição pode (viagem, carregamento na origem,
interferir negativamente no modelo, pois retorno e descarregamento em
como esta impõe limites máximos e Pecém);
mínimos no intervalo entre chegadas de • Uma nova missão é iniciada sempre
navio, a aleatoriedade do sistema seria que o estoque de algum sistema passa
minimizada, e isso poderia levar a um abaixo do nível de re-suprimento.
dimensionamento equivocado do Neste caso, havendo ou não navio
tamanho dos pátios. disponível, é computado o pedido de
Sendo assim, com base nos testes carga que corresponde a esta missão
realizados com os três tipos de distribuições como estoque em trânsito;
de probabilidade, optou-se pela segurança no • Em princípio, este nível de re-
dimensionamento dos pátios, e, por suprimento deve ser suficiente para
conseguinte, pela utilização de distribuições alimentar a usina até a entrega do
exponenciais no intervalo entre chegada de produto daquela missão, somado a um
navios de carvão ao terminal. pulmão (um estoque de segurança
Além disso, a distribuição exponencial é pré-estabelecido);
usualmente a encontrada quando são • O navio que é designado para esta
realizados estudos estatísticos com os dados missão é sempre o primeiro que está
reais dos tempos entre chegadas sucessivas na “fila” por missões, sendo que,
de embarcações. Foi, portanto, a distribuição executa o processo de navegação,
de probabilidade utilizada para os intervalos carregamento na origem, retorno
entre chegadas de embarcações de carvão no carregado, espera em fila por berço de
sistema. minério disponível em Pecém,
atracação, pré-operação, operação,
4 - Modelo Conceitual pós-operação e desatracação;
• As estatísticas do ciclo completo do
O modelo de simulação foi desenvolvido
navio são computadas, bem como as
com a possibilidade de integração entre os
estatísticas do berço exclusivo de
subsistemas de recebimento de Carvão e
minério;
Minério, no entanto, esta condição foi
• Nesse instante de processamento da
descartada pela equipe. Assim, partiu-se para
simulação (ao fim de uma missão), o
o dimensionamento de cada subsistema em
navio é testado para duas condições:
separado, considerando-se que os berços e
voltar à fila de “aguardando missões”
equipamentos portuários são exclusivos de
ou, cumprir um período de off-hire ou
cada produto (Carvão e Minério).
docagem. Caso um deles ocorra, o
navio fica indisponível pelo período
4.1 - Subsistema Minério
determinado, e após isso, retorna à fila
Pelo fato do modelo considerar a interação de “aguardando missões”.
entre a chegada e o atendimento de navios, o • Não é considerada área de pátio para
controle de estoque e o consumo do produto, minério blendado (mistura de minério
diversas variáveis afetam o dimensionamento do sistema Norte com o sistema Sul).
da frota de minério, bem como do berço e dos É premissa do modelo de simulação
pátios. São elas: frota, estoques, tempos e que os minérios dos sistemas Norte e
produtividades, equipamentos nos berços, Sul são estocados em pátios
entre outras; separados. A blendagem é
conseqüência do consumo horário da

3
usina, que, por sua vez, é utilizou um caso exemplo, com a demanda
proporcional à demanda de cada tipo intermediária (2020) e com composição de
de minério. Deste modo, os resultados minério 85% Norte e 15% Sul. Os resultados
apresentados contemplam apenas são apresentados na Tabela 2.
uma taxa de consumo horário da Tabela 2: Frota Dedicada x Frota
usina, sem avaliar a capacidade de Resultados
3 Capes para Norte 1 4 small Capes
áreas de pátios para blendagem. Cape para Sul em Pool
Carga de Minério Descarregada (t) 7.408.842 9.573.184
Demanda Atendida 77% 100%
4.2 - Subsistema Carvão
• Foram considerados 2 tipos de carvão: Observa-se pela Tabela 2, que o sistema
com 4 Small Capes, inicialmente com frota
 Carvão para usina siderúrgica
dedicada de 3 navios alocados ao sistema
(Carvão 1);
norte e 1 navio dedicado ao sistema Sul, não
 Carvão para usina térmica atende à demanda de minério, dado que os
(Carvão 3); navios dedicados ao sistema norte não são
• Cada tipo de carvão possui seus pátios capazes de atender à demanda prevista.
exclusivos, bem como o consumo No entanto, o mesmo número de navios
específico horário da respectiva usina. operando agora em pool, atende toda a
Foi considerado um consumo constante demanda, além de apresentar uma baixa
das usinas ao longo do ano; ociosidade geral. Portanto, o sistema em pool
• Como citado anteriormente, foi utilizada a é melhor e foi adotado como padrão.
chegada de navios de carvão segundo Outra análise preliminar realizada foi a
uma distribuição exponencial, primando comparação da utilização de frotas
pela segurança no dimensionamento dos homogêneas de navios Panamax (~73.000 t),
pátios. O porte dos navios foi definido Post-Panamax (~88.000 t) ou Small Cape
como padrão Panamax, com capacidade (~114.000 t). A utilização de frotas
de 73.000 t; heterogêneas foi descartada devido à maior
dificuldade no gerenciamento de diferentes
• Os navios de carvão, ao chegarem no tipos de navio, bem como na encomenda
terminal, aguardam em fila por berço destes.
disponível e só podem atracar uma vez Tabela 3: Comparação entre frotas
que haja espaço disponível suficiente Frota % de Demanda Atendida de Minério
para atender à toda carga do navio; 5 Panamax 81%
• Uma vez atracado, o navio acessa os 6 Panamax 100%
7 Panamax 100%
equipamentos disponíveis, e acontece o 4 Post Panamax 73%
descarregamento; 5 Post Panamax 100%
• São computadas as principais 6 Post Panamax 100%
4 Small Cape 94%
estatísticas para os estoques de carvão, 5 Small Cape 100%
assim como do berço de atracação: 6 Small Cape 100%
comportamento dos estoques, tempo Após estas constatações preliminares,
médio de espera por carvão, ocupação foram determinados cenários base para cada
do berço, dentre outras. subsistema (Minério e Carvão), a partir dos
quais foram realizadas diversas análises de
5 - Simulações Realizadas sensibilidade.
A Tabela 1 relaciona as demandas (Mtpa –
milhões de toneladas por ano) utilizadas nas 5.1 - Subsistema Minério
diversas simulações. Para o subsistema minério foram
selecionados 8 cenários, nos quais os
Tabela 1:Demandas consideradas seguintes parâmetros foram modificados em
Produto 2013 2020 2030 cada cenário diferente:
Carvão 1 (Mtpa) 2,35 4,70 6,90 • Demanda: 4,80, 9,60 e 14,40 Mtpa;
Carvão 3 (Mtpa) 1,50 3,00 3,00
• Número de embarcações do tipo Small
Minério (Mtpa) 4,80 9,60 14,40 Cape;
• Docagem:
Para o subsistema minério foram  COM DOCA: as embarcações
comparadas as situações de frota em pool (a realizam docagem por um período,
mesma frota atendendo TMPM e Tubarão) computando-se os respectivos
contra frota dedicada (uma frota atendendo custos;
TMPM, outra atendendo Tubarão). Para tanto,

4
 SEM DOCA: as embarcações que • Fila de Navios = 25% da observada em
realizam docagem são substituídas 2007:
durante este período por Os resultados deste cenário são
embarcações afretadas. Os custos apresentados na Tabela 6. A partir dos
computados são relativos à resultados deste cenário foram realizadas
docagem e ao afretamento. diversas análises de sensibilidade, também
Porcentagem da fila de navios dos
• apresentadas no presente relatório.
Terminais Marítimos de Tubarão e
Ponta da Madeira a ser considerada; Tabela 4:Resultados Cenário base
• Número de equipamentos; Resultados Unidade
Carga de Minério Descarregada 4.765.615 t
• Produtividade dos equipamentos; Demanda Atendida 99 %
O Cenário 1 para o subsistema Minério Atracações no berço de minério 42 h
tem a demanda do ano de 2013 (4,80 Mtpa), e Tempo médio de espera para o berço 6 h
apresenta as seguintes características: Tempo médio de permanência no berço 81 h
Ocupação do berço 36 %
• Frota: 2 navios Small Cape; Capacidade do pátio de Minério Sul 276.164 t
• 1 Equipamento de descarga Espera da Usina por Minério Sul 1 dias
(produtividade nominal = 2.400 tph);
• Coeficiente de Redução de O comportamento do estoque neste cenário
Produtividade do(s) equipamento(s) =
1 pode ser observado no Gráfico 1 e no Gráfico
0,70; 2.
• Pátios com capacidade estática de 11
ha, equivalentes a 60 dias de
demanda (30 dias relativos à
oscilação + 30 dias de estoque de
segurança) = 395.000 + 395.000 =
790.000 t. Divididos
proporcionalmente entre os 2 tipos de
minério;
• O estoque de segurança supracitado
deve ser entendido como a
quantidade mínima de minério Gráfico 1: Estoque de Minério Norte para o
observada ao longo do tempo no pátio Cenário 1.
da usina. Por exemplo, no caso de 30
dias de estoque de segurança,
entende-se que a quantidade de
minério existente no pátio nunca
deverá ser inferior a 30 dias de
consumo da usina. Isto garante que,
caso haja algum problema com o
abastecimento de minério, ainda
haverá produto suficiente para
abastecer a usina por 30 dias;
• Ao fim de cada cenário dimensionado,
são realizadas análises de
sensibilidade das capacidades de Gráfico 2: Estoque de Minério Sul para o
pátio de minério; Cenário 1.
• Sabe-se que uma área de pátio de 5,5
ha é suficiente para a estocagem de
Nos momentos em que há realização de
395.000 t de minério.
docagem, o estoque de minério no Sistema Sul
• 65% Minério Norte; 35% Minério Sul; atinge baixos patamares por diversas vezes,
como se pode observar no Gráfico 2. Além
disso, a docagem é responsável por este
1
O Coeficiente de Redução de cenário não suportar filas equivalentes às
observadas em 2007 nos portos de Tubarão e
Produtividade – CRP é a relação da taxa bruta
Ponta da Madeira.
do equipamento sobre a taxa nominal do
Assim sendo, foram elaborados cenários
mesmo. Assim, um equipamento com taxa
alternativos de modo a mitigar os efeitos da
nominal de 100 tph e CRP de 0,70, terá uma
taxa bruta de 70 tph.

5
docagem. Nesse relatório será apresentada
apenas a análise feita para a fase de 2013.

5.1.1 - Efeito da composição dos minérios, da


produtividade e da docagem na fase de
2013
Para a análise de sensibilidade dos
cenários relativos à demanda de 2013, variou-
se o Coeficiente de Redução de Produtividade Gráfico 3: Estoque de Minério Norte para o
- CRP do(s) equipamento(s) (0,70 ou 0,50) e a Cenário 3.
ocorrência do impacto da docagem (sim ou
não). Para cada cenário, buscou-se sempre o
resultado que suportasse a maior fila.
A
Tabela 5 apresenta o resultado do melhor
e o pior dos cenários simulados, das quais
65% do minério é oriundo do Sistema Norte.
Observa-se que o Cenário 3, caracterizado
por ter CRP 0,7 e por não ter a presença de
docagem, é o que suporta maior fila (50% de
2007), principalmente porque no período de
docagem é considerado o afretamento de Gráfico 4: Estoque de Minério Sul para o
outra embarcação (SEM DOCA: sem Cenário 3.
ocorrência do impacto da docagem). Ademais,
o cenário apresenta ociosidade muito baixa. Pela análise dos resultados percebe-se
Por outro lado, o Cenário 2 não suporta que:
ocorrência de filas, já que opera sem • A docagem impacta significativamente
afretamento de outra embarcação quando o sistema quando há apenas 2 navios
ocorre docagem e possui Coeficiente de na frota. Contudo, 3 navios para a
Redução de Produtividade do equipamento demanda de 2013 são
0,50. desnecessários, dado que este
terceiro navio ficaria muito ocioso,
Tabela 5: Resultados da simulação além do aumento de custo de
investimentos que ocasionaria;
• Sendo assim, para 2013 o sistema
estará bem dimensionado de acordo
com o Cenário 3: com 2 navios, 1
equipamento de descarga de navios
(taxa nominal de 2.400 tph e
coeficiente de redução de
produtividade de 0,70), 1 pátio com
capacidade total de 60 dias de
O Gráfico 3 e o Gráfico 4 apresentam a consumo da usina (consumo
variação do estoque de minério para o constante) para o Minério Norte e 1
Cenário 3 nos Sistemas Norte e Sul, pátio com capacidade de 60 dias para
respectivamente. O Cenário 3 apresenta Minério Sul (500.000 t e 300.000 t,
estoque mais regulado em virtude de ser respectivamente);
realizado o afretamento de outra embarcação • Será necessário o afretamento de 1
durante o período de docagem. navio para substituir 1 navio da frota
quando este passa por docagem.
Desta maneira o sistema suporta filas
médias de 50% das registradas em
2007 para até 65% do total de Minério
sendo oriundo do Norte;
• Assim, para a demanda de 2013,
recomenda-se o Cenário 3, que
apresenta estoque mais regulado;
A partir do cenário selecionado (Cenário 3),
foram realizadas diversas análises de
sensibilidade para 2013, onde se variou os

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tamanhos de pátio e configuração dos • Variação da capacidade estática do
equipamentos portuários, da seguinte Pátio de carvão 1, seguindo os
maneira: seguintes valores:
 78 dias de demanda (equivalente a
Tabela 6: Variações do Cenário 3 de Minério cerca de 500.000 t para 2013,
Cenário
No. Coef. Pátio
Pátio
Total
Pátio
Pátio
Norte
Pátio Sul Pátio Sul 1.000.000 t para 2020 e 1.500.000 t
Equip. Prod. Total (t)
(Ha)
Norte (t)
(d)
(t) (d) para 2030);
3
3.1
1 Eq.
1 Eq.
70%
70%
789,041
660,822
11
9.2
512,877
384,658
60
45
276,164
276,164
60
60
 117 dias de demanda
3.2 2 Eq. 50% 532,603 7.4 256,438 30 276,164 60 (aproximadamente 750.000 t para
3.3 2 Eq. 50% 463,562 6.5 256,438 30 207,123 45 2013, 1.500.000 t para 2020 e
3.4 2 Eq. 50% 394,521 5.5 256,438 30 138,082 30
2.200.000 t para 2030);
 156 dias de demanda (da ordem de
Tabela 7:Resultados das variações do 1.000.000 t para 2013, 2.000.000 t
Cenário 3 de Minério para 2020 e 3.000.000 t para 2030);
Resultados Cenário 3.1 Cenário 3.4 Unidade  Sabe-se que uma área de 9 ha é
Carga de Minério Descarregada 4.761.035 4.797.676 t suficiente para um pátio com
Demanda Atendida 99 100 %
Atracações no berço de minério 42 42 h
capacidade de 450.000 t de carvão.
Tempo médio de espera para o berço 10 8 h • Os cenários contam com:
Tempo médio de permanência no berço 85 65 h
Ocupação do berço 36 27 %
o Entre 1 e 2 equipamentos de
Capacidade do pátio de Minério Sul 276.164 276.164 t descarga contínua
Espera da Usina por Minério Sul 18 0 dias (Produtividade nominal =
2.400 tph);
Verifica-se pela Tabela 7 que no Cenário • Varia-se o coeficiente de produtividade
3.1, que conta com redução de pátio do dos equipamentos entre 70% e 50%
minério Norte para 385.000 t e apenas 1 para o ano de 2013, nos demais anos
equipamento de descarga. O sistema já adota-se 50%;
apresenta espera por minério do sistema Sul
• O estoque inicial dos pátios é
(18 dias por ano). Sendo assim, para os
alternado entre 50% e 75%, e 25%.
demais cenários com pátio reduzido (3.2, 3.3
e 3.4) já se considera 2 equipamentos de
5.2.1 - Simulações do Subsistema Carvão para a
descarga. Percebe-se que, para até 30 dias
de pátio em cada sistema (Cenário 3.4, com Demanda de 2013
256.000 t para o Minério Norte e 138.000 t O Cenário 1 (cenário base) para o
para o Minério Sul), com 2 equipamentos, a subsistema Carvão tem a demanda do ano de
usina não pára por falta de minério. No 2013 (2,35 Mtpa p/ o Carvão 1), e apresenta
entanto, os estoques alcançam patamares as seguintes características:
baixíssimos, próximos a 0, incapazes de • Coeficiente de Redução de
suprir a usina na ocorrência de algum Produtividade do(s) equipamento(s) de
problema no suprimento de minério. 0,70;
• Pátio para o Carvão 1 com capacidade
5.2 - Subsistema Carvão estática para 156 dias de demanda
Para o subsistema Carvão foram ~1.000.000 t;
selecionados 12 cenários. Para a geração • Estoque Inicial de 50% da capacidade
destes cenários, foram modificados os do pátio ~500.000 t;
seguintes parâmetros: Os resultados deste cenário são
• Demanda dos 3 anos em estudo é apresentados na Tabela 9.
mostrada na Tabela 8:
Tabela 9: Resultados Cenário
Tabela 8: Demandas consideradas Resultados Unidade
Produto 2013 2020 2030 Carga movimentada de carvão 2.350.000 t
Demanda atendida 100 %
Carvão 1 (Mtpa) 2,35 4,70 6,90
Capacidade de pátio 1.004.384 t
Carvão 3 (Mtpa) 1,50 3,00 3,00 Espera da usina por carvão 1 por ano 0 dias
Estoque mínimo observado 232.933 t
Note-se que o Carvão 3 é considerado
apenas para a ocupação de berço e Verifica-se que para Cenário1, o estoque
equipamentos, não sendo efetuadas análises de segurança (Estoque mínimo observado) de
de dimensionamento de pátios ou 30 dias de consumo da usina (cerca de
sensibilidades para este produto; 200.000 t) é respeitado. O comportamento do

7
estoque no pátio para este cenário pode ser da ocupação do berço, o mesmo cenário com
observado no Gráfico 5. 50% da produtividade (Cenário 4) também
ocasiona a redução da ocupação do berço de
carvão, com a exigência de uma menor
produtividade dos equipamento. Verifica-se
ainda, pelo Cenário 6, que para viabilizar
operacionalmente o pátio inicial de 70 dias de
demanda (450.000 t, ou uma área 9 Ha) o
estoque se comporta conforme ilustra o
Gráfico 6.

Gráfico 5: Estoque Carvão 1 - Cenário 1

Foram realizadas diversas análises de


sensibilidade do cenário base para 2013
(Cenário 1) no subsistema carvão, onde se
variou os tamanhos de pátio e configuração
dos equipamentos portuários, da seguinte
maneira:

Tabela 10: Variações dos cenários Gráfico 6:Estoque de Carvão 1 – Cenário 6


Demanda2013 - Carvão
Pátio Pátio Pátio
Equipamento Coef. Estoque
Cenário
s Prod.
Carvão 1 Carvão 1 Carvão 1
Inicial Pela análise dos resultados percebe-se
(t) (d) (Ha)
1 1 Rosca 70% 1,004,384 156 20 0.5
que:
2 1 Rosca 50% 1,004,384 156 20 0.5 • Para o subsistema carvão não há frota
3 2 Roscas 70% 1,004,384 156 20 0.5 a se dimensionar;
4 2 Roscas 50% 1,004,384 156 20 0.5 • Assim, 2 equipamentos portuários de
5 2 Roscas 70% 753,288 117 15 0.5
6 2 Roscas 70% 450,685 70 9 0.5
descarga contínua ( taxa nominal de
Os resultados destas análises são 2.400 tph) e 1 pátio de 1.000.000 t já
apresentados em: Tabela 11 e Tabela 12. se fazem necessários em 2013, de
modo a absorver as variações de
estoque do Carvão 1, geradas pela
Tabela 11: Resultados Demanda 2013 -
aleatoriedade na chegada de navios.
Carvão
Resultados Cenário 2 Cenário 3 Unidade • O Cenário 3 e 4 mostraram-se viáveis,
Carga movimentada de carvão 2.350.000 2.350.000 t sendo a principal diferença a
Demanda atendida 100 100 %
Capacidade de pátio 1.004.384 1.004.384 t produtividade dos equipamentos.
Espera da usina por carvão 1 por ano 0 0 dias • Portanto, recomenda-se o Cenário 4.
Estoque mínimo observado 232.933 232.933 t
Estoque médio observado 700.427 706.592 t
Estoque máximo observado 988.067 997.514 t 6 - Conclusões e recomendações
Pelas simulações realizadas, a melhor frota
Tabela 12:Resultados Demanda 2013 –
de embarcações para o transporte de minério
Carvão (continuação)
Resultados Cenário 4 Cenário 6 Unidade possui as seguintes características (Tabela
Carga movimentada de carvão 2.350.000 2.350.000 t 13):
Demanda atendida 100 99 %
Capacidade de pátio 1.004.384 450.685 t
Espera da usina por carvão 1 por ano 0 0 dias Tabela 13: Determinação da Frota
Estoque mínimo observado 232.933 39.877 t
Pátios (Min.
Estoque médio observado 713.103 356.547 t Ano Frota necessária Equipamentos
Estoque máximo observado 995.357 444.436 t N + S)
2013 2 Small Capes 800.000 t 1 (2.400 tph nom.)
Verifica-se que o cenário base, com
apenas 1 equipamento de descarga Recomenda-se, para a primeira fase do
contínua(Cenário 1), assim como o mesmo projeto (2013), o afretamento de embarcações
cenário com 50% de produtividade dos quando há docagem. Pelas simulações
equipamentos (Cenário 2) respeitam os 30 realizadas, verificou-se que a docagem afeta
dias de consumo da usina (cerca de significativamente o sistema na primeira fase
200.000 t). Já o Cenário 3 demonstra que a a (2013) – principalmente devido ao fato do
adição de mais 1 equipamento de descarga impacto do tamanho menor da frota de Small
contínua (2.400 tph) ocasiona uma redução Capes, já que esta é muito pequena, apenas 2

8
embarcações. Em contrapartida, para as 7 - Bibliografia
fases subseqüentes, a docagem não tem uma
influência tão grande, já que a frota, por ser BOTTER, R. C. BRINATI, M. A. ROQUE,
maior, suporta a demanda mesmo com um J. R. R. Dimensionamento de um sistema
navio em docagem; integrado de transporte de álcool e óleo
A capacidade de 60 dias de consumo da diesel na região de influência da hidrovia
usina para os pátios de minério (30 dias de Tietê-Paraná. In: XII Congresso Nacional
variação + 30 dias de segurança) é suficiente de Transportes Marítimos e Construção
em todas as etapas do projeto; Naval, 1988, Rio de Janeiro. XXI
Verificou-se que um pátio de 500.000t para Simpósio Brasileiro de Pesquisa
o carvão na fase inicial (2013) não é suficiente Operacional em Conjunto com o VI
para atender ao sistema, quando se considera Congresso Latino-Ibero-Americano de
o tempo entre chegadas sucessivas de navios Pesquisa Operacional e Engenharia de
de carvão exponencialmente distribuídos; Sistemas, Engenharia Naval e Oceânica,
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