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Resumo:
Neste trabalho é apresentada a tecnologia laboratorial desenvolvida para a realização de ensaios
com sistemas de posicionamento dinâmico em tanques de provas brasileiros. São descritos,
inicialmente, os componentes da topologia laboratorial que são os atuadores em escala com os
seus acionadores (componentes eletromecânicos), a eletrônica embarcada, o sistema de sen-
soriamento, o console de controle e supervisão e o sistema de transmissão de sinais. Pos-
teriormente, são apresentados dois procedimentos experimentais para a calibração dos atuadores:
o primeiro permite efetuar a calibração de diversos tipos de atuadores desde que o modelo esteja
cativo e a força medida já incorpora a interação do atuador com o casco; o segundo foi
desenvolvido especialmente para os propulsores laterais, e ela permite a leitura direta do empuxo
no eixo do propulsor mesmo durante o movimento do modelo. Finalmente, é efetuada uma análise
crítica dos resultados obtidos experimentalmente em um tanque oceânico, para condições típicas
de operação de um navio aliviador, comparando com os resultados obtidos teoricacmente.
Os componentes eletromecânicos
consistem de propulsores laterais em túnel,
propulsores azimutais, hélice principal e o
leme, com os seus respectivos acionadores e
sistemas de transmissão de potência. Todo o
projeto destes componentes foi elaborado pela
USP que gerenciou também a sua construção
Fig. 1 - Topologia do aparato experimental. por empresas especializadas. O motor de
acionamento de todos os atuadores é um
Para completar a descrição da estrutura micromotor de corrente contínua controlado
laboratorial são indicados na Tab. 1 as por PWM (Pulse-width modulation) e a rotação
dimensões dos tanques da USP e do do eixo vertical do azimutal é governada por
LabOceano, bem como os respectivos um motor de passo. Uma descrição mais
aparatos para a simulação das condições detalhada destes componentes pode ser
ambientais. encontrada em Morishita et al. (2008) e
Morishita et al. (2009).
Tab. 1 - Características dos tanques da USP e Como exemplo de sistemas eletro-
LabOceano. mecânicos, estão mostrados nas Figs. 2 e 3 o
USP LabOceano propulsor azimutal e o leme com o seu sistema
de governo, respectivamente. E nas Figs. 4 e 5
Comprimento (m) 20,0 40,0
são mostradas, respectivamente, os modelos
Largura (m) 5,0 30,0
da USP e do LabOceano com os seus
Profundidade (m) 1,2 15,0
atuadores já instalados. Aqui, vale enfatizar
Ger.de onda Sim Sim que o propulsor principal do modelo do
Ger. de vento Sim Sim LabOceano foi confeccionado pelo Instituto de
Ger. de corrente não não Pesquisas Tecnológicas (IPT) utilizando o
aparelho de prototipagem.
2.1 - Modelo das embarcações
3
âmeras dispo
câ ostas nas boordas do tan
nque. Um
sin
nal infraverm melho é em mitido e, deepois de
re
efletido em adesivos
a possicionados na
n proa e
naa popa do na avio, retorna às câmerass. A partir
doos sinais reccebidos, um programa calcula
c a
poosição horizzontal e vvertical dos s pontos
re
efletidos, perrmitindo assim que se obtenha a
loc
calização da a meia-nau e do aproam mento do
modelo. A qu ualidade do sinal obtido o com as
Fig. 3 - Leme e o seu
s sistema de governo. quuatro câmerras funciona ando em co onjunto é
baastante satissfatória, com
m um nível de ruído
baastante baixoo. Na Fig. 7 é mostrado o modelo
daa USP opera ando com o ssensor de po osição.
Fig.
F 6 - Mode
elo dos propu
ulsores azimutais de
ba
arcaça multip
propósito.
Módulo1
Módulo
Módulo2 central +
RS232 RS232 Console
distribuidor +
alimentação
em terra
Módulo3
Módulo4
Módulo5
Módulo6
Módulo7
RS485
6
(Tannuri et al., 2009). Diversos ensaios de
controle de posição foram conduzidos,
considerando-se condição de calado
carregado e vazio. Um caso será detalhado
para ilustração. A posição horizontal do navio
carregado, na condição COL3 (225º), com
ângulo de aproamento ψ=240o é mostrada na
Fig. 15a. Pode-se ver a efetividade do Sistema
DP, com erro de posicionamento e aproamento
menores que 0,01m e 0,4º respectivamente. A
Fig 15b apresenta as forças totais de controle.
As Figs. 15c,d apresentam as forças e
utilização média em cada propulsor.
Wave generation
Nesta seção são apresentados resultados
de uma campanha de ensaios experimentais Y
realizada no LabOceano, com o modelo de X
navio aliviador na escala 1:70. Uma foto do
aparato experimental é apresentada na Fig.
14, bem como o sistema de coordenadas
utilizado e o arranjo de propulsores do ψ
modelo. Um ângulo de aproamento de 180º
equivale ao navio aproado na direção do
batedor de ondas. Durante os ensaios, o
Wave generation
A COL2 é equivalente a uma condição #2 – Tunnel Stern #3 – Azim Stern #4 – Azim Bow
Fmax=+0.53N Fmax=+1.01N Fmax=+1.01N
ambiental limite de alívio na Bacia de Fmin=‐0.53N X= ‐1072mm X=1637mm
X= ‐1440mm
Campos. As condições COL1 e COL3 são
equivalentes, mas vindas de uma direção
distinta (com ondas um pouco menores que a
COL2). Finalmente, a condição REAL1 é uma Fig. 14 - (esq) aparato experimental; (dir)
condição ambiental similar a uma monitorada sistema de coordenadas e definição de
em uma operação de alívio DP anteriormente ângulos; (baixo) arranjo de propulsores.
7
X(m) F(N) Main Prop. Mean=0.374N Std=0.0612 N
1
X Setpoint (m)
X Position (m)
0.5
20.01
0
600 800 1000 1200 1400 1600 1800
20
F(N) Tunnel Stern Mean=-0.194N Std=0.112 N
0.5
19.99 0
600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Time(s) -0.5
Y(m) -1
15.015 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Y Setpoint (m) F(N) Azim. Stern Mean=0.423N Std=0.0754 N
15.01 Y Position (m) 1
15.005
0.5
15
0
14.995 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
F(N) Azim. Bow Mean=0.431N Std=0.102 N
14.99 1
600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Time(s)
o 0.5
Heading ( )
240
0
239.8
-1
239.6 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Time(s)
Time(s)
(c)
(a)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
100
80
2
70
(%)
1.5
Mean Utilization (%)
Mean Utilization
60
1 50
40
0.5
600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Time(s) 30
0
0
1 2 3 4 5
-1 1 2 3 4 5
Thruster
Thruster
-2
(d)
-3
600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Time(s) Fig. 15 - COL3, Cheio, ψ=240º (a) posição
Yaw Momento(Nm) Mean=0.459Nm Std= 0.561Nm
2 horizontal; (b) Forças totais de controle; (c)
Força nos propulsores; (d) Utilização média.
1
8
depois de uma mudança de aproamento de
20º, se aproou com o vento e levou a
significativa redução dos empuxos no Sistema
V1,W1 V1,W1
DP. Um cenário similar foi reproduzido no
tanque de provas, desconsiderando-se a ação
ψ=225ο
ψ=240ο da correnteza. O propósito deste ensaio era
Fig. 16 - COL3, dois aproamentos distintos . recuperar (ao menos qualitativamente) a
situação observada em escala real. A Fig. 20
ilustra as situações (antes e depois da
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
100
90
alteração de aproamento). De fato, após a
mudança de aproamento, verifica-se grande
80
70
(%)
60
50
nos propulsores em túnel (2 e 5).
40
30
20
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
10 100 100
90 90
0
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5 80 80
Thruster
70 70
(%)
Thruster
(%)
50
50
30
Cheio, ψ=225°.
30
20
20
10
10
0
0 1 2 3 4 5
1 2 3 4
1 2 3 4 5
Thruster
5
1 2 3 4 5 Thruster
Thruster Thruster
A utilização média para COL1 e COL2 para ψ=180o ; COL1 ψ=180o ; COL2
incidência de proa são apresentadas na Fig.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
18. Pode-se verificar que o aumento da onda
leva a um aumento de aproximadamente 10%
100 100
90 90
80 80
70
(%)
70
(%)
60
Mean Utilization (%)
Mean Utilization
60
W1
50
50
40
W1
40
30
30
20
20
10
V1 REAL1 ψ=180ο
10
0
0
1
1 2 3 4 5
2 3
Thruster
4 5
1 2 3
Thruster
4 5
1 2 3 4 5 V1 REAL1 ψ=202
Thruster
Thruster
Fig. 20 - REAL1, dois aproamentos conside-
Fig. 18 - Utilização média de empuxo, Cheio, rados.
ψ=180o; (esq) COL1; (dir) COL2.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
2009), uma operação de alívio DP real foi Fig. 21 - Utilização média de empuxo, Cheio,
monitorada. Naquele caso, o capitão mudou o REAL1, (esq) ψ=180o, (dir) ψ=202.5°.
aproamento do navio aliviador durante a
operação, para melhor se alinhar ao ambiente
e reduzir a demanda no sistema DP. Ele
estava inicialmente aproado para onda, e
9
6 – Conclusões arranjo dos propulsores e qualquer que seja a
lógica de controle, no Brasil.
Neste trabalho foi apresentada a estrutura
laboratorial desenvolvida pelos pesquisadores 7 - Referências Bibliográficas
da USP e UFRJ para a realização de ensaios
de sistemas de posicionamento dinâmico em AGOSTINHO, A.C., MORATELLI Jr., L.,
tanque de provas, com o apoio da Petrobras. TANNURI, E. A., MORISHITA, H. M. Sliding
Pelos resultados apresentados pode-se mode control applied to offshore dynamic
afirmar que houve uma consolidação positioning system, In:MCMC’2009 IFAC
tecnológica nacional para este tipo de ensaio. International Conference on Manoeuvring and
Isto significa ter o domínio do projeto, Control of Marine Craft, 2009, Guarujá.
confecção e montagem do aparato
experimental, isto é, o modelo com todos os MORATELLI Jr, L. Principais fatores de projeto
seus componentes eletromecânicos de navio aliviador com sistema de
(propulsores principal, lateral e azimutal, e posicionamento dinâmico. 2010. 245p.
leme), a eletrônica embarcada e o console, e Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica,
a sua integração com o sistema de Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
transmissão de sinais e de sensoriamento da MORATELLI Jr, L., Da Costa, P.G., De Amicis,
posição do modelo no tanque de provas. Morishita, H.M. Experimental evaluation of duct
Além do aparato experimental propellers in scale model, In: 23º Congresso
desenvolveu-se procedimentos laboratoriais Nacional de Transportes Aquaviário,
para a determinação da curva de calibração Construção Naval e Offshore, SOBENA2010,
dos atuadores, que são necessários para Rio de Janeiro.
implementar o sistema de posicionamento em
tanques de provas. O mecanismo é MORATELLI Jr, L. et al. Experimental
relativamente simples e ele permite medir o evaluation of azimuth thruster for tanker scale
empuxo dos atuadores já instalados no model with dynamic positioning system,
modelo. Isto significa que a interação entre o In:MCMC’2009 IFAC International Conference
casco e os propulsores já está sendo on Manoeuvring and Control of Marine Craft,
considerada. Utilizando o procedimento 2009, Guarujá.
proposto obteve-se as curvas de empuxo dos
atuadores laterais, azimutais, do propulsor MORISHITA, H.M., TANNURI, E.A.,
principal e também da força de sustentação MORATELLI Jr., L., 2006a, Experimental and
do leme em função do rotação do propulsor Numerical Facilities for Analysis and Design of
principal. O procedimento proposto é factível Dynamic Positioning Systems, Anais do Rio Oil
somente para o modelo cativo. Para se medir & Gas Expo and Conference 2006.
o empuxo do propulsor durante as manobras
MORISHITA, H. M, TANNURI, E. A. e
em tanque de provas confeccionou-se o
MORATELLI Jr, L., 2006b Computational tools
protótipo de um outro mecanismo para medir
and experimental facilities for analysis and
diretamente e em tempo real o empuxo do
design of dynamic positioning systems, Anais
propulsor lateral. Medidas preliminares
do 21º Congresso Nacional de Transportes
indicam que o seu desempenho é satisfatório.
Marítimos, Construção Naval e Offshore, Rio
Para averiguar o desempenho de todo o
de Janeiro.
aparato desenvolvido foram efetuados
ensaios preliminares no tanque da USP, e
MORISHITA, H. M., SPHAIER, S. H. e SAAD,
posteriormente, no tanque do LabOceano e o
A. C. (2008b) Capacitação para ensaios com
funcionamento de todo o conjunto atendeu
sistemas de posicionamento dinâmico, In: 22º
plenamente as expectativas. Foram também
Congresso Nacional de Transportes
realizados vários ensaios no LabOceano
Aquaviário, Construção Naval e Offshore,
considerando-se condições ambientais típicas
SOBENA2008, Rio de Janeiro.
da costa brasileiras e a análise dos resultados
indica que eles confirmam as previsões
MORISHITA, H. M., TANNURI, E. A., SAAD, A.
teóricas.
C., SPHAIER, S. H., LAGO, G. A.,
Em vista de todas estas considerações
MORATELLI Jr, L., Laboratory facilities for
pode-se concluir que, atualmente, há plenas
dynamic positioning system, In:MCMC’2009
condições técnicas e humanas para prever
IFAC International Conference on Manoeuvring
experimentalmente a dinâmica e controle de
and Control of Marine Craft, 2009, Guarujá.
embarcações dotadas de sistema de
posicionamento dinâmico, qualquer que seja o
10
TANNURI, E.A. & MORISHITA, 2006, H.M.
Experimental and Numerical Evaluation of a
Typical Dynamic Positioning System, Applied
Ocean Reseach, Southampton, v. 28, n. 2, p.
133-146, Apr. 2006.
11