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DIREITO ADMINISTRATIVO

Lei n. 8.429/1992 – Lei de Improbidade Administrativa (atualizada)


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LEI N. 8.429/1992 – LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA –


ARTIGOS 10 E 11

Lei n. 8.429/1992

Redação anterior Redação atual (Lei n. 14.230/2021)


Art. 10. Constitui ato de improbi- Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
dade administrativa que causa lesão lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
ao erário qualquer ação ou omis- tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
são, dolosa ou culposa, que enseje malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
perda patrimonial, desvio, apropria- referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
ção, malbaratamento ou dilapidação Obs.: em relação à frustração de licitação ou dispensa indevida
dos bens ou haveres das entidades dede licitação, o STJ possui jurisprudência no sentido de presumir
referidas no art. 1º desta lei, e nota- o dano. Com a nova redação, há a necessidade de que o dano ou
damente: prejuízo financeiro seja comprovado.
I – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incor-
poração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de
bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
I – facilitar ou concorrer por qualquer
patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei;
forma para a incorporação ao patri-
Obs.: a inclusão do termo “indevida” reforça a necessidade da
mônio particular, de pessoa física ou
ilicitude e do dolo. É importante memorizar todos os atos dos arts.
jurídica, de bens, rendas, verbas ou
9º, 10 e 11, porque o examinador costuma exigi-los em prova e,
valores integrantes do acervo patri-
eventualmente, inserindo-os em artigos diferentes. . Como forma
monial das entidades mencionadas
5m de facilitar o entendimento, vale ter em mente de que “receber” ou
no art. 1º desta lei;
“perceber”, geralmente, correspondem a atos previstos no art. 9º,
enquanto “permitir” o recebimento ou percepção, geralmente, cor-
responde a atos previstos no art. 10.
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo sele-
tivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrati-
vos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
VIII – frustrar a licitude de processo nial efetiva;
licitatório ou de processo seletivo Obs.: com a nova redação, para que seja configurado, ato de
para celebração de parcerias com improbidade, deve ser demonstrada a perda patrimonial efetiva, ou
entidades sem fins lucrativos, ou dis- seja, não há mais dano presumido para essa hipótese. Assim, se
pensá-los indevidamente; um agente dispensar a licitação para a compra de ar condicionado,
por exemplo, mas a compra se der pelo valor de mercado, portanto,
não implicar perda patrimonial efetiva, o agente não responderá por
improbidade, embora possa vir a responder a um PAD.
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X – agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, bem


X – agir negligentemente na arre-
como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;
cadação de tributo ou renda, bem
Obs.: o termo anterior, “negligentemente”, dava a impressão
como no que diz respeito à conser-
de que se tratava de uma questão culposa, agora, “ilicitamente”
vação do patrimônio público;
reforça a necessidade do dolo.
XIX – agir negligentemente na cele-
bração, fiscalização e análise das XIX – agir para a configuração de ilícito na celebração, na fiscali-
prestações de contas de parcerias zação e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas
firmadas pela administração pública pela administração pública com entidades privadas;
10m com entidades privadas;
XXII – conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário
contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8ºA da Lei Com-
plementar n. 116, de 31 de julho de 2003.
Obs.: refere-se à lei sobre ISS. Note que apenas o fato de manter
benefício tributário concedido em desacordo com a lei implica res-
ponsabilização por improbidade. Esse dispositivo correspondia ao
art. 10-A, mas teve sua redação ajustada para ser incluído como
inciso no próprio art. 10, ficando revogado o art. 10-A.
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou
regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não ocor-
rerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento sem
causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei.
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica
não acarretará improbidade administrativa, salvo se comprovado
ato doloso praticado com essa finalidade.
Obs.: seria o caso, por exemplo, da compra de ativos por uma
empresa estatal que perdessem seu valor. Nesse caso, somente
haveria improbidade se houvesse dolo do agente.
Art. 11. Constitui ato de improbidade Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
administrativa que atenta contra os contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
princípios da administração pública dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e
qualquer ação ou omissão que viole de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
15m os deveres de honestidade, impar- Obs.: em razão dessa alteração, vem sendo firmado o entendi-
cialidade, legalidade, e lealdade às mento de que a lista do art. 11 é um rol taxativo, já que foi suprimido
instituições, e notadamente: o termo “notadamente”, ainda presente nos art. 9º e 10.
I – praticar ato visando fim proibido
em lei ou regulamento ou diverso
I – (revogado);
daquele previsto, na regra de com-
petência;
II – retardar ou deixar de praticar,
II – (revogado);
indevidamente, ato de ofício;
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III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão


das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
III – revelar fato ou circunstância de beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em
que tem ciência em razão das atri- risco a segurança da sociedade e do Estado;
buições e que deva permanecer em Obs.: o simples ato de revelar fato ou circunstância, ainda que
segredo; dolosamente, não gera improbidade, pois é necessário que haja
beneficiamento em relação à informação ou que se coloque em
risco a sociedade ou o Estado.
IV – negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de
sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
IV – negar publicidade aos atos ofi-
Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei;
ciais;
Obs.: trata-se de uma inclusão que já possuía previsão constitu-
cional.
V – frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de
V – frustrar a licitude de concurso concurso público, de chamamento ou de procedimento licitatório,
público; com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
ou de terceiros;
20m

ATENÇÃO
Frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de par-
cerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando
perda patrimonial efetiva é conduta do art. 10, não do art. 11.
Note que frustrar licitação que acarrete perda patrimonial efetiva é do art. 10, enquanto
frustrar licitação com vistas à obtenção de benefício próprio ou de terceiros é do art. 11.

Art. 11. [...]


Art. 11. [...] VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha
VI – deixar de prestar das condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades;
contas quando esteja Obs.: deixar de prestar contas, ainda que dolosamente, não configura por si só
obrigado a fazê-lo; improbidade, pois passou a ser necessária a demonstração de que a ausência de
prestação de contas tem por objetivo ocultar irregularidades.
XI – nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afi-
nidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gra-
tificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas;
Obs.: trata-se de uma repetição do conteúdo da Súmula Vinculante n. 13. “Ajuste
mediante designação recíprocas” é chamado também de “nepotismo cruzado”,
quando uma autoridade nomeia o parente de outra em troca da nomeação de um
parente seu. Vale lembrar que parente até o terceiro grau vai até os tios e sobrinhos
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– primos são de quarto grau –, enquanto irmãos são parentes de segundo grau.
Já os parentes por afinidade são os familiares do cônjuge, especialmente sogros e
cunhados.
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XII – praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de


publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, de
forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de
atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos.
Obs.: trata-se de promoção pessoal com recursos governamentais, já vedada
pela própria Constituição, mas agora vedada também pela lei de improbidade.
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante
ao bem jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem
do reconhecimento da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos
agentes públicos.
Obs.: seria o caso, por exemplo, da negativa, com dolo, da publicidade de atos
oficiais, fora das hipóteses previstas, ainda que o agente não tenha tido benefício
próprio nem acarretado prejuízo ao erário.
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por
parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo
com finalidade ilícita por parte do agente.
Obs.: a mera nomeação de um parente não será improbidade, porque se exige
a finalidade ilícita para a nomeação, tal como uma autoridade que nomeia um
parente para dispensar licitações com o objetivo de contratar empresas determina-
das.

30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Gustavo Scatolino da Silva.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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