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REGIME JURÍDICO DOS CIDADÃOS ESTRANGEIROS

NOTA INFORMATIVA

No passado dia 23 de Maio foi publicada, em Diário da República, a Lei Sobre o Regime Jurídico dos Cidadãos Estrangeiros
na República de Angola, Lei n.º 13/19 (doravante “Nova Lei” ou a “Lei n.º 13/19”), que entrará em vigor no dia 23 de Julho
de 2019, revogando, assim, a actual Lei n.º 2/07 de 31 de Agosto.

Entre as principais alterações a ter em conta, destacam-se as seguintes:

• O Visto Privilegiado deixa de existir, sendo substituído pelo Visto de Investidor, a ser concedido ao cidadão
estrangeiro investidor, representante legal ou procurador de empresa investidora, para fins de realização e execução
de proposta de investimento, e deve ser solicitado, em qualquer dos casos, em território nacional, junto do Serviço de
Migração e Estrangeiros (“SME”). Tal visto permite múltiplas entradas e permanência de até 2 (dois) anos, prorrogáveis
por iguais períodos de tempo, em conformidade com a causa que determinou a sua concessão.
Adicionalmente, tal visto permite a possibilidade de concessão de autorização de residência temporária ao investidor
que, ininterruptamente, permaneça por 3 (três) anos, em território angolano, com Visto de Investidor. Contudo, a
concessão está sujeita a declaração prévia da entidade responsável pelo investimento privado, que tem de atestar que
o projecto se mantém válido. A Nova Lei refere, ainda, de forma expressa, que tal faculdade não se aplica ao
representante ou procurador de investidor.
• Deixa também de estar previsto na Nova Lei o Visto Ordinário, que permitia a deslocação ao país por razões
familiares, bem como, para prospecção de negócios. Em sua substituição, o âmbito do Visto de Turismo é alargado,
de modo a abranger também a possibilidade de o seu solicitante se deslocar a Angola tanto por razões familiares, como
para a prospecção de negócios, o que antes era abrangido nos termos do Visto Ordinário. Cumpre notar que esse visto,
de acordo com os números 4 e 5 do artigo 3.º do Decreto Presidencial n.º 56/18, de 20 de Fevereiro, pode ser obtido
via online, através do portal oficial do SME. Após a concessão do pedido de Visto de Turismo, uma pré-autorização de
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entrada é gerada pelo mesmo sistema e deve ser apresentada no posto de fronteira e após confirmação ser aposto o
visto no documento de viagem.
• O Visto de Turismo passa a ter uma validade de 120 (cento e vinte) dias após a sua concessão, para múltiplas entradas,
com limite de permanência até 30 (trinta) dias, prorrogável por 2 (duas) vezes, por igual período. Nota-se, ainda, a
possibilidade de concessão do Visto de Turismo pelo Titular do Poder Executivo nos postos de fronteira, em termos a
definir em Regulamento.
• O Visto de Curta Duração viu a sua validade ser estendida, passando a ser válido por 10 (dez) dias.
• Outra grande alteração, introduzida pela Nova Lei, é relativa ao Visto de Trabalho, ao prever que o posto de trabalho
em questão deva ser sempre anunciado em jornal de grande tiragem no território nacional, sob pena de emissão de
parecer negativo do órgão que superintende o sector da actividade do solicitante. A nova Lei estabelece, ainda, o prazo
de 15 (quinze) dias úteis para emissão de parecer do órgão que superintende o sector da actividade do requerente do
Visto de Trabalho, de residência e de permanência temporária.
• O Visto para Fixação de Residência viu o seu período de permanência reduzido de 120 (cento e vinte) dias para 90
(noventa) dias, mantendo, no entanto, o regime de múltiplas entradas.
• O Visto de Permanência Temporária viu a sua concessão estendida, especificamente, para vítimas de infracções
penais ou contravencionais na área do trabalho, e, excepcionalmente, para estrangeiros em conflito laboral a correr em
Tribunal contra a entidade empregadora, que será concedido por períodos de 6 (seis) meses, renováveis até à
conclusão do respectivo processo.
• O Visto de Permanência Temporária concedido com fundamento na realização de trabalhos de investigação científica
ou no acompanhamento de familiar titular de Visto de Estudo, de tratamento médico, de investidor ou de trabalho passa
a permitir o exercício de actividade profissional remunerada.
• A Lei n.º 13/19 prevê, também, a possibilidade de, a título excepcional, o Visto de Permanência Temporária para
acompanhante de titular de Visto de Estudo, de tratamento médico, de investidor ou de trabalho ou, ainda, titular de
autorização de residência ou cônjuge de cidadão nacional, poder ser concedido, em território nacional, ao invés, de na
respectiva missão diplomática/ consular.
• Os titulares de Visto de Permanência Temporária com fundamento na relação familiar com titular de autorização de
residência válida ou na qualidade de cônjuge de cidadão nacional podem requerer a autorização de residência após 2
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(dois) anos a contar da data de concessão do visto, ao invés, dos actuais 5 (cinco) anos de permanência ininterrupta
em território nacional.
• Relativamente às Autorizações de Residência, também ocorreram alterações, sendo que passam a ser apenas 2
(duas), nomeadamente:

i) autorização de residência temporária: sendo esta válida por um período de 2 (dois) anos, renovável por iguais
períodos de tempo; e
ii) autorização de residência permanente: sem limite de validade, sendo esta concedida apenas aos estrangeiros
que tenham 10 (dez) anos consecutivos de residência temporária em Angola. Contudo, o título de residência deve
ser renovável de 5 (cinco) em 5 (cinco) anos.

• A Autorização de Residência poderá ser cancelada, sempre que, inter alia, a autorização de residência tenha sido
concedida com base em falsas declarações ou declarações enganosas, documentos falsos ou falsificados ou através
de meios fraudulentos, bem como, por meio de casamento, união de facto ou a adopção cujo objectivo único tenha sido
permitir a pessoa interessada a residir no país.
• No que toca ao Reagrupamento Familiar, a Nova Lei tornou a definição de membro da família mais abrangente,
passando, também, a considerar membro da família os companheiros de união de facto, os filhos maiores do casal que
sejam solteiros e se encontrem a frequentar uma instituição de ensino em Angola, assim como, os ascendentes em
linha recta e em 1.º grau do residente ou do seu cônjuge, desde que estejam a seu cargo.
• Outra novidade é concernente aos menores nascidos em Angola, que poderão beneficiar do estatuto de residência
semelhante ao concedido aos seus pais, desde que estes solicitem tal estatuto 6 (seis) meses depois do nascimento
do menor.
• Outro ponto, são as novas condições de recusa da entrada de cidadão estrangeiros em Angola. Desde logo, incluem-
se casos de cidadãos estrangeiros que constituam perigo ou grave ameaça para a ordem pública, segurança nacional
e saúde pública, cidadãos estrangeiros indicados para efeitos de não admissão no sistema de informação da Autoridade
Migratória e que ponham em causa a saúde pública no caso de o cidadão estrangeiro apresentar um quadro de doenças
infecciosas ou parasitárias contagiosas.
• Por fim, no que se refere ao combate à imigração ilegal, destacam-se as seguintes novidades:
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a) Agravamento da moldura penal abstracta prevista para o crime de apoio e auxílio à imigração ilegal; de angariação
de mão-de-obra ilegal e de emprego de estrangeiro ilegal;
b) Criminalização das situações de obstrução à acção do agente de migração, bem como de usurpação de funções
de agente de migração, puníveis com pena de prisão de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
c) Criminalização das situações de contrafacção, uso de vinhetas e selos, puníveis com pena de prisão de 5 (cinco)
a 8 (oito) anos, agravada para 8 (oito) a 12 (doze) anos, caso o agente seja oficial de imigração;
d) Criminalização do casamento ou união de facto de conveniência, punível com pena de prisão de 5 (cinco) a 10
(dez) anos de prisão.

Luanda, Junho de 2019

AVM – Sociedade de Advogados, RL.

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