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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGICA DE SANTA CATARINA

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ELETRÔNICA INDUSTRIAL

YURI WENDHAUSEN SOIKA

DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO COM


MÚLTIPLAS SAÍDAS, PARA UM BARCO MOVIDO A ENERGIA
SOLAR

FLORIANÓPOLIS, AGOSTO DE 2017.


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGICA DE SANTA
CATARINA
CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ELETRÔNICA INDUSTRIAL

YURI WENDHAUSEN SOIKA

DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO COM


MÚLTIPLAS SAÍDAS, PARA UM BARCO MOVIDO A ENERGIA
SOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso


submetido ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
Catarina como parte dos requisitos para
obtenção do título de Tecnólogo em
Eletrônica Industrial.

Professor Orientador: Mauro Tavares


Peraça, Dr. Eng.

Coorientador: Flábio Alberto Bardemaker


Batista, Dr. Eng.

FLORIANÓPOLIS, AGOSTO DE 2017.


DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO COM MÚLTIPLAS
SAÍDAS, PARA UM BARCO MOVIDO A ENERGIA SOLAR

YURI WENDHAUSEN SOIKA

Este trabalho foi julgado adequado para obtenção do Título de Tecnólogo em


Eletrônica Industrial e aprovado na sua forma final pela banca examinadora do Curso
Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.

Florianópolis, 24 de agosto, 2017.

Banca Examinadora:
RESUMO
O projeto contido neste trabalho foi solicitado pela equipe Zênite, que participa do
Desafio Solar Brasil, para ser implementado no barco movido a energia solar,
desenvolvido pelo IFSC. Foi solicitado pela equipe uma fonte chaveada de potência
de saída baixa e com múltiplas saídas. Este trabalho objetiva desenvolver uma fonte
de alimentação chaveada e isolada, com múltiplas saídas para energizar circuitos
eletrônicos específicos contidos no barco. O desenvolvimento da fonte foi composto
pelas seguintes etapas: análise teórica; cálculos dos valores principais e
componentes; simulações de circuito e testes do protótipo em bancada. Foram
analisadas diferentes topologias de conversores CC-CC e, através disso, escolheu-se
a topologia flyback em condução descontínua para a aplicação referida. Os cálculos
foram feitos, em sua grande parte, seguindo o método proposto na literatura. As
simulações, feitas no software PSIM, auxiliaram na análise prévia do funcionamento
do conversor, bem como de toda a fonte. Atendendo as especificações da equipe
Zênite, foi projetado e implementado um conversor de 12,1 W, com tensões de saída
de 5 V (primeira saída), 12 V (segunda saída) e 15 V (terceira saída), e com tensão
de entrada podendo variar de 20 V à 50 V. Os testes em bancada mostraram que o
rendimento da fonte para diferentes níveis de tensão de entrada comportou-se de
maneira esperada, além de apresentar um funcionamento adequado frente a
transitórios. De forma geral, o protótipo está hábil para fornecer as correntes e tensões
necessárias para seus circuitos dependentes, com rendimento e funcionalidades
suficientemente atendidos.
Palavras-chave: Fonte chaveada. Conversor CC-CC. Flyback.
ABSTRACT
The project was requested by the Zênite team which participates in the Solar Challenge
Brazil to be implemented in the boat powered by solar energy, Developed by the IFSC.
It was requested by the team a switched-mode power supply of low output power and
multiple outputs. This study aims to develop a switched and isolated power supply with
multiple outputs to power specific electronic circuits contained in the boat. The
development of the power supply was composed of the following steps: theoretical
analysis; calculations of major values and components; circuit simulations and
benchtop prototype tests. Different topologies of DC-DC converters were analyzed
and, through this, the flyback topology was chosen in discontinuous conduction for the
referred application. The calculations were made, for the most part, following the
method proposed in the literature. The simulations, made in the PSIM software,
assisted in the previous analysis of the operation of the converter, as well as of the
whole power supply. According to the Zênite team specifications, a 12.1 W converter
was designed and implemented with output voltages of 5 V (first output), 12 V (second
output) and 15 V (third output), and with input voltage ranging from 20 V to 50 V. The
bench tests showed that the yield of the power supply for different levels of input
voltage behaved in an expected manner, in addition to having a proper transient
operation. In general, the prototype is able to provide the currents and voltages
required for its dependent circuits, with sufficient performance and functionality.
Key-words: Switched-mode power supply. DC-DC Converter. Flyback.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Topologia do conversor Buck .................................................................... 19

Figura 2 - Topologia do conversor Boost .................................................................. 19

Figura 3 - Topologia do conversor Buck-Boost ......................................................... 20

Figura 4 - Topologia do conversor Flyback ............................................................... 20

Figura 5 - Diagrama do controlador PWM UC3845 ................................................... 23

Figura 6 - Diagrama de blocos da fonte de alimentação ........................................... 25

Figura 7 - Representação dos períodos do sistema .................................................. 29

Figura 8 - Diagrama de blocos do UC3845 ............................................................... 41

Figura 9 - Função de transferência do conversor flyback no MATLAB ..................... 44

Figura 10 - Ganho e fase de G(s).............................................................................. 45

Figura 11 - Resposta ao degrau sem pólo ................................................................ 45

Figura 12 - Compensador no Control System Designer ............................................ 47

Figura 13 - Diagrama de Bode com pólo adicionado e ganho ajustado .................... 47

Figura 14 - Resposta ao degrau com ajustes ............................................................ 48

Figura 15 - Simulação do circuito da fonte em malha aberta .................................... 49

Figura 16 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada mínima .............. 50

Figura 17 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada máxima ............. 51

Figura 18 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada mínima .............. 52

Figura 19 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada máxima ............. 52

Figura 20 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada mínima ................ 53

Figura 21 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada máxima ............... 54

Figura 22 - Tensão máxima simulada sobre o interruptor ......................................... 54

Figura 23 - Circuito em malha fechada da fonte no simulador .................................. 55

Figura 24 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada mínima .............. 56


Figura 25 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada máxima ............. 57

Figura 26 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada mínima .............. 58

Figura 27 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada máxima ............. 59

Figura 28 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada mínima ................ 60

Figura 29 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada máxima ............... 61

Figura 30 - Tensão máxima simulada sobre o interruptor ......................................... 61

Figura 31 - Layout da placa de circuito impresso no Proteus .................................... 62

Figura 32 - Protótipo da fonte de alimentação........................................................... 63

Figura 33 - Frequência de chaveamento e razão cíclica (5V/div.) ............................. 66

Figura 34 - Tensão no dreno do interruptor para Vin 20 V (20V/div.) ........................ 67

Figura 35 - Tensão no dreno do interruptor para Vin 50 V (20V/div.) ........................ 68

Figura 36 - Tensão no diodo secundário 1 (20V/div.) ................................................ 69

Figura 37 - Tensão no diodo secundário 2 (50V/div.) ................................................ 69

Figura 38 - Tensão no diodo secundário 3 (50V/div.) ................................................ 70

Figura 39 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 50%


(2V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 71

Figura 40 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 50%


(5V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 72

Figura 41 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 50%


(5V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 72

Figura 42 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 50%


(2V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 73

Figura 43 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 50%


(5V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 74

Figura 44 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 50


%(5V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................ 74

Figura 45 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 50%


(2V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 75
Figura 46 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 50%
(5V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 76

Figura 47 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 50%


(5V/div. e 500mA/div.) ............................................................................................... 76

Figura 48 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 100%


(2V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 78

Figura 49 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 100%


(5V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 78

Figura 50 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 100%


(5V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 79

Figura 51 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 100%


(2V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 80

Figura 52 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 100%


(5V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 80

Figura 53 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 100%


(5V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 81

Figura 54 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 100%


(2V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 82

Figura 55 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 100%


(5V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 82

Figura 56 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 100%


(5V/div. e 1A/div.) ...................................................................................................... 83

Figura 57 - Transitório de carga da saída 1 de 50% para 100% com Vin 20 V (2V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 84

Figura 58 - Transitório de carga da saída 1 de 100% para 50% com Vin 20 V (2V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 84

Figura 59 - Transitório de carga da saída 2 de 50% para 100% com Vin 20 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 85
Figura 60 - Transitório de carga da saída 2 de 100% para 50% com Vin 20 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 86

Figura 61 - Transitório de carga da saída 3 de 50% para 100% com Vin 20 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 87

Figura 62 - Transitório de carga da saída 3 de 100% para 50% com Vin 20 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 87

Figura 63 – Variação da saída do compensador no transitório de 50% para 100% de


carga com Vin 20 V (5V/div. e 100mA/div.) ............................................................... 88

Figura 64 - Variação da saída do compensador no transitório de 100% para 50% de


carga com Vin 20 V (5V/div. e 100mA/div.) ............................................................... 89

Figura 65 - Transitório de carga da saída 1 de 50% para 100% com Vin 50 V (2V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 90

Figura 66 - Transitório de carga da saída 1 de 100% para 50% com Vin 50 V (2V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 90

Figura 67 - Transitório de carga da saída 2 de 50% para 100% com Vin 50 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 91

Figura 68 - Transitório de carga da saída 2 de 100% para 50% com Vin 50 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 92

Figura 69 - Transitório de carga da saída 3 de 50% para 100% com Vin 50 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 93

Figura 70 - Transitório de carga da saída 3 de 100% para 50% com Vin 50 V (5V/div.
e 100mA/div.) ............................................................................................................ 93

Figura 71 - Variação da saída do compensador no transitório de 50% para 100% de


carga com Vin 50 V (5V/div. e 100mA/div.) ............................................................... 94

Figura 72 - Variação da saída do compensador no transitório de 100% para 50% de


carga com Vin 50 V (5V/div. e 100mA/div.) ............................................................... 95

Figura 73 – Tensão de entrada de 20,5 V para 23,5 V e tensão de saída (5V/div.) .. 96

Figura 74 - Tensão de entrada de 20,5 V para 23,5 V e saída do compensador (5V/div.


e 1V/div.) ................................................................................................................... 96
Figura 75 - Tensão de entrada de 34 V para 36 V e tensão de saída (5V/div.) ........ 97

Figura 76 - Tensão de entrada de 34 V para 36 V e saída do compensador (5V/div.e


1V/div.) ...................................................................................................................... 98

Figura 77 - Tensão de entrada de 47 V para 49 V e tensão de saída (10V/div. e 5V/div.)


.................................................................................................................................. 99

Figura 78 - Tensão de entrada de 47 V para 49 V e saída do compensador (10V/div.e


1V/div.) ...................................................................................................................... 99
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores especificados para o projeto ....................................................... 24

Tabela 2 - Especificações complementares .............................................................. 25

Tabela 3 - Parâmetros para dimensionamento do transformador ............................. 32

Tabela 4 - Núcleos de ferrite tipo E ........................................................................... 33

Tabela 5 - Características do núcleo E-30/7 ............................................................. 33

Tabela 6 - Tabela de fios esmaltados ....................................................................... 35

Tabela 7 - Correntes de pico e média dos diodos de saída ...................................... 37

Tabela 8 - Características do diodo MUR410............................................................ 38

Tabela 9 - Parâmetros do IRF640 ............................................................................. 39

Tabela 10 - Descrição da pinagem do UC3845......................................................... 41

Tabela 11 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada mínima .......... 49

Tabela 12 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada máxima .......... 50

Tabela 13 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada mínima ......... 51

Tabela 14 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada máxima ........ 52

Tabela 15 - Valor de tensão média em cada secundário para tensão de entrada


mínima ...................................................................................................................... 53

Tabela 16 - Valor de tensão média em cada saída para tensão de entrada máxima 53

Tabela 17 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada mínima .......... 56

Tabela 18 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada máxima .......... 56

Tabela 19 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada mínima ......... 57

Tabela 20 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada máxima ........ 58

Tabela 21 - Valor de tensão RMS em cada saída para tensão de entrada mínima .. 59

Tabela 22 - Valor de tensão RMS em cada saída para tensão de entrada máxima . 60

Tabela 23 - Lista de componentes do protótipo ........................................................ 64


Tabela 24 - Tensões no dreno do interruptor ............................................................ 67

Tabela 25 - Tensões nos diodos secundários ........................................................... 68

Tabela 26 - Resultados para carga em 50% e tensão de entrada 20 V .................... 70

Tabela 27 - Resultados para carga em 50% e tensão de entrada 35 V .................... 73

Tabela 28 - Resultados para carga em 50% e tensão de entrada 50 V .................... 75

Tabela 29 - Resultados para carga em 100% e tensão de entrada 20 V .................. 77

Tabela 30 - Resultados para carga em 100% e tensão de entrada 35 V .................. 79

Tabela 31 - Resultados para carga em 100% e tensão de entrada 50 V .................. 81


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IFSC – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.


CC – Corrente contínua.
PWM – Pulse width modulation (Modulação de largura de pulso).
MOSFET – Metal oxide semiconductor field effect transistor (transistor de efeito de
campo metal-óxido-semicondutor).
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ........................................................................... 15
1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 16
1.3 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 16
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 16
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................... 17
2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 18
2.1 TOPOLOGIA DE CONVERSORES ................................................................ 18
2.1.1 Conversor Buck ............................................................................................ 18
2.1.2 Conversor Boost ........................................................................................... 19
2.1.3 Conversor Buck-Boost ................................................................................. 19
2.1.4 Conversor Flyback........................................................................................ 20
2.2 CIRCUITOS AUXILIARES .............................................................................. 21
2.2.1 Circuito Compensador ................................................................................. 21
2.2.2 Controlador PWM.......................................................................................... 22
3 DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO CHAVEADA E
ISOLADA, COM MÚLTIPLAS SAÍDAS ......................................................... 23
3.1 ESPECIFICAÇÕES ........................................................................................ 23
3.2 DIAGRAMA DE BLOCOS DA FONTE DE ALIMENTAÇÃO ........................... 25
3.2.1 Tensão de entrada ........................................................................................ 26
3.2.2 Transformador .............................................................................................. 26
3.2.3 Saídas 1, 2 e 3 ............................................................................................... 26
3.2.4 Isolador Ótico ................................................................................................ 26
3.2.5 Circuito compensador .................................................................................. 26
3.2.6 Controlador PWM.......................................................................................... 27
3.2.7 Transistor de potência (MOSFET) ............................................................... 27
3.2.8 Snubber ......................................................................................................... 27
3.3 ANÁLISE TEÓRICA ........................................................................................ 27
3.3.1 Potências de entrada e saída total .............................................................. 27
3.3.2 Corrente de entrada (primário do transformador) ..................................... 28
3.3.3 Indutância no primário ................................................................................. 28
3.3.4 Tempos de condução ................................................................................... 28
3.3.5 Correntes nos enrolamentos secundários do transformador .................. 30
3.3.6 Razão cíclica mínima .................................................................................... 30
3.3.7 Capacitores de saída .................................................................................... 31
3.3.8 Projeto do transformador para o conversor Flyback ................................ 32
3.3.9 Diodos de saída ............................................................................................ 37
3.3.10 Transistor de potência (MOSFET) ............................................................... 39
3.3.11 Snubber ......................................................................................................... 40
3.3.12 Controlador PWM – UC3845 ........................................................................ 41
3.3.13 Circuito compensador .................................................................................. 43
3.4 FONTE CHAVEADA COM CONVERSOR FLYBACK - ANÁLISE DE
SIMULAÇÃO DO CIRCUITO EM MALHA ABERTA ....................................... 48
3.4.1 Corrente de entrada (primário) .................................................................... 49
3.4.2 Correntes de saída........................................................................................ 51
3.4.3 Tensões de saída .......................................................................................... 53
3.4.4 Tensão máxima sobre o interruptor (MOSFET) ......................................... 54
3.5 FONTE CHAVEADA COM CONVERSOR FLYBACK - ANÁLISE DE
SIMULAÇÃO DO CIRCUITO EM MALHA FECHADA .................................... 54
3.5.1 Corrente de entrada (primário) .................................................................... 55
3.5.2 Correntes de saída........................................................................................ 57
3.5.3 Tensões de saída .......................................................................................... 59
3.5.4 Tensão máxima sobre o interruptor (MOSFET) ......................................... 61
3.6 PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO E ANÁLISE EM BANCADA .................... 62
3.7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................................................................. 66
3.7.1 Frequência de chaveamento e razão cíclica .............................................. 66
3.7.2 Tensão sobre o interruptor IRF640 ............................................................. 66
3.7.3 Tensão nos diodos secundários ................................................................. 68
3.7.4 Teste para cargas em 50% ........................................................................... 70
3.7.5 Teste para cargas em 100% ......................................................................... 77
3.7.6 Transitório de carga ..................................................................................... 83
3.7.7 Transitório de tensão de entrada ................................................................ 95
4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 100
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 101
14

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho refere-se ao desenvolvimento de uma fonte de alimentação


chaveada e isolada, com múltiplas saídas, de forma a atender as especificações da
equipe Zênite. Esta equipe é formada por alunos de diferentes cursos do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), e participa
anualmente do Desafio Solar Brasil.
O Desafio Solar Brasil consiste em um rali de barcos movidos à energia
solar. Seus principais objetivos são:
 Promover o desenvolvimento de tecnologia;
 Formar jovens, estudantes de ciências e tecnologia no uso de fonte
alternativas de energia;
 Popularizar a cultura marítima e as fontes de energia alternativa;
 Promover o intercâmbio entre estudantes e pesquisadores de ciências e
tecnologias.

Este trabalho de conclusão de curso organiza-se do seguinte modo: em


primeiro lugar, apresenta-se uma breve revisão de literatura mostrando as diferentes
topologias de conversores de corrente contínua, com foco e detalhamento ampliado
para a utilizada na fonte a ser desenvolvida. Encontram-se ainda neste tópico, a
descrição dos circuitos auxiliares.
Em seguida, são mostrados os requisitos de projeto, bem como as
especificações posteriormente definidas pelo projetista. Os cálculos para a definição
de componentes e diversos outros elementos são baseados nas equações
encontrados em Barbi (2007) e são feitos com auxílio do software SMath Studio. Além
disso, também são mostrados os resultados obtidos em simulação com o software
PSIM, de forma a obter uma prévia compreensão das formas de onda e valores
englobados no funcionamento da fonte.
Na sequência apresenta-se as etapas de confecção da placa de circuito
impresso e a demonstração de seus testes para obtenção de resultados. Estes
processos foram feitos em bancada, com a utilização de materiais de laboratório tais
como: fonte de alimentação, osciloscópio, ponteira de corrente e multímetro.
Por fim, são apresentados os aspectos conclusivos do trabalho, mostrando
os fatos ocorridos durante o desenvolvimento, os objetivos atendidos e as dificuldades
encontradas.
15

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

As soluções encontradas pela equipe Zênite para o funcionamento do


barco são, em grande parte, circuitos eletrônicos interconectados, de modo a dar a
desenvoltura necessária para movê-lo e, assim, participar da competição. Alguns
circuitos contidos no barco necessitam de uma fonte de alimentação e, até o momento,
a equipe Zênite utiliza uma fonte que, apesar de cumprir sua função, pode não ser a
escolha ideal para o tipo de aplicação.
Atualmente, a equipe está utilizando uma fonte de alimentação linear para
alimentar alguns circuitos do barco, sendo que as potências utilizadas para esses não
são ideais para este tipo de implementação. Isto se deve ao fato de que componentes
reguladores de tensão contidos em tal fonte alimentam diversos circuitos e, com isso,
causam a dissipação de maior quantidade de calor. Por ser uma fonte linear, esta
perda de calor gera um baixo rendimento, não cumprindo seus objetivos específicos
em relação ao desempenho do barco.
Segundo Brown (1990), as fontes lineares, apesar de sua simplicidade de
projeto, apenas diminuem a tensão de saída em relação a de entrada e apresentam
uma baixa eficiência em relação ao resultado final (entre 30% e 60%). Isto se deve ao
fato de que estas fontes sofrem altas perdas de rendimento em reguladores lineares,
deixando grande parte da porcentagem de rendimento em dissipadores de calor.
Em contrapartida, apesar de maior complexidade de desenvolvimento de
projeto, Brown (1990) diz que fontes chaveadas conseguem uma taxa de eficiência
acima de 90%; requerem menores dissipadores de calor; podem possuir múltiplas
saídas; tem a possibilidade de diminuir ou aumentar a tensão de saída; e além disso,
ainda garantem baixo volume (tamanho) e peso, e menor custo de confecção para
potências mais elevadas.
Tomando como objetivo apresentar uma solução mais eficiente do que a
proporcionada pelos reguladores lineares, a possível compactação da placa, a
necessidade de múltiplas saídas e visando um melhor desempenho da fonte de
alimentação no que se refere a rendimento oferecido e menor dissipação de calor, foi
elaborada a seguinte questão problema: (1) Uma fonte de alimentação chaveada com
múltiplas saídas conseguiria suprir as necessidades do barco desenvolvido pela
equipe Zênite?
16

1.2 JUSTIFICATIVA

Tomando em consideração o exposto pelo item “Problema da pesquisa” do


presente trabalho, foram feitas pesquisas mais detalhadas sobre uma possível
implementação de um item substituto do que está sendo utilizado atualmente.
Apesar da fonte de alimentação com reguladores lineares, que está sendo
utilizada pela equipe Zênite para alimentar determinados circuitos do barco, cumprir
sua função, existe uma grande dissipação de calor em seus componentes, gerando
perda de potência, baixo rendimento da fonte e aumentando seu volume.
Visando melhorar os pontos citados no parágrafo anterior e adequar uma
fonte as especificações fornecidas por um dos líderes da equipe, foram analisadas as
características e possibilidades para tal e definiu-se o projeto para esta como sendo
do tipo chaveada. O simples fato deste tipo de fonte garantir um rendimento mais
elevado, menor volume e custo de confecção já é um aspecto positivo para a
substituição da utilizada atualmente pela equipe. Por apresentar maior rendimento,
reduzem a dissipação de calor em seus componentes. Além destes fatores, pode
possuir múltiplas saídas, tornando-a ideal para tal implementação, pois permite
alimentar os circuitos dependentes dessa função no barco.

1.3 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do trabalho é desenvolver uma fonte de alimentação


chaveada e isolada, com múltiplas saídas para energizar circuitos eletrônicos
específicos contidos no barco, movido a energia solar, feito pela equipe Zênite, para
participação no Desafio Solar Brasil.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Tendo em nota o objetivo geral do trabalho, consideram-se os seguintes


objetivos específicos:
a) Identificar, em conjunto com a equipe Zênite, os requisitos necessários para o
desenvolvimento do projeto da fonte de alimentação em questão;
b) Analisar a viabilidade técnica da implementação de um conversor CC-CC isolado;
17

c) Projetar o circuito do conversor a ser utilizado, o componente magnético e circuitos


auxiliares para completo funcionamento da fonte de alimentação;
d) Implementar e avaliar o circuito proposto, de forma a se obter um resultado mais
satisfatório possível para a utilização da fonte de alimentação.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Em primeiro lugar foi feita uma revisão sobre conversores CC-CC


direcionada à topologia flyback. O motivo disto deve-se à busca de um conversor que
atue com múltiplas saídas, isoladas, com potência de saída inferior à 100 W. Após,
foram feitos cálculos e simulação da topologia de conversor escolhida, auxiliando à
compreensão de funcionamento da fonte. Com isso, iniciou-se a confecção de uma
planilha de cálculo para a fonte de alimentação com conversor flyback, com auxílio do
software SMath Studio, e baseando-se nas equações de Barbi (2007).
Com o resultado dos cálculos e da simulação para a fonte em malha aberta
foi possível desenvolver o transformador e iniciar o layout da placa de circuito
impresso. Em meio a este processo foi definido o componente controlador PWM e o
transistor de potência, além da utilização de um optoacoplador na saída escolhida
para a realimentação do sistema da fonte.
Em seguida foram calculados os componentes para os circuitos externos
conectados ao controlador PWM. Para obtenção dos componentes do circuito
compensador foi utilizado o software MATLAB 2017 que auxiliou na análise e definição
do diagrama de Bode da resposta transitória da fonte. Como última etapa foi finalizado
o layout da placa e feita a montagem dos componentes na mesma, permitindo a
execução dos testes e a obtenção dos resultados para conclusão do trabalho.
18

2 REVISÃO DA LITERATURA

Em se tratando de fontes chaveadas, pode-se dizer que estas são um dos


avanços tecnológicos mais importantes, no que se refere à eletrônica de potência.
Elas ajudaram a reduzir volume, peso e dissipação das fontes reguladas
convencionais apesar de serem mais complexas, tornando-as compactas e com
melhor rendimento, permitindo o acompanhamento evolutivo com a microeletrônica.

2.1 TOPOLOGIA DE CONVERSORES

“Os conversores CC-CC são circuitos eletrônicos que convertem uma


tensão CC para diferentes níveis de tensão CC, fornecendo sempre uma saída
regulada” (Eletrônica de Potência – análise e projetos de circuitos, 2012, p.197).
Cada topologia descrita a seguir terá um melhor funcionamento em
distintas aplicações, possuindo alguns aspectos diferenciais como, por exemplo, os
limites de potências almejadas, a tensão de entrada, o pico de corrente sobre os
semicondutores, o número de saídas, isolação, entre outros. Isso permite uma
elevada gama de possibilidades para estes tipos de conversores.
Algumas das topologias mais utilizadas são mostradas a seguir, inclusive a
que será utilizada nesse trabalho, que será explicada com mais detalhes.

2.1.1 Conversor Buck


O conversor Buck é caracterizado por diminuir a tensão de saída em
relação à de entrada, não possuir isolação e ser não-inversor. A Figura 1 mostra seu
circuito básico e as principais formas de onda.
19

Figura 1 - Topologia do conversor Buck

Fonte: ON Semiconductor (2014).

2.1.2 Conversor Boost


O conversor Boost é caracterizado por aumentar a tensão de saída em
relação à de entrada, não possuir isolação e ser não-inversor. A Figura 2 mostra seu
circuito básico e as principais formas de onda.

Figura 2 - Topologia do conversor Boost

Fonte: ON Semiconductor (2014).

2.1.3 Conversor Buck-Boost


O conversor Buck-Boost é caracterizado por diminuir (Buck) ou aumentar
(Boost) a tensão de saída em relação à de entrada, não possuir isolação e ser
inversor. A Figura 3 mostra seu circuito básico e as principais formas de onda.
20

Figura 3 - Topologia do conversor Buck-Boost

Fonte: ON Semiconductor (2014).

2.1.4 Conversor Flyback


O conversor Flyback possui as mesmas características do conversor Buck-
Boost, porém com isolação. A Figura 4 mostra seu circuito básico e as principais
formas de onda para o modo de condução descontínua.

Figura 4 - Topologia do conversor Flyback

Fonte: ON Semiconductor (2014).

Os parâmetros iniciais requeridos para o presente trabalho incluem uma


fonte de alimentação com múltiplas saídas, isoladas e potência de saída total,
calculada pelas relações de tensão e corrente solicitadas para cada saída, muito
inferior à 100 Watts, com sinais de entrada e saídas CC. Estas características se
encaixam perfeitamente nas características de um conversor do tipo flyback, pois, por
possuir um transformador em seu circuito, permite a confecção de múltiplos
enrolamentos de saídas e também, a isolação das mesmas em relação ao sinal de
entrada. Além disso, segundo Barbi (2007), é indicado a implementação desse tipo de
conversor para circuitos com potência de saída total menor ou igual a 100 W. Seu
funcionamento é explicado a seguir.
21

Quando o transistor “SW”, referente à Figura 4, está conduzindo (chave


fechada), o diodo retificador de saída “D” estará inversamente polarizado e não irá
conduzir, fazendo com que a corrente não flua no secundário, mas sim no primário.
Esta é uma etapa de armazenamento de energia, onde apenas o enrolamento do
primário do transformador é ativo, se comportando como um simples indutor. Durante
esta etapa, existe também um aumento linear da corrente no primário, definida pela
Equação 1.
𝑑𝑖𝑝 𝑉𝑐𝑐 (1)
=
𝑑𝑡 𝐿𝑝

Já quando o transistor “SW” está desligado (chave aberta), a corrente do


primário deverá ser nula. O diodo retificador “D” será polarizado diretamente,
transferindo a corrente magnetizante para o secundário, que é fornecida para o
capacitor “Cout” e para a carga, posicionada em “Vout”, contidos na Figura 4. Em
consequência a isso, a corrente nos enrolamentos do secundário irá fluir no mesmo
sentido que a do primário, porém sua magnitude será definida pelas suas espiras.
Outro fator determinado pelo projetista é o modo de condução do conversor
flyback, entre contínuo ou descontínuo. No caso, optou-se pela condução
descontínua, em que o transformador desmagnetiza completamente durante um
período de chaveamento, além do interruptor “SW” e do diodo de saída “D” não
estarem conduzindo também.

2.2 CIRCUITOS AUXILIARES

Uma fonte chaveada ainda conta com diversas possibilidades de circuitos


auxiliares, alguns essenciais e outros selecionáveis, dependendo das necessidades
da fonte. Como exemplo ao que o atual projeto utiliza, uma prévia de alguns destes
circuitos é explicada a seguir, sendo outros esclarecidos no decorrer do trabalho.

2.2.1 Circuito Compensador


O circuito compensador é implementado juntamente à realimentação da
fonte (feedback). Seu funcionamento tende a acompanhar e executar os requisitos
analisados no comportamento transitório de uma fonte chaveada.
22

Os objetivos básicos da análise do comportamento transitório de uma fonte


chaveada são:
a) Estabelecer o desvio que sofre a tensão de saída diante uma variação da
carga;
b) Estabelecer o tempo de recuperação, ou seja, o tempo necessário para que
a tensão de saída retorne ao valor existente antes da perturbação. (BARBI,
2007, p.219)

O tempo de recuperação mencionado na citação de Barbi (2007) é ajustado


através da adição de, por exemplo, um pólo, pelo compensador, com o intuito de
compensar o zero introduzido pela resistência série-equivalente do capacitor de saída.
Além disso, define-se também a frequência de cruzamento desejada, devendo esta
ser um quarto da frequência de chaveamento, para garantir a estabilidade do sistema.
Com isto, definem-se os valores dos componentes a compor o circuito do
compensador.

2.2.2 Controlador PWM


Os controladores PWM são úteis na aplicação de fontes chaveadas, pois
reduzem consideravelmente o custo e tamanho do projeto. Em seu circuito integrado
(tomando como exemplo o componente utilizado neste projeto - UC3845), contam com
um amplificador operacional para conexão dos componentes do circuito
compensador. Possuem um oscilador interno, dependente de um pequeno circuito
externo, para definição da frequência de chaveamento e um regulador interno (5 V),
para auxiliar em sinais de nível lógico, alimentar um circuito de proteção (também
interno) e servir de referência para o circuito de controle. Além disso, possuem um
sensor de corrente, composto por um comparador interno para conexão externa de
um resistor shunt. Junto a este resistor, adiciona-se um filtro RC, com a finalidade de
suprimir os transientes provenientes da comutação do transistor de potência
(MOSFET).
Dependendo do modelo e fabricante, oferecem ainda diversos tipos de
proteções. Alguns podem incluir um MOSFET interno.
O diagrama do controlador utilizado no projeto pode ser visto na Figura 5.
23

Figura 5 - Diagrama do controlador PWM UC3845

Fonte: STMicroelectronics (1998).

3 DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO


CHAVEADA E ISOLADA, COM MÚLTIPLAS SAÍDAS

O primeiro passo para o desenvolvimento da fonte de alimentação


chaveada e isolada, com múltiplas saídas, é saber quais características mínimas esta
terá de cumprir para que se possa fornecer o essencial aos circuitos que serão
energizados pela mesma. Estes circuitos estão contidos no barco de competição,
movido a energia solar, da equipe Zênite, já mencionada.

3.1 ESPECIFICAÇÕES

Das especificações, toma-se em nota a Tabela 1.


24

Tabela 1 - Valores especificados para o projeto


Símbolo Significado Valor
𝑽𝒊𝒏𝟏 Tensão de entrada mín. 20 V
𝑽𝒊𝒏𝟐 Tensão de entrada máx. 50 V
𝑽𝒐𝟏 Tensão de saída 1 5V
𝑽𝒐𝟐 Tensão de saída 2 12 V
𝑽𝒐𝟑 Tensão de saída 3 15 V
𝑰𝒐𝟏 Corrente de saída 1 500 mA
𝑰𝒐𝟐 Corrente de saída 2 300 mA
𝑰𝒐𝟑 Corrente de saída 3 400 mA
Fonte: Elaborada pelo Autor.

É possível perceber, a partir da Tabela 1, que existem duas tensões de


entrada, isso porque o elemento de entrada será de corrente contínua (CC),
proveniente de baterias, podendo variar da tensão mínima de 20 à máxima de 50
Volts. Estas tensões foram separadas entre mínima e máxima, pois o circuito do
conversor flyback irá se comportar de maneira diferente para diferentes níveis de
tensão e, com estes valores, é possível calcular as especificações necessárias para
análise de funcionamento do circuito. Fazendo a relação entre tensões e correntes de
saída, pode-se concluir que a fonte terá uma potência total de saída igual à 12,1 W.
Além destes fatores, outro requisito sugerido para a fonte é que esta possua saídas
isoladas. Unindo este item às múltiplas saídas e potência de saída total relativamente
baixa (inferior à 100 W), foi definido a utilização da topologia de conversor CC-CC do
tipo flyback, pois confere com as características já discutidas sobre este na seção de
revisão bibliográfica.
Outros fatores como rendimento estimado, razão cíclica, frequência de
chaveamento e ondulação das tensões de saída foram definidos posteriormente, após
análise de outros projetos semelhantes, cálculos experimentais e simulações. A
Tabela 2 mostra os valores estipulados para estes itens.
25

Tabela 2 - Especificações complementares


Símbolo Significado Valor
∆𝑽𝒐 Ondulação da tensão de 1% de 𝑉𝑜𝑥
cada saída
f Frequência de 50 kHertz
chaveamento
D Razão cíclica máxima 0,4
𝜼 Rendimento estimado 0,75
Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.2 DIAGRAMA DE BLOCOS DA FONTE DE ALIMENTAÇÃO

O esquemático da fonte de alimentação pode ser dividido em blocos para


um melhor entendimento de cada etapa contida nesta. Estes blocos são explicados a
seguir, em ordem de funcionamento, ou seja, desde a recepção do sinal da tensão de
entrada até o ponto final da realimentação do sistema, podendo serem observados na
Figura 6.

Figura 6 - Diagrama de blocos da fonte de alimentação

Fonte: Elaborada pelo Autor.


26

3.2.1 Tensão de entrada


Este bloco tem o objetivo de fornecer a energia necessária para fazer o
sistema da fonte de alimentação funcionar. Esta energia é proveniente de baterias, o
que caracteriza uma componente de entrada de corrente contínua, e neste projeto,
pode ter valores entre vinte à cinquenta volts de tensão.

3.2.2 Transformador
O transformador é um componente magnético que permite isolar o sinal de
entrada do sinal de saída, transmitindo do primeiro para o segundo por indução.
Trabalha em união ao bloco do transistor de potência, que atua como uma chave,
fazendo a energia permanecer no primário ou ser transmitida para o secundário do
transformador. O magnético é projetado a partir de cálculos matemáticos, envolvendo
diversas relações teóricas e práticas, mostradas posteriormente no trabalho.

3.2.3 Saídas 1, 2 e 3
Os blocos de saída são os que contém as tensões e correntes finais da
fonte de alimentação. Cada saída possui um diodo de polarização, que permite ou
impede a passagem da corrente para o capacitor e a carga. A carga de cada saída
seriam os circuitos do barco a serem alimentados pela fonte, que são substituídos por
um resistor (carga nominal) equivalente à tensão, corrente e potência de cada saída
para testes em simulação e bancada. O capacitor é responsável pela filtragem do sinal
e é carregado quando o diodo está polarizado diretamente.

3.2.4 Isolador Ótico


O isolador ótico, ou optoacoplador, serve para isolar a tensão de saída do
circuito de comando e controle.

3.2.5 Circuito compensador


O circuito compensador tende a garantir a estabilidade do sistema,
corrigindo eventuais desvios provenientes de transitórios na tensão de entrada ou de
carga.
27

3.2.6 Controlador PWM


O controlador PWM tem como principal função a determinação da
frequência de chaveamento do transistor de potência.

3.2.7 Transistor de potência (MOSFET)


Este componente atua como uma chave liga/desliga, permitindo a
passagem ou não da tensão e corrente no primário do transformador. Desta forma,
quando a chave está ativada a energia é acumulada no primário, do contrário, a
energia é transmitida para os secundários por indução.

3.2.8 Snubber
Este pequeno circuito consegue amortecer o sinal do chaveamento do
transistor de potência, mantendo o componente comutador em uma zona de operação
segura e, assim, prevenindo uma possível perda do mesmo por sobretensão. Esta é
proveniente da indutância de dispersão gerada pelo transformador, que se deve ao
fato de quando o interruptor (transistor de potência) está fechado (em condução) a
indutância de dispersão acumula energia, e quando está aberto esta energia é
descarregada no interruptor.

3.3 ANÁLISE TEÓRICA

Para uma melhor compreensão de cada etapa do circuito da fonte de


alimentação e possibilidade de análise do mesmo, permitindo a validação dos estudos
referentes à este projeto, calculam-se e definem-se valores para diversas variáveis.
Além disso, a análise é feita baseando-se no estudo e aplicação do conversor flyback
em modo de condução descontínua.
Como principal material de apoio para esta etapa, utilizaram-se os
conceitos de projetos de fontes chaveadas, conforme Barbi (2007).

3.3.1 Potências de entrada e saída total


De acordo com a Tabela 1, é possível adquirir os valores das potências
referentes a cada saída, dadas pela tensão de saída multiplicada pela corrente de
28

saída. Somando as potências de cada saída, tem-se a potência total de saída da fonte,
como mostrado na Equação 2.
𝑃𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑜1 + 𝑃𝑜2 + 𝑃𝑜3 = 12,1 𝑊 (2)

O rendimento estimado da fonte, especificado pelo projetista, conforme a


Tabela 2, é equivalente à 75% da potência de entrada da mesma. Relacionando este
valor com a potência total de saída da fonte, é possível saber o valor a potência de
entrada necessária, conforme a Equação 3.
𝑃𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (3)
𝑃𝑖𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = = 16,1333 𝑊
𝑛

3.3.2 Corrente de entrada (primário do transformador)


As correntes média, de pico e eficaz máxima de entrada, ou seja, no
primário do transformador, são definidas pelas Equações 4, 5 e 6, respectivamente.
𝑃𝑖𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (4)
𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛1 = = 0,80667 𝐴
𝑉𝑖𝑛1
2 × 𝑃𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (5)
𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 = = 4,0333 𝐴
𝜂 × 𝑉𝑖𝑛1 × 𝐷
(6)
𝐷
𝐼𝑝𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 = 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 × √ = 1,472765 𝐴
3

3.3.3 Indutância no primário


O período referente a frequência de chaveamento do transistor de potência,
contido no circuito de controle da fonte, é exibido na Equação 7.
1 (7)
𝑇= = 20 µ𝑠
𝑓
A Equação 8 apresenta o valor da indutância do enrolamento primário do
transformador, que compõe a parte de entrada da fonte.
𝑉𝑖𝑛1 × 𝐷 × 𝑇 (8)
𝐿𝑝𝑟𝑖𝑚 = = 39,67 µ𝐻
𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚

3.3.4 Tempos de condução


Como os valores do período de chaveamento e da razão cíclica máxima
são conhecidos, obtém-se o tempo em que o interruptor (transistor de potência) leva
para atingir 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 , através da Equação 9.
29

𝑇𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝐷 × 𝑇 = 8 µ𝑠 (9)

Pelo fato de se ter optado pelo conversor flyback em modo descontínuo,


existe um período 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡í𝑛𝑢𝑜 , mostrado abaixo, em que o transformador descarrega
completamente, além do interruptor e dos diodos de saída também não estarem
conduzindo.
𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡í𝑛𝑢𝑜 = 2 µ𝑠
O período em que os diodos de saída conduzem corrente é determinado
pela Equação 10.
𝛥𝑡2 = (𝑇 − 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡í𝑛𝑢𝑜 ) − 𝑇𝑝𝑖𝑐𝑜 = 10 µ𝑠 (10)

Para uma melhor compreensão dos tempos envolvidos de corrente de


entrada (primário) e das correntes de saída (diodos), observa-se a Figura 7.

Figura 7 - Representação dos períodos do sistema

Fonte: Elaborado pelo Autor.


30

3.3.5 Correntes nos enrolamentos secundários do transformador


As correntes de pico nos enrolamentos secundários um, dois e três do
transformador da fonte são representadas pelas Equação 11, 12 e 13,
respectivamente.
2 × 𝐼𝑜1 × 𝑇 (11)
𝐼𝑠1 = = 2𝐴
𝛥𝑡2
2 × 𝐼𝑜2 × 𝑇 (12)
𝐼𝑠2 = = 1,2 𝐴
𝛥𝑡2
2 × 𝐼𝑜3 × 𝑇 (13)
𝐼𝑠3 = = 1,6 𝐴
𝛥𝑡2
Conforme as Equações 14, 15 e 16, extrai-se os valores de corrente eficaz
máxima de cada um dos três enrolamentos do transformador.
(14)
1−𝐷
𝐼𝑠1𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 = 𝐼𝑠1 × √ = 0,8944 𝐴
3
(15)
1−𝐷
𝐼𝑠2𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 = 𝐼𝑠2 × √ = 0,5366 𝐴
3
(16)
1−𝐷
𝐼𝑠3𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 = 𝐼𝑠3 × √ = 0,7155 𝐴
3

3.3.6 Razão cíclica mínima

A razão cíclica mínima do sistema ocorre para a tensão de entrada máxima.


A corrente média para uma tensão de entrada igual a 𝑉𝑖𝑛2 é definida pela Equação
17. A Equação 18 supõe um valor de corrente de pico no primário para 𝑉𝑖𝑛2 , deixando
exposta a variável de razão cíclica mínima. Substituindo o valor obtido de 𝐼𝑝2𝑝𝑟𝑖𝑚 na
Equação 19, deduz-se a Equação 20, possibilitando a definição do valor de razão
cíclica mínima.
𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛1 (17)
𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛2 = = 0,3226 𝐴/𝑉
𝑉𝑖𝑛2

𝑉𝑖𝑛2 × 𝐷𝑚𝑖𝑛 × 𝑇 (18)


𝐼𝑝2𝑝𝑟𝑖𝑚 = = 𝐷𝑚𝑖𝑛 × 25.2083 𝐴
𝐿𝑝𝑟𝑖𝑚
𝐼𝑝2𝑝𝑟𝑖𝑚 × 𝐷𝑚𝑖𝑛 × 𝑇 (19)
𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛2 =
2×𝑇
31

(20)
2 × 𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛2
𝐷𝑚𝑖𝑛 =√ = 0,16
𝐼𝑝2𝑝𝑟𝑖𝑚

Conhecendo o valor da razão cíclica do sistema, que foi especificado pelo


projetista, e obtendo o valor de razão cíclica mínima, que ocorre na máxima tensão
de entrada (𝑉𝑖𝑛2 ), é possível realizar a simulação do circuito em malha aberta,
permitindo a análise gráfica e comparação dos resultados com valores teóricos para
as situações de tensão de entrada 𝑉𝑖𝑛1 e 𝑉𝑖𝑛2 .

3.3.7 Capacitores de saída


Para o cálculo dos capacitores de saída, é necessário ter especificados
valores como ondulação da tensão de cada saída, frequência de chaveamento e razão
cíclica, encontrados na Tabela 2. Além disso, a corrente média especificada para cada
saída, conforme a Tabela 1, e as correntes de pico através dos enrolamentos
secundários, calculadas nas Equações 11, 12 e 13.
A ondulação da tensão das saídas 𝑉𝑜1 , 𝑉𝑜2 e 𝑉𝑜3 é mostrada nas Equações
21, 22 e 23, na ordem mencionada.
𝛥𝑉𝑜1 = 0,01 × 𝑉𝑜1 = 0,05 (21)

𝛥𝑉𝑜2 = 0,01 × 𝑉𝑜2 = 0,12 (22)

𝛥𝑉𝑜3 = 0,01 × 𝑉𝑜3 = 0,15 (23)

O valor da capacitância para os capacitores de saída 𝐶𝑜1 , 𝐶𝑜2 e 𝐶𝑜3 é


definido pelas Equações 24, 25 e 26, respectivamente.
𝐼𝑜1 × 𝐷 (24)
𝐶𝑜1 = = 80 µ𝐹
𝑓 × 𝛥𝑉𝑜1
𝐼𝑜2 × 𝐷 (25)
𝐶𝑜2 = = 20 µ𝐹
𝑓 × 𝛥𝑉𝑜2
𝐼𝑜3 × 𝐷 (26)
𝐶𝑜3 = = 21,3333 µ𝐹
𝑓 × 𝛥𝑉𝑜3
Através das Equações 27, 28 e 29 é calculada a resistência série
equivalente máxima (RSE) dos capacitores de saída 𝐶𝑜1 , 𝐶𝑜2 e 𝐶𝑜3 , nesta ordem.
𝛥𝑉𝑜1 (27)
𝑅𝑆𝐸1 = = 0,025 Ω
𝐼𝑠1
𝛥𝑉𝑜2 (28)
𝑅𝑆𝐸2 = = 0,1 Ω
𝐼𝑠2
32

𝛥𝑉𝑜3 (29)
𝑅𝑆𝐸3 = = 0,09375 Ω
𝐼𝑠3
A corrente de pico nos capacitores de saída 𝐶𝑜1 ,𝐶𝑜2 e 𝐶𝑜3 é calculada pelas
Equações 30, 31 e 32, respectivamente.
𝐼𝑐1 = 𝐼𝑠1 − 𝐼𝑜1 = 1,5 𝐴 (30)

𝐼𝑐2 = 𝐼𝑠2 − 𝐼𝑜2 = 0,9 𝐴 (31)

𝐼𝑐3 = 𝐼𝑠3 − 𝐼𝑜3 = 1,2 𝐴 (32)

3.3.8 Projeto do transformador para o conversor Flyback


Para o projeto do transformador que será implementado no conversor
flyback, adotam-se os parâmetros apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Parâmetros para dimensionamento do transformador


Símbolo Significado Valor
𝒌𝒑 Fator de utilização do 0,5
enrolamento primário
𝒌𝒘 Fator de utilização da 0,4
área do enrolamento
𝑱 Densidade de corrente 400 𝐴/𝑐𝑚3
nos condutores
𝜟𝑩 Densidade de fluxo 0,18
magnético
µ𝒐 Permeabilidade do ar 4 × 𝜋 × 10−7 𝑁/𝐴2
Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para possibilitar a escolha do núcleo apropriado para o desenvolvimento


do transformador, calcula-se o produto das áreas da perna central (𝐴𝑒 ) e da janela do
carretel (𝐴𝑤 ), de acordo com os parâmetros da Tabela 3 e com a potência de saída
total da fonte, como mostra a Equação 33.
1,1 × 𝑃𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 × 104 (33)
𝐴𝑒𝐴𝑤 = = 0,1848 𝑐𝑚4
𝑘𝑝 × 𝑘𝑤 × 𝐽 × 𝑓 × 𝛥𝐵

Conforme a Tabela 4, adota-se o núcleo E-30/7, pois possui a melhor área


AeAw tabelada em relação à calculada.
33

Tabela 4 - Núcleos de ferrite tipo E

Fonte: Ivo Barbi (2007).

As características do núcleo E-30/7 são conferidas na Tabela 5.

Tabela 5 - Características do núcleo E-30/7


Símbolo Significado Valor
𝑨𝒆 Área de perna central 0,6 𝑐𝑚2
𝑨𝒘 Área da janela do carretel 0,8 𝑐𝑚2
𝒍𝒕 Comprimento médio de 5,6 𝑐𝑚
uma espira
𝒗𝒆 Volume de ferrite 4 𝑐𝑚3
Fonte: Ivo Barbi (2007).

Para a determinação do valor do entreferro (𝑙𝑔), seguem as Equações 34,


35 e 36.
𝑃𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (34)
𝛥𝑊 = = 322,6666 µ𝑊
𝑛×𝑓
2 × µ𝑜 × 𝛥𝑊 (35)
𝛿= × 102 = 0,0417 𝑐𝑚
𝛥𝑊 2 × 𝐴𝑒 × 10−4
𝛿 (36)
𝑙𝑔 = = 0,0208 𝑐𝑚
2
O número de espiras do enrolamento primário do transformador é definido
pela Equação 37.
1,8 × 103 × 𝛿 (37)
𝑁𝑃 = = 14,8148
0,4 × 𝜋 × 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚
34

O número de espiras dos três enrolamentos secundários do transformador


é definido pelas Equações 38, 39 e 40.
𝑁𝑝 × (𝑉𝑜1 + 𝑉𝑑) × (1 − 𝐷) (38)
𝑐𝑁𝑠1 = = 6,8625
𝑉𝑖𝑛1 × 𝐷
𝑁𝑝 × (𝑉𝑜2 + 𝑉𝑑) × (1 − 𝐷) (39)
𝑐𝑁𝑠2 = = 14,7375
𝑉𝑖𝑛1 × 𝐷
𝑁𝑝 × (𝑉𝑜3 + 𝑉𝑑) × (1 − 𝐷) (40)
𝑐𝑁𝑠3 = = 18,1125
𝑉𝑖𝑛1 × 𝐷
Em prática, estes valores foram arredondados para 15 (primário), 7
(secundário 1),15 (secundário 2) e 18 (secundário 3), para facilitar a confecção do
transformador.
A área do condutor (cobre) do enrolamento primário é mostrada na
Equação 41.
𝐼𝑝𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 (41)
𝑆𝑐𝑢𝑝 = = 0,0037 𝑐𝑚2
𝐽
A área do condutor dos três enrolamentos secundários é apresentada nas
Equações 42, 43, 44.
𝐼𝑠1𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 (42)
𝑆𝑐𝑢𝑠1 = = 0,0022 𝑐𝑚2
𝐽
𝐼𝑠2𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 (43)
𝑆𝑐𝑢𝑠2 = = 0,0013 𝑐𝑚2
𝐽
𝐼𝑠3𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 (44)
𝑆𝑐𝑢𝑠3 = = 0,0018 𝑐𝑚2
𝐽
A profundidade de penetração devido ao efeito pelicular (skin) pode ser
determinada pela Equação 45.
7,5 (45)
𝛥= = 0,0335 𝑐𝑚
√𝑓
O diâmetro máximo de cobre é definido pela Equação 46.
𝑑𝑚𝑎𝑥 = 2 × 𝛥 = 0,0671 𝑐𝑚 (46)

Respeitando as informações acima sobre os condutores de cada


enrolamento e observando a Tabela 6, escolheu-se o fio AWG 23 para utilização na
confecção do transformador.
35

Tabela 6 - Tabela de fios esmaltados

Fonte: Ivo Barbi (2007).

Como se percebe na Tabela 6, a área de cobre do fio AWG 23 é:


𝑆𝑐𝑢23𝐴𝑊𝐺 = 0,002582 𝑐𝑚2.
Para saber a necessidade do uso de fios em paralelo, associa-se a área de
cobre do enrolamento calculada e a área de cobre do fio escolhido, como visto nas
Equações 47, 48, 49 e 50. Como se percebe na Equação 47, será necessário 1,426
fios em paralelo no enrolamento primário. Para facilitar a confecção, este valor será
arredondado para 2, dando até um pouco de sobra para a capacidade do condutor. O
enrolamentos secundários não chegam nem a um fio, mas seu valor será arredondado
para 1 pelo mesmo motivo do enrolamento primário.
36

𝑆𝑐𝑢𝑝 (47)
𝑁𝑓𝑖𝑜𝑠𝑝 = = 1,426 𝑐𝑚2
𝑆𝑐𝑢23𝐴𝑊𝐺
𝑆𝑐𝑢𝑠1 (48)
𝑁𝑓𝑖𝑜𝑠𝑠1 = = 0,866 𝑐𝑚2
𝑆𝑐𝑢23𝐴𝑊𝐺
𝑆𝑐𝑢𝑠2 (49)
𝑁𝑓𝑖𝑜𝑠𝑠2 = = 0,5196 𝑐𝑚2
𝑆𝑐𝑢23𝐴𝑊𝐺
𝑆𝑐𝑢𝑠3 (50)
𝑁𝑓𝑖𝑜𝑠𝑠3 = = 0,6928 𝑐𝑚2
𝑆𝑐𝑢23𝐴𝑊𝐺
O comprimento necessário para os fios é definido pelo produto do número
de espiras de cada enrolamento (primário e secundários) com o comprimento médio
de uma espira para o núcleo E-30/7, como anteriormente apresentado na Tabela 4. O
valor do comprimento do enrolamento primário é mostrado na Equação 51. As
Equações 52, 53 e 54 apresentam os valores dos enrolamentos secundários um, dois
e três, respectivamente.
𝑙𝑡𝑝 = 𝑙𝑡 × 15 = 84 𝑐𝑚 (51)

𝑙𝑡𝑠1 = 𝑙𝑡 × 7 = 39,2 𝑐𝑚 (52)

𝑙𝑡𝑠2 = 𝑙𝑡 × 15 = 84 𝑐𝑚 (53)

𝑙𝑡𝑠3 = 𝑙𝑡 × 18 = 100,8 𝑐𝑚 (54)

Para conferir a possibilidade de execução do transformador utilizando o


condutor escolhido, coleta-se o valor da área de isolamento do mesmo, observado na
Tabela 6, e somam-se os valores de área de isolamento dos enrolamentos, das
Equações 55, 56, 57 e 58.
𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙23𝐴𝑊𝐺 = 0,003221 𝑐𝑚2

𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙1 = 𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙23𝐴𝑊𝐺 × 2 × 𝑁𝑃 = 0,09663 (55)

𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙𝑆1 = 𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙23𝐴𝑊𝐺 × 𝑁𝑠1 = 0,022547 (56)

𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙𝑆2 = 𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙23𝐴𝑊𝐺 × 𝑁𝑠2 = 0,048315 (57)

𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙𝑆3 = 𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙23𝐴𝑊𝐺 × 𝑁𝑠3 = 0,057978 (58)


37

Somando os valores das Equações 56, 57, 58 e 59 e dividindo o valor obtido


por 0,7, adquire-se o valor total de 𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙 igual a 0,3221 𝑐𝑚2 . O motivo da divisão do
resultado por 0,7 é porque recomenda-se a utilização máxima de 70% do núcleo,
visando facilitar a confecção do transformador.
O fator de ocupação do núcleo é definido pela Equação 59. O valor
recomendado para este fator é 0,3 < 𝑘𝑢 < 0,7, conferindo a possibilidade de execução
do transformador.
𝑆𝑐𝑢𝑖𝑠𝑜𝑙 (59)
𝑘𝑢 = = 0,4005
𝐴𝑤

3.3.9 Diodos de saída


A tensão de pico para os diodos de saída 𝐷1 , 𝐷2 e 𝐷3 é calculada conforme
as Equações 60, 61 e 62, de forma respectiva.
𝑁𝑠1 (60)
𝑉𝑝𝑑1 = 𝑉𝑜1 + 𝑉𝑖𝑛2 × = 28,3333 𝑉
𝑁𝑝
𝑁𝑠2 (61)
𝑉𝑝𝑑2 = 𝑉𝑜2 + 𝑉𝑖𝑛2 × = 62 𝑉
𝑁𝑝
𝑁𝑠3 (62)
𝑉𝑝𝑑3 = 𝑉𝑜3 + 𝑉𝑖𝑛2 × = 75 𝑉
𝑁𝑝
A corrente de pico dos diodos de saída 𝐷1 , 𝐷2 e 𝐷3 tem o mesmo valor da
corrente de pico dos enrolamentos, conforme a Tabela 7.

Tabela 7 - Correntes de pico e média dos diodos de saída


Corrente de pico Corrente Média
𝑰𝒅𝟏 = 𝑰𝒔𝟏 = 𝟐 𝑨 𝐼𝑑1𝑚𝑑 = 𝐼𝑜1 = 0,5 𝐴
𝑰𝒅𝟐 = 𝑰𝒔𝟐 = 𝟏, 𝟐 𝑨 𝐼𝑑2𝑚𝑑 = 𝐼𝑜2 = 0,3 𝐴
𝑰𝒅𝟑 = 𝑰𝒔𝟑 = 𝟏, 𝟔 𝑨 𝐼𝑑3𝑚𝑑 = 𝐼𝑜3 = 0,4 𝐴
Fonte: Elaborado pelo Autor.

Sabendo-se dos valores de tensão de pico e corrente de pico para cada


diodo de saída, foi escolhido o modelo MUR460 (disponibilidade) para utilizar como
diodo em cada saída. Este é um diodo ultra rápido, que tem o objetivo de reduzir as
perdas de comutação. Algumas de suas características estão presentes na Tabela 8.
38

Tabela 8 - Características do diodo MUR410


Símbolo Significado Valor
𝑻𝒋 Temperatura de junção 150𝑜 𝐶
operacional
𝑹𝒋𝒂 Máxima resistência 510 𝐶/𝑊
térmica junção-ambiente
𝑽𝒇 Máxima tensão direta 0,71 V
instantânea
𝑰𝑫 Corrente máxima 4A
𝑽𝑫 Tensão máxima 100 V
𝑻𝒂 Temperatura ambiente 250 𝐶
Fonte: Elaborado pelo Autor.

As perdas em condução em cada um dos diodos das saídas um, dois e três
é calculada de acordo com as Equações 63, 64 e 65, respectivamente. As perdas em
comutação foram desprezadas.
𝑃𝑑1 = 𝐼𝑑1𝑚𝑑 × 𝑉𝑓1 = 0,355 𝑊 (63)

𝑃𝑑2 = 𝐼𝑑2𝑚𝑑 × 𝑉𝑓2 = 0,213 𝑊 (64)

𝑃𝑑3 = 𝐼𝑑3𝑚𝑑 × 𝑉𝑓3 = 0,284 𝑊 (65)

A máxima resistência térmica junção-ambiente que estes diodos podem


aguentar é mostrada nas Equações 66, 67 e 68. Nota-se que não será necessário
nenhum tipo de material dissipador de calor para estes componentes, pois 𝑅𝑗𝑎 é muito
menor que a permitida
𝑇𝑗1 − 𝑇𝑎 (66)
𝑅𝑗𝑎1𝑚𝑎𝑥 = = 281,69010 𝐶/𝑊
𝑃𝑑1
𝑇𝑗2 − 𝑇𝑎 (67)
𝑅𝑗𝑎2𝑚𝑎𝑥 = = 469,48350 𝐶/𝑊
𝑃𝑑2
𝑇𝑗3 − 𝑇𝑎 (68)
𝑅𝑗𝑎3𝑚𝑎𝑥 = = 352,11260 𝐶/𝑊
𝑃𝑑3
39

3.3.10 Transistor de potência (MOSFET)


A tensão máxima sobre a chave (MOSFET) ocorre quando a tensão de
entrada é 𝑉𝑖𝑛2 . Seu valor é apresentado pela Equação 69.
1 (69)
𝑉𝑑𝑠𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖𝑛2 × = 83,3333 𝑉
1−𝐷

As correntes eficaz e média sobre a chave, obtidas em simulação, são


1,4232 A e 0,7426 A, respectivamente. A corrente de pico é igual a corrente calculada
para o primário.
Tendo em consideração os valores acima, determina-se o modelo IRF640
como componente utilizado para a função de chaveamento do sistema da fonte. Os
parâmetros do transistor de potência escolhido são vistos na Tabela 9.

Tabela 9 - Parâmetros do IRF640

Parâmetro Símbolo Valor


Máxima tensão drain- 𝑉𝑑𝑠𝑚𝑎𝑥 200 𝑉
source
Resistência estática 𝑅𝑑𝑠𝑜𝑛 0,18 Ω
drain-source ON
Tempo de subida da 𝑡𝑟 27 𝜂𝑠
corrente de coletor
(rise-time)
Tempo de descida da 𝑡𝑓 25 𝜂𝑠
corrente de coletor (fall-
time)
Capacitância de entrada 𝐶𝑖𝑠𝑠 1200 𝑝𝐹
Capacitância de saída 𝐶𝑜𝑠𝑠 200 𝑝𝐹
Máxima temperatura de Tj 150𝑜 𝐶
junção em operação
Resistência térmica 𝑅𝑗𝑎 62, 50 𝐶/𝑊
junção-ambiente
Fonte: Elaborado pelo Autor.
40

Com os parâmetros do interruptor apresentados na Tabela 9, calculam-se


as possíveis perdas do componente. Além disso, é possível, também, calcular o
resistor necessário para o gatilho do MOSFET, garantindo que o componente trabalhe
na faixa de período indicada em sua folha de dados.
A Equações 70 e 71 mostram as perdas em condução e em comutação,
respectivamente.
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑅𝑑𝑠𝑜𝑛 × 𝐼𝑑𝑠𝑒𝑓 2 = 0,3645 W (70)

𝑓 (71)
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑐𝑜𝑚𝑢𝑡𝑎 = × (𝑡𝑟 + 𝑡𝑓 ) × 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 × 𝑉𝑑𝑠𝑚𝑎𝑥 = 0,5629 W
2
Para definir a perda total, somam-se as perdas em condução e comutação,
de acordo com a Equação 72.
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑐𝑜𝑛𝑑 + 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑐𝑜𝑚𝑢𝑡𝑎 = 0,9274 W (72)

Será necessária a aplicação de um dissipador de calor no IRF640, pois


𝑅𝑗𝑎 > 𝑅𝑗𝑎𝑀𝐴𝑋 , ou seja, a resistência térmica máxima entre junção e ambiente
calculada é inferior à do componente sem dissipador. A Equação 73 mostra o fato.
𝑇𝑗 − 𝑇𝑎 (73)
𝑅𝑗𝑎𝑀𝐴𝑋 = = 33,29830 𝐶/𝑊
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

3.3.11 Snubber
A obtenção dos valores dos componentes do circuito snubber foi feita em
bancada, em meio ao teste do circuito da fonte em malha aberta, observando-se a
forma de onda gerada no dreno do interruptor. A ideia base foi escolher um resistor
de valor ideal para que a potência dissipada por este circuito fosse mínima, não
afetando no rendimento da fonte. O capacitor escolhido teve a finalidade de conseguir
grampear uma quantidade de tensão satisfatória para as variações de tensão de
entrada mínima e máxima. O diodo é de modelo ultrarrápido, para que se tenha uma
resposta com menor atraso possível na comutação do interruptor.
Os valores do resistor e do capacitor, bem como o diodo utilizado, são
mostrados abaixo.
𝑅𝑠𝑛𝑢𝑏 = 10 𝑘Ω
𝐶𝑠𝑛𝑢𝑏 = 330 𝑛𝐹
𝐷𝑠𝑛𝑢𝑏 = 𝑀𝑈𝑅460
41

3.3.12 Controlador PWM – UC3845


O diagrama de blocos do circuito interno do controlador PWM UC3845,
utilizado neste projeto, é observado na Figura 8.

Figura 8 - Diagrama de blocos do UC3845

Fonte: Texas Instruments (2017).

A Tabela 10 descreve a pinagem do UC3845.

Tabela 10 - Descrição da pinagem do UC3845

Pino Nome Descrição

1 COMP Saída do compensador

2 VFB Entrada inversora do


compensador

3 ISENSE Entrada do sensor de


corrente

4 RT/CT Entrada do par RC do


oscilador

5 GROUND Referência
42

6 OUTPUT Sinal de comando para


o interruptor

7 VCC Alimentação do CI

8 VREF Tensão de referência


de 5 V / 50 mA
Fonte: Elaborada pelo Autor.

A frequência de chaveamento do IRF640 é gerada pelo controlador


UC3845. Um par RC (resistor/capacitor) constitui o circuito oscilador. Como já é
conhecido o valor da frequência, atribui-se um valor para o resistor (recomendado
entre 5 kΩ e 100 kΩ, conforme datasheet) e, com isso, obtém-se o valor do capacitor.
A Equação 74, obtida no datasheet do componente, mostra a aquisição.
Conforme a nota de aplicação do UC3845 da Texas Instruments, ao invés
de levar o capacitor para o aterramento diretamente, um resistor pequeno é colocado
em série, entre Ct e o aterramento.
𝑓 = 50000 𝐻𝑧

𝑅𝑡 = 12000 Ω

𝑅𝐶𝑡 = 24 Ω
1,72 (74)
𝐶𝑡 = = 1,4333 ηF = 1,5 ηF
2 × 𝑅𝑡 × 𝑓

De acordo com o datasheet, para o sensor de corrente, o resistor shunt,


conectado externamente ao controlador, capta a corrente e a converte em tensão, que
se torna o sinal de entrada do pino ISENSE (entrada não-inversora do comparador
PWM). Este sinal é comparado com um sinal proporcional à tensão de saída do
amplificador de erro (compensador).

O resistor shunt é calculado de acordo com a Equação 75, onde o valor de


𝑉𝑠𝑒𝑛𝑠𝑒 tipicamente utilizado é 1 V e 𝐼𝑠𝑒𝑛𝑠𝑒 possui o mesmo valor de 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 . A Equação
76 demonstra o cálculo da potência do mesmo.
𝑉𝑠𝑒𝑛𝑠𝑒 (75)
𝑅𝑠ℎ𝑢𝑛𝑡 = = 0,2479 Ω
𝐼𝑠𝑒𝑛𝑠𝑒
𝑃𝑅𝑠ℎ𝑢𝑛𝑡 = 𝑅𝑠ℎ𝑢𝑛𝑡 × 𝐼𝑑𝑠𝑒𝑓 2 = 3,36 𝑊 (76)
43

Um pequeno filtro RC é adicionado para suprimir ruídos decorrentes do


chaveamento. A constante de tempo do filtro RC deverá ser consideravelmente menor
que a de chaveamento do conversor. Seu valor foi encontrado por meio de simulação,
procurando pela melhor resposta para a fonte e é exposto pela Equação 77. Os
valores do resistor e do capacitor que a definem encontram-se abaixo.
𝑅𝑓𝑡 = 2200 Ω
𝐶𝑓𝑡 = 220 𝑝𝐹
1 (77)
𝑓𝑓𝑡 = = 328832,527 𝐻𝑧
2 × 𝜋 × 𝑅𝑓𝑡 × 𝐶𝑓𝑡
A alimentação do UC3845 é limitada entre 12 V e 28 V. Devido a isso, foi
adicionado um limitador de tensão simples, composto por um resistor e um diodo
zener, à entrada Vcc, pino 7. Isto se deve ao fato de que a alimentação do componente
é proveniente das mesmas baterias que fornecem a tensão de entrada da fonte,
variável entre 20 V e 50 V.
A saída de comando (pino 6) envia o sinal de frequência para o interruptor.
Para proteção é adicionado um diodo zener e um resistor em paralelo com o gate do
MOSFET.

3.3.13 Circuito compensador


O modelo do conversor flyback possui a função de transferência
apresentada pela Equação 78.
𝑉𝑖𝑛2 (1 + s × 𝑅𝑆𝐸3 × 𝐶𝑜3 ) (78)
𝐺(𝑠) = ×
(1 + s × 𝑅𝑜3 × 𝐶𝑜3 )
2 × 𝐿𝑝𝑟𝑖𝑚 × 𝑓

𝑅𝑜3

Conforme a Equação 78 mostra, a tensão de entrada máxima é utilizada,


pois é quando acontece a pior situação de estabilidade do sistema. A resistência
nominal, a resistência série-equivalente e o capacitor de saída são todos da saída
três, pois é nesta que estará localizada a realimentação do circuito da fonte, por
apresentar a maior potência.
Para o cálculo dos componentes do circuito compensador, utilizou-se o
software MATLAB 2017 como auxílio. Uma breve transcrição da função de
transferência do conversor flyback é feita para o software, que compila o programa
44

para traçar o diagrama de Bode, através da ferramenta Control System Designer. A


exemplificação disto é mostrada na Figura 9.
Um diagrama de Bode consiste de dois gráficos, um é o gráfico do logaritmo
do módulo da função de transferência senoidal; o outro é um gráfico do ângulo
de fase. Ambos são construídos em função da frequência em escala
logarítmica. (VILLAÇA, 2014, p. 169)

Figura 9 - Função de transferência do conversor flyback no MATLAB

Fonte: Elaborada pelo Autor.

A Figura 10 mostra os gráficos de ganho da função e a fase da função de


𝐺(𝑠), respectivamente.
45

Figura 10 - Ganho e fase de G(s)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

A resposta ao degrau sem a adição de pólo à função é visualizada na Figura


11.

Figura 11 - Resposta ao degrau sem pólo

Fonte: Elaborada pelo Autor.


46

A equação característica do compensador com um pólo, indicado por Barbi


(2007) para conversores como o flyback, é apresentada pela Equação 79.
1 (79)
𝐶(𝑠) = 𝑘𝑐 ×
1 + 𝑃𝑐 × 𝑠
1. 𝑘𝑐 é o ganho do compensador;
2. 𝑃𝑐 é o valor do pólo adicionado.

O projeto do compensador depende da definição da frequência de


cruzamento desejada, devendo esta ser um quarto do valor da frequência de
chaveamento. Nota-se que na Figura 10 esta frequência apresenta um valor igual a
2,02 kHz. Seu novo valor é calculado na Equação 80.
𝑓 (80)
𝑓𝑐𝑐 = = 12,5 kHz
4

O Control System Designer do software MATLAB 2017 permite deslocar o


ganho e adicionar o pólo onde for desejado. O objetivo é fazer com que, ao adicionar
o pólo, o ângulo da margem de fase esteja entre 45𝑜 e 90𝑜 para condição de
estabilidade e a frequência de cruzamento seja a mais próxima possível da calculada
na Equação 80. Quanto mais próximo de 90𝑜 , maior será a estabilidade do sistema e
menor será a sobretensão na resposta ao degrau, porém, maior será o tempo de
subida desta resposta. Como o projeto em questão não será afetado pelo tempo de
subida (ainda sim este valor sendo muito pequeno) adota-se o ângulo para margem
de fase de 90𝑜 .
Fazendo os ajustes necessários no Control System Designer, obtém-se,
conforme a Equação 81, a equação do compensador.
1 (81)
𝐶(𝑠) = 6,14 ×
1 + 0,000002 × 𝑠
A Figura 12 permite uma possível visualização das modificações ocorridas
e resultados obtidos. Abaixo segue uma breve explicação de cada um dos pontos
mostrados na imagem.
1. Magnitute (dB) com ganho aplicado (aproximadamente 37 dB);
2. Ângulo da margem de fase e frequência de cruzamento;
3. Ponto de frequência de cruzamento;
4. Localização do pólo adicionado;
5. Valor do ganho do compensador;
6. Valor do pólo adicionado.
47

Figura 12 - Compensador no Control System Designer

Fonte: Elaborada pelo Autor.

A Figura 13 mostra o diagrama de Bode com os ajustes aplicados e a Figura


14 a nova resposta ao degrau.

Figura 13 - Diagrama de Bode com pólo adicionado e ganho ajustado

Fonte: Elaborada pelo Autor.


48

Figura 14 - Resposta ao degrau com ajustes

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.4 FONTE CHAVEADA COM CONVERSOR FLYBACK - ANÁLISE DE SIMULAÇÃO DO


CIRCUITO EM MALHA ABERTA

Para tornar possível uma melhor visualização do resultados encontrados


em análise teórica, por meio de cálculos, faz-se o uso de um software de simulação
de circuitos, denominado PSIM. Com isto, é possível registrar todos os valores
calculados em cada componente adicionado no circuito do simulador e obter os
resultados necessários, tanto numericamente quanto por gráficos.
A Figura 15 mostra o circuito, montado no PSIM, da fonte de alimentação
em malha aberta, ou seja, sem a realimentação e componentes de comando e
controle. Para substituir o controlador PWM nesta etapa, utilizou-se um gerador de
frequência do próprio simulador, que permite definir a frequência de chaveamento do
interruptor (IRF640) e a razão cíclica mínima e máxima, já apresentadas
anteriormente.
49

Figura 15 - Simulação do circuito da fonte em malha aberta

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.4.1 Corrente de entrada (primário)


O gráfico da corrente de entrada, localizada no primário do transformador,
para tensão de entrada mínima 𝑉𝑖𝑛1 = 20 𝑉, é mostrado na Figura 16. Seus valores
médio, eficaz e de pico são mostrados na Tabela 11.

Tabela 11 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada mínima


Corrente Símbolo Valor
Média 𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛1 0,8175 𝐴
Eficaz 𝐼𝑝𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 1,4873 𝐴
Pico 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 4,0333 𝐴

Fonte: Elaborada pelo Autor.


50

Figura 16 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada mínima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para tensão de entrada máxima 𝑉𝑖𝑛2 = 50 𝑉, o gráfico da corrente de


entrada é mostrado na Figura 17. Seus valores médio, eficaz e de pico são observados
na Tabela 12.

Tabela 12 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada máxima


Corrente Símbolo Valor
Média 𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛2 0,3329 𝐴
Eficaz 𝐼𝑝𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥2 0,9537 𝐴
Pico 𝐼𝑝2𝑝𝑟𝑖𝑚 4,0333 𝐴

Fonte: Elaborada pelo Autor.


51

Figura 17 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada máxima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Comparando os gráficos das Figuras 16 e 17, nota-se nitidamente a


redução da razão cíclica de corrente no primário da tensão mínima para a tensão
máxima, conforme a análise teórica.

3.4.2 Correntes de saída


Os gráficos das correntes de saída, para tensão de entrada mínima 𝑉𝑖𝑛1 =
20 𝑉, são mostrados na Figura 18. Seus valores médios e de pico são mostrados na
Tabela 13.

Tabela 13 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada mínima


Corrente Símbolo Valor
Média - Saída 1 𝐼𝑜1 0,4951 𝐴
Média - Saída 2 𝐼𝑜2 0,0294 𝐴
Média - Saída 3 𝐼𝑜3 0,3915 𝐴
Pico - Saída 1 𝐼𝑠1 1,8939 𝐴
Pico - Saída 2 𝐼𝑠2 1,1832 𝐴
Pico - Saída 3 𝐼𝑠3 1,5861 𝐴

Fonte: Elaborada pelo Autor.


52

Figura 18 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada mínima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para tensão de entrada máxima 𝑉𝑖𝑛2 = 50 𝑉, os gráficos das correntes de


saída são mostrados na Figura 19. Seus valores médios e de pico são observados na
Tabela 14.

Tabela 14 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada máxima


Corrente Símbolo Valor
Média - Saída 1 𝐼𝑜1 0,5453 𝐴
Média - Saída 2 𝐼𝑜2 0,3210 𝐴
Média - Saída 3 𝐼𝑜3 0,4268 𝐴
Pico - Saída 1 𝐼𝑠1 1,9143 𝐴
Pico - Saída 2 𝐼𝑠2 1,1819 𝐴
Pico - Saída 3 𝐼𝑠3 1,5819 𝐴
Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 19 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada máxima

Fonte: Elaborada pelo Autor.


53

3.4.3 Tensões de saída


Os gráficos das tensões de saída, obtidas com utilização de carga nominal,
com tensão de entrada mínima 𝑉𝑖𝑛1 = 20 𝑉, são mostrados na Figura 20. O valor
médio de cada tensão de saída é mostrado na Tabela 15.

Tabela 15 - Valor de tensão média em cada secundário para tensão de entrada mínima
Tensão de saída Símbolo Valor
Saída 1 𝑉𝑜1 4,8869 𝑉
Saída 2 𝑉𝑜2 11,6389 𝑉
Saída 3 𝑉𝑜3 14,5254 𝑉
Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 20 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada mínima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para tensão de entrada máxima 𝑉𝑖𝑛1 = 50 𝑉, os gráficos das tensões de


saída são mostrados na Figura 21. O valor médio de cada tensão de saída é
observado na Tabela 16.

Tabela 16 - Valor de tensão média em cada saída para tensão de entrada máxima
Tensão de saída Símbolo Valor
Saída 1 𝑉𝑜1 4,8033 𝑉
Saída 2 𝑉𝑜2 11,4589 𝑉
Saída 3 𝑉𝑜3 14,3049 𝑉
Fonte: Elaborada pelo Autor.
54

Figura 21 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada máxima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.4.4 Tensão máxima sobre o interruptor (MOSFET)


A tensão máxima sobre o interruptor encontrada em simulação acontece
para a máxima tensão de entrada (𝑉𝑖𝑛2 ), e equivale a 63,2972 V. Seu gráfico pode
ser observado na Figura 22.

Figura 22 - Tensão máxima simulada sobre o interruptor

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.5 FONTE CHAVEADA COM CONVERSOR FLYBACK - ANÁLISE DE SIMULAÇÃO DO


CIRCUITO EM MALHA FECHADA

O circuito da fonte de alimentação em malha fechada requer a adição dos


circuitos auxiliares de comando e controle, que completam seu total funcionamento.
55

Inicialmente adiciona-se o circuito compensador, já calculado com auxílio


do software MATLAB, na saída três da fonte (logo após o optoacoplador), pois esta
contém a maior potência. O compensador é conectado ao UC3845, que atua como
controlador PWM. A alimentação deste controlador é proveniente das próprias
baterias da tensão de entrada, sendo necessária a implementação de um limitador de
tensão ao controlador. Um resistor shunt, juntamente à um filtro RC, são conectados
entre o interruptor e o controlador, desempenhando o papel de sensor de corrente.
Um par RC também é conectado ao controlador, definindo a frequência de
chaveamento do MOSFET. A saída do controlador conta com um resistor de gatilho
para o interruptor, além de um diodo zener juntamente a um resistor em paralelo para
proteção do interruptor.
O circuito em malha fechada da fonte para simulação é apresentado na
Figura 23.

Figura 23 - Circuito em malha fechada da fonte no simulador

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.5.1 Corrente de entrada (primário)


O gráfico da corrente de entrada, para tensão de entrada mínima 𝑉𝑖𝑛1 =
20 𝑉, é mostrado na Figura 24. Seus valores médio, eficaz e de pico são mostrados
na Tabela 17.
56

Tabela 17 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada mínima


Corrente Símbolo Valor
Média 𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛1 0,7426 𝐴
Eficaz 𝐼𝑝𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥 1,4231 𝐴
Pico 𝐼𝑝1𝑝𝑟𝑖𝑚 4,3297 𝐴

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 24 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada mínima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para tensão de entrada máxima 𝑉𝑖𝑛2 = 50 𝑉, o gráfico da corrente de


entrada é mostrado na Figura 25. Seus valores médio, eficaz e de pico são observados
na Tabela 18.

Tabela 18 - Valores de corrente no primário para tensão de entrada máxima


Corrente Símbolo Valor
Média 𝐼𝑚𝑑𝑖𝑛2 0,3033 𝐴
Eficaz 𝐼𝑝𝑒𝑓𝑚𝑎𝑥2 0,9196 𝐴
Pico 𝐼𝑝2𝑝𝑟𝑖𝑚 4,8962 𝐴

Fonte: Elaborada pelo Autor.


57

Figura 25 - Corrente de entrada simulada para tensão de entrada máxima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.5.2 Correntes de saída


Os gráficos das correntes de saída, para tensão de entrada mínima 𝑉𝑖𝑛1 =
20 𝑉, são mostrados na Figura 26. Seus valores médios e de pico são mostrados na
Tabela 19.

Tabela 19 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada mínima


Corrente Símbolo Valor
Média - Saída 1 𝐼𝑜1 0,5478 𝐴
Média - Saída 2 𝐼𝑜2 0,3237 𝐴
Média - Saída 3 𝐼𝑜3 0,4249𝐴
Pico - Saída 1 𝐼𝑠1 2,2563 𝐴
Pico - Saída 2 𝐼𝑠2 1,2780 𝐴
Pico - Saída 3 𝐼𝑠3 1,6505 𝐴

Fonte: Elaborada pelo Autor.


58

Figura 26 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada mínima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para tensão de entrada máxima 𝑉𝑖𝑛2 = 50 𝑉, os gráficos das correntes de


saída são mostrados na Figura 27. Seus valores médios e de pico são observados na
Tabela 20.

Tabela 20 - Valores de correntes nas saídas para tensão de entrada máxima


Corrente Símbolo Valor
Média - Saída 1 𝐼𝑜1 0,5567 𝐴
Média - Saída 2 𝐼𝑜2 0,3285 𝐴
Média - Saída 3 𝐼𝑜3 0,4311 𝐴
Pico - Saída 1 𝐼𝑠1 2.5958 𝐴
Pico - Saída 2 𝐼𝑠2 1,4380 𝐴
Pico - Saída 3 𝐼𝑠3 1,8513 𝐴
Fonte: Elaborada pelo Autor.
59

Figura 27 - Correntes de saída simuladas para tensão de entrada máxima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.5.3 Tensões de saída


Os gráficos das tensões de saída, obtidas com utilização de carga nominal,
com tensão de entrada mínima 𝑉𝑖𝑛1 = 20 𝑉, são mostrados na Figura 28. O valor
médio de cada tensão de saída é mostrado na Tabela 21.

Tabela 21 - Valor de tensão RMS em cada saída para tensão de entrada mínima
Tensão de saída Símbolo Valor
Saída 1 𝑉𝑜1 5,1528 𝑉
Saída 2 𝑉𝑜2 12,1688 𝑉
Saída 3 𝑉𝑜3 14,7992 𝑉

Fonte: Elaborada pelo Autor.


60

Figura 28 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada mínima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para tensão de entrada máxima 𝑉𝑖𝑛1 = 50 𝑉, os gráficos das tensões de


saída são mostrados na Figura 29. O valor médio de cada tensão de saída é
observado na Tabela 22.

Tabela 22 - Valor de tensão RMS em cada saída para tensão de entrada máxima
Tensão de saída Símbolo Valor
Saída 1 𝑉𝑜1 5,2253 𝑉
Saída 2 𝑉𝑜2 12,3264 𝑉
Saída 3 𝑉𝑜3 14,9886 𝑉
Fonte: Elaborada pelo Autor.
61

Figura 29 - Tensões de saída simuladas para tensão de entrada máxima

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.5.4 Tensão máxima sobre o interruptor (MOSFET)


A tensão máxima sobre o interruptor encontrada em simulação, para o
circuito em malha fechada, acontece na máxima tensão de entrada (𝑉𝑖𝑛2 ), e equivale
a 65,0471 V. Seu gráfico pode ser observado na Figura 30.

Figura 30 - Tensão máxima simulada sobre o interruptor

Fonte: Elaborada pelo Autor.


62

3.6 PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO E ANÁLISE EM BANCADA

Com a finalização dos testes em simulação e a definição dos componentes,


foi iniciado o processo de montagem da placa de circuito impresso para análise em
bancada. Para isso, utilizou-se o software Proteus ARES para desenho do layout da
placa, que inclui o posicionamento dos componentes e as trilhas de condução de sinal.
Na figura 31 é possível visualizar o layout da placa.

Figura 31 - Layout da placa de circuito impresso no Proteus

Fonte: Elaborada pelo Autor.

O protótipo da fonte é conferido na Figura 32.


63

Figura 32 - Protótipo da fonte de alimentação

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Como parte do início dos testes em bancada, é válido adicionar a


observação de que o protótipo foi inicialmente testado apenas com os componentes
em malha aberta, utilizando um circuito auxiliar para controle PWM, ligado ao
interruptor. Este circuito auxiliar é representado pelo componente SG3525,
configurado para produzir um sinal de 50 kHz para o pino gate do IRF640. O intuito
do teste em malha aberta é validar o funcionamento básico do transformador, bem
como do interruptor, verificando a entrega das tensões de saída com carga nominal.
Verificado o funcionamento do circuito em malha aberta, finaliza-se o processo de
montagem da placa, implementando os componentes de controle restantes.
A início de testes do protótipo completo, percebeu-se um pequeno erro no
layout envolvendo as conexões do optoacoplador (PC817). Foi necessário cortar a
trilha de sinal positivo da saída três da fonte, que estava sendo conectada diretamente
ao pino 1 do optoacoplador, e adicionado um resistor de 5600 Ω em série com um de
380 Ω entre estes pontos. O pino 4 do PC817 foi ligado ao pino 8 do UC3845 de modo
64

a entregar 5 V ao optoacoplador. O resistor RC1 foi conectado ao pino 3 do PC817,


junto à um dos terminais do resistor RC2. O outro terminal de RC2 foi conectado ao
terra. Além disso, o valor do resistor RC2 precisou ser modificado para 510 Ω, de
forma a ajustar a tensão entregue para o pino 2 do UC3845 em 2,5 V, que é o valor
necessário para operação do amplificador de erro contido no controlador PWM.
Foram ajustados os resistores das três saídas para possibilitar a operação
com 50% e 100% de carga nominal. Cada carga contém dois resistores em série,
sendo um conectado em paralelo com uma chave, que elimina a resistência conectada
a esta quando fechada, facilitando nos testes de transitório de carga. Para carga em
50%, o valor de resistência obtido com medição em multímetro para as saídas um,
dois e três foi de 20,4 Ω, 84,8 Ω e 79 Ω, respectivamente. Para carga em 100%, 10,6
Ω, 47 Ω e 39,6 Ω.
Os valores de corrente de entrada utilizados para avaliação do rendimento
da fonte, para cada caso entre 20 V e 50 V de tensão de entrada, foram adquiridos
através do painel digital da fonte de alimentação usada para execução dos testes. Isto
porque o osciloscópio, quando ajustado para 1A/div. (1 A por divisão), não conseguia
ser muito preciso, reduzindo o valor real da corrente quando adquirido. Alguns casos
foram obrigados a utilizar essa configuração, porém outros, que possuem uma
corrente de entrada menor, foi possível ajustar para 500 mA/div, melhorando a
precisão e igualando o valor obtido em osciloscópio com o do painel da fonte de
alimentação.
A Tabela 23 traz a lista com os componentes utilizados no protótipo.

Tabela 23 - Lista de componentes do protótipo


Quantidade Componente Especificação Referência
01 Transformador Núcleo E30/7 – IP6 Transformador
Np=15 espiras – 2x 23 AWG
Ns1=7 espiras – 1x 23 AWG
Ns2=15 espiras – 1x 23 AWG
Ns3=18 espiras – 1x 23 AWG
01 MOSFET IRF640 IRF640
04 Diodo Ultrafast MUR460 D1, D2, D3, Dsnub
01 Diodo Zener 1N4744 ZI
65

01 Diodo Zener 1N4746 ZVCC


01 Optoacoplador PC817 PC817
01 Capacitor 470 uF / 35 V C1
eletrolítico
01 Capacitor 470 uF / 25 V C2
eletrolítico
01 Capacitor 470 uF / 25 V C3
eletrolítico
03 Capacitor 10 nF CVCC1, CVCC2,
CDT
01 Capacitor 1,5 nF CT
01 Capacitor 220 pF CFT
01 Capacitor 120 nF CC
01 Capacitor 330 nF Csnub
02 Resistor 10 kΩ Rsnub, RI2
01 Resistor 680 Ω - 5 W RVCC
01 Resistor 2,7 kΩ RC1
01 Resistor 5,6 kΩ + 380 Ω Ropto
01 Resistor 510 Ω RC2
01 Resistor 16 kΩ RC3
01 Resistor 12 kΩ RT
01 Resistor 24 Ω RCT
01 Resistor 2,2 kΩ RFT
01 Resistor 10 Ω RI1
01 Resistor 0,25 Ω - 2 W Rshunt
Fonte: Elaborada pelo Autor.

Na sequência são mostrados os resultados obtidos nos testes em bancada,


com a utilização do osciloscópio para demonstração das formas de onda.
66

3.7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Este item é reservado para a demonstração dos valores e formas de onda


adquiridos submetendo a fonte a diversos testes em bancada.

3.7.1 Frequência de chaveamento e razão cíclica

A Figura 33 mostra a frequência de chaveamento gerada pelo controlador


PWM, bem como sua razão cíclica. Conforme a imagem, os valores de frequência e
razão cíclica são de aproximadamente 55 kHz e 0,41, respectivamente. Este resultado
confere, em aproximação, aos valores de especificação.

Figura 33 - Frequência de chaveamento e razão cíclica (5V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.7.2 Tensão sobre o interruptor IRF640

Para conferir a tensão sobre o interruptor, é colocada a ponteira do


osciloscópio no pino 2 do componente, ou seja, no dreno. As Figuras 34 e 35 mostram,
consecutivamente, os resultados obtidos para os casos de tensão de entrada mínima
(20 V) e máxima (50 V). A Tabela 24 apresenta os valores do ensaio.
67

Tabela 24 - Tensões no dreno do interruptor

Tensão de entrada (Vin) Tensão máxima Tensão pico-a-pico


(𝑽𝒅𝒔𝒎𝒂𝒙 )

20 V 69,2 V 73,6 V

50 V 96 V 104 V
Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 34 - Tensão no dreno do interruptor para Vin 20 V (20V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


68

Figura 35 - Tensão no dreno do interruptor para Vin 50 V (20V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.7.3 Tensão nos diodos secundários


As Figuras 36, 37 e 38 apresentam as tensões nos diodos secundários. A
Tabela 25 mostra os valores obtidos. Foi adicionada uma linha horizontal de cursor
para obter a tensão (sem o pico), para comparação com a tensão obtida em
simulação.

Tabela 25 - Tensões nos diodos secundários


Diodo Secundário Tensão obtida Tensão máxima Tensão pico-a-
com cursor pico
D1 -32,8 V -45,6 V 49,2 V
D2 -72 V -87 V 93 V
D3 -86 V -103 V 109 V
Fonte: Elaborada pelo Autor.
69

Figura 36 - Tensão no diodo secundário 1 (20V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 37 - Tensão no diodo secundário 2 (50V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


70

Figura 38 - Tensão no diodo secundário 3 (50V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.7.4 Teste para cargas em 50%

De modo a testar o rendimento do protótipo com carga nominal em 50%,


adquirem-se os valores de tensão e corrente para cada saída, bem como a corrente
de entrada.
As Figuras 39, 40 e 41 mostram os resultados das saídas 1, 2 e 3,
respectivamente, para o caso de tensão de entrada ajustada em 20 V. A Tabela 26
apresenta os valores adquiridos. A corrente de entrada obtida no painel digital da fonte
de alimentação foi igual a 366 mA. A potência de entrada resultante é igual a 7,505
W.

Tabela 26 - Resultados para carga em 50% e tensão de entrada 20 V

Saída Tensão de saída Corrente de saída Potência de saída

1 5,21 V 260 mA 1,3546 W

2 12,2 V 146 mA 1,7812 W

3 15,1 V 194 mA 2,9294 W


Fonte: Elaborada pelo Autor.
71

A potência total de saída equivale a 6,0652 W e o rendimento para esse


caso é de 80,81%.

Figura 39 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 50% (2V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


72

Figura 40 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 50% (5V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 41 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 50% (5V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


73

Para o caso de tensão de entrada em 35 V, a corrente de entrada obtida foi


igual a 232,4 mA. A potência de entrada resultante é igual a 8,134 W. A Tabela 27
apresenta os valores obtidos. As Figuras 42, 43 e 44 mostram os resultados das
saídas 1, 2 e 3, respectivamente. O controlador apresentou um leve ruído, possível
de ser visto nestas figuras.

Tabela 27 - Resultados para carga em 50% e tensão de entrada 35 V

Saída Tensão de saída Corrente de saída Potência de saída

1 5,3 V 264 mA 1,3992 W

2 12,3 V 146 mA 1,7958 W

3 15,3 V 195 mA 2,9835 W


Fonte: Elaborada pelo Autor.

A potência total de saída equivale a 6,1713 W e o rendimento para esse


caso é de 75,87%.

Figura 42 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 50% (2V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


74

Figura 43 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 50% (5V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 44 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 50 %(5V/div. e


500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


75

Para o caso de tensão de entrada em 50 V, a corrente de entrada obtida foi


igual a 189,6 mA. A potência de entrada resultante é igual a 9,48 W. A Tabela 28
apresenta os valores obtidos. As Figuras 45, 46 e 47 mostram os resultados das
saídas 1, 2 e 3, respectivamente.

Tabela 28 - Resultados para carga em 50% e tensão de entrada 50 V

Saída Tensão de saída Corrente de saída Potência de saída

1 5,26 V 262 mA 1,37812 W

2 12,4 V 149 mA 1,8476 W

3 15,2 V 195 mA 2,964 W


Fonte: Elaborada pelo Autor.

A potência total de saída equivale a 6,18972 W e o rendimento para esse


caso é de 65,29%, sendo quase 10% abaixo do rendimento especificado para
potência nominal.

Figura 45 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 50% (2V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


76

Figura 46 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 50% (5V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 47 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 50% (5V/div. e
500mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


77

3.7.5 Teste para cargas em 100%

Para o teste do rendimento do protótipo com carga nominal em 100%,


adquirem-se os valores de tensão e corrente para cada saída, bem como a corrente
de entrada. Nota-se nas figuras deste item que o osciloscópio está ajustado em
1A/div., reduzindo a precisão do valor da corrente. Apesar disso, utilizou-se o valor
mostrado no painel digital da fonte de alimentação para um cálculo mais correto do
rendimento.
As Figuras 48, 49 e 50 mostram os resultados das saídas 1, 2 e 3,
respectivamente, para o caso de tensão de entrada ajustada em 20 V. A Tabela 29
apresenta os valores adquiridos. A corrente de entrada obtida no painel digital da fonte
de alimentação foi igual a 699,6 mA. A potência de entrada resultante é igual a
14,3418 W.

Tabela 29 - Resultados para carga em 100% e tensão de entrada 20 V

Saída Tensão de saída Corrente de saída Potência de saída

1 5,13 V 505 mA 2,59065 W

2 12 V 264 mA 3,168 W

3 15 V 385 mA 5,775 W
Fonte: Elaborada pelo Autor.

A potência total de saída equivale a 11,53305 W e o rendimento para esse


caso é de 80,42%.
78

Figura 48 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 100% (2V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 49 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 100% (5V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


79

Figura 50 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 20 V e carga 100% (5V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para o caso de tensão de entrada em 35 V, a corrente de entrada obtida foi


igual a 423,3 mA. A potência de entrada resultante é igual a 14,805 W. A Tabela 30
apresenta os valores obtidos. As Figuras 51, 52 e 53 mostram os resultados das
saídas 1, 2 e 3, respectivamente.

Tabela 30 - Resultados para carga em 100% e tensão de entrada 35 V

Saída Tensão de saída Corrente de saída Potência de saída

1 5,21 V 510 mA 2,6571 W

2 12,3 V 272 mA 3,3456 W

3 15,3 V 392 mA 5,9976 W


Fonte: Elaborada pelo Autor.

A potência total de saída equivale a 12 W e o rendimento para esse caso é


de 81%.
80

Figura 51 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 100% (2V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 52 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 100% (5V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


81

Figura 53 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 35 V e carga 100% (5V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Para o caso de tensão de entrada em 50 V, a corrente de entrada obtida foi


igual a 321 mA. A potência de entrada resultante é igual a 16,2 W. A Tabela 31
apresenta os valores obtidos. As Figuras 54, 55 e 56 mostram os resultados das
saídas 1, 2 e 3, respectivamente.

Tabela 31 - Resultados para carga em 100% e tensão de entrada 50 V

Saída Tensão de saída Corrente de saída Potência de saída

1 5,08 V 510 mA 2,5908 W

2 12 V 270 mA 3,24 W

3 14,9 V 385 mA 5,7365 W


Fonte: Elaborada pelo Autor.

A potência total de saída equivale a 11,5673 W e o rendimento para esse


caso é de 71,4%, sendo 3,6% abaixo do rendimento especificado.
82

Figura 54 - Tensão de saída 1 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 100% (2V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 55 - Tensão de saída 2 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 100% (5V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


83

Figura 56 - Tensão de saída 3 e corrente de entrada para Vin 50 V e carga 100% (5V/div. e 1A/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.7.6 Transitório de carga


A ideia do teste de transitório de carga é verificar o comportamento das
tensões e correntes de cada saída, para as tensões de entrada mínima (20 V) e
máxima (50 V). O teste é feito variando a carga de 50% para 100% inicialmente, e de
100% para 50% por fim.

 Tensão de entrada 20 V

Para tensão de entrada em 20 V, analisa-se cada uma das três saídas.


Os resultados de transitório para a saída 1 são verificados nas Figuras 57
e 58. A Figura 57 mostra o transitório de 50% para 100% de carga, onde a tensão
decresce de 5,2 V para 4,88 V e a corrente cresce de 266 mA para 486 mA. Já a
Figura 58 mostra o transitório de 100% para 50% de carga, onde a tensão cresce de
4,84 V para 5,16 V e a corrente decresce de 470 mA para 258 mA.
84

Figura 57 - Transitório de carga da saída 1 de 50% para 100% com Vin 20 V (2V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 58 - Transitório de carga da saída 1 de 100% para 50% com Vin 20 V (2V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


85

Os resultados de transitório para a saída 2 são verificados nas Figuras 59


e 60. A Figura 59 mostra o transitório de 50% para 100% de carga, onde a tensão
decresce de 12,2 V para 12,1 V e a corrente cresce de 142 mA para 260 mA. Já a
Figura 60 mostra o transitório de 100% para 50% de carga, onde a tensão cresce de
12,1 V para 12,2 V e a corrente decresce de 258 mA para 140 mA.

Figura 59 - Transitório de carga da saída 2 de 50% para 100% com Vin 20 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


86

Figura 60 - Transitório de carga da saída 2 de 100% para 50% com Vin 20 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Os resultados de transitório para a saída 3 são verificados nas Figuras 61


e 62. A Figura 61 mostra o transitório de 50% para 100% de carga, onde a tensão
decresce de 14,9 V para 14,8 V e a corrente cresce de 184 mA para 372 mA. Já a
Figura 62 mostra o transitório de 100% para 50% de carga, onde a tensão cresce de
15 V para 15,1 V e a corrente decresce de 372 mA para 182 mA.
87

Figura 61 - Transitório de carga da saída 3 de 50% para 100% com Vin 20 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 62 - Transitório de carga da saída 3 de 100% para 50% com Vin 20 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


88

Ainda na saída 3 é possível analisar a atuação do controle do UC3845. Por


apresentar um certo ruído, os valores foram analisados visualmente. A Figura 63
mostra o transitório de 50% para 100% com a variação da tensão da saída do
compensador de 2,8 V para 3,4V em aproximadamente 9 ms. Já a Figura 64 mostra
um decréscimo de 3,3 V para 2,7 V da mesma tensão no transitório de 100% para
50%, em aproximadamente 12 ms. Nota-se que para a aquisição do tempo de
variação da tensão é possível perceber certa dificuldade devido ao ruído presente no
sinal.

Figura 63 – Variação da saída do compensador no transitório de 50% para 100% de carga com Vin
20 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


89

Figura 64 - Variação da saída do compensador no transitório de 100% para 50% de carga com Vin 20
V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

 Tensão de entrada 50 V
Para tensão de entrada em 50 V, analisa-se cada uma das três saídas.
Os resultados de transitório para a saída 1 são verificados nas Figuras 65
e 66. A Figura 65 mostra o transitório de 50% para 100% de carga, onde a tensão
decresce de 5,2 V para 4,88 V e a corrente cresce de 252 mA para 470 mA. Já a
Figura 66 mostra o transitório de 100% para 50% de carga, onde a tensão cresce de
4,88 V para 5,16 V e a corrente decresce de 468 mA para 252 mA.
90

Figura 65 - Transitório de carga da saída 1 de 50% para 100% com Vin 50 V (2V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 66 - Transitório de carga da saída 1 de 100% para 50% com Vin 50 V (2V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


91

Os resultados de transitório para a saída 2 são verificados nas Figuras 67


e 68. A Figura 67 mostra o transitório de 50% para 100% de carga, onde a tensão
decresce de 12,3 V para 12,2 V e a corrente cresce de 142 mA para 262 mA. Já a
Figura 67 mostra o transitório de 100% para 50% de carga, onde a tensão cresce de
12,3 V para 12,4 V e a corrente decresce de 262 mA para 142 mA.

Figura 67 - Transitório de carga da saída 2 de 50% para 100% com Vin 50 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


92

Figura 68 - Transitório de carga da saída 2 de 100% para 50% com Vin 50 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Os resultados de transitório para a saída 3 são verificados nas Figuras 69


e 70. A Figura 69 mostra o transitório de 50% para 100% de carga, onde a tensão
decresce de 14,9 V para 14,8 V e a corrente cresce de 186 mA para 374 mA. Já a
Figura 70 mostra o transitório de 100% para 50% de carga, onde a tensão cresce de
15 V para 15,1 V e a corrente decresce de 376 mA para 186 mA.
93

Figura 69 - Transitório de carga da saída 3 de 50% para 100% com Vin 50 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 70 - Transitório de carga da saída 3 de 100% para 50% com Vin 50 V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


94

Por apresentar um certo ruído, os valores obtidos na Figura 71 foram


analisados visualmente. Esta mostra o transitório de 50% para 100% com a variação
da tensão da saída do compensador de 2,3 V para 3,1 V em aproximadamente 13 ms.
Já a Figura 72 mostra um decréscimo de 3,1 V para 2,2 V da mesma tensão no
transitório de 100% para 50%, em aproximadamente 10 ms. Nota-se, mais uma vez,
que para a aquisição do tempo de variação da tensão é possível perceber certa
dificuldade devido ao ruído presente no sinal.

Figura 71 - Variação da saída do compensador no transitório de 50% para 100% de carga com Vin 50
V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


95

Figura 72 - Variação da saída do compensador no transitório de 100% para 50% de carga com Vin 50
V (5V/div. e 100mA/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

3.7.7 Transitório de tensão de entrada


O teste de transitório de tensão de entrada visa verificar o comportamento
da tensão de saída e a atuação do controlador em meio a variações bruscas de tensão
de entrada. Para tal, foram feitos acréscimos na tensão de entrada de 2 V ou 3 V para
as faixas próximas de 20 V, 35 V e 50 V.
Para a faixa de 20 V, a Figura 73 mostra o acréscimo de 20,5 V para 23,5
V de tensão de entrada, mantendo a tensão na carga estável. Para o mesmo
acréscimo, a Figura 74 apresenta o comportamento do controlador, mais
especificamente na saída do compensador, onde a tensão deste decresce de 3,6 V
para 3,5 V.
96

Figura 73 – Tensão de entrada de 20,5 V para 23,5 V e tensão de saída (5V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 74 - Tensão de entrada de 20,5 V para 23,5 V e saída do compensador (5V/div. e 1V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


97

A Figura 75 mostra o acréscimo de 34 V para 36 V de tensão de entrada,


também mantendo a carga estável e reduzindo a tensão no compensador de 3,04 V
para 3 V, de acordo com a Figura 76.

Figura 75 - Tensão de entrada de 34 V para 36 V e tensão de saída (5V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


98

Figura 76 - Tensão de entrada de 34 V para 36 V e saída do compensador (5V/div.e 1V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

A Figura 77 mostra o acréscimo de 47 V para 49 V de tensão de entrada,


também mantendo a carga estável e variando a tensão no compensador entre 2,82 V
para 2,78 V, devido à um ruído, de acordo com a Figura 78.
99

Figura 77 - Tensão de entrada de 47 V para 49 V e tensão de saída (10V/div. e 5V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Figura 78 - Tensão de entrada de 47 V para 49 V e saída do compensador (10V/div.e 1V/div.)

Fonte: Elaborada pelo Autor.


100

4 CONCLUSÃO

O estudo de uma fonte chaveada envolve maior complexidade teórica para


seu completo desenvolvimento comparado com uma fonte linear, tal como a usada
atualmente pela equipe Zênite para alimentar alguns dos circuitos que compõem o
barco. Apesar disso, as chances de se obter um melhor resultado são mais visíveis
no que se refere ao rendimento da fonte e, também, ao tamanho da placa e ao custo.
Com os requisitos de projeto fornecidos pela equipe e estudos voltados a
topologia de conversores CC-CC que melhor se enquadrava ao perfil de fonte
chaveada, foi possível calcular os valores dos sinais envolvidos e componentes para
produção da placa. A utilização de softwares simuladores de circuitos ajudaram de
forma considerável, tendo um papel importante para análise prévia do funcionamento
de cada etapa do projeto, bem como a confecção da placa do protótipo.
Os testes em bancada foram feitos em um laboratório específico para
projetos eletrônicos, contendo materiais e equipamentos essenciais para a realização
dos mesmos. Ao início desta etapa foi possível perceber alguns erros de layout com
relação às ligações de algumas trilhas e um componente faltante, demandando um
retrabalho técnico para correção dos mesmos. Apesar disso, foi possível testar o
protótipo de forma eficiente.
Os resultados obtidos com os testes do protótipo mostraram que a fonte,
para diferentes casos de nível de tensão de entrada, comportou-se de forma próxima
ao especificado, como observado nos testes de rendimento. As diferenças podem
ocorrer devido a diversos fatores, tais como: a utilização de capacitores de saída em
não conformidade com os definidos em teoria; ausência de ajustes relacionados a
análise de perdas em comutação; análise numérica de elementos dissipativos; entre
outros.
De forma geral, o protótipo está hábil para fornecer as correntes e tensões
necessárias para seus circuitos dependentes, com rendimento e funcionalidades
suficientemente atendidos. Com isto, concluiu-se o desenvolvimento da fonte de
alimentação chaveada e isolada, com múltiplas saídas, para aplicação ao barco solar.
101

REFERÊNCIAS

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Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina.


Disponível em:<http://www.ivobarbi.com/PDF/dissertacoes/Dissertacao_Peraca.pdf>.
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em: 6 maio 2017.

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Notas de aula. IFSC/FPOLIS/DAELN.

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