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Dário Moreira Pinto Júnior

Dorlivete Moreira Shitsuka


Ricardo Shitsuka
Welington Leôncio Costa

Tecnologia siderúrgica

1ª Edição

Belo Horizonte
Poisson
2018
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial

Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais


Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


P659
PINTO JUNIOR, Dário Moreira; SHITSUKA, Dorlivete
Moreira; SHITSUKA, Ricardo; COSTA, Welington
Leôncio – Tecnologia Siderúrgica. Belo
Horizonte, Editora Poisson, 2018.

Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-72-0
DOI: 10.5935/978-85-93729-72-0.2018B001

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1. Siderurgia 2. Tecnologia 3. Processos


Siderúrgicos I. Título

CDD-669.142

www.poisson.com.br

contato@poisson.com.br
Dário Moreira Pinto Júnior
Doutor em Engenharia
Mestre em Engenharia Metalúrgica Especialização em Gestão de Pessoas
Graduação em Engenharia Metalúrgica e em Administração Empresas
Engenheiro Companhia Siderúrgica Nacional por 25 anos
Docente no Ensino Superior
Consultor de empresas do SEBRAE Nacional
Especialista do INMETRO
Avaliador “Ad hoc” do INEP/MEC
dariompj@yahoo.com.br

Dorlivete Moreira Shitsuka


Mestre em Ensino de Ciências.
É Pós-Graduada na Especialização "Lato sensu" em Sistemas de Informação,
em Redes de Computadores, em Informática em Educação, em Educação
Infantil e em, Administração Escolar e Inspeção Escolar.
Possui graduações em: Licenciatura em Computação, Biblioteconomia e
Documentação e, em Pedagogia.
É professora Universitária Tutora de EAD.
É autora e co-autora de várias obras e palestrante.
É pesquisadora do Grupo de Pesquisas em Metodologias em Ensino e
Aprendizagem em Ciências - MEAC.

Ricardo Shitsuka
Doutor em Ensino de Ciências e Matemática Mestre em Engenharia de
Materiais e Metalurgia.
Possui pós-graduação especialização em: "Tecnologias Educacionais",
"Sistemas de Informação", "Design Instrucional para EAD", "Redes de
Computadores", "e-business", "Informática em Educação", "Tecnologia,
Formação de Professores e Sociedade", "Educação Infantil" e, em
"Administração Escolar e Inspeção Escolar".
É graduado em: "Engenharia de Metalúrgica e de Materiais", "Odontologia",
"Licenciatura em Computação" e, em "Pedagogia".
É pesquisador e professor Adjunto IV na Universidade Federal de Itajubá –
UNIFEI - campus Itabira.
Atua como Professor no Programa de Pós-Graduação em Educação em
Ciências (PPGEC da UNIFEI) Campus Itabira.
Líder do Grupo de Pesquisas MEAC
É editor da revista Research, Society and Development e atua como avaliador
"Ad hoc" para o DAES/INEP/MEC
rshitsuka@yahoo.com

Welington Leôncio Costa


Mestrado em Gestão e Estratégia em Negócios
Pós-graduação em Formação de Professor do Ensino Superior
Pós-Graduação em Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes
Pós-Graduação em Engenharia Econômica
Graduação em Ciências Econômicas
Consultor de Empresas
Diretor dos Institutos de Ciências Sociais e Humanas e de Ciência da Saúde do
Centro Universitário Geraldo Di Biase- UGB
welec@ig.com.br
Prefácio .................................................................................................. 7

Lista de figuras e tabelas ........................................................................ 8

Capítulo 1: Breve contextualização da siderurgia....................................... 13

Capítulo 2: Produtos de aço, mercado e propriedades .............................. 21

Capítulo 3: Produtos de ferro fundido, mercado e propriedades ............... 28

Capítulo 4: Processos siderúrgicos a partir da redução direta do minério 35

Capítulo 5: Principais equipamentos siderúrgicos ...................................... 40

Capítulo 6: Processos de alto forno ............................................................. 49

Capítulo 7: Processos a partir de sucata de aço ........................................ 54

Capítulo 8: Processos de aciaria LD.. ......................................................... 60

Capítulo 9: Processos de lingotamento convencional e contínuo .............. 67

Capítulo 10: Processos de laminação a quente .......................................... 75

Capítulo 11: Processo de laminação a frio .................................................. 82

Capítulo 12: Processo de recozimento ........................................................ 90

Capítulo 13: Processo de estanhamento ..................................................... 107

Capítulo 14: Processo de zincagem ............................................................ 119


Capítulo 15: Estampabilidade de aços ....................................................... 131

Capítulo 16: Trefilação de aços ................................................................... 139

Capítulo 17: Ensaios mecânicos em aço .................................................... 144

Capítulo 18: Logística em siderurgia ........................................................... 149

Capítulo 19: Saúde, segurança e higiene na siderurgia ............................. 157

Glossário ...................................................................................................... 165


Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

PREFÁCIO

Esta obra é um passeio pela tecnologia siderúrgica. Ela é destinada aos estudantes do
nível médio técnico, tecnológico e engenheiros que estão interessados em se iniciar nesta
tecnologia.

Ferros fundidos e aços são ligas de ferro que são materiais para construção mecânica em
engenharia e tecnologia e que são amplamente utilizadas na indústria mecânica para a
fabricação de peças, equipamentos e instalações devido às suas propriedades mecânicas
e propriedades em geral. Entre as razões para tal emprego, estão: a facilidade de se dar
forma aos produtos desses materiais e ao fato dos mesmos conservarem o formato seja
de tubos, perfilados, cantoneiras, vigas e peças em geral e na construção civil em estru-
turas prediais, de galpões, pontes, viadutos e em reforço de pisos industriais e bases para
instalação de máquinas pesadas. Na mobilidade utiliza-se tanto na construção rodoviária

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

quanto na ferroviária e em outros meios de transporte.

A obra se inicia com breves aspectos históricos da siderurgia, passa pelos produtos de
aço e ferro fundido existentes no mercado e suas propriedades e segue pelos processos
de produção passando pela siderurgia integrada até o lingotamento que inclui os altos-
-fornos, Aciarias LD, Lingotamento convencional e lingotamento contínuo, e siderurgia à
base de sucata em fornos elétricos.

Na continuidade a obra passa pela laminação de chapas grossas, laminação de chapas


finas, bobinas, linhas de galvanização e produção de folhas de flandres. Fornos de recozi-
mento e reaquecimento. Produção de perfis: trilhos, vigas em I, vigas em T, cantoneiras,
perfilados em geral. Qualidade, produtividade e produtos em geral.

Outros aspectos importantes nesta obra são: a questão da automação e sistemas inte-
grados computacionais com as informações tramitando pelas redes de computadores
pela nuvem da Internet, a questão dos despachos, embalagem, logística e transportes e a
questão da sustentabilidade.

Os autores agradecem as sugestões e comentários para melhorar a obra e esperam que a


mesma seja útil na formação dos técnicos tão necessários para o País.

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

LISTAS DE FIGURAS
E TABELAS

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: apresenta um exemplo de lingotes de ferro fundido

Figura 2: exemplos ilustrativos de aplicação de peças fabricadas em ferro fundido

Figura 3: representação esquemática de uma escavadeira

Figura 4: representação esquemática de uma pá carregadeira

Figura 5: representação esquemática de uma empilhadeira

Figura 6: representação esquemática de um pórtico (ponte rolante de céu aberto)

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 7: representação esquemática de uma correia transportadora para transporte de


minério

Figura 8: é uma representação esquemática de um britador de mandíbulas típico

Figura 9: visão esquemática de uma panela de gusa

Figura 10: visão esquemática de um carro torpedo típico

Figura 11: visão esquemática de um conversor LD com a lança de oxigênio puro posicio-
nada no momento do sopro

Figura 12: visão esquemática de um equipamento de lingotamento continuo

Figura 13: visão esquemática de um alto forno mostrando suas partes principais

Figura 14: variação da temperatura ao longo da altura do alto forno

Figura 15: visão esquemática de um convertedor LD em corte mostrando suas partes prin-
cipais

Figura 16: exemplos ilustrativos de dois tipos usuais de lingoteiras cônicas, sendo (A) repre-
sentando uma lingoteira com base maior voltada para baixo e (B) uma lingoteira com base
maior voltada para cima

Figura 17: principais partes da instalação de um processo de lingotamento contínuo

Figura 18: representação da variação que ocorre na forma e tamanho dos grãos antes e
após o processo de deformação a quente

Figura 19: Ilustração de um conjunto de cilindros de trabalho e encosto

Figura 20: exemplo de um cilindro mostrando suas partes principais (corpo, pescoço e
trevo)

Figura 21: influência da temperatura de recozimento nas propriedades mecânicas de um


aço no estado “encruado”

Figura 22: ilustração de como se processa o mecanismo de transmissão do calor durante


o processo de recozimento

Figura 23: visão geral de um forno tipo campânula, onde pode-se visualizar o abafador, os
convectores, o termopar e a ventoinha da base

Figura 24: comparação entre os perfis térmicos dos processos de alta convecção (hidro-
gênio puro) e fornos convencionais (atmosfera de HN)

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Figura 25: exemplo típico de uma base de recozimento. São mostrados detalhes do
termopar da base, ventoinha e uma bobina posicionada

Figura 26: modelo ilustrativo de um abafador simples

Figura 27: perfis térmicos em diferentes pontos ao longo das bobinas (carga) durante o
processo de recozimento

Figura 28: visão sucinta de uma linha de recozimento contínuo

Figura 29: visão interna do forno de uma linha de recozimento continuo de chapas finas

Figura 30: representação esquemática de uma cuba eletrolítica mostrando os eletrodos


positivo e negativo e uma fonte de alimentação

Figura 31: tanque de eletrodeposição de uma linha de estanhamento eletrolítico mostrando


as principais partes (tanque, rolos condutores, ponte de anodos e anodos de estanho)

Figura 32: perfil de uma folha estanhada e de uma folha cromada, em corte, mostrando as
camadas formadas em uma de suas superfícies

Figura 33: Fluxo de produçao do produto folha estanhada

Figura 34: representação de três diferentes técnicas de combater a corrosão

Figura 35: ilustração de um pote com o banho de zinco num processo de zincagem por
imersão a quente. Pode-se visualizar o posicionamento do rolo submerso, a navalha de ar
e os eletrodos de aquecimento do banho

Figura 36: amostra de aço revestido com zinco com um risco na superfície (a) e tabela com
potenciais eletroquímicos de alguns elementos químicos (b)

Figura 37: principais tipos de revestimentos de uma linha de zincagem por imersão a
quente (liso, minimizado e cristais normais)

Figura 38: representação de uma operação de corte numa prensa onde pode se visualizar
as laminas e a folga entre elas

Figura 39: detalhes da operação de entalhe

Figura 40: representação esquemática dos detalhes de uma operação de puncionamento

Figura 41: dobra a partir de uma chapa plana

Figura 42: ilustra as tensões que ocorrem durante o processo de trefilação


Figura 43: desenho esquemático de uma fieira

Figura 44: descrição dos símbolos (letra ou número) que compõe a especificação do
eletrodo revestido segundo normas ABNT

LISTA DE TABELAS
Tabela I: comparação entre os fornos de recozimento convencional de tubo radiante e de
chama direta

Tabela II: Exemplos de espessuras de folhas metálicas utilizadas na prática bem como os
valores de massa correspondentes

Tabela III: dureza Superficial Rockwell para as folhas metálicas de simples e dupla-redução

Tabela IV: valores dos limites de escoamento das folhas metálicas de dupla-redução

Tabela V: tipos e valores dos revestimentos (iguais) usuais das folhas metálicas

Tabela VI: tipos e valores dos revestimentos diferenciais das folhas metálicas estanhadas

Tabela VII: valores máximos e mínimos de cromo metálico e óxido de cromo das folhas
cromadas

Tabela VIII: tipos de revestimentos por imersão a quente

Tabela IX: revestimentos aplicados aos produtos Galvanneal

Tabela X: revestimentos aplicados aos produtos Galvalume®

Tabela XI: principais riscos e contramedidas em postos de trabalho da siderurgia


BREVE
CONTEXTUALIZAÇÃO
DA SIDERURGIA

Fala sobre:

_ Introdução

_ Histórico da siderurgia

_ O aço como uma liga Fe-C

_ Utilização do aço nas industrias

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO de modo a ocorrer uma reação química de


redução e se formar o ferro puro junto ao
O aspecto histórico é sempre um incen- local da fogueira.
tivo para as pessoas que se iniciam numa
determinada área. Por meio dele é possível Esse aspecto histórico ocorreu possivel-

ter a noção de onde e como tudo começou, mente nas civilizações antigas, como é o

bem como sua contextualização. Quando caso do Egito e posteriormente a China,

se fala em ferro, pode-se estar referindo onde há milhares de anos atrás já se

ao elemento químico ferro (Fe) ou a um conhecia o ferro. A história da humani-

material que tem como componente prin- dade considera um período como sendo

cipal esse elemento. da Idade do Ferro, quando os povos


produziam ferro para uso na fabricação de
O ferro é um elemento químico de número armas, instrumentos para a lavoura, para
atômico 26 e massa atômica aproxima- instalações de grades, portões, pregos e
damente 56; é um dos elementos mais para a cutelaria.
presentes na crosta terrestre, estando em
quarto lugar entre os mesmos. Às vezes, Com o passar do tempo, foram desco-

ele pode aparecer na forma pura, como bertos processos que podiam acelerar a

por exemplo, nos meteoros que caem fabricação do ferro, dentre os quais, os

na Terra. Já na natureza, normalmente, processos de fabricação com fornos e

ele existe na forma de óxidos. Óxidos sopro de fole, que eram conhecidos como

são compostos químicos formados pela Forja Catalã da Idade Média.

ligação entre o oxigênio e outro elemento,


A ideia do sopro para fazer a redução
em quantidades que permitam certo grau
ganhou força e aumento de produtividade
de estabilidade. Este é o caso do óxido de
com o surgimento dos altos-fornos que
ferro (Fe2O3), que também é conhecido
produzem ferro gusa (ferro com grande
como hematita.
quantidade de carbono sobrenadante,

O óxido de ferro (Fe2O3) pode ser utilizado próximo ao limite de solubilidade). Com

como pigmento de cor vermelha em tintas. o aumento da produtividade possibili-

Existem outros óxidos de ferro com algum tada por esses equipamentos, precisou-se

grau de estabilidade que são: Fe3O4 (que também de processos para transformar

tem os nomes: magnetita, ou oxido de gusa em aço, por meio do sopro e ar.

ferro II e III) e o FeO (óxido de ferro II).


Em princípio, pode parecer estranho que

No início da história dos metais na humani- se retire oxigênio do ferro e depois se faça

dade, quando os homens faziam fogueira o sopro de oxigênio para alcançar o ferro

junto aos locais onde havia o minério de mais purificado que é transformado em

ferro, muitas vezes se juntavam as condi- aço; é uma liga de ferro com carbono, mas

ções de calor, carvão e minério de ferro, com baixíssima quantidade deste elemento
químico. Ocorre que, quando o ferro gusa

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

sai dos altos-fornos com uma quantidade Aços são as ligas ferro-carbono mais
muito elevada de carbono, ele não é utili- conhecidas pelas pessoas, porém existem
zável na maioria das aplicações, pois a gusa outras ligas de ferro como é o caso dos
não conta com as propriedades mecânicas ferros fundidos que possuem porcen-
do aço (limite de resistência à tração, limite tagens de carbono mais elevadas que o
de escoamento, dureza, resistência, traba- aço. Aços, em geral, têm menos que 1%
lhabilidade e estampabilidade) que são de carbono em peso em sua composição
necessárias para a maioria das aplicações. química, ao passo que os ferros fundidos
Torna-se necessário transformar a gusa podem conter até o máximo do limite de
em aço e isso é feito por meio do sopro solubilidade do carbono no ferro, que é de
de oxigênio, que nos primeiros minutos 6,7%. Em geral, os ferros fundidos têm em
queima preferencialmente o carbono e torno de 2% a 5% de carbono dissolvido
não o ferro puro líquido do banho metálico em sua estrutura de material.
da gusa. O processo de sopro é interrom-
É importante salientar que a produção
pido no final, antes que comece a oxidar
mundial de aço bateu novo recorde,
demais o banho. Este processo de sopro,
subindo para mais de 1,6 bilhões de tone-
com alta produtividade, foi desenvolvido
ladas (REUTERS, 2014).
na Alemanha e denominado de Bessemer.

O aço e os ferrosos são os materiais mais


No final da Idade Moderna, surgiu o forno
reciclados do mundo e isso os torna inte-
Bessemer de sopro de ar, por baixo do forno
ressantes, pois, sabe-se que os recursos
com aumento substancial de produção.
existentes no Planeta Terra são limitados
Posteriormente, no século XIX, surgiu o
e que necessitam de sustentabilidade. Este
processo Lintz e Donawitz (LD), no qual se
é um conceito amplo e importante para a
fazia o sopro de oxigênio por meio de uma
sociedade; está relacionada com o próprio
lança que entrava no forno pela parte supe-
futuro da humanidade, podendo ter várias
rior. Este forno passou a se denominar de
dimensões, como é o caso da sustentabili-
conversor ou convertedor LD.
dade financeira, comercial, política, social
Atualmente, existem processos industriais e nas questões ambientais. Há também
que são destinados a retirar o oxigênio dos o desenvolvimento sustentável, que é o
óxidos de ferro. Por meio desses processos processo ou conjunto de ações para se
industriais, pode-se fabricar o aço, que alcançar a sustentabilidade (SACHS, 2000,
é uma liga. Uma mistura de ferro com COUTINHO; SHITSUKA, 2011, BOFF, 2012).
carbono, sendo que este em pequenas
A siderurgia é a fabricação de aço e das
porcentagens, pode afetar bastante as
ligas de ferro. O objetivo do presente capí-
propriedades mecânicas (resistência à
tulo é apresentar aspectos históricos e
tração, limite de resistência, dureza e resis-
cálculos envolvendo porcentagens na side-
tência à fadiga dos aços).
rurgia, para que o leitor tenha noção de

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

como se iniciou a fabricação dos produtos Idade Média, o ferro foi utilizado para as
siderúrgicos, a importância dos mesmos charruas, com relhas de ferro, ferraduras,
no contexto atual e como são trabalhadas grades e armas (MENDES, 2000).
as porcentagens em peso nesse material.
Nos primórdios, os processos de produção
Vale ressaltar que o Brasil é um país com do ferro eram mais simples, com uso de
muito minério de ferro, muitas siderúrgicas carvão e minério, sem a preocupação com
e é um grande produtor de aço e ferro. A rendimentos, com arranjos físicos. O que
produção de aço bruto em nosso País, em importava para os ferreiros era alcançar a
julho de 2014 foi de 19.678t (AÇO BRASIL, fabricação do material que seria transfor-
2014). A produção brasileira de produtos mado em produtos.
siderúrgicos é grande e o País está entre os
Com o passar dos séculos, os fornos
maiores fabricantes do mundo.
foram tomando a forma de reatores mais
eficientes, de alta produtividade, bem como
SIDERURGIA NA surgiu uma grande gama de produtos
HISTÓRIA e materiais que possuíam uma quanti-

A origem da palavra siderurgia vem de dade grande de ligas de ferro com as mais

espaço sideral. Ocorre que cometas, diversas propriedades e que caracterizam

asteroides e fragmentos de material que as siderúrgicas atuais. Surgiram também

vinham do espaço e alcançavam nosso processos térmicos (têmpera, revenimento

planeta normalmente continham o ferro, e recozimento) e mecânicos (processos de

que é um elemento químico muito abun- encruamento, deformação a frio e defor-

dante no Universo. Desta forma, asso- mação a quente) que possibilitaram a alte-

ciou-se, desde a antiguidade, o ferro ao ração das propriedades das ligas de ferro,

espaço sideral. de modo a torná-los mais duros, resis-


tentes (exemplos: tratamento de têmpera,
A história do ferro começou há mais de martêmpera e austêmpera), ou mais macios
3.000 anos atrás, sendo datada de 1.200 e mais maleáveis (exemplos: tratamento de
a.C. Desta forma, essa história é antiga, recozimento e revenimento).
havendo a possibilidade de melhorar e
aperfeiçoar os processos, os reatores e
O AÇO NOS DIAS
as produtividades. Houve um período
ATUAIS
da história humana em que o homem
começou a trabalhar o ferro, no Oriente Aço é uma liga ferro-carbono. Ligas são
Médio, por volta de 1.200 a.C. No Norte da materiais que contém um metal e outro
Europa, o trabalho com o ferro começou elemento que pode ser metal ou não metal.
por volta do ano 700 a.C. Na Península No caso do aço, este é uma liga do metal
Ibérica, esse trabalho começou por volta ferro com o não metal carbono. Entre as
de 1000-900 a.C., graças aos Celtas. Na ligas de ferro, podem existir outras ligas,

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

como: aços inoxidáveis, ou aços inox, que APLICAÇÃO


contém além do ferro, o cromo e o níquel.
Para se ter um aço inox é preciso ter pelo 1 ) Cálculo envolvendo porcentagens de
menos 11% de cromo em peso. elementos de liga em aços

Aços e ferros fundidos são os materiais de As porcentagens nos materiais siderúr-


engenharia e tecnologia mais empregados gicos são em peso, por este motivo se fala
pela indústria mundial. Eles são fabricados num aço ou ferro fundido. Desta forma,
nas siderúrgicas. O aço é usado na fabri- quando se fala num aço com especificação
cação de peças, dispositivos e instalações. Ele americana da Society of Automotive Engi-
conserva a forma depois de moldado, tem neers (SAE), conhecida como SAE 1020,
boa resistência ao desgaste, bom limite de por se aplicar ao aço 1020 (com cerca de
resistência à deformação e, dentre os mate- 0,20% conteúdo de carbono em peso),
riais, é relativamente barato e pode ser fabri- que é definido na norma ABNT NBR 6006
cado com facilidade nas usinas siderúrgicas. (norma de classificação de aço para cons-
trução mecânica, por composição química.
Definição: Aço é uma liga de ferro Esta norma é complementada pela NBR
e carbono contendo até 2,11% em 9608 que é a norma destinada aos aços
peso de carbono. Existem aços ao para construção). Um aço 1020 tem os
carbono e aços liga. seguintes valores aproximados de compo-
sição química (quadro 1).
Os ferros fundidos têm acima de
2,11% de carbono até o limite
de solubilidade de 6,7%, porém
os ferros fundidos comerciais
contam, em geral com até 4,8%
de carbono.

Quadro 2 - Composição química do aço 1020

Valores Referenciais C Mn P máx S máx


Aço 1020 - (%) 0,18 - 0,23 0,30 - 0,60 0,040 0,050

Supondo que a porcentagem do carbono ou seja, 200Kg, que correspondem ao 0,2%


seja um valor médio da faixa da tabela 0,20%, na tonelagem considerada.
pergunta-se: em 100t de aço 1020, qual o
2 ) Cálculo envolvendo composição de
peso de carbono existe inserido no mesmo?
minério de ferro
Res o l ução:
Um lote de minério encomendado à mine-
Em 100 toneladas teremos 0,2t de carbono, radora por uma siderúrgica pede que o

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

minério tenha 70% de hematita e 30% de CONSIDERAÇÕES


magnetita. Pergunta-se: para 50t, quantos FINAIS
quilos de hematita estarão presentes?
Finalizando o presente capítulo, obser-
Res ol ução: va-se as seguintes considerações:

Cada 100t de minério do lote conterá 70t _ O aço e os ferros contam com uma
de hematita e 30t de magnetita. Para 50t, história de mais de 3.000 anos, conside-
tem-se a metade, ou seja, 35t de hematita rando-se desde os primórdios até os dias
e 15t de magnetita. Logo, teremos 35t de atuais.
hematita presentes.
_ Os produtos siderúrgicos são materiais
3) Produção estimada de aço importantes para os técnicos, tecnólogos,
para engenharia e para a construção de
Considerando-se a produção de aço do
máquinas e instalações. Além disso, o
mês de julho de 2014 que foi de 19.678t.
material mais reciclado do mundo, com
Caso todo mês se produzisse a mesma
quantidades superiores ao do alumínio e
quantidade de aço (fato que não é real pois
outros metais está nos produtos siderúr-
há vários fatores intervenientes, como é o
gicos.
caso do mês de fevereiro que tem menos
dias e há meses em que há uma demanda _ O Brasil está entre os maiores produ-
sazonal maior ou menor), ao longo do ano tores de produtos siderúrgicos do mundo.
de 2014, quanto se esperaria que fosse a
produção prevista? _ Os cálculos em siderurgia são relativa-
mente simples, em geral envolvendo regra
Res ol ução: de três, porcentagens de rendimento,
porcentagens de conteúdo, peso e cálculos
Considerando-se que um ano tem 12
estequiométricos simples de reações
meses e que no mês de julho a produção
químicas.
foi de 19.678t, desprezando-se os fatores
de meses com menos dias, como é o caso _ Existem normas como é o caso da ABNT
do mês de fevereiro, e da questão da sazo- NBR 6006 que tratam da classificação dos
nalidade, teremos um cálculo simplificado aços.
(observe que pode não ser um cálculo real,
mas somente teórico).
DICAS PARA OS
Peso ou tonelagem esperada para o ano ENGENHEIROS,
de 2014 = 12 x 19.678 = 236.136t, ou seja, TECNÓLOGOS, TÉCNICOS E
mais de duzentas mil de toneladas. PESSOAL DE OPERAÇÃO

_ É importante que tenha em mente a


questão da segurança, pois ferros e aço

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Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

são produzidos à alta temperatura e seus cado em agosto de 2014. Disponível em:
respingos podem causar ferimentos. É <http://www.acobrasil.org.br/site/portu-
preciso trabalhar em locais protegidos e gues/numeros/estatisticas.asp>. Acesso
seguros e com todos os Equipamentos em: 27 ago. 2014.
de Proteção Individual (EPI) que possuam
[2]. BOFF, Leonardo. Sutentabilidade.
qualidade e resistência compatível com os
Petrópolis: Vozes, 2012.
riscos existentes em cada local de trabalho.

[ 3] . CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros


_ Outro aspecto importante é que o enge-
fundidos. São Paulo: ABM, 2005.
nheiro, o tecnólogo ou técnico e os opera-
dores têm que conhecer bem os processos, [ 4] . COLPAERT, Humbertus. Metalografia
seus equipamentos e instalações, os dos produtos siderúrgicos comuns. São
procedimentos da sua área de trabalho, Paulo: Hemus, 2010.
a forma correta de realizar o trabalho,
a forma de obter produtividade e quali- [ 5] . COUTINHO, Eduardo; SHITSUKA,
dade com segurança, as formas de ação Ricardo. Avaliação das noções de susten-
para os casos de emergência, o trabalho tabilidade em três cursos de engenharia.
conjunto em equipe sem falhas, os riscos Enciclopédia Biosfera, Centro Científico
que existem em suas áreas de trabalho e Conhecer - Goiânia, v.7, n.13; p. 1084-1092.
como lidar com eles, bem como possuam a 2011.
sensibilidade em reconhecer as diferenças
[ 6 ] . MENDES, José A. O ferro na história:
entre os materiais. Por exemplo, por meio
das artes mecânicas às belas artes. Gestão
da cor dos materiais, da cor e tempera-
e Desenvolvimento, n. 9, p. 301-318, 2000.
tura dos equipamentos, dos ruídos dos
equipamentos é importante que se tenha [ 7] . REUTERS. Produção mundial de
uma ideia do que está acontecendo para aço bate recorde em 2013 impulsionada
prevenir dissabores. por China. Publicado no website Reuters
Brasil em quinta-feira, 23 de janeiro de
_ Um exemplo de sensibilidade é: quanto
2014 09:54 BRS. Disponível em: <http://
mais carbono tem uma liga de ferro encos-
br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE-
tando no disco do esmeril em funciona-
A0S3LD20140123>. Acesso em: 26 ago.
mento, maior será a quantidade de fagu-
2014.
lhas que surgem, com isso é possível ter
uma ideia da qualidade do material que [ 8] . SACHS, I. Caminhos para o desenvol-
está sendo produzido. vimento sustentável. Rio de Janeiro: Gara-
mond, 2000.
REFERÊNCIAS
[ 9 ] . SILVA, José N. S. Siderurgia / José
[1 ]. AÇO BRASIL. Estatísticas. (Antigo Insti- Nazareno Santos Silva – Belém: IFPA: Santa
tuto Brasileiro de Siderurgia – IBS). Publi- Maria: UFSM, 2011.

19
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS dade muito grande de fagulhas o que indi-


cava uma quantidade grande de carbono.
1 . De onde vem o nome siderurgia e a que A análise química qualitativa por espectro-
materiais se aplicam? metria, que foi feita rapidamente, revelou
que o material continha 3% de C, 1% de Si,
2. O que é um ferro fundido e o que é um
< 1% de Mn e < 0,2% de S. Diante das infor-
aço?
mações, pergunta-se que tipo de aço é o
3. Por que os aços são materiais impor- mesmo?
tantes para a sociedade?
8. Considerando-se um aço SAE 1045,
4 . Numa mineradora de minério de ferro, o para uma quantidade de 100t de aço,
transporte do mesmo é realizado por meio quantos quilos de carbono estão contidos
de vagões ferroviários. Se cada vagão pode no mesmo?
transportar em média 80t de minério, uma
9. Num aço inox com 20% de cromo e
composição com 100 vagões transportará
10% de níquel, pergunta-se qual o peso do
quantas toneladas de minério?
cromo e níquel juntos em cada 100t deste
5 . A usina está com um pedido de um lote aço?
de minério que tenha 60% de hematita,
1 0. O aço é um material 100% reciclável.
30% de magnetita e 10% de óxido de ferro
Se tivermos 30t de latas de aço, quantas
II. Esse conjunto deve ser misturado e
toneladas podemos reciclar?
enviado em contêineres de 100 t. Pergun-
ta-se: Para se obter a composição mencio-
nada de minério, cada contêiner deve ter
quantas toneladas de oxido de ferro III,
quantas de oxido de oxido de ferro II e III, e
quantas de oxido de ferro II.

6 . Uma indústria de tintas precisa de


pigmentos da cor vermelha e pede que
você indique o nome do pigmento obtido
na indústria siderúrgica. Qual minério você
recomendaria?

7. Quando o técnico recebeu uma amostra


de material metálico, verificou-se que era
material magnético para o imã e supôs
que era uma liga de ferro. Os clientes
perguntam insistentemente, qual o tipo
de aço é aquele. Colocando a amostra no
esmeril, verificou que veio uma quanti-

20
PRODUTOS DE
AÇO, MERCADO E
PROPRIEDADES

Fala sobre:

_ Introdução

_ Desenvolvimento

_ Tipos de produtos

_ Dicas sobre os produtos


. Qualidade
. Produtividade
. Custo
. Pós Venda

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO
O aço é um produto de extrema impor- Os aços diferenciam-se entre si pela forma,
tância na dinâmica da atividade humana, tamanho e uniformidade dos grãos que o
assumindo papel determinante no funcio- compõem e, é claro, por sua composição
namento da economia, sobretudo por química. Esta pode ser alterada em função
figurar como um elemento essencial para do interesse de sua aplicação final, obten-
o perfeito encadeamento de diversas do-se, através da adição de determinados
cadeias produtivas. É um produto indis- elementos químicos, aços com diferentes
pensável para o desenvolvimento econô- graus de resistência mecânica, soldabili-
mico dos países. dade, ductilidade, resistência à corrosão,
entre outros.
Existe, no mercado, um número muito
grande de formas e tipos de produtos de De maneira geral, os aços possuem exce-
aço. A grande variedade dos aços dispo- lentes propriedades mecânicas, resistem
níveis no mercado deve-se ao fato de que bem à tração, à compressão e à flexão.
cada uma de suas aplicações demanda Como é um material homogêneo, pode ser
alterações na sua composição e forma laminado, forjado, estampado, trefilado e
dos produtos a serem empregados para estirado. Suas propriedades podem ainda
fabricação de instalações, equipamentos, ser modificadas por tratamentos térmicos
máquinas e peças. ou químicos.

No que diz respeito à sustentabilidade, o As propriedades do aço são de funda-


setor siderúrgico aderiu aos princípios e mental importância, especificamente
valores do desenvolvimento sustentável, no campo de estruturas metálicas, cujo
buscando sempre o uso mais racional dos projeto e execução nelas se baseiam. Tal
recursos naturais e insumos, além de adotar relevância não é exclusiva dos aços, mas,
tecnologias que permitam reduzir seus de forma semelhante, aplica-se a todos
impactos sobre o meio ambiente. O aço é um os metais. Um exemplo da aplicabilidade
produto totalmente reciclável e movimenta das propriedades do aço é o teste de resis-
a economia em todos os seus estágios. tência: ao submeter uma barra metálica
a um esforço de tração crescente, ela irá
O setor da construção civil é um dos prin-
apresentar uma deformação progressiva
cipais setores da economia brasileira,
de extensão, ou seja, um aumento de
gerando renda e emprego para a popu-
comprimento.
lação. Como esse setor, o comércio de
produtos de aço para construção civil As características dos aços podem ser
apresenta uma intensa relação com o avaliadas pelas propriedades a seguir:
desenvolvimento do país por ser um dos
A elasticidade é a propriedade do metal de
principais insumos.
retornar à forma original, uma vez remo-

22
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

vida a força externa atuante. Deste modo, se deformar sob a ação de cargas antes de
a deformação segue a Lei de Hooke, sendo se romper. Essa propriedade é de grande
proporcional ao esforço aplicado: importância, visto que tais deformações
constituem um aviso prévio à ruptura final
T = µ . E
do material, o que previne acidentes em

onde: uma construção, por exemplo.

T = tensão aplicada Por fim, temos a dureza, que é a resis-


tência ao risco ou abrasão, ou seja, a resis-
µ = deformação tência que a superfície do material oferece
à penetração de um material dotado de
E = módulo de elasticidade do material –
maior dureza. Sua análise é de funda-
módulo de Young.
mental importância nas operações de
O maior valor de tensão, para o qual estampagem de chapas de aços.
vale a Lei de Hooke, denomina-se limite
de proporcionalidade. Ao ultrapassar FATORES QUE AFETAM
este limite, surge a fase plástica, em que AS PROPRIEDADES
ocorrem deformações crescentes, mesmo MECÂNICAS DO AÇO
sem a variação da tensão. Esse processo é
o denominado patamar de escoamento. Os principais fatores que afetam os valores
medidos das propriedades mecânicas são:
Alguns materiais – como o ferro fundido a composição química, o histórico termo-
ou o aço liga tratado termicamente – não mecânico do material, a geometria e a
deformam plasticamente antes da ruptura, temperatura.
sendo considerados materiais frágeis (isto
é, que quebram de modo semelhante Dentre esses fatores, o mais importante

ao vidro, sem se deformarem antes da na determinação das propriedades de um

quebra). Estes materiais não apresentam o certo tipo de aço é a composição química.

patamar de escoamento.
Nos aços carbono comuns, os elementos

A plasticidade é a propriedade inversa à da carbono e manganês têm influência no

elasticidade, ou seja, o material não volta à controle da resistência, ductilidade e na

sua forma inicial após a remoção da carga facilidade de passar pelo processo de

externa, obtendo-se deformações perma- soldagem, ou seja, a soldabilidade.

nentes. A deformação plástica altera a


O carbono aumenta a dureza e a resistência,
estrutura de um metal, aumentando sua
mas, por outro lado, afeta a ductilidade e a
dureza. Este fenômeno é denominado
soldabilidade. Assim, pequenas quantidades
endurecimento pela deformação a frio ou
de outros elementos de liga são adicio-
“encruamento”.
nados ao aço com a finalidade de melhoria

A ductilidade é a capacidade do material de das propriedades do material, obtendo

23
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

o máximo em propriedades de uma liga 3) Aços para construção mecânica


contendo um baixo teor de carbono.
São aços ao carbono e de baixa liga para
O histórico termomecânico do aço inclui a forjaria, rolamentos, molas, eixos, peças
carga de deformação no laminador (que usinadas, dentre outros.
leva à redução da seção), velocidade de
4) Aços ferramenta
resfriamento e das temperaturas de acaba-
mento do processo de laminação a quente. São aços de alto carbono ou de alta liga,
Estas variáveis influenciam profundamente destinados à fabricação de ferramentas e
as propriedades mecânicas dos aços. matrizes para trabalho a quente e a frio,
inclusive aços rápidos.
TIPOS DE AÇOS E
Quanto à forma geométrica, os aços podem
PRODUTOS
ser classificados nas seguintes categorias:
Quanto ao tipo, existe um número muito
1 ) Semi-acabados
grande de formas e tipos de produtos de
aço. A grande variedade dos aços disponí- São produtos oriundos de processo de
veis no mercado deve-se ao fato de cada lingotamento contínuo ou de laminação de
uma de suas aplicações demandar altera- desbaste, destinados a posterior proces-
ções em sua composição e na sua forma. samento de laminação ou forjamento a
quente. São eles: placas, blocos, tarugos.
Em relação à composição química, ao proces-
samento, controles e ensaios (visando 2 ) Produtos Planos
atender especificações dos clientes), além
de sua utilização final, os aços podem ser São produtos siderúrgicos, resultado de
classificados da seguinte forma: processo de laminação, cuja largura é
extremamente superior a espessura (L
1 ) Aços carbono >>>E) e são comercializados na forma de
chapas e bobinas de aços carbono e espe-
São aços ao carbono, ou com baixo teor de
ciais.
liga, de composição química definida em
faixas amplas. 3) Não-revestidos

2) Aços ligados/especiais Bobinas e chapas grossas do laminador


de tiras a quente (5mm < E > 12,7mm);
São aços ligados ou de alto carbono, de
bobinas e chapas grossas do laminador
composição química definida em estreitas
de chapas grossas (E > 12,7 mm); bobinas
faixas para todos os elementos e especifi-
e chapas finas laminadas a quente (BQ/
cações rígidas.
CFQ); bobinas e chapas finas laminadas a
frio (BF/CFF).

24
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

4 ) Revestidos barras em aços ferramenta; barras em


aços inoxidáveis e para válvulas; tubos
Bobinas e chapas finas revestidas; folhas
sem costura; trefilados.
metálicas, revestidas, para embalagem
(folhas estanhadas e folhas cromadas);
bobinas e chapas eletro-galvanizadas (EG
APLICAÇÕES
- Electrolytic Galvanized); bobinas e chapas 1 ) Utilidades Domésticas
zincadas a quente (HDG - Hot Dipped Galva-
nized); bobinas e chapas de ligas alumínio- O aço é empregado nos restaurantes,
-zinco; bobinas e chapas pré-pintadas. cozinhas industriais, hospitais, laborató-
rios, empresas em geral e nas casas das
5 ) Aço elétrico pessoas. Possuem a resistência necessária
para os mais variados usos em forma de
Bobinas e chapas em aços ao silício (chapas
utensílios domésticos. Entre as proprie-
elétricas).
dades do aço estão a resistência a baixas e
6 ) Aço inoxidável altas temperaturas, superfície que evita o
acúmulo de resíduos, composição química
Bobinas e chapas em aços inoxidáveis;
que o impede descascar, longa durabili-
bobinas e chapas em aços ao alto carbono
dade e baixo custo de manutenção.
(C >= 0,50%) e em outros aços ligados.
2 ) Transporte
7) Produtos Longos
O aço está presente nos carros, caminhões,
São produtos siderúrgicos, resultado
ônibus, trens, metrôs, navios, bicicletas e
de processo de laminação, cujas seções
motocicletas. Dessa forma, afirma-se que
transversais têm formato poligonal e seu
o aço transporta a população, interliga
comprimento é extremamente superior
cidades e conduz as cargas, distribuindo
à maior dimensão da seção, sendo ofer-
riquezas e espalhando progresso.
tados em aços carbono e especiais.
3) Construção civil
Em aços carbono
Largamente usado na construção civil, o
Perfis leves (h < 80 mm); perfis médios (80
aço pode estar presente como parte das
mm < h <= 150 mm); perfis pesados (h > 150
obras ou como material principal.
mm); vergalhões; fio-máquina (principal-
mente para arames); barras (qualidade cons- O sistema construtivo em aço permite
trução civil); tubos sem costura; trefilados. liberdade no projeto de arquitetura, maior
área útil, flexibilidade, compatibilidade
Em aços ligados / especiais
com outros materiais, menor prazo de

Fio-máquina (para parafusos e outros); execução, racionalização de materiais e

barras em aços construção mecânica; mão-de-obra, alívio de carga nas funda-


ções, garantia de qualidade, maior orga-

25
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

nização nos canteiros de obras e precisão DICAS PARA OS


construtiva. ENGENHEIROS,
TECNÓLOGOS, TÉCNICOS E
4 ) Embalagens e recipientes
PESSOAL DE OPERAÇÃO
As embalagens de aço são usadas pela
Todo produto é fabricado para atender
indústria em geral, sendo importantes na
algum cliente. Esta é a razão de todo
conservação e transporte de alimentos,
trabalho realizado e é quem paga pelos
produtos químicos, agrícolas, tintas, gases
produtos e serviços. Clientes precisam ser
de cozinha e industriais; são produtos feitos
bem atendidos em suas exigências de:
em aço baixo carbono, laminados e reves-
quantidade de material, qualidade, preço,
tidos com estanho ou cromo metálico.
condições de entrega, condições de paga-
Especialmente em relação aos alimentos, mento, pós-venda etc. A empresa e seus
o aço evita a contaminação, assegurando funcionários devem se organizar para
a sua qualidade. Além disso, é 100% reci- alcançar os objetivos que garantirão a
clável. continuidade dos trabalhos, dos salários, da
saúde, da vida e enfim da sustentabilidade.
5 ) Energia

O aço é usado em hidrelétricas, termelé- REFERÊNCIAS


tricas e nucleares, torres de transmissão,
[ 1 ] . ASHBY, M. F.; JONES, D. R. H. Engine-
transformadores, cabos elétricos, plata-
ering materials: an introduction to their
formas, tubulações, equipamentos de pros-
properties & applications. London: Butte-
pecção e extração de petróleo, assim como
rworth Heinemann, 2001.
em perfuratrizes, esteiras e caçambas das
minas de carvão. Pelos motivos expostos, o [ 2 ] . CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros
aço é, portanto, fundamental na produção fundidos. São Paulo: ABM, 2005.
e distribuição de energia no País.
[ 3] . CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia
6 ) Agricultura mecânica: estrutura e propriedades das
ligas metálicas. São Paulo: McGraw-Hill,
A eficiência do setor agrícola está direta-
1986.
mente ligada ao consumo de aço. A terra
é preparada com arados, semeada e [ 4] . PARANHUS FILHO, Moacyr. Gestão da
cercada usando equipamentos que levam produção industrial. Curitiba: IBPEX, 2007.
aço. Na hora da colheita, com as ceifa-
deiras e colheitadeiras, assim como na
armazenagem em silos e graneleiros, o aço
também está presente, permitindo que os
alimentos cheguem ao mercado.

26
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . Através de quais processos pode-se
alterar as propriedades mecânicas de um
determinado aço?

2. Quais são os testes utilizados para


medir a resistência mecânica dos aços?

3. Dê exemplos de pelo menos três


produtos de aço revestido.

4 . A família de aços rápidos está enqua-


drada em qual tipo de aço?

5. Quanto à forma geométrica, os aços


podem ser classificados em quais catego-
rias?

6 . Comente sobre as embalagens de aço


utilizadas na indústria.

7. Que relação pode existir entre a agricul-


tura e a indústria do aço?

8. Que relação pode existir entre a indús-


tria do aço e a energia?

9. Que relação pode existir entre a indús-


tria do aço e a construção civil?

1 0. Que relação pode existir entre a indús-


tria do aço e o transporte?

27
PRODUTOS DE
FERRO FUNDIDO,
MERCADO E
PROPRIEDADES

Fala sobre:

_ Introdução

_ Desenvolvimento

_ Tipos de produtos
. Qualidade
. Preço
. Prazo de entrega
. Pós Venda

_ Principais variáveis no processo

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO Era preciso vencer a fragilidade em muitas


aplicações e com essa finalidade, desenvol-
O ferro é um elemento químico abundante veu-se o tratamento térmico de maleabili-
no Universo e no núcleo do Planeta Terra. zação que faz com que um ferro fundido
Um ferro fundido é uma liga de ferro com branco adquira um pouco de maleabilidade.
composição próxima àquela do eutético Esse tratamento térmico ocorre em fornos
ferro-carbono (COLPAERT, 2008). com temperatura entre 900°C a 1000oC
durante várias horas. O material passa
Ferros fundidos são ligas de ferro que têm
pelos chamados “ciclos de maleabilização”
muita aplicação industrial. A maior parte
nos quais se procuram obter estruturas de
das máquinas têm sua base e corpo fabri-
material mais dúteis (CHIAVERINI, 2008).
cados em ferro fundido.
Para funcionar como base de máquinas,
Os ferros fundidos são muito empre-
desenvolveu-se a forma de deposição de
gados na fabricação de componentes de
grafite no interior do ferro fundido que
máquinas e instalações. Em virtude de sua
melhora a resistência ao impacto, crian-
composição, eles quase não apresentam
do-se os ferros fundidos cinzentos com
ductilidade (ou essa é muito pequena) e
veios de grafite. Para servir como blocos
o material torna-se frágil de modo seme-
de motores autolubrificantes, criaram-se
lhante ao vidro, que não se deforma e com
os ferros fundidos nodulares, que contêm
tensões elevadas pode quebrar de vez em
nódulos de grafite que atuam como lubri-
muitos pedaços.
ficantes evitando o desgaste prematuro
Dutilidade é a propriedade do material que do material. Os tipos de ferro fundido
faz com que ele não se rompa de modo (normalmente abrevia-se como “fofo”).
frágil, mas sim que absorva os impactos.
A figura 1 apresenta um exemplo de
O objetivo do presente capítulo é apre- lingotes de ferro fundido.
sentar alguns tipos de ferro fundido empre-
gados no mercado e suas características.

Figura 1 - apresenta um exemplo de lingotes de ferro fundido

Fonte: autores

29
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Um lingote é uma forma de solidificação carboneto (Fe3C).


de um material metálico. Nesta forma ele
3) Ferro fundido maleável - É fabricado a
pode ser armazenado, empilhado, trans-
partir do ferro fundido branco, por meio da
portado e refundido posteriormente para
aplicação de um tratamento térmico espe-
a fabricação das peças finais.
cial denominado “tratamento de maleabi-
O aspecto da fratura dos ferros fundidos lização” que faz com que o material fique
leva a sua denominação: com a característica de boa dutibilidade, por
isso a denominação de ferro fundido dúctil.
1 ) Ferro fundido cinzento - É um material
cuja aparência na fratura de cor acinzen- 4) Ferro fundido nodular - Resulta de
tada; apresenta carbono livre na forma de um tratamento que é realizado quando
grafite lamelar e parte de carbono combi- o material está em fabricação e ainda no
nado como carboneto de ferro (Fe3C). estado líquido. O carbono livre vai se preci-
pitar na forma de grafita esferoidal. Estes
2) Ferro fundido branco - Nesse mate-
são os chamados “nódulos de grafita” e
rial, a fratura apresenta uma cor clara e
facilitam a lubrificação durante o uso, por
os elementos de liga fundamentais são
exemplo, em blocos de motores.
o carbono e o silício. Na estrutura, por
terem menor teor de silício, apresentam O Quadro 2 apresenta a composição
o carbono quase inteiramente na forma química de alguns dos tipos de ferro
combinada com o carbono na forma de fundidos mais comuns.

Quadro 2 - ferros fundidos mais comuns


C Si Mn S P
Cinzento 2,5-4,0 1,0-3,0 0,25-1,0 0,02-0,25 0,05-1,0

Branco 1,8-3,6 0,5-1,9 0,25-0,80 0,06-0,20 0,06-0,18

Maleável 2,0-2,6 1,1-1,6 0,20-1,0 0,04-0,18 0,18 máx.

Dúctil 3,0-4,0 1,8-2,8 0,10-1,0 0,03 máx. 0,10 máx.

No quadro 2 pode-se verificar que as APLICAÇÃO


composições dos ferros fundidos mais
comuns, são diferentes conforme os Os ferros fundidos têm muita aplicação em
respectivos tipos e associados às formas válvulas, engrenagens, buchas, flanges, luvas,
ou processos de fabricação. Em termos cotovelos e vários componentes mecânicos.
comparativos, pode-se alcançar as proprie-
Muitas vezes, há substituição de peças de
dades necessárias aos materiais.
aço ou alumínio por peças de ferro fundido
A produção mundial de ferros fundidos com vantagens de custos.
tem aumentado e praticamente duplicou
Em geral, os ferros fundidos têm pontos
na última década (VILELA, 2010).
de fusão bem menores que os aços, o

30
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

que leva a economia de energia na fabri- Os ferros fundidos são materiais muitos
cação. Muitos possuem mais resistência ao empregados nas indústrias para a fabri-
desgaste e peso menor que os aços, outros cação de peças diversas.
possuem mais usinabilidade, facilidade
A figura 2 apresenta exemplos ilustrativos
para serem torneados, furados, frezados
de aplicação de peças fabricadas em ferro
etc., de modo a facilitar a fabricação de
fundido.
peças com uso deste tipo de material.

Figura 2 - exemplos ilustrativos de aplicação de peças fabricadas em ferro fundido

Fonte: autores

CONSIDERAÇÕES Durante certo período, as oficinas de

FINAIS reparo das ferrovias e os estaleiros navais


tinham as oficinas metalúrgicas mais equi-
A indústria de ferros é uma das mais prós- padas do país (BETHELL, 2002).
peras, pois a sociedade necessita de mate-
riais que atendam aos seus requisitos de As ligas de ferro podem ser: aço ou ferros

durabilidade, conformabilidade, dureza, fundidos, enquanto que os ferros fundidos

resistência, beleza, custo etc. Nestes podem ser: branco, mesclado, cinzento,

quesitos, os ferros fundidos, dependendo nodular, vermicular e maleável.

do seu tipo, podem atender a uma gama


grande de produtos, conforme critérios DICAS PARA OS
exigidos, e por este motivo esses materiais ENGENHEIROS,
continuam sendo muito empregados. É TECNÓLOGOS, TÉCNICOS E
comum se encontrar novas aplicações para PESSOAL DE OPERAÇÃO
os materiais. No contexto mencionado, as
_ Os ferros fundidos podem ser fabri-
siderúrgicas que produzem os materiais
cados em fornos elétricos, de queima de
de ferro fundido têm um destaque em
óleo, a gás ou até mesmo nos fornos tipo
nível mundial.
cubilot, que recebem carga de sucata de
Os portugueses trouxeram para o Brasil aço e carvão. As propriedades do aço,
a fundição de ferro a partir do século VII. que variam com o teor de carbono não

31
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

se aplicam no caso dos ferros fundidos. FUNDIDOS2.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2015.
Desta forma, mesmo que varie o teor de
[ 3] . CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros
carbono, não variará a propriedade mecâ-
fundidos: características gerais, trata-
nica da ductilidade. Enquanto os aços se
mentos térmicos, principais tipos. 7.ed.
fundem à temperaturas em geral acima
São Paulo: Associação Brasileira de Meta-
de 1550ºC (no caso dos ferros fundidos), a
lurgia e Materiais, 2008.
maioria se funde a temperaturas em torno
de 1300ºC e, desta forma, é possível se ter [ 4] . COLPAERT, Humbertus. Metalografia
alguma economia de energia. dos produtos siderúrgicos comuns. 4.ed.
São Paulo: Edgard Blucher, 2008.
_ Normalmente, a indústria utiliza muitas
peças de ferro fundidas nas máquinas [ 5] . VILELA, Fernando J. Efeito de algumas
e a fabricação ocorre nas fundições. variáveis de processo na obtenção do ferro
Um exemplo disso ocorre na base das fundido nodular ferrítico no estado bruto
máquinas, que geralmente é de ferro de fundição. Dissertação (Mestrado) CEUN,
fundido. Nas fábricas de autopeças EEN, 2010.
também há um grande emprego desse
tipo de material.
BIBLIOGRAFIA
Ob s ervação
CONSULTADA
O eutético é uma palavra que TUPY. Perguntas frequentes sobre o fofo.
se aplica às ligas metálicas e se Disponível em: <http://www.tupy.com.br/
refere especificamente, à liga que imagens/promocional /folders/Perguntas-
para uma determinada compo- MaisFrequentesSobreFUCO.pdf>. Acesso
sição química tem o menor ponto em: 16 jan. 2015.
de fusão, ou seja, a menor tempe-
ratura na qual a liga se derrete.

REFERÊNCIAS
[1 ]. BETHELL, Leslie. História da América
Latina. vol. 5: de 1870 a 1930. Trad. de
Geraldo Gerson de Souza. São Paulo:
Edusp; Imprensa Oficial de SP; Brasília, DF:
Funag, 2002.

[2]. CANALE, Laurice. Ferros fundidos.


Disponível em: <http://disciplinas.stoa.
usp.br/pluginfile.php/91152/mod_
resource/content/1/Aula_6_FERROS%20

32
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS faz com que o material fique com a carac-


terística de boa ductibilidade. A denomi-
1 . Um técnico recebeu um lote de milhares nação frequente para esse material é ferro
de peças fabricadas recentemente. O fundido dúctil. Que tratamento térmico é
material foi identificado como sendo um realizado neste ferro fundido branco?
ferro fundido. A análise química revelou a
seguinte composição química: 4% C, 3% Si, 6 . Muitos diagramas de ligas metálicas

1% Mn, 0,25% S e 1,0% P. Qual seria o tipo apresentam pontos nos gráficos de tempe-

de ferro fundido recomendado? ratura em função da composição química,


onde existe a menor temperatura de fusão.
2. Um operador de forno de uma fundição Em outras palavras, o conceito se aplica
vai ligar um forno para fundir ferro fundido às ligas metálicas e se refere especifica-
e pede que você especifique a temperatura mente à liga que para uma determinada
que ele deve regular o forno para que fique composição química tem o menor ponto
horas em aquecimento e quando alcançar a de fusão, ou seja, a menor temperatura na
temperatura possa se fundir. Pergunta-se, qual a liga se derrete. Como se denomina
considerando-se 50 graus centígrados o conceito em foco referente a essa menor
acima da temperatura de fusão comum temperatura de ponto de fusão?
para um ferro fundido que será vazado
imediatamente em moldes de areia, qual 7. Os ferros fundidos são ligas metá-

seria a temperatura recomendada? licas que contêm principalmente ferro e


carbono. Nestas ligas, qual a faixa de teor
3. O que é um forno cubilot? Qual a sua de carbono em porcentagem normal?
carga? Onde é utilizado?
8. Qual processo de fabricação seria a
4 . O material ferro fundido que resulta de melhor indicação para um ferro fundido
um tratamento que é realizado quando cinzento?
o material está em fabricação e ainda no
estado líquido, no qual o carbono livre vai 9. Um motor de veículo feito em bloco de

se precipitar na forma de grafita esferoidal alumínio teria uma duração de uso menor

é bastante empregado em aplicações que que aquela que pode ter quando na sua

se necessita de autolubrificação. Este é o parte interna entram os pistões. Eles são

caso dos blocos de motores que podiam revestidos por camisas de material espe-

funcionar durante anos, rodando centenas cial e os pistões recebem anéis de mate-

de milhares de quilômetros sem necessitar rial também especial. Assim, ocorrerá o

de retífica. Como é denominado este tipo de deslizamento destes anéis no interior das

ferro fundido que contém, disperso no seu camisas. Qual é o melhor material para os

interior, as pequenas bolinhas de grafita? anéis de segmento?

5 . Existe um tratamento térmico especial 1 0. Uma máquina pesada e grande, como

no qual, a partir do ferro fundido branco, se é o caso de uma fresa, de um torno ou

33
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

mesmo de uma máquina de estampagem,


tem que ter um corpo que absorva as oscila-
ções e impactos. Geralmente estes corpos
de máquina são fabricados num material
barato, que seja de fácil fabricação e tenha
as propriedades para resistir às condições
mencionadas. Qual é o material mais indi-
cado para fazer a base ou corpo desse tipo
de máquina?

34
PROCESSOS
SIDERÚRGICOS A
PARTIR DE REDUÇÃO
DIRETA DE MINÉRIO

Fala sobre:

_ Introdução

_ Aplicação

_ Desenvolvimento

_ Processos de redução direta

_ Dicas sobre produtos


. Qualidade
. Produtividade
. Custo
. Pós Venda

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO região das “ventaneiras” dos altos-fornos.


Desta forma, nesses processos, não ocorre
A redução direta de minério de ferro é uma fusão do material processado. Existem dois
forma de obter o ferro a partir do contato processos distintos: a redução direta e a
direto do minério com o gás CO (monóxido indireta do minério de ferro (SILVA, 2010).
de carbono), que é extremamente redutor.
Esse processo é feito em fornos reatores, A fabricação de ferro tem, nos processos

em temperaturas não tão elevadas quando de redução direta e indireta, formas de

aquelas dos altos-fornos (que funciona em economizar energia térmica e trabalhar

processo contínuo de carregamento de quantidades menores de material em

minérios, redução e, periodicamente, há relação aos processos de alto-forno. Nos

o vazamento da corrida pela parte inferior processos, inicialmente faz-se a produção

do forno) e a produção é bem menor no do gás monóxido de carbono (CO), que é

caso dos processos de redução direta, por um gás muito reativo e que tem avidez por

não se tratar de processo contínuo. oxigênio. A seguir, ocorre a reação do gás


com o minério promovendo a redução.
A produção de “ferro esponja” (ferro
contendo porosidade), por processos mais
PROCESSOS DE
econômicos, ocorre na redução direta, na
REDUÇÃO DIRETA MAIS
qual não há fusão na obtenção do ferro.
CONHECIDOS
Este será utilizado posteriormente, por
exemplo, na fusão em fornos elétricos Processos são conjuntos de atividades
para fabricação de aços ou de outros trabalhos que visam a algum tipo de trans-
produtos e ocorrerá um gasto maior da formação. Entre processos de redução
energia elétrica. Desta forma, pode-se direta mais utilizados estão: Midrex, SL-RN,
ter processos mais “limpos”, com menos HyL (Hayata y Lâmina) do México, e Purofer
efeitos ambientais que nos processos e Tecnored.
contínuos de produção de gusa líquido em
Os processos Midrex (canadense) e HyL
altos-fornos (AF).
(mexicano) fazem a redução em forno
O objetivo deste capítulo é apresentar reator vertical onde, a partir da mistura
a redução direta, os processos e equi- do gás redutor, que entra pela parte infe-
pamentos relacionados com tal prática, rior do forno e sai em uma região mais
discutindo vantagens e desvantagens. elevada, a carga é realizada pelo topo. O
leito de resfriamento se localiza na parte
Os processos de redução direta de minério
inferior. O tempo de permanência da
de ferro têm o objetivo de obter ferro a
carga de pelota, ou minério, é de 6h. A
partir do minério (principalmente hematita
reação de redução ocorre no forno reator,
e magnetita). Eles ocorrem em tempera-
numa faixa em torno de 760oC (INFOMET,
turas elevadas, porém menores que a da
2015). As temperaturas de redução são

36
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

bem menores que aquelas encontradas No caso do processo SL/RN, utiliza-se um


nos altos-fornos. Para a produção do gás forno rotativo com um grau de inclinação
redutor, é necessário que exista uma insta- para que a carga caminhe no forno. A
lação, onde se realizará uma mistura de produção de ferro esponja ocorre por
carvão com vapor de água. meio de reações entre o minério e o gás em
contracorrente no forno. Em relação aos
Segundo Noldin Júnior (2002), o Tecnored
processos de redução direta de minério
é um processo brasileiro, que tem como
de ferro, afirma-se que estes respondem
principal inventor o engenheiro Marcos de
por cerca de 26% da produção total por
Albuquerque Contrucci, ex-professor do
redução direta no mundo (ERWIN; PISTÓ-
DCMM /PUC-RJ. O processo funciona com
RIUS, 2012).
pelotas autorredutoras. O forno é baixo,
vertical, compacto e de baixo custo. Possui Trata-se de um processo importante que
cuba central superior, na qual se carregam funciona em vários países do mundo, como
as pelotas. Há uma carga lateral de carvão é o caso da Índia, África do Sul e Brasil.
e o sopro de ar na região inferior (de modo Neste, há uma instalação na Fábrica de
semelhante a um alto-forno de dimensões Aços Piratini, que fica no Município de Char-
muito reduzidas), por onde também sai o queadas, no Estado do Rio Grande do Sul.
produto de gusa. Além da queima de carvão,
pode-se usar outros combustíveis sólidos EQUIPAMENTOS PARA
como é o caso de biomassas. O equipa- REDUÇÃO DIRETA
mento pode ser usado para fundir sucata
ou gusa a um custo muito baixo (Ibid). Esse Os equipamentos de redução direta,
processo é de baixo custo porque não têm normalmente, são fornos reatores de baixa
partes móveis, sendo uma excelente via de altura, fechados. Eles possuem dispositivos
produção de metal líquido, por exemplo, para realizar o carregamento e descarrega-
para abastecer aciarias de modo mais mento de minério de ferro e contam com
econômico que as aciarias elétricas. injeção de gás redutor, que é o CO. Nesses
equipamentos, há algum meio de aqueci-
O processo Fastmet é um processo rápido, mento para se alcançar a temperatura de
que reduz pelotas com altíssima velocidade, redução, que é por volta de 760ºC a 800ºC.
entre 6 a 12 minutos. As pelotas são produ- Em relação aos altos-fornos, são fornos
zidas a partir de materiais finos de minério para baixa produção. Podem contar com
e carvão. Ele é uma produção conjunta das filtros para recuperação de subprodutos,
empresas Midrex e Kobe Steel, que, a partir como é o caso do zinco.
da década de 90, passaram a possuir alguns
equipamentos e instalações funcionando
VANTAGENS E
com a tecnologia. A carga é feita por sistema
DESVANTAGENS
vibratório. Há queimadores de gás natural
(Ibid). O sistema funciona a alta velocidade. Como vantagens, há o menor investimento

37
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

em relação aos altos-fornos, economia de REFERÊNCIAS


energia em relação à produção de ferro
gusa, facilidade de se adaptar às mudanças [ 1 ] . ERWEE, Markus W.; PISTORIUS, P.C.
mundiais, o que não ocorre em equipa- Nitrogen in SL/RN direct reduced iron:
mentos de alta produção. Na produção origin and effect on nitrogen control
por redução direta de minério de ferro in EAF steelmaking. Publshed in 2012.
podem-se aproveitar os finos de minério. Retrieved from: <http://repository.up.ac.
za/bitstream/ handle/2263/20077/Erwee_
As desvantagens estão na baixa produtivi- Nitrogen(2012).pdf?sequence=1>. Access
dade e produção quando se necessitam de on: July, 21, 2015
muito ferro.
[ 2 ] . KEMPKA, Anderson. Auto-redução
do ferro-esponja: uma nova técnica para
DICAS PARA OS
o aumento de sua qualidade. Dissertação
ENGENHEIROS,
(Mestrado) Centro de Tecnologia da Escola
TECNÓLOGOS,
de Engenharia da UFRGS, 2008.
TÉCNICOS E PESSOAL
DE OPERAÇÃO [ 3] . NOLDIN Junior, José H. Contribuição
ao estudo da cinética de redução de
_ Os processos de redução direta são
briquetes auto-redutores Puc-Rio. Tese
complexos, envolvem gases, como é o caso
(Doutorado). PPG em Engenharia Metalúr-
do CO, que é gás tóxico ao ser humano, mas
gica da Pontifícia Universidade Católica do
é produzido, por exemplo, em todos os
Rio de Janeiro, 2002.
motores de combustão interna à gasolina
dos veículos automotores. Esses processos [ 4] . SILVA, André C. Simulação compu-
possuem muitas instalações, muitos equi- tacional da redução direta de minério de
pamentos e sistemas de controle, conforme ferro em fornos MIDREX. Tese (Doutorado)
a escala de produção seja maior. Tais equi- Programa de Pós-Graduação em Enge-
pamentos devem estar com manutenção nharia de Materiais da REDEMAT, 2010.
rigorosamente em dia e em boas condi-
ções de operação. É interessante que o
pessoal envolvido diretamente conheça os
equipamentos, seu funcionamento, seus
riscos e a forma correta de operar e lidar
com os riscos, tanto para si quanto para
seus colegas e equipe, lembrando que a
segurança sempre vem em primeiro lugar.

38
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS permitem trabalhar com os finos dos


minérios. Cite pelo menos três caracterís-
1 . Comente a frase: “nos processos de ticas desses processos.
redução direta de minério de ferro, o
carvão é o agente redutor direto por meio 8. Cite três afirmações corretas em relação

do seu carbono”. aos processos de redução direta.

2. Muitos países têm trabalhado no desen- 9. Cite três vantagens dos processos de

volvimento conjunto de processos de redução direta de minério de ferro e uma

redução direta. Qual é o nome do processo desvantagem.

que é realizado em conjunto entre o México


1 0. Como se denomina o processo de
e o Japão para redução direta mencionado
redução direta canadense mencionado
nesta obra?
nesta obra?

3. Comente a frase: “os processos de


redução direta de minério de ferro ocorrem
em temperaturas maiores que as do alto-
-forno”.

4 . O processo de produção de ferro gusa,


a partir de redução de minério de ferro, é
desenvolvido no Brasil. Ele conta com um
forno baixo, vertical, compacto, de baixo
custo e que funciona com pelotas autor-
redutoras; possui cuba central superior,
na qual se carregam as pelotas. Como se
denomina esse processo?

5 . Os processos de redução direta são


demorados e gastam horas para realizar a
redução com exceção do processo FASMET,
que é um processo rápido e reduz pelotas
com altíssima velocidade. Qual a faixa de
tempo gasta essa redução nesse processo?

6 . Em relação ao gás utilizado nos


processos de redução direta de minério de
ferro, qual é esse gás e como ele afeta a
saúde humana?

7. Os processos de redução direta de


minério de ferro são processos que

39
PRINCIPAIS
EQUIPAMENTOS
SIDERÚRGICOS

Fala sobre:

_ Introdução

_ Desenvolvimento

_ Aplicação

_ Normas sobre segurança

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO EQUIPAMENTOS DE
MOVIMENTAÇÃO
Este capítulo apresenta, por meio de
imagens, os principais equipamentos side- Nas organizações, sempre existem fluxos
rúrgicos utilizados desde o processo de mine- de materiais, informações e pessoas. Em
ração, como por exemplo: pás carregadeiras relação às siderúrgicas, torna-se interes-
de minério, caminhões, empilhadeiras, Jigs, sante que os materiais sejam movimen-
moinhos, britadores, vagões ferroviários, tados com segurança, menor custo, tempo
silos de minério, altos-fornos, panelas de e com garantia de qualidade, seguindo as
gusa, carros torpedos, pontes rolantes, calha normas aplicáveis, sejam elas internacio-
de sucata, convertedor LD, panela de aço, nais, nacionais ou internas às empresas.
desgaseificador, panela de escória, distri-
Apresenta-se, a seguir, alguns equipa-
buidor de lingotamento contínuo, lingota-
mentos, ou seja, os mais usuais, de movi-
mento contínuo, corte, laminação e outros.
mentação de materiais utilizados na side-
A obra contém os principais equipamentos, rurgia integrada.
onde pode-se destacar os destinados aos
A escavadeira é um equipamento muito
seguintes processos: movimentação, proces-
utilizado nos processos de escavação,
samento mineral, equipamentos de alto forno,
formação de pilhas, carregamento de
aciaria, lingotamento continuo e convencional,
minérios, principalmente, nos caminhões
laminação a quente e a frio e equipamentos
e movimentação de minérios na siderurgia
dos processos de revestimentos.
de um modo geral.
Neste capítulo serão tratados somente
A figura 3 é um exemplo ilustrativo e simpli-
os equipamentos de movimentação, de
ficado de uma escavadeira.
processamento mineral, aciaria e lingo-
tamento. Os demais serão tratados nos
respectivos capítulos.

Figura 3 - representação esquemática de uma escavadeira

Fonte: autores

41
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

A pá carregadeira é um pequeno trator A empilhadeira é um equipamento de


utilizado para movimentação de mate- movimentação de materiais
riais, principalmente sucatas geradas nos
A figura 5 é um exemplo ilustrativo de uma
processos siderúrgicos.
empilhadeira.
A figura 4 é um exemplo esquemático de
uma pá carregadeira.

Figura 4 - representação esquemática de uma pá carregadeira

Fonte: autores

Figura 5 - representação esquemática de uma empilhadeira

Fonte: autores

42
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

O pórtico é uma ponte rolante de céu A figura 6 é uma representação esquemá-


aberto, ou seja, é um equipamento utili- tica de um pórtico. Na figura, destacam-se
zado em locais onde é dispensado cober- as principais partes: os trilhos e as garras.
turas de galpão.

Figura 6 - representação esquemática de um pórtico (ponte rolante de céu aberto)

Fonte: autores

A correia transportadora e caminhão para transportadora fazendo carregamento


transporte de minério são equipamentos num caminhão posicionado no final da
para transporte de minério em esteira com correia. Na figura, pode-se visualizar as
roletes e cinta de borracha. partes principais, tais como: o silo, a correia
transportadora e o caminhão basculante
A figura 7 é um exemplo de uma esteira
posicionado no local da carga.

Figura 7 - representação esquemática de uma correia transportadora para transporte


de minério

Fonte: autores

43
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EQUIPAMENTOS DE pamentos para realizar as transformações

PROCESSAMENTO necessárias. Nos itens seguintes, apresen-

MINERAL tam-se alguns equipamentos utilizados em


processos ligados à indústria de processa-
Além da movimentação, há os processos mento mineral e também à siderurgia.
industriais que têm como objetivo algum
tipo de transformação de matérias-primas O britador de mandíbulas é um equipa-

em produtos. Um produto de um processo mento usado para reduzir o tamanho do

pode ser matéria prima de outro processo minério bruto.

seguinte. Processos agregam valor aos


A figura 8 é uma representação esquemá-
produtos e deste modo, um produto, em
tica de um britador de mandíbulas típico.
princípio, deve valer mais que a matéria
Na figura, pode-se visualizar as partes
prima. Os processos ocorrem em esta-
principais do britador, tais como: volante,
ções ou paradas nas quais existem equi-
mandíbula e carcaça.

Figura 8 - é uma representação esquemática de um britador de mandíbulas típico

Fonte: autores

Outro equipamento que vale citar, é o EQUIPAMENTOS DE


moinho. Ele também é utilizado para propi- ALTO-FORNO (AF)
ciar uma redução no tamanho da matéria
prima. Sua constituição é formada, basi- O alto-forno é equipamento no qual ocorre
camente, por um tambor de aço giratório, a transformação do minério de ferro em
contendo as referidas bolas de aço, com ferro gusa que é um material com alto teor
diferentes diâmetros, junto com a matéria de carbono e silício. Depois da adição dos
prima a ser processada. elementos de liga, esses equipamentos

44
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

funcionam continuamente durante vados, que é o aço, com custos relativa-


anos, evidentemente, com manutenção mente baixos.
adequada. Vale destacar que, mesmo
A panela de gusa é um equipamento desti-
quando estiverem em manutenção, estes
nado ao transporte da matéria prima gusa
equipamentos não podem parar comple-
líquida.
tamente sua produção. Sua produtividade
é altíssima e com isso pode-se fabricar A figura 9 apresenta uma visão esquemá-
produtos a base de ferro ou seus deri- tica de uma panela de gusa.

Figura 9 - visão esquemática de uma panela de gusa

Fonte: autores

O carro torpedo é um equipamento para A figura 10 apresenta uma visão esquemá-


armazenamento e transporte do gusa liquido. tica de um carro torpedo típico.

Figura 10 - visão esquemática de um carro torpedo típico

Fonte: autores

45
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EQUIPAMENTOS DE esta conversão ocorre durante fusão de

ACIARIA sucata de aço, normalmente, em fornos


elétricos.
A aciaria é o local, ou estação, na qual se
realiza o processo de fabricação de aço; é A lança de oxigênio é um equipamento

onde se faz a adequação da composição destinado a fabricação de aço, a partir

química. de gusa e sucata, nas aciarias de alta


produção, ou seja, corridas com, aproxi-
Nas siderúrgicas integradas, ocorre a madamente, 250 toneladas.
conversão do gusa em aço, por meio
do sopro de oxigênio e adição de certos A figura 11 apresenta uma visão esquemá-

elementos de liga. tica de um conversor LD com a lança de


oxigênio puro posicionada.
Considerando as fábricas semi-integradas,

Figura 11 - visão esquemática de um conversor LD com a lança de oxigênio puro posi-


cionada no momento do sopro

Fonte: autores

EQUIPAMENTOS DE A figura 12 apresenta uma visão esquemá-

LINGOTAMENTO tica de um equipamento de lingotamento


continuo.
O molde de lingotamento contínuo é um
equipamento destinado a solidificar e dar
forma ao aço líquido.

A instalação de um equipamento de lingo-


tamento contínuo propicia às industrias
alta produtividade na solidificação do aço
líquido.

46
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 12 -visão esquemática de um equipamento de lingotamento continuo

Fonte: autores

DICAS PARA OS BIBLIOGRAFIA


ENGENHEIROS, CONSULTADA
TECNÓLOGOS,
[ 1 ] . ARAÚJO, Luis A. Siderurgia. v.1 e 2.
TÉCNICOS E PESSOAL
São Paulo: Arte e Ciência, 2009.
DE OPERAÇÃO
_ Todo equipamento representa um inves-
timento realizado. Cada máquina tem obso-
lescência, necessidade de manutenção e
ela tem que se pagar, ou seja, pelo trabalho
com a máquina deve-se gerar riquezas de
forma que se possa fazer frente aos custos,
gerar salários tanto para ela quanto para
outros processos, pois alguém precisa
vender os produtos, alguém precisa
programar a produção, alguém precisa
adquirir peças e alguém precisa traba-
lhar com a contabilidade. É preciso ajudar
a gerar o salário de todos. É preciso estar
atento para que ocorra a operação correta
dos equipamentos e que eles sejam conser-
vados com boa manutenção para funcionar
bem, garantindo qualidade e segurança,
tanto de pessoal quanto de equipamentos.

47
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . Cite três equipamentos utilizados na
movimentação de materiais na mineração
de ferro.

2. Cite três equipamentos de processa-


mento mineral.

3. Cite três equipamentos da região do


alto forno.

4 . Cite três equipamentos de movimen-


tação na aciaria integrada.

5 . Cite três equipamentos da aciaria e


lingotamento.

6 . Cite três equipamentos da laminação.

7. Cite três instalações de acabamento.

8 . Descreva as principais partes de um


forno elétrico a arco.

9. Descreva as principais partes da insta-


lação de um forno convertedor LD.

1 0. Descreva as principais partes da insta-


lação de um lingotamento contínuo.

48
PROCESSOS DE
ALTO-FORNO

Fala sobre:

_ Introdução

_ Partes de um alto forno

_ O produto gusa

_ Dicas sobre o processo

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO Os AFs são reatores químicos verticais,


que são carregados pela parte superior
Alto-forno (AF) é um forno de grande com minério de ferro, carvão e fundentes.
altura, no qual a carga de matérias-primas Nesses vasos ocorrem as reações de
é feita pela região superior e o produto, redução do minério de ferro na presença
que é o ferro gusa, sai pela região inferior de carvão coque, que se transforma em
do forno. O processo acontece em contra- gás CO e CO2. O minério de ferro reage
corrente de material, isto é, de baixo para com o gás CO à alta temperatura, libe-
cima, sobre o ar que é injetado para reagir rando o ferro que pelo peso, desce até a
com o carvão e formar o gás CO que vai região inferior do cadinho.
reagir com o minério de ferro fazendo o
processo de redução. Em outras palavras, pode-se dizer que alto-
-forno é um reator que funciona na vertical;
O objetivo do presente capítulo é apre- recebe uma carga de minério, carvão e
sentar o alto-forno como uma máquina, fundentes pela parte superior do forno. A
ou reator químico, de alta produtividade saída do produto gerado, que é o gusa, é
de produção de gusa, que é um ferro feito pela parte inferior do forno.
que vem sujo ou com muita contami-
nação de silício, carbono, fósforo e outros
PARTES PRINCIPAIS DE
elementos químicos. Esse equipamento
UM ALTO-FORNO
é essencial para o trabalho em grande
escala de produção. Porém, gusa não é o Um alto-forno é composto por algumas
produto final e sim o aço. Por este motivo, partes principais (topo, ventaneiras e a
ele terá que passar por outros processos esteira de alimentação). A figura 13 apre-
de limpeza, ou refino, que vão fazer com senta uma visão esquemática de um alto
que o produto final (aço) tenha as proprie- forno mostrando suas partes principais.
dades mecânicas necessárias à fabricação
de peças e instalações.

Figura 13 - visão esquemática de um alto forno mostrando suas partes principais

Fonte: autores

50
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Com relação a temperatura, ele varia ao a variação de temperatura ao longo da


longo de sua altura. A figura 14 apresenta altura do forno.

Figura 14 - variação da temperatura ao longo da altura do alto forno

Fonte: autores

A região superior é a do topo do alto-forno A região do cadinho (região inferior) é por


e acima dela há o sino de alimentação onde desce o ferro gusa produzido nas
(sino invertido). Esta é uma região na qual reações de redução do minério, que ocor-
a pressão é elevada e saem muitos gases reram nas regiões anteriores. Como o ferro
do processo à alta temperatura. tem densidade maior, ele vai para o fundo,
ou seja, a região do cadinho.
A região da goela é a parte superior da cuba.
Nesta região, a carga vai reagindo e descendo. Um alto-forno é um equipamento de alta
produtividade; demora vários dias para
A região do ventre é a de maior diâmetro no
aquecer até chegar à temperatura de
forno. Logo a seguir, há um estreitamento,
trabalho e começar a ser carregado. A
que corresponde à região da rampa cuja
partir dessa operação, o carregamento é
finalidade é segurar a carga.
continuado, bem como o sopro e o forno

Na região inferior da rampa, há venta- funcionam 24h por dia e 365 dias por ano.

neiras. Estas são sopradores por onde


Os reparos no forno, mesmo dos refratá-
entra o ar que vai reagir para formar o gás
rios internos, geralmente são feitos com o
CO, que vai atuar como redutor da carga
equipamento operando. Normalmente, em
de minério de ferro.

51
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

volta da carcaça do forno há uma camisa DICAS PARA OS


d’água cuja finalidade é resfriar a carcaça. ENGENHEIROS,
O instrumental de medição deve funcionar
TECNÓLOGOS,
continuadamente e fornecer as infor-
TÉCNICOS E PESSOAL
mações, para que ocorram as alterações
DE OPERAÇÃO
nos processos e que permitam o forno _ Há várias pessoas que trabalham num
funcionar com os parâmetros, dentro dos AF direta ou indiretamente. Um exemplo
limites e com boa produtividade. direto é constituído pelas equipes, opera-
dores e pessoal de manutenção que traba-
MECANISMO DE lham em turno, revezando-se durante 24h
OPERAÇÃO DO ALTO por dia e 365 dias por ano. Há também
FORNO as pessoas que trabalham não na linha
de frente, por exemplo, nas instalações
O alto-forno é um equipamento térmico
de produção de oxigênio para uso no
de altíssima produtividade. Como ele
processo de sopro do alto forno e também
funciona direto após iniciar seu funciona-
na aciaria LD.
mento, torna-se interessante saber como
é o seu início de operação. O aquecimento _ As instalações de oxigênio são impor-
do forno, antes de começar a carga, é tantíssimas e normalmente ficam a certa
feito por meio de queimadores, que ficam distância do AF e da aciaria, sendo o
durante dias queimando e aquecendo os oxigênio transportado por meio de linhas
refratários internos do forno. Este aque- de tubulações, que são especialmente
cimento gradativo e lento é realizado de projetadas, construídas, verificadas e
forma a possibilitar que os refratários utilizadas para tal finalidade. A título de
mudem de fase conforme se alcancem exemplo, um dos aspectos importantes
patamares de temperatura adequados. dessas linhas, é que antes do seu uso se
Com a mudança de fase, o refratário passa faça uma limpeza interna do tipo flushing
por outras densidades e alterações volu- com outro gás de arraste, para que não
métricas. Quando o refratário alcança deixe poeiras ou pós de metais, que ao ser
uma temperatura, na qual possa ocorrer o arrastado possa gerar fagulhas e conse-
início da carga, começa-se o carregamento quentemente, explosão.
do carvão e das matérias-primas e o início
_ Outro pessoal que trabalha indireta-
da operação que ocorrerá durante anos.
mente é aquele que vai fazer o tratamento
de água que vai ser utilizado, por exemplo,
para resfriamento na camisa de água da
carcaça. Também trabalham indireta-
mente o pessoal que faz a programação
da produção e aquele encarregado em

52
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

realizar a movimentação dos materiais. EXERCÍCIOS


_ É muito importante que todos trabalhem 1 . Em que região do AF se localiza o
de modo coordenado e com boa comuni- cadinho?
cação para que não ocorram falhas.
2 . Qual a região de maior temperatura no
AF?
REFERÊNCIAS
3. Em relação ao AF, a carga é feita em qual
[1 ]. ANGELO, Marciano M. Construção e
região? E a saída de gusa, ocorre em qual
simulação de um algoritmo que permita
região? Qual a região que suporta a carga?
prever a injeção de diferentes tipos de
materiais pulverizados pelas ventaneiras 4. Cite três características em relação aos
em altos-fornos. Dissertação (Mestrado). gases do AF.
Pós-Graduação em Engenharia de Mate-
riais da REDEMAT. Disponível em: <http:// 5. Quando a carcaça externa de um AF
www.redemat.ufop.br/arquivos/disserta começa se avermelhar em alguma região,
coes /2013/ConstrucaoSimulacao.pdf> o que pode indicar isso?
Acesso em: 20 jul. 2015.
6 . O monitoramento da temperatura da
[2]. COLPAERT, Humbertus. Metalografia água de resfriamento da carcaça do AF
dos produtos siderúrgicos comuns. 4.ed. pode servir para alguma coisa?
São Paulo: Edgard Blucher, 2008.
7. Nos altos-fornos muitos altos, em torno
de 100 metros de altura, se faz a carga com
carvão coque e não com carvão mineral.
Por quê?
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA 8. O que é processo de coqueificação no
carvão coque? Por que esse processo é
[1 ]. ARAÚJO, Luis A. Siderúrgia. São Paulo:
realizado?
Arte e Ciência, 2009. v.1 e 2.

9. Qual o objetivo em injetar ar pré-aque-


cido nas ventaneiras de um AF?

1 0. A gusa que sai do AF é muito rica em


Silício. Qual teor comum desse elemento
químico no banho da gusa?

53
PROCESSOS A
PARTIR DE SUCATA
DE AÇO

Fala sobre:

_ Introdução

_ A fabricação de aço a partir da sucata

_ Aplicação

_ Separação magnética desucatas

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO fábricas de gusa.

No Brasil, a exportação de aço é da ordem Um dos aspectos que facilita o trabalho

de 0,2% e a importação é de 0,1% do com a sucata advém do fato de que, em

mercado mundial (GO ASSOCIADOS, 2013). geral, ela é magnética e com isso, por
meio de eletroímãs operados em pontes
Apesar da quantidade relativamente rolantes ou em outros equipamentos de
pequena em termos mundiais, existem movimentação, pode-se facilitar o manu-
muitas siderúrgicas que são aquelas que seio e, por conseguinte, o transporte e
trabalham com forno elétrico de fusão, reutilização deste material ferroso.
que funcionam exclusivamente com
sucatas e não com gusa proveniente dos O objetivo do presente capítulo é falar

altos-fornos. sobre a sucata na fabricação de aço e suas


vantagens em relação à fabricação por
No Brasil, estima-se que existam 29 side- meio de minério de ferro.
rúrgicas, sendo 13 integradas e 16 com
fornos elétricos (CNI, 2010, 2012).
A FABRICAÇÃO DE AÇO
Atualmente, as siderúrgicas brasileiras A PARTIR DE SUCATA
possuem uma produção grande, porém
A fabricação de aço a partir de sucata
o Brasil não está entre os cinco maiores
ocorre principalmente nos fornos elétricos
produtores de aço mundial.
de fusão, “mini” siderúrgicas, que não

As sucatas de aço podem ser recicladas e funcionam com minério de ferro, como

reprocessadas, gerando novos materiais de ocorre nas chamadas “siderúrgicas inte-

aço quantas vezes forem necessárias, sem gradas”. A matéria-prima delas é a própria

que o material perca suas propriedades. sucata e não se emprega minério de

As fontes geradoras de sucata são: sucata ferro nestas fábricas. Não ocorre nelas o

de produção interna, sucata geração indus- processo de redução (que corresponderia à

trial, sucata de obsolescência e bens de remoção de oxigênio do minério de ferro).

capital sucateado (ANDRADE et al., 2000).


Estima-se que a participação, para os

A grande geração de sucata é nas áreas anos em torno de 2010, é que a produção

industriais. A produção interna é comu- de aço proveniente de sucata em relação

mente reaproveitada nos processos de à de minério de ferro é cerca de 40%

fusão e fabricação do aço. Outras sucatas (ANDRADE, 2000).

industriais são resultantes do descarte da


Em relação à pureza do aço, aquele que é
produção interna das indústrias, prove-
proveniente de processos de alto-forno é
nientes do descarte de máquinas, equi-
mais puro, ou seja, contém menos impu-
pamentos, peças e a sucata gerada pela
reza que os provenientes de sucata, em que
produção de lingotes de gusa em pequenas
existe a mistura de material e muitos aços

55
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

já contém elementos de liga, que vão entrar Desta forma, aumenta-se a vida útil dos
para o material resultante dos processos. equipamentos utilizados na siderurgia e
No caso do material proveniente de sucatas, que são destinados à manipulação direta
fica mais difícil o controle das contamina- dos materiais líquidos à alta temperatura.
ções que estão contidas na sucata.
Já nas metalúrgicas que trabalham somente
A sucata pode conter impurezas de com sucata como matéria-prima, como é o
elementos químicos, que não são possíveis caso de fundições de aço, que utilizam os
de se separar por processos tradicionais. A fornos elétricos e a aquisição externa de
separação só pode ocorrer quando o metal sucata, há um consumo elevado de energia
ferro está fundido e uma das formas de se elétrica, mas estas fábricas podem ser de
eliminar parte dos elementos químicos, tamanho bem menor em relação às side-
que são impurezas (provenientes de rúrgicas integradas. No Brasil, a produção
sucatas de materiais com ligas), é por meio conjunta de fundições e usinas com fornos
da formação de escórias, que vão sobre- elétricos de fusão de sucata consome algo
nadar o banho e podem absorver parte em torno de 500 mil toneladas anuais (CNI,
dos elementos indesejáveis, que está no 2010, 2012).
banho líquido de aço.
Em relação ao mercado mundial, o Brasil
Um aspecto interessante é que, mesmo é um pequeno produtor de aço a partir
nas siderúrgicas integradas, se faz a carga de sucata, mas que tende a crescer em
de cerca de 20% de sucata na aciaria, em volume nos próximos anos à medida que
conjunto com gusa que vem do alto-forno. houver a regulamentação das sucatas da
Esta sucata, normalmente, é proveniente indústria automobilística.
dos processos internos, por exemplo, dos
Pelo ponto de vista energético, o uso de
cascões de sucata, que se formam nas
sucata ferrosa como rota principal na
panelas de aço e outros equipamentos
produção de aço bruto proporciona uma
siderúrgicos. Junto às sucatas mencio-
significativa redução no consumo energé-
nadas, também pode-se adicionar alguma
tico, em comparação as demais rotas. Em
quantidade de gusa na forma de lingotes
termos globais, a produção de aço pelas
(adquirido de fabricantes externos de
Usinas Integradas demanda cerca de três
gusa, os denominados “guseiros”).
vezes mais energia que a produção pelas
O cascão é formado nos equipamentos usinas semi-integradas, ou seja, aquelas
siderúrgicos quando estes não estão bem que trabalham com sucata e forno elétrico
preaquecidos antes de serem utilizados. (TRINDADE Jr., 2013).
O preaquecimento é realizado por meio
Observa-se que há a possibilidade de redução
de maçaricos, que vão queimar gás no
no consumo energético, baixando, portanto,
interior do equipamento durante horas,
o custo de fabricação, a poluição e aumen-
até que ele alcance a temperatura de uso.
tando a sustentabilidade da siderurgia.

56
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

CONSIDERAÇÕES DICAS PARA OS


FINAIS ENGENHEIROS,
TECNÓLOGOS,
O aço é de longe o material mais reci-
TÉCNICOS E PESSOAL
clado do planeta, pois ao ser reutilizado,
DE OPERAÇÃO
conserva suas propriedades químicas.
Talvez por esse motivo, as sucatas de _ Sucata é um material barato e para os
aço sejam bem aproveitadas. Além disso, aços mais comuns ela pode ser sepa-
a seleção pode ser feita por meio das rada por meios magnéticos, o que faci-
propriedades magnéticas, o que facilita a lita sua recuperação; geralmente é obtida
reciclagem desse material. dos processos internos das indústrias e é
complementada pela aquisição de mate-
No Estado de São Paulo, 18% da matéria-
rial externo.
-prima que movimenta a siderurgia (ramo
da metalurgia relacionado aos produtos _ O pessoal que trabalha com este tipo de
de ferro e aço) é sucata. A siderurgia repre- material e lida mais com a movimentação
senta cerca de 95% de toda metalurgia no de grandes quantidade e pesos, tem que
Brasil (MANCINI, 2013). estar vacinado contra tétano e precisa
trabalhar sempre seguindo as normas de
O Brasil possui algumas regiões com maior
trabalho da área.
concentração de minério de ferro, como
é o caso dos Estados de Minas Gerais e _ Um cuidado importante na sucata que
Maranhão. Principalmente no primeiro, há será utilizada na carga de um conversor LD é
uma grande quantidade de siderúrgicas que essa sucata não pode conter umidade.
integradas, que são as fábricas de aço, que Para tanto, quando há alguma suspeita de
funcionam a partir do minério de ferro. Por sucata que ficou no tempo (pegou chuva) e
outro lado, há uma grande quantidade de umidade, umas das ações é passar o maça-
indústrias e fundições, que funcionam à base rico, durante alguns minutos, em cima da
da matéria-prima sucata em outros estados. sucata para se eliminar qualquer umidade.

A participação da sucata na produção de


aço brasileiro é em torno de até 30% da
REFERÊNCIAS
produção (GO ASSOCIADOS, 2013). [ 1 ] . ANDRADE, Maria L. A. et al. Mercado
mundial de sucata. Publicado no website
A sucata é material barato e é proveniente
do BNDES em 2000. Disponível em: <http://
muitas vezes dos descartes e ferros velhos.
www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/
Quando eles são reciclados podem ser
sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/
transformados em ferros fundidos, que
conhecimento/relato/sucata.pdf>. Acesso
são materiais muito utilizados nas indús-
em: 14 mar. 2015.
trias em seus equipamentos e peças.

[ 2 ] . GO ASSOCIADOS. Estudo sobre o

57
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

setor de sucata de ferro e o impacto da Acesso em: 14 mar. 2015.


adoção de impostos sobre a exportação
de sucata ferrosa no Brasil. Elaborado pela BIBLIOGRAFIA
equipe da GO Associados. 23/01/2013. CONSULTADA
Disponível em: <http://sindinesfa.org.br/
download/diversos/O_Mercado_Ferroso_ [ 1 ] . ARAÚJO, Luis A. Siderúrgia. v.1 e 2.
Brasileiro.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2015. São Paulo: Arte e Ciência, 2009.

[3]. CNI – Confederação Nacional da


Indústria. Sucata e a indústria brasileira
do aço. Instituto Aço Brasil, 2010. Dispo-
nível em: <http://www2.camara.leg.br/
atividade-legislativa/comissoes/comisso-
es-permanentes/cdeic/ apresentacoes-e-
-arquivos-audiencias-e-seminarios/Apres_
InstitutoAoBrasill.ppt>. Acesso em: 14 mar.
2015.

[4]. CNI – Confederação Nacional da


Indústria. A indústria do aço no Brasil.
Brasília: CNI, 2012. Disponível em: <http://
www.acobrasil.org.br/site/portugues/
sustentabilidade/downloads/livro_cni.
pdf>. Acesso em: 14 mar. 2015.

[5]. MANCINI, Sandro D. As vantagens da


sucata. Publicado em 26 nov. 2013. Dispo-
nível em: <http://www. cruzeirodosul.inf.
br/materia/517142/as-vantagens-da-su-
cata>. Acesso em: 14 mar. 2015.

[6 ]. TRINDADE Jr. José Carlos Nogueira.


Obtenção, mercado e reciclagem de sucatas
ferrosas na indústria siderúrgica brasileira.
Projeto de Graduação apresentado ao
Departamento de Engenharia Metalúrgica
e Materiais da Escola Politécnica, Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro, curso
de Engenharia Metalúrgica, 2013. Dispo-
nível em: <http://monografias.poli.ufrj.
br/monografias/monopoli10010007.pdf>.

58
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS como matéria prima na fabricação de aços


na siderurgia, qual aço inoxidável não é
1 . Uma sucata de aço inoxidável não era magnético?
atraída por eletroímã. Pode-se concluir que
se trata de que tipo de material de sucata? 9. O ponto de fusão da sucata de aço
0,01% de carbono é em torno de quantos
2. Qual o material metálico mais reciclado graus?
do mundo?
1 0. No carregamento de sucata em conver-
3. Qual material é mais puro, em termos tedor LD, o que é carregado primeiro, a
de contaminantes: gusa de alto forno ou gusa líquida ou sucata sólida?
sucata de procedência externa?
1 1 . Qual o cuidado mais importante ao se
4 . No Brasil, quais são os estados com preparar uma carga de sucata, numa calha,
maior concentração de minério de ferro para carregamento em convertedor LD?
explorável?

5 . A siderurgia faz uso da sucata até


mesmo como forma de balancear a
produção, quando há necessidade de
aumentar a produção de aço além daquele
proveniente da gusa. Cite uma ideia incor-
reta em relação ao trabalho com sucata e
pelo menos três ideias corretas.

6 . Se em uma determinada sucata se fez


várias amostragens aleatórias e todas
confirmaram que o material tinha 0,05%
de carbono, então, para uma tonelada de
sucata, quantos quilos de carbono seria
preciso adicionar (caso o rendimento da
adição fosse de 100%, ou seja, todo carbono
adicionado se dissolvesse completamente
no banho de aço líquido proveniente da
fusão da sucata, considerando-se que quer
alcançar um aço, com 0,15% de carbono)?

7. Considerando-se dados de 2013, qual a


porcentagem da participação da sucata na
produção do aço brasileiro?

8 . Em relação ao manuseio da sucata

59
PROCESSOS DE
ACIARIA LD

Fala sobre:

_ Introdução

_ Fornos convertedores

_ O produto aço

_ Dicas sobre o processo

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO da panela cheia, chega-se ao valor do peso


de gusa líquido.
O aço é um material de engenharia por
excelência, pois ele pode receber a forma A gusa terá que ser transformada em aço.

final com facilidade pelos processos de Para que isso ocorra, vamos acompanhar

conformação mecânica e pode manter os processos seguintes.

seu formato em uso. Além disso, o mesmo


possui excelente resistência ao desgaste, O FUNCIONAMENTO
tem propriedades mecânicas e estéticas DO PROCESSO
que fazem com que seja um material NOS FORNOS
importante para a sociedade. CONVERTEDORES
Nas siderúrgicas integradas, que possuem O convertedor é um vaso ou reator químico
alta produção e produtividade, utilizam-se onde ocorrem as reações entre o oxigênio
equipamentos denominados converte- e elementos químicos presentes no banho
dores ou conversores LD. A aciaria é a metálico líquido de ferro gusa mais sucata.
unidade fabril onde se faz a conversão de Para que ocorra o processo de conversão
gusa líquido em aço nos fornos converte- de ferro gusa em aço, é preciso que ocorra
dores LD. O termo LD se refere à origem o sopro de oxigênio sobre o banho líquido.
desse tipo de equipamento que ocorreu
A figura 15 ilustra, em corte, um forno conver-
nas cidades suíças de Linz e Donawitz.
tedor LD da aciaria de uma usina siderúrgica
Um processo anterior ao do sopro de integrada. Na figura, pode-se ver as partes
oxigênio, que ocorrerá no convertedor, principais (lança de oxigênio puro, furo de
é a dessulfuração. Esta ocorre nas side- vazamento do aço, a carcaça do convertedor
rúrgicas que contam com equipamento e o revestimento de material refratário.
de injeção de agentes dessulfurantes e
Observa-se, na parte superior e central da
que desta forma podem diminuir o teor
figura, a presença de uma lança por onde
de enxofre existente e com isso resultará
ocorre o sopro do oxigênio na velocidade
numa matéria prima melhor que irá para
aproximada do som. Não se mostram deta-
os processos seguintes.
lhes do equipamento de basculamento do
Como a matéria gusa proveniente do alto- forno convertedor, que inclui um anel em
-forno vem em grande quantidade, normal- volta da cintura, que é o anel munhão, e
mente, este será pesado em balanças do uma engrenagem gigantesca, que é o
tipo célula de carga. Neste trabalho, o “main gear”, ou engrenagem principal. Esta
operador da ponte rolante pega a panela é ligada a um sistema de acionamento de
de gusa por meio de suas orelhas, iça e motor e redutor. O motor elétrico de passo
desloca até a célula de carga. Há o peso permite o controle correto de bascula-
anterior da panela vazia e pelo novo peso mento do convertedor. Na figura, pode-se

61
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 15 - visão esquemática de um convertedor LD em corte mostrando suas partes


principais

Fonte: autores

observar, também, o furo de vazamento dores, para aquecer as panelas de aço, ou


de aço líquido. os distribuidores do lingotamento, para
prepará-los para o uso.
Durante o sopro, nos primeiros cinco
minutos, termodinamicamente, há a O oxigênio é injetado por meio de uma
queima preferencial do silício metálico (Si), lança posicionada na parte superior do
que está dissolvido em gusa e é reduzido forno. O tempo de sopro varia conforme o
de 4,5% (em peso) para teores mais baixos. tamanho do convertedor. Ele tem variação
O sopro faz com que ocorra a reação, de 20 a 60 minutos.
passando de Si metálico dissolvido no
A injeção ocorre à velocidade supersônica,
banho para o óxido SiO2, que é mais leve,
que é garantida por meio de um Bico de
menos denso e vai subir do banho para a
Laval, que fica na parte inferior da lança de
escória sobrenadante.
injeção. O bico da lança é de cobre eletro-
O próximo elemento que vai reagir e sair na lítico, de altíssima pureza e é refrigerado
forma de gás é o carbono. Ele sai do limite internamente com camisa de água a alta
de solubilidade, que é 6,7% no banho. pressão e velocidade.

Existem pedaços de carvão sobrenadante O restante da lança, no qual é soldado o


e, à medida que ocorre a reação química, bico, é feito de tubos de aço especial e
ele vai subir como uma mistura de gases também é refrigerado à água. A lança é
monóxido de carbono (CO) e menos presa numa ponte especial, localizada na
dióxido de carbono (CO2). Esses gases parte superior da instalação da aciaria.
estão quentes, à alta temperatura, mas Esta conta com motores de içamento para
podem ser recolhidos, pois o CO pode as posições de entrada, de sopro e retida.
ser queimado à CO2 e, desta forma, pode
As operações de posicionamento da lança
haver o reaproveitamento em queima-

62
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

podem ser realizadas automaticamente, bascula-se o convertedor para o outro lado


porém à medida que o processo está e faz-se o vazamento de escória pela boca
ocorrendo, o operador pode passar para principal do convertedor. Este novo vaza-
o controle manual e afastar mais a lança mento é realizado na panela de escória.
que está aquecendo além do permitido ou
Numa aciaria LD é necessário que se
então aproximar mais a lança em relação
tenham vários convetedores, pois haverá
ao banho, quando precisa aumentar a
fila de espera de panelas de gusa para
temperatura.
serem carregados nos convertedores para
Outros controles estão relacionados à ocorrer o sopro. Desta forma, há usinas
pressão e vazão do oxigênio que pode ser que operam com dois convertedores, no
alterada para acertar os parâmetros do mínimo, outras com três, quatro ou cinco
processo de conversão: a vazão e pressão e, à medida que se possui mais conver-
da água de resfriamento da lança e o tedores, pode-se operar com mais facili-
tempo de sopro. dade e de modo mais contínuo e seguro
possível. A operação com dois converte-
A carcaça do convertedor também possui
dores é muito árdua, pois, caso um equipa-
refrigeração de água à alta velocidade e
mento pare para manutenção, o outro terá
pressão. Por meio deste artifício garan-
que funcionar no seu limite, com riscos de
te-se uma vida prolongada para esse tipo
paradas e prejuízos maiores.
de equipamento.
Os processos seguintes podem incluir uma
O metal líquido é muito pesado e viscoso e,
estação de desgaseificação do aço, pois
por este motivo, nem todo aço presente em
há muitas bolhas e gases provenientes
partes menos acessíveis ou mais distantes
dos processos anteriores. Posteriormente,
daquelas onde o jato toca a superfície do
vem o lingotamento onde se fará o resfria-
banho líquido de aço têm uma reação
mento e solidificação do aço.
completa no interior do convertedor. Uma
das formas de melhorar a homogeneidade
da composição química do banho é pela
APLICAÇÃO
injeção de gás argônio (que é um gás inerte) Considere a existência de um alto-forno
ou de N2 (que é um gás pouco reativo, mas com 150 toneladas de gusa líquido por
que, neste caso, pode deixar um pouco de hora. Se contarmos com 3 convertedores
nitrogênio dissolvido no banho). operando a pleno trabalho (60 toneladas/
hora e considerando-se que as perdas
Terminado o sopro, vaza-se o metal líquido
de processo sejam desprezíveis), cada
pelo bico de vazamento, basculando-se o
uma com ciclo de carregamento, sopro e
convertedor até a posição de vazamento
descarga de uma hora, observe que em
pelo bico. O metal líquido é vazado na
uma hora pode-se produzir 180t de aço.
panela de aço, que já deve estar pré-a-
Mas, se o alto-forno manda somente 150t,
quecida. Terminado o vazamento do aço,

63
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

de onde virão as 30t restantes? Resposta: existir vários convertedores operando em


pode ser que elas venham da carga de paralelo, de modo a se formar uma fila de
sucata, que a cada 50t, seria completada espera para ver qual será o equipamento
com 10t de sucata na carga do forno. da vez, que receberá a próxima carga de
gusa líquida.
Observa-se que a carcaça do convertedor,
para mais de 60 toneladas de aço por De forma semelhante, à medida que o aço
corrida, é de aço de mais de uma polegada vai sendo produzido, na saída da aciaria,
de espessura e que internamente há um ele deverá ir para o próximo processo,
revestimento de refratário, que vai entrar que ocorre na próxima estação, que é o
em contato direto com o metal líquido. lingotamento. Na hora do vazamento do
Verifica-se também que, para que ocorra a aço líquido produzido no convertedor,
operação correta, antes do primeiro uso, o pode-se fazer a adição de ferros liga, por
convertedor tem que passar por um ciclo exemplo: a adição de ferro cromo e ferro
de várias horas para o aquecimento dos níquel pode fazer com que se produza o
refratários até próximo à temperatura de aço inoxidável, que é uma liga de ferro-
trabalho, para evitar que no contato entre -cromo e níquel. Este aço tem uma grande
o metal e uma superfície fria, ocorra a soli- resistência à corrosão, pois no seu uso coti-
dificação do aço com prejuízos maiores diano, forma-se uma camada protetora de
para os processos. óxido de cromo, que protegerá o material
contra a corrosão. Desta forma, o aço inox

CONSIDERAÇÕES estará sempre com aspecto bom e forne-

FINAIS cendo uma impressão de limpeza.

Aciarias são as unidades fabris das side- O aço é um dos produtos mais importantes

rúrgicas integradas, onde se processa a para a humanidade. Quando se baixa o teor

gusa líquida proveniente do alto-forno e de carbono do ferro gusa e se transforma

procura-se transformá-lo em aço líquido, esse material em aço, ocorre um ganho de

por meio do sopro de oxigênio. Este propriedades de estampabilidade, dureza,

sopro, que é feito à alta pressão e veloci- resistência e outros que fazem com que

dade sobre o banho líquido, faz com que o material seja muito importante para a

se oxidem, preferencialmente nos cinco fabricação de peças, que serão utilizadas

primeiros minutos, o silício contido no em máquinas e também na fabricação de

banho e posteriormente o carbono. Este instalações industriais e domiciliares.

sopro pode durar cerca de 15 a 20 minutos


A aciaria LD é uma unidade de alta produti-
nos convertedores pequenos e cerca de
vidade. Ela precisa acompanhar o ritmo da
40 minutos nos convertedores maiores.
produção do alto-forno, e faz isso por meio
O ciclo, incluindo o carregamento, sopro e
da distribuição da gusa entre os vários
descarregamento, é de cerca de uma hora
convertedores. É interessante se ter pelos
nas aciarias. É preciso lembrar que podem

64
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

menos três convertedores (40 minutos rísticas melhoradas.


de ciclo entre carregamento e vazamento
_ A aciaria é o local onde se faz o processo
em cada convertedor), podendo um deles
de conversão da gusa ou da sucata em
estar em manutenção e outros dois em
aço. Este é um material que vai apresentar
operação.
propriedades mecânicas, que o torna útil
Outro fator de produtividade está relacio- para construção de trilhos ferroviários,
nado com o balanceamento de carga de tubulações, autopeças, carcaça de eletro-
trabalho entre as unidades fabris. Obser- domésticos, cutelaria etc.
va-se que, após o convertedor, as etapas
_ Existe uma gama grande de peças e
seguintes incluem a desgaseificação,
instalações que podem ser fabricadas em
adição de ligas, lingotamento contínuo,
aço. Para tanto, na aciaria, faz-se a defi-
laminação etc.
nição do tipo de aço: se será um aço ao
Há necessidade de um bom balancea- carbono simples ou se haverá o processo
mento entre as unidades que necessitam de adição de ligas para fazer, por exemplo,
de programações de produção e de alte- um aço inoxidável, ou algum outro tipo de
rações continuamente para se adaptar aço. Em termos comparativos, um aço liga
ou se ajustar ao ambiente dinâmico de pode alcançar centenas de vezes o valor
produção. É muito comum algum equipa- em relação a um aço comum. Daí pode-se
mento sair de operação e se necessitar começar a entender a importância dos
realizar a reprogramação da utilização dos processos necessários para a fabricação
equipamentos e da alocação de pessoal. de um aço mais nobre que pode passar em
seus processos produtivos, por dessulfu-

DICAS PARA OS ração, desgaseificação, adição de ligas etc.

ENGENHEIROS, _ Observa-se que é importante que as


TECNÓLOGOS, aciarias contem vários fornos converte-
TÉCNICOS E PESSOAL dores para poder fazer o jogo e atender
DE OPERAÇÃO ao escoamento de produção em relação à

_ Processos agregam valores aos mate- gusa que vem do alto-forno, pois sempre

riais. Cada processo na aciaria, começando algum equipamento pode estar em manu-

anteriormente pela estação de dessulfu- tenção e os outros têm que dar vazão, caso

ração, pesagem, carregamento do conver- contrário, a gusa que está em espera nos

tedor, sopro, adição de ligas no vazamento carros torpedos ou nas panelas de gusa

na panela pré-aquecida e desgaseificação pode ir perdendo temperatura e se solidi-

acrescentam valor ao produto, ou seja, os ficar, gerando inicialmente o “cascão” e, na

processos têm custos e, à medida que o continuidade do processo, se não ocorrer

material vai sendo processado, ele passa a alguma contra medida, pode fazer com

ser um material mais nobre e com caracte- que se perca a panela ou o carro torpedo,

65
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

se o material líquido se solidificar no inte- EXERCÍCIOS


rior dele.
1. Quais elementos de liga principais
_ Há também siderúrgicas que possuem o tornam os aços inoxidáveis?
processo de desgaseificação que aumenta
os custos mais produz aço de melhor quali- 2 . Por que muitos aços têm que ter baixo
dade, isento de bolhas de gás. teor de enxofre?

3. Existe algum interesse em se adicionar


BIBLIOGRAFIA silício como elemento de liga aos aços?
CONSULTADA
4. A lança de sopro de oxigênio é refrige-
[1 ]. ARAÚJO, Luis A. Siderurgia. São Paulo: rada internamente por água à alta veloci-
Arte e Ciência, 2009. v.1 e 2. dade e pressão. De que material é feito o
bico da lança?

5. Nas aciarias das siderúrgicas integradas a


grande maioria trabalha com fornos conver-
tedores LD. Qual a origem desta sigla?

6 . Considerando-se um convertedor LD
de 100t de banho metálico, o que se pode
dizer que ocorre em termos de reação
química nos primeiros cinco minutos de
sopro de oxigênio?

7. Quais os cuidados no carregamento da


sucata num convertedor LD?

8. Em relação à temperatura de vaza-


mento, que é realizado após o sopro de
oxigênio num convertedor LD, qual deve
ser a temperatura e que vantagens tem a
temperatura mais elevada ou não?

9. Em relação ao processo de sopro que


ocorre no interior do convertedor LD,
durante esse processo, o que ocorre com
a temperatura no banho de aço?

1 0. Fale sobre o risco do material se soli-


dificar no interior do carro torpedo ou da
panela de gusa.

66
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

PROCESSOS DE
LINGOTAMENTO
CONVENCIONAL E
CONTÍNUO

Fala sobre:

_ Introdução

_ Comparação entre lingotamento contínuo e convencional

_ O produto (placas e lingotes)

_ Dicas sobre o processo

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO rolante que tinha duas garras que pegavam


as lingoteiras e elevavam; no centro, vinha
Todo metal que é fundido em fornos uma peça que aplicava uma pancada no
metalúrgicos precisa, posteriormente, ser sentido descendente para liberar o lingote
resfriado para formar peças à temperatura da lingoteira e, desta forma, fazia a reti-
ambiente. Lingotamento é processo em rada do lingote). Este tinha que passar por
que o aço líquido será transformado em reaquecimento durante horas para chegar
aço solidificado. Esse processo resultará a uma temperatura que permitisse que
em aço com algum formato. Este poderá fosse laminado.
ser processado posteriormente para dimi-
nuir a espessura ou modificar o formato. Ao longo do tempo, houve o domínio do
processo de lingotamento e passou-se
Antigamente, o vazamento ocorria em lingo- a fabricar máquinas que faziam o lingo-
teiras de ferro fundido, que eram formas tamento contínuo do aço. Este processo
que recebiam o aço líquido no seu interior. representou um grande avanço, pois
Neste recipiente, o aço ficava solidificando houve mais produtividade e economia de
durante horas até formar um bloco sólido, tempo, dinheiro e esforços.
que é o lingote. Este, posteriormente, seria
aquecido à temperatura elevada (abaixo do As máquinas e instalações de lingota-

ponto de fusão), mas suficiente para que mento contínuo são muito mais caras e

adquirisse propriedades de plasticidade e modernas com muitos controles e instru-

pudesse passar para o processo seguinte, mentos de medição eletrônicos, porém,

que é o da laminação. como a produção, produtividade e quali-


dade são muito maiores, essas máquinas e
No lingotamento convencional, utiliza-se instalações se pagam ao longo do seu uso.
várias lingoteiras de ferro fundido em cima
de vagões ferroviários. As lingoteiras eram Além disso, o veio ou material que vai se

fabricadas numa instalação de fundição que solidificando no lingotamento contínuo, ao

ficava localizada dentro da usina siderúr- concluir a solidificação, é cortado por meio

gica. Na instalação das lingoteiras, prepa- de máquinas de oxicorte e a chapa grossa

rando-as para o vazamento, elas eram posi- pode aproveitar o calor e ir para o processo

cionados em cima de placas de base. Entre seguinte de laminação, economizando

a lingoteira e a placa de base, colocava-se energia por evitar que seja necessário

um cordão de uma pasta refratária. o reaquecimento do material para lami-


nação. Outro ponto positivo é que o molde
A lingoteira também passava por uma do lingotamento contínuo já produz uma
pintura interna de material, que facilitava chapa grossa e, desta forma, se economiza
o descolamento para a retirada do lingote em passes de laminação. Com isso se bara-
solidificado e que era feito numa máquina teia os custos dos processos.
de estripamento (esta era uma ponte

68
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

COMPARAÇÃO ENTRE Figura 16 - exemplos ilustrativos de dois


O LINGOTAMENTO tipos usuais de lingoteiras cônicas, sendo

CONVENCIONAL E O (A) representando uma lingoteira com base

CONTÍNUO maior voltada para baixo e (B) uma lingo-


teira com base maior voltada para cima.
O lingotamento convencional ocorre com
as lingoteiras posicionadas em cima de
bases e que ficam localizadas em cima de
vagões ferroviários.

Verifica-se, pela figura a seguir, que há


uma grande perda de tempo, pois cada
lingoteira (de 20t cada, por exemplo)
deverá ser enchida com aço, passan-
do-se para a próxima. Ocorre que não há
precisão nos processos, de modo que, se
uma lingoteira ficar com 18t e outra com A figura 17 mostra as partes principais de

21t, isso é normal. Também a passagem de uma instalação de um processo de lingota-

uma lingoteira para outra exige um certo mento continuo.

conjunto de procedimentos que gastam


As máquinas de lingotamento contínuo
tempo. Outro fator importante é o reaque-
possuem muitas partes: alguns roletes
cimento dos lingotes para que ocorra o
são extratores e, portanto, são acio-
processo seguinte de laminação, que faz
nados enquanto outros são de encosto e,
com que se gaste mais energia.
portanto, não são acionados, ou seja, não

O lingotamento convencional ocorre com contém conjuntos motores, redutores e de

as lingoteiras posicionadas em cima de acoplamento aos cilindros.

bases e que ficam localizadas em cima de


O distribuidor é forrado internamente por
vagões ferroviários.
tijolos refratários e abaixo dele há também

A figura 16 apresenta dois tipos usuais de outras válvulas gavetas, uma para cada

lingoteiras cônicas, sendo que a figura 16A veio de aço. Estas são importantes para

é um exemplo de uma lingoteira com base o operador controlar o nível de aço que

maior voltada para baixo e a figura 16B está sendo vazado, de modo a não ocorrer

uma lingoteira com base maior voltada um transbordamento do molde. Não se

para cima. mostram os controles e os operadores


nem a casa na qual os equipamentos estão
instalados.

69
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 17 - principais partes da instalação de um processo de lingotamento contínuo

Fonte: autores

Não se mostra, na imagem abstraída, os após sair do molde, há os roletes extratores


detalhes dos mecanismos de oscilação e de e a localização deste conjunto é num nível
acionamentos, nem os locais de medição abaixo do piso da sala de controle, onde há
das temperaturas, os bicos jateadores de burrifos de água na superfície ou casca de
água e menos ainda o vapor gerado em metal solidificado que está se formando.
grande quantidade, durante a operação
A finalidade deste burrifo que ocorre nos
dos sistemas, pois numa abstração apre-
lados superior e inferior da placa formada
sentam-se somente os detalhes neces-
é a da refrigeração.
sários para se compreender o funciona-
mento do conjunto. O interior do produto formado ainda está
no estado líquido e somente na saída do
Observa-se que podem acontecer
raio de curvatura é que a solidificação se
acidentes, como é o caso do estouro
completa e o material está pronto para o
de veio. Este ocorre quando existe uma
corte e para seguir para o próximo processo
pele mal formada que deixa vazar o aço
que, em geral, é aquele de laminação.
líquido, que cai sobre os roletes e devido
à presença de água que se aquece e vira Na parte central da figura se apresenta
vapor (observe que um litro de água pode uma instalação com um distribuidor e dois
gerar 1000 litros de vapor nas mesmas veios em paralelo no lingotamento de slabs
condições de pressão e se não houver um ou chapas grossas. Já na instalação, mais
volume livre pode-se aumentar a pressão e à direita do leitor, há um lingotamento
ter um efeito bomba). contínuo de quatro veios de tarugos, em
geral, com dimensões próximas a 120 x
Verifica-se, na figura 17, um detalhe do
120 mm.
corte do molde que é visto ampliado. Logo

70
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

O Quadro 3 apresenta uma comparação mento convencional e contínuo.


resumida entre os processos de lingota-

Quadro 3 - Comparação entre processos de lingotamento.


Neces- Custo
Consumo Descarte sidade Tempo final por
Tipo de de ener- de ma- de ope- Polui- de pro- tonelada
lingota- gia nos terial de rações e ção cessa- de aço
mento processos pontas e funcio- mento produzi-
posteriores sobras nários do

Convencional Maior Maior Maior Maior Maior Maior

Continuo Menor Menor Menor Menor Menor Menor

Fonte: autores

Verifica-se que o lingotamento contínuo é laminação, considerando-se que o mate-


muito mais econômico que o convencional rial ainda está relativamente macio e tem
e, por este motivo, está sendo utilizado na facilidade em ser trabalhado pelo processo
maioria das usinas do mundo. de laminação, sem necessidade de reaque-
cimento e consumo de combustível.
Por outro lado, existe uma necessidade
maior de controle e automação para se Outro ponto favorável é a economia em
fazer frente ao trabalho dinâmico de relação aos descartes que, no caso do
resfriamento e solidificação do veio de lingotamento convencional, ocorrem com
lingotamento contínuo. o corte de parte da cabeça e de parte do
rabo do lingote, devido à parte final contar
Os processos de lingotamento podem
com impurezas e as partes inicial e final
fazer com que as siderúrgicas economizem
contarem com formatos que nem sempre
muito dinheiro e aumentem seus lucros.
são aproveitáveis.
Estes processos, quando são contínuos,
necessitam de muita automação para o O processo de lingotamento das side-
controle dos processos de modo dinâmico e rúrgicas é realizado nas unidades fabris
desta forma, podem aumentar a produção de lingotamento. Nestas se recebe o aço
e produtividade nessas organizações. líquido que vem em panelas e ocorre o
vazamento que geralmente se faz pela

APLICAÇÃO parte inferior das panelas de aço, onde


existe uma válvula gaveta que permite a
Quando se trabalha com lingotamento abertura e o fechamento do jato de aço
contínuo, o material que sai do lingo- líquido pela parte inferior da panela de aço.
tamento ainda está muito quente e é
possível se aproveitar esse calor e fazer
continuadamente o processo seguinte de

71
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

CONSIDERAÇÕES da produção incorreta e de modo contínuo,

FINAIS o prejuízo também pode ser muito grande.

Lingotamento de aço é o processo de Por outro lado, existe uma necessidade

resfriamento do aço em moldes metálicos, muito maior de controle e automação nos

denominados lingoteras de ferro fundido, processos de lingotamento contínuo.

no caso do processo convencional, ou


A operação do lingotamento contínuo
então, em molde de cobre de altíssima
deve ser realizada por pessoal bem trei-
pureza e que seja refrigerado por água à
nado, preparado e experiente, pois, apesar
grande pressão e velocidade e que conte
de não tão frequente, podem acontecer
com movimento de oscilação para facilitar
fenômenos indesejáveis, como é o caso do
o desgrudamento do material solidificado
estouro de veio do lingotamento, causando
em relação ao molde.
uma verdadeira explosão.

O processo de lingotamento contínuo é de


alta produtividade, porém exige um controle DICAS PARA OS
maior das variáveis de processo que, além ENGENHEIROS,
da composição química do aço, incluem TECNÓLOGOS,
a temperatura do aço líquido na hora do TÉCNICOS E PESSOAL
vazamento, a velocidade de extração do DE OPERAÇÃO
material solidificado, a temperatura na
_ O lingotamento convencional também é
superfície do material solidificado, a tempe-
um momento no qual se pode fazer alguma
ratura de saída da água de refrigeração do
adição de elementos de liga, pois há a
molde, a velocidade de oscilação e o curso
agitação do metal líquido enquanto ele é
de oscilação do molde etc.
vazado no interior da lingoteira, porém é
O lingotamento é uma das etapas impor- menos recomendável se fazer esse tipo de
tantes no processo de fabricação do aço. adição neste local, pois há menos chance
O material lingotado terá um formato, de sucesso em relação à adição na panela
como é o caso de slabs ou chapas grossas, de aço durante o vazamento. Já no lingo-
tarugos ou barras circulares, e irá poste- tamento contínuo, não se recomenda a
riormente para outros processos, visando adição no molde porque, neste caso, há
à obtenção de algum produto mais final. uma solidificação mais rápida e pode não
haver tempo para ocorrer alguma homo-
Nos processos de lingotamento, pode-se
geneização do material.
economizar energia, materiais, tempo,
mão-de-obra e, com isso, a empresa pode _ O pessoal que trabalha com lingota-
ganhar muito dinheiro nesses processos mento convencional ou com o contínuo
contínuos, mas para isso é preciso traba- está trabalhando próximo de material de
lhar bem e com boas equipes, pois no caso aço líquido à alta temperatura e tem que

72
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

tomar cuidado para não se ferir. Deve-se BIBLIOGRAFIA


seguir todos os procedimentos de segu- CONSULTADA
rança da área em consideração. Deve-se
ter muito preparo prévio, simulações de [ 1 ] . ARAÚJO, Luis A. Siderurgia. São Paulo:
operação e trabalho conjunto com outras Arte e Ciência, 2009. v.1 e 2.
pessoas experientes antes de entrar numa
área como essa para trabalhar.

_ Outro ponto muito importante se


refere aos procedimentos de segurança
a serem adotados em casos emergen-
ciais. Um exemplo disso é quando ocorre
um estouro de veio. Este pode ocorrer
quando, por algum motivo, a pele do aço
em solidificação no lingotamento contínuo
não estava bem formada e, ao se romper,
deixa vazar aço líquido que em contato com
a água de resfriamento da superfície do
veio na câmara de resfriamento vai causar
uma explosão. Os operadores têm que
suspender imediatamente o vazamento e
desviar o aço líquido para alguma panela
reserva que necessariamente tem que estar
disponível nas proximidades. As panelas de
aço ainda cheias, se possível, devem ser
levadas para outras máquinas de lingota-
mento. Caso contrário, se houver possibi-
lidade, sempre se deixa algum vagão com
lingoteiras convencionais preparados nas
proximidades para se realizar o vazamento
nessas lingoteiras. Se isso não ocorrer, pode
acontecer a solidificação de aço no interior
da panela de aço e em casos extremos isso
pode levar à perda da panela que poderá
(nos casos extremos que não se permita
recuperação) ter que ser cortada e carre-
gada como sucata nos junto à carga dos
convertedores LD, posteriormente.

73
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1. No lingotamento convencional em
relação ao contínuo, como fica o consumo
de energia? E em relação ao descarte de
material de pontas e sobras? E ainda em
relação à necessidade de operações e
funcionários?

2. Numa siderurgia integrada, em relação


ao lingotamento, ele é uma etapa que vem
após qual processo?

3. Em relação ao lingotamento contínuo


de aço, cite três equipamentos que são
desta área de processamento.

4 . Apresente três características em relação


ao processo de lingotamento contínuo.

5 . No lingotamento convencional onde


começa a solidificação e qual a direção de
solidificação?

6 . O que acontece no último local do aço


que está se solidificando no interior de
lingoteiras no lingotamento convencional?

7. Os lingotamentos convencionais foram


extintos ou ainda existem nas usinas que
trabalham com lingotamento contínuo?

8 . Em relação à água que é utilizada para


refrigeração na camisa de água do molde
de cobre do lingotamento contínuo, cite
pelo menos três características.

9. Qual a finalidade do conjunto que


realiza a oscilação no molde de cobre de
lingotamento contínuo?

1 0. Como é feita a operação de início de


lingotamento no molde de cobre?

74
PROCESSOS DE
LAMINAÇÃO A
QUENTE

Fala sobre:

_ Introdução

_ Laminadores

_ Tipos de cilindros de laminação

_ Fornos de reaquecimento de placas

_ Processo de laminação a quente

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO é chamado de laminador duo, podendo ser


reversível ou não. Nos duos não reversíveis,
Devido à influência do mercado de o sentido do giro dos cilindros não pode ser
demandar materiais cada vez mais finos, invertido e o material só pode ser laminado
existe a necessidade de se utilizar equi- em um sentido. Nos laminadores rever-
pamentos cada vez mais sofisticados para síveis, a inversão da rotação dos cilindros
atender as características de qualidade e permite que a laminação ocorra nos dois
produtividade. sentidos, ou seja, o produto laminado pode
ir para frente e para trás. Isto resulta num
LAMINADORES ganho de produtividade.

Um laminador consiste basicamente de No laminador trio, os cilindros sempre


cilindros (rolos), mancais, uma carcaça, giram no mesmo sentido, porém o produto
também chamada de gaiola, que serve de pode ser laminado nos dois sentidos,
suporte para as principais partes, e um passando-o alternadamente entre o
motor elétrico para fornecer energia mecâ- cilindro superior e o intermediário e entre
nica aos cilindros. Todos os laminadores o intermediário e o inferior.
são dotados de um apurado controle de
Devido a influência do mercado de
velocidade de rotação.
demandar materiais cada vez mais finos,
As forças envolvidas na laminação chegam há necessidade de se utilizar cilindros de
a atingir milhares de toneladas, o que trabalho com diâmetros cada vez menores.
justifica a necessidade de uma estru-
Durante o processo de laminação estes
tura bastante rígida. Outro detalhe são
cilindros sofre uma deflexão. Em virtude
os motores, que são de elevada potência
disso, ocorre a necessidade do projeto do
devido à necessidade suprimir as energias
cilindro de apoio – comumente chamado
mecânicas necessárias.
de cilindros de encosto. Este tipo de lami-
O custo de uma moderna instalação de nador denomina-se quádruo, podendo ser
laminação é da ordem de milhões de reversível ou não.
dólares e são necessários projetos bem
No caso de laminadores com cilindros de
elaborados, uma vez que esses requi-
trabalho muito finos – chamados de lami-
sitos são multiplicados para as sucessivas
nadores Sendzimir - ocorre uma flexão
cadeiras de laminação contínua – são os
tanto na direção vertical quanto na hori-
chamados Tandem mill.
zontal. Eles devem ser apoiados em ambas
Num processo de laminação utilizam-se as direções.
variadas disposições de cilindros, sendo que
Os cilindros de laminação, normalmente
o mais simples é constituído por dois cilin-
são fabricados de aço, sendo que os de
dros de eixo horizontais, colocados vertical-
trabalho são forjados e os cilindros de apoio
mente um sobre o outro. Este equipamento

76
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

são de aço fundido. Eles são compostos de CILINDROS DE AÇO


três partes: a mesa, onde se realiza a lami- FUNDIDO
nação; os pescoços, onde se encaixam os
mancais; e os trevos ou garfos de aciona- Os cilindros de aço fundido apresentam
mento. É importante citar que após a lami- resistência ao desgaste relativamente
nação de uma certa tonelagem de produtos, baixa, mas, devido à sua alta resistência
conforme programação da planta, os cilin- à flexão, permitem grandes reduções em
dros passam por uma retífica de forma cada passagem; são usados, principal-
a refazer o corpo de laminação. Normal- mente, nos laminadores desbastadores,
mente esta retífica retira, na superfície dos nas primeiras cadeiras de laminadores de
cilindros, uma fina camada – microns. tiras a quente e como cilindros de encosto
nos laminadores planos a quente e a frio.
Quanto aos mancais dos cilindros são
usados três tipos diferentes: mancais de
CILINDROS DE AÇO
fricção, onde o pescoço gira sobre casqui-
FORJADO
lhos de bronze; mancais de rolamento e
mancais lubrificados com um filme de óleo Cilindros de aço forjado são os que apre-
sob pressão – são os chamados “Morgoil”, sentam maior resistência ao desgaste
sendo este último o mais eficiente. superficial; são usados principalmente
como cilindros de trabalho nos lamina-
TIPOS DE CILINDROS dores a frio.
DE LAMINAÇÃO
CILINDROS DE FERRO
Os cilindros de laminação são produzidos
FUNDIDO EM MOLDES
em uma enorme variedade de mate-
DE AREIA
riais, desde o aço simples com 0,50% de
carbono, passando pelos ferros fundidos Cilindros de ferro fundido em moldes de
especiais e nodulares, até os carbonetos areia são empregados como cilindros
de tungstênio. acabadores de trens de grandes perfis
e trens comerciais, bem como cilindros
CILINDROS DE AÇO preparadores de trens de perfis médios.

Os cilindros de aço são cilindros com alto


CILINDROS DE FERRO
teor de carbono (0,35 a 1%) e elementos de
FUNDIDO COQUILHADO
liga que passam por tratamentos térmicos
adequados e com isso obtém-se: altas Cilindros de ferro fundido coquilhado são
durezas e resistências adequadas. Os prin- cilindros com camada exterior bastante
cipais elementos de liga são o cromo, o dura; possuem alta resistência ao desgaste
níquel e o molibdênio. e com isso os produtos apresentam um
bom acabamento superficial. O núcleo, no

77
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

entanto, é mais tenaz e apresenta boa resis- _ Uniformidade de aquecimento é inte-


tência à ruptura. Esses cilindros podem ser ressante. O produto deve ser uniforme em
usados em cadeiras acabadoras de trens toda a seção e em todo o comprimento. Isto
de fio-máquina, de trens de pequenos evita aparecimento de rupturas internas;
perfis, e em laminadores desbastadores.
_ Fusão da superfície externa deve ser
evitado. O aquecimento deve permitir o
FORNOS DE fluxo adequado de calor. Isto é para evitar
REAQUECIMENTO trincas e tensões internas, causadas por

Os fornos de reaquecimento são utilizados diferenças muito grandes de temperatura

com a finalidade de elevar a temperatura entre o núcleo e a superfície da peça.

dos produtos semi-acabados (tarugos ou


placas), até que o material esteja suficien- LAMINAÇÃO A QUENTE
temente plástico para permitir a redução
A laminação é um processo de confor-
mecânica à seção almejada.
mação mecânica no qual o material é
Estes fornos, normalmente contínuos, forçado a passar entre dois cilindros,
possuem, em geral, várias zonas de aque- girando em sentidos opostos, com prati-
cimento em seu interior. O material a camente a mesma velocidade superficial e
ser aquecido é posicionado na entrada separados entre si de uma distância menor
do forno e forçado a caminhar pelo inte- que o valor da espessura inicial do material
rior através da ação de empurradores ou a ser deformado, de forma a reduzir a área
vigas. Nestes fornos, tanto a carga como de sua seção transversal.
a descarga, se realizam de maneira perió-
Isso pode ser considerado como uma etapa
dica durante a operação. São fornos com
inicial do processo de laminação. No caso de
elevada produção e baixa taxa de mão-de-
placas e chapas, o processo é bastante seme-
-obra por tonelada produzida.
lhante ao estiramento, apresenta um bom
É interessante observar detalhes tais como: controle dimensional e alta produtividade,
em virtude da continuidade de seu processo.
_ Temperatura deve ser suficiente (mais
alta possível) de forma tal que não haja Primeiramente, a peça inicial, comu-
necessidade de reduzir a velocidade de mente um lingote fundido pelo processo
produção do laminador, nem submeter os convencional, ou uma placa (ou tarugo),
cilindros a pressões excessivas; processado previamente em lingotamento
contínuo, é aquecida a uma temperatura
_ Superaquecimento deverá ser evitado,
elevada - no caso de aços, inicia entre
pois a temperatura demasiadamente
1100ºC e 1300ºC, que é uma temperatura
elevada irá afetar a seção transversal, o
acima da chamada temperatura de recris-
que poderá alterar propriedades físicas do
talização e termina entre 700ºC e 900ºC,
produto acabado;

78
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

temperatura esta denominada de tempe- namento - devem ter um bom controle.


ratura de acabamento (TA). Elas têm grande influência nas microestru-
turas finais, o que resulta em definição das
No final do trem de laminação, a tempe-
propriedades mecânicas do produto final.
ratura da bobina fica em torno de 650ºC,
temperatura esta denominada de tempe- A figura 18 apresenta a variação que ocorre
ratura de bobinamento (TB). na forma e tamanho dos grãos (microes-
trutura) antes e após o processo de defor-
É importante salientar que estas duas
mação a quente.
temperaturas - de acabamento e de bobi-

Figura 18 - representação da variação que ocorre na forma e tamanho dos grãos antes e
após o processo de deformação a quente

Fonte: autores

Pode-se observar que a granulação se ou tiras a quente. Na laminação de tiras,


alonga no início da deformação entre os com espessuras na ordem de 2,0 milíme-
cilindros e, em seguida, vai ocorrendo tros, comumente utilizam laminadores
criação de novos grãos até o atingimento duos ou quádruos reversíveis numa etapa
da recristalização completa. preparadora e um trem contínuo de lami-
nadores quádruos.
O produto, após a laminação a quente,
adquire formas de perfis diversos O material, após a laminação, é então bobi-
(produtos não planos) ou de placas e nado a quente, decapado e oleado, indo a
chapas (produtos planos). seguir para o mercado consumidor como
produto laminado a quente ou é direcio-
Comumente se aplica nas operações
nado para a laminação a frio.
iniciais um desbaste, onde são necessárias
grandes reduções de seções transversais. É interessante salientar que, com a utili-
zação do lingotamento contínuo, produ-
No caso das placas, elas são laminadas até
zem-se placas e tarugos diretamente da
chapas grossas (material mais espesso)
máquina, evitando-se, assim, uma série

79
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

de operações de laminação, em especial a DICAS PARA OS


laminação desbastadora. ENGENHEIROS,
A presença de óxidos superficiais na chapa
TECNÓLOGOS,
laminada a quente é uma característica do
TÉCNICOS E PESSOAL
produto. Quando a chapa tiver que sofrer
DE OPERAÇÃO
processamentos posteriores, há necessi- _ Utilizar sempre os procedimentos de
dade de sua remoção. Como exemplos, segurança da área de trabalho. Andar
podemos citar os casos de aço destinados somente em locais determinados.
a estampagem, principalmente indús- Observar as placas de sinalização. Utilizar
tria automotiva. Devem ser removidos os EPIs recomendados pela área local.
porque eles reduzem a vida da ferramenta
e causam defeitos superficiais na peça
REFERÊNCIAS
durante o processo de estampagem. Os
óxidos impedem a aderência de revesti- [ 1 ] . ASHBY, M. F.; JONES, D. R. H. Engine-
mento superficial, tais como estanho, zinco ering materials: an introduction to their
ou pintura. Durante a laminação a frio, os properties & applications. London: Butte-
óxidos causam defeitos superficiais. rworth Heinemann, 2001.

O principal processo de remoção de óxidos [ 2 ] . CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL


superficiais é a decapagem, que consiste na MECÂNICA – CIMM. Disponível em: < www.
imersão da peça num banho de solução de cimm.com.br>. Acesso em: 20 março de
ácidos inorgânicos (clorídrico ou sulfúrico) 2015.
em água durante um determinado tempo.
Esses banhos podem conter ainda agentes [ 3] . CETLIN, P. R.; HELMAN, H. Funda-

inibidores e umectantes. As instalações mentos da conformação mecânica dos

para esse processamento podem ser dos metais. Belo Horizonte: Artliber, 2002.

tipos: decapagem por lotes, decapagem


[ 4] . CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros
semi-contínua e decapagem contínua.
fundidos. São Paulo: ABM, 2005.
Para completar o tratamento superficial,
as chapas são comumente oleadas para [ 5] . CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia
efeito de proteção contra a corrosão até mecânica: estrutura e propriedades das
sua utilização. ligas metálicas. São Paulo: McGraw-Hill,
1986.

[ 6 ] . MEYERS, M. A. Mechanical behavior


of materials. Hardcover, 2008.

[ 7] . PARANHUS FILHO, Moacyr. Gestão da


produção industrial. Curitiba: IBPEX, 2007.

80
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . Quais são, basicamente, as principais
partes de um laminador?

2. Quais as vantagens de laminador rever-


sível em relação a um não reversível?

3. Porque existe uma demanda de chapas


finas no mercado consumidor?

4 . Porque é necessário uma retifica nos


cilindros?

5 . Porque a temperatura deve ser o mais


alto possível dentro dos fornos de reaque-
cimento de placas?

6 . O que significa temperatura de acaba-


mento?

7. O que significa temperatura de bobina-


mento?

8 . Porque a laminação a quente deve ser


feita acima da temperatura de recristali-
zação dos aços?

9. Porque devem ser retirados os óxidos


após laminação a quente?

1 0. Qual a espessura final que se consegue


atingir durante o processo de laminação a
quente?

81
PROCESSO DE
LAMINAÇÃO A FRIO

Fala sobre:

_ Introdução

_ Laminadores

_ Tipos de cilindros de laminação

_ Emulsão de óleo

_ Processo de laminação a frio

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Como a temperatura de trabalho, embora


Os processos de conformação ocorra aquecimento, na ordem de 100ºC,
plástica dos metais permitem a devido ao forte atrito desenvolvido entre o
obtenção de peças em estado material e os cilindros de trabalho, pode-se
sólido, com características contro- dizer que o processamento é feito na
ladas, através da aplicação de temperatura ambiente.
esforços mecânicos cujo volume
São necessárias forças de compressão
se mantem constante.
elevadas para este processo. Dessa forma,
não se consegue altas taxas de redução de
espessura. A redução total do material, é
LAMINAÇÃO A FRIO o somatório das reduções de cada passe
A laminação a frio é um processo de defor- dado em cada cadeira de laminação.
mação feito a frio, ou seja, em tempe-
A laminação a frio é utilizada, portanto, nas
raturas posicionadas bem abaixo da
operações finais (de acabamento), quando
temperatura de recristalização dos aços.
as especificações do produto indicam a
Lembrando que, para cada passe (redução
necessidade de acabamento superficial
na espessura) dado às chapas de aço,
superior obtido com cilindros mais lisos e
ocorre um incremento na tensão residual
na ausência de aquecimento, o que evita a
do mesmo, até ocorrer o que chamamos
formação de cascas de óxidos e de estru-
de encruamento. Estes passes, feitos a frio,
tura do metal encruada com ou sem reco-
não podem exceder de um determinado
zimento final.
valor percentual devido às tensões apli-
cadas nos cilindros que são funções desta Este processo de conformação, além de
taxa de redução dos materiais. reduzir a espessura da chapa, imprime
nesse produto um acabamento superficial
A laminação a frio é um processo que é
cuja rugosidade é função do acabamento
realizado após o material ter sido subme-
dos cilindros de trabalho na última cadeira
tido a decapagem contínua para retirada
de laminação; confere nos produtos
dos óxidos gerados durante o processo de
melhores propriedades mecânicas.
laminação a quente.
A maior parcela da energia despendida
Esse processo tem a finalidade única e
no trabalho a frio é dissipada na forma de
exclusivamente de deixar o material na
calor, contudo, uma porção finita dessa
espessura final do produto, conforme a
energia é armazenada no material como
solicitação dos clientes finais. A peça inicial
energia de deformação, associada com os
para o processamento da laminação a frio,
diversos defeitos cristalinos gerados pela
pode-se dizer que é um produto semia-
deformação plástica.
cabado - chapa, oriundo do processo de
laminação a quente. Para se ter um acabamento superficial

83
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

no produto final, com melhor controle, gaiola promove uma determinada taxa
deve-se lançar mão dos laminadores de de redução de espessura. As velocidades
encruamento. Este processo de laminação dos cilindros das diversas gaiolas são
é realizado após a etapa de recozimento e sincronizadas de modo a manter a chapa
antes dos processos de tratamentos super- sob tensão desde a desenroladeira, onde
ficiais da chapa fina (estanhamento eletro- é feita a alimentação do material no
lítico e galvanização eletrolítica e a banho processo, passando pelas diversas gaiolas,
a quente). Nestes laminadores, a taxa até atingir a enroladeira, onde é realizado
de redução a frio fica posicionada entre o rebobinamento do material já laminado.
1,0% e 2.0%. Com este nível de redução,
A medida que se aumenta a força de tração
a espessura praticamente se mantém. No
entre as cadeiras, consequentemente,
caso de dureza do material, ocorre um
menor é a força de compressão a ser apli-
pequeno aumento. Esses laminadores,
cada entre os cilindros de laminação. Os
também conhecidos como Skin pass, têm
níveis dessas forças crescem à medida
a principal finalidade de eliminar o defeito
que a peça passa pelas diversas gaiolas,
conhecido como Linhas de Luders que
devido ao encruamento (endurecimento)
são marcas indesejáveis que se desen-
do material.
volvem na superfície das chapas durante
os processos posteriores de estampagem. A programação de redução em cada
estágio deve ser estabelecida (progra-
A seguir apresenta-se uma sequência típica
mada) de modo que as cargas nos lamina-
de operações: após a laminação a quente, as
dores sejam uniformemente distribuídas
chapas semiacabadas na forma de bobinas
e aproveite a capacidade de cada estágio,
são desenroladas, decapadas nas decapa-
capacidade esta que depende de diversos
gens ácidas de processamento contínuo
fatores, tais como: projeto do laminador,
e, em seguida, são secadas, oleadas e
potência disponível, largura do material,
enroladas novamente. O óleo tem a finali-
taxa de redução da chapa, condições de
dade diminuir o atrito desenvolvido entre
lubrificação entre cilindro e chapa, resis-
cilindro de trabalho e chapa, de forma a
tência do material, planicidade da chapa,
permitir o processo de laminação a frio.
acabamento das superfícies da chapa-ci-
Ele atua, também, como protetor contra
lindros e diâmetros dos cilindros.
a corrosão (oxidação) até seu processa-
mento no processo de recozimento, tanto Normalmente, é na última cadeira de lami-
em caixa como o processo continuo. Vale nação, que é impresso na chapa uma
destacar que este óleo é eliminado durante pequena deformação plástica para conferir ao
estes processos supra citado. produto um melhor acabamento, planicidade
e tolerância dimensional na espessura. Vale
No processo conduzido num trem de lami-
destacar que é na última cadeira de laminação
nação contínuo, com três a seis gaiolas
que é impresso a rugosidade do material.
(cadeiras) de laminadores quádruo, cada

84
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Num trem de laminação com lamina- polidos, a superfícies foscas, obtida com
dores quádruos, comumente promove-se cilindros que sofreram tratamento super-
a redução de 25% a 45% em cada estágio ficial com jato de areia. Neste caso, o resul-
inicial e intermediário e cerca de 10% tado é um acabamento fosco.
a 30% no estágio final; a redução total,
dependendo do produto, pode atingir algo ÓLEO EMULSIVO
da ordem de 90%. Essa redução provoca
a elevação da temperatura da peça e dos É o principal insumo utilizado no processo
cilindros, podendo chegar a aproximada- de laminação a frio. Ele tem características
mente 100ºC. especificas, apresentadas a seguir:

No caso de laminação de não ferrosos, de alta _ refrigeração dos cilindros;


velocidade, esta temperatura pode atingir
_ lubrificação entre chapa e cilindro;
valores da ordem de 200°C. O calor gerado
é dissipado com auxílio de um jato de uma _ limpeza contínua do equipamento como
emulsão composta de óleo solúvel-água, diri- um todo;
gido diretamente às superfícies dos cilindros
e das chapas, para manter as temperaturas _ melhoria da velocidade do laminador
nesses níveis máximos indicados. devido a diminuição do atrito, o que
evidentemente, aumenta a produtividade;
A disposição mais comum de cilindros na
gaiola é nos laminadores tipo quádruo. _ melhoria da qualidade de superfície da
Os cilindros de trabalho são de diâmetros chapa e do cilindro.
menores – de modo a reduzir a pressão
Na laminação de chapas a frio, além
de laminação e os cilindros de encosto,
da concepção do equipamento na qual
os quais inibem a flexão dos cilindros de
engloba um laminador, é imprescindível
trabalho. É importante salientar que os
e necessário a utilização de insumos, para
cilindros são dotados de uma leve variação
que torne o processo estável e que não
de diâmetros ao longo de seu corpo, o que
tenha problemas no decorrer do processo
chamamos de coroa, que pode ser positiva
de forma a não comprometer a qualidade.
ou negativa, dependendo de sua aplicação.
Esta referida coroa tem uma precisão da A maior parte do óleo emulsivo (também
ordem de microns. É obtida durante o conhecido como emulsão) é direcionada,
processo de retífica do cilindro. sempre, diretamente nos cilindros. Caso
haja uma variação térmica brusca, pode
Com relação ao acabamento superficial
favorecer o aparecimento de trincas ou até a
dos produtos laminados a frio, ele é dire-
quebra do cilindro devido a dilatação, provo-
tamente dependente do acabamento
cada pelo calor, entre a camada tratada e o
superficial dos cilindros. Pode variar de
núcleo do cilindro ocasionado pela diferença
superfícies brilhantes, obtida com cilindros
de dureza entre as camadas do cilindro.

85
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

A solução (emulsão) do líquido utilizado dores contínuos quanto em laminadores


na laminação tem base mineral e contém reversíveis.
aproximadamente 3% de óleo miscível na
É importante comentar as particulari-
base água.
dades, muito importantes, no processo de
laminação:
CILINDROS
1 . Quando na sua substituição existe a
Os cilindros de laminação, principalmente
necessidade de interromper o processo
aqueles da laminação a frio, são conside-
produtivo para que eles sejam substitu-
rados a terceira fonte de custos em uma
ídos, afeta diretamente a produtividade
usina siderúrgica. Esta situação econômica,
do laminador, em outras palavras, afeta a
aliada ao fato de que estas ferramentas
linha de produção como um todo. Pode-se
respondem diretamente pela precisão
citar que, em média, são aproximada-
da forma e da qualidade superficial dos
mente 1 troca por turno de 8 horas;
produtos, torna imprescindível uma boa
seleção desses equipamentos. 2 . Os cilindros de trabalho fazem contato
direto com o aço laminado, consequente-
A escolha correta dos cilindros, portanto,
mente, a qualidade superficial dos mesmos
simultaneamente, melhora o faturamento
é de suma importância para a qualidade
da fábrica, como também propicia uma
superficial da chapa laminada;
diminuição de seus gastos.
3. E por último, como já foi dito, é um
No que diz respeito a desenvolvimento de
insumo de elevado custo no processo de
cilindros de laminação, é importante citar
laminação.
que sempre despertaram interesse nas
empresas de grande porte. Atualmente A figura 19 apresenta uma visão de um
estão sendo feitos muitos estudos para conjunto de cilindros de trabalho e de encosto.
que essa ferramenta ofereça um desem- Nesta figura, pode-se visualizar também o
penho cada vez melhor, tanto em lamina- corpo, o pescoço e o trevo dos cilindros.

Figura 19 - Ilustração de um conjunto de cilindros de trabalho e encosto

Fonte: autores

86
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

A figura 20 apresenta um cilindro


mostrando suas partes principais (corpo,
pescoço e trevo).

Figura 20 - exemplo de um cilindro mostrando suas partes principais (corpo, pescoço e


trevo)

Fonte: autores

Os cilindros de trabalho sofrem deforma- cilindros devido à pressão envolvida entre


ções mecânicas importantes que merecem as regiões de contato entre os dois cilin-
ser destacadas. A flexão ocorre devido às dros e entre cilindro de trabalho-chapa.
altas cargas de laminação aplicadas nas
extremidades dos cilindros de encosto que REFERÊNCIAS
por sua vez são transmitidas para os cilin-
dros de trabalho. Atualmente, a maioria [ 1 ] . Anais do XXXVI Seminário de Lami-
dos laminadores possuem sistemas de nação - Processos e Produtos Laminados e
contra flexão, chamada de work roll Revestidos, Associação Brasileira de Meta-
bending. Este dispositivo de controle lurgia e Materiais, Belo Horizonte MG, 22 a
tende a reduzir a flexão dos cilindros, 24 de Setembro de 1999.
evitando assim defeitos tipo ondulados,
[ 2 ] . BUTTON, S. T. Apostila de confor-
tanto central quanto lateral, que podem se
mação plástica dos metais. Campinas:
desenvolver tanto nas bordas quanto no
Editora da Unicamp, 2000.
centro da chapa.
[ 3] . CALLISTER JR., W. D. Ciência de enge-
Os cilindros de trabalho estão sujeitos
nharia de materiais: uma introdução. Rio
também a um outro problema chamado
de Janeiro: LTC, 2002. 2. ASM International
achatamento – palavra oriundo do inglês
- Metals HandBook - Heat Treating. Vol. 4.
flattening. É uma deformação elástica dos
Detroit: ASM, 1991.

87
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

[4]. CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL EXERCÍCIOS


MECÂNICA – CIMM. Disponível em: www.
cimm.com.br. Acesso em 20 de março de 1 . Fale, resumidamente, sobre o processo
2015. de laminação a frio;

[5]. CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica. 2 . O que significa encruamento?


v. I. 2. ed. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1986.
3. Qual as finalidades da laminação a frio?
[6 ]. DIETER, G. E. Metalurgia mecânica.
4. Quais as taxas de redução nos lamina-
Parte IV. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,
dores de encruamento?
1981.
5. Como é feita a programação de redução
[7]. GARCIA, A., SPIM, J. A.; SANTOS, C.
em cada estágio de laminação?
A. Ensaios de materiais. Rio de Janeiro:
Editora Livros Técnicos e Científicos S. A., 6 . Qual é o principal insumo utilizado na
2000. laminação a frio?

[8]. GRUNING, K. Técnicas de confor- 7. Qual a relação entre as forças de tração


mação, polígono da técnica mecânica. São e compressão na laminação a frio?
Paulo: Editora Polígono, 1973.
8. Qual a finalidade do equipamento work
[9 ]. HELMAN, H.; CETLIN, P. R. Funda- roll bending?
mentos da conformação mecânica dos
metais. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 9. Porque é importante uma boa seleção

1983. dos cilindros de laminação?

1 0. Como é denominada a deformação


elástica dos cilindros devido à pressão
envolvida entre as regiões de contato
entre os dois cilindros e entre cilindro de
trabalho-chapa?

RESOLUÇÃO DOS
EXERCICIOS
1 . A laminação a frio, é um processo
de deformação feito a frio, ou seja, em
temperaturas posicionadas bem abaixo
da temperatura de recristalização dos
aços. Lembrando que para cada passe
(redução na espessura) dado às chapas
de aço, ocorre um incremento na tensão

88
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

residual do mesmo, até ocorrer o que *limpeza contínua do equipamento


chamamos de encruamento. como um todo; *melhoria da velocidade
do laminador devido a diminuição do
2. O encruamento é um endurecimento
atrito, o que evidentemente, aumenta a
do aço em decorrência do aumento da
produtividade; *melhoria da qualidade
densidade de discordâncias devido a
de superfície da chapa e do cilindro.
intensa deformação a frio.
7. A medida que se aumenta a força de
3. Este processo de conformação,
tração entre as cadeiras, consequente-
além de reduzir a espessura da chapa,
mente, menor é a força de compressão
ele imprime nesse produto, um acaba-
a ser aplicada entre os cilindros de lami-
mento superficial cuja rugosidade é
nação. Os níveis dessas forças crescem à
função do acabamento dos cilindros
medida que a peça passa pelas diversas
de trabalho na última cadeira de lami-
gaiolas, devido ao encruamento (endu-
nação. Confere nos produtos melhores
recimento) do material.
propriedades mecânicas.
8. Este dispositivo de controle tende a
4. Variam de 1,0% a 2,0% de redução.
reduzir a flexão dos cilindros, evitando
É apenas um passe de superficie com a
assim defeitos tipo ondulados, tanto
finalidade principal de eliminar o patamar
central quanto lateral, que podem se
de escoamento dos aços recozidos.
desenvolver tanto nas bordas quanto

5. A programação de redução em cada no centro da chapa.

estágio deve ser estabelecida (progra-


9. Os cilindros de laminação, principal-
mada) de modo que as cargas nos lami-
mente aqueles da laminação a frio, são
nadores sejam uniformemente distribu-
considerados a terceira fonte de custos
ídas e aproveite a capacidade de cada
em uma usina siderúrgica. Esta situação
estágio, capacidade esta que depende
econômica aliada ao fato de que estas
de diversos fatores, tais como: projeto
ferramentas respondem diretamente pela
do laminador, potência disponível,
precisão da forma e da qualidade super-
largura do material, taxa de redução da
ficial dos produtos, torna imprescindível
chapa, condições de lubrificação entre
uma boa seleção desses equipamentos.
cilindro e chapa, resistência do material,
planicidade da chapa, acabamento das 1 0. É denominada de flattening. Os
superfícies da chapa-cilindros e diâme- cilindros de trabalho estão sujeitos a
tros dos cilindros. este tipo de defeito. É um achatamento,
que é a tradução do inglês (flattening).
6 . É o óleo emulsivo (emulsão). Ele tem
É uma deformação elástica dos cilin-
características específicas, apresentadas
dros devido à pressão envolvida entre
a seguir: * refrigeração dos cilindros;
as regiões de contato entre os dois cilin-
*lubrificação entre chapa e cilindro;
dros e entre cilindro de trabalho-chapa.

89
PROCESSO DE
RECOZIMENTO

Fala sobre:

_ Introdução

_ Processo de recozimento

_ Definições de recozimento

_ Variáveis que influenciam

_ Dicas sobre qualidade

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

como recristalização. A este tratamento


Os objetivos principais do reco- chamamos de recozimento.
zimento são: remover tensões
Existem dois tipos diferentes de recozi-
internas, diminuir a dureza,
mento, que é o convencional (em caixa) ou
melhorar a ductilidade, ajustar o
contínuo (recozimento rápido), em que o
tamanho dos grãos, obter estru-
processo é feito sem interrupção.
turas favoráveis para submeter
o aço a processos posteriores e No caso dos aços com baixo teor de
eliminar os efeitos de quaisquer carbono laminados a frio, que foram
tratamentos mecânicos anteriores. submetidos a taxas elevadas de redução,
o processo de recozimento subcrítico, em
que a temperatura de início da transfor-
RECOZIMENTO mação ferrítica/austenita, que é de aproxi-
madamente 723°C, é o mais adequado.
O processo de laminação a frio dos aços,
que tem como objetivo principal o ajuste O processo de recozimento pode ser
da espessura final das chapas de aço, induz representado por um ciclo térmico tempo-
no material um aumento excessivo de sua -temperatura. As principais variáveis que
resistência mecânica. Este incremento é influenciam neste processo, no que diz
devido, principalmente, ao aumento da respeito na qualidade superficial e de
densidade de defeitos em sua estrutura propriedades mecânicas, são: aqueci-
interna, o que vai depender da severidade mento, temperatura de encharque, tempo
de deformação. de encharque e resfriamento.

Quanto maior for a redução a frio no mate-


rial laminado, mais forte é a modificação AQUECIMENTO
da estrutura mecânica. Ocorre um alonga-
Durante esta fase, devem ser consideradas
mento dos grãos ferríticos na direção de
a velocidade e a temperatura máxima de
laminação. Comprometendo seriamente
aquecimento do metal. A velocidade de
a dureza e o limite de resistência, que
aquecimento é um fator importante a ser
ficam posicionados em valores elevados,
considerado, pois se o metal a ser aquecido
tornando o aço muito quebradiço e impró-
apresentar uma elevada tensão interna e a
prio para as aplicações de estampagem
velocidade de aquecimento for muito alta,
posteriores. Assim sendo, é necessário
este material pode apresentar defeitos
submeter o aço a um tratamento térmico
superficiais e variações em suas caracte-
para se aliviar as tensões internas e
rísticas de estampabilidade, comprome-
promover a formação de novos grãos, com
tendo, assim, sua qualidade.
a mesma composição e estrutura cristalina
dos grãos originais, porém alongados e No caso de aquecimento muito lento, o
heterogêneos. Este processo é conhecido material fica propenso a apresentar um

91
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

excessivo crescimento de grão, que nem ciclo térmico, esta é a etapa mais demo-
sempre é desejável. rada em todo o processo.

Os ambientes usuais de resfriamento são:


TEMPERATURA DE o próprio forno ao ser desligado, natu-
AQUECIMENTO ralmente com o ar atmosférico, com ar

Outra variável importante a se considerar, forçado através de resfriadores e resfria-

também, é a temperatura de aqueci- mento com spray de água. Sendo que cada

mento. A escolha da temperatura ideal vai uma destas formas de resfriamento propi-

depender das propriedades mecânicas e ciam diferentes velocidades.

estruturas finais desejadas para o material


Na escolha do ambiente de resfriamento,
e também da sua composição química.
os principais fatores a serem considerados
são: a estrutura final desejada e produtivi-
TEMPO DE ENCHARQUE dade que se deseja alcançar.

Após ser determinada a temperatura de O meio de resfriamento mais brando é ao


aquecimento do material, o tempo de ambiente do próprio forno. Em seguida,
permanência nesta temperatura também vem o ar naturalmente e finalmente o
é um fator que depende das propriedades spray com água.
mecânicas almejadas e estruturas finais
desejadas para o material.
DEFINIÇÕES DOS
O tempo de encharque na temperatura DIFERENTES TIPOS DE
desejada é o tempo necessário para que RECOZIMENTOS
todo o material enfornado, atinja, de forma
Re coz im e n to a z u l
homogênea, a temperatura desejada, ou
seja, aquela programada. É um recozimento realizado em condi-
ções tais que se forme na superfície metá-

RESFRIAMENTO lica uma camada de óxido uniforme e


aderente, de cor azulada.
O resfriamento é, também, uma variável
muito importante. A velocidade de resfria- Re coz im e n to b rilh a n te

mento determina efetivamente a estrutura


É um recozimento realizado em condições
e, consequentemente, as propriedades
tais que tende a eliminar a oxidação da
finais do material.
superfície metálica.

Quanto mais lento for o resfriamento,


Re coz im e n to fe rrí t ico
mais macio será o material recozido, o
que implica em melhores qualidades para É um recozimento aplicado ao ferro fundido,
estampagem no cliente final. Dentro do destinado à obtenção de matriz ferrítica,

92
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

também denominado ferritização. Utiliza-se consideravelmente acima do ponto AC3


com a finalidade de abaixar dureza. (diagrama Fe-C), longa permanência nessa
temperatura e resfriamento adequado ao
Recoz i men to in termediário
fim em vista, para eliminação de variações

É um recozimento realizado pela perma- locais de composição do material.

nência em temperatura dentro da zona


Re coz im e n to p a ra re crist a liz a ç ão
crítica. Utiliza-se para peças que neces-
sitem ser usinadas, com remoção de É um recozimento caracterizado pela
cavacos, sob condições particulares. permanência em temperatura dentro da
faixa de recristalização, após deformação
Recoz i men to isotérmico
realizada abaixo dessa faixa. Utiliza-se

É um recozimento utilizado para peças para peças deformadas plasticamente a

que necessitem ser usinadas, e que, após frio, com a finalidade de reduzirem seus

a usinagem, devam sofrer tratamentos limites de escoamento e de resistência.

térmicos finais com distorções dimensio-


Re coz im e n to p a ra s olu b iliz a çã o
nais mínimas e sempre repetitivas para
grandes séries de produção. É um recozimento em consequência do
qual um ou mais constituintes entram em
Recoz i men to para alívio de
solução, geralmente caracterizado por um
tens õ es
resfriamento rápido destinado à retenção

É um recozimento subcrítico, visando à daqueles constituintes em solução sólida

eliminação de tensões internas, sem modi- na temperatura ambiente. Também

ficação fundamental das propriedades exis- denominado solubilização, utiliza-se para

tentes. É realizado após deformação a frio, peças que, durante as diversas etapas de

tratamento térmico, soldagem e usinagem. produção, apresentam segregações dos


elementos de liga da matriz básica.
Recoz i men to para c resc imento
d e grão Re coz im e n to p le n o

É um recozimento caracterizado por É um recozimento caracterizado por um

permanência em temperatura significati- resfriamento lento através da zona crítica,

vamente acima de zona crítica. O resfria- a partir da temperatura de austenitização

mento deve ser lento até a temperatura (geralmente acima de Ac1 para aços hipo-

ambiente. É destinado a produzir cresci- eutetóides e entre Ac3 e Acm para os hipe-

mento de grão. reutetóides).

Recozimento para homogeneização Re crist a liz a çã o

É um recozimento caracterizado por Os aços, na condição de laminado a frio,

um aquecimento até uma temperatura apresentam-se com elevada resistência

93
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

mecânica em consequência de sua alta fenômeno de recristalização. Para o caso


densidade de discordâncias, tanto no inte- de recozimento de aços baixo carbono
rior como também nos contornos dos grãos. destinados a processos de estampagem,
o tratamento é subcrítico, ou seja, é reali-
Após a laminação a frio deixa de existir a
zado abaixo da temperatura de transfor-
estrutura de grãos. Com base na termodi-
mação ferrita-austenita.
nâmica, o aço se encontra numa situação
instável, com alta energia armazenada, A figura 21 apresenta a influência da
com tendência a uma situação estável temperatura de recozimento nas proprie-
de baixa energia. Esta energia armaze- dades mecânicas de um aço no estado
nada atua como uma força motriz para o “encruado”.

Figura 21 - influência da temperatura de recozimento nas propriedades mecânicas de


um aço no estado “encruado”

Fonte: autores

As propriedades descritas na figura 21 É usual referir-se a uma temperatura de


são com relação a dutilidade e a dureza. recristalização de um metal, para designar
À medida que vai ocorrendo recuperação a temperatura na qual o metal com um
e recristalização, o material vai melho- dado grau de encruamento, se recrista-
rando suas propriedades mecânicas, até o lizará completamente após um período
término do crescimento de grão que ocorre determinado de tempo, que é normal-
no final do processo de recozimento, ou mente 1 hora. O processo de recristali-
melhor, no final da fase de encharque. zação é muito mais sensível à variações de
temperatura que do tempo.

94
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Além da temperatura e do tempo, vários de aços, de baixo carbono, laminados e


outros fatores exercem influência sobre o destinados a estampagem de um modo
processo. Dentre eles, podemos destacar geral. Embora antigo, vai sempre existir
o grau de encruamento, os elementos de devido ao material produzido ter exce-
liga e o tamanho de grão inicial. lentes características de estampabilidade,
principalmente nos casos de estampagem
A temperatura de recristalização diminui
profunda e extra profunda, o que não se
à medida que o grau de encruamento
consegue através do recozimento contínuo.
aumenta. Isto se deve ao fato de que a
energia armazenada no aço aumenta com Normalmente, o processo de recozimento
o encruamento. em caixa, algumas vezes chamado de
convencional, é considerado um processo
A pureza do metal é outro fator relevante
de baixa produtividade porque é realizado
no processo de recristalização. O ferro é
com o material em pilhas, geralmente de
um exemplo típico. Enquanto que o ferro
3 a 4 bobinas, podendo variar para mais
eletrolítico se recristaliza a aproximada-
ou para menos, dependendo da dimensão
mente 400ºC, a presença de pequenos
(largura) das bobinas e dos tempos de reco-
teores de carbono, de fósforo, de silício e
zimento muito longos. Entre uma carga
de nitrogênio, elevam a temperatura para
e descarga, pode variar entre 5 e 7 dias,
acima de 540ºC.
no caso dos fornos convencionais. Vale

Quanto menor o tamanho do grão inicial, destacar que o processo de recozimento

maior será a área total dos contornos de com os fornos de alta convecção, ocorre

grão em um dado volume de metal, o que uma melhoria, de aproximadamente 30%

propicia uma maior velocidade de nucle- na produtividade, podendo ser ainda

ação para a recristalização. Isto resulta melhor em alguns casos. Outro detalhe

numa granulação recristalizada menor. importante a comentar é que o gradiente


térmico é muito grande, ou seja, a dife-
Após terminada a recristalização, se a rença entre o ponto mais quente (hot spot)
temperatura for mantida, haverá uma e o ponto mais frio (cold spot) ao longo das
lenta migração dos contornos de alguns bobinas empilhadas é muito grande.
grãos, produzindo crescimento uniforme
destes grãos às custas do desaparecimento O gás desoxidante, que basicamente

gradual de grãos menores. Este fenômeno é formado por uma atmosfera de gás

é conhecido como crescimento de grão. HN (Hidrogênio 6% + Nitrogênio 94%),


circulando sobre as bordas das bobinas,
Recoz i men to conven c ion al em através dos convectores, levam o calor até
cai xa as bordas de cada espira e, por condução,
o calor é transmitido até atingir a parte
Este é um processo muito antigo e bastante
mais fria da bobina, que é chamado de
utilizado por grandes empresas produtoras
cold spot.

95
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

O tratamento térmico é realizado nas de um determinado peso em aço.


bobinas de aço laminadas que se encon-
A conservação do sistema de convecção é de
tram dentro de uma proteção (abafador),
fundamental importância para que se tenha
separando as mesmas do produto da
um adequado processo de aquecimento,
combustão. O abafador é pressurizado com
assim como o diâmetro interno das bobinas
uma atmosfera de gás desoxidante, que
por onde os gases oxidantes retornam
tem como finalidade proteger as bobinas
à base, formando, assim, o processo de
quanto à oxidação. Os abafadores estão
convecção. Vale salientar que, quanto
em contato com o produto da combustão
menor o diâmetro interno das bobinas,
vindo dos queimadores e transmite o calor
menor a eficiência da convecção e incide
para a carga, obtendo-se então a elevação
adversamente no tempo de recozimento.
da temperatura nas bobinas. Todo este
processo tem como objetivo a obtenção do É importante salientar que, atualmente,
produto final com uma dureza de acordo algumas empresas já utilizam os chamados
com as necessidades do cliente e com fornos de alta convecção, nos quais são
uma superfície totalmente limpa. A trans- utilizados, como gás desoxidante, o hidro-
ferência de calor para as bobinas ocorre gênio praticamente puro. Nestes equipa-
por convecção. A transmissão do calor é mentos, os tempos de aquecimento, de
mais rápida de borda a borda do que do encharque e de resfriamento, ou seja, os
diâmetro externo para diâmetro interno tempos totais de recozimento, são, pratica-
da bobina, isto é, devido à condutividade mente, a metade quando comparado com
equivalente radial ser, em média, quatro os fornos convencionais. Devido ao menor
vezes menor do que a condutividade tempo, consegue-se uma melhor produti-
verdadeira do metal. vidade, aliada a uma melhor qualidade no
produto final, considerando propriedades
O gás desoxidante, circulando sobre as
mecânicas e limpeza superficial. Outro
bordas das bobinas através das placas de
detalhe importante, que vale comentar,
convecção ou convectores, aquecem as
é que estes fornos funcionam totalmente
bordas de cada espira e, por condução, o
automatizados, para implementação do
calor é transmitido até atingir a parte mais
ciclo térmico ao longo da carga através de
fria da bobina (cold spot), distribuindo o
controladores lógicos programáveis (CLP’s).
calor entre cada bobina através das placas
de convecção e retornando pelo eixo interno Os fornos convencionais são de tubos
das bobinas de volta à ventoinha (venti- radiantes ou de chama direta. A tabela I
lador da base). É sabido que a variação de apresenta uma comparação entre estes
temperatura no centro de qualquer bobina dois tipos de fornos de recozimento conven-
depende basicamente da sua largura e cional (tubo radiante e chama direta).
peso. Estas duas variáveis podem ser rela-
cionadas com a quantidade de calor em
kcal necessária para elevar a temperatura

96
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Tabela 1 - Comparação entre os fornos de recozimento convencional de tubo radiante e


de chama direta
ITENS ANALISADOS TUBO RADIANTE CHAMA DIRETA

Rendimento térmico Menor Maior

Qualidade de superfície Indiferente Indiferente

Qualidade de propriedade mecânica Maior Menor

Vida útil do abafador Maior Menor

Fonte: autores

Um forno típico, composto de tubos radiação. Sendo que, dentro do abafador,


radiantes, os quais são fabricados normal- ocorre os três tipos de transmissão
mente de aço inoxidável centrifugado. As do calor, ou seja, além da convecção e
bobinas são empilhadas e isoladas umas radiação, ocorre também a condução,
das outras por separadores ou convec- através das espiras das bobinas. A figura
tores. 22 apresenta um modelo de como ocorre
o mecanismo de transmissão do calor
A transmissão do calor do forno para o
durante o processo de recozimento.
abafador é feita através da convecção e da

Figura 22 - ilustração de como se processa o mecanismo de transmissão do calor duran-


te o processo de recozimento

Fonte: autores

É importante destacar que existem fornos ar de combustão. A figura 23 apresenta uma


dotados de um sistema de recuperação do visão geral de um forno tipo campânula, onde
calor, que propicia uma redução no consumo pode-se visualizar o abafador, os convectores,
de energia através de pré-aquecimento do o termopar e a ventoinha da base.

97
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 23 - visão geral de um forno tipo campânula, onde pode-se visualizar o abafador,
os convectores, o termopar e a ventoinha da base

Fonte: autores

FORNOS DE ALTA condutividade radial com o H2 é de aproxi-

CONVECÇÃO madamente 10 vezes, quando na utilização


do gás HN, o que proporciona uma menor
Com relação aos fornos de alta convecção, diferença de temperatura entre os vários
afirma-se que são dotados com atmos- pontos da bobina.
fera de até 100% de hidrogênio. Neste
caso, ocorre um aumento significativo nos Os fornos são dotados de equipamentos

coeficientes de transmissão de calor por para medição contínua do teor de oxigênio

convecção, ou seja, o coeficiente do gás nos gases de proteção, o que é essencial

H2 é aproximadamente igual a 1,65 HN. para a questão de segurança pessoal e do

Isto é devido as propriedades físicas do equipamento, uma vez sabendo que o gás

elemento hidrogênio, tais como: sua densi- H2 é um combustível em potencial. O teor

dade e viscosidade. máximo de oxigênio admissível dentro do


forno é de 1% na composição do gás.
A diferença deste forno em comparação
com o forno convencional está posicionada Este processo apresenta as seguintes

principalmente com relação a qualidade e vantagens:

produtividade.
1 - Menores ciclos de recozimento

No caso do hidrogênio puro, a condutivi-


Proporciona aumento da produtividade
dade efetiva da bobina é muito maior. A

98
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

devido ao tempo menor das fases de aque- 4 - Menor consumo de energia


cimento e de resfriamento;
Os ciclos térmicos são aproximadamente
2 - Uniformidade de temperatura metade de tempo em comparação com
o processo convencional com atmosfera
Considerando uma mesma carga e a
de HN. Neste caso, o consumo específico
mesma temperatura da base, a diferença
de energia é substancialmente reduzido.
de temperatura entre a primeira espira e o
Para cada forno é necessário duas bases
núcleo da bobina é de aproximadamente
de recozimento (no caso de forno conven-
160ºC, para o forno convencional com
cional são quatro bases para cada forno).
atmosfera de HN, e de aproximadamente
70ºC, para o processo de alta convecção; A figura 24 é uma comparação dos perfis
térmicos dos processos de alta convecção
3 - Melhoria significativa da limpeza de
(hidrogênio puro) e fornos convencionais
superfície
(atmosfera de HN). Na figura, está posicio-

Sendo altamente redutor, praticamente não nado uma carga de 100 toneladas para ilus-

existe oxidação superficial, ocorrendo signi- trar a aplicação do perfil térmico na carga.

ficativa melhoria na qualidade de superfície;

Figura 24 - comparação entre os perfis térmicos dos processos de alta convecção (hidro-
gênio puro) e fornos convencionais (atmosfera de HN)

Fonte: autores

EQUIPAMENTOS DE de recozimento em caixa ou campânula

UM RECOZIMENTO DE (Batch annealing). Dentre eles, podemos

BOBINAS destacar: a base (onde são apoiado os


fornos), a campânula protetora (abafador),
A seguir são descritos os principais equi- o convector (separador das bobinas) e o
pamentos que fazem parte de um sistema resfriador (campânula de resfriamento).

99
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

B as e de proteção ao longo da carga. A movimen-


tação do gás no interior da câmara, que é a
É um suporte onde são apoiadas e empi-
convecção forçada, propicia a transmissão
lhadas as bobinas a serem recozidas.
do calor da parte central da bobina (miolo)
É constituída de uma carcaça metálica,
para o exterior da bobina.
revestida de material refratário (tijolos ou
argamassa). Na sua parte central, sobre A figura 25 apresenta um exemplo típico de
o refratário, está posicionado o difusor, uma base de recozimento. São mostrados
dentro do qual está alojada a ventoinha, os detalhes do termopar, ventoinha,
que é responsável pela circulação do gás convector e uma bobina posicionada.

Figura 25 - exemplo típico de uma base de recozimento. São mostrados detalhes do


termopar da base, ventoinha e uma bobina posicionada

Fonte: autores

A selagem do contato entre base e melhor homogeneidade de temperatura


abafador é feita com borracha, areia durante o processo de recozimento.
ou manta de lã de vidro. A areia tem a
C a m p â n u la p rote tora ou a b a fa do r
vantagem de se poder utilizar abafadores
com as abas empenadas. Por outro lado, Tem como finalidade principal fazer o
exige um controle rigoroso da granulome- isolamento entre o material a ser recozido
tria da areia, sob pena de perda de estan- e o meio ambiente (oxigênio do ar). São,
queidade do sistema. normalmente, fabricados de aço inoxi-
dável austenítico ou aço baixo carbono e
É importante salientar que o termopar
podem ser lisos ou corrugados. É impor-
da base tem que ter contato direto com
tante destacar que as paredes corrugadas
o convector da base para garantir uma

100
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

aumentam a superfície externa dos abafa- parede dos abafadores atingem tempera-
dores e também permitem que se utilize turas da ordem de 800ºC. Isto é um dos
um material com menor espessura devido principais fatores que influenciam na vida
a sua maior resistência. Os de aço inox são útil destes equipamentos.
duradouros, em contrapartida são de alto
A figura 26 apresenta um modelo simples
custo. Cada caso deve ser analisado cuida-
de um abafador que pode ser fabricado com
dosamente antes da compra.
aço ao carbono comum ou aço inoxidável.
Durante o processo de recozimento a

Figura 26 - modelo ilustrativo de um abafador simples

Fonte: autores

Co nvector ou separador de Re s fria d or ou ca m p â n u la d e


bobi nas re s fria m e n to

São espaçadores colocados entre as Uma grande parte do tempo total de


bobinas que formam a carga para possibi- processamento é gasto na etapa de resfria-
litar a passagem do gás de proteção entre mento. O ideal é fazer a descarga do mate-
as bobinas empilhadas propiciando que o rial em temperaturas abaixo de 100 ºC.
calor seja transportado do topo e da base
Para acelerar a velocidade de resfriamento,
das bobinas para a parte central.
são utilizados os resfriadores. Eles aspiram
A convecção forçada do gás de proteção o ar atmosférico em torno dos abafadores.
depende fortemente dos convectores. Seu
formato (desenho) também é muito impor- CICLO TÉRMICO
tante no rendimento final do sistema.
O ciclo térmico é dividido em três partes
principais: aquecimento, encharque e

101
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

resfriamento. A figura 27 apresenta perfis partes mais quentes, que são os “pontos
térmicos em diferentes pontos ao longo quentes” (hot spot).
das bobinas em recozimento. É um ciclo
Vale lembrar que o ponto com mais alta
térmico intencionado à 580ºC por 6 horas
temperatura (650 ºC) está posicionado no
de encharque. São mostrados, na figura,
topo da carga, que, na verdade, é o empi-
as temperaturas mais frias, que são os
lhamento das bobinas para fazer o trata-
“pontos frios” (cold spot), bem como as
mento de recozimento.

Figura 27 - perfis térmicos em diferentes pontos ao longo das bobinas (carga) durante o
processo de recozimento

Fonte: autores

PRINCIPAIS VARIÁVEIS _ espessura das chapas ou folhas;


NO PROCESSO DE _ variáveis de recozimento (aquecimento,
RECOZIMENTO encharque e resfriamento).
As principais variáveis que influenciam no
processo de recozimento que influenciam RECOZIMENTO
nas propriedades mecânicas são: CONTÍNUO
_ composição química; É um processo de tratamento térmico em
que o próprio material é quem faz o perfil
_ temperatura de acabamento na lami-
térmico, através de seu movimento no
nação a quente;
interior do forno de recozimento.

_ temperatura de bobinamento na lami-


Normalmente as linhas de recozimento
nação a quente;
contínuo são divididas em 3 (três) partes
_ largura das bobinas; principais: seção de entrada, seção de

102
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

processo e seção de saída. A entrada é É importante destacar que, após a desen-


composta, basicamente, pelas desenrola- roladeira e antes da enroladeira, existem
deiras, máquina de solda, equipamentos duas torres de acumulação de material de
de medição de espessura e a limpeza forma a permitir a troca da desenroladeira
eletrolítica. O processo é realizado no e da enroladeira sem comprometimento
forno de recozimento, normalmente de todo o processo.
vertical. A saída é composta pela inspeção
As diferenças marcantes com o processo
e enroladeiras.
convencional são: o volume de produção,
O forno é dividido em quatro seções prin- a qualidade de superfície e a homogenei-
cipais: aquecimento, encharque, resfria- dade de propriedades mecânicas.
mento lento e resfriamento rápido.
A figura 28 apresenta uma visão sucinta
As temperaturas de cada seção do forno de uma linha de recozimento contínuo.
são mantidas numa pequena faixa de Pode-se visualizar, na figura, as partes
variação e a tira viaja numa velocidade principais (desenroladeira, medidor de
praticamente constante, ao longo de todo espessura, tanque de limpeza eletrolítica,
o processo, desde a desenroladeira. tanque de lavagem, secagem, forno de
recozimento continuo e enroladeira).

Figura 28 - visão sucinta de uma linha de recozimento contínuo

Fonte: autores

A figura 29 apresenta uma visão interna as seções de aquecimento, encharque e


do forno de uma linha de recozimento resfriamentos lentos e rápidos.
continuo de chapas finas. Pode-se observar

103
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 29 - visão interna do forno de uma linha de recozimento continuo de chapas finas

Fonte: autores

Pode-se observar, na figura, os rolos selos [ 4] . CHIAVERINI, V. Tiecnologia mecânca.


na entrada e na saída do forno. Estes rolos v. I. 2. ed. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1986.
tem a finalidade de evitar que haja entrada
[ 5] . GARCIA, A., SPIM, J. A.; SANTOS, C.
de oxigênio no interior da câmara do forno.
A. Ensaios de materiais. Rio de Janeiro:
O forno é hermeticamente fechado e fica
Editora Livros Técnicos e Científicos S. A.,
condicionado a uma atmosfera de nitro-
2000.
gênio (95%) mais hidrogênio (5%).

[ 6 ] . GRUNING, K. Técnicas de confor-


É importante salientar que, dentro do
mação, polígono da técnica mecânica. São
forno, tem aproximadamente 800 metros
Paulo: Editora Polígono, 1973.
de chapa totalmente tensionado viajando
a uma velocidade de até 200 m/min. [ 7] . HELMAN, H.; CETLIN, P. R. Funda-
mentos da conformação mecânica dos
REFERÊNCIAS metais. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,
1983.
[1 ]. Anais do XXXVII Seminário de Lami-
nação - Processos e Produtos Laminados e [ 8] . Mecanismes Metallurgiques Impli-
Revestidos, Associação Brasileira de Meta- ques dans l’obtencions de Tôles Destinées
lurgia e Materiais, São Paulo, Setembro de à l’oboutissage Profond en Acier Extra-doux
1999. Calmé à L’aluminium – Sollac. France. 1975

[2]. BOTRELL, Carlos Tratamentos [ 9 ] . PINTO JUNIOR, D. M. Apostila de


Térmicos dos Aços. UFMG. 1984 Curso de Recozimento de Folhas Metá-
licas. Out/1994. Companhia Siderúrgica
[3]. CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL
Nacional – CSN.
MECÂNICA – CIMM. Disponível em:
www.cimm.com.br. Acesso em 20 de [ 1 0 ] .____ Estudo da Influência das Princi-
março de 2015. pais Variáveis que Influenciam no Processo

104
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

de Recozimento. Tese de Mestrado. UFMG. EXERCÍCIOS


Dário Moreira Pinto Junior. – 1986.
1 . Cite os objetivos do recozimento dos
[1 1 ]. VAN VLACK, Lawrence H. Princípios aços.
de Ciência dos Materiais. Editora Edgard
Blucher Ltda. – 1970. 2 . Quais as principais variaveis que influen-
ciam no processo de recozimento?

3. Quais são as diferenças básicas entre o


recozimento convencional e continuo?

4. O que significa recozimento subcrítico?

5. No caso do recozimento continuo de


folhas metálicas, para que serve a seção de
limpeza eletrolitica na entrada das linhas?

6 . Em quantas seções o forno de recozi-


mento continuo é dividido?

7. Qual o gás utilizado nos fornos de reco-


zimento convencional e de alta convecção?

8. Cite pelo menos duas vantagens do


recozimento de fornos de alta convecção
em relação aos fornos convencionais.

9. Para que servem os convectores nos


fornos convencionais?

1 0. Para que servem os abafadores nos


fornos convencionais?

RESOLUÇÃO DOS
EXERCÍCIOS
1 – Remover tensões internas, dimi-
nuir a dureza, melhorar a ductilidade,
ajustar o tamanho dos grãos, obter
estruturas favoráveis para submeter o
aço a processos posteriores e eliminar
os efeitos de quaisquer tratamentos
mecânicos anteriores.

105
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

2- As principais variáveis que influen- 8- No recozimento de fornos de alta


ciam neste processo, no que diz respeito convecção os tempos são, pratica-
a qualidade superficial e de proprie- mente, a metade em comparação aos
dades mecânicas, são: aquecimento, fornos convencionais. Outra vantagem
temperatura de encharque, tempo de é a qualidade que é bem superior.
encharque e de resfriamento.
9 - Os convectores nos fornos conven-
3- As diferenças básicas entre o reco- cionais são utilizados para fazer a
zimento convencional e o continuo são: convecção do gás garantindo, assim, o
no convencional os tempos são maiores processo de recozimento. Ela propicia a
(dias) ao passo que no recozimento circulação do gas no interior das bobinas
continuo é de minutos. Outra diferença empilhadas durante o processo.
básica é com relação a propriedades
1 0 - Os abafadores nos fornos conven-
mecânicas e de superfície. No caso do
cionais servem para garantir proteção
recozimento continuo, estas proprie-
do material que está sendo recozido, ou
dades são bem melhores.
seja, ele isola o produto da atmosfera.
4 – É aquele que é realizado em tempe-
raturas abaixo da temperatura de início
da transformação ferrítica/austenita,
que é de, aproximadamente, 723°C.
Normalmente estes recozimentos
são realizados em temperaturas de
encharque na faixa de 650°C a 690°C.

5- A seção de limpeza eletrolítica na


entrada das linhas é utilizada para
retirada do óleo superficial oriundo
do processo de laminação a frio. Isto
porque as folhas metálicas são reves-
tidas em processo posterior.

6 - O forno de recozimento continuo é


dividido em: aquecimento, encharque,
resfriamento lento e resfriamento
rápido.

7- Nos fornos convencionais é usado um


gás composto de nitrogênio (95%) e hidro-
gênio (5%) e nos fornos de alta convecção
é utilizado o hidrogênio puro (100%).

106
PROCESSOS DE
ESTANHAMENTO

Fala sobre:

_ Introdução

_ O que é eletrólise

_ Processo de estanhamento

_ Principais variáveis no processo

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO químicas dentro do banho eletrolítico.

O estanhamento eletrolítico consiste na Inicialmente, será feita neste capítulo uma

deposição de uma camada fina de estanho, explanação resumida sobre o processo de

com alta pureza, sobre o metal desejado eletrólise. Isto porque uma linha de esta-

com a finalidade principal de garantir nhamento eletrolítico, como o próprio

proteção, do produto revestido, contra a nome já diz, é totalmente baseada no

oxidação. processo de eletrólise.

As reações na eletrólise podem ocorrer de


O QUE É ELETROLISE várias maneiras, dependendo do estado
físico em que estiver a solução que vai ser
A eletrólise é um método usado para a
submetida à reação.
obtenção de reações de oxidorredução. Em
soluções eletrolíticas, o processo se baseia A figura 30 apresenta uma cuba eletro-
na passagem de uma corrente elétrica lítica, mostrando os eletrodos positivo e
através de um sistema líquido que tenha negativo e uma fonte de alimentação que
íons presentes, gerando, assim, reações pode ser um gerador de corrente contínua.

Figura 30 - representação esquemática de uma cuba eletrolítica mostrando os eletrodos


positivo e negativo e uma fonte de alimentação

Fonte: autores

A eletrólise ocorre em cubas, ou células Nesse processo, os elétrons emergem


eletrolíticas, com dois eletrodos ligados da fonte de alimentação pelo ânodo (-) e
aos terminais de um gerador de corrente entram na celula eletrolítica pelo cátodo
contínua. O eletrodo negativo, chamado de (+), no qual produz a redução.
anodo, atrai cátions e é nele que ocorre a
redução do cátion, ao passo que o eletrodo
positivo, chamado de cátodo, atrai ânions
e, por isso, é aqui que se dá a oxidação do
ânion.

108
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

PROCESSO DE tanques verticais com solução (eletrólito),

ESTANHAMENTO contendo íons de estanho (Sn), prove-

ELETROLÍTICO nientes dos anodos do próprio estanho.


Com a passagem da corrente elétrica,
O estanhamento eletrolítico consiste na que pode ser fornecida por geradores de
deposição de uma camada fina de estanho, corrente contínua ou por circuito eletronico
da ordem de microns, sobre o metal dese- (diodos), estes íons são depositados nas
jado, que, normalmente é um aço de baixo superficies da tira que atua como cátodo,
teor de carbono. No caso de uma empresa ao longo de vários passes, obtendo, assim,
siderúrgica, normalmente, este processo é a camada de revestimento desejado.
aplicado às folhas metálicas (folhas de flan-
dres). Este produto é destinado à fabricação A figura 31 apresenta um exemplo de um

de embalagens metálicas, tais como: comes- tanque de eletrodeposição de uma linha

tíveis, tintas, vernizes, óleos, dentre outros. de estanhamento eletrolítico de uma


empresa produtora de folhas de fladres. Na
O estanho é um metal de cor branco-pra- figura, pode-se visualizar um exemplo de
teada, macio, com uma boa resistência um tanque de uma linha de estanhamento
anti-corrosiva contra as influências da eletrolítico, em que vemos os rolos condu-
atmosfera, umidade, soluções aquosas de tores, a solução eletrolítica e os anodos de
sal e ácidos fracos; Não é venenoso, o que estanho de alta pureza. Sendo que os rolos
o torna muito utilizado em grande escala condutores, como o próprio nome já diz,
na indústria alimentícia. servem para fazer a conduçao da energia
elétrica para garantir a eletrólise.
A folha metálica é imersa em vários
Figura 31 - tanque de eletrodeposição de uma linha de estanhamento eletrolítico mostran-
do as principais partes (tanque, rolos condutores, ponte de anodos e anodos de estanho)

Fonte: autores

109
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Os revestimentos usuais, conforme catá- OS DIFERENTES TIPOS


logo ABNT(2010), em g/m2, inseridos nas DE FOLHAS METÁLICAS
folhas metálicas estanhadas nas linhas de
produção, são: 1,1; 2,8; 5,6; 8,4 e 11,2 g/ Folha estanhada - é um produto plano
m2. Sendo o revestimento 1,1 g/m2 o mais de aço de baixo carbono com espessura
leve e o revestimento 11,2 g/m2 o mais variando de 0,15 a 0,45 mm e revesti-
pesado, que é utilizado no caso aplicações mento de estanho em ambas as faces pelo
cuja solicitação é de uma maior proteção processo de eletrodeposição.
para acondicionado nas embalagens.
Folha cromada - é um produto plano de
As principais variáveis no processo são: aço de baixo carbono com espessura
densidade de corrente elétrica aplicada nos máxima de 0,15 a 0,45 mm, com uma finís-
anodos, temperatura da solução eletrolí- sima camada de revestimento de cromo
tica, acidez do eletrólito e a velocidade da metálico em ambas as faces pelo processo
linha de estanhamento. Elas influem dire- de eletrodeposição.
tamente no resultado da camada de reves-
Folha de simples redução - espessura final
timento aplicada nas folhas metálicas.
obtida por um único processo de lami-
Vale salientar que existe, também, um nação a frio, ou seja, após o laminador de
processo bastante parecido com o esta- tiras a frio. A redução é de aproximada-
nhamento, que é o processo de cromagem mente 90%.
eletrolítica. Neste caso, a camada depo-
Folha de dupla redução - espessura final
sitada nas superficies da folha é o cromo
obtida através de dois processos de lami-
metálico.
nação a frio laminador de tiras a frio, reco-
No que diz respeito aos ensaios realizados zimento intermediário e laminador de
no produto revestido, destacam-se os dupla-redução. A redução varia de 20 a
ensaios de espessura da camada de reves- 30%.
timento de estanho e ensaios de dureza
A figura 32 apresenta uma folha estanhada
superficial. Dependendo do produto e do
(a) e uma folha cromada (b) em corte.
cliente, faz-se, também, ensaios de tração
São mostradas as camadas formadas
uniaxial e, finalmente, os ensaios metalo-
durante os processos de estanhamento
gráficos (metalografia), através de micros-
e cromagem. Ambos são processos contí-
copia ótica.
nuos.
As principais aplicações deste produto são:
óleos vegetais, peixe, frutas, carne, leite,
bebidas em geral, tintas, solventes, ceras e
pilhas.

110
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 32 -perfil de uma folha estanhada e de uma folha cromada, em corte, mostrando
as camadas formadas em uma de suas superfícies

Fonte: autores

PRINCIPAIS e aspargos), doces e frutas em calda,

APLICAÇÕES DAS manteiga e pescados (atum e sardinha).

FOLHAS METÁLICAS Também é utilizada em embalagens de

ESTANHADAS E tintas, thinner, cola e vernizes, pet food e

CROMADAS revestimento de pilhas.

As folhas metálicas são fabricadas com As folhas cromadas são utilizadas para

o objetivo de atender às necessidades embalagens de produtos alimentícios, como

específicas de resistência, conformação, pescados, rolhas metálicas e também para

revestimento, acabamento e dimensão embalagens promocionais. Além disso, este

adequadas à fabricação das embalagens a produto é largamente utilizado na confecção

que se destinam. Se subdividem em: esta- de tampas e fundos das embalagens de 3

nhadas e cromadas. peças e magazine de filme fotográfico.

As folhas estanhadas são largamente


ASPECTOS DE
utilizadas para embalagens de produtos
QUALIDADE
alimentícios, como por exemplo – atoma-
tados (polpa, purê, molhos e extratos), Uma das principais características da folha
leites (em pó, condensados e cremes), metálica é com relação a propriedades
óleos, bebidas (refrigerante, sucos, energé- mecânicas. A figura 33 apresenta o fluxo
ticos e cerveja) e conservas (milho, ervilha de produçao do produto folha estanhada.

111
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 33 - Fluxo de produçao do produto folha estanhada

Fonte: autores

É interessante destacar que os processos DIMENSÕES PADRÃO


de aciaria, laminaçao a quente e reco- DAS FOLHAS
zimento tem uma grande influencia no METÁLICAS
controle, nas propriedades mecânicas.
As dimensões padrão estão conforme a
Outra característica muito importante a norma NBR 6665. A tabela II apresenta
se controlar é a camada de revestimento, alguns valores de espessuras utilizados
depositada em ambas as superficies. Na na prática. Pode-se observar também, na
realidade, tem-se sobre o aço base as tabela, os valores correspondentes das
seguintes camadas: camada de estanho, massas (kg/m2 e lb/cb), relativos às refe-
camada de liga (estanho-ferro), uma ridas espessuras.
camada de óxido de cromo (passivação) e,
finalmente, uma película de óleo. É impor-
tante frizar que estas camadas são depo-
sitadas em ambas as superficies, ou seja,
superior e inferior.

112
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Tabela 2 - Exemplos de espessuras de folhas metálicas utilizadas na prática bem como


os valores de massa correspondentes
Massa
ESPESSURA (mm)
kg/m2 lb/cb
0,16 1,26 57

0,20 1,57 70

0,22 1,73 80

0,25 1,96 90

0,27 2,12 95

lb/cb = libras por caixa base

PROPRIEDADES é feito o Ensaio de Dureza Superficial -

MECÂNICAS DAS Dureza Rockwell, na escala HR30T. É um

FOLHAS METÁLICAS ensaio de rotina, ou seja, é feito em toda


bobina processada. É importante salientar
As propriedades mecânicas das folhas que, em alguns casos, é feito também o
metálicas dependem de vários fatores, tais ensaio de Tração Uniaxial e/ou análise
como: composição química do aço base, metalográfica. Como por exemplo, pode
variáveis de laminação a quente (tempe- ser citado o caso das folhas metálicas
ratura de acabamento e de bobinamento), de Dupla Redução (FM-DR). A tabela III
taxa de redução a frio e processo de reco- apresenta os valores de dureza superfi-
zimento após a laminação a frio. cial Rockwell para as folhas metálicas de
simples e dupla-redução.
Para avaliar sua resistência mecânica,

Tabela 3 - Dureza Superficial Rockwell para as folhas metálicas de simples e dupla-redução


Dureza Rockwell (HR30T)
Redução Tipo
e≤ 0,21 mm 0,21≤ e ≤0,28mm e > 0,28mm
T1 53 max. 52 max. 51 max.

T2 53 ± 4 52 ± 4 51 ± 4
SIMPLES
T3 58 ± 4 57 ± 4 56 ± 4
REDUÇÃO
T4 62 ± 4 61 ± 4 60 ± 4

T5 65 ± 4 65 ± 4 64 ± 4

DR520 70 ± 3 70 ± 3 -
DUPLA DR550 73 ± 3 73 ± 3 -

REDUÇÃO DR620 76 ± 3 76 ± 3 -

DR660 77 ± 3 77 ± 3 -

T = grau de dureza (Temper) / DR = dupla redução / e = espessura

113
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

No caso das folhas metálicas de dupla- escoamento (LE). A tabela IV apresenta


-redução, as propriedades mecânicas são os valores dos limites de escoamento das
avaliadas, também, através do ensaio de folhas metálicas de dupla-redução, bem
tração uniaxial. Leva-se em consideração, como suas faixas de variações.
principalmente, os valores de limite de

Tabela 4 - Valores dos limites de escoamento das folhas metálicas de dupla-


-redução
Tipo LE (Mpa)
DR 520 520 ± 70

DR 550 550 ± 70

DR 620 620 ± 70

DR 660 660 ± 70

TIPOS DE massa de estanho depositadas em ambas

REVESTIMENTOS DAS as faces. A tabela V apresenta os tipos e

FOLHAS METÁLICAS os valores dos revestimentos usuais das


folhas metálicas estanhadas. Vale salientar
Revesti m en to com estan h o que esta tabela se refere a revestimentos
( fo l ha estan h ada) iguais em ambas as faces. São referen-
ciados pela letra “E”.
Os revestimentos podem ser de diferentes
tipos, os quais são caracterizados pela

Tabela 5 - Tipos e valores dos revestimentos (iguais) usuais das folhas metálicas
Nominal (g/m2) Mínimo ensaio triplo (g/m2)*
Tipo
Uma face Duas faces Duas faces
E 1,1/1,1 1,1 2.2 1.6

E 2,8/2,8 2,8 5.6 4.9

E 5,6/5,6 5,6 11.2 10.5

E 8,4/8,4 8,4 16.8 15.7

E 11,2/11,2 11,2 22.4 20.2

* = média de 3 pontos (NBR 6665)

A tabela VI apresenta os tipos e os valores


dos revestimentos diferenciais usuais das
folhas metálicas estanhadas. A letra “D”,
significa que o revestimento é diferencial.

114
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Tabela 6 - Tipos e valores dos revestimentos diferenciais das folhas metálicas estanhadas
Nominal (g/m2) Mínimo ensaio triplo (g/m2)*
Tipo
Face A Face B Face A Face B
D 2,8/1,1 2,8 1,1 2,25 0,80

D 5,6 /2,8 5,6 2,8 4,75 2,25

D 8,4/2,8 8,4 2,8 7,85 2,25

D 8,4/5,6 8,4 5,6 7,85 4,75

D 11,2/2,8 11,2 11,2 2,8 5,6

D 11,2/5,6 10,1 10,1 2,75 4,75

* = média de 3 pontos (NBR 6665)

As folhas metálicas estanhadas com reves- REVESTIMENTO COM


timento diferencial recebem uma identi- CROMO (FOLHA
ficação em forma de linhas contínuas, na CROMADA)
direção de laminação, na superfície de
maior revestimento. No caso do reves- É um produto constituído por uma finís-
timento D5,6/2,8, são separadas a uma sima camada de revestimento de cromo
distância de 12,7 mm. Já o revestimento metálico em ambas as faces. A tabela VII
D8,4/2,8, a distância é de 25,4 mm. O reves- apresenta os valores máximos e mínimos
timento D8,4/5,6 são distâncias alternadas de cromo metálico e óxido de cromo das
de 38,0 e 25,4 mm. E, finalmente, o revesti- folhas cromadas. Vale destacar que são
mento D11,2/5,6 é representado por linhas resultados de ensaio triplo, ou seja, é a
alternadas que distam de 38,0 e 12,7 mm. média das determinações feitas em 3
corpos de prova de uma mesma folha, de
acordo com a Norma NBR 6665.

Tabela 7 - Valores máximos e mínimos de cromo metálico e óxido de cromo das folhas
cromadas
Tipo Cromo metálico (g/m2) Óxido de cromo (g/m2)
Máximo Mínimo Máximo Mínimo
60
30 140 5 27

FILME DE PASSIVAÇÃO oxidação. São dois diferentes tratamentos

DAS FOLHAS eletroquímicos (311 e o 314). São aten-

METÁLICAS didos nas seguintes faixas:

Também conhecido como tratamento Tratamento 311 – faixa de 3,5 e 6,5 mg/m2

eletroquímico de superfície, visa obter


Tratamento 314 - acima de 6,5 mg/m2
uma película de óxido de cromo, com a
finalidade de uma proteção maior contra a

115
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

DICAS PARA OS [ 6 ] . PINTO JUNIOR, D. M. Apostila de


ENGENHEIROS, Curso de Estanhamento de Folhas Metá-
TECNÓLOGOS, licas. Out/1990. Companhia Siderúrgica
TÉCNICOS E PESSOAL Nacional – CSN.
DE OPERAÇÃO [ 7] . USS - UNITED STATE STEEL CORPO-
_ Utilizar sempre os procedimentos de RATION. Catálogo de Produtos. Disponível
segurança da área de trabalho. em: https://www.ussteel.com/uss/portal.
Acesso em 5 de abril de 2015.
_ Andar somente em locais determinados.

_ Observar as placas de sinalização.

_ Utilizar os EPIs recomendados pela área


local.

REFERÊNCIAS
[1 ]. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. Norma ABNT NBR
6665:2010. Disponível em www.abntcata-
logo.com.br. Acesso em 5 de abril de 2015.

[2]. CIMM - CENTRO DE INFORMAÇÃO


METAL MECÂNICA. Disponível em:
www.cimm.com.br. Acesso em 20 de
março de 2015.

[3]. CSN - COMPANHIA SIDERURGICA


NACIONAL. Catálogo de Produtos. Dispo-
nível em: http://www.csn.com.br. Acesso
em 5 de abril de 2015.

[4]. GARCIA, A., SPIM, J. A.; SANTOS, C.


A. Ensaios de materiais. Rio de Janeiro:
Editora Livros Técnicos e Científicos S. A.,
2000.

[5]. KSC - KAWASAKI STEEL CORPORA-


TION. Disponível em: www.kawasakitra-
ding.co.jp/eg/products/steel. Acesso em 5
de abril de 2015.

116
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS A eletrolise é a base de um processo de


estanhamento porisso é interessante
1 . Em que consiste o estanhamento eletro- conhecer este processo.
lítico?
3. A eletrólise é um método usado para a
2. Qual a importância de se conhecer a obtenção de reações de oxidorredução.
eletrólise num processo de estanhamento? Em soluções eletrolíticas, o processo se
baseia na passagem de uma corrente
3. Explique, resumidamente, o processo
elétrica através de um sistema líquido
de eletrólise.
que tenha íons presentes, gerando,
4. Que nome se dá ao eletrodo positivo e assim, reações químicas dentro do
ao eletrodo negativo? banho eletrolítico.

5. O que é folha de flandres? 4. O eletrodo negativo é chamado de


anodo, que atrai cátions, e é nele que
6 . Quais são os pesos de revestimentos de ocorre a redução do cátion, ao passo
estanho usuais? que o eletrodo positivo, chamado de
cátodo, que atrai ânions e, por isso, é
7. Quais são as principais variáveis num
nele que se dá a oxidação do ânion.
processo de estanhamento?

5. É um produto plano de aço de baixo


8. Dê exemplos de aplicações de folhas
carbono com espessura variando de 0,15
estanhadas.
a 0,45 mm e revestimento de estanho
9. Dê exemplos de aplicações de folhas em ambas as faces pelo processo de
cromadas. eletrodeposição.

1 0. Quais são as camadas depositadas 6 . Os revestimentos usuais, conforme


nas folhas estanhadas? catálogo ABNT(2010), em g/m2, inse-
ridos nas folhas metálicas estanhadas

RESOLUÇÃO DOS nas linhas de produção, são: 1,1; 2,8;

EXERCÍCIOS 5,6; 8,4 e 11,2 g/m2.

1 . O estanhamento eletrolítico consiste 7. As principais variáveis no processo

na deposição de uma camada fina de são: densidade de corrente elétrica

estanho, com alta pureza, sobre o metal aplicada nos anodos, temperatura da

desejado com a finalidade principal de solução eletrolítica, acidez do eletrólito e

garantir proteção, do produto revestido, a velocidade da linha de estanhamento.

contra a oxidação. Elas influem diretamente no resultado


da camada de revestimento aplicada
2. A eletrólise é um método usado para a nas folhas metálicas.
obtenção de reações de oxidorredução.

117
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

8. As folhas estanhadas são largamente


utilizadas para embalagens de produtos
alimentícios, como por exemplo –
atomatados (polpa, purê, molhos e
extratos), leites (em pó, condensados
e cremes), óleos, bebidas (refrigerante,
sucos, energéticos e cerveja) e conservas
(milho, ervilha e aspargos), doces e
frutas em calda, manteiga e pescados
(atum e sardinha). Também é utilizada
em embalagens de tintas, thinner, cola
e vernizes, pet food e revestimento de
pilhas.

9. As folhas cromadas são utilizadas


para embalagens de produtos alimen-
tícios, como pescados, rolhas metálicas
e também para embalagens promocio-
nais.

1 0. Na realidade, tem-se, sobre o aço


base as seguintes camadas: camada
de estanho, camada de liga (estanho-
-ferro), uma camada de óxido de cromo
(passivação) e, finalmente, uma película
de óleo. É importante frizar que estas
camadas são depositadas em ambas as
superficies, ou seja, superior e inferior.

118
PROCESSO DE
ZINCAGEM

Fala sobre:

_ Introdução

_ O que é corrosão

_ Processo de zincagem por imersão

_ Variáveis que influenciam

_ Principais aplicações

_ Referências Bibliográficas

_ Aspectos de qualidade

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

bilidade e conformabilidade. Podemos


O processo de zincagem, também citar itens utilizados na indústria automo-
conhecido como galvanização, bilística, tais como: capôs, pára-choques e
consiste na deposição de uma portas. Essas aplicações não só precisam
camada de zinco por eletrode- de uma excelente qualidade de superfície,
posição ou pelo simples banho mas também exigem um alto grau soldabi-
químico. O processo propicia uma lidade, aliado a uma boa conformabilidade.
proteção contra a oxidação.
As chapas revestidas por imersão a quente
são produzidas com espessuras entre
INTRODUÇÃO 0,30 e 1,20 milímetros, considerando o
processo contínuo. As espessuras proces-
Atualmente, o processo de revestimento sadas podem chegar até 4,00 milímetros
contínuo de tiras laminadas a frio e reco- (processo não contínuo – chapa a chapa).
zidas é bastante utilizado e empregado
em todo o mundo. Para se ter uma ideia, A maneira mais comum de fazer pedidos
o processo por imersão foi originalmente de chapas de aço revestidas aos forne-
desenvolvido no século passado. Naquela cedores de aço é se referindo às Normas
época, era voltado para a galvanização ASTM. Estas normas, escritas por comitês
(revestimentos de zinco). É um processo de redação de normas voluntários dentro
utilizado, também, para outros metais da organização internacional ASTM,
bases. Os profissionais antigos, provavel- abrangem todos os detalhes relacionados
mente, não reconheceriam as linhas de a pedidos de chapas de aço revestidas.
revestimentos atuais. Estes detalhes incluem: tipo de revesti-
mento, peso da camada de revestimento,
O processo de zincagem, com o passar do acabamento superficial, resistência do
tempo, se transformou numa operação substrato, dimensões do aço base, tais
avançada tecnicamente e muito sofis- como espessura e largura e tolerâncias
ticada. Isto se tornou possível graças à (dimensões e espessura do revestimento).
disponibilidade de sistemas de controle
computadorizados eletro-mecânicos. A proteção propiciada pelo zinco é conhe-
cida como proteção de sacrifício. Isto
Originalmente, o produto oriundo de porque a camada superficial de zinco
imersão a quente, era utilizado para apli- depositada se sacrifica para proteger o
cações que não demandavam uma alta substrato que é o aço. Em outras palavras,
qualidade de acabamento e também um os metais mais redutores se corroem em
alto grau de conformabilidade. Nos dias lugar dos menos redutores.
de hoje, as indústrias consumidoras estão
utilizando produtos revestidos por imersão
a quente para aplicações bastantes
exigentes em termos de qualidade, solda-

120
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

CORROSÃO como: trens, navios, automóveis, cami-


nhões, embarcações em geral.
Na literatura encontra-se várias definições
sobre a corrosão. Alguns autores defendem É oportuno citar que ela pode ocorrer,

que é uma oxidação. Outros relatam que é também, nos meios de comunicação,

um ataque químico ou um fenômeno elétrico como de transmissão de estações de rádio,

denominado de eletrólise. Todas estas de TV, repetidoras, de radar, antenas etc.

proposições estão corretas. Uma corrosão Todas essas estruturas representam inves-

pode ainda ocorrer em diferentes meios. timentos vultosos que exigem uma dura-
bilidade e resistência à corrosão para que
A corrosão é o fenômeno de deterioração justifiquem os valores investidos e evitem
com perda de material devido a modifica- acidentes com danos materiais incalculá-
ções químicas e eletrônicas que ocorrem por veis ou danos pessoais irreparáveis.
reações com o meio ambiente. Ela propicia
a falha direta dos metais quando estão em O ferro e suas ligas são os materiais de

algum tipo de serviço e os torna suscetíveis construção mecânica de maior importância

de romper por algum outro mecanismo. e também os mais sujeitos e mais sensíveis
a ação do meio corrosivo. É natural que os
A corrosão pode ocorrer com muita intensi- fenômenos relacionados com a corrosão
dade em estruturas metálicas submersas, tais do ferro sejam os mais estudados e os
como minerodutos, oleodutos, gasodutos, mais conhecidos.
cabos de comunicação e de energia elétrica.
A figura 34 apresenta uma ilustração de três
A corrosão ocorre, também, com bastante diferentes técnicas de combate a corrosão.
intensidade nos meios de transportes, tais

Figura 34 - representação de três diferentes técnicas de combater a corrosão

Fonte: autores

121
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

PROCESSO DE e zinco). Ele aumenta drasticamente a

ZINCAGEM POR adesão do revestimento, o que permite a

IMERSÃO moldagem rigorosa da chapa revestida.

Um revestimento galvanizado é essen- O revestimento pode conter uma pequena

cialmente um revestimento de zinco quantidade de chumbo e/ou antimônio

sobre uma chapa de aço laminada a frio para o desenvolvimento de brilho. Quase

e recozida. A palavra “galvanizar” vem da todos os produtos galvanizados não

proteção galvânica que o zinco fornece contêm chumbo e, quando contém, o

ao aço quando exposto a um ambiente chumbo é menor que 0,03%.

corrosivo. Este é, de longe, o produto por


Além do revestimento com 100% de zinco,
imersão a quente mais comum com uma
existem diferentes tipos de revestimentos
ampla gama de aplicações.
com zinco na composição: Galvanneal (90

É importante frisar que existe uma camada % Zinco-10% Ferro), Alumínio-Zinco (55%

de liga Fe-Zn entre o aço base e a camada Alumínio- e 65% Zinco), dentre outros. É

superficial de zinco. Esta camada de liga importante destacar que o Galvanneal é

é formada por um tratamento térmico muito utilizado na indústria automobilís-

feito logo após a saída da chapa do pote tica em decorrência, principalmente, da

de zinco. Lembrando que, com a formação característica de muito boa soldabilidade.

desta camada de liga, dá origem a outro


A maneira mais comum de fazer pedidos
produto. Este produto é dotado de melhor
de chapas de aço revestidas aos forne-
qualidade superficial, melhor soldabili-
cedores de aço é se referindo às Normas
dade, considerando o processo por solda
ASTM. Estas normas, escritas por comitês
a pontos e melhor conformabilidade,
de redação de normas voluntários dentro
quando comparado com aquele sem a
da organização internacional ASTM,
camada de liga.
abrangem todos os detalhes relacionados

O zinco fornece tanto a proteção galvâ- a pedidos de chapas de aço revestidas.

nica quanto a proteção denominada de Estes detalhes incluem: tipo de revesti-

barreira. A proteção galvânica é maior que mento, peso da camada de revestimento,

qualquer outro tipo de revestimento por acabamento superficial, resistência do

imersão a quente em aço. substrato, dimensões do aço base, tais


como espessura e largura e tolerâncias
Vale destacar que o revestimento contém (dimensões e espessura do revestimento).
alumínio – normalmente entre 0,20 e
0,30%. O alumínio é adicionado ao banho Como o próprio nome já diz, o revestimento

de zinco fundido para controlar a taxa de contínuo por imersão a quente é relativo a

crescimento de uma camada da liga (zona aplicação de um revestimento de zinco puro

de ligação entre o aço e o revestimento fundido na superfície de uma tira de aço.


Este é um processo contínuo. Basicamente

122
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

falando, a tira de aço atravessa, continua- imersão no banho de zinco (pote). Após
mente, um banho de zinco fundido. A velo- este controle de temperatura, a tira é dire-
cidade chega a ser na ordem de 180 metros cionada através de um túnel de imersão
por minuto (mpm). A secagem e controle eletromecânico, chamado de snout, para
da espessura da camada de revestimento é o banho de metal fundido, conforme
feita através de uma cortina (navalha) de ar mostrado na figura 35, no qual a camada
sob pressão adaptado logo após a saída do metálica é aplicada. Esta figura apresenta
banho fundido. detalhes um pote com banho de zinco.
Pode-se ver o posicionamento do rolo
Após a tira passar pela seção de recozi-
submerso, a navalha de ar e os eletrodos
mento, a temperatura é controlada de tal
de aquecimento do banho.
forma a se manter num valor ideal para

Figura 35 - ilustração de um pote com o banho de zinco num processo de zincagem por
imersão a quente. Pode-se visualizar o posicionamento do rolo submerso, a navalha de ar
e os eletrodos de aquecimento do banho

Fonte: autores

O zinco, também atua de uma maneira e, em anexo, uma tabela com os poten-
especial para proteger o aço em caso de ciais eletroquímicos de alguns elementos
superfície “descoberta” por arranhões, químicos. Pode-se observar, na figura, que
furos e descontinuidades. Essa atuação o zinco sofre corrosão em favor do ferro.
se deve ao fato do zinco ser um metal
eletroquimicamente mais ativo que o
ferro. Neste caso, ocorre a chamada
Proteção Catódica também conhecida
como proteção de sacrifício. A figura 36
apresenta uma amostra de aço revestido
com zinco que sofreu um risco superfície

123
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 36 - amostra de aço revestido com zinco com um risco na superfície (a) e tabela
com potenciais eletroquímicos de alguns elementos químicos (b)

PRINCIPAIS ­_ Equipamentos agrícolas;

APLICAÇÕES ­_ Dutos de aparelhos de ar condicionado;


DOS PRODUTOS
GALVANIZADOS POR ­_ Industria automobilística (carroceria de
IMERSÃO A QUENTE ônibus, automóveis e caminhões);

­_ Telhas para coberturas, principalmente ­_ Equipamentos de ar condicionado;


galpões e residências;
­_ Parte estrutural de painéis;
­_ Silos para armazenagem de produtos
­_ Geladeiras e freezers.
alimentícios;

Tabela 8 - Tipos de revestimentos por imersão a quente


TIPO DE REVESTIMENTO Massa (g/m2) Microns (μm)
Z 60 10

X 85 14

A 160 24

B 250 36

C 315 47

D 390 58

E 450 65

F 510 74

G 580 86

Os revestimentos mais espessos são apli- são requisitos fundamentais e primordiais,


cados onde se exige alta resistência a são utilizados revestimentos mais leves
oxidação como, por exemplo: calhas de (ex.: revestimento tipo “x”).
drenagem, telhado e silos.

Ao contrário, na indústria automotiva,


onde a conformabilidade e soldabilidade

124
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

ACABAMENTO DAS quais são formadas durante a solidificação

CHAPAS ZINCADAS POR do revestimento.

IMERSÃO C rist a is M in im iz a d os

B o rd as
Consistem de revestimento formado por

As bordas podem ser fornecidas naturais cristais muito menores. São obtidos por

de laminação a frio (tendo sido aparadas tratamento antes da solidificação do zinco.

anteriormente nas linhas de decapagem) Ocorre uma inibição da formação dos

ou aparadas nas linhas de acabamento. cristais. Apresenta uma superfície fosca e


acabamento mais homogêneo.
Obs: A apara nas linhas de acabamento é
importante quando houver necessidade Lis o

de tolerância restritiva, ou seja, mais “aper-


É um acabamento com cristais normais após
tada” na dimensão da largura do produto.
passagem pelo laminador de encruamento.

Ti pos d e revest imen to


E xt ra Lis o

São divididos em cristais normais, cristais


É um acabamento com cristais minimi-
minimizado, revestimento liso e revesti-
zados após passagem pelos cilindros do
mento extra liso.
laminador de encruamento.

Cr i stai s Normais
A figura 37 é uma apresentação dos prin-

Apresentam-se com o formato de cristais cipais tipos de revestimentos de uma linha

que são chamados de “Flores de Zinco”, as de zincagem por imersão a quente, ou seja,
liso, minimizado e cristais normais.

Figura 37 - principais tipos de revestimentos de uma linha de zincagem por imersão a


quente (liso, minimizado e cristais normais)

125
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

GALVANNEAL pintura. É amplamente utilizada na indús-


tria automotiva, cuja espessura típica de
É um produto galvanizado composto por revestimento é de 7,0 μm com massa de
uma chapa fina de aço, com baixo teor revestimento de 50 g/m2.
de carbono, revestida em ambas as faces
com uma camada de liga Fe-Zn e zinco, por Outros atributos do revestimento de liga

imersão a quente. Zn-Fe em comparação ao revestimento de


zinco puro são:
A camada de liga (Fe-Zn) é formada logo
após a saída do pote fundido de zinco _ O Galvaneel é soldado mais facilmente

através de um tratamento térmico com que o de zinco puro;

rigoroso controle de temperatura. O teor


_ O Galvaneel é mais duro e, consequen-
de ferro na camada revestida varia, geral-
temente, mais resistente aos danos de
mente, entre 9,0% e 12,0%. O revestimento
manuseio e manufatura.
tem uma aparência “fosca” quando compa-
rada com aquela do produto zincado. A tabela IX apresenta os tipos de revesti-
Esta superfície fosca é excelente para mento aplicados nas chapas revestidas
pintura. Pode ser pintada sem a aplicação com a liga Zn-Fe, ou seja, nos produtos
de pré-tratamento. Aliás, ela é recomen- Galvanneal.
dada somente em aplicações destinadas a
Tabela 9 - Revestimentos aplicados aos produtos Galvanneal
DESIGNAÇÃO DO REVESTIMENTO Massa (g/m2) Microns (μm)
180 180 11

120 120 9,0

100 100 7,0

75 75 5,0

(a) relativo as 2 faces / (b) relativo a 1 face

GALVALUME® a alta temperatura associada a uma agra-


dável aparência quando comparado com
É uma chapa fina de aço, com baixo teor de outros revestimentos semelhantes. Na
carbono, revestida em ambas as faces com realidade, este produto é composto por
a liga 55%Al-Zn, aplicada por imersão a uma liga com 55% de alumínio, 43,4% de
quente, similar ao processo convencional. zinco e 1,6% de silício. Todas estas percen-
tagens são nominais em peso.
Este produto combina a durabilidade do
alumínio com a proteção galvânica do Como principais aplicações, pode-se
zinco, oferecendo excelente resistência à destacar sua crescente utilização na cons-
corrosão em atmosferas, tanto marinha trução civil, principalmente telhas para resi-
quanto industrial e resistência à oxidação dências e em locais onde se requer resis-

126
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

tência à corrosão a alta temperatura, como timento aplicados nos produtos


por exemplo, os canos de descarga dos Galvalume®. Na tabela, pode-se observar
automóveis, conhecido como “silenciosos”. que tanto a designação quanto a massa
de revestimento são relativos as 2 faces da
A tabela X apresenta os tipos de reves-
chapa revestida.

Tabela 10 - Revestimentos aplicados aos produtos Galvalume®


DESIGNAÇÃO DO REVESTIMENTO Massa (g/m2) Microns (μm)
180 180 24

165 165 22

150 150 20

75 75 5,0

(a) relativo as 2 faces / (b) relativo a 1 face

PROCESSO ELETROZINCADO
DE ZINCAGEM
É uma chapa fina de aço, com baixo teor de
ELETROLÍTICA
carbono, revestida em ambas as faces com
O processo de zincagem eletrolítica (eletro- zinco, aplicado pelo processo de eletrode-
galvanização) ocorre durante a deposição posição. Tem aplicações em vários setores,
do zinco em tanques apropriados a uma destacando-se:
temperatura de aproximadamente 50ºC,
_ Indústria automobilística (painéis
não alterando, portanto, as propriedades
internos e externos, portas, pára-lamas,
mecânicas do material base.
radiadores, ar condicionado e filtros de
Durante o processo eletrolítico, o zinco é óleo);
dissolvido num tanque contendo uma solução
_ Indústria de eletrodomésticos (refrigera-
ácida de sulfato de zinco. Neste referido
dores, lavadoras, secadoras, e freezers);
tanque são posicionados eletrodos com pola-
rização positiva de forma a criar um caminho _ Indústria de eletroeletrônicos (CD
do zinco presente na solução aderindo à tira a players, rádios e amplificadores).
qual está polarizada negativamente.
De um modo geral, ele pode ser usado em
A etapa de recobrimento se faz pelo esco- qualquer aplicação onde é usado o zincado
amento do eletrólito sobre as superfícies comum, mas ele é utilizado somente
da tira de aço por um determinado tempo quando se requer uma menor resistência
que é definido pela velocidade do processo à corrosão.
de tratamento. Os íons positivos de zinco
presentes no eletrólito são reduzidos a
zinco metálico, depositando-se sobre as
superfícies da tira.

127
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

MORFOLOGIA E METAL MECÂNICA. Catálogo de Produtos


ESPESSURA DA CAMADA Disponível em: www.cimm.com.br.
Acesso em 20 de março de 2015.
O revestimento é do tipo zinco puro. Sua
morfologia é caracterizada por finos cristais [ 5] . CSN - COMPANHIA SIDERURGICA
de zinco puro depositados sobre a super- NACIONAL. Catálogo de Produtos. Dispo-
fície do aço, formando uma fina camada nível em: http://www.csn.com.br. Acesso
uniforme e bastante aderente. O resultado em 8 de abril de 2015.
é um revestimento dutil e homogêneo que
[ 6 ] . Fernandes, J. N., Kobayashi, M., Reis,
proporciona um excelente aspecto superfi-
D. T.; Linha de Galvanização por Imersão
cial. Ele permanece intacto mesmo quando
a Quente da Unigal, Congresso anual da
submetido à severas deformações.
ABM: p. 414-419, 2000.
A espessura do revestimento – medida
[ 7] . PINTO JUNIOR, D. M. Apostila de
como peso - que vai de 10 a 70 g/m2
Curso sobre processo de Zincagem por
com espessura de aproximadamente
Imersão. Abril/1994. Companhia Siderúr-
3,6µm (considerando uma face), é um
gica Nacional – CSN.
importante fator na aplicação de chapas
eletrozincadas. O peso do revestimento é [ 8] . USIMINAS. Catálogo Usiminas –
necessário para uma aplicação específica. Hot-Dip Galvanized Steel, 2000.
Quanto mais espesso a camada, melhor
a vida do produto quando exposta a um [ 9 ] . USS - UNITED STATE STEEL CORPO-

ambiente corrosivo. Entretanto, itens tais RATION. Catálogo de Produtos. Disponível

como - estampagem e soldagem - devem em: https://www.ussteel.com/uss/portal.

ser levados em consideração. Acesso em 8 de abril de 2015.

REFERÊNCIAS
[1 ]. ArcelorMittal Vega (2010). Ajuste de
posicionamento da tromba.

[2]. ASTM; Standard Test Method for


Weight of Coating on Zinc-Coated (Galva-
nized). Annual Book of American Society
for Testing and Materials: 1993.

[3]. Chen, D. Adaptive control of hot-dip


galvanizing. Automatica: Vol. 31, p. 715-733
(1995).

[4]. CIMM - CENTRO DE INFORMAÇÃO

128
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS 2 . A corrosão é o fenômeno de dete-


rioração com perda de material devido
1 . Como é conhecida a proteção propi- a modificações químicas e eletrônicas
ciada pelo zinco? que ocorrem por reações com o meio
ambiente. Ela propicia a falha direta dos
2. Descreva, resumidamente, o que é a
metais quando estão em algum tipo e
corrosão.
serviço e os torna suscetíveis de romper
3. Qual a finalidade da adição do aluminio por algum outro mecanismo.
no banho fundido de zinco?
3. O alumínio, com percentual entre
4 . Qual a finalidade da adição de chumbo, 0,20% e 0,30%, é adicionado ao banho
ou antimonio, no banho fundido de zinco? de zinco fundido para controlar a taxa
de crescimento de uma camada da liga
5 . Além do revestimento de zinco puro, (zona de ligação entre o aço e o revesti-
quais os outros tipos de produtos zincados mento de zinco). Ele aumenta drastica-
existem? mente a adesão do revestimento o que
permite a moldagem rigorosa da chapa
6 . Em que se baseia os pedidos de
revestida.
produtos zincados aos fornecedores?

4. O revestimento pode conter uma


7. Quais são as principais aplicações dos
pequena quantidade de chumbo e/ou
produtos galvanizados por imersão a
antimônio para o desenvolvimento de
quente?
brilho. Quase todos os produtos galva-
8 . Quais são os tipos de revestemto nizados não contêm chumbo, e quando
existem? contém, o chumbo é menor que 0,03%.

9. Que são cristais normais? 5. Além do revestimento com 100% de


zinco, existem diferentes tipos de reves-
1 0. Que são cristais minimizados?
timentos com zinco na composição:
Galvanneal (90 % Zinco-10% Ferro),
RESOLUÇÃO DOS Alumínio-Zinco (55% Alumínio- e 65%
EXERCÍCIOS Zinco), dentre outros. É importante
destacar que o Galvanneal é muito utili-
1 . A proteção propiciada pelo zinco
zado na indústria automobilística em
é conhecida como proteção de sacri-
decorrência, principalmente, da carac-
fício. Isto porque a camada superficial
terística de muito boa soldabilidade.
de zinco depositada, se sacrifica para
proteger o substrato que é o aço. Em 6 . A maneira mais comum de fazer
outras palavras, os metais mais redu- pedidos de chapas de aço revestidas
tores se corroem em lugar dos menos aos fornecedores de aço é se referindo
redutores. às Normas ASTM. Estas normas, escritas

129
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

por comitês de redação de normas chamados de “Flores de Zinco”, as quais


voluntários dentro da organização são formadas durante a solidificação do
internacional ASTM, abrangem todos revestimento.
os detalhes relacionados a pedidos de
1 0. Cristais Minimizados consiste de
chapas de aço revestidas. Estes deta-
um revestimento formado por cristais
lhes incluem: tipo de revestimento,
muito menores. É obtido por trata-
peso da camada de revestimento,
mento antes da solidificação do zinco.
acabamento superficial, resistência do
Ocorre uma inibição da formação dos
substrato, dimensões do aço base, tais
cristais. Apresenta uma superfície fosca
como espessura e largura e tolerân-
e acabamento mais homogênio.
cias (dimensões e espessura do reves-
timento).

7. As principais aplicações dos produtos


galvanizados por imersão a quente, são:

_ Telhas para coberturas, principal-


mente galpões e residências;

_ Silos para armazenagem de produtos


alimentícios;

_ Equipamentos agrícolas;

_ Dutos de aparelhos de ar condicio-


nado;

_ Industria automobilística (carroceria


de ônibus, automóveis e caminhões);

_ Equipamentos de ar condicionado;

_ Parte estrutural de painéis;

_ Geladeiras e freezers.

8 . Os tipos de revestimento são divi-


didos em cristais normais, cristais mini-
mizado, revestimento liso e revesti-
mento extra liso.

9. Os Cristais Normais apresenta-se


com o formato de cristais que são

130
ESTAMPABILIDADE
DE AÇOS

Fala sobre:

_ Introdução

_ Processos de estampagem
. Corte
. Entalhe
. Funcionamento
. Dobra
. Embutimento

_ Lata de duas peças

_ Variáveis que influenciam

_ Principais aplicações

_ Referências Bibliográficas

_ Aspectos de qualidade

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO _ Aumento da resistência mecânica das


peças.
Estampagem pode ser definido como um
processo de conformação mecânica, geral- Vale destacar a desvantagem deste
mente realizado a frio, que engloba um processo que é o elevado custo do ferra-
conjunto de operações, através das quais mental. Neste caso, o investimento só se
uma chapa plana é submetida a trans- justifica para projetos com linhas dotadas
formações de forma a adquirir uma nova de alta produção como é o caso das indús-
forma geométrica. A deformação plástica trias automotivas.
é realizada com a utilização de prensas de
Basicamente, uma peça (perfil) é produzida a
estampagem, com o auxílio de dispositivos
partir de um disco plano, chamado de blanck,
especiais denominados: estampos (daí o
através da tração e contração das dimensões
nome estampagem) ou matrizes.
de todos os seus elementos de volume nas
Os processos de estampagem são ampla- três direções principais mutuamente perpen-
mente utilizados na indústria automotiva, diculares. O perfil obtido é o resultado de

onde se necessita alto índice de produção, integração de todas as distensões e contra-

baixo índice de sucateamento e uma garantia ções locais dos elementos de volume.

de dimensões das peças estampadas.


Basicamente são 5 (cinco) categorias

A estampagem pode ser simples, quando obtidas a partir conformação de chapas

se executa uma só operação, ou combi- finas com qualidade de estampabilidade:

nada, quando se executa várias operações.


_ Peças simplesmente curvas;

Normalmente, são utilizados com boas


_ Peças flangeadas, com flanges estirados
características de estampabilidade, tais
e flanges contraídos;
como: aços de baixo carbono, aços inoxi-
dáveis com boa plasticidade, alumínio e _ Peças com seções curvas;
suas ligas e materiais não ferrosos.
_ Peças com leves embutimentos, como
Devido as suas características, este pratos e latas de atum;
processo de fabricação é apropriado,
_ Peças com embutimentos profundos,
preferencialmente, para alta produção,
como por exemplo as latas de ”duas peças”.
normalmente em série, obtendo-se vanta-
gens, tais como:
PROCESSO DE
_ Alta produtividade. ESTAMPAGEM
_ Baixo custo de produção. Basicamente o processo de estampagem
se divide em: corte, entalhe, punciona-
_ Acabamento bom não necessitando
mento, dobra e embutimento (repuxo).
acabamento posterior.

132
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Operação de corte de duas laminas que se movimentam


como na figura 38, onde pode-se visualizar
Consiste em separar uma chapa, com
as lâminas da prensa e a folga entre elas.
dimensões determinadas. É feito através

Figura 38 - representação de uma operação de corte numa prensa onde pode se visuali-
zar as laminas e a folga entre elas

Fonte: autores

São operações realizadas por intermédio Vale destacar que existe, no equipamento,
de uma prensa que exerce pressão sobre o chamado anti-rugas para evitar formação
uma chapa apoiada numa matriz. O mate- de ondulações, o que comprometeria a
rial (chapa) é intensamente deformado qualidade das peças.
plasticamente até o ponto em que se
Op e ra çã o d e e n t a lh e
rompe nas superfícies em contato com
as lâminas. A fratura se propaga, então, Pode-se considerar como um corte parcial,
promovendo a separação total do mate- ou seja, quando há corte sem separação
rial. A profundidade que o punção deve ser total da peça. A figura 39 apresenta deta-
penetrado no material a ser cortado está lhes da operação de entalhe.
diretamente relacionado com a ductili-
Figura 39 - detalhes da operação de entalhe
dade do material. Se o material for “frágil”,
pequena profundidade é suficiente para
o corte total. No caso de materiais muito
dúcteis, esta penetração pode ser ligeira-
mente superior à espessura da chapa.

A folga existente entre o punção e matriz,


ou entre as lâminas, é uma variável impor-
tante nas operações de corte. Fonte: autores

133
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Operação de pu n c ion amen to impacto em que ocorre separação total


da peça. A figura 40 apresenta detalhes de
É a obtenção de peças geométricas por
uma operação de puncionamento.
meio de punção e matriz através de

Figura 40 - representação esquemática dos detalhes de uma operação de puncionamento

Fonte: autores

Operação de dobra obter peças através de uma ou mais dobras,


a partir de uma chapa plana em que utili-
Como o próprio nome já diz, consiste em
za-se, também, o estampo (figura 41).

Figura 41 - dobra a partir de uma chapa plana

Fonte: autores

Operação de embu timen to Esta operação tem como finalidade


( rep uxo) produzir peças com formato de recipiente

134
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

(copo), caixas e tubos. São obtidos pela ciclo de recozimento e passe adequado no
conformação das chapas, a partir de golpes processo de laminação de encruamento.
de prensa onde são utilizados ferramental Estas variáveis são vitais para garantia da
(punção, matriz e anti-rugas) especial deno- fabricação deste produto. Outro fator rele-
minado estampo de repuxo. A seguir, são vante que deve ser comentado é a impor-
relacionadas algumas definições impor- tância do controle de espessura deste
tantes com relação ao embutimento. material, já que as deformações sofridas no
processo de laminação, principalmente a
O punção é o elemento do ferramental que
frio, propiciam variações de espessuras que
é responsável pela perfuração na chapa.
comprometem o processo. Para garantia
Dependendo do espessura e da cavidade a
de atendimento, foram desenvolvidos lami-
ser feita, a força a ser aplicada neste equi-
nadores de tiras a frio com maior precisão
pamento pode chegar a toneladas.
de espessura, baseados em controle auto-

Como um melhor exemplo de embutimento mático em feedback com leitura a raios-x

profundo, muito utilizado nos dias atuais, em todas as cadeiras de laminação.

não podemos esquecer de citar a produção


Ainda com relação a produção de emba-
da lata de duas peças fabricadas em aço.
lagens de duas peças em aço, no caso do
Este novo produto da indústria siderúrgica
Brasil, a única empresa com capacidade de
foi chamado de aço DWI (Draw and Wall
produção para atendimento deste mercado
Ironing). É um tipo de aço que deve ser bem
é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
mais limpo internamente que aquele resul-
tante nos processos de refino tradicionais O processo de fabricação de lata de duas
(Aciaria LD), seguido do processo de meta- peças inclui diversas etapas. Uma das mais
lurgia de panela e refino secundário. importantes etapas é a conformação do
corpo da lata e o percentual de redução da
Além disso, verificou-se que devido ao
parede da mesma. Esta redução é bastante
processo de estampagem sofrido e ao afina-
severa, o que exige do produto uma
mento da parede da lata, que chega a atingir
considerável uniformidade, tanto dimen-
espessuras da ordem de 0,10 milímetros.
sional quanto limpeza interna oriunda

As propriedades mecânicas do aço devem dos processos de refino. Nesta etapa do

ser adequadas e bem controladas para processo, problemas de variação da espes-

atender a fabricação. As composições sura para menos em relação ao valor alvo

químicas são dotadas de especificações podem provocar falta de material durante o

mais estreitas, ou seja, com faixas mais embutimento gerando lata curta; variações

apertadas. Deve-se ter: um ótimo controle acima do valor alvo conduzem a excesso de

das temperaturas de processo na lami- material gerando latas compridas, ou seja,

nação a quente – temperaturas de acaba- de maior comprimento.

mento e de bobinamento, taxas de redução


Abaixo são resumidas as etapas do
a frio adequadas, controle rigoroso do

135
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

processo de fabricação de latas de duas 1 3. Revestimento do Fundo da Lata;


peças. A perfeita fabricação de uma lata de
1 4. Light Tester - Detector de furos;
duas peças depende de diversas variáveis,
sendo de suma importância à variação de 1 5. Inspeção de Câmeras;
espessura ao longo da bobina. A tolerância
de espessura se torna crítica, especialmente 1 6 . Paletizadora, Cintadora e Filmadora;
na etapa determinada como bodymaker.
As etapas 2, 3, 11 e 12, são operações de
Nesta etapa, as paredes do copo são esti-
estampagem. A mais crítica, em que se
radas, o diâmetro e a espessura da lata são
concentra o maior índice de rejeito das
reduzidos até atingir as medidas especifi-
latas, é na etapa 12 (formação do flange). O
cadas, formando o corpo da lata.
aço necessita estar em condições de exce-
lentes no que diz respeito à limpeza interna.
ETAPAS DO PROCESSO
DE FABRICAÇÃO DAS A perfeita fabricação de uma lata de duas
LATAS DE DUAS PEÇAS peças depende de diversas variáveis, sendo
de suma importância a variação de espes-
Estampagem da Lata e Formação do sura ao longo da bobina. A tolerância de
Fundo: espessura se torna crítica, especialmente
na etapa determinada como bodymaker.
1 . Alimentação da Bobina;
Nesta etapa, as paredes do copo são esti-
2. Corte e Estampagem do Copo; radas, o diâmetro e a espessura da lata são
reduzidos até atingir as medidas especifi-
3. Corte do excedente;
cadas, formando o corpo da lata.

4 . Lavagem e Secagem;
A seguir são apresentados (Quadro 4)

5 . Revestimento Básico Externo (Base alguns exemplos de aços adequados para

coater); aplicação em estampagem extra profunda.

6 . Secagem, Forno de Pinos;

7. Decoração;

8 . Secagem, Forno de Pinos;

9. Revestimento Interno;

1 0. Cura do Verniz;

1 1 . Formação do Pescoço;

1 2. Formação do Flange;

136
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Quadro 4 - Alguns exemplos de aços com qualidade de estampagem, bem como as res-
pectivas normas ABNT
PRODUTO GRAU ESTAMPAGEM NORMA ESPESSURA (mm)
Chapa Fina Laminada a Frio Qualidade Comercial (QC), NBR06658 0,60

Estampagem Extra Profunda


Chapa Fina Laminada a Frio NBR05915 0,60
(EEP)

Chapa Fina Eletrogalvani- Estampagem Extra Profunda


NBR05915 0,55
zada EG) para peça crítica (EEP-PC)

Fonte: catálogo da ABNT

REFERÊNCIAS
[1 ]. BRESCIANI FILHO, Ettore et al. Confor-
mação plástica dos metais. 5.ed. São Paulo:
Unicamp, 1997.

[2]. CAO, Jian et al. Next generation stam-


ping dies: controllability and flexibility.
Robotics and Computer Integrated Manu-
facturing, v. 17, p. 49-56, 2001.

[3]. CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia


mecânica. São Paulo: McGraw Hill, 1977.
v.1

[4]. COMPANHIA SIDERÚRGICA


NACIONAL – CSN. Disponível em: <www.
csn.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2015.

137
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . Defina estampagem.

2. Descreva, resumidamente, como é


produzida uma peça através da estam-
pagem.

3. Dê algumas vantagens do processo de


estampagem.

4 . Quais são as categorias englobadas


pelo processo de estampagem?

5 . Em que consiste uma operação de


corte?

6 . Em que consiste uma operação de


dobra?

7. Em que consiste uma operação de


embutimento?

8 . Porque a fabricação de latas de 2 peças


é um bom exemplo de embutimento
profundo?

9. Quais são as etapas de uma linha de


produção de latas de 2 peças?

138
TREFILAÇÃO DE
AÇOS

Fala sobre:

_ Introdução

_ Processos de trefilação

_ Tipos de arame

_ Variáveis que influenciam

_ Principais aplicações

_ Referências Bibliográficas

_ Aspectos de qualidade

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO cada a partir do fio máquina.

A fabricação de arames é feita a partir de Fio máquina é um material produzido nas


um material de aço denominado Fio-Má- siderúrgicas de material não plano. Estas
quina. Este é um vergalhão de aço fabricado fabricam o fio máquina a partir de tarugos
por laminação e armazenado na forma de que podem ser provenientes de processo
bobina. Ele é usado na produção de arames, de lingotamento contínuo.
por meio de um processo de diminuição de
Um exemplo disso é quando um tarugo
diâmetro denominado trefilação.
de seção quadrada de 120 por 120 mm
Arames e fios são matérias-primas para pode passar na laminação para diminuir
fabricação de outros produtos, por exemplo, sua espessura e posteriormente pode ser
a partir deles pode-se fabricar: pregos, para- aquecido e passar por uma fieira numa
fusos, redes de aço, alambrados, arame máquina trefila.
farpado, cordas de piano, cabos de elevador,
Fieira é uma peça de altíssima resistência
cabos de içamento em geral.
que pode ser produzida a partir de óxidos,
No caso de cabos de elevador, estes são cons- que são conformados num formato
tituídos pela união de vários fios de arame, interno de funil com uma dimensão maior
pois se alguns deles estiverem rompendo, de entrada e uma menor de saída.
podem ser verificados nas inspeções perió-
O fio de aço será puxado pelo lado menor
dicas e trocados (por este motivo é impor-
fazendo com que o fio máquina diminua
tantíssimo realizar inspeções periódicas em
sua espessura chegando à espessura da
elevadores e todo tipo de cabo que trabalha
saída da fieira, que é aquela do arame
sob alta responsabilidade).
desejado. O produto se estica e, à medida
Há alambrados que são fabricados a partir que é fabricado, ele é bobinado para se
de arames. Outros arames de uso espe- economizar espaço.
cial são os farpados, que são utilizados
A figura 42 ilustra, de uma forma esque-
em fazendas. Nos lares, as donas de casa
mática, as tensões que ocorrem durante o
têm contato com arames nos varais para
processo de trefilação.
secagem de roupas, nos carrinhos de feira
em muitos outros empregos que se encon-
tram no interior das máquinas de lavar
roupa, dos liquidificadores, enceradeiras,
veículos e muitos outros equipamentos.

O PROCESSO
Os arames são fabricados na bitola ou
diâmetro da seção transversal especifi-

140
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Figura 42 - ilustra as tensões que ocorrem durante o processo de trefilação

Fonte: autores
Pode-se observar, na figura, que a fieira e) Aços especiais (Cromo-Molibdênio ou
atua como uma espécie de funil reduzindo, Cromo-Vanádio);
consequentemente, o diâmetro do fio
f ) Ferro fundido branco.
máquina. Tal afunilamento, que ocorre na
fieira, é realizado numa região que contém Outro aspecto interessante é o das forças
material cerâmico extremamente duro, que ocorrem na trefilação: por um lado,
que é denominado Widia, ou seja, carbo- na saída do produto se realiza a tração
neto de tungstênio. enquanto que no interior da fieira, ocorrem
forças de compressão.
O material utilizado para a parte ativa da
fieira pode ser de: O processo de fabricação na trefilaria que
é por tração do fio máquina difere do
a) Carbonetos sinterizados (sobretudo
processo que ocorre na extrusão. Nesta, a
WC – Widia);
peça de aço é comprimida contra o molde
b) Diamante (p/ fios finos ou de ligas e só existe uma saída que é a aquela que
duras); possui um perfil, por exemplo, de canto-
neira, perfilado em I, perfilado em T ou
c) Pó de óxidos metálicos sinterizados;
outro semelhante (figura 43).

d ) Aços de alto C revestidos de Cr;

Figura 43 - desenho esquemático de uma fieira

Fonte: autores

141
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

TIPOS DE ARAME DICAS PARA OS


ENGENHEIROS,
Arames de baixo carbono (estes são empre-
TECNÓLOGOS,
gados em aplicações de menor responsa-
TÉCNICOS E PESSOAL
bilidade): ovalado, farpado, recozido (os
DE OPERAÇÃO
arames recozidos e normalizado são indi-
cados para serem aplicados na fabricação _ O pessoal que trabalha nessa área tem
de arames lisos e farpados, arames para que fazer a regulagem do equipamento e o
telas, parafusos, rebites, etc.) e galvani- controle do material de saída.
zado (recebe uma camada superficial de
_ Uma das formas mais simples de verifi-
zinco para proteção contra corrosão).
cação da dimensão do material de saída é
Arames de médio carbono são empre- por meio do uso de pedaços de madeira
gados em molas e cabos de pequena que são comprimidos contra o arame que
responsabilidade. está saindo da máquina e segue para ser
bobinado.
Arames de alto carbono sem tratamento
térmico são indicados para serem usados _ Encostando-se a peça de madeira ocorre
como eletrodos de solda. a marcação nela. Fazendo-se a medição da
marcação realizada na madeira, pode-se
Arames de alto carbono com tratamento
ter o diâmetro do produto que está sendo
térmico podem ser utilizados para molas
fabricado.
de alta responsabilidade, corda de piano e
de instrumentos musicais. _ Durante a fabricação pode ocorrer o
rompimento do arame e este pode ser
Arames de alto carbono patenteado – o
soldado e continuar a ser puxado nas
denominado patenteamento - é um trata-
bobinas.
mento que visa obtenção de uma estrutura
microscópica de perlita fina ou bainita. _ Outro aspecto importante é que o mate-
Esta confere ao aço, alta resistência aliada rial fio máquina que vai para a trefilaria tem
a tenascidade. que estar recozido, por meio do processo
de tratamento térmico de recozimento ele
Normalmente, a espessura de um arame
se torna um material macio e com isso,
ou fio de aço, não se usa o padrão American
facilita-se o processo de deformação.
Wire Gauge - AWG, pois este é voltado para
não-ferrosos, mas nada impede de se usar _ Quando o material se deforma, ele passa
este padrão de bitola para este material. ao estado encruado e pode adquirir nova-
mente alta resistência.

142
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . Cite pelo menos três produtos do
mercado feitos com arame ou a partir de
arame.

2. Descreva como pode ser feita a medi-


cação do calibre do produto que está
saindo da fieira, durante o processo de
fabricação.

3. Em que estado de processamento


do material de aço, uma bobina de Fio
Máquina tem que ir para a trefilaria para
se transformar em arame de diâmetro
menor?

4. De que material cerâmico extrema-


mente duro e resistente é construído o
interior da fieira que fica na região onde
ocorrerá a diminuição do diâmetro no inte-
rior da fieira?

5. Cite pelo menos três regiões ou ângulos


de uma fieira de trefilação,

6 . Como é a constituição de um cabo de


elevador?

7. Descreva o estado de forças triaxial que


se forma na trefila?

8. Como o processo de trefilaria difere


daquele de extrusão de aços?

9. O fio máquina é produzido por meio de


que processo?

1 0. Cite pelo menos três materiais possí-


veis de seu utilizar na construção de fieiras.

143
ENSAIOS
MECÂNICOS
EM AÇOS

Fala sobre:

_ Introdução

_ Tipos de ensaios

_ Ensaios usuais (tração, dureza, etc)

_ Variáveis que influenciam

_ Uso de normas

_ Referências Bibliográficas

_ Aspectos de qualidade

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO das normas técnicas para o emprego em


alguma aplicação. Logo, esses ensaios
Os ensaios mecânicos nos aços permitem estão muito relacionados às normas e
verificar se eles atendem ou não as especi- devem segui-las.
ficações das normas para alguma determi-
nada aplicação. Um exemplo é: um aço para Existem caso de divergência entre quem

grade ou portão de casa não precisa ter vende um material ou peça e quem os

as mesmas especificações que outro que adquire. Nestes casos, procura-se fazer o

será utilizado para botijões de gás e estes ensaio num instituto independente e por

não precisam ter a qualidade de um aço de meio dos laudos dos resultados define-se

alta resistência utilizado, por exemplo, nos qual a parte incorreta ou que arcará com

reatores de uma usina nuclear. as despesas em relação à disputa gerada


pelo material fabricado, adquirido e utili-
As qualidades diferentes são obtidas por zado em alguma aplicação.
meios de processos diferentes de fabri-
cação. Os processos diferentes têm custos As disputas deste tipo podem envolver

diferentes e produtos diferentes. fóruns, pedidos de indenização, nomeação


de uma representação (advogado), nome-
É preciso verificar a qualidade dos produtos ação de assistente técnico (engenheiro,
dos processos para saber se atenderão tecnólogo ou técnico) pela parte acusadora,
ou não as aplicações a que se destinam e nomeação de assistente técnico pelo réu
caso não atendam os materiais podem ser (ou parte acusada) e nomeação de perito
desviados para aplicações menos nobres técnico (pela autoridade competente para
ou que tenham menos exigências em suas atuar no processo, seja ele um Juiz, um
especificações. Delegado, um Promotor Público etc.).

Enquanto a Química está relacionada com


as reações entre elementos químicos e/ou TIPOS DE ENSAIOS
substâncias, a Física se relaciona com as
Os ensaios são realizados em Corpos
propriedades físicas dos materiais que são
de Prova (CPs) que são normatizados
aquelas que ocorrem sem as transforma-
conforme as normas da Associação Brasi-
ções que ocorrem nas reações químicas.
leira de Normas Técnicas - ABNT.

A Mecânica está relacionada com as proprie-


Os principais tipos de ensaios são: os
dades mecânicas, que são propriedades
de tração (em que se tenta “esticar” CP),
físicas voltadas para as aplicações dos mate-
compressão (em que se tenta “comprimir”
riais na fabricação de produtos, instalações
o CP), ensaio de dureza (que é aquela na
e dispositivos para uso pela sociedade.
qual se verifica a dureza superficial pela

Os ensaios permitem determinar se um tentativa de penetração de ferramenta, por

material atende ou não às especificações exemplo, diamantada no caso do ensaio de

145
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

dureza Vickers. Há também outros tipos de _ NBR 6673 – Produtos planos de aço –
dureza, como é o caso da dureza Rockwell, determinação de propriedades mecânicas;
na qual se tenta penetrar a superfície do CP
_ NBR ISO 6892 - Materiais metálicos –
por meio de uma esfera de aço). Há ainda
ensaio de tração à temperatura ambiente;
o ensaio de fadiga (que é aquele no qual
se verifica a resistência a esforços cíclicos), _ NM 264-2 – Chapas e tiras de aço carbono,
ensaios de Charpy (em que se verifica a aço ligado e aço inoxidável ferrítico de
resistência do CP a impactos). baixo carbono – método para determinar
o coeficiente de encruamento mediante
Outra classificação dos ensaios pode ser
ensaios de tração axial;
pelo fato de serem destrutivos ou não
destrutivos. Os primeiros são aqueles nos _ NM-ISO783 1996 - Materiais metálicos -
quais a peça ensaiada é destruída e não Ensaio de tração a temperatura elevada.
poderá mais ser utilizada (fabricam-se os
corpos de prova a partir do material ou peça Vale salientar que os ensaios mecânicos,
inutilizando-a). Entre os exemplos de ensaio normalmente, têm que atender as normas
destrutivo podemos destacar: ensaios de ABNT NBR e por este motivo não tem
tração, compressão, fadiga e charpy. sentido realizar os ensaios sem segui-las.

No caso dos ensaios não destrutivos,


ENSAIO DE DUREZA
temos os ensaios de raio-X, líquidos pene-
trantes e magnaflux. Existem vários tipos de dureza utilizados
no mercado. As mais comuns são a dureza
ENSAIO DE TRAÇÃO Vickers, a Rockwell, a Brinell e a Shore.

Este ensaio normalmente gera uma curva Normalmente, os ensaios de dureza são
entre os parâmetros tensão e deformação. realizados mediante a resistência do mate-
Nele procura-se obter a forma da curva, os rial à penetração de uma ferramenta. No
valores dos limites de escoamento e limite caso da dureza Vickers é a resistência à
de resistência do CP. Os corpos de prova penetração no corpo de prova do aço em
são definidos em normas como é o caso da teste, a uma ponta diamantada que pode
norma MB-4 da ABNT que define formatos ser o formato de um losango: mede-se
e dimensões para cada tipo de teste. a marca realizada num determinado
Algumas normas recomendadas para esse aumento e para uma determinada carga
ensaio são apresentadas a seguir: de peso para penetração, por exemplo um
kilo, ou meio kilo. Para o ensaio de dureza
_ NBR 10130 - Chapas de aço – determi- Rockwell e Brinell mede-se o diâmetro da
nação da redução percentual da área pelo marca realizada por uma ponteira de aço
na direção da espessura; de alta resistência, com formato de bola e
para uma carga pré-determinada. Para o
_ NBR 6207 – Arame de aço;

146
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

ensaio de dureza Shore usa-se uma forma BIBLIOGRAFIA


diferente de medição. Esta é indicada para CONSULTADA
ensaio no caso de peças grandes e mede-se
o quanto uma bola lançada de certa altura, [ 1 ] . SOUZA, Sérgio A. Ensaios mecânicos
bate na peça e retorna (SOUZA, 1982). de materiais metálicos. 5. Ed. São Paulo:
Ed. Edgard Blucher, 1982.
Os valores de um ensaio podem ser
convertidos em valores de outro por meio
de tabelas de conversão.

Existem outros ensaios que são os de


compressão, fadiga (para peças que
sofrem esforços cíclicos), torção, dobra-
mento e flexão. Todos ensaios seguem
normas específicas da ABNT.

DICAS PARA OS
ENGENHEIROS,
TECNÓLOGOS,
TÉCNICOS E PESSOAL
DE OPERAÇÃO
Existem muitos outros ensaios, como é o
caso dos ensaios de dobramento, resis-
tência à corrosão etc.

O engenheiro, tecnólogo, técnico ou interes-


sado deve procurar pelas normas que sejam
aplicáveis e aceitas pelas partes envolvidas:
vendedores, compradores, fornecedores,
assistência técnica, usuários etc.

Os ensaios ou testes realizados em mate-


riais de aço devem obedecer normas sejam
da ABNT ou internacionais, como é o caso
das normas americanas da ANSI (American
National Standard Institution) ou da AISI
(American Iron and Steel Institute) ou
ASTM (American Society for Testing Mate-
rials), ou normas ISO que são europeias.

147
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . Quais valores podem ser típicos para
ensaio de dureza Rockwell C, de um aço
SAE 1045 nos estados inicial, temperado e
revenido?

2. Para que serve o ensaio de fadiga?

3. No ensaio de tração, o que é o limite de


escoamento?

4 . O que significa limite de resistência de


um aço ensaiado a tração?

5 . O que é região plástica e o que é região


elástica de um aço ensaiado à tração?

6 . Qual a importância das normas na reali-


zação dos ensaios mecânicos?

7. Quais normas americanas podem ser


utilizadas nos ensaios mecânicos?

8 . Para que serve a norma brasileira NBR


6207?

9. Qual a diferença entre a forma de reali-


zação da dureza Shore e as outras?

1 0. Como são resolvidas as disputas judi-


ciais em relação a um aço que foi adquirido
como se fosse de uma determinada espe-
cificação e qualidade e na realidade não
seguia a especificação mencionada?

148
LOGÍSTICA EM
SIDERURGIA

Fala sobre:

_ Introdução

_ Logística versus minério de ferro

_ Logística em relação aos mercados

_ Mercado consumidor

_ Logística e os modais

_ Dicas sobre logística

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO muito grandes para diminuir os custos de


transporte por tonelada de minério.
A logística em siderurgia e em qualquer
área está relacionada às questões de orga- Outra solução logística foi a de montar um

nização interna dos layouts ou arranjos entreposto intermediário num país árabe,

físicos dos equipamentos nas empresas, onde pode fazer grandes estoques de

da movimentação de materiais e pessoas, minério e tornar a posição mais próxima da

da expedição de mercadorias, dos despa- China, de modo a gastar menos tempo no

chos de produtos, do armazenamento transporte até aquele país. Por meio dessas

inicial, intermediário e final dos materiais, soluções, procurou-se aumentar a competi-

da conservação ou preservação, da locali- tividade e sem elas não seria viável a venda

zação dos materiais durante o processo de de grandes quantidades de minério para os

transporte etc. grandes mercados asiáticos.

Logística em relação ao minério de ferro


LOGÍSTICA DAS
Um exemplo relacionado à venda de SIDERÚRGICAS
minério de ferro para a China: O Brasil é um EM RELAÇÃO
grande produtor e conta com correntes da AOS MERCADOS
Austrália. Este país é um grande produtor CONSUMIDORES
de minério de ferro e possui a vantagem de
A questão logística também está presente
estar próximo do grande país consumidor
nas siderúrgicas que ora estão em regiões
do minério para uso em seus processos de
de fácil acesso ao minério ou em regiões
fabricação de aço.
próximas aos mercados consumidores de

A maior vantagem comparativa da Austrália seus produtos de aço. Devido à grande quan-

reside na sua localização geográfica, mais tidade de movimentação de material e o peso

próxima à China, ao Japão e aos países elevado que é exigida por esses produtos,

do sudeste asiático, onde realmente deve torna-se importante ter malhas viárias para

continuar a ocorrer o maior desenvolvi- o transporte por meio de caminhões, linhas

mento da indústria siderúrgica mundial, férreas com suas locomotivas e vagões e

pois o peso do custo de transporte para o locais de armazenamento intermediário.

minério de ferro representa cerca de 30%,


As siderúrgicas normalmente não fazem
em média. A localização do Brasil privilegia
vendas para pequenos clientes. Elas
as exportações para os Estados Unidos e a
atendem somente grandes clientes que
Europa (BNDES, 2007).
compram grandes quantidades de mate-

Como o Brasil está muito distante dos riais e por meio de contratos de longa

países asiáticos que são grandes consu- duração. Um exemplo disso é aquele das

midores de minério de ferro, uma solução indústrias automobilísticas que para fabri-

logística foi a de trabalhar com navios carem as carcaças ou carroceria dos seus

150
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

veículos, precisam continuadamente de para a movimentação de matérias-primas


matérias-primas de aço compradas das para a fabricação de aços (minérios,
siderúrgicas e que são processadas trans- calcário, carvão, fabricação de oxigênio
formando-se em componentes veiculares. etc) e também a previsão e alocação dos
Estes serão montados formando produtos meios de transporte com antecedência
que são comercializados no mercado. Por para atender os clientes fabricantes de
conseguinte, quando as montadoras de eletrodomésticos ou de veículos no prazo
veículos não vendem, ou diminuem suas que eles precisam.
vendas, também diminuem suas aquisi-
Caso as siderúrgicas não consigam atender
ções de peças e, por conseguinte, criam
seus clientes ocorre uma possibilidade
dificuldades em toda cadeia produtiva.
deles adquirirem suas matérias-primas no
Outro exemplo está nas indústrias fabri- exterior, importando os aços que neces-
cantes de eletrodomésticos e geladeiras. sitam. Para que os fabricantes nacionais
Elas utilizam chapas de aço finas e precisam tenham seu espaço e ganhos, é preciso
de grandes quantidades para fabricar os que trabalhem bem a questão da logística
milhares de fogões, geladeiras e outros para atender seus clientes em termos de
equipamentos. Normalmente, as indús- prazos, preço, qualidade, quantidade e
trias que vão fabricar equipamentos ou condições diversas.
produtos para o mercado estão sujeitas à
sazonalidade do mercado: existem épocas EXEMPLO DE
em que as compras aumentam como é o CONSUMO DE
caso do dia das mães e também das proxi- GRANDE QUANTIDADE
midades do Natal e existem épocas de DE MATERIAL
baixas vendas como é o caso do período SIDERÚRGICO
que vem após o Carnaval. COM FINALIDADES
Como as indústrias trabalham no sentido
ESPECIAIS
de atender as lojas, grandes magazines Entre os exemplos de consumo elevado de
e grande supermercados e shoppings, a produtos siderúrgicos fora das condições
indústria siderúrgica tem que acompanhar de mercado mencionadas no item anterior,
a necessidade das indústrias mencionadas encontram-se no caso de grandes projetos,
e tem que fornecer seus materiais, como é como ocorre quando se constroem por
o caso de bobinas, arames, chapas, fio-má- exemplo, grande tubulações para trans-
quina etc em quantidade, qualidade, prazo porte de gás, que podem atravessar
e condições diversas no período desejado milhares de quilômetros e exigem que se
pelos clientes, que são indústrias voltadas fabriquem e instalem grandes quantidade
para o atendimento a outros clientes. de tubos durante longos períodos.
Neste sentido, é preciso que haja um
planejamento por parte das siderúrgicas Outro consumo especial pode ocorrer

151
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

quando um país constrói vias férreas siderúrgicas, estocam em seus pátios, fazem
ligando regiões distantes, como é o caso a movimentação, corte em quantidades
de ferrovias lingando o norte ao sul ou menores e comercialização para pequenas
leste a oeste de um país. Os milhares de lojas ou indústrias que, desta forma, podem
quilômetros de linhas férreas vão exigir ser melhor atendidos em suas necessi-
grandes quantidades de trilhos que podem dades. Essas empresas, que atuam local-
comprometer a produção de muitas usinas mente, têm condições de conhecer melhor
siderúrgicas durante anos. seus clientes e atendê-los de modo mais
adequado em termos logísticos, devido à
Após o término da produção para atender
proximidade com seus consumidores.
ao projeto, há também a fabricação para
manutenção pois os trilhos vão ter uma
certa vida útil e periodicamente precisam
LOGÍSTICA E OS
ser substituídos num processo normal de
MODAIS
substituição. A movimentação da grande A questão dos modais está ligada à defi-
quantidade de materiais exige formula- nição da forma como os produtos side-
ções logísticas que visem alcançar um rúrgicos serão entregues aos clientes.
menor custo, um tempo adequado e a Normalmente, nas siderúrgicas, existem
entrega do produto dos trilhos nas condi- departamentos que cuidarão dos despa-
ções necessárias pelos clientes para que chos de produtos, da definição dos locais de
não sejam obrigados a adquirir seus mate- armazenamento intermediário, dos meios
riais no exterior. de transporte, seus custos, quantidades
e planejamento da entrega ao cliente,
EXEMPLO DE alocando recursos e procurando atender
ATENDIMENTO A prazos e custos condições diversas. O
CLIENTES MENORES planejamento da entrega dos produtos ao
cliente em quantidades, prazos e condi-
Como já se mencionou anteriormente, para
ções de entrega exige o conhecimento dos
clientes pequenos que adquirem poucas
meios de transporte e muita negociação.
toneladas de aço, ou mesmo alguns quilos,
as grandes siderúrgicas integradas rara- Quando há condições adversas, como é o
mente atendem esses tipos de clientes. caso de greves ou acidentes, é preciso veri-
ficar se existem alternativas para o atendi-
O atendimento é realizado de forma indireta
mento aos clientes e bem como na questão
por meio de empresas distribuidoras de
dos custos, quem arcará com os custos
produtos siderúrgicos. Tais empresas locali-
extras e se isso será viável para as partes.
zam-se próximo aos grandes centros consu-
midores ou em regiões onde há grande Os contratos de fornecimento dos mate-
concentração industrial. Os distribuidores riais para os clientes das siderúrgicas
de aço adquirem grandes quantidades das normalmente preveem multas para

152
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

atrasos e não cumprimento das condições fixar os produtos siderúrgicos, evitando


contratuais pois os clientes delas também seu deslocamento. No transporte com uso
têm outros contratos com outros clientes, de empilhadeiras, normalmente pode-se
como é o caso da indústria de eletrodo- verificar a viabilidade do emborracha-
mésticos que já vendeu sua produção mento dos garfos desses meios de movi-
para as grandes redes e a não entrega no mentação de materiais para evitar que
prazo pode significar a perda de vendas e, risquem os produtos. Um exemplo da
por conseguinte, o prejuízo que quando importância deste procedimento está no
ocorre normalmente será acompanhado seguinte fato: se uma bobina de chapa fina
de multas contratuais, levando a condições de aço for riscada, quando ela for cortada
complexas em que várias partes estarão e utilizada na fabricação de um eletrodo-
perdendo valores. O trabalho da seleção méstico, pode ocorrer que o risco gerado
dos modais sempre há contratos com na movimentação persista no produto final
seguros para que se garanta as entregas. e raramente um cliente vai querer adquirir
Entre os modais, os mais utilizados são os uma geladeira, fogão, enceradeira ou outro
meios ferroviários associados à armaze- eletrodoméstico que esteja riscado.
nagem intermediária em depósitos para
Outro aspecto está relacionado ao trans-
evitar que os materiais siderúrgicos fiquem
porte de material das siderúrgicas que
expostos ao tempo e a seguir a entrega
ocorra no tempo: quando chapas, bobinas,
aos clientes industriais por meio de cami-
ou cantoneiras são armazenadas em locais
nhões. Outras rotas entre as siderúrgicas
com humidade ou chuva, podem desen-
e os clientes industriais incluem o trans-
volver ferrugem e estas podem persistir
porte ferroviário, saindo da siderúrgica até
nos produtos. Uma das formas de se mini-
o porto para realizar a cabotagem que é o
mizar os problemas mencionados está na
transporte marítimo nacional.
decapagem que ocorre nas siderúrgicas.
Quando o material chega ao porto, é carre- Tal decapagem consistem em mergulhar
gado nos navios. Estes vão a outros portos os produtos siderúrgicos em tanques com
próximos dos destinos e lá vão ser armaze- soluções alcalinas eu vão atacar as super-
nados e posteriormente transportados por fícies dos produtos siderúrgicos, deixan-
meio de caminhões para os clientes industriais. do-os com aspecto de novo e brilhante por
retirar a fina camada de óxidos.
É interessante considerar que nos trans-
portes nos modais é preciso utilizar amar- Após a decapagem, os produtos carre-
rações nas cargas para que elas não se gados nos modais podem ser cobertos
desloquem e se danifiquem. Para cargas com plástico para evitar o contato com a
menores utilizam-se pallets de madeira e humidade do tempo e da chuva. Há casos
cestas metálicas que podem ser colocadas em que as condições de entrega exigem
no interior de contêineres. As cunhas de que o produto esteja livre de ferrugem
madeira são bastante empregadas para e, neste caso, faz-se a aplicação de

153
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

produtos químicos que vão evitar a ocor- REFERÊNCIAS


rência daquela e, neste caso, os produtos
aumentam os custos e são negociados [ 1 ] . BNDES. Minério de ferro. Publicado
com os clientes de modo a fazer parte das em 2007. Disponível em: <http://www.
condições de entrega. bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/
default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/
conhecimento/setorial/ferro.pdf>. Acesso
DICAS PARA OS
em: 11 jul. 2016.
ENGENHEIROS,
TECNÓLOGOS,
TÉCNICOS E PESSOAL
DE OPERAÇÃO
É importante que engenheiros, tecnólogos,
técnicos e profissionais em geral envolvidos
com as indústrias siderúrgicas e as indús-
trias de grande porte em geral tenham
uma noção sistêmica que é a visão do todo,
suas partes e o relacionamento entre elas.
O conhecimento da forma de trabalho
dos diversos setores e áreas bem como as
dificuldades e possibilidades de cada área
pode ajudar na formação de equipes que
vão trabalhar de modo mais sincronizado.
Não basta apenas realizar um trabalho
sem saber o que vem antes e o que virá
após. É preciso, dentro de um contexto
profissional, entender o que está em jogo
nas diversas áreas e, desta forma, pode-se
trabalhar cooperativamente e colaborati-
vamente para que todos consigam manter
seus empregos, trabalhar bem e alcançar
o sucesso de todos. Em termos de docu-
mentação, os profissionais desta área têm
que trabalhar internamente nas empresas,
com ordens de serviço, e externamente
com notas fiscais que são emitidas para
saída de produtos da siderúrgica e com
conhecimentos de carga que são relações
de produtos, quantidades e riscos.

154
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS ( ) B. Pontes rolantes

1 . A logística trabalha com: ( ) C . Pórticos

( ) A. Parte financeira, obtenção de ( ) D. Empilhadeiras


recursos e empréstimos para aquisição
( ) E . Canoas
de materiais e matérias-primas.
4. Assinale a alternativa que não corres-
( ) B . Movimentação de matérias-
ponde a um modal utilizado para trans-
-primas, materiais e produtos, armaze-
porte externo de produtos de uma side-
nagem interna nas empresas e externa-
rúrgica.
mente com a definição das rotas e dos
modais. ( ) A . Vagão ferroviário.

( ) C. Seleção de pessoal, treina- ( ) B. Caminhões.


mento e definição de cargos e salários
( ) C . Navios de cabotagem.
de pessoal que trabalha numa organi-
zação. ( ) D. Planadores.

( ) D. Aquisição de matérias-primas, ( ) E . Navios de longa transoceâ-


cotação, definição de fornecedores e nicos.
trabalho com alinhamento de metas em
relação a fornecedores. 5. No transporte de bobinas de chapa fina
para fabricação de fogões e geladeiras
( ) E. Comercialização, definição de ou para o transporte de bobinas de fio
contratos de vendas, atendimento inicial máquina de aço, que cuidados podem ser
aos clientes para verificar necessidades tomados em relação às empilhadeiras e
de materiais, condições de pagamento e por que?
negociações.
6 . No armazenamento de produtos de
2. Em termos de documentação, quais uma siderúrgica, pode ocorrer a oxidação
documentos são utilizados na movimen- de modo a se ter um aspecto superficial
tação e armazenagem interna e quais são ruim para os produtos. O que se costuma
necessários para saída de produtos da fazer para que se entregue um produto
siderúrgica? com aparência superficial boa e de mate-
rial novo, para os clientes?
3. Assinale a alternativa que não corres-
ponde a um meio de transporte e movi- 7. Quais as finalidades do uso de pallets,
mentação de material no interior de uma cunhas de madeira e amarrações de
siderúrgica. produtos siderúrgicos nos modais?

( ) A. Vagões ferroviários 8. O que é a cabotagem para transporte

155
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

de material siderúrgico?

9. Responda à pergunta: As grandes side-


rúrgicas integradas nacionais atendem
normalmente os pequenos clientes que
compram somente alguns quilos de aço?

1 0. Qual setor ou departamento numa


siderúrgica integrada faz a definição de
rotas de dos modais para entrega de
produtos aos clientes?

156
SAUDE,
SEGURANÇA
E HIGIENE NA
SIDERURGIA

Fala sobre:

_ Introdução

_ Riscos e contramedida

_ Dicas sobre segurança

_ Referências Bibliográficas

_ Exercícios resolvidos
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

INTRODUÇÃO de trabalho na qual há diversos tipos de


riscos que incluem várias etapas proces-
As indústrias processam matérias-primas suais em que há calor, altas temperaturas
e produzem produtos que são importantes riscos à visão, altas pressões, mecânica
para a sociedade. Para realizar seus trabalhos pesada, ruídos elevados, gases, riscos de
necessitam de instalações, equipamentos, explosões, perigos de ferimentos por corte
matérias-primas, pessoal, transporte, treina- em sucatas etc.
mento e vários itens formando a complexi-
dade do trabalho com muitas variáveis. Nas linhas seguintes elencam-se alguns dos
principais riscos em processos industriais
A questão da saúde, segurança e higiene é da siderurgia e as principais contramedidas.
importante para as organizações e crítica
naquelas que possuem condições que
RISCOS E CONTRA-
podem oferecer riscos à saúde e à vida
MEDIDAS
humana. Os riscos industriais são controlá-
veis de modo a alcançar a sustentabilidade A tabela XI, a seguir, apresenta os princi-
nos meios industriais. pais riscos e contramedidas em postos de
trabalho da siderurgia.
A siderurgia, em particular, é uma área

Local Processo Riscos Contramedida


Trabalhar com normas
de segurança. Definir
locais seguros para as
pessoas caminharem.
1) Estocagem em baias Utilizar Equipamentos
de carvão, minério de de Proteção Indivi-
ferro, calcário, fluorita, Acidentes na movimen- dual (EPI). Sinalizar as
dolomita, ferros liga e tação de toneladas de áreas informando os
outros. 2) Retirada de materiais riscos. Utilizar travas
materiais para uso em na botoeira de controle
processo. para que os operadores
tenham a certeza de
Pátio de Matérias- só acionar os equipa-
-primas mentos em caso de área
segura.

Trabalhar com normas


de segurança. Definir
locais seguros para as
pessoas caminharem,
Acidentes relacionados
Equipamentos de movi- e locais para os vagões
à movimentação e/ou
mentação de grande e locomotivas, cami-
manutenção dos equi-
porte. nhões e empilhadeiras,
pamentos.
tratores e guindastres
funcionarem. Utilizar
sinalização de alerta de
aproximação de veículo

158
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Local Processo Riscos Contramedida


Trabalhar com normas
de segurança. Molhar
Pátio de Matérias- carvão segundo normas
Patio de Carvão Risco de incêndio
-primas para evitar aumento de
temperatura. Utilizar
EPIs.

Trabalhar com normas


de segurança. Definir
locais seguros para as
Alta temperatura do
pessoas caminharem.
forno de coqueificação.
Utilizar Equipamentos
de Proteção Indivi-
dual (EPI). Sinalizar as
Coqueificação áreas informando os
riscos. Utilizar travas
na botoeira de controle
Grandes quantidades para que os operadores
e pesos de materiais tenham a certeza de
Coqueria
movimentados só acionar os equipa-
mentos em caso de área
segura.

Trabalhar com normas


de segurança rígida.
Gases dos processos
Utilizar EPIs. Permitir a
industriais que não
passagem de pessoas
Tratamento dos gases devem ser inalados e
somente em locais
também há riscos de
pré-determinados que
explosão.
sejam seguros. Usar
EPIs adequados.

Trabalhar com normas


Altas temperaturas
de segurança rígida.

Trabalhar com normas


de segurança rígida.
Alta pressão (ex:
Definir locais seguros
pressão de topo de 2
e procedimentos de
atmosferas)
trabalho seguro. Usar
EPIs adequados.

Trabalhar com normas


de segurança rígida.
Evitar umidade e
Alto forno Todas regiões do forno acúmulo de poças de
água em regiões onde
não se permite este
problema. Realizar
inspeções rotineiras e
Riscos de explosão manutenção preditiva,
preventiva e corretiva
para evitar o funciona-
mento de equipamentos
fora das especificações.
Definir locais seguros
e procedimentos de
trabalho seguro. Usar
EPIs adequados.

159
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Local Processo Riscos Contramedida


Trabalhar com normas
de segurança rígida.
Trabalho com toneladas Definir locais seguros
de material de carga e procedimentos de
trabalho seguro. Usar
EPIs adequados.
Todas regiões do forno
Trabalhar com normas
Riscos de queda (Muitos
de segurança rígida.
altos-fornos têm mais
Definir locais seguros
de cem metros de altura
e procedimentos de
e pessoas trabalhando
trabalho seguro. Usar
Alto forno em vários níveis
EPIs adequados.

Trabalhar de acordo
com as normas da área.
Realizar os procedi-
Verificar se não há mentos de segurança
avermelhamento ou de diminuição da carga,
Carcaça
aumento anormal de aumento da velocidade
temperatura de refrigeração pela
camisa de água, realizar
reparo dos refratários.
Utilizar EPIs.

Permitir o transito
Alta temperatura somente em áreas
Estação de Dessulfu- permitidas e usar EPI.
Local do sopro
ração
Usar EPI e ficar em
Respingos do sopro
áreas protegidas

Usar EPI, inspecionar a


Sucata úmida, riscos de
sucata e se necessário
Carregamento de sucata corte e de trabalho com
fazer secagem com
material pesado
maçarico.

Usar EPI, ficar em local


Gusa pode respingar e protegido na hora do
se carregar em cima de carregamento da gusa
Carregamento da gusa
sucata molhada pode no LD. Respeitar todos
dar explosão. procedimentos de segu-
rança da área do LD.

Aciaria Usar EPI, e ficar


somente nas áreas
Respingos
permitidas e com
proteção.
Sopro de oxigênio
Trabalhar seguindo os
Avermelhamento local procedimentos de segu-
da carcaça do forno LD rança para o momento
do sopro no LD.

Seguir todos procedi-


Cuidados com os
Vazamento de aço mentos de segurança
respingos
para o vazamento.

160
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Local Processo Riscos Contramedida


Seguir todos procedi-
Estação de desgaseifi- Cuidados com a área de
Alta temperatura mentos de segurança da
cação desgaseificação
área de desgaseificação.

Nunca ficar abaixo das


cargas que estão sendo
Material pesado
transportadas pelo meio
Cuidados com a carga das pontes rolantes

Manipulação de Seguir todos procedi-


oxigênio e altas tempe- mentos de segurança da
raturas no forno área.

Aciaria Elétrica Ficar somente nos locais


Cuidados com a alta Evitar riscos com alta permitidos e cumprir
potência elétrica energia todos requisitos de
segurança da área.

Utilizar EPIs. Fazer


exames de saúde
Ruídos dos eletrodos Possibilidade de desen-
regular. Seguir todos
durante a operação volver surdez
procedimentos de segu-
rança da área.

Evitar umidade. Aquecer


com maçarico se neces-
Evitar umidade na Possibilidade de explo- sário. Usar EPI e seguir
lingoteira sões. os procedimentos da
Lingotamento conven- área de trabalho em
cional (Lingoteiras) questão.

Cuidados com alta Usar EPIs. Seguir as


Na hora do lingota-
temperatura e emer- instruções da área de
mento
gências trabalho.

Caso haja dificuldades,


deve-se seguir os proce-
dimentos de segurança
da instalação. Por
Verificar se a panela
exemplo jatear oxigênio
está encaixada correta-
Cuidados no carrega- no bocal de vazamento
mente e se as válvulas
mento da panela de que esteja entupido, ou
gaveta tanto da panela
gusa desviar a panela para
quanto do distribuidor
lingotamento conven-
Lingotamento Contínuo estão funcionando.
cional de emergência.
Seguir os procedi-
mentos de segurança da
área em consideração.

Estouro de veio de aço


na câmara de resfria- Adotar os procedi-
Cuidados no vazamento mento ou vazamento mentos de segurança da
de água no molde de área em questão.
cobre.

161
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Local Processo Riscos Contramedida


Cuidado com os maça-
ricos de corte oxia-
cetilênicos, cuidados
com as temperaturas
Altas temperaturas de aquecimento das
placa e chapas. Seguir
Laminação Cuidados operacionais os procedimentos de
segurança da área em
consideração.

Seguir os procedi-
Máquinas pesadas mentos de segurança da
área em consideração.

Seguir os procedi-
Cuidados com a movi-
mentos de segurança da
mentação
área em consideração.

Definir caminhos
seguros para as pessoas
andarem. Evitar ficar
sob cargas em movi-
Movimentação e mento que estão sendo
Pátio de placas
estoque de materiais Cuidados com material transportadas por
quente em resfriamento pontes rolantes pois
e com material pesado em caso de queda de
tais materiais podem
ocorrer acidentes sérios.
Seguir os procedi-
mentos de segurança da
área em consideração.

Definir locais seguros


para as pessoas transi-
Cuidado com a movi-
Pátio de produtos side- Movimentação e tarem. Seguir os proce-
mentação de material
rúrgicos estoque de materiais dimentos de segurança
pesado
da área em conside-
ração.

Definir locais seguros


para as pessoas transi-
Cuidado com a movi-
Movimentação e tarem. Seguir os proce-
Expedição mentação de material
estoque de materiais dimentos de segurança
pesado
da área em conside-
ração.

Seguir os procedi-
Riscos de incêndio e
Fábrica de oxigênio Oxigênio líquido mentos de segurança da
explosão.
área em consideração.

Verificar regularmente
Utilidades: geração de Seguir os procedi-
Cuidados com as condi- os equipamentos.
vapor e tratamento de mentos de segurança da
ções locais de trabalho Trabalhar em níveis
água. área em consideração.
seguros.

162
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

DICAS PARA OS
ENGENHEIROS,
TECNÓLOGOS,
TÉCNICOS E PESSOAL
DE OPERAÇÃO
_ É preciso trabalhar sempre com segu-
rança, nossa e dos colegas, para se ter
sustentabilidade;

_ O zelo pela segurança passa pela defi-


nição conjunta de normas para as áreas de
trabalho e o uso e obediência a elas;

_ Torna-se importante que hajam reuniões


frequentes para se discutir os problemas e
formas de agir ou necessidades para que
se minimizem as dificuldades e se melhore
também a qualidade e produtividade de
modo seguro.

163
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

EXERCÍCIOS
1 . No pátio de matérias-primas, nos locais
onde se armazena carvão, que riscos
podem ocorrer com esse tipo de material?

2. Que riscos podem existir na coqueria


quando se faz o tratamento dos gases?

3. Como se pode evitar os riscos de


explosão no AF?

4 . O que pode indicar um avermelhamento


em alguma região da carcaça do AF?

5 . Numa fábrica de oxigênio, o que produ-


zirá oxigênio para ser utilizado na aciaria,
qual o maior risco existe?

6 . No lingotamento contínuo, que riscos e


cuidados principais se tem que tem relação
as panelas de aço?

7. Cite um cuidado importante no trabalho


no lingotamento convencional.

8 . A aciaria elétrica por meio de fornos


com eletrodos pode causar um tipo de
problema funcional decorrente do trabalho
durante anos nesta área. Qual é o prin-
cipal problema ligado aos fornos elétricos
devido aos ruidos?

9. Na expedição de materiais siderúrgicos,


quais são os maiores riscos que podem
ocorrer? Cite pelo menos um.

1 0. As siderúrgicas integradas geral-


mente têm instalações para fabricação
de oxigênio que é utilizado na aciaria LD
para sopro de oxigênio no convertedor. Na
Fábrica de Oxigênio, qual é o maior risco?

164
GLOSSÁRIO
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Ab o b ad a – é o teto curvilíneo de fornos A n á lis e q u í m ica - é o conjunto de


metalúrgicos como é o caso dos fornos técnicas de laboratório utilizadas na iden-
elétricos. tificação das espécies químicas envolvidas
em uma reação, como também a quanti-
Áci d o - composto capaz de transferir
dade dessas espécies
Íons (H+) numa reação química.
A n á lis e q u í m ica a n a lí t ica q u a nt i -
Aço – liga de ferro carbono com baixo
t at iva- é o estudo de métodos para sepa-
teor de carbono, abaixo de 2%.
ração e determinação da quantia de um

Aço i noxidável – regularmente conhe- componente em uma mistura ou solução.

cido como inox, ele é uma liga ferro-carbo-


A ra m e – é fio metálico, geralmente
no-cromo e níquel. Esta liga normalmente
flexível ou haste metálica feita em vários
é mais resistente à corrosão aquosa que os
comprimentos e diâmetros.
aços comuns ao carbono. A resistência à
corrosão ocorre devido à formação de uma A rg a m a ss a re frat á ria – é o mate-
película de oxido de cromo na superfície rial refratário utilizado para unir os tijolos
do material e essa impede a ocorrência da refratários e/ou preencher os espaços
oxidação, tornando o material inoxidável. vazios deixados no revestimento refra-
tário.
Al ívi o de ten sões – é um tratamento
térmico em aços que ocorre à tempera- Au ste m p e ra - é um processo de trata-
turas da ordem de 150 a 250º centígrados mento térmico para metais ferrosos com
durante algumas horas com a finalidade de quantidades médias a altas de carbono
diminuir as forças internas resultantes de que produz uma estrutura metalúrgica
outros processos e que poderiam tornar o chama bainita. É utilizado para aumentar
material quebradiço. a força e a tenacidade e para reduzir a
distorção nos materiais ferrosos.
Al to -fo r n o – forno para fabricação de
ferro gusa a partir de minério de ferro, Ba rra s - Seção quadrada, circular ou
carvão e fundentes. Eles são utilizados nas poligonal com dimensões menores que
usinas siderúrgicas integradas. 100mm.

Anál i s e gravimét ric a - consiste em Ba s cu la r - é levantar ou erguer.


determinar a quantidade de um elemento,
Ba s cu la m e n to – é o levantamento.
radical ou composto presente em uma
amostra, eliminando todas as substâncias Bico d a la n ça d e ox ig ê n io d o
que interferem e convertendo o consti- conve rte d or – Este bico é construído
tuinte ou componente desejado em um seguindo o formato De Laval que permite
composto de composição definida, que a emissão de um jato supersônico.
seja suscetível de se pesar.
Bico d e Bu n s e n – é um queimador a gás

166
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

que é utilizado em laboratórios químicos Outros como é caso do carvão mineral


para aquecimento por chama. brasileiro, contêm teores de enxofre que
vão passar para o banho metálico.
B i co de vazamen to do conve r -
ted o r – é o local do convertedor LD por C a rvã o ve g e t a l – é matéria prima e
onde é realizado o vazamento de aço que muitos processos siderúrgicos. Esse mate-
deve ocorrer após o processo de sopro. rial é produzido a partir da queima de
Nele não se realiza o vazamento de escória madeiras provenientes de florestas.
líquida.
Ce m e n t a çã o - é um tipo de tratamento
B l o cos - Seção quadrada ou ligeiramente termoquímico que visa aumentar a quan-
retangular, entre 150 e 300mm de lado. tidade de carbono na superfície do aço
e com isso melhorar a temperabilidade
B o b i na - Produto plano laminado com
nessa região. Pode ser feito por meio de
largura mínima de 500 mm enrolado na
atmosferas ricas em carbono ou em caixas
forma cilíndrica.
contendo carvão.

B o cal – é a abertura de recipiente. É um


Ce râ m icos – um dos tipos de materiais
tipo de boca.
que não são nem metais e nem polímeros.

B r i tad o r – equipamento que é utili- São formados por óxidos.

zado para cominuição ou diminuição do


C h a p a G ross a - Largura acima de 200
tamanho de minerais. Os mais conhecidos
mm, espessura maior que 5 mm.
são os britadores de mandíbulas.
Com u n ica çã o – é interação bidirecional
B r i quet – é um aglomerado de minério e
de dados e informações.
carvão, ou pode ser também um aglome-
rado composto de pó de carvão e um aglu- Coq u e – tipo de carvão mineral de alta
tinante (tipo argila, breu, glutaraldeído etc.) resistência e que é utilizado nos altos
que pode ser usado como combustível. fornos por não se degradar mesmo à alta
temperatura e desta forma, ele ajuda a
Car bono – Elemento químico de número
suportar a carga que é realizada no AF.
atômico 6 e número de massa 12. Além
do carvão, possui vários alótropos como é Coq u e ria – estação que existe numa
o caso do diamante e de grafite. Pode ser usina siderúrgica a carvão mineral e que
obtido a partir de material de biomassa de é formada por uma bateria de fornos de
florestas sendo denominado de “carvão aquecimento onde a finalidade é aquecer
vegetal” ou de origem mineral que é deno- a uma temperatura tal que permita a libe-
minado “carvão mineral”. Este é extraída por ração de gases do carvão coque, a dimi-
meio da mineração. Alguns carvões como nuição do volume do carvão e compac-
é o caso do coque metalúrgico possuem tação que o torna mais resistente para
propriedades de resistência mecânica. utilização no AF.

167
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Com bustão – é a queima. Também é Difração de raios X - é a mais indicada na


o consumo de gás, solido ou líquido por determinação das fases cristalinas.
meio de uma chama.
E DTA - ácido etilenodiaminotetracético,
Conver s or ou convertedor LD – é tem quatro grupos carboxila e dois grupos
um tipo de forno no qual se faz o sopro amina que podem atuar como doadores
de oxigênio sobre o banho líquido de gusa de pares de elétrons, ou bases de Lewis. É
com a finalidade de transformá-lo em aço usado na análise por titulação complexo-
líquido. métrica.

Correi a tran sportadora – é um equi- Elemento químico - um conjunto de átomos


pamento de movimentação ou transporte que têm o mesmo número de prótons em
de material, que é usado para realizar o seu núcleo, ou seja, o mesmo número
carregamento, abastecimento de mate- atômico (Z).
riais finos, úmidos ou abrasivos, em geral
E m p ilh a d e ira – é uma máquina móvel
sobre pilhas ou amontoamento seguindo
utilizada na movimentação de materiais e
o angulo de acomodação do material.
que é própria para realizar o empilhamento
Corros ão - desgaste gradual de um corpo e/ou a arrumação de certos produtos ou
qualquer que sofre transformação química carga em armazéns, fábricas, portos etc.
e/ou física, proveniente de uma interação
E n cru a m e n to – é um fenômeno que
com o meio ambiente. É um processo
ocorre nos aços deformados a frio, no
contrário ao da redução dos metais.
qual a medida que se deforma o material,
Dess ul furaç ão - é o processo de ele adquire propriedades de aumento de
remoção de enxofre do banho líquido resistência e dureza.
de gusa por meio da injeção de material
E n g e n h a ria - é a capacidade de aplicar
(CaCO3, CaO etc) que vai formar escória
os conhecimentos científicos de forma
que reterá boa parte do enxofre baixando
prática a fim de projetar, produzir novas
seu conteúdo no banho líquido.
utilidades, e manter e otimizar o uso das
Di agram a ferro-carbon o – e um já existentes.
tipo de diagrama onde no eixo vertical
E n g e n h a ria d e m ate ria is - modali-
estão as temperaturas e no horizontal
dade da engenharia em que a interdiscipli-
as porcentagens dos elementos consti-
naridade da física e química são utilizadas
tuintes. Eles podem ser binários quando
no estudo, na produção e transformação
consideram somente o material principal
da materiais metálicos, cerâmicos, polí-
e um elemento de liga como é o caso do
meros ou compostos.
diagrama ferro-carbono ou podem ser
ternários, por ex.: Fe-C-Cr, ou quaternários E n g e n h a ria m e t a lú rg ica – é a moda-
etc. lidade da engenharia de materiais que usa

168
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

conhecimentos empregados na trans- Fe rro – é um elemento químico de


formação de minérios em metais e ligas número atômico 26. Ele é metálico, sólido,
metálicas e em sua aplicação na indústria. abundantemente encontrado na natureza
na forma de óxidos. Quando obtido por
Eng enharia de min as – modalidade
meio de processos siderúrgicos pode ter
da engenharia que se ocupa do aprovei-
diversas aplicações industriais
tamento dos recursos da Terra, por meio
da exploração de minas, lavra, beneficia- Fe rro fu n d id o - é uma liga de ferro em
mento e movimentação e armazenamento mistura eutética com elementos à base de
de produtos minerais. carbono e silício. Forma uma liga metálica
de ferro, carbono (a partir de 2,11%), silício
Eng enharia de produ ç ão - moda-
(entre 1 e 3%), podendo conter outros
lidade da engenharia que se dedica a
elementos químicos.
conceber, melhorar e implementar e
simular e otimizar sistemas que envolvem F ie ira – peça utilizada na trefilaria para
pessoas, materiais, informações, equipa- realizar a redução de espessura do fio
mentos, energia e maiores conhecimentos máquina que vai ser transformado em
e habilidades. arame de espessura menor.

Eng enharia qu ímica – modalidade F ilt ro – é um dispositivo separador que


da engenharia responsável por projetar, permite a passagem de algum material e
construir e operar plantas industriais rela- retém outros.
cionadas com transformações químicas.
F in os - material particulado de pequenas
EPI – equipamento de proteção individual dimensões que é gerado durante o proces-
que geralmente inclui capacete, óculos de samento de minérios.
proteção, protetor auricular, caneleiras de
F io- m á q u in a - normalmente de seção
couro, aventais de couro, luvas de couro,
circular com o diâmetro menor que
óculos protetor contra luminosidade e
12,7mm, produzido em rolos ou bobinas
outros que podem variar conforme os
riscos da área de trabalho. F í s ica - ciência que estuda a natureza e
seus fenômenos nos aspectos mais gerais,
Euté ti co – é o material que apresenta o
procurando analisar e explicar as relações
menor ponto de fusão para as ligas de um
causa-efeito e as propriedades.
determinado sistema binário de metais.

Forj a - conjunto dos instrumentos de


Extrus ão – é o processo pelo qual o
trabalho do ferreiro: fornalha, bigorna,
aço é forçado por meio de compressão a
fole, malho etc.
ir ao encontro de uma matriz que contém
um formato por exemplo de um perfil e Forj a r - dar forma por meio de martel-
adquire tal formato na saída. mento.

169
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

Fo r no – dispositivo utilizado para aqueci- F u lcro – base, ponto de apoio, sustentá-


mento dos metais ou outros materiais. culo.

Fo r no d e ban h o de sal – é um forno F u ra d e ira - é a ferramenta utilizada para


tipo poço, com revestimento refratário perfurar madeira, metal, pedra, plástico,
interno e com resistências elétricas que louça etc.
vão aquecer e fundir um sal que vai manter
F u s ã o – é o derretimento do metal ou liga
uma temperatura adequada para alguns
metálica que ocorre numa determinada
tipos de tratamento térmico como é o caso
temperatura.
da denominada martempera.

G á s – é um estado da matéria que tem a


Fo r no d e in du ç ão – é um forno elétrico
característica de se expandir espontane-
silencioso que utiliza o eletromagnetismo
amente, ocupando a totalidade do reci-
para gerar correntes elétricas de indução
piente que a contém.
no interior do metal que será trabalhado.

G a s ôm e t ro - é dispositivo ou instalação
Fo r no el ét rico a arco – é um tipo de
dispositivo próprio para recolher gases em
forno de fusão de aço no qual se trabalha
formação.
com eletrodos trifásicos ou bifásicos. Eles
exigem a definição de um programa de G e rm â n io - quím elemento químico de
potência e durante sua operação geram número atômico 32, símbolo Ge e que é
ruídos intensos e muito fortes que ao longo semicondutor.
do tempo podem causar surdez nos opera-
dores que trabalham próximo aos fornos. I n form a çã o – é o resultado do proces-
samento de dados, é matéria prima para a
Fo r no co m qu eimador a gás – são tomada de decisão. É unidirecional.
fornos cujo aquecimento é realizado por
meio de bicos queimadores de gás. La m in a çã o – processo no qual o aço
no estado sólido é passado entre rolos
Fo r no com qu eimador a óleo - são que diminuem a espessura do material
fornos cujo aquecimento é realizado por ou então lhe fornecem um formato por
meio de bicos queimadores de óleo. exemplo de vergalhões ou perfilados.

Fresa - peça de engrenagem, us. para La n ça de ox ig ê n io do conve r -


desbastar ou cortar metais, que consiste te d or – é um tubo de aço que contem
em cortador de diversos gumes girando outros tubos no seu interior por onde
em movimento contínuo. passa agua de refrigeração e o tubo mais
central é destinado a passar o oxigênio
Fundi ção – é a área fabril que possuir
que será soprado no banho de gusa para
fornos de fusão de aço e/ou moldes onde
transformá-lo em aço. O bico desta lança
o aço vai ser vertido para adquirir uma
é fabricado em cobre eletrolítico 100%
forma de produto.

170
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

puro para que ocorra nele um bom resfria- M ate ria l – é tudo aquilo que tem exis-
mento. Esse bico é soldado nos tubos tência física e pode compor objetos.
de aço mencionados. A lança é testada a
M até ria - p rim a – material que é utili-
alta pressão e vazão e não pode ter vaza-
zado na entrada de um processo para ser
mento, antes de sua liberação para uso em
trabalhado e resultar num produto.
operação de sopro no convertedor.

M e io a m b ie n te – é a condição local de
L i g a – novo material produzido a partir
um determinado sistema no qual se insere
da união de um metal de base associado
um estudo.
a pelo menos um ou a um segundo ou
terceiro ou quarto ou quinto etc ou mais M e t a l – material que se caracteriza pela
tipos de materiais componentes. A liga presença da ligação metálica, condução
passa a ser um novo tipo de metal com elétrica e de calor, possui o brilho metálico
propriedades diferenciadas. característico e possui poucos elétrons na
última camada atômica.
L i g ação met álic a – é um tipo de
ligação química que ocorre nos metais. Ela M e t a log ra fia – é o estudo das proprie-
se caracteriza por compartilhar elétrons da dades e estrutura de metais e ligas com a
última camada que formam uma espécie aplicação do microscópio.
de nuvem eletrônica que é compartilhada
no material. M in e ra l – é material não orgânico, que
é natural e que é obtido por meio de
L i g ação qu ímica – é o processo de extração na terra.
união entre átomos formando moléculas.
M in é rio – é mineral ou rocha existente
Maçari co – é um dispositivo que envia em regiões da Terra, que podem ser
gás por um tubo, e o despeja sobre uma processados por meios mecânicos, físicos
chama produzida pela quima de um gás e químicos para a extração de uma ou
comburente, e que é usada para soldar ou mais substâncias que sejam úteis para a
fundir metais. sociedade.

Mag neti s mo - propriedade física dos M oin h os – são máquinas cuja finalidade
materiais (metálicos ou cerâmicos) que os é a moagem ou a comunuição em tama-
torna ferrognéticos nhos menores que aquele fornecido pelos
britadores. Os moinhos pode ser de bolas,
Mar tê mpera - é um tipo de tratamento
de barras etc.
térmico no qual se realiza uma têmpera
de aços normalmente em um banho de N iób io - elemento químico de número
sal derretido a uma temperatura e que é atômico 41, cujo símbolo é Nb. Ele é empre-
interrompida logo acima da temperatura gado em aços e ligas metálicas. Funde-se
de início da martensita. a 2400 graus centígrados e é utilizado na

171
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

fabricação de turbinas de aviões e motores tituído por elétrons e íons positivos livres,
de foguetes. de forma que a carga elétrica total é nula.

Ni tretaçã o - é um tratamento termo- Polí m e ros – materiais que não são metá-
químico realizado em fornos com atmos- licos e nem cerâmicos. Eles são derivados
feras ricas em nitrogênio e cuja finalidade de carbono, ou seja, contem carbono em
é enriquecer a superfície do aço em nitro- suas estruturas químicas de monômeros
gênio, formando nitretos que vão ajudar a que se repetem, formando moléculas de
fornecer a resistência mecânica na super- alto peso molecular.
fície.
Polu içã o – é a degradação das caracte-
Ond as eletromagn ét ic as - são rísticas físicas ou químicas do ecossistema,
pulsos energéticos capazes de se propagar por meio da remoção ou adição de subs-
no vácuo. tâncias denominadas poluentes.

Oxi g ê ni o – elemento químico abun- Pon to e u té t ico – e o local do diagrama


dante na crosta terrestre, indispensável à de uma liga metálica binária que apresenta
vida de animais e vegetais. Ele tem número o menor ponto de fusão.
atômico 8 e número de massa 16.
Proce ss o – conjunto de etapas que
Oxi d ação - reação de um elemento visam a transformação num material para
químico na qual pode ocorrer perda de agregar valor.
elétrons, ou formação de composto com
Prod u çã o – é aquilo que é produzido pela
oxigênio. É o processo inverso ao da
natureza, homem ou máquina. Também é
redução e aumenta o número de oxidação
a quantidade de produto fabricado.
devido à perda de elétrons.

Prod u çã o s e ria d a – é a fabricação


Panel a - recipiente quase sempre
de algum produto em escala de média ou
redondo, largo e de altura variável, dotado
grande quantidade.
de alças, orelhas ou cabos, e que é utili-
zado para processamento ou transporte Prod u t iv id a d e – É a relação entre o
de material em seu interior. que é produzido e o tempo gasto para
produzir, então, a quantidade fabricada
Perfi s Normais - Com seção mais
num período dividido pela quantidade de
elaborada, como cantoneiras, T, Z, U, etc.,
operários necessários para a fabricação
com altura da alma maior que 80 mm.
mencionada.
Pl acas - Seção retangular com espessura
Prop rie d a d e d e u m m ate ria l – são
entre 50 e 230mm e 610 a 1520mm de
as características comuns a determinado
largura.
tipo de material.
Pl as ma - gás altamente ionizado e cons-
Prop rie d a d e s m e câ n ica s d e um

172
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

materi al – são os comportamentos que grãos equiaxiais.


o material apresenta quando sujeito a
Re d u çã o – é o processo inverso da
cargas ou forças externas. Mede-se a capa-
oxidação e pode ocorrer com ganho de
cidade de transmitir forças sem se fraturar
elétrons, reação com hidrogênio ou com
ou se deformar de forma incontrolada.
perda de oxigênio.
Pro p r i edades qu ímicas dos m ate -
Re frat á rio – material cerâmico formado
r i ai s - comportamentos característicos de
por óxidos que vão resistir a altas tempera-
uma substância quando esta se encontra
turas. Podem-se fabricar com refratários:
na presença de uma outra substância.
tijolos refratários, cadinhos refratários
Quími ca - ciência que estuda a compo- para fusão de metal, barquinhas refratá-
sição, estrutura, propriedades da matéria rias para aquecimento de material no seu
bem como as mudanças sofridas por ela interior, massas refratárias para unir os
durante as reações químicas tijolos refratários e para selar regiões entre
os tijolos mencionados.
Reação - é uma transformação da
matéria na qual ocorrem mudanças quali- Re s istê n cia e lé t rica – é a capacidade
tativas na composição química de uma ou de um corpo qualquer se opor à passagem
mais substâncias reagentes que são trans- de corrente elétrica mesmo quando existe
formadas em produtos. uma diferença de potencial aplicada. Os
materiais de resistência se aquecem com a
Reação s ólida - é a transformação de
passagem da corrente.
uma fase em outra com estrutura crista-
lina diferente em estado sólido. Reve n im e n to – é o tratamento térmico
que se segue à tempera com a finalidade
Reato r - é um recipiente onde ocorrem
de realizar um alívio de tensões no mate-
reações químicas, transferências de massa
rial que passou por este processo.
e calor.
Se rv iço – é o desempenho de alguma
Recoz i men to – é um tratamento
atividade ou trabalho.
térmico no qual ocorre a transformação
dos grãos que constituem o aço de modo Sí lica - composto oxigenado (SiO2) do
que os grãos se tornam homogêneos e silício encontrado em minerais, areias e
maiores em tamanho. Este fato favorece a silicatos. Pode ser empregado na fabri-
deformação plástica do material que passa cação de vidro.
a ficar mais macio. Em relação às estruturas
Siste m a – conjunto de componentes
existentes anteriormente ao tratamento,
interagentes e interdependentes que
eles perdem as configurações anteriores
trabalham juntos para se alcançar um
obtidas por exemplo pela deformação, ou
objetivo comum.
de fundição ou laminação e passam a ter

173
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

S i stem a de in formaç ão – é um líquido ao estado sólido.


sistema voltado para coleta de dados,
Sop ro n o conve rte d or LD – é o jate-
armazenamento, recuperação, processa-
amento supersônico de oxigênio sobre a
mento de dados e geração de informação
superfície do banho metálico do aço com a
para tomada de decisão.
finalidade de fazer a conversão de gusa em
S i stem as in tegrados – são sistemas aço líquido. Nos primeiros cinco minutos
que juntam informações ou materiais de do sopro, ocorre a queima preferencial
diversas áreas que trabalham sequencial- (em termos termodinâmicos) do silício
mente de modo a alcançar um resultado presente e dissolvido no banho líquido.
ou um objetivo final. É importante que as Após esse período inicial, ocorre a queima
áreas estejam integradas para se alcançar preferencial do carbono do banho que vai
o resultado final confiável ou da melhor ter seu conteúdo baixado a níveis dese-
qualidade, quantidade e no melhor prazo. jados.

S ol da – é a região de união entre metais Su cat a - material metálico gerado pelo


que sofre solubilização, também é o descarte de instalações, equipamentos,
material de união entre metais principal- máquinas ou peças na indústria, nas orga-
mente envolvendo fusão metálica embora nizações e nos lares.
existam processos de brasagem ou união a
Ta ru g os - Seção quadrada ou circular,
quente sem fusão.
entre 50 e 125 mm de lado, (ou diâmetro).
S ol dabi l i dade - é a capacidade ou
Té cn ica - procedimentos ligados a uma
facilidade com que os metais podem ser
arte ou ciência.
soldados.

Te cn olog ia - estudo sistemático sobre


S ol ei ra - a parte de baixo ou inferior de
técnicas, processos, métodos, meios e
um forno metalúrgico.
instrumentos de um ou mais ofícios.
S ol dagem - processo de união de metais
Te cn ólog o – é um indivíduo versado
principalmente com a fusão das partes,
em tecnologia. É uma pessoa que estudou
a ser unidas ou a adição de solda que é
um curso superior de tecnologia. Também
usado na fabricação e recuperação de
é conhecido como tecnologista. Exemplo:
peças, equipamentos e estruturas.
tecnólogo em soldagem.
S ól i do – é um estado da matéria que
Tê m p e ra – tratamento térmico de aque-
tem consistência dura, compacta e maciça.
cimento para mudança de fase em aços
Pode ter estrutura cristalina ou amorfa,
que mudam sua estrutura para austenita
mas em geral não se deforma com facili-
e no resfriamento rápido não há tempo de
dade.
volta para a estrutura antiga e o material
S ol i di fi cação - passagem do estado se distorce e adquire propriedades de alta

1 74
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

resistência e dureza. Tip os d e re frat á rios – os materiais


refratários podem ser conformados ou
Tem peratu ra – é o grau de calor ou frio
não-conformados (ou monolíticos). A
de um ambiente ou corpo.
composição é conforme a aplicação ou

Tenaz - é o alicate para manipulação de finalidade, o meio e a temperatura na qual

amostras para colocá-las ou retirálas de será empregado. São exmplos de mate-

fornos riais cerâmicos: os silico-aluminosos, os


cerâmicos de zirconita etc.
Term ôm et ro – é um instrumento para
medir a temperatura do ambiente ou dos Tira s La m in a d a s a Qu e n te - largura

corpos. A medição é realizada quando se entre 610 a 2438 mm, espessuras entre

atinge o equilíbrio térmico com o sistema 1,19 a 12,7mm.

sujeito à medição.
Tira s La m in a d a s a F rio - larguras

Term opar – é dispositivo constituído por entre 400 e 1650 mm, espessura entre

dois fios metálicos diferentes, soldados nas 0,358 mm e 3mm.

extremidades que, quando submetidos a


Torn o – máquina-ferramenta que existe
temperaturas elevadas, estabelecem uma
nas oficinas mecânicas para fabricação de
força eletromotriz entre os metais que é
peças por rotação. Ela é provida de um
proporcional à temperatura permitindo
eixo horizontal rotativo: a peça presa roda
avalia-la.
e aproxima-se dela a ferramenta de corte

Ti jol os re f ratários – São peças com que irá lacando ou cortando pedaços que

formato de tijolos que vão ser utilizadas saem na forma de cavaco, fazendo com

para serem unidas por argamassa refra- que a peça alcance o formato final.

tária e vão formar o revestimento interno


Tra çã o – é força de puxar. Ela é apli-
de fornos metalúrgicos. Alguns exemplos
cada força aplicada sobre um corpo numa
de aplicação de tijolos refratários incluem:
direção perpendicular à sua superfície de
revestimento interno de fornos de trata-
corte.
mento térmico de aços sólidos, revesti-
mento interno de panelas de gusa líquido, Trat a m e n to té rm ico – é um conjunto
revestimento interno de carros torpedo, de operações de aquecimento e resfria-
revestimento interno de AFs, revestimento mento realizadas em materiais que podem
interno de convertedores LD, revestimento passar por transformação de fase crista-
interno de panelas de aço, revestimento lina do material e esses processos térmicos
interno de distribuidores de lingotamento permitem que ocorram as “reações sólidas”
contínuo, revestimento interno de fornos ou no estado sólido do material.
de reaquecimento de placas ou lingotes
Trat a m e n to s u p e rficia l d e m e t a i s
etc.
- Fosfatização, anodização, cromatização e

175
Te c n o l o g i a s i d e r ú r g i c a

silanos são tratamentos prévios à pintura


para melhorar a adesão da tinta ao metal.

Trefi l ari a – fabricação de arames, cabos


e fios metálicos.

Tung stê n io - elemento químico de


número atômico 74, cujo símbolo é W. É
empregado na fabricação de filamentos
de lâmpadas incandescentes, elétrodos,
partes de foguetes, partes de aviões a jato,
aços etc.

Us i na – é um local ou fábrica onde se


processa a transformação de matéria-
-prima em produtos.

Us i nagem – trabalho mecânico com


metais que podem incluir: torneamento,
fresagem, furação, esmerilhamento etc.

Vi s cos i d ade – é a medida da resistência


interna de um material fluído ou pastoso
ao seu movimento.

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