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RESUMO

A expansão das cidades obrigou a polícia a evoluir na forma de fazer o policiamento


ostensivo, uma vez que precisa manter a qualidade do serviço operacional e o
tempo de resposta a sociedade em situações de restauração da ordem pública.
Dessa forma, hoje, o patrulhamento motorizado em viatura quatro rodas se tornou a
modalidade de policiamento ostensivo mais utilizada pela Polícia Militar. O grande
tempo que a guarnição policial passa embarcado, durante o serviço operacional,
proporciona uma maior exposição do policial a agressões, até mesmo letais. Sendo
assim, existem situações em que o policial necessita reagir mesmo embarcado. O
Tiro Policial embarcado em viatura quatro rodas se torna uma pratica eventual dos
policiais na PMMT, mesmo sem que estes possuam treinamento especializado para
que façam o emprego do armamento com segurança e eficiência, durante um
confronto armado o qual seja necessário utilizar-se da técnica. Ainda foram
abordados temas subsidiários como o uso diferenciado da força, o emprego da arma
de fogo pelas instituições policiais e o patrulhamento motorizado. O problema do
despreparo dos policiais ao reagirem a situações embarcado em viatura quatro
rodas ou emprego indevido do armamento nessa situação acarretando em danos e
responsabilizações, gera hipóteses as quais visam resolver o problema. Dessa
forma empregou-se o método hipotético-dedutivo e ainda os métodos de
procedimentos exploratório de descritivo, a fim de elucidar o tema, o qual não é
discutido com frequência pelos doutrinadores. Foram ainda utilizados os métodos de
pesquisa bibliográfica, documental e a aplicação de questionários abertos aos
oficiais instrutores de tiro da PMMT e fechados aos Policiais do serviço Operacional
do 4º Batalhão de Polícia Militar, caracterizando a observação extensiva direta como
forma de coletar dados. A análise dos resultados leva a confirmação de uma das
hipóteses propostas e ainda duas hipóteses refutadas. O que deixa claro que os
policiais do 4º Batalhão de Polícia Militar utilizam-se eventualmente da técnica do tiro
Policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento, mesmo não possuindo
capacitação técnica para tal.

Palavras-chave:
Tiro Policial; Patrulhamento motorizado; Confronto armado; Capacitação técnica.
INTRODUÇÃO

Com a expansão das cidades e a popularização dos veículos a polícia


evolutivamente, teve de se adequar aos meios de fazer policiamento apostando na
modalidade do policiamento ostensivo motorizado, mais precisamente o
patrulhamento motorizado em viatura quatro rodas.
Em nossa corporação, PMMT, essa modalidade é a mais utilizada e
desenvolvida em todos os Batalhões de Polícia Militar que executam o policiamento
ordinário, ostensivo, atividade fim da Polícia Militar. Dessa forma o policial, de
serviço passa a maior parte do tempo de sua jornada dentro da viatura, em
patrulhamento, o que proporciona grandes chances de ter que responder a uma
ameaça letal mesmo embarcado.
Dessa forma o policial precisa estar preparado para agir, tomar
procedimentos nessas situações de forma, primordialmente, a defender sua própria
vida e integridade física, assim como promover segurança a terceiros efetivamente.
Assim, por se tornar importante a discussão deste assunto, esta pesquisa aborda o
tiro policial embarcado em viatura quatro rodas, buscando verificar sua utilização
pela tropa no serviço operacional, nesta oportunidade no 4º Batalhão de Polícia
Militar.
Os Policiais Militares do 4º BPM praticam o tiro embarcado em viatura quatro
rodas em movimento no serviço operacional e possuem capacitação técnica para
executa-lo? Este é o problema o qual norteia a pesquisa gerando três hipóteses as
quais precisarão ser refutadas ou confirmadas ao longo do trabalho.
A primeira hipótese seria que os Policiais Militares do 4º BPM praticam o tiro
embarcado em viatura quatro rodas em movimento no serviço operacional e
possuem capacitação técnica para executa-lo; A segunda que os Policiais Militares
do 4º BPM praticam o tiro embarcado em viatura quatro rodas em movimento no
serviço operacional, porém não possuem capacitação técnica para executa-lo; Por
fim a terceira hipótese, Os policiais militares do quarto batalhão não executam esta
técnica no serviço operacional.
Portanto, através da pesquisa exploratória e descritiva essa pesquisa visa
desenvolver a discussão da utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro
rodas em movimento no âmbito da PMMT elucidando-o de com ênfase nos temas
que a cercam, ainda com enfoque na capacitação técnica dos policiais para que
pratiquem esse tipo de disparo com efetividade e segurança.
Sendo assim, através da pesquisa bibliográfica, documental e da
observação extensiva direta, materializada na pesquisa de questionário aberto
realizado com instrutores de tiro da PMMT e questionários fechados aplicados aos
policiais militares do serviço operacional do 4º Batalhão de Polícia Militar buscou-se
alcançar os objetivos propostos pelo trabalho.
No primeiro capítulo buscou-se abordar o Uso Diferenciado da Força
Policial, o qual engloba o uso da força em seus vários níveis inclusive o letal, sendo
caracterizado pelo emprego da arma de fogo pelos policiais. Tema este abordado no
segundo capítulo que assim trata da utilização da arma de fogo pelas instituições
policiais, o tiro policial e seu emprego na atividade policial.
O terceiro capítulo, por conseguinte trata do patrulhamento motorizado em
viatura quatro rodas, sendo abordadas suas características e atividades críticas a
serem executadas durante o serviço operacional. Na sequencia o quarto capítulo
trata do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas propriamente dito abordando
as suas características, sua utilização por parte dos policiais e concepções da
instituição policial sobre o assunto.
O quinto capítulo visa caracterizar a metodologia aplicada a pesquisa,
enquanto o sexto capítulo traz a exposição e análise dos resultados obtidos através
das pesquisas realizadas, com o objetivo de confirmar ou refutar as hipóteses
elucidadas e dar margem a futuras pesquisas as quais poderão ser sugeridas.
1. USO DA FORÇA POLICIAL

O uso da força, ou “Enforcement” trata-se de uma característica fundamental


da polícia, enraizada em sua natureza, uma vez que é a instituição a qual por um
contrato social, é a única equipada para e autorizada a utilizar a força para intervir
em situações de modo a produzir obediência, quando seja necessário utiliza-la,
apropriadamente, nos termos e formas estipuladas pelo pacto social.
Desta maneira a sociedade, a qual autoriza o uso da força policial vê nessa
instituição “[...] uma resposta ao desafio de produzir enforcement sem que este leve
a tirania ou passe a servir interesses particulares.” 1. Podendo concluir portanto que
a sociedade concede o monopólio do uso da força a polícia e espera que essa o
faça sempre que for necessário.
Assim, podemos também conceituar força, como o meio utilizado pelo
policial para controlar eventos, os quais violam a ordem pública, a qual a polícia tem
como missão defender, ou mesmo os direitos do cidadão. Esta deve sempre estar
pautada nos limites legais, éticos e morais.
Segundo Corrêa, ainda podemos definir o uso da força por parte do agente
de segurança pública como: “[...] um ato discricionário, legal, legítimo e profissional
que pode e deve ser usada em seu cotidiano, sem receio das consequências
advindas desde que cumpra com os princípios éticos e legais.” 2
Portanto podemos observar o uso da força como um ato discricionário do
policial, tendo ele individualmente poder de agir, da maneira como julgar necessário
para atingir a solução policial, uma vez que a sociedade exige respostas imediatas
aos conflitos. Esse caráter imediato que dá dinamicidade ao serviço policial pode ser
percebido na definição de Bittner sobre a polícia, tratando-a como uma instituição
que precisa fazer algo imediatamente quando alguma coisa que não poderia
acontecer está acontecendo.3
Porém como a atuação policial está pautada em um contrato com a própria
sociedade que a institui, essas ações, posteriormente, estão fadadas a análise e

1
MUNIZ, Jaqueline de Oliveira; JÚNIOR, Domício Proença. Mandato policial. Crime, Polícia e
Justiça no Brasil, São Paulo: Editora Contexto, 2014.
2
CORRÊA, Marcelo Vladimir. Uso Diferenciado da Força. Disponível em:
<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/saibamais1.pdf> Acesso em:
25 ago. 2014.
3
BITTNER, Egon. Aspectos do Trabalho Policial. Traduzido por Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. p. 236.
apreciação política, social e judicial. Sendo assim, fica evidente a importância da
observação, por parte do agente policial, as normas e diretrizes que delimitam suas
ações na execução do mandato policial.
O uso da força policial, portanto, trata-se de um tema complexo o qual
envolve sob a visão de uma sociedade fundada em um Estado Democrático de
Direito a garantia do o exercício dos Direitos sociais a todos os cidadãos e o
cerceamento deles quando em prol do coletivo. Não pode o Estado, portanto, vir a
cometer abusos que extrapolem os limites que instituem o poder de polícia da
administração do Estado e muito menos violar direitos fundamentais como o Direito
a vida, sem que a própria sociedade lhe de causa.

1.1. FUNDAMENTOS DO USO DA FORÇA POLICIAL

Como visto as ações policiais, as quais envolvem o uso da força, devem


expressar reações a ações praticadas por componentes da sociedade ou mesmo
devem agir de modo a produzir obediência a preceitos e normas. Sendo assim
podemos perceber que existe uma gama infinita de ocorrências policiais as quais
necessitam do uso da força policial, porém devendo sempre pautar essas ações em
alguns princípios essenciais, segundo Lima:

1) Legalidade – Os agentes da lei somente recorrerão ao uso da


força quando todos os outros meios para atingir um objetivo
legítimo tenham falhado e o uso da força pode ser justificado
quando comparado com o objetivo legítimo.
2) Necessidade – Os agentes da lei no exercício de sua
atividade só empregarão o uso da força dentro das
necessidades de momento e do fato gerador da ação policial.
3) Proporcionalidade – Os policiais devem ser moderados no
uso da força e armas de fogo e devem agir em proporção à
gravidade do delito cometido e ao objetivo legítimo a ser
alcançado. Somente será aceito aos agentes da lei
empregarem a quantidade de força necessária para alcançar
um objetivo legítimo.4

A SENASP, em seu material disponibilizado para o curso de Uso


Diferenciado da força ainda cita mais dois princípios, o da moderação, o qual se
expressa por se utilizar força moderada evitando resultados indesejados e o da
conveniência traduzido no uso da força adequada ao efeito que se quer produzir.

4
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p. 21-22.
Podemos, portanto, perceber que o Accountability policial, “[...] produto que
permite converter e materializar responsabilidades em responsabilização.” 5, no que
se refere ao uso da força, perpassa pela análise desses princípios devendo o policial
verificar se os atende ao utilizar a força em seu mandato policial.

1.1.1. Elementos do uso da força policial

Lima se refere também a alguns elementos, os quais compõem o uso da


força, sendo eles as armas, as táticas de defesa pessoal, as restrições, o movimento
e a voz. No que diz respeito as armas envolve todos os tipos: bastões, armas de
energia conduzida, espargidor de gás pimenta até armas de fogo, entendendo
também que cada tipo representa um nível de força maior ou menor.
As táticas de defesa são as técnicas de controle de contato, imobilização,
asfixia as quais são treinadas não necessitando de um objeto específico para
executá-las. Quanto as restrições podemos classifica-las como atitudes as quais
expressão o poder de polícia da administração pública, restringindo direitos do
cidadão como a liberdade e o direito de ir e vir, podendo ser representado, por
exemplo, pelo uso de algemas e as abordagens e revistas pessoais.
Outro aspecto é o movimento, Lima o materializa nos acompanhamentos e
encalços, feitos em situações de fuga. Por último, a voz que pode ser expressa em
vários tons indicando ações e ordens mais brandas ou mais incisivas, de acordo
com o nível de cooperação do cidadão. 6
Dessa maneira é perceptível que o uso da força policial não é restrito ao uso
da arma de fogo, podendo assumir várias formas caracterizadas em tipos de uso da
força, sendo eles de controle social, como a ação presença da polícia; Controle
verbal; Técnicas não letais; Mobilização; Dispositivos Eletro incapacitantes; Agentes
químicos e a arma de fogo.

5
MUNIZ, Jaqueline de Oliveira; JÚNIOR, Domício Proença. Da Accountability Seletiva à Plena
Responsabilidade Policial. Polícia, Estado e Sociedade: Práticas e Saberes Latino-Americanos. Rio
de Janeiro: Viva Rio, 2007. p. 28. Disponível em:
<http://www.comunidadesegura.org/files/policiaestadosociedadepraticasesabereslatinoamericanos.pdf
>. Acessado em: 25 ago. 2014.
6
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007.
1.1.2. Níveis de força policial

Caracterizamos então o uso da força policial como uma reação a ação


delituosa, desobediente ou agressiva de um indivíduo de maneira a agir,
imediatamente, no intuito de cessar tal ação ou fazer obedecer. Assim, é notório que
a força pode ser utilizada em níveis diferentes, correspondendo a ação do agressor,
uma vez que as reações da polícia necessariamente devem estar pautadas no
princípio da proporcionalidade.
Portanto, o policial deve analisar o nível de força a ser empregado levando
em conta alguns fatores, como: a situação, a habilidade do infrator, a oportunidade
que o individuo tem de cometer a ação, a relação numérica, periculosidade do
infrator ou do instrumento que porta, assim como a necessidade e conveniência de
se utilizar esse nível de força em uma situação.
Dessa forma podemos perceber que para cada tipo de uso da força
corresponde a um nível de maior ou menor intensidade de força. Ainda sim podemos
acrescentar que essa intensidade deve ser compatível com a intensidade da
agressão sofrida. Por isso desenvolveram-se métodos de padronizar as ações
policiais, mediante doutrinas, de acordo com o tipo de situação enfrentada.

1.2. USO DIFERENCIADO DA FORÇA

A doutrina hoje empregada na maioria das instituições de policiais,


estabelecidas em um Estado Democrático de Direito é o uso Diferenciado da força, o
qual defende que cada ação do agressor deve corresponder a uma reação policial
de mesmo nível de força, devendo o policial estar munido de vários tipos de
equipamentos, armamentos, técnicas e conhecimentos que o possibilite aplicar o
nível necessário de força.
Corrêa, em sua obra disponibilizada no curso de Uso Diferenciado da Força,
pelo sistema EAD da Secretária Nacional de Segurança Pública Conceitua Uso
Diferenciado da Força:

Entende-se por uso diferenciado de força, o resultado escalonado


das possibilidades da ação agente de segurança pública, diante de uma
potencial ameaça a ser controlada. Essas variações de níveis podem ser
entendidas desde a simples presença e postura correta do agente de
segurança pública em uma intervenção, bem como o emprego de recurso
de menor potencial ofensivo e, em casos extremos, o disparo de armas de
fogo. 7

Diante deste cenário a evolução das doutrinas em que se baseiam as ações


dos agentes policiais se tornaram necessárias de maneira a primar pela observância
e atendimento às necessidades sociais. Dessa forma, hoje, as instituições policiais
preparam seus homens para agir de acordo com o uso diferenciado da força,
doutrina em que o policial, agente do Estado habilitado e autorizado pela sociedade
a utilizar a força visando garantir a ordem e a preservação de direitos do cidadão,
deve reagir utilizando os mais variados níveis que força em resposta as ações do
cidadão infrator avaliando constantemente a legalidade, necessidade e
proporcionalidade de seus atos.
Temos, portanto, que o nível de uso da força policial aplicada corresponde
ao nível de cooperação ou resistência do cidadão. Nesse sentido, de maneira a
facilitar a compreensão do policial sobre o uso diferenciado da força, em várias
instituições policiais do mundo, criaram-se modelos os quais relacionam reações do
cidadão e ações policiais.
No Brasil utilizamos o modelo desenvolvido pela SENASP, porém existem
vários outros modelos nas diversas instituições policiais do mundo, como exemplo
podemos citar: O modelo FLETC, Aplicado no Centro de treinamento da Polícia
Federal de Glynco, Georgia, Estados Unidos da América (EUA); O modelo Giliespie,
Apresentado no livro Police – Use of Force – A line Officer’s Guide, 1998; O modelo
Remsberg, apresentado no livro The Tatical Edge – Surviving High – Risk Patrol,
1999; O modelo Canadense, utilizado pela Polícia Canadense; O modelo Nashville,
Utilizado pela Polícia Metropolitana de Neshville, EUA; E o modelo Phoenix,
Utilizado pelo departamento de Polícia de Phoenix, EUA.8

7
CORRÊA, Marcelo Vladimir. Uso Diferenciado da Força. Disponível em:
<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/saibamais1.pdf> Acesso em:
25 ago. 2014.
8
SENASP. Uso Diferenciado da Força: Modulo II - Modelos de Uso Diferenciado da força. Disponível
em: <http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/modulo2.pdf> Acessado
em: 25 ago. 2014.
Figura 1: Modelo Do Uso Diferenciado Da Força SENASP.

Fonte: Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT, 2009.

Figura 2: Modelo FLETC de Uso Diferenciado da Força

Fonte: Curso de Uso Diferenciado da Força, SENASP, 2010.

Figura 3: Modelo Giliespie de Uso Diferenciado da Força.

Fonte: Curso de Uso Diferenciado da Força, SENASP, 2010.


Figura 4: Modelo Remsberg de Uso Diferenciado da Força.

Fonte: Curso de Uso Diferenciado da Força, SENASP, 2010.

Figura 5: Modelo Canadense de Uso Diferenciado da Força.

Fonte: Curso de Uso Diferenciado da Força, SENASP, 2010.

Figura 6: Modelo Nashville de Uso Diferenciado da Força.

Fonte: Curso de Uso Diferenciado da Força, SENASP, 2010.


Figura 7: Modelo Phoenix de Uso Diferenciado da Força.

Fonte: Curso de Uso Diferenciado da Força, SENASP, 2010.

A ação policial reflete os termos do pacto social feito por determinada polity,
podendo dizer então que a polícia trabalha de acordo com regras estabelecidas pela
sociedade, permitindo ou não que utilize da força devidas situações, assim como fica
evidente nos modelos de uso progressivo da força, os quais variam as atuações
policiais em resposta a mesmos eventos ou ações agressivas, uma vez que
comportamentos aceitáveis em determinada sociedade não correspondem a
praticados em outras.
Podemos dizer, portanto, que os fatores sociais como cultura, ordenamento
jurídico e costumes influenciam diretamente nas regras do pacto social que permite
que a polícia monopolize o uso da força, traçando maneiras de atuar diferenciadas
em cada sociedade. Assim como explicita Muniz e Júnior em sua obra:

Uma polícia pode estar autorizada ou não a usar determinados


armamentos ou táticas em função das exigências colocadas por suas regras
de atuação. Vê-se, assim, como uso de força que a polícia faz e pode fazer
depende do que se espera e consente que ela seja e faça. Reflete as
representações, expectativas e contextos sociais específicos de uma dada
polity. A polícia atua, portanto, sob regras de atuação, estabelecidas para
assegurar que os meios não atentem contra os fins, espelhando o pacto
social de uma comunidade política sob o Império da Lei. 9

Podemos classificar o uso diferenciado da força, portando, como uma


maneira de adequar o uso da força, em seus níveis, a cada situação em que o
9
MUNIZ, Jaqueline de Oliveira; JÚNIOR, Domício Proença. Mandato policial. Crime, Polícia e
Justiça no Brasil, São Paulo: Editora Contexto, 2014. p. 6.
policial se encontra e aos preceitos morais e éticos da sociedade em que exerce o
mandato policial. Sendo também uma forma de dar legitimidade e aceitação social a
ação da ploícia.

1.3. TIPOS DE USO DA FORÇA

Podemos caracterizar os tipos de força como a natureza do emprego da


força ou mesmo pelos objetos os quais são utilizados para que se faça o uso da
força. Desta forma podemos dividir, de maneira escalonada, em seis: A ação
presença da polícia; Os comandos verbais; O controle de contato; O controle físico;
As técnicas não letais; E o emprego da força letal, traduzido no uso da arma de fogo.
Somente a ação presença do policial de maneira ostensiva, uniformizado e
equipado já se traduz em uso da força uma vez que essa atitude inibe a ação de
infratores os quais cogitariam cometer algum delito se não fosse pela presença
policial.
Os comandos verbais são utilizados em situações onde o agressor se
apresenta cooperativo, obediente, podendo também ser utilizada como forma de
aviso, para que se mantenha neste estado, instrumento inibidor de atitudes
suspeitas aumentando-se ou diminuindo-se tom e intensidade ou mesmo
instrumento de negociação para solução da ocorrência policial.
O controle de contato está pautado no fazer obedecer, uma vez que é
compatível com uma situação de resistência passiva do cidadão, ou seja, no não
acatamento de ordens, sem esboçar reação agressiva. O controle físico pode ser
traduzido em técnicas de imobilização ou controle, sem o uso de objetos ou armas,
para conter uma reação ativa por parte do suspeito, além de não acatar ordens não
permite o controle de contato com empurrões ou esquivas.
As técnicas não letais já são caracterizadas por uma gama de tecnologias as
quais visem contrapor agressões não letais por parte do suspeito, como: agentes
químicos, armas de energia conduzida e o uso da tonfa. O uso da força letal
traduz-se na utilização da arma de fogo quando o suspeito esboça ameaça deste
nível, letal.
1.4. USO DA FORÇA LETAL

É possível identificarmos, dessa maneira, a utilização da força letal como o


nível extremo de utilização da força. Portanto, se justifica a utilização desse nível de
força somente em situações de extrema necessidade, em legítima defesa do policial
ou de terceiros contra uma ameaça iminente de morte ou de ferimentos graves;
impedir a ocorrência de um crime particularmente grave que coloque em sério risco
vidas humanas e para capturar ou impedir a fuga de uma pessoa que constitua uma
ameaça semelhante e que resista aos esforços para afastar tal ameaça 10
Assim como o uso de qualquer outro nível de força sempre o uso da força letal
deve se basear em princípios legais e éticos, porém mais que qualquer outro nível a
utilização da arma de fogo como solução policial possui um impacto social muito
grande devendo o policial aumentar ainda mais a cautela e analisar a
proporcionalidade de suas ações, assim como diz Lima:

Quando a violência está expressa em um encontro mortal entre


um policial contra um civil, os efeitos na sociedade podem ser significantes,
pois seus efeitos são múltiplos e vistos a óticas diversas como:
- morte de um civil pelo aparelho do Estado;
- violência e resistência do crime contra o Estado;
- o medo da violência do policial contra a sociedade
Portanto o emprego da força mortal contra um civil pode provocar
múltiplas sensações na sociedade, seja de segurança, seja de medo11.

O policial, desta maneira, deve estar preparado para fazer uso da arma de
fogo, ou seja, da força letal somente quando estritamente necessário, para que não
se transforme o uso técnico do maior nível de força em uma expressão de maior
nível de violência contra o cidadão.

10
ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS. Direitos Humanos e Aplicação da Lei: Manual de
Formação em Direitos Humanos para as Forcas Policiais. Genebra: Alto Comissariado das
Nações Unidas para Direitos Humanos, 1997. p.118. Disponível em:
<http://www.gddc.pt/direitos-humanos/Manual1.pdf>. Acessado em 25 ago. 2014.
11
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p. 17.
2. UTILIZAÇÃO DA ARMA DE FOGO PELAS INSTITUIÇÕES POLICIAIS

O ser humano desde tempos remotos de sua história diferencia-se pela sua
capacidade de criativa e racional, o que levou-o, segundo relatos históricos, a
aproximadamente 2,5 milhões de anos, desenvolver instrumentos que, na época, o
permitiram adaptar materiais como cascas de árvore e couro e alargar sua produção
de comida, de modo a garantir sua sobrevivência baseada em necessidades
biológicas e também na segurança.
A evolução humana, o aumento de suas necessidades, o desenvolvimento
das sociedades e do conhecimento, levou-nos a criar e desenvolver cada vez mais
instrumentos os quais nos ajudariam em tarefas comuns como construir, lavrar e
caçar, ou em uma visão maior dominar, explorar e conquistar.
A necessidade de segurança levou-nos também a utilizarmos instrumentos
para proteção externa, no que diz respeito a outros povos, e interna, com relação a
preservação de normas e valores sociais. Desencadeando também o avanço de
tecnologias voltadas a essa área traduzindo esses avanços em poder.
Perpassando pelos vários períodos históricos as armas e sua utilização,
desde as mais primitivas até as armas de fogo, têm grande participação no
desenvolvimento das sociedades humanas, decidindo momentos importantes da
história mundial desenvolvendo, assim, uma visão associativa entre poder e armas.
O profissional de Segurança Pública, assim como quaisquer outros
profissionais, possuem seus instrumentos de trabalho. Porém, diferentemente de
outras profissões o principal desses instrumentos é a arma de fogo. Como
profissionais os policiais devem ser aptos a utilizar esse instrumento da melhor
maneira possível, para sua atividade fim, uma vez que sua utilização pode gerar
vários tipos de repercussões principalmente no que diz respeito a percepção social,
responsabilidades jurídicas e a vida do policial, como muito bem explica Giraldi:

Face ao meio violento em que atua, o Policial Brasileiro tem que


usar arma de fogo para servir e proteger a sociedade e a si próprio. E, arma
de fogo não é enfeite, é ferramenta de trabalho para ser usada, dentro da
Lei, todas as vezes que isso for necessário. Só que, às vezes, ao invés de
auxiliar, atrapalha. Assim, pode-se dizer que: As maiores crises de uma
polícia ocorrem quando as suas armas destinadas a servir e proteger a
sociedade se voltam contra a própria sociedade. A maior desmoralização do
Estado ocorre quando as armas dos seus agentes destinadas a servir e
proteger a sociedade se voltam contra a sociedade. O maior desrespeito
que se comete contra os Direitos Humanos ocorre quando a arma do policial
ao invés de servir e proteger a sociedade se volta contra a sociedade. A
maior causa da morte de policiais em serviço ocorre quando não sabe usar
a sua arma de forma correta para se proteger. A maior causa a perda da
liberdade do policial, em serviço, ocorre quando não sabe usar sua arma de
forma correta acabando por provocar vítimas inocentes, ou atingindo
pessoas contra as quais não há necessidade de disparos.
Portanto, um só fato, que é o uso da arma de fogo de forma
errada, por parte do policial, provocando cinco tragédias distintas: “Crises na
polícia”, “desmoralização do Estado”, “desrespeito aos Direitos Humanos”,
“morte do policial” e “perda da liberdade do policial”.12

Podemos notar que a muito a ser considerado, portanto, quanto a utilização


da arma de fogo por policiais uma vez que são agentes do governo com a missão de
aplicar a lei e garantir direitos do cidadão.

2.1. ARMAS DE FOGO

Estudos demonstram que provavelmente na China antiga desenvolveu-se a


pólvora, substância que tempos depois subsidiou o surgimento das primeiras armas
de fogo, na china e depois aperfeiçoados pelos árabes. Tal instrumento revolucionou
a história militar e as concepções de combate.
Com a popularização das armas de fogo sua utilização se expandiu do
confronto armado para a proteção pessoal, porém, em meio a população civil,
utilizado por criminosos, este instrumento, símbolo de poder, começou a ser utilizado
para cometimento de crimes e ainda reações contra as entidades estatais as quais
tinham dever de intervir

2.1.1. Evolução das armas de fogo

No decorrer da história, desde o surgimento da pólvora negra até a criação


das mais modernas armas de fogo da atualidade este instrumento passou por vários
aprimoramentos e ajustes, até se transformar no que é hoje.
Num aspecto cronológico podemos citar o surgimento da pólvora,
provavelmente antes do ano 1000 d.C., utilizada por chineses e bizantinos, para
produção de fogos de artifício e em campo de batalha como distração para inimigos,

12
GIRALDI, Nilson. “Tiro defensivo na preservação da vida”, “Método Giraldi”, e sua “Doutrina
para a atuação armada da polícia e do policial com a finalidade de servir e proteger a
sociedade e a si próprio”. São Paulo: PMESP, 2002. p. 2.
composta primeiramente por elementos simples e de fácil acesso na natureza: pó de
carvão de madeira, enxofre e salitre.13
A partir de 1300 surgem as primeiras armas de fogo, após a percepção da
capacidade da pólvora produzir energia suficiente para arremessar um projétil,
sendo as primeiras armas de fogo produzidas por europeus e chamadas bombardas,
cinquenta anos mais tarde o surgimento das primeiras armas portáteis ou canhões
de mão, os quais utilizavam o mesmo princípio dos primeiros canhões; um cano
metálico fundido com um dos lados fechados onde eram inseridos o projétil e
pólvora, porém com dimensões menores e adaptadas para o uso individual .
Até então era muito trabalhoso utilizar tal arma, uma vez que
necessitava-se de dois homens para que o disparo fosse efetuado, uma para
manejar e fazer a mira e outro para iniciar a reação ascendendo a pólvora. Por isso,
mecanismos visando tornar este instrumento mais prático e útil se desenvolveram.
Primeiramente, aproximadamente cem anos após a aparição dessas primeiras
armas, em 1411, desenvolve-se um mecanismo chamado mecha; Uma corda
comprida fervida em salitre ou acetato de chumbo que queimava lentamente,
sempre deixando um ponto de brasa, o qual fazia contato com a carga de ignição
disparando o projétil.
Ainda pela dificuldade e necessidade de manter fogo por perto para que
conseguissem efetuar disparos, outro mecanismo surge. A produção de fagulhas por
atrito foi o próximo passo na evolução histórica das armas de fogo, um sistema mais
conhecido como de pederneira. Esse sistema acelerou muito o carregamento, as
pederneiras de roda utilizam-se de uma pedra de pirita que em um choque com
metal áspero, como um isqueiro, produzia faísca para acender o propelente. Mais a
frente ainda o sistema de pederneira de sílex, mecanismo no qual a se acionar o
gatilho uma lasca de sílex, na ponta de um mecanismo parecido com um cão das
armas mais modernas, caia chocando-se com uma placa de aço, gerando faísca.
Esse tipo de tecnologia permaneceu até os anos 1800, até o surgimento dos
cartuchos (reunião de propelente e projétil em um mesmo compartimento) e o
sistema de percussão, primeiramente extrínseca; quando a cápsula contendo a
carga detonante, também chamada de carga de ignição ou fulminante é uma peça
isolada que se adapta a um pequeno tubo saliente ligado à câmara de combustão

MACHADO, Maurício Corrêa Pimentel. Coleção Armamento: Armas Munições e equipamentos


13

policiais. Cascavel: Gráfica Tuícial, 2010. p. 14.


através de um canal chamado ouvido ou chaminé, sendo que a deflagração dá-se
no momento em que o percutor se choca contra esta cápsula, detonando-a,
forçando os gases incandescentes para a câmara de combustão; e intrinseca, assim
como as armas e munições atuais nas quais a cápsula detonante ou espoleta é
parte integrante do cartucho que contém o propelente e o projétil.

2.1.2. Classificação das armas de fogo

As armas de fogo podem ser classificadas diante de vários enfoques.


Quanto ao tipo podem ser de porte; quando por possuírem dimensões reduzidas
podem ser conduzidas em coldres, assim como pistolas e revolveres; Portáteis;
quando mesmo que possuindo dimensões maiores podem ser conduzidas por
apenas um homem, normalmente dotadas de bandoleira; e não portáteis; quando
por tamanhas dimensões só podem ser conduzidas por mais de um homem, viaturas
ou por outras forças de tração.
Quanto ao emprego podem ser divididas em individual, quando é utilizada
para a defesa do que a conduz, ou coletivas quando visa beneficiar ou atender a
interesses de um grupo, fração, tropa. Mais especificamente ainda podemos
classifica-las quanto a alma do cano, sendo ela lisa; sem sulcos ou estrias que
proporcionam ao projétil maior estabilidade, assim como as espingardas GA 12; ou
raiadas, quando possuem estrias proporcionando ao projétil uma rotatividade que
proporciona maior estabilidade na trajetória do projétil.
Ainda quanto ao sistema de carregamento podem ser de ante carga, quando
efetua-se o carregamento da arma pela boca do cano, ou de retro carga, quando o
carregamento se é feito pela culatra, parte posterior da arma. Quanto a refrigeração:
A ar, a água ou ar e água. Quanto a alimentação se manual ou com a utilização de
carregador.
Quanto ao funcionamento podemos classificar como: De tiro unitário,
quando é necessário que o atirador execute todo o procedimento, manualmente,
para que seja possível o disparo ou um novo disparo, a ejeção, municiamento,
alimentação, carregamento e a efetuação de um novo disparo, podendo conter mais
de um mecanismo de disparo; De repetição segundo Machado:
2) De repetição: são aquelas em que o carregamento se faz
mecanicamente, ou seja, a arma comporta vários cartuchos, sendo
necessário recarregá-la apenas após ter disparado toda a sua carga. Seu
princípio motor é a força muscular do atirador, decorrendo daí a
necessidade de repetir a ação para cada disparo. Nestas armas, há apenas
um mecanismo de disparo para todos os tiros. 14

Nesse sentido temos alguns sistemas que se encaixam nesse perfil, o de


alavanca como os das espingardas puma, o sistema “Pump” como as espingardas
GA 12, o de ferrolho, como alguns fuzis de precisão e o de tambor reversível como o
do revolver.
Atualmente a maioria das armas modernas se classifica, nessa categoria
como semiautomáticas e automáticas. As semiautomáticas são aquelas que se
utilizam da força gerada pela expansão dos gases com a deflagração do cartucho
para executar todas as operações de funcionamento, a não ser um novo disparo,
sendo preciso incidir na tecla do gatilho novamente para que ele ocorra. Já as
automáticas são aquelas que se utilizam da mesma força para executar todas as
operações de funcionamento incluindo um novo disparo, assim como exemplo as
submetralhadoras.

2.2. TIRO POLICIAL

Dessa maneira, a polícia, instituição que deve preservar a ordem pública, a


paz social e os direitos do cidadão, utiliza-se da arma de fogo de modo a equiparar
forças com os criminosos se tornando um instrumento de utilização profissional
podendo ser classificada como “Instrumento policial de emprego extremo, devendo
ser usado apenas para a proteção da vida.” 15
Trata-se de um tiro complexo uma vez que não envolve apenas fatores
técnicos, mas também uma série de aspectos sociais e legais, uma vez que se trata
de um ato de um representante do Estado para com o cidadão. Dessa forma deve
obedecer uma série de regras regidas pelo ordenamento jurídico, pelas doutrinas
adotadas pela instituição policial e pelos costumes e percepções culturais de
determinada sociedade em relação ao uso da força policial.

14
MACHADO, Maurício Corrêa Pimentel. Coleção Armamento: Armas Munições e equipamentos
policiais. Cascavel: Gráfica Tuícial, 2010. p. 26.
15
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p. 25.
Nesse contexto o Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT
traz mais um instrumento com a finalidade de regular o tiro policial, estabelecendo
parâmetros a serem considerados para que se faça o uso da força letal, além dos
princípios legais e éticos. O triangulo do tiro baseia o tiro policial em três aspect;os:
Habilidade, Oportunidade e Risco.

Figura 8: Triangulo da Força Letal

Fonte: Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT, 2009.

Esses princípios, segundo a SENASP devem ser observados da ótica do


suspeito. Habilidade que o suspeito possui capacidade física capaz de causar morte
ou lesão grave, como: arma de fogo, conhecimento de artes marciais ou força;
Oportunidade se traduz na impossibilidade do suspeito de realizar o disparo de arma
de fogo, mesmo tendo habilidade, devido à falta de alcance da agressão; e o perigo
significa o desejo do suspeito de provocar a lesão tendo habilidade e oportunidade.

2.3. FUNDAMENTOS DO TIRO

Doutrinariamente são considerados fundamentos do tiro a empunhadura, a


posição de tiro, a visada, o acionamento da tecla do gatilho e a respiração. A
observância desses fundamentos e o treinamento correto deles proporciona ao
policial maior chance de um disparo efetivo.

2.3.1. Empunhadura
Empunhadura se define como a pegada da arma e ocorre desde antes de a
arma ser retirada do coldre. A correta empunhadura permitirá ao Policial estar
sempre em condições de atirar, portanto mais seguro. Porém deve-se observar o
conforto e adaptação do policial de maneira que garanta a efetividade de seu tiro.
Nas armas de porte, ou seja, pistolas e revolveres, utilizadas na atividade policial, a
empunhadura é feita, basicamente pelo dedo polegar e médio, os quais darão
sustentação a arma, sendo que os dedos anelar e mínimo se dispõem na coronha e
o indicador sobre o guarda mato.
A mão fraca além de dar apoio ao se sobrepor a mão forte, também funciona
como uma forma de realizar forças contrarias visando sempre a maior estabilidade
da arma de fogo. Esse fundamento representa grande influencia sobre um disparo
efetivo e preciso, uma vez que esta diretamente ligada a estabilidade do armamento,
pois sua não observância pode causar pequenos tremores ou o deslocamento do
cano para cima ou para baixo.

Figura 9: Empunhadura de pistola

2.3.2. Visada

Visada é o alinhamento olho do atirador, aparelho de pontaria e alvo. Sendo


importante que se torne natural o correto enquadramento de alça e massa de mira
assim como da visada como um todo, pois isso garantirá a execução do tiro efetivo
rapidamente. Basicamente esse fundamento diz respeito ao alinhamento da alça e
massa de mira, de maneira que se completem visualmente, e o posicionamento da
arma de fogo em direção ao alvo.
Figura 10: Visada correta

2.3.3. Acionamento da tecla do gatilho

O Acionamento do gatilho deve ser continuo e não deve mudar a imobilidade


e enquadramento do alvo. Para Fernandes:

O atirador, quando aciona o gatilho deve fazê-lo de maneira


progressiva, de forma que o atirador seja surpreendido pelo disparo. Isso
porque se o atirador premedita o disparo, provavelmente poderá ocorrer o
fenômeno da gatilhada, fenômeno que ocorre quando o atirador força o
gatilho durante seu acionamento ocasionando um desvio do alvo. 16

Portanto, podemos dizer que o policial no momento do disparo deve ter total
controle sobre a tecla do gatilho, para que isso aconteça o policial necessita passar
por treinamentos em que sejam necessários o acionamento gradativo da tecla do
gatilho sempre prezando pela estabilidade da arma de fogo, não deixando que a
força exercida no gatilho influencie no direcionamento do cano da arma, voltado para
o alvo.
Ainda temos um outro ponto neste fundamento, o posicionamento do dedo
indicador, a tecla do gatilho deve ser acionada com o encontro entre a falange distal
e a falange e medial, utilizando a maior porção da falange distal sem ultrapassar a

16
FERNANDES, Igor Pires. Atividade psicomotora na atividade policial. Várzea Grande:
Academia de Polícia Militar Costa Verde, 2012.
medial. Ainda sendo importante considerar que o movimento de acionamento
sempre será a retaguarda e não as diagonais.

Figura 11: Posicionamento correto do dedo indicador ao acionar a tecla do gatilho

2.3.4. Respiração

A respiração deve ser totalmente controlada pelo atirador uma vez que pode
dificultar o enquadramento do alvo desencadeando desvios. Dessa forma é
aconselhado que o atirador esteja com a respiração trancada no momento de
realização do disparo, uma vez que se torna praticamente impossível se realizar um
disparo preciso executando uma respiração normal. Isso se deve ao movimento de
expansão e relaxamento do tórax que interfere no posicionamento estático do
atirador no momento do disparo.
É claro que no momento de um confronto armado o atirador não pode estar
preocupado com pensar em trancar a respiração antes de efetuar o disparo, assim
como todos os outros fundamentos este deve ser um procedimento natural
decorrente de treinamentos, de maneira que se transformem em reflexos do atirador.

2.3.5. Posição de tiro

A posição de tiro dependerá da situação em que o policial se encontra


devendo ele avaliar qual utilizar primando pela sua segurança, pela efetividade do
tiro e a mobilidade que o terreno o permite ter. Basicamente os treinamentos de tiro
policial nas são pautados em algumas posições básicas de tiro: Em pé, ajoelhado ou
posição torre, agachado e deitado, os quais são utilizados nos treinamentos de tiro
estático como também nas pistas policiais. Esse fundamento influi muito na
qualidade do tiro uma vez que para se alcançar estabilidade para efetuar o disparo
estar em uma posição confortável e natural e que proporcione ao operador equilíbrio
é fundamental.
A posição em pé pode variar sendo que podem ser utilizadas pelo atirador,
de acordo com sua concepção pessoal de estar confortável para executar o disparo,
do policial. São basicamente quatro: Posição isósceles, isósceles modificada, Wiver
e Wiver modificada.

Figura 12: Posição isósceles e isósceles modificada.

Figura 13: Posição Wiver e Wiver modificada.


A posição ajoelhada, ou também conhecida como posição torre, proporciona
uma grande estabilidade para o policial além de ser uma posição onde este
consegue reduzir sua silhueta como forma de segurança no confronto armado,
utilizada também em situações de pane no armamento e recargas onde o policial
necessita de cobertura. Ainda a tomada desta posição tem algumas peculiaridades
que a diferenciam do tiro de combate, das forças armadas, na posição torre. Essa
nas forças armadas é tomada com o operador sentando-se sobre seu calcanhar,
porém a polícia adota o modelo em que apenas a ponta do pé da perna ajoelhada
toca ao solo, com a finalidade de proporcionar mobilidade e rapidez caso precise
avançar no deslocamento.

Figura 14: Posição Ajoelhado (Torre)

A posição agachada, além de proporcionar a diminuição da silhueta do


policial, também é utilizada em fatiamentos em caso de janelas altas, ou mesmo em
muros baixos, porém não oferece muito conforto ao policial e, além disso, muitos
dos policiais sentem dificuldade em alcançar equilíbrio nessa posição.

Figura 15: Posição Agachado


A posição deitada possibilita uma grande precisão no disparo e reduz muito
a silhueta do policial, porém não proporciona uma boa mobilidade, esta é muito
empregada em situações que envolvem janelas baixas ou pequenos abrigos. Nessa
posição devem ser observados alguns detalhes como as laterais dos pés coladas ao
solo permitindo maior diminuição da silhueta e a tomada da posição que deve ser
efetuada sempre com o armamento apontado na direção do perigo (à frente) e em
três tempos: O saque, a tomada da posição torre e a tomada da posição deitada
com o auxilio da mão fraca do operador.

Figura 16: Posição Deitado

2.4. DOUTRINAS DE TIRO UTILIZADAS NA PMMT


As doutrinas de tiro utilizadas nas polícias militares evoluíram ao decorrer do
tempo, uma vez que, por ser uma instituição oriunda das forças armadas,
utilizava-se das doutrinas de tiro de combate empregadas por essas forças, para
Setúbal:

A falta de técnicas de tiro voltada para a atividade policial e a falta


de publicações levou as Polícias Militares a adotarem técnicas e
metodologias de ensino oriundas do Exercito Brasileiro, tais como tiro de
precisão, tiro de combate, técnicas estas voltadas para ataque, baseados
em técnicas de combate guerrilha rural e urbana, sendo os alunos avaliados
somente pelos acertos em alvos de papel que simbolizam agressor,
metodologia esta ultrapassada. 17

Devido às diferenças nas ações policiais e as das forças armadas,


principalmente do que diz respeito ao confronto armado, tornou-se necessário a
criação de doutrinas próprias para o emprego do tiro policial.
Em relação à necessidade dessa evolução doutrinaria nas polícias podemos
citar as principais diferenças as quais provocaram isso. O ambiente de atuação, as
características do oponente, os princípios legais e a dinamicidade do serviço policial
podem ser colocados como fatores principais. A atuação em ambientes urbanos
requer muito mais cautela por parte do policial nas suas ações, no que se refere aos
vários pontos críticos a serem observados como a presença de cidadãos de bem.
Em outro ponto podemos citar as diferenças das características dos
“oponentes” uma vez que a polícia não possui inimigos assim como as forças
armadas, mas sim quando se faz necessário o emprego do uso da força se faz
contra cidadãos dotados de direitos e garantias. Ainda sim podemos colocar como
fator preponderantemente influenciador nas doutrinas de tiro a dinamicidade do
serviço policial somado aos aspectos legais que o permeiam, obrigando o policial a
pensar na legalidade de suas ações mesmo que não dispondo de tempo para que o
faça como em outras profissões.
Na Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, atualmente, os cursos de
formação policial trazem como doutrina o Método Giraldi de tiro defensivo na
preservação da vida.

2.4.1. Método Giraldi

17
SETÚBAL, Rhaygino Sarly Rodrigues. Tiro Policial: Uma proposta de mudança na formação
e capacitação do policial militar. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2003.
O Método Giraldi desenvolvido pelo Cel PM Nilson Giraldi da Polícia Militar
do Estado de São Paulo é baseado nas normas internacionais as quais regulam o
uso da força policial como: As “Sete Normas Internacionais de Direitos Humanos
Aplicáveis à Função Policial e Função Policial Armada”; Os “Princípios da Carta da
ONU para o Assunto”; As “Diretrizes Internacionais de Direito Internacional dos
Direitos Humanos”; As “Convenções e Tratados Internacionais” dos quais o Brasil é
signatário. Além de atender ao ordenamento jurídico nacional e a realidade social,
política e orçamentária das Polícias Militares Brasileiras.
Segundo Giraldi o método criado por ele tem as seguintes finalidades:

Ensinar o policial a usar a sua arma de fogo para servir e proteger


a sociedade e a si próprio.
Ensinar o policial a preservar a sua vida e a sua liberdade.
Que a sua arma de fogo só pode ser disparada em situações
em que se torna necessário e indispensável; uma medida extrema; o último
recurso. Que isso só poderá ser feito quando for estritamente inevitável
para proteger a vida. Para garantir a vida, a liberdade e a segurança das
pessoas, incluindo a sua.
Ensinar o policial a não provocar tragédias.
Ensinar o policial a voltar íntegro para o seio da sua família após
uma jornada de trabalho, e não para o necrotério, para uma cadeira de
rodas, ou para a prisão. 18

Em uma perspectiva maior o método visa uma mudança na cultura


institucional nas polícias brasileiras. Prima sempre pela negociação, verbalização e
a utilização da arma de fogo como ultimo recurso de força, em vez de ações
arbitrarias, abusivas e desrespeito aos direitos humanos. Além de ser classificado
pelo Cel PM Giraldi como “extraordinariamente simples, prático, barato, objetivo, de
fácil aprendizado, ao gosto e respeito dos policiais.” 19(GIRALDI, 2002).
Além disso, o método prima pelo condicionamento do policial na realização
dos procedimentos enfatizando que são os responsáveis por salvar vidas, assim
como Giraldi elucida em sua obra:

Os principais fundamentos do “Método Giraldi” são os reflexos


condicionados positivos, a serem adquiridos pelo policial em treinamentos
imitativos da realidade, com eliminação dos negativos, antes de se ver

18
GIRALDI, Nilson. “Tiro defensivo na preservação da vida”, “Método Giraldi”, e sua “Doutrina
para a atuação armada da polícia e do policial com a finalidade de servir e proteger a
sociedade e a si próprio”. São Paulo: PMESP, 2002. p. 7.
19
Idem, p. 9.
envolvido pelo fato verdadeiro. Quando o policial é surpreendido por um
confronto armado, onde a morte está sempre presente, suas emoções e
reações são tão intensas que, normalmente, antecedem o raciocínio; por
isso a necessidade do condicionamento positivo anterior.
Leva em consideração que “não basta o policial saber o que tem
que fazer; tem que estar condicionado a fazer”. “Não basta saber atirar; tem
que saber quando atirar e saber executar procedimentos, isto porque, na
quase totalidade das vezes procedimentos, e não tiros, é que preservam
vidas e solucionam problemas”. Esses são os motivos pelos quais, quando
da instrução, mais de 95% dos exercícios são procedimentos; menos de 5%
são disparos. 20

Logo, podemos perceber que o treinamento deve ser voltado para a


realidade que o policial vai encontrar em seu serviço diário. Isso porque os
treinamentos de tiro visam criar no policial uma memória muscular e racional de
procedimentos a serem tomados durante o confronto armado, segundo Lima “Treinar
as diversas situações que poderá enfrentar pode ser a melhor tática possível, pois o
policial deve ser especialista em “ler” as circunstâncias em todas as situações
operacionais em que se vê envolvido.” 21

2.5. TREINAMENTO DE TIRO POLICIAL NA PMMT

Os policiais da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso têm acesso, não


sendo em curso de especializados, ao treinamento de tiro em instruções nos cursos
de formação e aperfeiçoamento. Desde 2005, a PMMT, de acordo com a portaria nº
001/CCDP/PMMT/05, adota o Método Giraldi como padrão de ensino da disciplina
de tiro policial nas unidades de ensino da PMMT. Dessa forma podemos dizer que
as instruções são voltadas para o Tiro Defensivo, que segundo o Manual de Tiro
Defensivo da PMESP que possui como objetivos “[...]A proteção à vida do Policial
Militar e de terceiros; a preservação da integridade da Corporação; a obediência à
22
Lei; à Ordem; e à Política Policial Brasileira.” , de maneira que este treinamento é
composto por algumas etapas.
Adota-se em nossa instituição, portanto um “[...] sistema de capacitação
modular por arma, obedecendo aos padrões do Método Giraldi em todos os cursos
de formação, habilitação e aperfeiçoamento da PMMT [...]”23. Sendo, portanto, de
20
Idem, p. 8.
21
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p.46.
22
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de tiro defensivo. São Paulo: PMESP,
1999. p.11.
23
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MATO GROSSO. Portaria Nº001/CCDP/PMMT/05. Cuiabá:
PMMT, 2005.
forma gradual introduzido aos alunos os conhecimentos em relação, primeiramente
aos fundamentos de tiro e manuseio das armas de fogo e na sequência a operação
das diversas armas de fogo (Revólver calibre .38, Pistola .40, Espingarda Gauge 12
e Fuzil 5.56 e 7.62).
Dessa maneira, apesar de o método se dividir em cinco etapas, são duas às
partes, as quais, essencialmente se dividem os treinamentos na PMMT: O curso
básico e os treinamentos nas pistas policiais. Na primeira parte, curso básico, o
policial aprende a atirar em todas as distâncias, situações, posições e dificuldades.
Nesta fase são enfatizados os fundamentos de tiro; Empunhadura, visada, posição e
acionamento do gatilho; assim como os deslocamentos em situações em que o
policial está abrigado e em situações desabrigado.
Outra ferramenta utilizada nesta primeira etapa é a barricada de treinamento
que possibilita o aprendizado do policial no que diz respeito a situações onde deverá
fazer o fatiamento ou mesmo o tiro com barricada. Nesse curso básico se utiliza o
alvo PM L-74, o qual visa o aprendizado, apenas demarcando regiões as quais os
operadores devem acertar dependendo da finalidade do treinamento.

Figura 17: Alvo PM L-74

Fonte: Manual de Tiro Defensivo da PMESP

A segunda parte, a pista policial, se trata de simulações de situações reais


as quais o policial pode se deparar no seu serviço diário. Neste treinamento
exigiu-se a aplicação do conhecimento do policial não somente na área de tiro, mas
em Técnicas gerais de policiamento, conhecimento dos regulamentos, leis e normas
as quais regem esse ofício e ainda capacidade de verbalização e negociação do
policial.
Esta etapa ainda é dividida em duas: a pista policial de instrução e a pista
policial de aplicação nas quais diferem quanto a orientação ou não do instrutor no
que diz respeito as suas condutas e ao conhecimento da pista. São pistas onde o
policial encontra alvos “amigos”, “Neutros” e “Agressores”, devidamente
caracterizados e exigindo do policial diferenciados tipos de postura e atitude,
executadas em locais abertos ou confinados, sempre simulando a realidade e para
essa finalidade, ainda podem ser utilizados efeitos sonoros e outros artifícios como
alvos móveis e rotativos.

Figura 18: Alvo PM L-4 - Utilizado nas pistas policiais

Fonte: Manual de Tiro Defensivo da PMESP


3. PATRULHAMENTO MOTORIZADO EM VIATURA QUATRO RODAS

O uso de viaturas pela polícia ostensiva, caracterizadas e equipadas para o


policiamento ostensivo se transforma, hoje em uma identidade da instituição, uma
vez que se torna o processo mais utilizado tanto no serviço de prevenção, quanto no
de repressão reestabelecendo a ordem.
As viaturas quatro rodas oferecem grande conforto, comodidade e
possibilidade de deslocamentos rápidos para o policial em seu serviço operacional,
possibilitando uma cobertura maior de área em relação ao tempo de patrulhamento
e uma efetividade maior no atendimento de ocorrências.

3.1. EVOLUÇÃO DO POLICIAMENTO EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO E


DESENVOLVIMENTO URBANO.

Desde a antiguidade, quando o ser humano percebe que a vida em


sociedade poderia trazer a ele benefícios como a distribuição do trabalho e a
proteção, desenvolvem-se os primeiros vilarejos próximos a fontes de água, onde
poderiam desenvolver a agricultura, aproveitando-se dos solos férteis e teriam água
suficiente para o desenvolvimento das diversas tarefas diárias.
O desenvolvimento da sociedade humana, a evolução das técnicas de
construção e o crescimento populacional fizeram com que os vilarejos se
desenvolvessem tomando a forma das primeiras cidades às quais evoluíram tanto
no sentido de expansão como também de proteção de seus cidadãos.
Na Grécia antiga surgem as grandes cidades Estadas, como Atenas e
Esparta. Roma, mais tarde, forma o grande império Romano, conquistando vários
outros povos, até os ataques dos povos bárbaros o que gerou uma a ruralização de
grande parte da população, na Idade média. Nos feudos os responsáveis pela
segurança interna e externa eram os nobres os quais governavam e lutavam.
Com o surgimento da burguesia e o fim da era feudal a população
desenvolvem-se em burgos, cidades fortificadas onde a burguesia tinha o seu
espaço com o comércio. Após isso com a revolução industrial e o êxodo rural da
população as cidades muito se expandiram levando a preocupação também com a
mobilidade urbana.
Em todas essas fases e evoluções sociais e urbanas a polícia necessitou se
adequar buscando uma maneira de continuar sendo efetiva e rápida no atendimento
da sociedade, implicando muito em mobilidade. Com a expansão urbana portanto se
buscou métodos de movimentar-se rapidamente nas cidades como utilização de
animais como o cavalo até o desenvolvimento dos automóveis.
Por mais que hoje haja uma tendência de diversificação das formas de
patrulhamento até mesmo embasado na filosofia de Polícia Comunitária a viatura
quatro rodas ainda é o meio mais utilizado pelas guarnições policiais pois oferece
maior conforto, segurança e aparelhamento ao policial de serviço, além de permitir a
efetuação de conduções de infratores em compartimento específico.
Temos portanto que a viatura policial é o local onde o policial executa seu
serviço seja ele de patrulhamento ostensivo ou mesmo de repressão ao crime
permanecendo boa parte de seu serviço nela. Assim, este é o local onde a maior
exposição, levando em consideração o tempo, do policial a perigos e pontos críticos
inerentes ao serviço.

3.2. POLICIAMENTO MOTORIZADO

Segundo o manual básico de policiamento ostensivo da inspetoria geral das


polícias militares o policiamento motorizado é um dos processos, ou seja, maneiras
pelas quais utilizam-se os meios de locomoção. Um dentre seis tipos que são: A pé,
montado, aéreo, em embarcação, em bicicleta e motorizado.
Este tipo de policiamento é o mais comum executado pela polícia militar.
Engloba as atividades de polícia ostensiva na maioria dos Batalhões de Polícia
Militar, principalmente pelo impacto causado pela viatura caracterizada e com sinais
luminosos e sonoros ligados essenciais hoje no serviço preventivo da Polícia Militar.
Por outro lado a viatura possibilita também mobilidade e rapidez no
atendimento a ocorrências policiais e situações de repressão a eventos que violem a
ordem pública. Ainda proporciona maior conforto e comodidade ao policial o qual
executa por horas o policiamento.
Este tipo de policiamento pode ser empregado em áreas urbanas e rurais.
Pode ser executado em forma de patrulhamento e também de permanência em
áreas visíveis e com saída para mais de uma direção. Serve, também, de apoio aos
demais processos em face da autonomia que possui. Pode ainda ser empregado
além de na rádio patrulha em eventos especiais, diligências e escoltas.

3.2.1. Patrulhamento Motorizado

Além dos meios utilizados para realização do policiamento ostensivo, os


processos, temos os modos peculiares de execução desse policiamento, as
modalidades, dentre eles o patrulhamento, que segundo o manual de policiamento
ostensivo da inspetoria geral das polícias militares é definido como “[...] atividade
móvel de observação, fiscalização, reconhecimento, proteção ou mesmo emprego
da força, desempenhada pelo PM no posto.” 24
Portanto, o patrulhamento motorizado pode ser caracterizado como a
atividade operacional efetiva móvel e dinâmica de Polícia Ostensiva com a utilização
da viatura como meio de ser executado. Dessa maneira podemos concluir que o
policial enquanto nessa atividade deve estar atento, observante e empenhado a
proteger a guarnição e a sociedade, fiscalizar a ordem e tranquilidade pública e se
preciso for estar preparado para empregar a força policial, em seus vários níveis.
Podemos dizer também que o ato de patrulhar já se caracteriza como uso da
força policial. A ostensividade e ação presença policial contribui para a preservação
da ordem pública inibindo o acontecimento de delitos. Porém durante sua execução,
o policial militar pode se deparar com variadas situações as quais podem exigir a
tomada de procedimentos operacionais e o uso da força.
Ainda, considerando o desenvolvimento urbano, o emprego operacional das
guarnições policiais e a necessidade, devido ao uso diferenciado da força, de se ter
policiais equipados variados tipos instrumentos que o permitam fazer o uso de vários
níveis de força, podemos citar vantagens do patrulhamento motorizado, segundo o
Manual Básico de Policiamento Ostensivo Geral da Inspetoria Geral das Polícias
Militares:

c. Patrulhamento Motorizado
1) Vantagens
a) Grande Mobilidade em eixos e eficiência para patrulhar grandes
espaços, em pouco tempo;

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Manual Basico de policiamento ostensivo. Porto Alegre: Inspetoria


24

Geral das Polícias Militares, 1999.


b) Capacidade de transportar equipamentos pesados a longa
distância e em curto tempo;
c) Possibilita ampla movimentação sem desgaste físico. 25

Atualmente, podemos dizer que o patrulhamento motorizado se traduz,


quase que totalmente no radiopatrulhamento que segundo o manual do patrulheiro
da Polícia Militar do Distrito Federal é definido como:

[...] ação de policiamento ostensivo em viatura da radiopatrulha,


em permanente ligação com o Centro de Operações da corporação e sob
seu controle. Exerce função preventiva de presença e repressiva por ordem
do Centro de Operações ou em atendimento a pedido de socorro do público,
neste caso, deve informar ao centro. 26

Nada mais é, portanto do que o serviço de patrulhamento motorizado


monitorado, auxiliado e integrado pelo sistema de radiocomunicação que conecta
tanto a viatura com o centro de operações permitindo ações mais rápidas como
permite a comunicação entre viaturas possibilitando um trabalho integrado tanto na
prevenção como na repressão.

3.2.2. Patrulhamento Motorizado em viatura quatro rodas na PMMT

Levando em consideração a disponibilidade de recursos humanos e


materiais os quais dispõe a Polícia Militar do Estado de Mato Grosso e a doutrina
implementada pelo Manual de Procedimento Operacional Padrão da Polícia Militar
do Estado de Mato Grosso (2009), o patrulhamento motorizado em viatura quatro
rodas é executado, rotineiramente, nos batalhões de policiamento ordinário, com
dois ou três policiais em cada viatura.
Quando em patrulhamento cada policial tem sua responsabilidade no que
diz respeito a tomada de procedimentos como a área de patrulhamento, de acordo
com o Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT:

3. O 1º homem é o comandante responsável pela coordenação e


controle de sua guarnição, cabendo a ele a iniciativa para resolução de
ocorrências, bem como a escrituração da documentação, anotações e
relatórios, sendo auxiliado(s) pelo 2º homem e/ou 3º homem, quando
houver;

25
MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Manual Basico de policiamento ostensivo. Porto Alegre: Inspetoria
Geral das Polícias Militares, 1999.
26
DISTRITO FEDERAL. Manual do patrulheiro. Brasília: Polícia Militar do Distrito Federal, 1983.
4. A área de patrulhamento do 1º homem é a parte frontal da
viatura, lateral direita e retaguarda pelo espelho retrovisor direito; é o
encarregado das comunicações via rádio, e com terceiros quando nas
abordagens;
5. O 2º homem é o motorista da guarnição, responsável pela
viatura, sua manutenção, limpeza e condução;
6. A área de patrulhamento do 2º homem é pela parte frontal à
viatura, e retaguarda pelo espelho retrovisor esquerdo e lateral esquerda;
7. O 3º homem, (quando houver), é responsável pelo equipamento
e armamento da viatura, quando desembarcado é o segurança do
comandante da guarnição;
8. Quando em patrulhamento o 3º homem deverá sentar-se atrás
do motorista sendo segurança deste, e também, deverá fazer o balizamento
para que a viatura estacione;
9. A área de patrulhamento do 3º homem é pela parte lateral
esquerda e retaguarda, quando a viatura for de camburão fechado, deverá
permanecer com o rosto voltado para o lado esquerdo; (MATO GROSSO,
2009).27

A padronização de responsabilidades dos policiais na patrulha visa a maior


efetividade do serviço policial, sendo de suma importância que cada componente da
guarnição não tenha duvida de como proceder durante o patrulhamento. Outrossim,
serve para preservar a guarnição policial aumentando o grau de segurança tanto nas
abordagens como durante os deslocamentos e rondas.
Durante o patrulhamento, segundo a doutrina adotada no Manual de
Procedimento Operacional padrão da PMMT, a viatura não deve exceder a
velocidade máxima de 30 km/h, mantendo, portando a velocidade da viatura entre
20 km/h e 30 km/h, corroborando para a atividade de observação, fiscalização e
reconhecimento que deve estar sendo executada pelos policiais constantemente no
patrulhamento.
Outros aspectos também devem ser observados pelos policiais no
patrulhamento, como: dirigir defensivamente, parar a distâncias seguras de outros
carros de maneira a permitir eventual evasão ou ultrapassagem rapidamente,
atentar para eventuais pontos críticos dentro do cartão programa e evitar zonas
propicias a emboscadas e também as questões que envolvem o cerco,
acompanhamento e encalço de infratores.

27
MATO GROSSO. Manual de Procedimento Operacional Padrão. Cuiabá: Editora de Liz, 2009.
p.163.
Figura 19: Guarnição policial embarcada em viatura da PMMT

Figura 20: Posicionamento da guarnição policial durante o patrulhamento

3.3. SITUAÇÕES E ATIVIDADES CRÍTICAS NO PATRULHAMENTO EM


VIATURA QUATRO RODAS

Existem situações as quais exigem maior preocupação e atenção na tomada


de atitudes e procedimentos por parte da guarnição policial quando em
patrulhamento. Tais situações podem envolver risco de morte tanto a guarnição
policial como a cidadãos; Danos materiais a recursos do governo ou particulares;
assim como responsabilizações judiciais por essas ações.
Segundo o Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT pode se
considerar atividades críticas, no patrulhamento motorizado: o deslocamento com
segurança na viatura, manter atenção durante o deslocamento e os deslocamentos
em alta velocidade.
Porém, existem situações atípicas, as quais os policiais precisam estar
preparados para tomarem procedimentos, visando principalmente a proteção de sua
integridade física e a salvaguarda de sua vida e da vida de seus companheiros, por
exemplo, segundo Lima podemos conceituar esse tipo de situações como de
Ameaça espontânea, ou seja,

[...] situações onde o policial não tem nenhum conhecimento


anterior do evento e acaba se envolvendo, necessitando de avaliações e
decisões de momento. Ex.: O policial está em patrulhamento e em
circunstância amarela, quando se defronta com um cidadão armado que
acaba de efetuar um assalto. 28

3.3.1. Emboscada a Guarnição embarcada em viatura policial

Podemos conceituar emboscada como um ataque surpresa de um local


coberto a um alvo em movimento ou momentaneamente parado. Temos que o ponto
crítico no qual os fogos convergem para que ocorra a destruição é chamado de zona
de destruição ou zona de matança.
Desta forma podemos perceber que se torna muito fácil um infrator da lei
armar uma situação para emboscar uma guarnição a qual efetua o patrulhamento
motorizado, uma vez que a Polícia Militar tem como uma de suas principais
características o policiamento ostensivo que se caracteriza pela identificação pela
farda, viatura e equipamentos e o infrator pode facilmente misturar-se entre cidadãos
de bem e utilizar-se do anonimato para uma ação.
A guarnição policial pode se deparar com a situação de disparos contra a
viatura, quando estes em patrulhamento, um evento crítico uma vez que é um tipo
de ação a qual surpreende os policiais e se tem dificuldade de saber de onde vêm
os disparos.
Neste caso alguns procedimentos podem ser adotados para diminuir os
danos, primeiramente se tiver oportunidade a guarnição policial deve,
imediatamente, sair da zona de destruição acelerando a viatura. Caso não seja
possível os policiais precisam sair e se afastar da viatura o mais rápido possível uma
vez que este é o alvo principal. Identificados de onde vem os disparos um dos
componentes dá cobertura de fogo para que os outros possam sair da viatura, uma

28
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007.
vez esses conseguirem se distanciar do veículo dão cobertura para que o outro
integrante possa também sair.

3.3.2. Acompanhamento, cerco e encalço.

O Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT, em seu processo


304 aborda o acompanhamento e cerco de veículos. Segundo essa doutrina esses
procedimentos são executados quando identificado veículo produto de ilícito ou
ocupado por pessoas em fundada suspeita.
Segundo o mesmo manual podemos conceituar o acompanhamento da
seguinte forma:

3. ACOMPANHAMENTO À DISTÂNCIA: É o ato de seguir um


veículo suspeito ou sabidamente ocupado por marginais, que se encontra
em deslocamento, com variação de velocidade, conforme as condições
normais de tráfego. O acompanhamento deve ser realizado a uma distância
tal que permita aos policiais manter o contato visual com o veículo e seus
ocupantes, e também seguir, com segurança na sua trajetória. 29

O cerco do veículo é realizado quando a guarnição policial a qual segue o


veículo suspeito irradia a posição em que ele se encontra, dinamicamente, e as
demais viaturas designadas para dar apoio efetuam o cerco, na tentativa de abordar
o veículo suspeito para tomada das medidas cabíveis.
Em última hipótese, segundo a doutrina empregada na PMMT, deve-se
realizar o encalço, no intuito de abordar o veículo, atividade que se define como,
segundo o Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT:

4. ENCALÇO: E o ato de seguir um veículo suspeito ou


sabidamente ocupado por marginais, em alta velocidade, EVITANDO risco
tanto para os policiais militares, como também, o público e os ocupantes
(marginais) do veículo a ser abordado. Obs.: não pode ser descartada a
possibilidade de haver reféns no interior do veículo. 30

Podemos pontuar essas ações como críticas pois além de gerarem riscos de
acidentes podendo causar danos a guarnição de serviço, aos suspeitos e possíveis
transeuntes podem evoluir para uma situação de confronto armado. Caso a

29
MATO GROSSO. Manual de Procedimento Operacional Padrão. Cuiabá: Editora de Liz, 2009.
p.184.
30
Idem, p.185.
guarnição se ver nesta situação devem ter muita cautela em suas ações, uma vez
que em caso de estar seguindo um veículo quatro rodas, não se deve descartar a
possibilidade de haver reféns.
Outro conceito que o Manual de Procedimento Operacional Padrão da
PMMT traz no processo 304 é o de perseguição:

5. PERSEGUIÇÃO: É o ato de seguir um veículo suspeito ou


sabidamente ocupado por marginais, em alta velocidade, contando
exclusivamente com as possibilidades da equipe policial, COLOCANDO em
risco, tanto os policiais militares, como também, o público e os ocupantes
(marginais) do veículo a ser abordado. 31

Esta atitude, por mais que muitas vezes observada em filmes policiais ou
adotada por outras instituições policiais do mundo, não deve ser executada pelas
guarnições policiais de serviço em nosso estado, uma vez que temos como principal
princípio das abordagens policiais a segurança. Podemos ainda apresentar esta
situação como uma atitude agressiva e que causa sensação de insegurança a
população, indo contra aos fundamentos de preservação da ordem e tranquilidade
pública a qual é missão constitucional das Polícias Militares.

3.3.3. Reação à abordagem policial com arma de fogo a guarnição ainda


embarcada em viatura quatro rodas

Na maioria dos casos em nosso Estado podemos dizer que as abordagens


policiais raramente são recepcionadas com disparos de arma de fogo ou mesmo
reações inesperadas que sejam agressivas a guarnição policial. Porém a atividade
policial operacional é muito dinâmica e não pode ser descartada qualquer tipo de
reação pois o ser humano é imprevisível.
Neste caso, mais uma vez a polícia leva desvantagem em relação aos
infratores por seu caráter ostensivo, uma vez que o infrator pode cometer um
atentado contra a guarnição policial surpreendendo-a. Neste caso devemos atentar
para executar rapidamente os procedimentos da abordagem previstos no Manual de
Procedimento Operacional Padrão da PMMT, descendo da viatura o mais rápido

31
MATO GROSSO. Manual de Procedimento Operacional Padrão. Cuiabá: Editora de Liz, 2009.
p.185.
possível, uma vez que são raros os treinamentos de como agir em situações de
confronto armado com a guarnição embarcada.
Um disparo pelo para-brisa, ou uma tentativa de disparar a arma de fogo
colocando o armamento para fora da viatura podem não ser procedimentos ideais
nesta situação. Um disparo de arma de fogo dentro da viatura pode causar danos ao
policial pela quebra do para-brisa, além de atordoamento devido ao elevado nível de
decibéis oriundos do disparo. Porém se for o único procedimento a ser tomado para
salvaguardar a integridade e a vida da guarnição os policiais militares necessitam
estar preparados para atuar de tal maneira, uma vez que se trata de uma situação
atípica.

3.3.4. Outras situações que merecem maior atenção durante o patrulhamento

Além das situações extraordinárias e as atividades críticas citadas no “POP”


da PMMT, outras situações corriqueiras podem ser classificadas como críticas.
Podemos citar, a parada da viatura em decorrência do trânsito, o estacionamento e
permanência dos policiais no ponto base, visando a realização do policiamento
preventivo materializado na ação presença da polícia ostensiva, situações essas que
parecem simples e rotineiras porém devem ser executadas com atenção diminuindo
as possibilidades do acontecimento de uma emboscada ou mesmo possibilitando
uma saída rápida do local em casos emergenciais.
4. TIRO POLICIAL EMBARCADO EM VIATURA QUATRO RODAS

Podemos conceituar o tiro policial embarcado como o uso da força letal,


através do disparo de arma de fogo, pelo policial militar embarcado em viatura
quatro rodas em resposta a agressões letais por parte de infratores.
Assim como qualquer outra ação policial o tiro embarcado deve passar por
uma avaliação criteriosa da situação a qual se tem intenção de utiliza-lo, porém
ainda deve ser analisada sobre aspectos particulares desta ação: as influências
fatores externos como o deslocamento da viatura, as irregularidades na pista,
eventuais paradas e aceleração do veículo, mudanças bruscas de direção pelo
motorista da viatura e o movimento em relação ao alvo.
Além disso, a utilização desta técnica esbarra em várias outras situações: O
despreparo dos policiais, sob o aspecto técnico, uma vez que não possuem
instruções voltadas para essa técnica nos cursos de formação; a análise da situação
de emprego, devendo ser observado não somente a agressão letal sofrida, mas
também as possibilidades de se atingir um possível refém ou terceiro; Além da falta
de certeza de acerto do disparo uma vez que possui grande influencia de forças
externas.

4.1. CONSIDERAÇÕES EM RELAÇÃO AO USO DIFERENCIADO DA FORÇA

Segundo a SENASP, em seu curso que Uso Diferenciado da Força, a regra


geral é que não se execute este disparo, porém, ao levar em conta a defesa da
integridade física dos policiais é perceptível que o esta técnica é empregada pelos
policiais no serviço operacional, segundo essa doutrina, deve ser observado os
seguintes aspectos:

● Estes disparos têm pouca eficácia para fazer parar um


veículo e os projéteis podem ricochetear (no motor ou
pneus) ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não
atingi-lo, convertendo-se em “balas perdidas”;
● Se o condutor for atingido, existe um risco elevado de que
ele perca o controle do veículo e cause acidentes graves;
● Estes disparos tem pouca precisão, o disparo fica
prejudicado pelo movimento do veículo e o balanço
provocado por ele, inclusive quando efetuados por
atiradores experientes;
● Existe a possibilidade de que as vítimas (reféns) estejam
no interior do veículo perseguido, inclusive dentro do
porta-malas;
● Os disparos efetuados pelos agentes de Segurança
Pública podem provocar um revide por parte dos
abordados, incrementando ainda mais risco para outras
pessoas, principalmente em áreas urbanas (balas
perdidas). O mais recomendável é distanciar-se do veículo
em fuga e, sem perdê-lo de vista, adotar medidas
operacionais para efetuar o cerco e bloqueio.
Recomenda-se, ainda, solicitar reforço para que a
intervenção possa ser realizada com mais segurança. 32

Ainda outro fator a ser observado é a não utilização deste tipo de disparo
evitando evitar uma eventual fuga do abordado ou de veículo em bloqueio, não
sendo este ato proporcional a uma agressão letal sofrida pelo policial, podendo gerar
responsabilizações judiciais, administrativas e consequências indesejadas.

4.2. POSIÇÕES DE TIRO EMBARCADO EM VIATURA QUATRO RODAS

Levando em consideração a estruturação dos treinamentos de tiro policial na


PMMT, podemos dizer que os policiais de nossa instituição são treinados para fazer
o uso da arma de fogo em posições “ortodoxas”, ou seja, em posições tradicionais
rotineiramente treinadas e utilizadas pelo Método Giraldi: Em pé, ajoelhado,
agachado e deitado.
Sendo assim, podemos considerar que um dos fatores primordiais que
tornam o tiro embarcado uma técnica atípica e dificultosa, no que tange a efetividade
do tiro, é a posição diferenciada na qual o policial precisa efetuar o disparo.
Durante o patrulhamento as ameaças letais contra a guarnição embarcada
podem surgir de várias maneiras: frontalmente, das laterais, de locais
desconhecidos, por isso o policial atira de várias posições as quais proporcione a ele
mais estabilidade e mobilidade durante a execução dos disparos.

32
SENASP. Uso Diferenciado da Força: Modulo II - Modelos de Uso Diferenciado da força.
Disponível em: <http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/modulo3.pdf>
Acessado em: 25 ago. 2014.
Figura 21: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas.

Nesta posição nota-se que o policial apenas posiciona o armamento para


fora da viatura tendo a visada prejudicada pela coluna da viatura, procurando não
apoiar-se na viatura, evitando influências dos tremores gerados pelas irregularidades
na pista.

Figura 22: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas

Nesta posição o policial expõe uma parte maior da cabeça e braço para fora
da viatura na para obter uma melhor visada, precisando apoiar-se na porta da e
levantar parte do corpo do banco. Executando um disparo com mais influencias de
ações externas na estabilidade do armamento: tremores decorrentes da
movimentação da viatura, irregularidades da pista e do princípio físico da inércia que
influencia o atirador, o qual tende a continuar em seu movimento.
Figura 23: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas

Nesta posição o operador perde totalmente o contato com o banco da


viatura projetando seu corpo para fora do veículo para efetuar a visada, buscando
também diminuir a influência dos movimentos da viatura na estabilidade da arma e
ganhar um pouco de mobilidade para efetuar o disparo. Porém o policial perde muito
em segurança, uma vez que em movimento, pode ser arremessado com facilidade
para fora da viatura ou mesmo colidir com obstáculos que estiverem ao longo da
pista.

Figura 24: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas

Desta forma podemos notar que o policial efetua uma empunhadura simples,
com uma das mãos, na tentativa de ganhar mobilidade para efetuar o disparo
utilizando-se do outro braço para apoiar-se. Desta forma podemos observar que
perde a estabilidade que a posição de tiro deveria proporcionar, porém ganha mais
mobilidade. Deve ser, porém, levado em consideração a dificuldade de estabilização
da arma para execução da visada aumentada nessa posição.
Figura 25: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas

Ainda podemos apresentar a situação em que o operador efetua um disparo


atingindo primeiramente o para-brisa da viatura sentado no banco posicionando os
braços como na posição isósceles.
Porém alguns aspectos devem ser observados na execução do disparo de
arma de fogo nessas condições. Primeiramente, sobre o disparo contra o para-brisa,
o policial deve se preocupar com eventuais estilhaços que possam o atingir em
decorrência do impacto do projétil com o vidro e também o desvio na trajetória do
projétil causado por esse impacto.
Outra preocupação diz respeito a intensidade do ruído produzido por um
disparo de arma de fogo no interior da viatura. Esse ruído pode causar
atordoamento temporário aos policiais em patrulhamento, oque em uma situação de
confronto armado pode refletir na tomada de procedimentos errados ou mesmo na
não execução deles podendo levar o policial a morte.

4.3. TIPOS DE TIRO EMBARCADO EM VIATURA QUATRO RODAS

Basicamente o tiro embarcado pode ser classificado em dois. O tiro


embarcado estático e o tiro embarcado em movimento. Podemos dizer que o tiro
embarcado estático não proporciona tanta dificuldade em sua execução para o
policial quanto o em movimento, uma vez que não expõe o policial a forças externas
decorrentes do movimento e se assemelha ao tiro praticado por ele nos
treinamentos.
O tiro embarcado em viatura quatro rodas em movimento é mais complexo.
Em decorrência do movimento da viatura que influencia na estabilidade do
armamento, podendo proporcionar variações nos disparos. Ainda deve ser
observado quanto a mobilidade dos alvos; se esses também estão em movimento,
infrator em outro veículo, ou se são estáticos.

4.4. UTILIZAÇÃO DO TIRO EMBARCADO EM VIATURA QUATRO RODAS

Assim como já tratado neste trabalho monográfico, podemos perceber que


dentre os processos do policiamento ostensivo o motorizado é o mais utilizado pela
polícia militar até pelo seu caráter ostensivo que a torna uma polícia com grande
abrangência de ocorrências a serem atendidas.
Dessa maneira a probabilidade de o policial de serviço se encontrar em uma
situação de ameaça letal, embarcado em viatura quatro rodas, durante o
patrulhamento se torna muito grande. É natural, portanto, que o policial, vendo-se
em uma situação de risco de morte tome atitudes de maneira a tentar defender-se.
Porém, temos outro lado da utilização dessa técnica, o qual não deve de
maneira alguma ser recepcionado pelos policiais no serviço operacional. A utilização
da arma de fogo como já dito é condicionada a resposta a uma ameaça letal, não
pode, portanto o policial vir a utilizar com outros fins, por exemplo, o disparo
embarcado contra pessoa em fuga durante acompanhamentos, uma vez que o
cidadão não apresente ameaça a guarnição.
De acordo com as pesquisas realizadas no 4º Batalhão de Polícia Militar do
Estado de Mato Grosso que 67% dos praças entrevistados já se utilizaram desta
técnica em ocorrências policiais e 97% deles entendem como importante o
treinamento desta técnica para o desempenho da atividade operacional.

4.5. TREINAMENTO DE TIRO EMBARCADO EM VIATURA QUATRO RODAS EM


MOVIMENTO NA PMMT

Assim como vimos o treinamento de tiro na Polícia Militar do Estado de Mato


Grosso em se tratando de tropa ordinária, é voltado para o método Giraldi de tiro
defensivo, o qual, por mais que tente aproximar muito o policial da realidade que
encontrará em seu serviço diário não aborda o tiro embarcado.
Podemos afirmar, conforme dados coletados em pesquisa realizada no 4º
Batalhão de Polícia Militar que 90% dos policiais entrevistados não passaram por
nenhum tipo de treinamento, nos seus cursos de formação e aperfeiçoamento,
voltado para a aplicação das técnicas de tiro embarcado em viatura quatro rodas em
movimento, mesmo se deparando com a necessidade de emprega-la no serviço
operacional.
Segundo os instrutores de tiro policial da PMMT é valido que este
treinamento seja incorporado nos cursos de formação da instituição uma vez que
proporciona ao policial a conscientização da complexidade de se efetuar esse tipo
de técnica, permitindo assim que este pese as consequências de se adotar este tipo
de técnica em uma ocorrência policial. Assim como responde o Cap PM Ilton Botelho
da Costa Campos, instrutor de tiro policial do Curso de Formação de Sargentos da
PMMT quando perguntado, por este pesquisador se acha importante o treinamento
do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento respondeu:

[...]até para que se mostre para a tropa a complexidade que existe


na execução deste tipo de disparo, acredito que deve ser ministradas
instruções não somente de tiro embarcado mas de outros tipos de técnicas
que podem ser empregadas no serviço ordinário. (CAMPOS, 2014)

4.6. SITUAÇÕES DE EMPREGO DO TIRO EMBARCADO EM VIATURA


QUATRO RODAS EM MOVIMENTO.

Por mais que o policial, o qual está no serviço operacional, em seu curso de
formação não tenha contato com técnicas de tiro embarcado em algumas situações
emprega esse tipo de técnica, geralmente como forma de legítima defesa da
guarnição policial de serviço.
Torna-se perfeitamente possível que o policial faça uso do tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas em movimento, contudo deve saber, o policial,
que está sujeito a assumir as mesmas responsabilidades e riscos de um disparo em
pé, assim como segundo o Cap PM Fernando Francisco Turbino Santos,
atualmente, instrutor de tiro policial do segundo ano do Curso de Formação de
Oficiais da PMMT:
Contudo ao efetuar o disparo embarcado, o policial assume toda a
responsabilidade e riscos, que o mesmo assumiria se efetuasse o tiro a pé.
Então falar em criar normas de maneira a erradicar este tipo de conduta é
um tanto complexo, pois se tivéssemos uma norma interna que proibisse
esses disparos embarcados, e durante um radio-patrulhamento uma
guarnição policial se deparasse com pessoas, dentro de um veículo em
fuga, e que neste momento, aquelas pessoas começassem a disparar
contra os policiais, estes não deveriam reagir? Ou então se reagissem e
neutralizassem a ocorrência, deveriam também ser punidos os policiais? Em
todo caso, o mais importante, na minha opinião é instruir os policiais da
dificuldade de acertar um alvo em movimento, estando o policial embarcado
ou não, para que só assim este policial possa saber determinar se deve ou
não efetuar o disparo. (SANTOS, 2014)

Portanto, assim como em qualquer outra situação de emprego da arma de


fogo essa ação policial deve levar em conta a responsabilização do policial, bem
como as consequências desse ato, considerando os princípios do uso diferenciado
da força.
Nesta situação, porém, ainda deve ser levada em consideração a
complexidade do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento,
precisando o policial ter a noção das dificuldades as quais o uso dessa técnica
implica.
Assim, podemos salientar algumas situações nas quais o emprego desta
técnica é praticado pelos policiais, segundo as pesquisas realizadas no 4º Batalhão
de Polícia Militar da PMMT: Ocorrências que envolvem acompanhamento de
veículos, cerco e encalço; Ocorrências de emboscada a guarnição militar durante o
patrulhamento; e ocorrências de reação a abordagem policial ou ação presença
realizada pela guarnição em viatura quatro rodas.
Essas ocorrências podem gerar situações de necessidade do emprego do
tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento, durante o
patrulhamento, levando os policiais a reagir as agressões letais, como forma de
Legitima defesa de si e de outros.
Tanto essas ocorrência podem gerar situações ameaças letais para a
guarnição policial em patrulhamento que se pode constatar, através de pesquisas de
campo realizadas no 4º BPM da PMMT que 65% dos policiais que já efetuaram esse
tipo de disparo em ocorrências policiais estavam em acompanhamento e encalço;
20% se viram em situações de reação a abordagem, 5% de emboscada e 10% em
outras situações.
5. METODOLOGIA

O conhecimento científico é aquele obtido de maneira racional, mediante a


um processo conduzido por métodos científicos, procedimentos que buscam a
produção do conhecimento aproximadamente exato. Sendo assim, para Marconi e
Lakatos o conceito de método é

[...] o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com


maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos
válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros
e auxiliando nas decisões do cientista. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 65)

Nesta pesquisa buscou-se verificar a ocorrência do tiro embarcado em


viatura quatro rodas em movimento no 4º Batalhão de Polícia Militar do Estado de
Mato Grosso, bem como a capacitação técnica dos policiais para executar esse tipo
de procedimento.

5.1. MÉTODO DE ABORDAGEM

Podemos dizer que quanto ao método de abordagem o empregado na


pesquisa foi o Hipotético-dedutivo, que segundo Marconi e Lakatos pode se
caracterizar como “[...] parte de um problema, ao qual se oferece uma espécie de
solução provisória, passando-se depois a criticar a solução, com vista a eliminação
do erro [...]” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 68), uma vez que partindo de um
problema pré-existente, surgido das expectativas e teorias existentes, buscou-se a
criação de uma hipótese, a qual colocou-se a prova e testagem em busca de sua
corroboração ou refutação.

5.2. MÉTODO DE PROCEDIMENTOS

Ainda sim, quanto aos métodos de procedimentos empregados nesta


pesquisa podemos dizer que este trabalho perpassa por três métodos distintos: Os
métodos monográficos, comparativo e estatístico. Monográfico levando em
consideração os dados bibliográficos e documentais obtidos através da pesquisa
bibliográfica e documental, buscando subsidiar os assuntos tratados nos capítulos e
ainda as entrevistas realizadas com os instrutores de tiro da PMMT em busca de um
maior aprofundamento no estudo do tiro embarcado em viatura quatro rodas e sua
aplicação e treinamento na PMMT.
Comparativo uma vez da comparação das concepções sobre a ocorrência,
capacitação e utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em
movimento que a tropa operacional e os instrutores de tiro da PMMT possuem.
Ainda Estatístico no que tange a aplicação e análise dos dados decorrentes da
aplicação do questionário, uma vez que de ordem quantitativa nos permite relacionar
esses dados obtendo generalizações.

5.3. TIPO DE PESQUISA

5.3.1. Quanto aos fins

Quanto aos fins podemos dizer que trata-se de uma pesquisa exploratória e
descritiva. Exploratória devido a escassez de estudos anteriores realizados sobre o
tiro embarcado em viatura quatro rodas, caracterizada, basicamente, pela pesquisa
bibliográfica e a entrevista realizada com os instrutores de tiro da PMMT buscando
arrecadar dados relativos a fundamentação desta técnica baseada em princípios já
existentes e arrecadação de percepções sobre o assunto a partir das experiências
dos instrutores de tiro da instituição.
Descritiva, uma vez que busca descrever características do fenômeno “Tiro
embarcado em viatura quatro rodas em movimento” observando suas
peculiaridades. Sendo que, esse tipo de pesquisa pode ser materializado pela coleta
de dados através dos questionários fechados com a tropa operacional do 4º BPM e
a análise da experiência executada, voltada para a execução do tiro embarcado em
viatura quatro rodas em movimento.

5.3.2. Quanto aos meios

Quanto aos meios esta pesquisa pode ser classificada em se tratando de


documentações indiretas bibliográfica, documental. A documentação direta abrange
a observação direta extensiva.
Bibliográfica, pois se baseia parte em informações recolhidas de
bibliografias públicas relativas ao assunto propriamente dito: o tiro embarcado, assim
como matérias que o subsidiam e embasam, apresentadas nos capítulos de
fundamentação teórica.
Documental, uma vez que utilizamo-nos também de documentos oficiais, de
arquivos públicos, relatórios, fotografias e gráficos para subsidiar a pesquisa e
mesmo contribuir para o embasamento dela e maior detalhamento e exposição dos
dados obtidos.
A observação direta extensiva é executada através da aplicação do
questionário aberto com os instrutores de tiro da PMMT e do questionário fechado
com os praças do 4º Batalhão de Polícia Militar como método de coleta de dados.

5.4. TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

Segundo Marconi e Lakatos, o levantamento, ou coleta de dados é o


primeiro passo para qualquer pesquisa científica (MARCONI; LAKATOS, 2010 p.
157). Em um primeiro momento a coleta de dados é feita através da pesquisa
bibliográfica e documental, no intuito de levantar dados que embasem e subsidiem a
abordagem do tiro embarcado em viatura quatro rodas em movimento.
Sendo que, a pesquisa documental, que diz respeito a analise de
documentos, é expressa no sentido de analise das normas, leis e regulamentos,
nacionais e internacionais no que diga respeito ao tema tratado ou assuntos
subjacentes a ele.
A pesquisa bibliográfica visou possibilitar o contato direto do pesquisador
com tudo o que foi publicado sobre o assunto nas varias mídias de maneira propiciar
uma abordagem sobre um enfoque mais amplo, coletando dados fundamentais que
serviram de base para que esse pesquisador tomasse às conclusões atinentes a
pesquisa.
Em um segundo plano a coleta de dados foi executada através observação
direta intensiva e extensiva representadas, respectivamente, pela aplicação de
questionários abertos aos instrutores de tiro da PMMT e pela aplicação do
questionário á tropa operacional do 4º Batalhão de Polícia Militar do Estado de Mato
Grosso.
Essa parte da pesquisa visou constatar a hipótese e também coletar dados
atinentes a realidade policial militar do Estado e a utilização do tiro embarcado em
viatura quatro rodas em movimento e a abordagem deste tema nos cursos de
formação e aperfeiçoamento da instituição.

5.4.1. Tabulação de dados

Para melhor representar os dados coletados, no corpo do trabalho


monográfico, serão colocadas ilustrações e ainda anexados tabelas e gráficos que
facilitem a visualização e analise dos dados pelo leitor, de maneira mais prática e
simplificada, visando demonstrar a verdade dos fatos e embasar as conclusões
deste pesquisador.

5.5. DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO

5.5.1. População:

A população da pesquisa é formada por dois grupos. A primeira parte é


composta pelos policiais militares operacionais do 4º BPM.

5.5.2. Amostra:

A amostra desta população é de 30 policiais operacionais do 4º BPM e de 4


instrutores de tiro da PMMT.
6. EXPOSIÇÃO E ANALISE DE RESULTADOS

Tendo em vista as pesquisas feitas no decorrer desta pesquisa, neste


capítulo iremos expor e correlacionar os resultados e percepções obtidos, visando
alcançar os objetivos propostos e ainda verificar as hipóteses. Sendo que os dados
apresentados, utilizados para a análise, são frutos da pesquisa documental e de
campo.

6.1. QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS PRAÇAS DO 4º BPM

Primeiramente, cabe ressaltar que esta pesquisa foi realizada com 30


policiais militares do serviço operacional os quais estão lotados no 4º BPM da
PMMT, buscando verificar a utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro
rodas em movimento e o grau de instrução os quais esses policiais possuem no que
tange ao emprego deste procedimento.
No que diz respeito a relevância desta pesquisa para a instituição e também
a verificação da hipótese apresentada por este pesquisador, primeiro foi preciso
constatar cientificamente a utilização desta técnica pelos policiais militares no
serviço operacional diário, contatando-se que:

Figura 26: Gráfico da utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento
pela tropa do 4º BPM

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Desta forma podemos perceber a aplicabilidade desta técnica no serviço


operacional da PMMT, de maneira que contatamos que 2/3 da tropa operacional
entrevistada já fez uso do tiro policial embarcado em viatura quatros rodas em
movimento em ocorrências, durante o patrulhamento motorizado no serviço
operacional ordinário.
Assim, torna-se necessário identificar também as naturezas das ocorrências
nas quais estes policiais fizeram uso do tiro policial embarcado, de maneira que se
pode perceber, de maneira quantitativa, que:

Figura 27: Gráfico da natureza das ocorrências em que se empregou o tiro policial embarcado em
viatura quatro rodas em movimento pelos policiais do 4ºBPM

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Em sua maioria nota-se, portanto, que os policiais os quais já se utilizaram


desta técnica no serviço operacional viram necessidade de sua execução em
ocorrências a princípio de acompanhamento que evoluíram para situações de
confronto armado, porém utilizados também em ocorrências de reação a abordagem
policial com guarnição ainda embarcada, emboscadas a guarnição policial
embarcada dentre outras naturezas.
Analisando ainda o emprego dessa técnica pelos policiais no serviço diário
buscamos saber uma média de ocorrências em que o policial já empregou esse tipo
de técnica e tivemos como resultado:
Figura 28: Gráfico do Número médio de ocorrências em que os praças do 4º BPM utilizaram o tiro
policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Desta forma, nota-se que não se trata de uma situação rotineira, porém em
se tratando de um confronto armado basta um procedimento não feito ou uma ação
precipitada ou errada para que a integridade física do policial seja colocada em risco
ou mesmo que se gerem responsabilizações graves quanto às consequências de
usas atitudes. Assim como entende Giraldi em se tratando do treinamento policial
para o confronto armado:

O policial é consequência das suas experiências, e, sem


experiências anteriores, mesmo que obtidas em treinamentos imitativos da
realidade, irá se perder diante de um fato novo grave, principalmente se a
morte estiver presente, como sempre está durante um confronto armado.
(GIRALDI, 2002)

Portanto, levando em consideração essas concepções sobre o treinamento


policial para o confronto armado, coube a pesquisa, até mesmo para verificação da
hipótese, em relação à instrução que os policiais militares do 4º BPM possuem em
relação ao tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento,
salientando se passaram por capacitações ou contatos com essa técnica nos cursos
de formação e aperfeiçoamento. Sendo assim foi possível identificar os seguintes
resultados:
Figura 29: Gráfico do contato dos policiais do 4º BPM com instruções de tiro policial embarcado nos
cursos de formação e aperfeiçoamento

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Percebe-se que apenas 10% dos policiais entrevistados já tiveram contato


com algum tipo de instrução relacionada ao tiro policial embarcado em viatura quatro
rodas em movimento. Outrossim, cabe ressaltar quantos dos policiais que já
executaram o tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento no
serviço operacional passaram por alguma instrução relacionada a essa técnica.

Tabela 01: Relação entre policiais do 4º BPM que executaram o tiro embarcado em ocorrências e que
foram instruídos quanto ao uso desta técnica

Executaram o tiro policial Não executaram o tiro


embarcado em viatura policial embarcado em
quatro rodas em viatura quatro rodas em
movimento em movimento em
ocorrências policiais ocorrências policiais
Passaram por instrução
de tiro embarcado em
viatura quatro rodas em 2 policiais 1 policial
movimento

Não Passaram por


instrução de tiro
embarcado em viatura 18 policiais 9 policiais
quatro rodas em
movimento

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Sendo assim podemos dimensionar quantitativamente a ocorrência do


fenômeno proposto pela hipótese apresentada por este pesquisador, podendo obter
os seguintes resultados:
Figura 30: Gráfico da relação entre policiais do 4º BPM que executaram o tiro embarcado em
ocorrências e que foram instruídos quanto ao uso desta técnica

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Portanto, foi verificado que a maioria dos policiais do 4º BPM já se utilizou do


tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento mesmo não
possuindo um treinamento específico que lhe proporcione qualificação técnica para
executar esta técnica em cursos de formação e aperfeiçoamento.
Ainda assim, foram levantados dados em relação às concepções pessoais
dos policiais em relação a utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro
rodas em movimento no serviço operacional, percebendo-se que:

Figura 31: Gráfico da concepção pessoal do policial em relação preparado para efetuar o tiro
embarcado

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Ainda caracterizando a falta de confiança que os policiais possuem em


relação ao emprego do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em
movimento foi perguntado aos policiais qual a porcentagem de disparos efetivos
consideravam que conseguiriam efetuar caso utilizassem esta técnica no serviço
operacional em uma situação futura.
Figura 32: Gráfico da porcentagem de disparos efetivos que os policiais efetuariam em sua
concepção caso precisassem fazer uso do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em
movimento

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM

Considerando ainda a concepção dos policiais que trabalham no serviço


operacional diário do 4º BPM, foi perguntado sobre a importância do treinamento do
tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento para o desempenho
do serviço de patrulhamento motorizado e preservação da integridade física da
guarnição policial constatando se que 97% desses policiais acham importante a
execução deste tipo de treinamento conforme o seguinte gráfico:

Figura 33: Gráfico da concepção dos policiais militares do serviço operacional sobre a importância do
treinamento do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento para o serviço
operacional.

Fonte: Questionário com policiais militares do serviço operacional do 4º BPM


6.2. QUESTIONÁRIO ABERTO COM OS INSTRUTORES DE TIRO DA PMMT

Para se avaliar a capacitação da tropa e a efetividade do tiro policial


embarcado em viatura quatro rodas, fez-se necessária a realização da pesquisa com
os instrutores de tiro da instituição, os quais, efetivamente estão à frente das
instruções e treinamentos de tiro executados na Polícia Militar do Estado de Mato
Grosso.
Torna-se também importante comparar as concepções sobre a ocorrência,
emprego, importância e capacitação em relação ao tiro policial embarcado em
viatura quatro rodas em movimento do ponto de vista dos policiais que trabalham no
serviço operacional e os instrutores de tiro da PMMT.
Portanto, primeiramente a primeira pergunta formulada aos instrutores disse
respeito da experiência em serviço operacional deles na utilização do tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas em movimento e qual a efetividade dos disparos
que obtiveram. Dessa forma obtivemos os seguintes resultados:

Tabela 02: Resultados da questão 01 do questionário aberto aos instrutores de tiro da


PMMT

1. O senhor (a) já passou por algum tipo de situação no serviço operacional em que
efetuou tiro embarcado em viatura quatro rodas em movimento? Quanto a
efetividade dos disparos quais foram os resultados obtidos?
Ten Cel PM Setúbal Não.

Maj PM Suzane Sim. Nenhum disparo.

Cap PM Turbino Sim. Não consegui acertar o alvo.

Cap PM Botelho Não.

Dessa maneira podemos perceber que 50% dos instrutores não estiveram
em uma situação, no serviço operacional em que precisaram utilizar a técnica do tiro
policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento. Entretanto a outra
metade já se utilizou dessa técnica, porém não obteve êxito nos disparos.
A segunda questão, por conseguinte, foi formulada de maneira a verificar se
os oficiais já passaram por alguma instrução a qual abordasse o tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas em movimento.

Tabela 03: Resultados da questão 02 do questionário aberto aos instrutores de tiro da


PMMT

2. O senhor(a) já passou por alguma instrução a qual abordasse o tiro embarcado


em viatura quatro rodas em movimento? Quais foram os resultados obtidos quanto
a efetividade dos disparos?

Ten Cel PM Setúbal Sim. Instrução de Tiro Policial Embarcado PMESP. 60%
de acerto.

Maj PM Suzane Somente em curso específico de instrutor de tiro. Cerca


de 40% de efetividade.

Cap PM Turbino Sim. Relativamente baixa a efetividade dos disparos,


mesmo com uma velocidade reduzida.

Cap PM Botelho Sim. No curso de instrutor de tiro. Houve um numero


elevado de tiros não efetivos, uma vez que embarcado
foi observado que o policial perde um dos fundamentos
de tiro, o da posição, não tendo a estabilidade
necessária para realizar o disparo, pelo menos pela
tropa ordinária.

Podemos então observar que 100% dos oficiais instrutores de tiro aos quais
foi aplicado o questionário já tiveram oportunidade de terem sido submetidos a uma
instrução que abordasse o tiro policial embarcado em viatura quatro rodas. Ainda
nesta questão podemos notar que a efetividade desses disparos foi baixa nessa
experiência que tiveram, tendo um resultado de no máximo 60% de efetividade.
A terceira questão foi formulada de maneira a buscar saber se esses oficiais,
como instrutores, proporcionam aos alunos experiências com o tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas e qual a efetividade dos disparos realizados
pelos alunos nos cursos de formação e aperfeiçoamento.
Tabela 04: Resultados da questão 03 do questionário aberto aos instrutores de tiro da
PMMT

3. O senhor (a) proporciona aos instruídos a oportunidade de efetuar o tiro


policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento em instruções de tiro nos
cursos de formação e aperfeiçoamento? Quais foram os resultados obtidos quanto
a efetividade dos disparos? Justifique.

Ten Cel PM Setúbal Não.

Maj PM Suzane Sim. Em média os alunos acertam 10% a 20% dos tiros,
porém a velocidade empregada nas instruções é de 10
km/h a 30 km/h, velocidade que geralmente não é
empregada em acompanhamentos policiais.

Cap PM Turbino Não realizo este tipo de instrução, devido a pouca


quantidade de munições por aluno, para o treinamento,
pouco tempo para instruções. Além disso, o tiro
embarcado requer um espaço (lugar) maior para este
tipo de treinamento, o que não é encontrado nos Stand
de Tiro, no Estado de Mato Grosso. Saliento ainda, que
somente a Academia de Policia Militar Costa Verde e o
Batalhão de Operações Especiais possuem Stand de
Tiro, sendo que nos demais polos, as instruções
necessitam ser realizadas em Stands de Tiro do
Exército, Policia Rodoviária Federal ou em clubes de tiro
Prático.

Cap PM Botelho Não, devido à ementa proposta pela Diretoria de Ensino.


Desta forma, podemos notar que em sua maioria, 75% dos instrutores aos
quais foram submetidos ao questionário, não aplicam instruções de tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas em movimento aos alunos, por uma série de
fatores. Segundo, porém, a Cap PM Suzane, que promove instruções que abordem
este tipo de disparo, afirma que em uma velocidade de 10 km/h a 30 km/h os alunos
tem uma porcentagem de acerto de 10% a 20% em seus disparos embarcados em
viatura quatro rodas em movimento.
Assim a quarta questão diz respeito ao aconselhamento do instrutor aos
alunos, quanto ao emprego da técnica do tiro policial embarcado em viatura quatro
rodas em movimento no serviço operacional.

Tabela 05: Resultados da questão 04 do questionário aberto aos instrutores de tiro da


PMMT

4. O senhor instrui os alunos a aplicarem o tiro policial embarcado em viatura


quatro rodas em movimento em alguma situação? Justifique.

Ten Cel PM Setúbal Não. Instruo e oriento a realização de cerco policial.

Maj PM Suzane De maneira geral não deve ser aplicado o tiro


embarcado, pois em instruções ministradas e por
experiência profissional a efetividade é baixa e o risco
de acerto a terceiros e inocentes é alta. Sendo assim
não é aconselhável. Um dos casos para uso seria
quando a guarnição fosse recebia a tiros em
abordagens ou em acompanhamentos e também
nesses casos deve ser estudado o risco a terceiros.

Cap PM Turbino Sim, mas somente quando sua vida estiver em risco,
devido à dificuldade de se efetuar um disparo com alvo
em movimento. Tanto é verdade, que nem nas
instruções de tiro, rotineiras, são aplicados treinamentos
com alvos em movimento.

Cap PM Botelho Não.


Portanto, percebe-se, que inicialmente, nenhum dos instrutores orienta os
alunos a utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas, porém 50%
deles, e instruem a utilizar-se da técnica em casos de risco a integridade física do
policial, situações extremas, porém da mesma maneira analisando os possíveis
riscos a terceiros.
Ainda na quinta questão abordou-se a importância do treinamento do tiro
policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento para o serviço
operacional, levando em consideração a avaliação dos instrutores, visando também
contrapor as opiniões da tropa operacional.

Tabela 06: Resultados da questão 05 do questionário aberto aos instrutores de tiro da


PMMT

5. Acredita que o treinamento do tiro policial embarcado em viatura quatro


rodas em movimento seja importante para o serviço operacional executado pela
tropa do serviço ordinário? Justifique.

Ten Cel PM Setúbal Não, tendo em vista o nível de treinamento necessário e


os riscos em uma ação real.

Maj PM Suzane O treinamento deve ser realizado para que exista a


conscientização do policial de que o risco de ferir
inocentes é maior do que a efetividade do disparo.

Cap PM Turbino Sim. Tem sua importância um treinamento deste porte,


haja vista que vários policiais trabalham em veículos
(viaturas), e durante o deslocamento para a ocorrência,
muitas vezes, podem se deparar com situações que
necessitem realizar disparos, de dentro do veículo.

Cap PM Botelho Sim, até para que se mostre para a tropa a


complexidade que existe na execução deste tipo de
disparo, por isso, acredito que deve ser ministradas
instruções não somente de tiro embarcado, mas de
outros tipos de técnicas que podem ser empregadas no
serviço ordinário.
75% dos instrutores aos quais foram submetidos aos questionários,
portanto, tem a opinião de que o treinamento do tiro policial embarcado em viatura
quatro rodas em movimento é importante para a preparação do policial para o
serviço operacional, porém não somente para prepara-lo para utilizar essa técnica
quando necessário, mas também para que entenda a complexidade da execução
deste tipo de disparo, conscientizando o policial dos eventuais riscos que assume
quando opta por executar esse tipo de disparo.
O Ten Cel PM Setúbal, o qual não concorda que o treinamento seja
importante para a tropa operacional embasa sua resposta no nível de treinamento
necessário para que o policial execute com êxito este tipo de disparo e ainda a
periculosidade da execução deste tipo de disparo em uma situação real.

A sexta questão submetida aos oficiais instrutores de tiro diz respeito a


capacitação técnica da tropa operacional de executar o disparo embarcado em
viatura quatro rodas em movimento com efetividade.

Tabela 07: Resultados da questão 06 do questionário aberto aos instrutores de tiro da


PMMT

6. Quanto a efetividade do disparo embarcado em viatura quatro rodas em


movimento, o senhor (a) acredita que a tropa ordinária possui capacitação técnica
para efetua-lo? Justifique.

Ten Cel PM Setúbal Não, grande parte dos Policiais Militares tiveram uma
formação muito precária na disciplina tiro policial e a
grande maioria não pratica tiro desde de a sua
formação.

Maj PM Suzane Não, pois infelizmente a tropa não recebe treinamento


nem pra tiro em posições estáticas, imagina em
movimento que devem ser considerados vários
elementos do tiro. Acredito que a tropa não possui
capacitação para tal situação.
Cap PM Turbino Não. Como já havia dito quase nenhum policial militar já
possuiu este tipo de treinamento.

Cap PM Botelho Pela perca de fundamentos de tiro e adversidades como


a trepidação da pista e o balanço da viatura o tiro
embarcado, exceto pelo emprego por tropas
especializadas, porém, quando se trata de formação e
de tropa ordinária, devido a perca do fundamento de tiro
pode sim ocorrer erros e disparos indevidos em pessoas
que não estão envolvidas na ocorrência.

Os instrutores de tiro são unanimes, portanto, na opinião de que a tropa


operacional, não possui capacidade técnica de efetuar o tiro policial embarcado em
viatura quatro rodas em movimento. Isso porque os policiais militares do PMMT não
passam por treinamento específico para que possam realiza-lo e ainda mesmo no
que diz respeito a formação básica na disciplina de tiro policial a maioria possui uma
formação precária e somente nos cursos de formação, o que dificulta a manutenção
e aperfeiçoamento técnico dos policiais nesta área, não tendo, portanto esse policial
capacitação técnica para que se utilize da técnica com segurança e efetividade.

Tabela 08: Resultados da questão 07 do questionário aberto aos instrutores de tiro da


PMMT

7. O senhor(a) acredita que seja necessária a incorporação do treinamento do


tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento às instruções de tiro
da PMMT ou que a deve criar normas de maneira a erradicar este tipo de conduta?
Justifique.

Ten Cel PM Setúbal Analisando a realidade da PMMT em questões de


treinamento, logística, armamento e equipamentos o
mais seguro para o policial militar ainda é o cerco, a
possibilidade de erros são grandes, o prejuízo para o
policial militar é grande, para a sociedade maior ainda.
Maj PM Suzane Acredito que o treinando deve acontecer como forma de
conscientização de não estimulando a ser praticado o
tiro embarcado. Para que ocorra o processo completo
de convencimento o policial deve ter a experiência do
erro.

Cap PM Turbino Creio que seja perfeitamente possível incluir este


treinamento, nas instruções de tiro policial, na PMMT.
Contudo ao efetuar o disparo embarcado, o policial
assume toda a responsabilidade e riscos, que o mesmo
assumiria se efetuasse o tiro a pé. Então falar em criar
normas de maneira a erradicar este tipo de conduta é
um tanto complexo, pois se tivéssemos uma norma
interna que proibisse esses disparos embarcados, e
durante um radio-patrulhamento uma guarnição policial
se deparasse com pessoas, dentro de um veículo em
fuga, e que neste momento, aquelas pessoas
começassem a disparar contra os policiais, estes não
deveriam reagir? Ou então se reagissem e
neutralizassem a ocorrência, deveriam também ser
punidos os policiais? Em todo caso, o mais importante,
na minha opinião é instruir os policiais da dificuldade de
acertar um alvo em movimento, estando o policial
embarcado ou não, para que só assim este policial
possa saber determinar se deve ou não efetuar o
disparo.

Cap PM Botelho Não existe previsão de procedimentos operacionais


padrão, no que tange ao atendimento de ocorrências,
embarcado, a não ser o acompanhamento, dessa forma,
deveria se ter instruções que abordassem o tiro
embarcado para mostrar para o policial a complexidade
da execução deste tipo de disparo.
Assim, podemos notar que 75% dos instrutores acham que seja possível
inserir o treinamento de tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em
movimento na PMMT, ainda que como forma de conscientização policial da
complexidade da execução deste tipo de disparo e dos riscos que corre ao efetua-lo.
Ainda o Ten Cel PM Setúbal, avalia que, levando em consideração a real
situação que se encontra a PMMT, hoje, ainda se torna mais viável estimular os
policiais para que executem o cerco policial, afastando-se do perigo, em casos de
acompanhamentos, e pedindo apoio a outras viaturas para que se execute o cerco.
Quanto a erradicação da conduta, em se tratando de um procedimento
tomado pelo policial em defesa de sua vida não se torna viável que se proíba esse
tipo de ação uma vez que cabe ao policial utilizar-se da discricionariedade policial.
Porém deve sim ser orientado a não utilização desta técnica em situações
sensíveis como: acompanhamento de veículo com possíveis reféns no porta-malas
ou nos bancos do veículo; fuga de veículo ou pessoa abordados. Obviamente por
não caracterizar uma ação legal e legítima de uso da arma de fogo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a expansão das cidades e a necessidade de deslocar-se com mais


rapidez para o atendimento de ocorrências, as instituições policiais tiveram que
evoluírem no policiamento ostensivo. O policiamento ostensivo motorizado, desde
então, tem se tornado um dos processos mais utilizados pelas polícias ostensivas do
mundo. Portanto, hoje, a maioria dos policiais militares passa a maior parte do
tempo, em que estão de serviço, em patrulhamento motorizado embarcado em
viatura quatro rodas. Por conseguinte, fica mais tempo propicio a ter que reagir,
mesmo embarcado, a uma agressão letal.
Essa pesquisa surge a partir de um problema que foi: Os Policiais Militares
do 4º BPM praticam o tiro embarcado em viatura quatro rodas em movimento no
serviço operacional e possuem capacitação técnica para executa-lo?
Dessa maneira geraram-se três hipóteses que buscassem resolver o
problema. A primeira que os policiais militares do 4º Batalhão de Polícia Militar
praticam o tiro policial embarcado no serviço operacional e não possuem
capacitação técnica para utiliza-lo.
A segunda Hipótese é que os Policiais Militares do 4º Batalhão de Polícia
Militar não se utilizam do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em
movimento no serviço operacional. E a terceira hipótese suscitada é que os policiais
militares do 4º Batalhão de Polícia Militar praticam o tiro policial embarcado em
viatura quatro rodas no serviço operacional e possuem capacitação técnica para
executa-lo.
Assim considerando as pesquisas realizadas; Bibliográfica, documental e a
observação direta extensiva, materializada pela aplicação dos questionários;
puderam-se refutar duas hipóteses e confirmar uma delas.
Confirmou-se, portanto, a primeira hipótese. De acordo com os resultados
expostos nas figuras 26, 28, 29, 30 e 32 e nas tabelas 01, 03, 04 e 06, pode-se
comprovar que o tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento é
utilizado pela tropa operacional no serviço diário em ocorrências de diversas
naturezas, eventualmente, porém que esses policiais não possuem treinamento
adequado para que execute esse tipo de disparos com efetividade, devido até a
complexidade desta técnica. Dessa forma também, refutando-se as outras duas
hipóteses.
Ainda cabe salientar que a pesquisa cumpriu seus objetivos, gerais e
específicos. O objetivo geral da pesquisa foi verificar a aplicabilidade da técnica do
tiro embarcado em viatura 4 rodas em movimento pela tropa operacional do 4º BPM
e qual a preparação técnica dos policiais na utilização desse procedimento.
Dessa maneira ficou constatado que a tropa do 4º BPM utiliza-se,
eventualmente, desta técnica, principalmente em ocorrências de acompanhamento,
reação a abordagem e emboscadas a guarnição policial embarcada, porém que não
estão preparados tecnicamente para realizar essa técnica.
Quanto aos objetivos específicos foram cumpridos ao decorrer dos
capítulos. Sendo que o primeiro objetivo específico, conceituar e elucidar conceitos e
percepções sobre o uso da força pelas instituições de segurança pública e no âmbito
da PMMT, foi cumprido no primeiro capítulo o qual teve como título “Uso da Força
Policial”.
O segundo objetivo específico foi cumprido no segundo capítulo de titulo
“Utilização da arma de fogo pelas instituições policiais” sendo que este é: Conceituar
e expor percepções sobre o uso da arma de fogo pelas instituições policiais.
Já o terceiro capítulo, de título “Patrulhamento motorizado em viatura quatro
rodas” cumpriu o terceiro objetivo específico: Conceituar e expor conceitos,
características e percepções sobre o patrulhamento motorizado e as situações
críticas em sua execução.
Ainda, o quarto capítulo cumpriu com o quarto objetivo específico que é:
Explorar o Tiro embarcado em viatura quatro rodas, seu emprego e aceitação da
utilização desta técnica pelas instituições policiais. Tendo como título “Tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas”.
O quinto objetivo específico é: Confrontar o emprego do tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas, pela tropa, o condicionamento técnico no que
tange a essas ações. Esse objetivo foi cumprido no capítulo de exposição e análise
de resultados onde foi possível constatar os resultados obtidos através da coleta de
dados.
Tendo em vista ainda os dados coletados e as analises feitas em relação ao
tema proposto, considerando os fatores observados durante a pesquisa, por fim
ainda ressaltam-se algumas sugestões referentes ao assunto.
Investimento em capacitação da tropa na área de tiro policial por meio,
primeiramente de estruturação dos stands de tiro que temos em nossa instituição e
em seguida em maior previsão em orçamento para aquisição de munições e
pagamento de mais horas aula dessa disciplina nos cursos de formação e
aperfeiçoamento. Isso porque, foi observado que os stands de tiro da PMMT,
localizados na Academia de Polícia Militar Costa verde e do Batalhão de Operações
Policiais Especiais não comportam o desenvolvimento de todos os tipos de
instruções a serem ministrados e no aspecto das munições e pagamento de horas
aula foi constatado precariedade do desenvolvimento dessa disciplina nos cursos de
formação e aperfeiçoamento.
Proporcionar ao policial uma capacitação continuada na disciplina de tiro
policial, pós-curso de formação, de maneira que esteja sempre em contato com as
técnicas a serem empregadas no serviço operacional, uma vez que durante as
pesquisas observou-se que muitos policiais além de só terem tido instruções de tiro
durante seus cursos de formação, essas instruções foram precárias e carentes de
recursos para serem desenvolvidas.
Incorporação de técnicas suplementares ao Método Giraldi nos treinamento
de tiro da PMMT, visando à preparação do policial para uma gama maior de
ocorrências a serem enfrentadas no serviço operacional e buscando a
conscientização do profissional para a dificuldade do emprego que determinadas
técnicas.
Incorporação do treinamento de Tiro Policial Embarcado na ementa da
disciplina de tiro policial, visando mostrar ao policial militar a complexidade desse
tipo de disparo e prepara-lo ao menos basicamente para caso precise executar essa
técnica em defesa de sua vida no serviço operacional tenha aumentada as chances
de proporcionar uma resposta mais efetiva e segura.

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