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Palavras-chave:
Tiro Policial; Patrulhamento motorizado; Confronto armado; Capacitação técnica.
INTRODUÇÃO
1
MUNIZ, Jaqueline de Oliveira; JÚNIOR, Domício Proença. Mandato policial. Crime, Polícia e
Justiça no Brasil, São Paulo: Editora Contexto, 2014.
2
CORRÊA, Marcelo Vladimir. Uso Diferenciado da Força. Disponível em:
<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/saibamais1.pdf> Acesso em:
25 ago. 2014.
3
BITTNER, Egon. Aspectos do Trabalho Policial. Traduzido por Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. p. 236.
apreciação política, social e judicial. Sendo assim, fica evidente a importância da
observação, por parte do agente policial, as normas e diretrizes que delimitam suas
ações na execução do mandato policial.
O uso da força policial, portanto, trata-se de um tema complexo o qual
envolve sob a visão de uma sociedade fundada em um Estado Democrático de
Direito a garantia do o exercício dos Direitos sociais a todos os cidadãos e o
cerceamento deles quando em prol do coletivo. Não pode o Estado, portanto, vir a
cometer abusos que extrapolem os limites que instituem o poder de polícia da
administração do Estado e muito menos violar direitos fundamentais como o Direito
a vida, sem que a própria sociedade lhe de causa.
4
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p. 21-22.
Podemos, portanto, perceber que o Accountability policial, “[...] produto que
permite converter e materializar responsabilidades em responsabilização.” 5, no que
se refere ao uso da força, perpassa pela análise desses princípios devendo o policial
verificar se os atende ao utilizar a força em seu mandato policial.
5
MUNIZ, Jaqueline de Oliveira; JÚNIOR, Domício Proença. Da Accountability Seletiva à Plena
Responsabilidade Policial. Polícia, Estado e Sociedade: Práticas e Saberes Latino-Americanos. Rio
de Janeiro: Viva Rio, 2007. p. 28. Disponível em:
<http://www.comunidadesegura.org/files/policiaestadosociedadepraticasesabereslatinoamericanos.pdf
>. Acessado em: 25 ago. 2014.
6
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007.
1.1.2. Níveis de força policial
7
CORRÊA, Marcelo Vladimir. Uso Diferenciado da Força. Disponível em:
<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/saibamais1.pdf> Acesso em:
25 ago. 2014.
8
SENASP. Uso Diferenciado da Força: Modulo II - Modelos de Uso Diferenciado da força. Disponível
em: <http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/modulo2.pdf> Acessado
em: 25 ago. 2014.
Figura 1: Modelo Do Uso Diferenciado Da Força SENASP.
A ação policial reflete os termos do pacto social feito por determinada polity,
podendo dizer então que a polícia trabalha de acordo com regras estabelecidas pela
sociedade, permitindo ou não que utilize da força devidas situações, assim como fica
evidente nos modelos de uso progressivo da força, os quais variam as atuações
policiais em resposta a mesmos eventos ou ações agressivas, uma vez que
comportamentos aceitáveis em determinada sociedade não correspondem a
praticados em outras.
Podemos dizer, portanto, que os fatores sociais como cultura, ordenamento
jurídico e costumes influenciam diretamente nas regras do pacto social que permite
que a polícia monopolize o uso da força, traçando maneiras de atuar diferenciadas
em cada sociedade. Assim como explicita Muniz e Júnior em sua obra:
O policial, desta maneira, deve estar preparado para fazer uso da arma de
fogo, ou seja, da força letal somente quando estritamente necessário, para que não
se transforme o uso técnico do maior nível de força em uma expressão de maior
nível de violência contra o cidadão.
10
ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS. Direitos Humanos e Aplicação da Lei: Manual de
Formação em Direitos Humanos para as Forcas Policiais. Genebra: Alto Comissariado das
Nações Unidas para Direitos Humanos, 1997. p.118. Disponível em:
<http://www.gddc.pt/direitos-humanos/Manual1.pdf>. Acessado em 25 ago. 2014.
11
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p. 17.
2. UTILIZAÇÃO DA ARMA DE FOGO PELAS INSTITUIÇÕES POLICIAIS
O ser humano desde tempos remotos de sua história diferencia-se pela sua
capacidade de criativa e racional, o que levou-o, segundo relatos históricos, a
aproximadamente 2,5 milhões de anos, desenvolver instrumentos que, na época, o
permitiram adaptar materiais como cascas de árvore e couro e alargar sua produção
de comida, de modo a garantir sua sobrevivência baseada em necessidades
biológicas e também na segurança.
A evolução humana, o aumento de suas necessidades, o desenvolvimento
das sociedades e do conhecimento, levou-nos a criar e desenvolver cada vez mais
instrumentos os quais nos ajudariam em tarefas comuns como construir, lavrar e
caçar, ou em uma visão maior dominar, explorar e conquistar.
A necessidade de segurança levou-nos também a utilizarmos instrumentos
para proteção externa, no que diz respeito a outros povos, e interna, com relação a
preservação de normas e valores sociais. Desencadeando também o avanço de
tecnologias voltadas a essa área traduzindo esses avanços em poder.
Perpassando pelos vários períodos históricos as armas e sua utilização,
desde as mais primitivas até as armas de fogo, têm grande participação no
desenvolvimento das sociedades humanas, decidindo momentos importantes da
história mundial desenvolvendo, assim, uma visão associativa entre poder e armas.
O profissional de Segurança Pública, assim como quaisquer outros
profissionais, possuem seus instrumentos de trabalho. Porém, diferentemente de
outras profissões o principal desses instrumentos é a arma de fogo. Como
profissionais os policiais devem ser aptos a utilizar esse instrumento da melhor
maneira possível, para sua atividade fim, uma vez que sua utilização pode gerar
vários tipos de repercussões principalmente no que diz respeito a percepção social,
responsabilidades jurídicas e a vida do policial, como muito bem explica Giraldi:
12
GIRALDI, Nilson. “Tiro defensivo na preservação da vida”, “Método Giraldi”, e sua “Doutrina
para a atuação armada da polícia e do policial com a finalidade de servir e proteger a
sociedade e a si próprio”. São Paulo: PMESP, 2002. p. 2.
composta primeiramente por elementos simples e de fácil acesso na natureza: pó de
carvão de madeira, enxofre e salitre.13
A partir de 1300 surgem as primeiras armas de fogo, após a percepção da
capacidade da pólvora produzir energia suficiente para arremessar um projétil,
sendo as primeiras armas de fogo produzidas por europeus e chamadas bombardas,
cinquenta anos mais tarde o surgimento das primeiras armas portáteis ou canhões
de mão, os quais utilizavam o mesmo princípio dos primeiros canhões; um cano
metálico fundido com um dos lados fechados onde eram inseridos o projétil e
pólvora, porém com dimensões menores e adaptadas para o uso individual .
Até então era muito trabalhoso utilizar tal arma, uma vez que
necessitava-se de dois homens para que o disparo fosse efetuado, uma para
manejar e fazer a mira e outro para iniciar a reação ascendendo a pólvora. Por isso,
mecanismos visando tornar este instrumento mais prático e útil se desenvolveram.
Primeiramente, aproximadamente cem anos após a aparição dessas primeiras
armas, em 1411, desenvolve-se um mecanismo chamado mecha; Uma corda
comprida fervida em salitre ou acetato de chumbo que queimava lentamente,
sempre deixando um ponto de brasa, o qual fazia contato com a carga de ignição
disparando o projétil.
Ainda pela dificuldade e necessidade de manter fogo por perto para que
conseguissem efetuar disparos, outro mecanismo surge. A produção de fagulhas por
atrito foi o próximo passo na evolução histórica das armas de fogo, um sistema mais
conhecido como de pederneira. Esse sistema acelerou muito o carregamento, as
pederneiras de roda utilizam-se de uma pedra de pirita que em um choque com
metal áspero, como um isqueiro, produzia faísca para acender o propelente. Mais a
frente ainda o sistema de pederneira de sílex, mecanismo no qual a se acionar o
gatilho uma lasca de sílex, na ponta de um mecanismo parecido com um cão das
armas mais modernas, caia chocando-se com uma placa de aço, gerando faísca.
Esse tipo de tecnologia permaneceu até os anos 1800, até o surgimento dos
cartuchos (reunião de propelente e projétil em um mesmo compartimento) e o
sistema de percussão, primeiramente extrínseca; quando a cápsula contendo a
carga detonante, também chamada de carga de ignição ou fulminante é uma peça
isolada que se adapta a um pequeno tubo saliente ligado à câmara de combustão
14
MACHADO, Maurício Corrêa Pimentel. Coleção Armamento: Armas Munições e equipamentos
policiais. Cascavel: Gráfica Tuícial, 2010. p. 26.
15
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007. p. 25.
Nesse contexto o Manual de Procedimento Operacional Padrão da PMMT
traz mais um instrumento com a finalidade de regular o tiro policial, estabelecendo
parâmetros a serem considerados para que se faça o uso da força letal, além dos
princípios legais e éticos. O triangulo do tiro baseia o tiro policial em três aspect;os:
Habilidade, Oportunidade e Risco.
2.3.1. Empunhadura
Empunhadura se define como a pegada da arma e ocorre desde antes de a
arma ser retirada do coldre. A correta empunhadura permitirá ao Policial estar
sempre em condições de atirar, portanto mais seguro. Porém deve-se observar o
conforto e adaptação do policial de maneira que garanta a efetividade de seu tiro.
Nas armas de porte, ou seja, pistolas e revolveres, utilizadas na atividade policial, a
empunhadura é feita, basicamente pelo dedo polegar e médio, os quais darão
sustentação a arma, sendo que os dedos anelar e mínimo se dispõem na coronha e
o indicador sobre o guarda mato.
A mão fraca além de dar apoio ao se sobrepor a mão forte, também funciona
como uma forma de realizar forças contrarias visando sempre a maior estabilidade
da arma de fogo. Esse fundamento representa grande influencia sobre um disparo
efetivo e preciso, uma vez que esta diretamente ligada a estabilidade do armamento,
pois sua não observância pode causar pequenos tremores ou o deslocamento do
cano para cima ou para baixo.
2.3.2. Visada
Portanto, podemos dizer que o policial no momento do disparo deve ter total
controle sobre a tecla do gatilho, para que isso aconteça o policial necessita passar
por treinamentos em que sejam necessários o acionamento gradativo da tecla do
gatilho sempre prezando pela estabilidade da arma de fogo, não deixando que a
força exercida no gatilho influencie no direcionamento do cano da arma, voltado para
o alvo.
Ainda temos um outro ponto neste fundamento, o posicionamento do dedo
indicador, a tecla do gatilho deve ser acionada com o encontro entre a falange distal
e a falange e medial, utilizando a maior porção da falange distal sem ultrapassar a
16
FERNANDES, Igor Pires. Atividade psicomotora na atividade policial. Várzea Grande:
Academia de Polícia Militar Costa Verde, 2012.
medial. Ainda sendo importante considerar que o movimento de acionamento
sempre será a retaguarda e não as diagonais.
2.3.4. Respiração
A respiração deve ser totalmente controlada pelo atirador uma vez que pode
dificultar o enquadramento do alvo desencadeando desvios. Dessa forma é
aconselhado que o atirador esteja com a respiração trancada no momento de
realização do disparo, uma vez que se torna praticamente impossível se realizar um
disparo preciso executando uma respiração normal. Isso se deve ao movimento de
expansão e relaxamento do tórax que interfere no posicionamento estático do
atirador no momento do disparo.
É claro que no momento de um confronto armado o atirador não pode estar
preocupado com pensar em trancar a respiração antes de efetuar o disparo, assim
como todos os outros fundamentos este deve ser um procedimento natural
decorrente de treinamentos, de maneira que se transformem em reflexos do atirador.
17
SETÚBAL, Rhaygino Sarly Rodrigues. Tiro Policial: Uma proposta de mudança na formação
e capacitação do policial militar. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2003.
O Método Giraldi desenvolvido pelo Cel PM Nilson Giraldi da Polícia Militar
do Estado de São Paulo é baseado nas normas internacionais as quais regulam o
uso da força policial como: As “Sete Normas Internacionais de Direitos Humanos
Aplicáveis à Função Policial e Função Policial Armada”; Os “Princípios da Carta da
ONU para o Assunto”; As “Diretrizes Internacionais de Direito Internacional dos
Direitos Humanos”; As “Convenções e Tratados Internacionais” dos quais o Brasil é
signatário. Além de atender ao ordenamento jurídico nacional e a realidade social,
política e orçamentária das Polícias Militares Brasileiras.
Segundo Giraldi o método criado por ele tem as seguintes finalidades:
18
GIRALDI, Nilson. “Tiro defensivo na preservação da vida”, “Método Giraldi”, e sua “Doutrina
para a atuação armada da polícia e do policial com a finalidade de servir e proteger a
sociedade e a si próprio”. São Paulo: PMESP, 2002. p. 7.
19
Idem, p. 9.
envolvido pelo fato verdadeiro. Quando o policial é surpreendido por um
confronto armado, onde a morte está sempre presente, suas emoções e
reações são tão intensas que, normalmente, antecedem o raciocínio; por
isso a necessidade do condicionamento positivo anterior.
Leva em consideração que “não basta o policial saber o que tem
que fazer; tem que estar condicionado a fazer”. “Não basta saber atirar; tem
que saber quando atirar e saber executar procedimentos, isto porque, na
quase totalidade das vezes procedimentos, e não tiros, é que preservam
vidas e solucionam problemas”. Esses são os motivos pelos quais, quando
da instrução, mais de 95% dos exercícios são procedimentos; menos de 5%
são disparos. 20
c. Patrulhamento Motorizado
1) Vantagens
a) Grande Mobilidade em eixos e eficiência para patrulhar grandes
espaços, em pouco tempo;
25
MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Manual Basico de policiamento ostensivo. Porto Alegre: Inspetoria
Geral das Polícias Militares, 1999.
26
DISTRITO FEDERAL. Manual do patrulheiro. Brasília: Polícia Militar do Distrito Federal, 1983.
4. A área de patrulhamento do 1º homem é a parte frontal da
viatura, lateral direita e retaguarda pelo espelho retrovisor direito; é o
encarregado das comunicações via rádio, e com terceiros quando nas
abordagens;
5. O 2º homem é o motorista da guarnição, responsável pela
viatura, sua manutenção, limpeza e condução;
6. A área de patrulhamento do 2º homem é pela parte frontal à
viatura, e retaguarda pelo espelho retrovisor esquerdo e lateral esquerda;
7. O 3º homem, (quando houver), é responsável pelo equipamento
e armamento da viatura, quando desembarcado é o segurança do
comandante da guarnição;
8. Quando em patrulhamento o 3º homem deverá sentar-se atrás
do motorista sendo segurança deste, e também, deverá fazer o balizamento
para que a viatura estacione;
9. A área de patrulhamento do 3º homem é pela parte lateral
esquerda e retaguarda, quando a viatura for de camburão fechado, deverá
permanecer com o rosto voltado para o lado esquerdo; (MATO GROSSO,
2009).27
27
MATO GROSSO. Manual de Procedimento Operacional Padrão. Cuiabá: Editora de Liz, 2009.
p.163.
Figura 19: Guarnição policial embarcada em viatura da PMMT
28
LIMA, João Cavalim de. Atividade Policial e o Confronto Armado. Curitiba: Juará, 2007.
vez esses conseguirem se distanciar do veículo dão cobertura para que o outro
integrante possa também sair.
Podemos pontuar essas ações como críticas pois além de gerarem riscos de
acidentes podendo causar danos a guarnição de serviço, aos suspeitos e possíveis
transeuntes podem evoluir para uma situação de confronto armado. Caso a
29
MATO GROSSO. Manual de Procedimento Operacional Padrão. Cuiabá: Editora de Liz, 2009.
p.184.
30
Idem, p.185.
guarnição se ver nesta situação devem ter muita cautela em suas ações, uma vez
que em caso de estar seguindo um veículo quatro rodas, não se deve descartar a
possibilidade de haver reféns.
Outro conceito que o Manual de Procedimento Operacional Padrão da
PMMT traz no processo 304 é o de perseguição:
Esta atitude, por mais que muitas vezes observada em filmes policiais ou
adotada por outras instituições policiais do mundo, não deve ser executada pelas
guarnições policiais de serviço em nosso estado, uma vez que temos como principal
princípio das abordagens policiais a segurança. Podemos ainda apresentar esta
situação como uma atitude agressiva e que causa sensação de insegurança a
população, indo contra aos fundamentos de preservação da ordem e tranquilidade
pública a qual é missão constitucional das Polícias Militares.
31
MATO GROSSO. Manual de Procedimento Operacional Padrão. Cuiabá: Editora de Liz, 2009.
p.185.
possível, uma vez que são raros os treinamentos de como agir em situações de
confronto armado com a guarnição embarcada.
Um disparo pelo para-brisa, ou uma tentativa de disparar a arma de fogo
colocando o armamento para fora da viatura podem não ser procedimentos ideais
nesta situação. Um disparo de arma de fogo dentro da viatura pode causar danos ao
policial pela quebra do para-brisa, além de atordoamento devido ao elevado nível de
decibéis oriundos do disparo. Porém se for o único procedimento a ser tomado para
salvaguardar a integridade e a vida da guarnição os policiais militares necessitam
estar preparados para atuar de tal maneira, uma vez que se trata de uma situação
atípica.
Ainda outro fator a ser observado é a não utilização deste tipo de disparo
evitando evitar uma eventual fuga do abordado ou de veículo em bloqueio, não
sendo este ato proporcional a uma agressão letal sofrida pelo policial, podendo gerar
responsabilizações judiciais, administrativas e consequências indesejadas.
32
SENASP. Uso Diferenciado da Força: Modulo II - Modelos de Uso Diferenciado da força.
Disponível em: <http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/01068/anexos/modulo3.pdf>
Acessado em: 25 ago. 2014.
Figura 21: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas.
Nesta posição o policial expõe uma parte maior da cabeça e braço para fora
da viatura na para obter uma melhor visada, precisando apoiar-se na porta da e
levantar parte do corpo do banco. Executando um disparo com mais influencias de
ações externas na estabilidade do armamento: tremores decorrentes da
movimentação da viatura, irregularidades da pista e do princípio físico da inércia que
influencia o atirador, o qual tende a continuar em seu movimento.
Figura 23: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas
Desta forma podemos notar que o policial efetua uma empunhadura simples,
com uma das mãos, na tentativa de ganhar mobilidade para efetuar o disparo
utilizando-se do outro braço para apoiar-se. Desta forma podemos observar que
perde a estabilidade que a posição de tiro deveria proporcionar, porém ganha mais
mobilidade. Deve ser, porém, levado em consideração a dificuldade de estabilização
da arma para execução da visada aumentada nessa posição.
Figura 25: Posição de tiro embarcado em viatura quatro rodas
Por mais que o policial, o qual está no serviço operacional, em seu curso de
formação não tenha contato com técnicas de tiro embarcado em algumas situações
emprega esse tipo de técnica, geralmente como forma de legítima defesa da
guarnição policial de serviço.
Torna-se perfeitamente possível que o policial faça uso do tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas em movimento, contudo deve saber, o policial,
que está sujeito a assumir as mesmas responsabilidades e riscos de um disparo em
pé, assim como segundo o Cap PM Fernando Francisco Turbino Santos,
atualmente, instrutor de tiro policial do segundo ano do Curso de Formação de
Oficiais da PMMT:
Contudo ao efetuar o disparo embarcado, o policial assume toda a
responsabilidade e riscos, que o mesmo assumiria se efetuasse o tiro a pé.
Então falar em criar normas de maneira a erradicar este tipo de conduta é
um tanto complexo, pois se tivéssemos uma norma interna que proibisse
esses disparos embarcados, e durante um radio-patrulhamento uma
guarnição policial se deparasse com pessoas, dentro de um veículo em
fuga, e que neste momento, aquelas pessoas começassem a disparar
contra os policiais, estes não deveriam reagir? Ou então se reagissem e
neutralizassem a ocorrência, deveriam também ser punidos os policiais? Em
todo caso, o mais importante, na minha opinião é instruir os policiais da
dificuldade de acertar um alvo em movimento, estando o policial embarcado
ou não, para que só assim este policial possa saber determinar se deve ou
não efetuar o disparo. (SANTOS, 2014)
Quanto aos fins podemos dizer que trata-se de uma pesquisa exploratória e
descritiva. Exploratória devido a escassez de estudos anteriores realizados sobre o
tiro embarcado em viatura quatro rodas, caracterizada, basicamente, pela pesquisa
bibliográfica e a entrevista realizada com os instrutores de tiro da PMMT buscando
arrecadar dados relativos a fundamentação desta técnica baseada em princípios já
existentes e arrecadação de percepções sobre o assunto a partir das experiências
dos instrutores de tiro da instituição.
Descritiva, uma vez que busca descrever características do fenômeno “Tiro
embarcado em viatura quatro rodas em movimento” observando suas
peculiaridades. Sendo que, esse tipo de pesquisa pode ser materializado pela coleta
de dados através dos questionários fechados com a tropa operacional do 4º BPM e
a análise da experiência executada, voltada para a execução do tiro embarcado em
viatura quatro rodas em movimento.
5.5.1. População:
5.5.2. Amostra:
Figura 26: Gráfico da utilização do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento
pela tropa do 4º BPM
Figura 27: Gráfico da natureza das ocorrências em que se empregou o tiro policial embarcado em
viatura quatro rodas em movimento pelos policiais do 4ºBPM
Desta forma, nota-se que não se trata de uma situação rotineira, porém em
se tratando de um confronto armado basta um procedimento não feito ou uma ação
precipitada ou errada para que a integridade física do policial seja colocada em risco
ou mesmo que se gerem responsabilizações graves quanto às consequências de
usas atitudes. Assim como entende Giraldi em se tratando do treinamento policial
para o confronto armado:
Tabela 01: Relação entre policiais do 4º BPM que executaram o tiro embarcado em ocorrências e que
foram instruídos quanto ao uso desta técnica
Figura 31: Gráfico da concepção pessoal do policial em relação preparado para efetuar o tiro
embarcado
Figura 33: Gráfico da concepção dos policiais militares do serviço operacional sobre a importância do
treinamento do tiro policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento para o serviço
operacional.
1. O senhor (a) já passou por algum tipo de situação no serviço operacional em que
efetuou tiro embarcado em viatura quatro rodas em movimento? Quanto a
efetividade dos disparos quais foram os resultados obtidos?
Ten Cel PM Setúbal Não.
Dessa maneira podemos perceber que 50% dos instrutores não estiveram
em uma situação, no serviço operacional em que precisaram utilizar a técnica do tiro
policial embarcado em viatura quatro rodas em movimento. Entretanto a outra
metade já se utilizou dessa técnica, porém não obteve êxito nos disparos.
A segunda questão, por conseguinte, foi formulada de maneira a verificar se
os oficiais já passaram por alguma instrução a qual abordasse o tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas em movimento.
Ten Cel PM Setúbal Sim. Instrução de Tiro Policial Embarcado PMESP. 60%
de acerto.
Podemos então observar que 100% dos oficiais instrutores de tiro aos quais
foi aplicado o questionário já tiveram oportunidade de terem sido submetidos a uma
instrução que abordasse o tiro policial embarcado em viatura quatro rodas. Ainda
nesta questão podemos notar que a efetividade desses disparos foi baixa nessa
experiência que tiveram, tendo um resultado de no máximo 60% de efetividade.
A terceira questão foi formulada de maneira a buscar saber se esses oficiais,
como instrutores, proporcionam aos alunos experiências com o tiro policial
embarcado em viatura quatro rodas e qual a efetividade dos disparos realizados
pelos alunos nos cursos de formação e aperfeiçoamento.
Tabela 04: Resultados da questão 03 do questionário aberto aos instrutores de tiro da
PMMT
Maj PM Suzane Sim. Em média os alunos acertam 10% a 20% dos tiros,
porém a velocidade empregada nas instruções é de 10
km/h a 30 km/h, velocidade que geralmente não é
empregada em acompanhamentos policiais.
Cap PM Turbino Sim, mas somente quando sua vida estiver em risco,
devido à dificuldade de se efetuar um disparo com alvo
em movimento. Tanto é verdade, que nem nas
instruções de tiro, rotineiras, são aplicados treinamentos
com alvos em movimento.
Ten Cel PM Setúbal Não, grande parte dos Policiais Militares tiveram uma
formação muito precária na disciplina tiro policial e a
grande maioria não pratica tiro desde de a sua
formação.