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ACADEMIA DE POLÍCIA INTEGRADA CORONEL SANTIAGO

COORDENADORIA DE ENSINO POLICIAL


CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS DA POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA

SÉRGIO LUIZ BATISTA LAGE JUNIOR

E M P R E G O DE P ESSOAS COM DEFICIÊNCIA PARA ATUAR NA


REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE-MEIO NA POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA

Boa Vista,
RR 2023
SÉRGIO LUIZ BATISTA LAGE JUNIOR

E M P R E G O DE P ESSOAS COM DEFICIÊNCIA PARA ATUAR NA


REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE-MEIO NA POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito obrigatório para habilitação de Oficiais da
Policia Militar de Roraima. Quadro QPCPM da
Polícia Militar de Roraima,

Orientadora: Prof. MSc. Biólogo Francisco de Assis


Ferreira Falcão

Área de Concentração: Ética, Cidadania e Direitos


Humanos.
SÉRGIO LUIZ BATISTA LAGE JUNIOR

E M P R E G O DE P ESSOAS COM DEFICIÊNCIA PARA ATUAR NA


REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE-MEIO NA POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito obrigatório
para habilitação de Oficiais da Policia
Militar de Roraima. Quadro QPCPM da
Polícia Militar de Roraima. Área de
Concentração: Ética, Cidadania e Direitos
Humanos. Defendida em 06 de março de
2023 e avaliada pela seguinte banca
examinadora:

Prof. MSc. Biólogo Francisco de Assis Ferreira Falcão


Co-Orientador: Biólogo. (UFAM). Mestre em Ensino de Ciências (UERR)

1° TEN QOC PM Rosimeri Albano Corrêa Costa


Instrutora: Bacharel em Segurança Pública

CAPITÃO QCO PM - Raimundo Inácio Fujita Ferreira


Licenciatura Plena em História- UFRR.
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E M P R E G O DE P ESSOAS COM DEFICIÊNCIA PARA ATUAR NA


REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE-MEIO NA POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA

Sérgio Luiz Batista Lage Junior1


Francisco de Assis Ferreira Falcão2
Rosimeri Albano Corrêa Costa3

RESUMO
.
O objetivo deste trabalho é, portanto, discutir a possibilidade de contratação de
pessoas com deficiência, através de concurso público, para algumas atividades-meio
da Polícia Militar de Roraima, desde que respeitando as limitações de cada caso, e
em funções que não interfiram diretamente com a atividade-fim da Polícia Militar, de
forma que os policiais hoje empregados nestas funções administrativas possam ser
revertidos ao serviço operacional, trazendo maior abrangência e efetividade no serviço
operacional, bem como trazendo oportunidades às pessoas com deficiência que há
tempos almejam serem inseridas e valorizadas no mercado de trabalho. Como
metodologia de pesquisa, foi realizada uma revisão bibliográfica e documental sobre
o tema, pesquisando artigos, estudos e leis relacionados ao assunto, a fim de, obter
informações sobre as limitações existentes na realização de concurso público para
contratação de pessoas com deficiência física para atividades-meio da Polícia Militar.
A compilação dos dados e informações obtidos permitiram a análise e reflexão sobre
o tema proposto, de forma a gerar conclusões relevantes para a área estudada. Estas
conclusões foram utilizadas para apontar a conduta de estratégias de melhoria da
gestão de recursos humanos, visando o aperfeiçoamento dos serviços prestados.

Palavras Chaves – Polícia Militar de Roraima, Pessoa com Deficiência, Atividade-


meio, Atividade-fim.

1
Aluno do Curso de Habilitação de Oficiais da Polícia Militar de Roraima. Bacharel em Direito (UERR), Especialista
em Gestão Pública Municipal (IFRR). Trabalha na Polícia Militar de Roraima. E-mail: slbljr@gmail.com.
2
Licenciado em Biologia (UFAM). Mestre em Ensino de Ciências (UERR). Trabalha na Secretaria de Educação de
Roraima. E-mail: prof.franciscofalcao@gmail.com.
3
Bacharel em Segurança pública (UERR) 1° TEN QOC PM. Trabalha na Polícia Militar de Roraima. E-mail:
rosi@gmail.com
5

ABSTRACT

The objective of this work is, therefore, to discuss the possibility of hiring people with
disabilities, through a public tender, for some middle activities of the Military Police of
Roraima, provided that the limitations of each case are respected, and in functions that
do not directly interfere with the core activity of the Military Police, so that the police
officers currently employed in these administrative functions can be reverted to the
operational service, bringing greater scope and effectiveness in the operational
service, as well as offering opportunities to people with disabilities who have long
sought to be inserted and valued in the labor market. As a research methodology, a
bibliographic and documentary review on the subject was carried out, researching
articles, studies and laws related to the subject, in order to obtain information about
the existing limitations in carrying out a public tender for hiring people with physical
disabilities for activities -Middle of the Military Police. The compilation of data and
information obtained allowed the analysis and reflection on the proposed theme, in
order to generate relevant conclusions for the studied area. These conclusions were
used to point out the conduct of strategies to improve the management of human
resources, aiming at improving the services provided.

Keywords – Military Police of Roraima, Disabled Person, Middle-Activity, End-Activity.

INTRODUÇÃO
O objeto de estudo deste trabalho trata de um tema polêmico envolvendo
candidatos de concursos públicos e as Policias Militares de todo o Brasil. Há algum
tempo o assunto tem sido levado a diversos tribunais pelo país. Fenômeno observado,
inclusive, recentemente no Concurso para provimentos de vagas para a Polícia militar
de Roraima - PMRR.
Trata-se, portanto do fato das Policias Militares não reservarem vagas para
pessoas com deficiência – PcD, em seus concursos, tendo como justificativa
fundamental das instituições castrenses a premissa de que as atividades profissionais
de um Policial Militar são incompatíveis com limitações de ordem física. Dessa forma,
a corporação não teria a obrigação legal de reservar vagas para Pessoas com
deficiência - PcD em seus concursos públicos.
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No entanto, as Policias Militares se limitam em responder quando


questionadas, que a função de Policial Militar é para pessoas que lograram êxito nas
etapas mais criteriosas para o ingresso na instituição. Embora o exercício da atividade
policial não se destine apenas a atividade fim.
Com o objetivo geral de subsidiar a PMRR com parâmetros de emprego de
pessoas civis, Portadoras com Deficiência – PcD, na administração policial militar, em
substituição de efetivo policial militar da ativa, para que haja otimização dos recursos
humanos da atividade-meio, com ganho significativo para a atividade-fim, além de
promover a inclusão social destas pessoas. Para tal foram estabelecidos os seguintes
objetivos específicos: a) Discutir o emprego de servidores civis portadores de
deficiência no âmbito da Polícia Militar de Roraima); b) Sugerir estudo para a
recondução de policiais na atividade-meio para atividade-fim; c) Propor, pesquisa que
aponte, conforme a legislação reguladora, quais as atividades que possam ser
atribuídas a pessoas com deficiência no âmbito administrativo da PMRR.
O policial é responsável por atuar em diversas áreas, desde o controle da
criminalidade até o monitoramento de manifestações e situações de conflito. Para
isso, ele conta com diversos meios, tanto materiais quanto tecnológicos. Entre os
materiais, podemos citar armamento, equipamentos de proteção individual, veículos,
rádios, câmeras, entre outros. Quanto aos meios tecnológicos, destacam-se os
sistemas de vigilância eletrônica, como câmeras de segurança, sistemas de
reconhecimento facial e acompanhamento de veículos, bem como os sistemas de
informação geográfica e bases de dados.
Além da atividade-fim a ser desempenhada pelos policiais muitas são as
atribuições em funções administrativas, ou seja, em atividade-fim, de forma que a
inclusão de pessoas com deficiência na PMRR contribuiria para a diversidade, o que
é extremamente importante para o aperfeiçoamento e o crescimento da corporação.
Além disso, a inclusão de pessoas com deficiência permitiria que mais pessoas
pudessem usufruir dos benefícios trabalhistas, melhorando assim a qualidade de vida
destas pessoas. Por fim, a inclusão destas pessoas contribuiria para a
conscientização da sociedade sobre a importância de tratar pessoas com deficiência
de forma igualitária.
O presente estudo justifica-se pela otimização do pessoal, trazendo à
população maior sensação de segurança, bem como pela importância social,
proporcionando aos deficientes físicos oportunidades profissionais, tirando-os das
7

margens da sociedade e, além disso, proporcionando oportunidades de emprego


científico ao efetivo, acarretando em reconhecimento da população, a valorização do
policial-militar e uma melhor adequação às escalas de serviço.
Nesse aspecto, abordou-se a problemática da contratação de pessoas civis
com alguma deficiência, através de concurso público para trabalharem na área
administrativa da corporação.
A metodologia de pesquisa foi do tipo exploratória, com buscas bibliográficas
e análise documental, levantamento de dados e entrevista com autoridades da Polícia
Militar de Roraima. Ao final, este estudo, apresenta propostas de discussão, visando
a inclusão das pessoas com deficiência para aturem na atividade-meio na PMRR.

1. POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA


A Polícia Militar de Roraima foi instituída por meio da Lei Complementar nº
027, de 09 de setembro de 1998, (RORIAMA, 1998) Lei, esta, modificada pela Lei
Complementar nº 081 de 10 de novembro de 2004, (RORAIMA, 2004) que estabelece
em sua estrutura organizacional em órgãos de direção, órgãos de apoio e órgãos de
execução. Contudo a um policiamento independente já se fazia presente desde da
criação do Território Federal. Conforme o histórico da PMRR:

Com a criação do Território Federal do Rio Branco, desmembrado do norte


do Estado do Amazonas em 1943, foi instituída a Guarda Territorial (GT).
Essa Corporação era civil e tinha por objetivo a manutenção da ordem
interna, além da reparação e construção de edifícios públicos, estradas e
caminhos, serviços de transportes, e outras atribuições correlatas. Em 1975,
através da Lei n° 6.270, a Guarda Territorial foi extinta e criada a Polícia Militar
do Território Federal de Roraima, a qual foi efetivamente organizada em
1977. Em 10 de janeiro de 1977, o presidente da República Ernesto Geisel,
assinou numa manhã de uma segunda-feira, o Decreto-Lei n° 79.108,
regulamentando a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Território Federal
de Roraima. A Polícia Militar de Roraima foi criada em 26 de novembro de
1975, por meio do exercício da atividade de policiamento ostensivo.
(RORAIMA, [s. d.])

O artigo 144, § 5º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) define que as


polícias militares cabem à polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil.
Atuando conforme a Constituição Federal Brasileira de 1988 e as legislações
e normas que regem o setor de segurança pública brasileiro, busca constantemente
a melhoria contínua dos seus processos de prover segurança a sociedade
8

Roraimense. De forma que o policiamento no Estado é distribuído em duas grandes


regiões, sendo o Comando de Policiamento da Capital e o Comando de Policiamento
do Interior.

1.1 Contingente da Polícia Militar para o estado de Roraima

Roraima é estado mas setentrional do Brasil, com população estimada em


652.713 habitantes (IBGE, 2021), com área territorial de 223.644,527 km² (IBGE,
2019) seu território está dividido em 15 municípios, sendo o mais populoso deles a
capital Boa Vista, território e população assistidos pelo contingente total de 2.400
militares distribuídos da seguinte forma.
Na capital a PMRR executa suas atividades através do Comando de
Policiamento da Capital (CPC).

1º Batalhão PM (1º BPM), unidade sediada na Capital que tem a seu encargo
as diferentes missões de policiamento ostensivo, nos seus mais variados
tipos, processos e modalidades, exceto os de competência de outras
unidades operacionais da Polícia Militar, tendo como responsabilidade de
atuação a área leste da Capital.
2º Batalhão PM (2º BPM), unidade sediada na Capital que tem a seu encargo
as diferentes missões de policiamento ostensivo, nos seus mais variados
tipos, processos e modalidades, exceto os de competência de outras
unidades operacionais da Polícia Militar, tendo como responsabilidade de
atuação a área oeste da Capital.
- Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), responsável pelo o
Policiamento especializado e desempenho de missões que extrapolem as
competências do policiamento ostensivo de rotina, com atribuições em todo
o território do Estado.
- 1º Esquadrão Independente de Polícia Montada (EIPMONT), é a unidade
sediada na Capital que tem a seu encargo as missões de policiamento
ostensivo montado, com atribuições em todo o território do Estado.
- Companhia Independente de Policiamento Ambiental (CIPA), responsável
pelo o Policiamento Ostensivo na defesa e à preservação do meio ambiente.
- Companhia Independente de Policiamento de Transito Urbano e Rodoviário
(CIPTUR), responsável policiamento ostensivo de trânsito urbano e
rodoviário.
- Grupamento Independente de Intervenção Rápida Ostensiva (GIIRO),
responsável pelo o policiamento ostensivo com emprego de motocicletas.
- Companhia Independente de Policiamento de Guarda (CIPG), responsável
pelo policiamento de guarda em edifícios públicos estaduais e segurança
externa de estabelecimentos penais. (PMRR, [s. d.])

O Comando de Policiamento do Interior (CPI), atende em todos os municípios


do Estado, num total de 28 localidades e vilas e é composto pelas Companhia
Independente de Polícia Militar de Fronteira (CIPMFron) unidades operacionais:
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- 1ª CIPMFron responsável pelo o policiamento ordinário nos municipios de


Pacaraima, Amajari e Uiramutã, sediada no município de Pacaraima.
- 2ª CIPMFron responsável pelo o policiamento ordinário nos municipios de
Caracaraí, Iracema e Região do Baixo Rio Branco, excetuando-se a Vila Novo
Paraíso, sediada no município de Caracaraí.
- 3ª CIPMFron responsável pelo o policiamento ordinário nos municipios de
Rorainópolis e a Vila Novo Paraíso, excetuando-se a Região do Baixo Rio
Branco, sediada no município de Rorainópolis.
- 4ª CIPMFron responsável pelo o policiamento ordinário nos municipios de
Mucajaí, Cantá, Alto Alegre e Zona Rural de Boa Vista, sediada no Santa
Cecília.
- 5ª CIPMFron responsável pelo o policiamento ordinário nos municipios de
Bonfim e Normandia, sediada no município de Bonfim.
- 6ª CIPMFron responsável pelo o policiamento ordinário nos municipios de
São Luiz, São João da Baliza e Caroebe, sediada no município de São Luiz.
(PMRR, [s. d.]).

Além das Unidades operacionais, possui em sua estrutura organizacional,


onde ocorre a maior parte da atividade meio.
- Diretoria de Recursos Humanos
- Diretoria de Ensino e Pesquisa
- Departamento de Informação e Inteligência.
- Departamento de Patrimônio e Logística
-Departamento de Comunicação Social
- Departamento Financeiro
- Departamento de Planejamento Operacional
- Departamento de Tecnologia da Informação
- Controle Interno
- Coordenadoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos (COPCDH)
A pesquisa indica que em 2015, foi apresentado no Congresso Nacional o
Projeto de Lei, 391/2015, para regulamentar o § 7º do art. 144 da Constituição Federal,
sobre número mínimo de policiais em atividade por habitante; percentual mínimo de
policiais em atividades-fim, inclusive policiamento rural; e cargas horárias mínimas de
treinamento e prática de atividades físicas para policiais, (BRASIL, [s. d.]), que
transitou no Senado Federal entre 2015 e 2018, arquivado no final daquela legislatura,
indicava um contingente mínimo de um policial para cada 300 cidadãos, seguindo a
média de distribuição mundial. De forma que esta matéria não foi ainda regulamentada
em Lei específica.
Contudo, em 2018, o Estado realizou concurso público para o provimento de
400 vagas para o cargo de soldado da Policial Militar, a serem incorporados como PM
2ª Classe do Quadro de Praças Combatentes – QPCPM, das quais 5% (cinco por
10

cento) foram reservadas aos candidatos(as) com deficiência conforme Decisão


Judicial prolatada nos autos do Processo n° 0817098- 89.2018.8.23.0010.2018.
(RORAIMA, 2018).

1.2 Pessoa com deficiência: contexto e nomenclatura

O conceito de pessoa com deficiência, bem como o tratamento e a


nomenclatura aplicados a elas vêm se adequando ao longo das últimas décadas de
forma que optamos em elucidar o tratamento em vigor atualmente, considerando:

(…) o caráter informativo torna-se evidente no combate a preconceitos e


estigmas; e, além disso, conforme alertado pelo autor, o uso de termos
antigos carrega preconceitos e ideias excludentes que os novos termos
buscam combater. No entanto, é preciso um esforço coletivo, para que essas
informações cheguem ao máximo possível de pessoas, focando-se tal
condição em todas as camadas sociais. (IENERICH & KESKE, 2021).

Nossos estudos apontam que vários termos grotescos têm sido empregados
para denominar pessoas com deficiências, tipo: Pessoa deficiente, pessoas
portadoras de deficiência, dentre outros. No Brasil, o tratamento já é presente desde
a década de 1930 onde a Lei Nº 2.044 de 8 de outubro de 1931, que trata de pessoas
com deficiências, foi criada. A partir daí, os termos passaram a ser mais adequados,
como: Pessoas com deficiência, Pessoas com necessidades especiais, Pessoas com
limitações, entre outros, conforme aponta Ribeiro:

Na trajetória brasileira, a descrição da deficiência está presente


desde a Constituição Federal de 1934, onde constavam os termos,
“inválido”, incapacitado, “aleijado”, “defeituoso” e “desvalido”. Na sequência,
em 1937 surgiu o termo “excepcional”; e, em 1978, foi usado, pela primeira
vez, o termo “pessoa deficiente”, que permaneceu por 10 anos, uma vez que,
em 1988, foi adotado o termo “portadores de deficiência”; e assim foi até
1993. Já em 1994 surgiu o termo “pessoa com necessidades especiais” e a
sigla (PNE). Entretanto, só em 2009 é que tivemos a mudança para o termo
vigente e orientado pela ONU, ou seja, “pessoa com deficiência”. (RIBEIRO,
2016).

Portanto nesse trabalho será utilizado o termo Pessoa com Deficiência – PcD,
por ser a nomenclatura cunhada e aceita desde de 2009, aprovado após debates
mundiais, e utilizado no texto da convenção sobre os direitos das pessoas com
deficiência aprovado pela Assembleia Geral da ONU e doravante inserido nos textos
do arcabouço legal sobre o tema no Brasil.
11

1.3 Atividade meio e Atividade fim na polícia militar

O trabalho policial deve acontecer de forma articulada entre os operadores da


atividade-fim e aqueles que realizam a atividade-meio objetivando a manutenção da
ordem pública.
Muniz e Silva, (2010) apud Sabino & Andrade (2015), tratam do conceito
de mandato policial, voltados tanto ao policiamento ostensivo quanto à preservação
da ordem pública da seguinte forma:

(…) o policial é equipado tanto em termos de meios, quanto de modo para o


agir decisivo, no cumprimento de seu mandato, tendo ele autorização legal e
respaldo social para exercer a atividade-fim das polícias. Ele é responsável
por atender a qualquer exigência, qualquer evento ou conflito que ameace
dado status quo, cuja amplitude corresponde à paz social, pactuada entre a
sociedade e seu governo.

Como explica Muniz e Silva (2010). A polícia como sendo um órgão com
presença evidente se torna mais próxima do cidadão. Presente 24 horas por dia e à
distância de uma ligação telefônica gratuita conforme o autor, em um plano ideal, a
governança policial se caracteriza pela articulação de interesses e de tomadas de
decisão, entre os diversos atores envolvidos, agindo de forma cooperativa, em ações
conjuntas, resultando em uma solução mais eficaz para os problemas sociais e de
segurança pública.
A atividade-meio da corporação é exercida por militares que passaram por
diversas etapas criteriosas quando decidiram ingressar no meio policial, pessoas
essas em perfeitas condições físicas, psicológicas, intelectuais e de ilibada reputação
social, porém, tais atividades poderiam muito bem serem executadas por pessoas
com algum tipo de deficiência, uma vez que na atual conjuntura, é admitido pessoas
civis “normais” de outros órgãos da Administração Pública através de cessão,
trabalhando na parte burocrática de diversas unidades da PMRR.

1.4 Legislação e Direito dos Deficientes

Conforme o Decreto Nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009: O combate à


discriminação mostra-se necessário, mas insuficiente enquanto medida isolada. Os
pactos e convenções que integram o sistema regional e internacional de proteção dos
Direitos Humanos apontam para a necessidade de combinar estas medidas com
12

políticas compensatórias que acelerem a construção da igualdade, como forma capaz


de estimular a inclusão de grupos socialmente vulneráveis.
Além disso, as ações afirmativas constituem medidas especiais e temporárias
que buscam remediar um passado discriminatório.
Por meio de publicação específica intitulada “Compêndio de Normas
Aplicáveis à Pessoa com Deficiência: Leis e regulamentos para promoção dos
direitos da pessoa com deficiência”, (ALENCAR, 2019), o Editor reúne normas legais
e regulamentares federais aplicáveis à promoção e defesa dos direitos da pessoa com
deficiência. Inclui tratados e convenções, leis complementares e ordinárias, e
decretos. Obra consultada na fundamentação deste trabalho, a fim de evitar extensas
lista de documentos normativos.

2. METODOLOGIA

O estudo se desenvolve com base na Constituição Federal de 1988, que


estabelece a prerrogativa de acesso das pessoas com deficiência aos cargos
públicos, independentemente da atividade-fim da instituição. Além disso, são
considerados os Estatutos, da Polícia Militar de Roraima, bem como a legislação
federal, que trata de contratação de pessoas com deficiência.
Sob o ponto de vista de sua natureza é classificado como Pesquisa Aplicada.
Na concepção de Prodanov e Freitas (2013), esse tipo de pesquisa tem como objetiva
gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas
específicos, envolvendo verdades e interesses locais.
Sobre os seus objetivos, será do tipo pesquisa exploratória, que segundo
Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa exploratória é útil para esclarecer e definir
melhor os objetivos da pesquisa, permitindo que as informações sejam
compreendidas de forma mais profunda. Esta pesquisa possibilita ainda a verificação
de hipóteses e a identificação de novas questões que possam ser abordadas em
futuras pesquisas. Dessa forma, a pesquisa exploratória pode ajudar a construir a
base para o desenvolvimento de pesquisas mais detalhadas e específicas. Em geral,
envolve: i) levantamento bibliográfico; ii) entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; iii) análise de exemplos que
estimulem a compreensão.
No que diz respeito aos procedimentos técnicos, foram realizado através de
pesquisa bibliográfica e documental, documental baseando-se em materiais que não
13

receberam tratamento analítico ou que podem ser examinados de acordo com os


objetivos da pesquisa. (PRODANOV & FREITAS, 2013)
Foram portanto realizadas buscas de artigos, Leis e documentos como editais
de concursos públicos inerentes ao tema, além de entrevistas com membros da
corporação para levantamento de dados. De posse dos dados, esses foram tabulados
em planilhas específicas para geração de gráficos ilustrativos, culminando com
elaboração e formatação do texto final, e da apresentação para defesa e publicação.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Polícia Militar de Roraima atualmente conta com o efetivo com 2.400


homens e mulheres distribuídos em diversos órgãos de direção, órgãos de apoio e
órgãos de execução, sendo 242 oficiais estaduais masculinos, 71 oficiais estaduais
femininos e 10 oficiais masculinos do ex-território Federal de Roraima, bem como
1.752 praças estaduais masculinos, 324 praças estaduais femininos e 1 praça
masculino do ex-território Federal de Roraima. Conforme apresentado na Tabela 01.

Tabela 1 - Efetivo da Policia Militar de Roraima por sexo e tipo de vínculo

Efetivo Antigo
Efetivo Estadual
Território Federal
Patente
Masculino Feminino Masculino Feminino

Oficiais 242 71 10 -

Praças 1752 324 01 -

Total 1994 395 11 -

Efetivo total 2400


Fonte: Almanaque da Polícia Militar de Roraima (2022)

O gráfico da Figura 1 demonstra que do efetivo existente de 2.400 policiais


militares, 606 policiais estão lotados no Comando de Policiamento da Capital (CPC),
consiste que 115 policiais exercem a atividade-meio da corporação e 491 a atividade-
fim; 331 são alunos soldados PM; 418 policiais estão lotados no Comando de
Policiamento do Interior (CPI), destes, 70 desempenham a atividade-meio da
corporação e 348 policiais a atividade-fim, estes dados representam os policiais
14

militares que compõem a estrutura de execução dos grandes comandos operacionais


da capital e interior, representando matematicamente cerca de 56,45% do efetivo total
da corporação, quando levado em consideração a porcentagem dos policiais que
executam a atividade-meio e atividade-fim destes grandes comandos, chegamos ao
percentual de 12% que trabalham da atividade-meio e 88% que estão na atividade-
fim, excluindo os Alunos Soldados que a época do levantamento dos dados ainda não
haviam sido lotados nas unidades.
Figura 1 - Lotação do efetivo da Polícia Militar de Roraima por atividade

491

348

115
70

Comando de Policiamento da Capital Comando de Policiamento do interior

Atividade meio Atividade fim

Fonte: Almanaque da Polícia Militar de Roraima (2022)

Quando comparado com o efetivo total e subtraindo dos números acima


elencados, chegamos a conclusão que cerca de 1.045 policiais militares, ou seja,
43,54% do efetivo total, estão exercendo suas funções teoricamente em órgãos de
direção e órgãos de apoio, que em sua grande plenitude compreende em ocupações
administrativas, assessorias e/ou ocupações diferentes de atividade-fim.
15

Figura 2 - Distribuição do Efetivo da Polícia Militar de Roraima lotação

331; 14%
606; 25%

418; 17%
1045; 44%

Comando de Policiamento da Capital Comando de Policiamento do interior


Lotado em funções adminstrativas Aluno Soldado

Fonte: Almanaque da Polícia Militar de Roraima (PMRR, 2022)

Portanto, dos 2.400 policiais militares, cerca de 56,45% são lotados nos
grandes comandos operacionais (CPC e CPI), sendo que deste total de policiais
lotados, 12% trabalham na atividade-meio e 88% na atividade-fim.
A polícia como sendo um órgão com presença evidente se torna mais próxima
do cidadão. Presente 24 horas por dia e à distância de uma ligação telefônica gratuita
conforme, em um plano ideal, a governança policial se caracteriza pela articulação de
interesses e de tomadas de decisão, entre os diversos atores envolvidos, agindo de
forma cooperativa, em ações conjuntas, resultando em uma solução mais eficaz para
os problemas sociais e de segurança pública.
Na prática, a polícia deve atuar de forma a garantir a segurança do cidadão e
acelerar a resolução de problemas sociais, como a violência, o crime organizado, a
criminalidade juvenil e a criminalidade de alto impacto. Esta atuação deve ser
realizada com base no princípio da legalidade, isto é, a ação policial deve ser norteada
pelo cumprimento da lei. Outro princípio importante na atuação policial é o da
proporcionalidade, ou seja, as ações devem ser compatíveis com a gravidade dos
crimes cometidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de explorar o tema e apontar alternativas que venham a suprir


a lacuna de inserção das pessoas com deficiência nos quadros de servidores públicos
estaduais, de maneira que possam realizar as atividades-meio na Polícia Militar de
16

Roraima, a pesquisa focou em demonstrar o contingente do efetivo da Policia militar


de Roraima.
Dessa forma o trabalho aponta que a a substituição dos policiais militares por
técnicos administrativos civis portadores de deficiências trabalhando em atividade-
meio poderá trazer inúmeros benefícios, para o cidadão, A principal vantagem é o
aumento do efetivo policial nas ruas, o que é fundamental para a segurança pública.
Além disso, a questão financeira precisa ser considerada focando em trazer benefícios
para os cofres do Estado, já que os serviços de técnicos administrativos civis podem
ser mais baratos do que os custos de policial de carreira.
Por fim, este trabalho apresenta as limitações existentes na realização de
concurso público para contratação de pessoas com deficiência física para atividades-
meio da Polícia Militar, destacando as principais restrições legais e burocráticas que
precisam ser consideradas para a realização do concurso. Este trabalho conclui com
a recomendação de realização de uma pesquisa sistemática para identificar as
principais limitações para a realização de concurso público para contratação de
pessoas com deficiência física para atividades-meio da Polícia Militar de Roraima,
para que os interessados possam se inscrever para o concurso e participar de todas
as etapas deste importante processo. Além disso, recomenda-se ainda a realização
de treinamentos especializados para os policiais que atuem em atividades-meio, a fim
de garantir que as pessoas com deficiência possam exercer suas funções com
segurança e eficiência.
Em resposta a problemática abordada pela pesquisa pode-se inferir que: Sim,
seria possível a contratação de pessoas civis com alguma deficiência, através de
concurso público para trabalharem na área administrativa da PMRR. Uma vez que a
contratação de pessoas com deficiência é prevista na legislação brasileira, conforme
a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência. De acordo com a lei, as organizações
públicas e privadas devem reservar um percentual de vagas para pessoas com
deficiência.
Dessa forma, para de aprimorar a eficácia e a efetividade da polícia militar de
Roraima em sua atividade-fim, sugerimos: a) Levantamento das seções e funções nas
quais os técnicos administrativos não podem substituir os policiais militares; b)
Verificar quais funções internas um técnico administrativo civil pode exercer na
Polícia Militar de Roraima, em substituição aos policiais militares que as exercem;
c) Fazer o levantamento do impacto financeiro a curto e longo prazo com substituição
17

de policiais em atividades administrativas, por pessoa com deficiência, a fim de


apontar a viabilidade econômica da proposta levantado nesse trabalho.
Assim, o Estado pode aprofundar a discussão que trata da realização de um
concurso público específico para preencher as vagas destinadas a atividade-meio na
PMRR por pessoas com deficiência. Além de cumprir a lei, a instituição também ganha
em qualidade de serviço, pois há muitas pessoas com deficiência capazes de
desempenhar bem o serviço, e muitos policiais militares que podem está trabalhando
na atividade-da PMRR.

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