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TRANSFORMAÇÕES - APRENDIZ PARA COMPANHEIRO E PARA MESTRE

Questões apresentadas pelo Respeitável Irmão José Luiz Rodriguez Vaz, Mestre
Maçom da Loja Laurindo Chaves, 2.164, GOSP – GOB, Oriente de Santos, Estado de
São Paulo.

Gostaria de seus esclarecimentos quanto às transformações da Loja de Companheiro


para a de Mestre Maçom, quando a Sessão é iniciada em Grau de Aprendiz no REAA.
Vejamos, a Sessão inicia em Grau de Aprendiz e na Ordem do Dia é transformada
para Grau de Companheiro, para, por exemplo, ser lido trabalho. O ritual do Grau
de Companheiro (pag. 15) exara que o Orador apenas modifique o Esquadro e o
Compasso, não se acendendo as velas (Altar ocupado pelo Venerável Mestre), nem
se lendo o Livro da Lei em Amós, como também não se modifica o Painel do Grau.
Muito bem, mas quando nessa mesma Sessão é necessária também a transformação
para o Grau de Mestre, na pag. 45 do ritual de Mestre Maçom (2009), diz que o
Orador modifica o esquadro e compasso e lê o Livro da Lei em Eclesiastes, e
após, o Mestre de Cerimônias procede à modificação do Painel para o Grau de
Mestre e acende as velas no Altar ocupado pelo Venerável Mestre e nas mesas dos
Vigilantes. Ora, se na transformação para o Grau de Companheiro, não se acende
as velas e não se modifica o Painel, e para a transformação para o Grau de
Mestre esta descrito no ritual, que o Painel do Grau será modificado e a velas
acessas, pergunto:

1 - O Painel, quando da transformação da Loja de Companheiro para a de Mestre


Maçom pode ser modificado diretamente do Grau de Aprendiz para o Grau de
Mestres, pois ele encontra-se em Grau de Aprendiz, visto que na transformação do
Grau de Aprendiz para o de Companheiro, o ritual diz que não é necessário ser
modificado?

2 - Da mesma forma, as velas também podem ser acessas do Grau de Aprendiz para o
de Mestre?

Peço sua análise, considerações e recomendações a respeito.

CONSIDERAÇÕES:

Antes das considerações propriamente ditas se fazem cogentes algumas ponderações


sobre o assunto no que tange os dois sistemas maçônicos mundialmente conhecidos
– o inglês e o francês.

No sistema inglês, em linhas gerais, não se abre uma Loja diretamente no Grau de
Companheiro ou de Mestre. Nesse sistema uma Loja será sempre aberta no Grau de
Aprendiz e posteriormente aberta no Grau que se fizer necessário. Assim não
existe o procedimento de transformação, senão o de abertura da Loja na forma de
costume. Por exemplo: se uma Loja precisar ser aberta no Grau de Companheiro,
ela será aberta primeira do Grau de Aprendiz e logo em seguida aberta no Segundo
Grau. Terminados os trabalhos, a Loja de Companheiro será fechada e
posteriormente encerrada no Primeiro Grau. O mesmo ocorreria se a mesma fosse
aberta no Grau de Mestre, ou seja, se abre regularmente de Grau em Grau e no
sentido inverso, fecha-se a mesma de Grau em Grau. Daí, nesse sistema, não
existe a Transformação da Loja.

A regra é a seguinte: sempre uma Loja será aberta no Grau de Aprendiz, não
importando o Grau que ela irá trabalhar. Da mesma forma ela será sempre fechada
no Primeiro Grau, não importando o Grau que ela tenha trabalhado.

Já no sistema francês, uma Loja pode ser aberta diretamente no Grau que lhe
aprouver, ou seja: ela pode ser aberta, por exemplo, diretamente no Grau de
Mestre sem a necessidade de se proceder com a abertura desde o Primeiro Grau.

Por assim ser, existe o costume de se transformar a Loja para outro Grau em
havendo necessidade para tal.

Partindo desse princípio é que existem esses procedimentos de transformação de


Loja, todavia, nesse sistema, a Oficina será sempre fechada no Grau em que tenha
sido primitivamente aberta.

Dadas essas considerações vamos às transformações propriamente ditas.

O Rito Escocês Antigo e Aceito é filho espiritual da França, portanto sua


metodologia se enquadra no sistema francês que adota o costume de se
“transformar a Loja”.

Ocorre que por muito tempo essa ação fora tratada de maneira muito superficial,
pelo que ocorria um ato sem muito critério, sendo que na oportunidade, penso que
para se ganhar tempo, mudava-se apenas a posição dos outros dois utensílios
componentes das Três Grandes Luzes Emblemáticas. Isso era procedimento muito
comum nos rituais brasileiros ultrapassados (infelizmente, ainda alguns Irmãos
acham que esses rituais são fontes primárias para pesquisas).

Por esse aspecto, o Ritual do Terceiro Grau já contempla essa transformação de


maneira completa, ou seja, correta, quando há a leitura do Livro da Lei, a
mudança dos utensílios, o acendimento das Luzes e a mudança do Painel de acordo
com o Grau.

Ainda assim existem procedimentos que carecem ser revisados como é o caso de se
ficar sem sinal (equívoco) e quando da cobertura dos que não possuem grau
necessário, está presente a frase “ou definitivamente”.

Isso pode dar margem a se entender que a Loja poderá ser fechada no Grau
transformado, o que não é verdade, pois para fechá-la urge a necessidade de se
voltar ao Grau em que ela fora primeiramente aberta.

Esse aspecto é de primaz importância, pois uma sessão ficaria com duas atas pela
metade – uma com a abertura e a outra com o fechamento. E as conclusões do
Orador ficariam na primeira ou na segunda ata? Por aí vão às contradições.

Já no Ritual do Grau de Companheiro, os procedimentos ainda estão acordados com


os equívocos do passado, embora esteja prevista a sua atualização, portanto é de
boa geometria que em havendo necessidade de transformação da Loja, adotem-se os
procedimentos do que exara o contido no Grau de Mestre, adaptando-o para o
Segundo Grau.

Caso haja necessidade de transformação do Grau de Aprendiz para o de Mestre,


adotam-se os mesmos formatos acrescidos da adaptação conforme o Grau.

No sistema do qual o Rito Escocês pertence, para se chegar do Grau de Aprendiz


ao de Mestre em processo de transformação não existe a necessidade de primeiro
se transformar a Loja em Grau de Companheiro. Procede-se de forma direta para o
Terceiro Grau, evidentemente sem a presença de Companheiros e Aprendizes.

Para o competente telhamento, essa é a razão de que os ocupantes das Colunas se


posicionem de frente para o Oriente e a verificação seja feita a partir daqueles
que dele estejam mais distantes (o que estiver à frente não percebe o que
acontece na sua retaguarda).

Terminados os trabalhos no Grau transformado, retornam-se os mesmos para o Grau


em que a Loja fora iniciada.

Por ser um assunto complexo, entendo que ainda dúvidas possam se apresentar,
nesse caso, retorne o questionamento para melhores esclarecimentos.

Finalizando, quero parabeniza-lo com o vosso trato no tocante a algumas


expressões como: “altar ocupado pelo Venerável e mesas ocupadas pelos
Vigilantes”. Essa é realmente a maneira correta de tratar o assunto, pois o
Altar não é de propriedade do Venerável e os Vigilantes ocupam mesas e não
altares.

Aliás, altar mesmo é somente aquele que o Venerável faz uso, bem como a sua
tradicional extensão que é o de Juramentos. Fala-se também em Altar dos
Perfumes, fato que não encontrei até agora a razão do mesmo aparecer no
simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito.
...
PEDRO JUK

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