Você está na página 1de 31

O Impacto das Cartas Patrimoniais na Legislação Patrimonial Brasileira.

1. INTRODUÇÃO

O reconhecimento e a valorização do patrimônio cultural permitem que


muitos países desenvolvam um olhar mais cuidadoso sobre seus bens culturais
e naturais, elaborando estratégias preservacionistas e socioeconômicas.
A partir deste parâmetro entendemos que a presente pesquisa de
iniciação científica tem por objetivo problematizar o impacto do conjunto de
orientações da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura – Unesco, do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios –
ICOMOS, dentre outras instituições, em suas Cartas Patrimoniais nas
legislações nacionais para proteção do patrimônio cultural.
Para atingirmos este objetivo serão feitas leituras acerca da temática das
políticas de preservação do patrimônio. Será feito o estudo sobre legislação
patrimonial nacional, além do estudo aprofundado das orientações sobre o
tema através das chamadas “Cartas Patrimoniais”.
Nelas é possível a identificação dos conjuntos de orientações
relacionada ao patrimônio. Na prática, feita através das sugestões das medidas
relativas à salvaguarda patrimonial.
Assim é possível identificar a influência das medidas sugeridas
pelosórgãos internacionais na criação das leis patrimoniais nacionais.
Nesse plano de trabalho, utilizamos o recorte histórico das décadas de
1960 e 1980 a fim de observar as demandas internacionais sugeridas. No que
se diz respeito à proteção do patrimônio histórico e cultural e como e de que
forma tais diretrizes foram incorporadas na legislação patrimonial nacional.

1.1 Objetivo Geral:

Perceber como as orientações gerais sobre a preservação patrimonial


descritas nas Cartas Patrimoniais se manifesta na legislação federal sobre o
patrimônio material e sua valoração simbólica no período entre 1962 e 1989.
1.2 Objetivos Específicos:

Identificar nos documentos orientadores editados pela: Unesco,


ICOMOS, dentre outros, comumente chamadas de Cartas Patrimoniais, os
principais conceitos, procedimentos e diretrizes para a preservação do
patrimônio histórico material;
Buscar na legislação federal e estadual das décadas entre 1960 e 1980
sobre a preservação do patrimônio cultural a forma como os temas abordados
nas Cartas Patrimoniais estão manifestos e suas relações com o “bem cultural”
e suas relações com as questões urbanísticas;
Concluir sobre a importância das Cartas Patrimoniais pra a formulação
das políticas de preservação do patrimônio histórico-cultural através da
definição de cidade-monumento.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Coleta das Cartas Patrimoniais

No que se diz respeito à metodologia aplicada após a listagem das


leituras sobre o tema, foi realizada a coleta acerca das orientações
internacionais para a preservação do patrimônio, as chamadas “Cartas
Patrimoniais”. Juntamente com a legislação nacional através das leis nacionais
nas Constituições Federais para uma correlação e entendimento da evolução
das leis que amparam o patrimônio no país.
Elas são compostas de conceitos e medidas para ações administrativas
com diretrizes de documentação, promoção da preservação de bens, planos de
conservação, manutenção e restauro de um patrimônio, seja ele histórico,
artístico ou cultural.
Segundo o Iphan (2015) as Cartas Patrimoniais foram elaboradas por
especialistas e organismos que trabalham com patrimônios culturais.

As Cartas Patrimoniais são documentos que contém desde conceitos


a medidas para ações administrativas com diretrizes de
documentação, promoção da preservação de bens, planos de
conservação, manutenção e restauro de um patrimônio, seja
histórico, artístico e/ou cultural. Elaboradas por especialistas e
organismos que trabalham com patrimônios culturais, as Cartas
somam mais de 40 (IPHAN, 2015).

Assim, de acordo com a Universidade de São Paulo (2018) entende-se


por Cartas e Recomendações como formadoras de principio, tendo em vista
que consideram dentre outros temas àqueles ligados à preservação e
conservação dos chamados “bens culturais”.

Cartas e recomendações são formadoras de principio. Dizem


respeito, entre outros temas, àqueles ligados à preservação e
conservação dos chamados Bens Culturais. Estes documentos,
muitos dos quais firmados internacionalmente representam tentativas
que vão além do estabelecimento de normas e procedimentos,
criando e circunscrevendo conceitos às vezes globais, outras vezes
locais. Sua publicação oferece ao público interessado (geralmente
especialistas – ainda não se popularizou ou democratizou a
discussão sobre os bens culturais) um panorama das diferentes
abordagens que a questão da preservação mereceu ao longo do
tempo, registrando o processo segundo o qual muitos conceitos e
posturas se formaram, consolidaram e continuam orientando estas
ações, até os nossos dias (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2018).

Nesse momento utilizamos os documentos relacionados ao período de


investigação deste trabalho.
As Cartas acessadas foram:

Tabela 1 – Relação das Cartas Patrimoniais entre as décadas de 1960 e


1980.
ANO CARTA PATRIMONIAL CONTEÚDO
1962 Recomendação de Paris Sobre a salvaguarda das paisagens e sítios históricos.
1964 Carta de Veneza Carta Internacional sobre a conservação dos Sítios
Históricos.
1964 Recomendação de Paris Definição de bem cultural e controle para exportação
dos bens culturais.
1967 Normas de Quito Alerta sobre as situações dos bens e a
responsabilidade dos governos da América.
1968 Recomendação de Paris Sobre a conservação dos bens culturais.
1970 Compromisso de Brasília Ênfase na responsabilidade dos governos com a
conservação, preservação, catalogação e políticas
educativas dos bens culturais.
1971 Compromisso de Salvador Organizado pelo Iphan, recomenda a criação do
Ministério da Cultura, secretarias e fundações
estaduais.
1972 Carta do Restauro – Itália Orientações técnicas sobre o restauro em diferentes
suportes.
1972 Declaração de Estocolmo Recomendações para a melhoria da qualidade de vida
e do meio ambiente.
1972 Recomendação de Paris Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural.
1974 Resolução de São Domingos Recomendações no plano social e econômico e
propostas operativas no plano educacional e turístico.
1975 Declaração de Amsterdã Firma o patrimônio arquitetônico europeu como
patrimônio mundial.
1975 Manifesto de Amsterdã Promoção de uma politica de conservação integrada,
passando pelo planejamento urbano e regional.
1976 Carta do Turismo Cultural – Promoção da salvaguarda e da garantia dos
Bruxelas monumentos e sítios históricos como patrimônios da
humanidade.
1976 Recomendação de Nairóbi Relativa à salvaguarda dos conjuntos históricos e sua
função na vida contemporânea.
1977 Carta de Machu Picchu Ampliação de conceitos e recomendações: cidade-
região, crescimento urbano, conceito de setor,
moradia, transportes nas cidades, disponibilidade do
solo urbano, recursos naturais, preservação,
tecnologia, projeto urbanístico e arquitetônico.
1980 Carta de Burra Recomendações quanto à conservação, preservação,
restauração, reconstrução, adaptação e
procedimentos.
1981 Carta de Florença Definição, objetivos e recomendações para
manutenção, conservação, restauração, utilização,
proteção legal e administrativa de jardins históricos e
sítios.
1982 Declaração de Nairóbi Recomendações para proteção e melhoramento do
meio ambiente.
1982 Declaração de Tlaxcala Sobre os perigos e ameaças do patrimônio
arquitetônico na América.
1985 Declaração do México Conceito de cultura, identidade cultural e patrimônio
cultural.
1986 Carta de Washington Abrangendo os princípios e objetivos da salvaguarda
de bairros e cidades históricas.
1987 Carta de Petrópolis Definição de "sítio histórico" e recomendações a partir
instrumentos: tombamento, inventário, normas
urbanísticas, isenções e incentivos, declaração de
interesse cultural e desapropriação.
1989 Carta de Cabo Frio Recomendações em defesa da "identidade cultural".
1989 Declaração de São Paulo Debate sobre a utilização de sistemas de tecnologia
avançada para trabalhos de restauro.
1989 Recomendação de Paris Salvaguarda da Cultura Tradicional Popular.
Recomendações para identificação, conservação,
salvaguarda, difusão, proteção e cooperação
internacional.
Fonte:Caderno de Documentos Nº 3: Cartas Patrimoniais. Brasília: Iphan, 1995.

2.2 Coleta da Legislação Nacional


Finalizamos esta etapa de coleta de dados com a identificação das leis
nacionais sobre o tema através de leis e decretos relacionados nas
Constituições Brasileiras vigentes até os dias atuais.
Em se tratando o período estudado foram observadas as seguintes
Constituições Federais:
A Constituição de 1946, anterior ao recorte deste trabalho, que trás no
seu Capitulo II, disposições relacionadas à educação e cultura: As obras,
monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os
monumentos naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza
ficam sob a proteção do Poder Público (BRASIL, 1946, Art. 175).
A Constituição de 1967, que atribui ao Poder Público a responsabilidade
sobre o patrimônio histórico nacional:

O amparo à cultura é dever do Estado. Ficam sob a proteção especial


do Poder Público os documentos, as obras e os locais de valor
histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais
notáveis, bem como as jazidas arqueológicas (BRASIL, 1967, Art.
172).

Assim como a Constituição de 1988, com disposições acerca dos


direitos deveres individuais e coletivos; das competências dos Poderes
Públicos acerca do patrimônio histórico e cultural; e, sobretudodas diretrizes
relacionadas à cultura: O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturaise acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará
a valorizaçãoe a difusão das manifestações culturais (BRASIL, 1988, Art. 215).
Além de leis nacionais tais como: a Lei N° 3.924 de 26 de julho de 1961
que abre o período estudado com disposições acerca dos monumentos
arqueológicos nacionais; o Decreto Legislativo N° 71 de 29 de novembro de
1972, relativo ao impedimento da importação, exportação e transferência de
propriedade ilícita de bens culturais; a Lei N° 6.292 promulgada em 15 de
novembro de 1975 que dispõe sobre o tombamento de bens no Instituto do
Patrimônio e Histórico Artístico Nacional; Decreto N° 80.978 de 1977 sobre o
mesmo tema; Decreto Legislativo N° 74 de 30 de junho de 1977 sobre o
patrimônio mundial, cultural e natural; e o Decreto N° 95.733 de 12 de fevereiro
de 1988 de teor orçamentário para prevenção dos prejuízos naturais,
ambientais, culturais e sociais.
Foram levados em consideração outros eventos relacionados à
preservação do patrimônio histórico como: o Programa Integrado de
Reconstrução das Cidades Históricas do Nordeste na década de 1970 e o
Programa de Cidades Históricas (PCH), entre os anos de 1973 e 1979.
No que se diz respeito ao contexto estadual é necessário citar a
Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) no ano
de 1973.
Neste contexto foram acessadas: a Lei Nº 6. 873 de 1975 que vincula a
Fundarpe à Secretária de Educação e Cultura e depois à de Turismo, Cultura e
Esportes; e a Lei Estadual Nº 7.970, de 18 de setembro de 1979, com foco na
proteção do patrimônio cultural e responsável pela instalação do Sistema de
Tombamento, esta que teve como base o Decreto-Lei Nº 25 de 1937 e
regulamentada pelo Decreto Nº 6.239, em 11 de janeiro de 1980.
Este conjunto de informações foi ordenado cronologicamente:

Tabela 2 – Relação cronológica das informações consultadas na pesquisa.


ANO CARTA PATRIMONIAL LEGISLAÇÃO NACIONAL LEGISLAÇÃO ESTADUAL
1961 Lei N° 3.924
1962 Recomendação de Paris
1964 Carta de Veneza
1964 Recomendação de Paris
1965 Lei N° 4.845
1967 Normas de Quito Constituição Federal
1968 Recomendação de Paris
1968 Lei N° 5.471
1970 Compromisso de Brasília
1971 Compromisso de Salvador
1972 Carta do Restauro/Itália
1972 Declaração de Estocolmo
1972 Recomendação de Paris
1972 Lei N° 5.805
1972 Decreto Legislativo N° 71
1973 Encontro de Salvador
1973 Programa Integrado de
Reconstrução das Cidades
Históricas do Nordeste
1974 Resolução de São Domingos

1975 Declaração de Amsterdã


1975 Manifesto de Amsterdã
1975 Lei N° 6.292
1975 Lei N° 6.873
1976 Recomendação de Nairóbi

1977 Carta de Machu Picchu Constituição Federal


1977 Decreto N° 80.978
1977 Decreto Legislativo N° 74
1979 Lei N° 7.970
1980 Carta de Burra
1980 Decreto N° 6.239
1981 Carta de Florença
1982 Declaração de Nairóbi
1982 Declaração de Tlaxcala
1985 Declaração do México
1986 Carta de Washington
1987 Carta de Petrópolis
Constituição Federal
1988 Lei N° 7.688
1988 Decreto N° 95.733
1989 Carta de Cabo Frio
1989 Declaração de São Paulo
1989 Recomendação de Paris
Fonte:CÂMARA DOS DEPUTADOS (2013); IPHAN (2015); SANTOS (2015).

A partir disto foram feitos os cruzamentos cronológicos entre as datas


das referidas indicações internacionais através de suas Cartas Patrimoniais
com a legislação nacional através das leis federais. Para assim ter um
parâmetro da verdadeira influencia das indicações mundiais na lei nacional.
Tais informações foram cruzadas com a legislação nacional das mesmas
categorias com o propósito final de corroborar o fato que as Cartas
Patrimoniais influenciaram em tais medidas patrimonialistas nacionais. E
apontando os textos originais nas diretrizes internacionais e as versões na
legislação de nosso país com a devida datação.

2.3 Revisão Conceitual

Diante do exposto, a partir da leitura do referencial teórico, e utilizando


as indicações do âmbito do patrimônio das Cartas Patrimoniais como fonte
primária faremos uma análise das dimensões: cultural, social e política, esta
ultima relacionada às políticas públicas de preservação do patrimônio histórico-
cultural.
Através da análise das orientações internacionais - tais como As Cartas
Patrimoniais, Recomendações, Normas, Declarações, Resoluções e
Manifestos – pretendemos traçar um paralelo com a criação das leis nacionais
existentes.
Como exemplodessa relação entre as Cartas Patrimoniais e a legislação
federal podemoscitar:
A Convenção de Paris foi publicada em 1972 com parâmetros sobre
Patrimônio Mundial.
As diretrizes deste eventoreverberaram na da Lei Brasileira N° 6.292
promulgada em 15 de novembro de 1975 que dispõe sobre o tombamento de
bens no Instituto do Patrimônio e Histórico Artístico Nacional e no Decreto
Nacional N° 80.978 sobre o mesmo tema (BRASIL, 1977).
Desta forma entendemos as “Cartas Patrimoniais” como o conjunto de
Recomendações, Normas, Declarações, Resoluções e Manifestos assinados
por instâncias internacionais que orientam os Estados nacionais a
desenvolverem políticas de preservação e valorização dos bens culturais de
suas sociedades e dos grupos sociais que os formam.
A partir deste marco surgem várias demandas às questões da
preservação do patrimônio. Neste período os equipamentos históricos foram
interpretados de forma integrada, criando o conceito de sítios históricos ou
conjuntos arquitetônicos que fossem relevantes para a sociedade.
E, devido ao reflexo do alargamento do campo patrimonial, das
dimensões tipológica e cronológica das expressões patrimoniais e do próprio
público do patrimônio, produz-se no Brasil uma nova forma conceitual para se
pensar o patrimônio urbano: a “cidade-monumento”.
A partir das indicações da Convenção de Paris e a salvaguarda dos
sítios urbanos, nestes contendo os monumentos a serem preservados e seu
entorno.
Nesta formulação, os processos sócio históricos de formação e evolução
das cidades são tão ou mais importantes do que as expressões estéticas,
constituindo-se a preservação como uma notável função urbana. No mesmo
patamar da habitação, do trabalho, da recreação e da circulação, e a fruição do
patrimônio.

2.4 Sobre o conceito de Patrimônio Cultural

Podemos afirmar que o material bibliográfico contribuiu de forma


esclarecedora para a pesquisa em questão, sobre a questão do patrimônio.
Funari e Pelegrini (2009) acrescentam como a questão patrimonial, no que
tange às práticas de preservação, foi apropriada na legislação nacional. Os
autores destacam:

Em primeiro lugar, o patrimônio é entendido como um bem material


concreto, um monumento, um edifício, assim como objetos de alto
valor material e simbólico para a nação. Parte-se do pressuposto de
que há valores comuns, compartilhados por todos, que se
consubstanciam em coisas concretas. Em segundo lugar, aquilo que
é determinado como patrimônio é excepcional, o belo, o exemplar, o
que representa a nacionalidade. (FUNARI E PELEGRINI, 2009, p.
20).

Conforme o Iphan (2012), inicialmente houve um direcionamento no


estudo de textos relacionados à elaboração do conceito de patrimônio cultural
no Brasil e sua evolução.

Nos últimos anos, o conceito patrimônio cultural adquiriu um peso


significativo no mundo ocidental. De um discurso patrimonial referido
aos grandes monumentos artísticos do passado, interpretados como
fatos destacados de uma civilização, se avançou para uma
concepção do patrimônio entendido como o conjunto dos bens
culturais, referente às identidades coletivas. Desta maneira, múltiplas
paisagens, arquiteturas, tradições, gastronomias, expressões de arte,
documentos e sítios arqueológicos passaram a ser reconhecidos e
valorizados pelas comunidades e organismos governamentais na
esfera local, estadual, nacional ou internacional.(IPHAN, 2012).

Segundo Torelly (2012, p. 3):

“O conceito de patrimônio cultural na atualidade é proveniente da


Revolução Francesa que instituiu um conceito nas ordens política,
jurídica, social e econômica que assim consolidou os conceitos de
nação e nacionalidade reconhecendo estes como direitos
fundamentais a humanidade”.

Partindo disto é lançado o preceito da proteção estatal, a fim de


resguardar aos cidadãos marginalizados o direito de demonstrar sua cultura e
pensamento. Muitas vezes ocultado em detrimento da conceituação cultural
dominante.
A atual definição oficial de patrimônio cultural consta da Constituição
Brasileira de 1988:

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas
de expressão, os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas,
artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações
e demais espaços destinados às manifestações artístico culturais; os
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. O poder público,
com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de
acautelamento e preservação (BRASIL, 1988, Art. 216).

Tendo por base o tema patrimônio, há de se convir que o indivíduo


apenas considera, admira e respeita aquilo no qual tem conhecimento. A partir
disto surge o pressuposto de que se deve haver um sistema educacional que
leve o tema a amplo conhecimento público.
Segundo Guimarães e Paim (2014, p. 91-109): “O patrimônio, pode ser
abordado como um dos elementos fundantes da constituição de identidades,
do sentido de pertencimento dos sujeitos”.
Os mesmos autores concluem que para educar sobre a questão do
patrimônio não basta apenas falar sobre o mesmo, mas dar-lhe significado ao
ouvinte mediante experiências vividas. Ou seja, o resgate de histórias locais
estimula a sensação de pertencimento e apropria o morador e visitante da
valorização do local, monumento, fato histórico ou até mesmo os saberes e
práticas locais.
Considerando o patrimônio como um resumo simbólico dos valores
identitários de uma sociedade, Meneses conclui que:

Tomando o patrimônio reconhecido como documento histórico, da


memória que construímos e que reflete nossa capacidade de edificar
uma cultura através do tempo, podemos a partir daí, criar parâmetros
de interpretação (MENESES, 2006, p.73).

Desta forma podemos entender o patrimônio cultural como o conjunto de


todos os bens, manifestações populares, cultos, tradições tanto materiais
quanto imateriais. Do mesmo modo observar o “bem cultural” como sendo
qualquer objeto envolvido com essas manifestações seja de forma material ou
simbólica, como saberes e os fazeres.

O conceito de patrimônio vem sofrendo reformulações desde as suas


concepções de origem, assim como a formulação dos princípios de
preservação e conservação. Segundo Barbosa (2001, p. 67) a origem
etimológica da palavra "vem do latim patrimoniu, encontrando-se
associado à ideia de uma herança paterna ou bens de família". A
partir do século XVIII, o patrimônio foi compreendido como sendo os
bens protegidos por lei e pela ação de órgãos, nomeando o conjunto
de bens culturais de uma nação (GOMES, 2007, p.1).

Tendo o patrimônio cultural como ponto de partida podemos considerar


que através dos tempos o mesmo deixou de ser definido apenas no sentido
material. Associado pelas edificações que na maioria das vezes abrigaram
apenas a elite econômica e seus respectivos utensílios.
Afirmação corroborada por Funari e Pelegrini (2009, p. 11): “O conceito
de patrimônio, surgido no âmbito privado do direito de propriedade, estava
intimamente ligado aos pontos de vista e interesses aristocráticos [...] o
patrimônio era um valor aristocrático e privado, referente à transmissão de
bens no seio da elite patriarcal”.
Atualmente o patrimônio também pode ser associado a hábitos,
costumes, usos, crenças e fazeres que de algum modo contribuíram para a
formação cultural da sociedade onde tal patrimônio esteja incluído. Como
observamos em Barreto (2000, p. 9): “O patrimônio cultural passou a englobar
os utensílios, hábitos, usos, costumes, crenças e a vida cotidiana de todos os
segmentos que compuseram e compõem a sociedade”.
Assim sendo, é possível afirmar que o patrimônio cultural compreende
todos os aspectos da cultura material e imaterial, construídos ao longo da
vivência sócio histórica das diferentes sociedades e suas respectivas culturas.

2.5 Conceito de Bem Cultural

Para o entendimento do processo de como se deu a configuração da


legislação da salvaguarda do patrimônio material no recorte temporal abordado
por este projeto, se faz necessária a conceitualização de bem cultural, sendo
este fundamental ao período estudado e suas relações com o patrimônio.
Guedes e Maio (2016) afirmam que as reuniões internacionais
buscavam encontrar os meios para regular a guerra e proteger objetos e
instituições, delimitando pouco a pouco as primeiras expressões do que viria a
ser chamado, mais tarde, de bem cultural.
As autoras relatam que o inicio de tal discussão tem origem no Século
XIX com relação às guerras e a proteção dos bens existentes, embora o bem
cultural não fosse definido com clareza:

Expressões tais como a propriedade particular ou do Estado, que


englobava, em geral, determinados edifícios e objetos relacionados
às artes, à ciência, à educação, à história, incluindo, também, outros
ramos de conhecimento, quando envolvia arquivos, bibliotecas e
coleções. Nessa perspectiva, algumas convenções são marcantes no
período do século XIX, embora o bem cultural não fosse tão
claramente definido (GUEDES E MAIO, 2016).

O debate acerca do bem cultural nas recomendações da Unesco se


inicia na Recomendação de Paris de 1964. Esta que traz em seu corpo
medidas destinadas a proibir e impedir a exportação, a importação e a
transferência de propriedade ilícitas de bens culturais.
Desta forma a mesma define:

Para efeito desta recomendação, são considerados bens culturais os


bens móveis e imóveis de grande importância para o patrimônio
cultural de cada país, tais como as obras de arte de arquitetura, os
manuscritos, os livros e outros bens de interesse artístico, histórico ou
arquitetônico, os documentos etnológicos, os espécimes-tipo da flora
e da fauna, as coleções cientificas e as coleções importantes de livros
e arquivos, incluídos os arquivos musicais (RECOMENDAÇÃO DE
PARIS, 1964, p. 2).

A Recomendação de Paris de 1968, que discute os bens culturais diante


da problemática do crescimento das cidades, e dispõe medidas de preservação
e salvamento em áreas relacionadas: à legislação; financiamento; medidas
administrativas; métodos de preservação e salvamento dos bens culturais;
sanções; reparações; recompensas; assessoramento; programas educativos.
Discute a temática da seguinte forma:

Considerando que os bens culturais são os produtos e o testemunho


das diferentes tradições e realizações intelectuais do passado e
constituem, portanto, um elemento essencial de personalidade dos
povos (RECOMENDAÇÃO DE PARIS, 1968, p. 1).

3. CARTAS PATRIMONIAIS E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

3.1 Cartas Patrimoniais e Legislação das Décadas de 1960 a 1980

O período do recorte deste trabalho, entre as décadas de 1960 e 1980,


pode ser entendido em três partes a partir do desenvolvimento do pensamento
do patrimônio histórico através da analise da documentação internacional,
sendo eles: a definição e o debate acerca do “bem cultural”; a retomada do
debate da questão urbanística; e, a definição do patrimônio histórico visto de
forma integrada através das discussões sobre: conjunto histórico, cidade-
região, e cidade histórica.
Ao que se diz respeito ao primeiro momento deste período, onde se
concentra o debate sobre a temática de “bem cultural”, destaca-se a
Recomendação de Paris, ocorrida no ano de 1964.
Esta trazia a definição de “bens culturais”,e recomendava medidas
destinadas a proibir e impedir a exportação, a importação e a transferência de
propriedades ilícitas de bens culturais.

Para efeito desta recomendação, são considerados bens culturais os


bens moveis e imóveis de grande importância para o patrimônio
cultual de cada país, tais como as obras de arte de arquitetura, os
manuscritos, os livros e outros bens de interesse artístico, histórico ou
arqueológico, os documentos etnológicos, os espécimes-tipo da flora
e da fauna, as coleções cientificas e as coleções importantes de livros
e arquivos, incluídos os arquivos musicais. (RECOMENDAÇÃO DE
PARIS, 1964, p. 2).

Tal diretriz influenciou diretamente na criação da Lei Nº 4.845, de 19 de


novembro de 1965, que proíbe a saída, para o exterior, de obras de arte e
ofícios produzidos no país, até o fim do período monárquico:

Fica proibida a saída do país de quaisquer obras de artes e


ofíciostradicionais, produzidas no Brasil até o fim do período
monárquico, abrangendonão só pinturas, desenhos, esculturas,
gravuras e elementos de arquitetura,como também obras de talha,
imaginária, ourivesaria, mobiliário e outras modalidades (BRASIL,
1965, Art. 1°).

Tal normativa tanto cria a proibição da saída das obras de arte nacionais
quanto regulamenta as exposições das mesmas e o intercâmbio cultural de
obras para este fim.
O mesmo tema da circulação internacional dos bens culturais reaparece
na Constituição de 1988, que traz no texto: “É competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: impedir a evasão, a
destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural” (BRASIL, 1988, Art. 23, § 4).
Tal legislação também garante a proteção de documentos, monumentos,
obras e outros bens de valor históricos e artístico.
No ano de 1968 ocorreu outra reunião para o debate patrimonial,
gerando uma nova Recomendação de Paris, desta vez tratando o “bem
cultural”: “Considerando que os bens culturais são o produto e o testemunho
das diferentes tradições e realizações intelectuais do passado e constituem,
portanto, um elemento essencial da personalidade dos povos”
(RECOMENDAÇÃO DE PARIS, 1968, p.1).
A Recomendação a partir da temática do “bem cultural” discutiu o
crescimento das cidades, desta forma delimitou o foco às obras públicas e
privadas que porventura possam provocar danos a equipamentos históricos e
delega aos órgãos públicos a responsabilidade sobre a preservação dos bens
culturais da seguinte forma: “A responsabilidade pela preservação e pelo
salvamento dos bens culturais ameaçados por obras publicas ou privadas
deveria competir a organismos oficiais apropriados” (RECOMENDAÇÃO DE
PARIS, 1968, p. 7).
Tal responsabilidade do poder público sobre os bens culturais pode ser
observada na Constituição de 1988:

É de competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal


e dos municípios: zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas e conservar o patrimônio publico, proteger
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos (BRASIL, 1988, Art. 23).

O debate sobre o “bem cultural” continua em 1970 através do


Compromisso de Brasília de 1970, que pondera criar órgãos de defesa onde
ainda não existam, em conformidade com os Conselhos Estaduais de Cultura,
que acrescenta:

Os Governadores de Estado presentes ao encontro promovido pelo


Ministério da Educação e Cultura, para o estudo da complementação
das medidas necessárias à defesa do patrimônio histórico e artístico
nacional [...] reconhecem a inadiável necessidade de ação supletiva
dos Estados e dos Municípios à atuação federal no que se refere à
proteção dos bens culturais de valor nacional (COMPROMISSO DE
BRASÍLIA, 1970, p. 1).

Tal normativa enfatiza a responsabilidade de governos e secretarias na


conservação, preservação, catalogação e políticas educativas dos “bens
culturais”, algo que reverbera na Lei N° 5.579 de 15 de maio de 1970,
instituindo o Dia da Cultura e da Ciência: “Fica instituído o "Dia da Cultura e da
Ciência", que será comemorado a cinco de novembro de cada ano, como
homenagem a data natalícia de figuras exponenciais das letras e das ciências,
no Brasil e no mundo” (BRASIL, 1970, Art. 1º).
O segundo grande debate ocorrido no período do recorte deste trabalho
está ligado ao crescimento urbano.
No que sediz respeito às Cartas Patrimoniais, tais discursões se
iniciaram desde a Carta de Atenas de 1933, esta foi consequência do
Congresso Internacional de Arquitetura Moderna – CIAM, e tratou a cidade e

sua região como objeto de estudo nos contextos: econômico, social e político,

e tinha como objetivos: “Os objetivos dos CIAM são: formular o problema
arquitetônico contemporâneo; apresentar a ideia arquitetônica moderna; fazer
essa ideia penetrar nos círculos técnicos, econômicos e sociais; zelar pela
solução do problema na arquitetura” (CARTA DE ATENAS, 1933, p. 38).
Tal temática volta à tona através do Compromisso de Salvador no ano
de 1971, este que trouxe recomendações sobre o plano urbanístico com
valorização dos sítios históricos.
Sobre a questão urbana o Compromisso afirma:

Recomenda-se que os planos diretores e urbanos, bem como os


projetos de obras públicas e particulares que afetam áreas de
interesse referentes aos bens naturais e aos de valor cultural
especialmente protegidos por lei, contem com a orientação do
IPHAN, do IBDF e dos órgãos estaduais e municipais da mesma
área, a partir de estudos iniciais de qualquer natureza
(COMPROMISSO DE SALVADOR, 1971, p.2).

O assunto do patrimônio urbano volta a ser citado na Declaração de


Amsterdã em 1975, através de recomendações sobre o plano urbanístico
europeu com valorização dos sítios históricos: “A conservação do patrimônio
arquitetônico deve ser considerada não apenas como um problema marginal,
mas como objetivo maior do planejamento das áreas urbanas e do
planejamento físico territorial” (DECLARAÇÃO DE AMSTERDÃ, 1975, p. 2).
No mesmo ano ocorreu o Manifesto de Amsterdã em referência ao "Ano
Europeu do Patrimônio Arquitetônico", trazendo o debate sobre a promoção de
uma política de conservação integrada, passando pelo planejamento urbano e
regional: “Considerando que a conservação do patrimônio arquitetônico
depende, em grande parte, de sua integração no quadro da vida dos cidadãos
e de sua valorização não planejamentos físico-territorial e nos planos urbanos”
(MANIFESTO DE AMSTERDÃ, 1975, p. 1).
É necessário salientar que entre o debate acerca das questões
urbanísticas, surge um tema relevante às diretrizes patrimoniais e que
repercute fortemente na legislação de salvaguarda nacional, sendo este a
fundação do Patrimônio Mundial.
Tal diretriz ocorre na Recomendação de Paris em 1972, que traz a
instauração do Fundo do Patrimônio Mundial e novas definições salvaguarda
do patrimônio cultural e natural: “Considerando que os bens do patrimônio
cultural e natural apresentam um interesse excepcional e, portanto, devem ser
preservados como elementos do patrimônio mundial da humanidade inteira”
(RECOMENDAÇÃO DE PARIS, 1972, p. 2).
O patrimônio mundial segundo a Iphan (2014): tem como objetivo
incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados
significativos para a humanidade. Trata-se de um esforço internacional de
valorização de bens que, por sua importância como referência e identidade das
nações, possam ser considerados patrimônio de todos os povos.
Tal iniciativa reverbera na legislação nacional, desde que o Brasil em
1977 ratifica a Convenção de 1972 através do Decreto N° 80.978 de 12 de
dezembro, que dispõe:

Havendo a Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial,


Cultural e Natural sido adotada em Paris a 23 de novembro de 1972,
durante a XVII Sessão da Conferência Geral da Organização das
Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura [...] e havendo a
referida Convenção entrado em vigor, para o Brasil, em 2 de
dezembro de 1977 (BRASIL, 1977).

Segundo a Unesco (2020) a partir desta medida se inicia na década de


1980 a instituição dos Sítios Brasileiros como patrimônios mundiais, tendo
como precursora a Cidade Histórica de Ouro Preto - Minas Gerais no ano de
1980, seguido do Centro Histórico de Olinda – Pernambuco em 1982.
A terceira e última temática abordada de forma recorrente no período
estudado neste trabalho está relacionada com a observação das diretrizes
internacionais com a cidade vista de forma integrada.
Sobre esta questão a Recomendação de Nairóbi de 1976 traz em seu
texto determinações acerca da salvaguarda dos conjuntos históricos e sua
função na vida contemporânea, além da definição de Conjunto Histórico, sendo
esta, outro passo importante para a configuração da Cidade-Monumento.
A mesma ainda recomenda ações relacionadas à pesquisa, ensino,
informação e cooperação internacional:

Considerando que os conjuntos históricos ou tradicionais constituem


através das idades os testemunhos mais tangíveis da riqueza e da
diversidade das criações culturais, religiosas e sociais da humanidade
e que sua salvaguarda e integração na vida contemporânea são
elementos fundamentais na planificação das áreas urbanas e do
planejamento físico-territorial (RECOMENDAÇÃO DE NAIROBI,
1976, p.1).

A década de 1970 é encerrada com as indicações da Carta de Machu


Picchu através do Encontro internacional de Arquitetos em 1977, que revisa a
Carta de Atenas e recomenda sobre Cidade-região, crescimento urbano,
conceito de setor, moradia, transportes nas cidades, disponibilidade do solo
urbano, recursos naturais, preservação, tecnologia, projeto urbanístico e
arquitetônico.
A diretriz trabalha a questão do patrimônio de forma integrada da
seguinte forma:

A Carta de Atenas reconheceu a unidade essencial das cidades e


suas regiões circundantes. A fraqueza da sociedade ao enfrentar as
necessidades do crescimento urbano e as mudanças sócio-
econômicas requer a reafirmação desse princípio em termos mais
específicos e urgentes. Hoje, características do processo de
urbanização, através do mundo, tornaram crítica à necessidade de
uso mais efetivo dos recursos naturais e humanos (CARTA DE
MACHU PICCHU, 1977, p. 10).

Outra normativa que debate a integração dos monumentos é a Carta de


Washington de 1986 que define cidade histórica, e aborda princípios e
objetivos da salvaguarda de bairros e cidades históricas:

A presente carta diz respeito mais precisamente às cidades grandes


ou pequenas e aos centros ou bairros históricos com seu entorno
natural ou construído, que, além de sua condição de documento
histórico, exprimem valores próprios das civilizações urbanas
tradicionais (CARTA DE WASHIMGTON, 1986, p.1).

A Carta de Petrópolis de 1987 debate a proteção legal a partir de


instrumentos como: tombamento, inventário, normas urbanísticas, isenções e
incentivos, declaração de interesse cultural e desapropriação. "Valor social"
considerado maior que o valor de mercadoria. E discute a forma integrada do
patrimônio na medida em que aborda o "sítio histórico":

Entende-se como sítio histórico urbano o espaço que concentra


testemunhos do fazer cultural da cidade em suas diversas
manifestações. Este sítio histórico urbano deve ser entendido em seu
sentido operacional de área crítica, e não por oposição a espaços
não-históricos da cidade, já que toda cidade é um organismo histórico
(CARTA DE PETRÓPOLIS, 1987, p. 1).

Desta forma as diretrizes internacionais abordaram a questão do


patrimônio visto de forma integrada.
Devemos considerar que apesar da temática patrimonial observada de
forma conjunta ser importante no desenvolvimento do entendimento da
salvaguarda do patrimônio histórico, no que se diz respeito à legislação
nacional consideramos que as leis nacionais trabalharam tal perspectiva de
forma paralela.
Tendo em vista que desde a publicação do Decreto-Lei N° 25, de 30 de
novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional, a legislação nacional trata a salvaguarda de forma conjunta:

Constitui o patrimônio histórico artístico nacional o conjunto dos bens


móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da
história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou
etnográfico, bibliográfico ou artístico (BRASIL, 1937, Art. 1°).

Esta lei através do dispositivo do tombamento passa a salvaguardar


conjuntos urbanos desde a década de 1930. Segundo o Iphan (2018) as
cidades com seus conjuntos, núcleos, centros e sítios históricos começam a
ser tombados, sendo estes monumentos e espaços públicos a partir de 1938.
Podemos observar tal afirmação e a atuação da legislação nacional de
salvaguarda tendo como base a Listagem de Bens Tombados do Iphan (2018).
Como exemplos através das décadas da atuação da proteção
patrimonial nacional podemos citar as seguintes salvaguardas em forma
conjunta: Conjunto Arquitetônico Capela Dourada, Claustro e Igreja da Ordem
Terceira de São Francisco de Recife-PE (1938); Conjunto Urbano,
Arquitetônico e Paisagístico de Igarassu-PE (1945); Conjunto Urbano Praça
Severino Vieira e Igreja Nossa Senhora da Saúde do Distrito de Nazaré em
Salvador-BA (1952); Conjunto Urbano Acervo Arquitetônico e Urbanístico da
Cidade de Olinda-PE (1962); Conjunto Urbano Arquitetônico e Paisagístico de
Cachoeira - BA (1971); e Conjunto Urbano Arquitetônico e Paisagístico de
Serro - GO (1984).
De forma a finalizar o recorte abordado por este trabalho consideramos
ressaltar a promulgação da Constituição Federal do ano de 1988, esta que traz
diversas diretrizes acerca da temática patrimonial, legitimando avanços sobre
tal questão a nível nacional.
Neste documento podemos então encontrar influências das três
temáticas focadas no recorte histórico estudado entre as décadas de 1960 e
1980.
No que se diz respeito às questões sobre o tema do “bem cultural” a
legislação nacional aborda da seguinte forma:

O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e


acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais.§ 1º O Estado
protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-
brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional.§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas
comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos
étnicos nacionais.§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura,
de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e
à integração das ações do poder público que conduzem à: I defesa e
valorização do patrimônio cultural brasileiro; II produção, promoção e
difusão de bens culturais; III formação de pessoal qualificado para a
gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;IV democratização do
acesso aos bens de cultura; V valorização da diversidade étnica e
regional (BRASIL, 1988, Art. 215).

Quanto ao debate da questão do urbanismo e a definição do patrimônio


histórico de forma integrada, a Constituição dispõe:

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material


e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as
formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as
criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de
valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico (BRASIL, 1988, Art. 216).

Desta forma nota-se a direta influência das diretrizes internacionais


através das Cartas Patrimoniais na legislação nacional.
No ano de 1989 se encerram as investidas internacionais no campo
patrimonial com a Recomendação de Paris, que tratou a respeito da
salvaguarda da cultura tradicional popular, sendo esta um passo para o debate
para a perspectiva seguinte na legislação de preservação: o patrimônio
imaterial.

3.2 Influências na legislação do Estado de Pernambuco

A política de preservação do patrimônio histórico do Estado de


Pernambuco está diretamente ligada à Fundação do Patrimônio Histórico e
Artístico de Pernambuco – Fundarpe. E, para entender sua criação devemos
observar os eventos que antecederam sua formação.
O Brasil na década de 1970 vivia um momento de valorização do
crescimento econômico e desenvolvimento urbano, assim foi elaborado o
Programa Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas do Nordeste, este
que segundo o Corrêa (2015): “buscava a descentralização da política de
preservação cultural por meio de sua execução pelos estados, aplicando
recursos significativos nessa área”.
Tal programa reverbera na criação do Programa de Cidades Históricas
no ano de 1973, que de acordo com Corrêa (2012) parte do viés
desenvolmentista do governo brasileiro, sendo uma políticapública de
preservação do patrimônio cultural com a finalidade do desenvolvimento
regional.
Segundo Menezes (2008) com esta prerrogativa foi criada a Fundarpe
em 17 de julho de 1973, com o intermédio do Banco de Desenvolvimento de
Pernambuco – Bandepe.
Acerca das funções da instituição Pacheco e Santos (2015, p. 183-184)
descrevem: “é a de uma instituição técnica de nível estadual que exerce os
poderes que o Decreto-Lei Federal Nº 25, de 30 de novembro de 1937, dispõe
sobre as políticas de salvaguarda dopatrimônio cultural brasileiro”.
Ainda sobre as atribuições da Fundarpe Menezes (2008, p. 37) coloca:

a finalidade maior espelhava não somente o interesse imediato, ou


seja, ser a instituição executora dos projetos apresentados e
aprovados ao Programa Integrado de Reconstrução das Cidades
Históricas, mas essencialmente incentivar as demais produções
culturais [...] assim, a finalidade central dos Estatutos era esse
incentivo àcultura e à preservação dos monumentos históricos e
artísticosde Pernambuco. Não teria fins lucrativos, sendo a
organizaçãomais flexível para captar recursos e realizar outras ações
em termos de gestão cultural.

Menezes (2008) continua afirmando que as ações da instituição teve


como alvo a cidade de Olinda, e por este fato tiveram como projetos iniciais de
intervenções asrestaurações da Igreja da Sé, do Palácio dos Bispos, da Igreja
de Nossa Senhora da Graça e no interesse de instalar um Museu de Arte
Sacra.
De acordo com Santos (2015, p. 122) em 1973, que iria integrar anos
depois o Sistema Estadual de Tombamento. Afirmativa confirmada através do
texto da Lei Estadual N° 7.970 de 18 de setembro de 1979 que institui o
tombamento de bens pelo Estado:

As propostas de Tombamento, que podem ser feitas por qualquer


pessoa, devem ser encaminhadas, por escrito ao Secretário de
Educação, para que este, deferindo-as, inicie o processo de
Tombamento, encaminhando-as, para exame técnico, à Fundação do
Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE
(PERNAMBUCO, 1970, Art. 1°, § 2º).

Acerca da atuação da Fundação, Santos (2015) continua:

A Fundarpe durante pouco tempo teve sua independênciarelativa do


governo. Logo em 1975 o Estado de Pernambucoa vinculou pela Lei
nº 6.873/75 à Secretaria de Educação e Cultura e depois à de
Turismo, Cultura e Esportes, em 1979 (SANTOS, 2015, p 142).

A respeito das leis estaduais vigentes devemos citar: A lei estadual Nº


7.970, de 18 de setembro de 1979, com plataforma para a proteção do
patrimônio cultural e que institui o tombamento de bens do Estado, teve como
base o Decreto-Lei Nº 25 de 1937. Essa lei de fato passou a ser
regulamentada pelo Decreto Nº 6.239, em 11 de janeiro de 1980.
Como citado anteriormente através do dispositivo do tombamento o
Iphan (2018) passa a salvaguardar conjuntos urbanos desde a década de
1930, desta forma diversos municípios do Estado foram contemplados com a
proteção patrimonial de seus equipamentos históricos.
Da mesma forma o Estado de beneficiou da instauração do Fundo do
Patrimônio Mundial regimentado pela Recomendação de Paris de 1972, esta
que influenciou no N° 80.978 de 1977, que dispõe a sítios históricos nacionais
o titulo de Patrimônio Mundial da Humanidade, e segundo a Unesco (2020) há
destaque para o Centro Histórico de Olinda por ser uma das localidades
nacionais contempladas com tal titulação desde a implementação de tal
dispositivo.

COMENTÁRIO FINAL

O objetivo dessa pesquisa é fazer a análise comparativa das orientações


internacionais e da legislação nacional sobre o patrimônio cultural.
Para esta finalidade foram consultadas as orientações internacionais
para a preservação do patrimônio, as Cartas Patrimoniais, juntamente com a
legislação nacional através das leis nacionais nas Constituições Brasileirasna
busca de relações entre estas e do entendimento da evolução das leis que
amparam o patrimônio no país.
Estas permitem entender sobre a influência das resoluções mundiais na
formação das leis nacionais do patrimônio, seus critérios e seu impacto,
identificando as questões relevantes ao patrimônio histórico-cultural.
Foram feitas leituras acerca do patrimônio cultural, este que segundo
Meneses (2006) é o resumo simbólico dos valores identitários de uma
determinada sociedade, com a finalidade de compreender a conceitualizaçao
do termo assim como se deu a interpretação do mesmo através da legislação.
Assim como foi feita a revisão conceitual de “bem cultural”, tendo em
vista que o termo recorrente durante o período do recorte estudado neste
trabalho.
O bem cultural entra no debate da salvaguarda patrimonial a partir da
Recomendação de Paris (1964), esta que o define como sendo equipamentos
de relevância ao patrimônio cultural.
A partir da pesquisa realizada, observamos que o recorte histórico, entre
as Recomendações de Paris de 1962 e de 1989, período que foi marcado por
novas diretrizes relacionadas à proteção de monumentos e sítios históricos.
Com a finalidade de um melhor entendimento do período a ser estudado
dividimos o mesmo em três partes, utilizando como critério de hierarquização o
uso recorrente de em diferentes documentos internacionais, o que configura a
potencialização da discussão acerca do patrimônio cultural.
Diante desta perspectiva num primeiro momento a discussão sobre o
“bem cultural” observamos que desde a Recomendação de Paris de 1962, que
sugeria medidas destinadas a proibir e impedir a exportação, a importação e a
transferência de propriedades ilícitas de bens culturais, se inicia a influência
das diretrizes mundiais na legislação brasileira tendo em vista a criação da
nacional Lei N° 4.845 do ano de 1965 com o mesmo teor.
O termo “bem cultural” volta a ser citado na Recomendação de Paris de
1968 e no Compromisso de Brasília de 1970, este último que abordou sobre a
criaçãode organismos ligados a cultura, tendo como consequência a lei
nacional N° 5.579 de 15 de maio de 1970, instituindo o Dia da Cultura e da
Ciência.
O segundo aspecto observado nesta pesquisa diz respeito ao
crescimento urbano, temática abordada desde a segunda Carta de Atenas de
1933, e que volta a tona na discussão patrimonial no Compromisso de
Salvador em 1971 que tratou sobre o plano urbanístico com valorização dos
sítios históricos, e volta a ser citado na Declaração e no Manifesto de
Amsterdã, ambos no ano de 1975.
O terceiro prisma observado diz respeito às iniciativas internacionais
relacionadas à cidade de forma integrada, tendo em vista do uso frequente de
termos como: conjunto histórico, cidade histórica ou cidade-monumento.
Sobre esta questão a Recomendação de Nairóbi de 1976 traz em seu
texto determinações acercada salvaguarda dos conjuntos históricos e sua
função na vida contemporânea, além da definição de Conjunto Histórico, sendo
esta, outro passo importante para a configuração da Cidade-Monumento.
Esta discussão aparece em diferentes diretrizes internacionais, tais
como: a Recomendação de Nairóbi de 1976, que considera os conjuntos
históricos como testemunhos da riqueza de uma sociedade; a Carta de Machu
Picchu de 1977, que revisa a Carta do Urbanismo de Atenas em 1933 citando
“cidade-região” e questões relativas ao crescimento urbano; a Carta de
Washington de 1986, que conceitua a “cidade histórica”; assim como a Carta
de Petrópolis de 1987, que relata sobre o “sítio histórico”.
Observamos que apesar da relevância da discussão patrimonial de
forma integrada entendemos que no que se diz respeito à legislação nacional
não ocorreu influencia das diretrizes mundiais, tendo em vista que as
normativas brasileiras nesta ótica trabalharam em forma paralela, e como
citado anteriormente desde a publicação do Decreto-Lei N° 25, de 30 de
novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional, a legislação nacional trata a salvaguarda de forma conjunta.
Durante a investigação observamos outro aspecto relevante nesta
pesquisa, que vem a ser a fundação do Patrimônio Mundial da Humanidade,
tema abordado na Recomendação de Paris em 1972, que com o proposito de
incentivar a preservação de bens culturais e naturais, reverbera na legislação
nacional através do Decreto N° 80.978 de 12 de dezembro.
No cruzamento dos dados das Cartas Patrimoniais com a legislação
nacional, comprovamos, através dos exemplos citados, como as
recomendações internacionais interferiram diretamente na criação das leis
relacionadas ao patrimônio histórico no Brasil.
Assim consideramos que há uma comprovada relação entre as Cartas
Patrimoniais e a evolução da legislação brasileira, e por consequência, do
Estado de Pernambuco relacionada ao patrimônio, em aspectos como a
abordagem do “bem cultural” e políticas relacionadas preservação sobre a
temática do crescimento urbanístico. Em se tratando do entendimento de
salvaguarda do patrimônio de forma conjunta, a legislação nacional trabalhou
de forma paralela às diretrizes de preservação internacional.
Diante disto, podemos afirmar que tal projeto serve de alicerce para
futuras pesquisas acerca da temática “patrimônio histórico” e sobre as políticas
públicas de preservação do mesmo, envolvendo questões da valorização do
direito ao conhecimento, educação patrimonial e apropriação do passado.

REFERÊNCIAS

BARRETTO, Margarita. Turismo e legado cultural. São Paulo: Papirus, 2000.

BRASIL. Constituição (1967). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado, 1967.

BRASIL. Constituição (1969). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado, 1946.

BRASIL. Constituição (1977). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado, 1977.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

BRASIL. Decreto N° 80.978, de 12 de dezembro de 1977. Promulga a


Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, de
1972. Diário Oficial da União - Seção 1 - 14/12/1977, Página 17107
(Publicação Original).

BRASIL. Decreto-Lei Nº 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção


do patrimônio histórico e artístico nacional. Diário Oficial da União - Seção 1 -
6/12/1937, Página 24056 (Publicação Original).

BRASIL. Lei N° 4.845, de 19 de novembro de 1965. Proíbe a saída, para o


exterior, de obras de arte e ofícios produzidos no País, até o fim do período
monárquico. Diário Oficial da União - Seção 1 - 22/11/1965, Página 11859
(Publicação Original).

BRASIL. Lei N° 5.579, de 15 de maio de 1970. Institui o "Dia da Cultura e da


Ciência", e dá outras providências. Diário Oficial da União - Seção 1 -
19/5/1970, Página 3705 (Publicação Original).

CÂMARA dos Deputados. Legislação sobre patrimônio cultural. – 2. ed. –


Brasília : Câmara dos Deputados,Edições Câmara, 2013.349 p. – (Série
legislação; n. 92).
CARTA DE ATENAS (1933) – CIAM – Congresso Internacional de Arquitetura
Moderna. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais.
Brasília: IPHAN, 1995.

CARTA DE MACHU PICCHU (1977) – Encontro Internacional de Arquitetos.


In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais. Brasília:
IPHAN, 1995.

CARTA DE PETRÓPOLIS (1987) – 1° Seminário Brasileiro para Preservação e


Revitalização de Centros Históricos. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº
3: Cartas Patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995.

CARTA DE WASHINGTON (1986) – Carta Internacional para Salvaguarda das


Cidades Históricas, Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS.
In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais. Brasília:
IPHAN, 1995.

CARTAS PATRIMONIAIS. In: IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas


Patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995.

COMPROMISSO DE BRASÍLIA (1970) - 1° Encontro dos Governadores de


Estado, Secretários Estaduais da Área Cultural, Prefeitos de Municípios
Interessados, Presidentes e Representantes de Instituições Culturais. In:IPHAN
– Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995.

COMPROMISSO DE SALVADOR (1971) – II Encontro de Governadores para


Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Brasil - Ministério
da Educação e Cultural – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -
IPHAN. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais.
Brasília: IPHAN, 1995.

CORRÊA, Sandra Rafaela Magalhães. O Programa de Cidades Históricas


(PCH). In: REZENDE, Maria Beatriz; GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano;
THOMPSON, Analucia. (Orgs). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 1.
ed. Rio de Janeiro, Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2015. (verbete). ISBN 978-
85-7334-279-6.

CORRÊA, Sandra Rafaela Magalhães.O Programa de Cidades Históricas


(PCH):Por uma política integrada de preservação do patrimônio cultural –
1973/1979. 2012. 343 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) -
Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

DECLARAÇÃO DE AMSTERDÃ (1975) - Congresso do Patrimônio


Arquitetônico Europeu – Conselho da Europa – Ano Europeu do Patrimônio
Arquitetônico. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais.
Brasília: IPHAN, 1995.
FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio Histórico e
Cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

GOMES, Mariana Elias. Patrimônio cultural e turismo: estudo de caso sobre


a relação entre o órgão ArpSchinitgere a população local de Mariana, MG. Belo
Horizonte: Centro Universitário Newton Paiva, 2007.

GUEDES, Maria Tarcila Ferreira; MAIO, Luciana Mourão. Bem Cultural.


IPHAN: Dicionário do Patrimônio Cultural, 2016. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/79/bem-
cultural>. Acesso em: 10 mai. 2020.

GUIMARÃES, Maria de Fátima; PAIM, Elison Antônio. História, cultura e


patrimônios regionais: construindo e registrando saberes e práticas.In:
GIL, Carmem Zeli de Vargas; TRINDADE, RhuanTarginoZaleski (Org.)
Patrimônio cultural e ensino de história. I. ed. – Porto Alegre, RS: Edelbra,
2014, p. 91-110.

IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Cartas


Patrimoniais. 2015. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=17575&sigla=Instit
ucional&retorno=paginaInstitucional>. Acesso em: 04 abr. 2019.

IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.Conjuntos


urbanos tombados. 2020. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/123> Acesso em 10 jun. 2020.

IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Lista de bens


tombados e processos em andamento. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Lista_bens_tombados_pro
cessos_andamento_2018> Acesso em: 10 jun. 2020.

IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.Patrimônio


Mundial. 2014. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/24>.
Acesso em 10 jun. 2020.

IPHAN. I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural.Sistema Nacional de


Patrimônio Cultural: desafios, estratégias e experiências para uma nova
gestão, Ouro Preto/MG, 2009 / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional; coordenação, Weber Sutti. - Brasília, DF: Iphan, 2012.

MANIFESTO DE AMSTERDÃ (1975) - Carta Europeia do Patrimônio


Arquitetônico. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais.
Brasília: IPHAN, 1995.
MENESES, José Newton Coelho. História & Turismo Cultural. Belo
Horizonte: Autêntica, 2006.

MENEZES, José Luiz M. Ainda chegaremos lá: História da Fundarpe –


Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Recife:
FUNDARPE, 2008.

PACHECO, Ricardo de Aguiar; SANTOS, Diego Gomes dos. Os 40 Anos da


Fundarpe na política culturaldo patrimônio pernambucano (1973- 2013).
Mneme – Revista de Humanidades.Caicó, v. 16, n. 36, p. 183-200, jan./jul.
2015.

PERNAMBUCO. Lei N° 7.970, 18 de setembro de 1979. Institui o tombamento


de bens pelo Estado. Governo do Estado de Pernambuco. Disponível em:
<http://www.cultura.pe.gov.br/wp-content/uploads/2013/11/Lei-7.970-79.pdf>
Acesso em: 21 jul. 2020.

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976) – 19ª sessão UNESCO - Organização


das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Recomendação
relativa à salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na vida
contemporânea. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas
Patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995.

RECOMENDAÇÃO DE PARIS (1964) – Conferência Geral da Organização das


Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 13ª sessão. In:IPHAN
– Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995.

RECOMENDAÇÃO DE PARIS (1968) - Conferência Geral da Organização das


Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 15ª sessão. In:IPHAN
– Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995.

RECOMENDAÇÃO DE PARIS (1972) – Recomendação sobrea Salvaguarda


da Cultura Tradicional e Popular – Conferência Geral da UNESCO, 25ª
Reunião. In:IPHAN – Caderno de Documentos nº 3: Cartas Patrimoniais.
Brasília: IPHAN, 1995.

SANTOS, Diego Gomes dos. Patrimônio: herança ou interesses? Um


estudo sobre a política cultural aplicada ao patrimônio cultural de Pernambuco
(1979 - 2010). 2015. 286 f. Dissertação (Mestrado em História Social da Cultura
Regional) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2015.

TORELLY, Luiz P. P. Notas sobre a evolução do conceito de Patrimônio


Cultural. Fórum Patrimônio, Belo Horizonte, v.5, n.2, jul./dez. 2012.
UNESCO. Patrimônio mundial no Brasil. Disponível em:
<https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/world-heritage-brazil> Acesso
em: 04 abr. 2020.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Monumento Nacional Ruínas São Jorge dos
Erasmos – Base Avançada de Pesquisa, Cultura e Extensão da USP (PRSEU-
USP). Cartas e recomendações patrimoniais. 2018. Disponível em:
<http://www.engenho.prseu.usp.br/cartas-e-recomendacoes-patrimoniais/>
Acesso em: 10 out. 2018.

Você também pode gostar