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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE ARTES HUMANIDADES E LETRAS


CIÊNCIAS SOCIAIS

UARLE DA SILVA CARVALHO

A PERMANÊNCIA NO CAMPO COMO PROJETO DE VIDA:

Os jovens agricultores familiares do município de Água Fria e seus projetos

ÁGUA FRIA-BA
2022
UARLE DA SILVA CARVALHO

A PERMANÊNCIA NO CAMPO COMO PROJETO DE VIDA:


Os jovens agricultores familiares do município de Água Fria e seus projetos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia como pré-requisito parcial para a
obtenção do Título de Bacharel em Ciências Sociais.

Orientador: NELSON EUGENIO PINHEIRO MONTENEGRO

ÁGUA FRIA-BA
2022
Dedicatória: À minha
mãe (in memorian).
LISTA DE IMAGENS

Imagem 1- Localização do município de Água Fria no Território de Identidade Portal


do Sertão

Imagem 2- Localização do município de Água Fria no polígono da seca


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Autodefinição dos jovens


Tabela 2 - Das pessoas que moram com você, elas são o que seu?
Tabela 3 - Participação no trabalho agrícola
Tabela 4 - Horas por dia trabalhadas na agricultura familiar
Tabela 5 - Principal destino da produção familiar
Tabela 6 - Divisão das rendas provenientes da atividade agrícola
Tabela 7 - Recompensa ganha pela participação no trabalho agrícola
Tabela 8 - Cruzamento entre a questão se você pretende continuar ou voltar a
estudar até quando será? e faixa etária
Tabela 9 - Cruzamento entre a questão se você pretende continuar ou voltar a
estudar até quando será? e sexo
Tabela 10 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer
profissionalmente como agricultor (a) familiar? e sexo
Tabela 11 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer
profissionalmente como agricultor (a) familiar? faixa etária
Tabela 12 - Você tem um projeto que quer exercer no futuro?
Tabela 13 - Cruzamento entre a questão você tem um projeto que quer exercer no
futuro? e sexo
Tabela 14 - Onde você pretende morar?

Tabela 15 - Cruzamento entre a questão onde você pretende morar? e você


pretende se estabelecer profissionalmente como agricultor(a) familiar?
Tabela 16 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer
profissionalmente como agricultor(a) familiar? e sua família é proprietária da terra
em que trabalha?

Tabela 17 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e você está estudando atualmente?

Tabela 18 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e quantas horas por dia você trabalha
na agricultura familiar?

Tabela 19 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e como você avalia o modo de vida de
seus pais?

Tabela 20 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e você tem um projeto que quer
exercer no futuro?
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Administração da propriedade


Gráfico 2 - Autonomia
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária


FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MPA - Movimento dos Pequenos Agricultores
CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UFP - Unidade Familiar de Produção
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SUMÁRIO

RESUMO __________________________________________________________ 10

INTRODUÇÃO ______________________________________________________11

OBJETIVO GERAL___________________________________________________ 12

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ___________________________________________ 12

METODOLOGIA ____________________________________________________ 13

CAPÍTULO 1 _______________________________________________________ 14

CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA DA JUVENTUDE ______________________ 14

JUVENTUDE COMO FAIXA ETÁRIA ____________________________________ 17

JUVENTUDE E GERAÇÃO ___________________________________________ 19

JUVENTUDE COMO TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA __________________ 23

JUVENTUDE E TRABALHO __________________________________________ 25

CATEGORIAS OPERACIONAIS _______________________________________ 27

SOCIALIZAÇÃO ___________________________________________________ 28

CAPÍTULO 2 ______________________________________________________ 30

AGRICULTURA FAMILIAR ___________________________________________ 30

CAPÍTULO 3 ______________________________________________________ 35

O MUNICÍPIO DE ÁGUA FRIA ________________________________________ 35

CARACTERIZAÇÃO DOS JOVENS AGRICULTORES


FAMILIARES DO MUNICÍPIO ________________________________________ 38

SITUAÇÃO JUVENIL NA AGRICULTURA FAMILIAR DE ÁGUA FRIA _________ 40

PROJETOS DOS JOVENS AGRICULTORES ÁGUA-FRIENSES _____________ 45

PROJETO DE ESCOLARIZAÇÃO______________________________________ 46

PROJETO PROFISSIONAL___________________________________________ 49

CONSIDERAÇÕES FINAIS ___________________________________________ 58


9

RESUMO

A presente monografia é resultado de uma pesquisa de caráter quantitativo


qualitativo realizada no município de Água Fria - Bahia -, com jovens agricultores
familiares através do uso de questionário estruturado. Buscou-se analisar quais são
seus projetos juvenis e a relação destes com a agricultura familiar e como categoria
de análise adotamos a noção de jovens agricultores familiares. Como hipótese
supõe-se que os jovens socializados na agricultura do município possuem projetos
afinados com a sua condição de jovem agricultor.

Palavras chaves: Juventude, Agricultura familiar, Projetos juvenis,


Socialização.
10

1. INTRODUÇÃO

Carente de políticas públicas efetivas e de caráter emancipatório por parte de


um estado tipicamente burguês, o jovem agricultor familiar enfrenta como grande
obstáculo no caminho ruma à autonomia um cruel processo de exclusão social, a
invisibilidade social, que implica em última análise na ausência ou negação de
direitos sociais básicos, oportunidades iguais a acesso a recursos materiais e
negação ao direito à identidade. Desta forma o presente estudo pretende tirar do
anonimato - tanto social quanto acadêmico - estes sujeitos portadores de direitos e
com grande potencial de luta política emancipatória. Luta esta caracterizada pela
tomada de consciência da sua existência enquanto juventude que se identifica como
jovens agricultores familiares, reconhecem as suas especificidades e fazem disto
uma agenda de reivindicações junto ao estado.

Para tanto adotamos como categoria sociológica, os “jovens agricultores


familiares”, ao invés de “jovens rurais”, visto que segundo Tavares dos Santos
(1991) esta última noção é insuficiente para caracterizar uma categoria sociológica,
em função de que apresenta-se em oposição ao urbano como um referencial
geográfico, de dimensão demográfica e imediatamente empírico. Por outro lado a
noção de jovens agricultores familiares, situa estes sujeitos num “espaço social de
relações”, estas por sua vez conferem sentido e especificidade aos jovens da
agricultura familiar alicerçada na posição ocupada por eles na divisão social do
trabalho.

(...)a caracterização analítica mais adequada a essa condição juvenil deve


ser buscada não de maneira “substancialista” no “rural”, mas em termos de
sua posição num “espaço de relações” (BOURDIEU, 1989) proveniente da
condição de membro de uma família de agricultores. (WEISHEIMER, 2004,
p110)

Situação juvenil aqui entendido como as diversas formas que se expressa a


condição juvenil, sendo esta última a posição que o sujeito ocupa na hierarquia
social, no nosso caso a condição juvenil é de subalternidade.

O estudo tem o intuito de fazer uma análise sobre os jovens agricultores


familiares do município de Água Fria, em que busca-se analisar, como se expressa
a situação juvenil na agricultura familiar, relacionando-a com seus projetos de
escolarização, profissionais e de vida.

Água Fria é um pequeno município no centro-norte da Bahia, situado a 146


quilômetros da capital, com uma população estimada de 17 mil habitantes, a maior
11

parte destes, residindo na zona rural, tornando a agricultura uma das principais
atividades econômica do município, apesar de grandes obstáculos como; chuvas
irregulares, estiagem, concentração fundiária, pouco acesso à tecnologia agrícola,
falta de infraestrutura e invisibilidade dos agricultores.

A princípio pensou-se que mesmo desejando permanecer no campo como


projeto de vida os jovens filhos de agricultores, vêem-se obrigados a procurar
melhores condições de existência em grandes centros urbanos. Como hipótese,
supõe-se que estes jovens possuem projetos profissionais, educacionais ajustados
à sua realidade de agricultor familiar visando sempre melhorias nas condições
materiais. Como projeto desejam permanecer no campo. Todavia estes jovens se
encontram num contexto de relações sócio-econômico que inviabiliza ou atrasa a
sua execução, permanecendo desta forma numa condição de subalternidade, de
não autonomia.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Analisar a situação juvenil dos jovens agricultores familiares do município de


Água Fria e seus projetos de escolarização, profissionais e de vida.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever a situação juvenil na agricultura familiar no município de Água Fria

Caracterizar os jovens agricultores do município

Analisar as condições sociais em que estes jovens estão inseridos


12

METODOLOGIA

Como metodologia buscou-se fazer uma pesquisa de caráter misto quantitativo


qualitativo, buscando caracterizar os jovens agricultores do municipio no que tange
a idade, sexo, cor, composição no domicílio familiar, emprego, acesso à terra, renda,
profissão, projetos para o futuro, etc. Além de levantar dados a respeito dos seus
projetos no sentido de chegar a um panorama que confirme ou não a hipótese da
pesquisa. Para tanto foi usado o método de pesquisa survey, com aplicação de
questionário estruturado e posterior análise dos dados coletados.

A investigação quantitativa atua em níveis de realidade e tem como objetivo


trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis. (Minayo & Sanches,
1993). Para Quivy (1998) a técnica a ser usada nesta pesquisa, o questionário
estruturado:

“Consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente


representativo de uma população, uma série de perguntas relativas à
situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude
em relação a opções ou questões humanas e sociais, às suas
expectativas (...) ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse os
investigadores” (QUIVY, 1998, p.188)

Afirma também que “o método é especialmente adequado para o “conhecimento


de uma população enquanto tal: as suas condições e modos de vida, os seus
comportamentos, os seus valores e as suas opiniões” (p 189).

Além da pesquisa de campo adotou-se uma ampla revisão bibliográfica sobre a


temática, obtenção de dados estatísticos de fontes diversas, a exemplo do censo do
IBGE e uma vez munidos com as informações estatísticas necessárias os dados
oriundos do questionário foram inseridos no software estatístico PSPP - como
alternativa ao SPSS - para fazer os cruzamentos de dados e variáveis necessários e
em seguida tanto os dados primários quanto os secundários serão analisados à luz
da teoria social adotada, a fim de se chegar às conclusões.

A pesquisa se utiliza do censo agropecuário de 2017 realizado no município


como fonte principal de referência para determinar a população e a amostra da
pesquisa. Segundo esta fonte, em 2017 haviam no município 2165
estabelecimentos agropecuários, sendo que deste montante apenas 2141 possuíam
pessoas ocupadas com laços de parentesco com o titular da propriedade,
perfazendo um total de 4494 indivíduos mais os respectivos donos. Assim há uma
média de 2 pessoas trabalhando num estabelecimento mais o proprietário, somando
um total de 6.635 agricultores familiares(pai, mãe e filho, ou pai e filhos). O
13

montante de 2141 estabelecimentos voltados para a agricultura familiar dialoga


intimamente com o dado da Secretaria Municipal de Agricultura em que consta que
2096 agricultores possuem DAP. Demonstrando dessa forma que apesar de haver
agricultores familiares sem DAP a quase totalidade das propriedades possuem este
documento. Dos 6.635 agricultores, por base, 26,5% (1758 para ser exato) são
jovens, estão na faixa de 15 a 29 anos.

Desta população, partiu-se de uma amostra representativa de 42 pessoas. Para


a aplicação do questionário adotou-se como estratégia o uso da rede de
relacionamento dos primeiros entrevistados que passaram a indicar outras pessoas
aptas a participarem da pesquisa, ou seja, que morassem numa Unidade de
Produção Familiar, e que estivessem entre 15 e 29 anos. Como resultado houve em
10 das ….. comunidades rurais do município jovens agricultores familiares
respondendo ao questionário.

CAPÍTULO 1

CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA DA JUVENTUDE

Este primeiro capítulo tem como objetivo , deixar claro, através de revisão bibliográfica,
que a juventude é um fenômeno social, cultural e histórico, logo não é definida por um dado
natural. Para tanto, sinteticamente, buscamos trazer as contribuições da sociologia da
juventude, recorremos às abordagens da juventude a partir do critério etário, do
enfoque teórico geracional, da juventude como como transição para a vida adulta e
a relação entre juventude e trabalho. Elencamos ainda algumas categorias
operacionais úteis neste estudo. Tudo isso no intuito de oferecer maior precisão
conceitual e analítica à noção de juventude.

Sempre existiram jovens nas sociedades, todavia com os papéis sociais que
estes desempenham atualmente é uma criação bastante recente, que remota
segundo Ariés (1981), o século XII. Já o estudo da juventude enquanto objeto
científico é ainda mais recente iniciado nos primórdios da sociologia em meados do
século XVIII. A sociologia da juventude que, como o nome pressupõe, possui a
juventude como objeto de estudo específico, este entendido como um fenômeno
social, cultural e histórico.

Os próximos parágrafos têm a intenção de expor a origem e as primeiras


contribuições desta ciência. Importante notar que a sociologia da juventude, em
especial nos seus primeiros momentos possuía um caráter multidisciplinar,
14

envolvendo além da própria sociologia áreas como psicologia, pedagogia, biologia e


antropologia.

A modernidade tal como conhecemos origina-se com a ascensão econômica e


política da burguesia no ocidente, ascensão está caracterizada pelo
desenvolvimento do capitalismo, rápidas transformações sociais culturais e
econômicas, autonomia das instituições, crescente burocratização, racionalização e
secularização da vida. É neste contexto histórico que se origina a juventude com os
papéis sociais que conhecemos atualmente. Nas palavras de (WEISHEIMER 2019,
p.45) “Nota-se que não sem justificativas que os jovens são frequentemente
adjetivados como modernos, como diferentes ou inovadores”.

Em sua obra “História Social da Criança e da Família", Áries nos oferece uma
visão panorâmica das transformações que ocorreram ao longo da história a respeito
da conformação da família e a noção de infância e, como nos interessa aqui, a
longa construção social e histórica da juventude.

Segundo este autor dois processos foram cruciais para tal construção, a
nuclearização da família e a universalização do ensino. O primeiro diz respeito às
transformações ocorridas na forma de organização das famílias por volta do séc XII,
período em que a burguesia iniciou sua ascensão. Weisheimer (2013) fazendo
referência à obra de Ariés, tece o seguinte comentário:

“A família passa a voltar-se cada vez mais para si mesma, passando a


organizar-se em torno da criança e erguendo entre ela mesma e a sociedade
o muro da sociedade privada. Isto se reflete também, na composição do
grupo doméstico que vai deixando de ser caracterizado por laços amplos e
voltando-se ao convívio mais estreito e íntimo" (WEISHEIMER, 2013, p46)

Áries dá-se conta, de que no período que antecedeu a idade moderna,


diferentemente do que é hoje, a noção de afeto, ou o afeto propriamente dito, em
especial para com as crianças, era quase inexistente.

A criança se afastava logo de seus pais e pode-se dizer que


durante séculos a educação foi garantida pela aprendizagem,
graças à convivência da criança ou do jovem com os adultos. A
criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos
a fazê-las (ÁRIES, p10)

Assim, inexiste de certo modo a juventude, visto que o indivíduo deixa de ser
criança e tornava-se imediatamente um adulto, ou melhor dizendo a criança era um
adulto que ainda não teria crescido. Ainda segundo o mesmo autor “quando ela
conseguia superar os primeiros perigos e sobreviver ao tempo da “paparicação", era
comum que passasse a viver em outra casa que não a de sua família” (p10) ou seja,
a criança se encontrava num contexto de relações afetivas fracas num ambiente
familiar amplo.
15

Como dito acima, isto muda em meados do século XII com uma crescente
privatização do núcleo familiar. Neste novo cenário, a família vê-se obrigada a focar
suas energias em prol do futuro dos jovens, deixando assim ainda mais claro os
novos papéis que estes sujeitos começam a desempenhar.

Já o segundo processo, a universalização do ensino, que a princípio esteve


reservado aos sujeitos da classe burguesa, e em seguida expandido para a classe
trabalhadora é compreendido como uma circunstancial segregação entre gerações
no caso os jovens que são enviados para colégios e liceus para desempenharem
futuras funções. A princípio filhos de burgueses e aristocratas potenciais gestores
da indústria capitalista, e em seguida filhos do proletariado, estudando o mínimo
necessário para desempenhar suas funções no trabalho com as máquinas.

Esta nova ênfase dada à educação para jovens tornou ainda mais visível a
especificidade do fenômeno juvenil em que os jovens sujeitos situados entre a
infância e a vida adulta começam a atuar em novos papéis.

(...) pode-se dizer que o aparecimento da noção de juventude - como a


conhecemos hoje- resulta de processos iniciados pela modernidade e que
implicaram uma crescente racionalização e individualização das práticas
sociais promovendo a distinção entre a esfera privada (família) da pública
(escola). (WEISHEIMER , 2019, p47)

Enquanto noção fluida no espaço e no tempo, portanto sócio-historicamente


definido, os limiares que demarcam o início e término da juventude, variam de
acordo com a sociedade e momento histórico analisados. Hoje, no ocidente existe
um consenso cultural de que o início da juventude é representado pelo surgimento
da puberdade, momento este que o corpo da criança passa por importantes
mudanças biológicas caracterizadas principalmente pelo desenvolvimento das
capacidades reprodutivas e incorporação de novos papéis sociais. Para Jean
Piaget, citado em Weisheimer (2009):

“Seu marco inicial coincide com a conclusão do desenvolvimento cognitivo


da criança. (...) isto corresponde à capacidade de realizar operações formais
cujo processo de estruturação se conclui por volta dos 15 anos de idade e
confere ao indivíduo uma nova capacidade, a execução de operações
mentais próprias do pensamento abstrato e hipotético-dedutivo”
(WEISHEIMER, 2009, p 47)

Se por um lado o início da juventude possui uma definição relativamente bem


definida calcada em fatores biológicos, psicológicos e cognitivos, o seu término ao
16

contrário possui uma definição de uma complexidade formidável, que envolve


fatores conjugais, domésticos, produtivos e cívicos. O término da juventude seria
marcado pelo casamento, pela constituição de uma prole, pela construção de um
domicílio próprio, pela entrada no mercado de trabalho. Em síntese a entrada no
mundo adulto é caracterizada pela plena autonomia do jovem em relação aos pais,
ou melhor aos adultos que pode dar-se em diferentes idades e faixas etárias.

JUVENTUDE COMO FAIXA ETÁRIA

De acordo com estes fatores que demarcam o início e, o fim da juventude a


noção de faixa etária, surge e atua como importante meio para operacionalizar esta
categoria sociológica e útil como parâmetro para desenho de políticas públicas,
embora por si só ela não seja suficiente para para caracterizar uma categoria
sociológica e “Como qualquer outra forma de classificação, suas fronteiras são
socialmente construídas” e portanto arbitrárias Bourdieu (2003) . A despeito do que
foi dito, instituições de estado, entidades internacionais e movimentos sociais
definem as fronteiras juvenis de modo diferente.

A Assembleia Geral das Nações Unidas entende que jovens constituem o grupo
de indivíduos com idade entre 15 e 24 anos (UNESCO, 2004). No Brasil a partir de
2005, a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e o Conselho Nacional de
Juventude (CONJUVE), seguem a delimitação de 15 a 29 anos, dividida nos
subgrupos: Jovem adolescente de 15 a 18 anos, jovem-jovem de 19 a 24 anos e
jovens adultos de 25 a 29 anos. De forma semelhante, é jovem para o IBGE,
pessoas entre 15 e 29 anos.

Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069 de 13/7/1990), a


adolescência situa-se na faixa etária de 12 a 18 anos. Alguns movimentos sociais
do campo consideram estender o término da juventude para os 35 anos, devido às
especificidades da condição juvenil nesse espaço.

Confirmando o dito acima Groppo (2004) alerta que:

Para a compreensão dos significados sociais das juventudes modernas e


contemporâneas, o essencial não é delimitar de antemão a faixa etária da
sua vigência. Esta faixa etária não tem caráter absoluto e universal. É um
produto da interpretação das instituições das sociedades sobre a sua própria
dinâmica. (p11)
17

Independentemente da afirmação de Groppo ela ainda é: útil e imprescindível


para manusear o conceito enquanto categoria sociológica, importante para a
pesquisa social empírica e para a definição precisa dos critérios de inclusão e
exclusão de indivíduos na categoria juventude e delimitação do universo de
pesquisa o recorte etário. Mesmo sendo arbitral.

Bourdieu (1983) reforça o caráter arbitrário que é a delimitação da juventude em


faixas etárias e que estas são objetos de lutas sociais, em busca da definição de
quem é ou não jovem. A juventude passa a ser vista como um valor, como um
objeto de desejo. Além dos conflitos que resultam da definição de juventude este
autor adverte também para o fato de que juventude é um conceito relacional,
sempre se é velho ou novo em relação a alguém que é tomado como parâmetro.

Pais (1990) acrescenta ainda que:

“A juventude, quando aparece referida a uma fase de vida, é uma categoria


socialmente construída, formulada no contexto de particulares circunstâncias
económicas, sociais ou políticas; uma categoria sujeita, pois, a modificar-se
ao longo do tempo. (p146)”

Tão antiga quanto a própria sociologia, a temática juventude já era estudada


antes mesmo da institucionalização desta ciência. Enquanto objeto de estudo a
juventude ganha cada vez mais relevância por volta do século XVIII. num momento
da história ocidental marcado pela consolidação do capitalismo como modo de
produção dominante resultando em alguns efeitos sobre a sociedade tais como,
abandono, desemprego, aumento da criminalidade juvenil e da violência contra
jovens

Na primeira metade do século XX os estudos da juventude ainda se concentram


nas áreas da Educação e da Pedagogia. Segundo Weisheimer (2009) “A
constituição de uma Sociologia da Juventude se realizaria lentamente como
resultado direto da maior visibilidade social adquirida pela juventude que passa a
ser considerada um segmento diferenciado e grupo socialmente distinto"(p 60)

Argumenta, para tanto que foi muito importante o advento nos anos iniciais do
século xx de um “movimento juvenil” e da “cultura juvenil” tendo como resultado
direto o início das “primeiras experiências de institucionalização das pesquisas
sociais de juventude na Alemanha”. Todavia no período entre-guerras e após a
eclosão da segunda guerra mundial as pesquisas sociológicas a respeito da
juventude torna-se sustado na Europa, assim a incipiente produção de pesquisa
social migra para os EUA recebendo especial atenção da Escola de Chicago. Como
importante avanço neste novo momento nota se que:
18

“(...) a Sociologia da Juventude se constituiria definitivamente, abandonando


a tendência anterior em generalizar para toda população juvenil o que era
verificado entre apenas uma amostra dos jovens. Ou seja, neste novo
espaço social, a juventude seria estudada em vínculo estreito com a sua
comunidade”. (WEISHEIMER, 2009, p 62)

JUVENTUDE E GERAÇÃO

Dentro da sociologia e em especial na sociologia da juventude o conceito de


geração possui uma importância singular, uma vez que falar de juventude é falar de
classificações - arbitrárias segundo bourdieu - faixa etárias, sucessão e coexistência
de gerações. A noção de geração começa a ser tratado como um objeto sociológico
ainda no século XIX, tendo como principais destaques Comte e Dilthey.

No século seguinte, Karl Mannheim foi o responsável por desenvolver uma


teoria sociológica das gerações tecendo críticas às abordagens anteriores, ou seja a
positivista e a histórica-romântica. Décadas mais tarde, Abrams aprofunda ainda
mais a abordagem iniciada por Mannheim. Deste modo o presente subcapítulo
busca por em tela a contribuição dos sociólogos acima citados para com a noção de
geração dentro da sociologia.

Comte, figura como um dos principais criadores da abordagem positivista nos


estudos dos fenômenos humanos, em síntese esta metodologia buscava aplicar às
ciências humanas os mesmos métodos das ciências exatas e naturais, tais como
física e matemática, centrando desta forma em aspectos quantitativos acreditando
ser possível entre outras coisas prever os fenômenos.

Característica importante desta perspectiva é a noção de progresso, este sempre


cumulativo e linear calcado no cálculo e na razão, logo uma ideia mecanizada dos
fenômenos sociológicos. Desta forma aplicando esta abordagem para os estudos
das gerações “Os positivistas estavam tentando esboçar uma lei geral para o ritmo
da história a partir do determinante biológico da duração limitada da vida de um
indivíduo, do fator idade e de suas etapas” (WELLER, 2010, p207) à partir da
captação de dados quantitativos e mensuráveis, assim para a grande maioria dos
positivistas uma geração teria 30 anos em média em que “(...) os primeiros 30 anos
são os anos de formação, quando, normalmente, se inicia o processo individual
criativo do indivíduo; aos 60 o ser humano deixa a vida pública (pp. 511s
Mannheim). Já a ideia de progresso relativo à abordagem positivista em relação ao
19

conceito de geração seria o resultado da interação equilibrada entre mudanças


feitas pela nova geração e a estabilidade preservada pelas gerações mais velhas.

Diferentemente de Comte, o filósofo Dilthey adota a abordagem


histórico-romântica. Aqui deixa-se de lado a perspectiva mecanicista, quantitativo e
linear do positivismo e aposta numa abordagem mais qualitativo do tempo
destacando a conexão que existe entre o ritmos da história e os ritmos das
gerações “Nesta perspectiva, o que mais importa é a qualidade dos vínculos que os
indivíduos das gerações mantêm em conjunto” (FEIXA, LECARD, 2010 p 188). Em
outras palavras, a análise do tempo da experiência passa a ser medido em termos
qualitativos. Assim Feixa (2010) recorrendo à Dilthey resume que geração
“(...)consiste de pessoas que partilham o mesmo conjunto de experiências, o
mesmo “tempo qualitativo” p 188. Assim, ao destacar as experiências históricas
vividas e compartilhadas por um mesmo conjunto de pessoas, Dilthey traz para a
sua teoria a noção de contemporaneidade que posteriormente será usada por
Mannheim. “A formação das gerações foi consequentemente baseada em uma
temporalidade concreta, constituída de acontecimentos e experiências
compartilhadas.

Karl Mannheim sociólogo Hungaro desenvolve sua teoria das gerações num
contexto ainda tenso das duas grandes guerras. Apesar de simpatizar em alguma
medida com a abordagem histórico-romântica de Dilthey, Mannheim possui
objeções às duas perspectivas acima citadas. Busca assim se afastar de uma noção
naturalista das gerações e desenvolve a concepção moderna de geração sendo
portanto um divisor de águas na história sociológica do conceito.

O problema sociológico das gerações título do artigo escrito por Mannheim é


um ótimo ponto de partida para compreender a sua teoria geracional. Para elucidar
fatos fundamentais relativo à geração MAnnheim propõe um experimento:

A melhor maneira para se avaliar quais aspectos da vida social resultam da


existência de gerações é fazer a experiência de imaginar o que seria a vida social
do homem se uma geração vivesse para sempre e não seguisse nenhuma outra
para substituí-la. (MANNHEIM, 1982, p 74,)

Para o autor em contraste com a sociedade acima imaginada a nossa seria


constituída pelas seguintes características:

a) “Novos participantes do processo cultural estão surgindo, enquanto

b) Antigos participantes daquele processo estão continuamente


desaparecendo;
20

c) Os membros de qualquer uma das gerações apenas podem participar de


uma seção temporalmente limitada do processo histórico, e

d) É necessário, portanto, transmitir continuamente a herança cultural


acumulada;

e) A transição de uma para outra geração é um processo contínuo."

São estes 5 elementos elencados pelo autor que asseguram dinamicidade,


movimento e historicidade às sociedades e evidenciam o papel ativo dos jovens
neste processo.

Para além destes, existem outros elementos cruciais nesta teoria que serão
expostos em seguida tais como, situação de geração, geração como realidade,
unidade de geração e grupo concreto.

Na perspectiva de Mannheim a situação de geração pode ser definido “como


uma condição situacional frente ao processo histórico" (WEISHEIMER, 2009. p.62).
Deste modo esta é composta por sujeitos que compartilham uma situação comum
perante as dimensões históricas do processo social. Segundo o autor da teoria das
gerações “Para se participar da mesma situação de geração, isto é, para que seja
possível a submissão passiva ou o uso ativo das vantagens e dos privilégios
inerentes a uma situação de geração, é preciso nascer dentro da mesma região
histórica e cultural” p85

Alerta ainda que “A situação enquanto contém apenas potencialidades que


podem materializar-se, ou ser suprimidas, ou tornar-se incrustadas em outras forças
sociais e manifestarem de forma modificada” p85 mannheim. Deste modo em
analogia à classe em si e classe para si, do pensamento marxista. A geração
enquanto potencial pode deixar de ser uma geração em si e tornar-se uma geração
para si na medida em que esta toma consciência da sua condição enquanto
geração com grande potencial de transformações na sociedade Em síntese a
situação de geração constitui-se como sendo a co-presença em uma região
histórica e social.

A geração enquanto realidade vai mais além, uma vez que necessita de um
nexo mais concreto para constituir-se numa realidade. Este nexo, segundo
Mannheim “pode ser descrito como a participação no destino comum dessa
unidade histórica e social” p85. A partir deste ponto o autor fará uma importante
distinção entre os termos geração como realidade e unidade de geração. Fazem
parte da mesma geração real os jovens que experimentam os mesmos problemas
históricos concretos. Já "(...) aqueles grupos dentro da mesma geração real, que
elaboram o material de suas experiências comuns através de diferentes modos
específicos, constituem unidades de geração separadas” (MANNHEIM, 1982. p 87).
21

Assim nas palavras do próprio autor “falaremos de uma geração enquanto


realidade apenas onde é criado um vínculo concreto entre os membros de uma
geração, através da exposição deles aos sintomas sociais e intelectuais de um
processo de desestabilização dinâmica. (MANNHEIM, 1982. p 86)

Ou seja, a unidade de geração implica necessariamente num vínculo mais sólido


do que visto na geração enquanto realidade. Weisheimer recorrendo a Mannheim
destaca que:

Essa unidade de geração ocorre quando os jovens compartilham conteúdos


mais concretos e específicos formados por uma socialização similar. Eles
desenvolvem, em função disso, laços mais estreitos, levando à identificação
e ao reconhecimento mútuo, devido à similaridade das situações e das
experiências, constituindo uma comunidade de destino. Weisheimer (2009
p64)

Outro elemento de grande relevância na teoria mannheimiana de respeito ao


fato de que grupos etários distintos, experimentam tempos interiores diferentes em
um mesmo período cronológico:

Cada um vive com gente da mesma idade e de idades distintas em uma


plenitude de possibilidades contemporâneas. Para cada um o mesmo tempo
é um tempo distinto, quer dizer, uma época distinta de si mesmo, que é
partilhada com seus coetâneos (Pinder, p. 21 apud Mannheim p. 517).

Este pensamento na teoria mannheimiana é sintetizada na expressão “não


contemporaneidade dos contemporâneos” ou “não simultaneidade do simultâneo”,
a aparente variação nos termos se dá em razão de traduções diferentes da mesma
obra segundo Wivian Weller.

Na abordagem teórica de Mannheim, a juventude ocupa um lugar de destaque


visto que é esta a geração que constantemente surge, acaba por dar movimento e
dinamicidade à sociedade através de mudanças sociais e culturais, isto por que “(...)
a juventude chega aos conflitos de nossa sociedade moderna vinda de fora. É esse
fato que faz da juventude o pioneiro predestinado a qualquer mudança da
sociedade. (MANNHEIM, 1968, p. 74-5). Este contato original da geração recém
chegada com as gerações intermediárias e mais velhas, resulta em duas formas
possíveis de interação intergeracional.

A primeira tenderá a enfatizar o potencial conflito entre as gerações, entre os


jovens e a ordem social estabelecida ou mesmo entre os próprios jovens. A partir
desta perspectiva, podem ser extraídos dois tipos de posicionamentos sobre a
juventude: um, de caráter voluntarista, baseia-se na ideia ingênua de que os jovens
são inerentemente contestadores; outro, num pólo mais conservador, apresenta
22

uma postura cética de que esta “rebeldia” é necessariamente transitória como a


juventude. (nilson 69 2009)

Na segunda forma, devido ao seu potencial de mudança e transformação, a


juventude é vista como parte dos recursos latentes na sociedade responsável por
sua vitalidade. Este potencial a princípio não se apresenta como conservador ou
progressista, nas palavras de Mannheim “a juventude não é progressista nem
conservadora por índole, porém é uma potencialidade pronta para qualquer nova
oportunidade” (MANNHEIM, 1968, p. 74-5). Neste sentido as sociedades que
tolhem, que limitam o ímpeto inovador e criativo da juventude são caracterizadas
como sociedades estáticas. Já aquelas sociedades que dão especial atenção e
apreço à capacidade transformadora dos jovens são tidas como sociedades
dinâmicas.

A teoria das gerações é importante para este trabalho na medida em que


permite situar e analisar as relações que os jovens estabelecem, com as gerações
presentes nas UFPs, e com o mundo que os rodeia, a sociedade como um todo.

“(...) é possível deduzir que os atuais jovens agricultores familiares se


encontram em uma situação geracional diferente daquela de seus pais e
avós. Estes jovens configuram ainda uma geração enquanto realidade já que
estão expostos à mesma historicidade dos processos sociais agrários que
transformam o meio rural e o trabalho agrícola. Além disso, configuram uma
unidade de geração quando, ao compartilharem as mesmas experiências
resultantes da socialização no processo de trabalho familiar agrícola,
produzem laços mais estreitos levando à identificação e ao reconhecimento
mútuo e projetam para si destinos comuns. Esta unidade de geração assume
formas de grupos concretos quando, por exemplo, estes jovens participam
das instâncias juvenis dos sindicatos de trabalhadores na agricultura ou
organizam suas próprias associações com pautas específicas como, por
exemplo, para acessarem ao crédito fundiário no Programa Nossa Primeira
Terra do governo federal. (WEISHEIMER, 2009, p 71)

JUVENTUDE COMO TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA

Além do enfoque geracional e o etário já mencionados acima, costuma-se usar


uma definição de juventude em que esta ganha um caráter transitório da condição
de criança para a condição de adulto. Tradicionalmente, e num contexto ideal, a
transição se daria na seguinte sequência: inicia-se com a saída do ensino formal
(escola), sucedida pela entrada no mercado de trabalho e, em seguida, pela
23

constituição de uma família. A família é constituída, respectivamente, pela união e


formação de um novo domicílio e depois pela chegada dos filhos.

Apesar da aparente sistematicidade deste processo, Camarano (2006), chama


a atenção para o dado empírico de que esta transição não ocorre necessariamente
de forma linear, tornando impossível prever quando ela ocorre. Pais (2001) neste
sentido esclarece que a ordem dessas transições não estão mais obedecendo a
uma lógica linear e uniforme, assim deixar a casa dos pais, pode não
necessariamente coincidir com a saída da escola ou com o casamento; a conquista
do primeiro emprego pode se dar quando o jovem ainda está na escola; a
coabitação com um cônjuge pode ocorrer antes do casamento, bem como a
parentalidade. O casamento não implica, na sua totalidade, a saída de casa, nem a
saída de casa, o casamento.

Uma ressalva, para Camarano (2006), apesar de o modelo tradicional de


transição para a vida adulta continuar predominante, novas formas passaram a
conviver com ele, formas estas descritas acima e entendidas como imprevisíveis,
não lineares e mais complexas. Complexa no sentido de que são diversas as formas
como esta transição se dá na sociedade quando se leva em consideração, o
gênero, a etnia, se é rural ou urbano, a classe social.

A transição para a vida adulta pode inclusive não acontecer, devido às altas
taxas de homicídios nas cidades brasileiras que afeta principalmente pessoas na
faixa etaria de 15 a 29 anos, jovens, notadamente homens negros em sua maioria,
que não atingem a idade adulta, resultado do crescente aumento da violência no
brasil registrado nas ultimas decadas.

Além dos homicídios, acidentes dos mais diversos tipos contribuem para que
parcela expressiva dos jovens não complete a transição. Além destes que não
completam a transição há aqueles que por diversas razões acabam atrasando-a.
Os jovens têm passado mais tempo na casa dos pais na condição de dependentes,
em alguns contextos isso pode resultar em conflitos dentro da família, atrasar a
plena autonomia, ou adquirir uma autonomia apenas parcial.

Tomar a juventude como transição tem como vantagem permitir adicionar ao


discurso da juventude conceitos como, transformação, temporalidade, historicidade
e processo. Assim, fica mais fácil perceber que estes processos de transição são
desiguais, são constituídos de trajetórias diferenciadas refletindo as diversas formas
de ser jovem, e as diversas formas de tornar-se adulto.

Por isso, a transição para a vida adulta deve ser entendida como um
movimento em que múltiplas transições se interseccionam: as transições
24

educacionais, as transições na condição familiar e as transições no mercado


de trabalho. (GUIMARÃES, 2020. p 476)

Como desvantagens esta visão de transitoriedade para a vida adulta,


compreende que o jovem não é criança — possuem relativa autonomia quanto a
seus atos e escolhas— nem são adultos — já que não são plenamente
autônomos—. Assim, passam a ser definidos pelo que não são, definição esta,
negativa, (Sposito, 2000, p 9).

Soma-se a ideia de que a vida adulta é caracterizada pela estabilidade em


oposição à vida dos jovens, tida como essencialmente instável. O que não se
verifica na realidade visto que tantos jovens quanto adultos vivenciam a fragilização
dos vínculos, intensificação das transições ocupacionais, aumento dos patamares
de desemprego, ampliação do tempo de procura de trabalho e recorrência na
desocupação. Tudo isto numa sociedade que vive uma constante transformação
Assim “o mundo adulto não é suficientemente rígido e estático, para que não possa,
em determinados momentos, ser também instável'' (VIANNA,1997) citada por
Guimarães.

Ao longo de todo este processo, a entrada no mercado de trabalho constitui um


dos pontos chaves, visto que ele permite uma efetiva autonomia ao jovem em
relação aos pais. Trabalhando, o sujeito pode sair da casa dos pais com segurança,
constituir um domicílio, e possuir as condições econômicas necessárias para
constituir uma nova família, casando e constituindo uma prole. A inserção no
mercado de trabalho “é condição de possibilidade para que outras dimensões da
passagem da adolescência à vida adulta se efetivem” (GUIMARÃES, p. 171)

JUVENTUDE E TRABALHO

Dito isto, cabe-nos refletirmos sobre como se estabelece a relação juventude e


trabalho no Brasil contemporâneo. Apesar de serem considerados como um grupo
de melhor qualificação média e flexíveis no sentido de se adaptarem ao surgimento
de novas oportunidade, é de se reconhecer que ao longo da história os jovens tem
sido um segmento da população que enfrenta grandes percalços quando buscam
inserir-se na atividade econômica, no mercado de trabalho.

Assim, segundo Reis (2015) o tempo de duração de procura de emprego tem


duração maior entre aqueles que buscam emprego pela primeira vez, emprego este
caracterizado por péssimas condições relativas a salário, informalidade e
estabilidade. A informalidade é uma constante neste segmento, em que muitos
direitos que o trabalhador deveria receber durante o período empregado, são com
frequência negligenciados nesse tipo de relação trabalhista.
25

Não termina aí, (CORSEUIL 2020) comentando, (CRUCES, HAM E VIOLLAZ,


2012) mostram que o jovem que ocupa um posto informal no início de sua trajetória
profissional tem um crescimento salarial menor que o de quem ingressa no mercado
de trabalho num posto formal” e acaba por comprometer ou adiar seu
desenvolvimento e trajetória profissional por bastante tempo.

Neste mesmo cenário é sabido que “a taxa de desemprego dos jovens tende a
ser significativamente maior que as registradas para as demais faixas etárias”
(CORSEUIL, 2020 p 504 ) e são estes os mais sensíveis ao ciclo econômico no que
diz respeito à relação recessão econômica, reformas trabalhistas e desemprego.

Alguns estudos apontam para o fato de que os jovens, quando empregados,


têm menos acúmulo de capital humano e menos proteção contra demissão
(O’Higgins, 1997; Dunsch, 2016). Além disso, segundo o arcabouço teórico
proposto por Huckfeldt (2020), os empresários se tornam mais seletivos nos
critérios de contratação de novos trabalhadores em momentos recessivos.
Eles passariam a contratar trabalhadores mais qualificados até mesmo para
ocupar vagas que exigiriam menor nível de qualificação. ( CORSEUIL, 2020.
p 517)

No processo de transição para a vida adulta, parte dos jovens que deixaram a
escola não necessariamente ingressam imediatamente no mercado de trabalho e
permanecem como dependentes dos pais ou responsáveis, sem trabalhar e sem
estudar. Este fenômeno é chamado de “nem-nem”, nem estudam, nem trabalham.
Nesta condição o jovem tem menos acúmulo de capital humano. “Os nem-nem são
definidos como aqueles jovens que não estão na PEA e também não frequentam o
ensino formal” (BOTELHO, 2014, p118)

Botelho (2014) traz o dado da organização internacional trabalho (OIT) que


aproximadamente dois terços da população jovem em países em desenvolvimento
encontram-se desempregados, empregados informalmente, inativos ou sem estudar
(OIT, 2013) 115”. Para os mesmos autores jovens com determinadas características
sócio econômicas possuem uma maior propensão a serem nem-nem. Ser mulher,
ter filhos, possuir baixa escolaridade, baixa renda domiciliar, ser negro, morar em
domicilios com grande numero de crianças, residir nas regiões Norte e Nordeste,
bem como em areas rurais.

A condição de nem-nem é transitória, ou seja, o jovem não é um nem-nem, ele


está sendo. vale ressaltar também que estes constituem um grupo bastante
heterogêneo, Mesmo assim este episódio da vida pode acarretar sérias
consequências para o futuro da sua trajetória laboral.

“A situação mais difícil é a dos jovens “nem‑nem”, desempregados de longo


prazo. Esses correm elevado risco de exclusão social, em consequência do
maior tempo em que permanecem sem escola e sem trabalho. Nesse
26

período, podem ver suas competências profissionais desvalorizadas e sua


saúde mental comprometida, o que pode prejudicar de forma irremediável
sua trajetória futura. A vulnerabilidade, nesse caso, é considerada muito alta
porque a reversão da situação demandaria elevados custos individuais e
sociais.”(BOTELHO, 2014. p 553)

CATEGORIAS OPERACIONAIS

Para tornar-se operacional, a noção de juventude deve ser transformada em


categoria sociológica, visto que ela não se explica por fatores meramente naturais e
biológicos. A literatura a seu respeito deixa evidente que juventude é uma
construção social, cultural e histórica, mutável entre sociedades e numa mesma
sociedade ao longo do tempo. Ou seja, os sentidos da juventude é algo que é
produzido em determinados contextos de relações sociais em que representações
sociais dão sentidos aos indivíduos que pertencem a uma faixa etária, posicionando
estes na hierarquia social e conferindo-lhes papéis sociais por meio da socialização.
Como categoria sociológica, seu significado é relacional, assim, somos sempre
jovens ou velhos em relação a outro.

Foracchi (1965) considera que a juventude é simultaneamente, uma força de


renovação social, uma fase da vida e um estilo de existência. Já Mannheim (1982)
nota como características atribuídas socialmente à juventude elementos como:
Ambivalência comum de sua situação transitória, posição de subalternidade em
relação aos adultos, conflitividade originada do processo de individualização, a
criatividade e inovação frente ao contato com as gerações já estabelecidas.

Dito isto é necessário expor e distinguir algumas categorias da sociologia da


juventude de grande importância para este trabalho. São elas: Jovens, Juventude,
condição juvenil e situação juvenil.

Os jovens são por excelência o objeto de análise da Sociologia da juventude,


são portanto os indivíduos concretos que vivenciam os processos de socialização
específicos do processo juvenil, a trajetória de transição da condição de criança à
vida adulta, período este caracterizado pela dependência em relação aos adultos e
pela busca de recursos que lhes proporcione autonomia..

De acordo com Weisheimer (2019) “Juventude é uma categoria social fundada


em representações sociais segundo as quais se atribui sentido ao pertencimento a
uma faixa etária, posicionando os sujeitos na estrutura social.” (p70) soma-se a esta
noção o dado de que a juventude passa por diversos processos de socialização em
que continuamente incorpora, novos papéis sociais, tornando-se por fim um adulto.
27

Durante o período em que o sujeito transita entre a infância e a vida adulta a


sociedade confere significados às juventudes posicionando-as dentro da hierarquia
social, desprovido de recursos para efetivar sua plena autonomia, a posição que o
jovem ocupa na sociedade é a de subalternidade em relação aos adulto. Esta é a
condição juvenil, a de subalternidade

Embora seja regra na sociedade, a ausência de recursos, a dependência dos


adultos, enfim a subalternidade característica da condição juvenil manifesta-se de
diferentes modos quando se leva em consideração fatores como raça, classe,
gênero, local de habitação (se na zona rural ou urbana) entre outros. À esta
diversidade de configurações da condição juvenil a sociologia da juventude
classifica como situação juvenil. Esta categoria é utilizada para “(...) referir-se aos
variados processos empíricos, condições conjunturais e particularizadas das
múltiplas juventudes” (WEISHEIMER, 2009, p 87)

Enquanto a categoria condição juvenil parece homogeneizar a ideia de juventude


“(...)as categorias jovens e situação juvenil permitem destacar as singularidades e a
heterogeneidade interna a esse segmento social’ (WEISHEIMER, 2019, p 71).
Assim, o processo juvenil é melhor compreendido na medida em que que adota a
noção de juventude no plural, ou seja, juventudes, visto que há uma grande
diversidade e heterogeneidade nas formas e maneiras de ser jovem.

SOCIALIZAÇÃO

Para munir-se de maior precisão analítica à categoria sociológica, juventude, é


preciso descortinar, examinar os processos de socialização que predomina entre os
sujeitos (jovens) estudados. Como vantagem deste modo teórico adotado, ou seja “
A reconstrução sociológica da situação juvenil, com base no processo de
socialização, confere mais coerência à proposta de privilegiar as noções de
juventudes e jovens no plural” Assim, nos interessa neste trabalho a socialização
juvenil que é realizada dentro da agricultura familiar. Nas palavras de Weisheimer:

“os jovens agricultores familiares constituem uma categoria social específica


devido à sua socialização no processo de trabalho familiar agrícola”. Como
eles são membros de uma unidade doméstica que também atua como
unidade de produção agrícola, predomina a instituição de saberes, normas e
valores do universo da família e do processo de trabalho que esta realiza. A
socialização realizada nessa classe social produz a incorporação de saberes
específicos associada à configuração de identidades sociais e profissionais
ligadas à agricultura.” (2009, p 89)
28

Aqui cumpre destacar que a juventude deve ser compreendida na sua relação
com o outro, com o adulto e com o espaço urbano, sendo esta identidade construída
também na relação com diferentes espaços de socialização: a família, a
comunidade, a escola, a igreja, o sindicato etc.

Socialização é um conceito clássico da sociologia e chave para esta pesquisa.


Iniciado por Durkheim na obra Educação e sociologia, nela afirma que “a educação
consiste numa socialização metódica das novas gerações” (DURKHEIM, 1978, p
41) Outro autor Eisenstadt (1976) citado por Weisheimer, (2009) em sua
contribuição na formulação do conceito considera que o indivíduo “ em todos os
momentos da sua vida, não só desempenham determinados papéis e interage com
outras pessoas, mas é também obrigado a garantir, por seu desempenho, um certo
grau de continuidade do sistema” (p. 45). Este autor chama a atenção para o fato de
que é através da socialização que as sociedades perpetuam seus valores, suas
normas e sua estrutura.

Seguindo este raciocínio (WEISHEIMER, 2019) afirma que:

“O processo de socialização é um objeto sociológico por excelência. Trata-se


de um processo social estruturado de internalização dos valores e normas
coletivas pelo indivíduo; simultaneamente, de integração do indivíduo à
sociedade ou a um setor desta” p.151.

Em Berger (1973) socialização é definida como: “A ampla e consciente


introdução de um indivíduo no mundo objetivo de uma sociedade ou setor dela”
p.175. Este autor separa a socialização em dois momentos distintos. Socialização
primária, que equivale ao período infantil, e socialização secundária, equivalente
portanto ao período juvenil.

“(...) socialização primária, que ocorre durante a infância e tem na família


seu núcleo principal; e socialização secundária, ou seja, “qualquer processo
subseqüente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do
mundo objetivo de sua sociedade. (MARTINS. , 2014. p2)

Em termos bem sintéticos pode-se dizer que para Bourdieu (GRENFELL, 2018)
socialização é basicamente a incorporação de um habitus.

Noutros termos, socialização pode ser entendida como um movimento mútuo de


inserção do indivíduo na sociedade (ou parte desta) e da sociedade no indivíduo. No
nosso caso trata do jovem que é socializado no trabalho familiar agrícola, lugar onde
ele absorve os valores e a visão de mundo inerente deste processo específico de
socialização.
29

CAPÍTULO 2

AGRICULTURA FAMILIAR

A agricultura familiar é o locus da socialização dos jovens aqui em estudo, tal


qual a noção de juventude, é também uma categoria social - e de ação política – e
portanto tem sua historicidade e importância analítica. Deste modo este capítulo
possui como objetivo fazer um levantamento histórico e teórico desta categoria e
sua caracterização.

No debate acadêmico e nas políticas públicas, na maior parte da sua história a


agricultura familiar não foi considerada importante para o desenvolvimento rural.
Com frequência, usou-se a expressão pequenos produtores para referir-se a esta
categoria que parecia ter, segundo as teorias dominantes da época, o seu futuro
inexoravelmente destinado à eliminação, sendo, posteriormente substituída pelas
empresas agropecuárias, no processo de modernização capitalista.

A noção de agricultura familiar no Brasil começa ocupar espaço nas pesquisas


acadêmicas nos discursos políticos institucionais e nos movimentos sociais - tais
como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MPA (Movimento dos
Pequenos Agricultores) e CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura) - no pós-ditadura militar ao longo dos anos 80 e 90. A existência e
atuação cada vez maior destes movimentos citados, entre outras organizações,
demonstraram, que a hipótese de que os camponeses, pequenos produtores,
assentados e etc desapareceriam com o desenvolvimento do capitalismo, estava
cabalmente errada. Organizações e grupos da sociedade civil ligados à questão
agrária, à agricultura no país através de novas estratégias produtivas e
organizativas, e com diferentes orientações pressionaram o Estado por políticas
que os incluíssem no processo de desenvolvimento do País, colocando, deste
modo, suas reivindicações na pauta de prioridade do governo

A partir daí, em finais da década de 80, e década de 90, observa-se reinserção


da reforma agrária na agenda política tendo como resultado a criação de vários
projetos de assentamentos, seguido pela criação do PRONAF (Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar) considerada a mais importante política de
nível federal com foco exclusivo na agricultura familiar.

Deste momento em diante a categoria ganha cada vez mais densidade e


importância conceitual e analítica e relevância enquanto área de ação política. Até
então, como deixa claro (WANDERLEY, 2001; ALTAFIN, 2007) a agricultura familiar
brasileira ocupou sempre um lugar secundário e subalterno na sociedade, marcado
por lutas para conseguir um espaço próprio na economia e na sociedade.
30

Na academia passa a ser usado como um guarda chuva conceitual que abriga
uma diversidade de situações, distinguindo-se da agricultura camponesa e da
agricultura patronal. Ainda sobre a história da formação do conceito, tem papel
decisivo em sua formação o estudo e sua posterior divulgação, realizado pela FAO
(Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) em cooperação
técnica com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O
estudo define a agricultura familiar através de 3 características principais. São elas:
a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são feitos por
indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou casamento; b) a maior parte do
trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família; c) a propriedade dos
meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à família e é em seu
interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou aposentadoria
dos responsáveis pela unidade produtiva. (INCRA/FAO, 1996, p4). A respeito deste
estudo, Schmitz e Mota (2006), chama a atenção para a seguinte atualização do
termo:

FAO/INCRA propõem uma revisão desta definição e afirmam


que a agricultura familiar pode ser caracterizada da seguinte
forma (Guanziroli et al., 2001:50): a direção dos trabalhos do
estabelecimento é exercida pelo produtor; o trabalho familiar é
superior ao trabalho contratado. Foi estabelecida uma “área
máxima regional” para cada grande região no Brasil como limite
superior para a área total dos estabelecimentos familiares que
considere as enormes diferenças regionais para evitar que
grandes latifúndios improdutivos sejam incluídos no universo de
unidades familiares.(SCHMITZ E MOTA, 2006, p 909)

Segundo Wanderley (1997, p. 10) “a agricultura familiar é um conceito genérico,


que incorpora uma diversidade de situações específicas e particulares”. Aqui a
autora concorda com Lamarche quando este afirma que “(...)a exploração familiar
não é portanto um elemento da diversidade, mas contém nela mesma toda esta
diversidade.'' p 18 `. Isto porque a combinação da posse dos meios de produção e o
uso da própria mão de obra, confere ao agricultor familiar uma enorme possibilidade
de configuração destas duas características que variam ao longo do espaço e do
tempo. Deste modo a depender da localização geográfica, do acumulado histórico e
cultural, das relações que se estabelecem dentro da UFP e destas com o mundo
externo a agricultura familiar pode manifestar-se das mais variadas formas.

A autora considera ainda, que a agricultura familiar é uma das formas que a
agricultura enquanto prática humana se manifesta na modernidade. Nas suas
palavras:
31

Nas sociedades modernas multiplicaram-se outras formas da agricultura


familiar não camponesa. São aquelas em que, sob o impacto das
transformações de caráter mais geral - importância da cidade e da cultura
urbana, centralidade do mercado, mais recentemente, globalização da
economia etc - tentam adaptar-se a este novo contexto de reprodução,
transformando-se interna e externamente em um agente da agricultura
moderna. ( WANDERLEY, 1996, p 07 )

Neste sentido, diferentemente da agricultura camponesa, a agricultura familiar


introduz a noção de progresso e acúmulo de saber técnico superando o saber
tradicional herdado, tornando-a uma profissão passível de ser aprendida como
qualquer outra, uma vez que não enfatiza, necessariamente, o passado e as
tradições. Lamarche, citado por Wanderley (1996), concebe agricultura familiar
como “(...) uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho estão
intimamente ligados à família”.(p20) Já Abramovay (1997) compreende a agricultura
familiar como aquela

“(...) em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de


indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou casamento. Que esta
definição não seja unânime e muitas vezes tão pouco operacional é
perfeitamente compreensível, já que os diferentes setores sociais e suas
representações constroem categorias científicas que servirão a certas
finalidades práticas: a definição de agricultura familiar, para fins de atribuição
de crédito, pode não ser exatamente a mesma daquela estabelecida com
finalidades de quantificação estatística em um estudo acadêmico. O
importante é que estes três atributos básicos (gestão, propriedade e trabalho
familiares) estão presentes em todas elas (ABRAMOVAY, R. 1997, p. 3).

Atualmente como consta em Schmitz e Mota pode-se distinguir cinco


denominações para a agricultura familiar. São elas: a) campesinato; b) pequena
produção; c) agricultura familiar; d) produção familiar rural; e) produção (familiar)
coletiva

a) Para Wanderley (1997:10) nos dias de hoje o campesinato pode ser


entendido como um segmento da agricultura familiar, e teria, sendo Mendras
cinco características ideais. a autonomia relativa em relação à sociedade
como um todo; a importância estrutural do grupo doméstico; um sistema
econômico de autarquia relativa; uma sociedade de inter-relacionamento; e a
função decisiva das personalidades de prestígio (Os mediadores) que
estabelecem uma relação entre a sociedade local e a sociedade em geral.
Soma-se a estas características a valorização do saber tradicional e uma
cultura que lhe é própria.

b) Como o próprio nome sugere, diz respeito à agricultura que produz pouco,
seja por causa do tamanho do estabelecimento seja por causa do valor da
32

produção, todavia como alerta Abramovay (1998) nem sempre a produção


dos agricultores familiares é pequena.

c) Conforme já dito acima “a agricultura familiar é um conceito genérico, que


incorpora uma diversidade de situações específicas e particulares”
(Wanderley). Esta diversidade torna necessário, a tipologia como um
elemento da análise da exploração familiar agrícola (Schmitz e Mota)

d) O conceito da produção familiar rural é comumente utilizado no norte do país,


onde existem categorias não exclusivas dos agricultores, por exemplo, a pesca, o
extrativismo vegetal, o trabalho na olaria ou o artesanato. atividades estas
praticadas por ribeirinhos, caboclos, caipiras.

e) Nesse conceito, encontram-se os povos indígenas, remanescentes


quilombolas, assentados da reforma agrária, que voluntariamente decidem produzir
coletivamente.

É necessário deixar claro aqui, que embora a agricultura camponesa seja


também agricultura familiar, o contrário não é verdade. Visto que compartilhem
algumas características possuem também diferenças fundamentais que as
distingue, especialmente nas relações que este dois modo de fazer agricultura
estabelece com o sistema capitalista, sendo assim.

Na agricultura camponesa a maior parte da produção é destinada para a


subsistência da família, logo sem foco na comercialização, possui portanto, apenas
valor de uso e não valor de troca. Da sua produção, meramente o excedente é
comercializado. Em Chayanov (1974) segundo (Weisheimer 2009) na agricultura
camponesa o trabalho familiar é o oposto do trabalho assalariado.

Segundo estes autores, aqui, a família possui o controle sobre o trabalho, o


processo produtivo e sobre o grau de auto-exploração. Em comum com a agricultura
familiar, a agricultura camponesa tem a característica de nelas serem ausentes a
produção e extração da mais-valia. Nesta perspectiva a terra é compreendida como
um locus de trabalho de onde se gera o sustento, e não um meio económico de
onde se retira uma renda.

A agricultura familiar propriamente dita, ao contrário da camponesa, possui uma


grande dependência da comercialização do seu produto, da sua mercadoria. Logo
se insere em relações altamente mercantilizadas uma vez que se acha integrada ao
modo de produção dominante a racionalidade mercantil prevalece.

Assim, a denominação de agricultura familiar, compreende o trabalho agrícola


em que prevalecem as relações familiares e não-salariais, retrato das mudanças
33

que decorrem com o avanço do capitalismo na agricultura. Nas palavras de


Abramovay:

“(...) uma agricultura familiar altamente integrada ao mercado, capaz de


incorporar os principais avanços técnicos e de responder às políticas
governamentais não pode ser nem de longe caracterizada como
camponesa” (Abramovay, 1992, p 22)

Em termos operacionais, no Brasil, agricultura familiar é designada, segundo a


lei, 11.326 de 2006 da seguinte forma:

Agricultura familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades


no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não
detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos , II - utilize
predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do
seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mínimo da renda
familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou
empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; IV - dirija seu
estabelecimento ou empreendimento com sua família. Com as devidas
especificações imposta por esta mesma lei, inclui-se também, silvicultores,
aqüicultores, extrativistas, pescadores, povos indígenas e integrantes de
comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e comunidades
tradicionais.

No Brasil, como consta no censo agropecuário de 2017, 77% dos


estabelecimentos agropecuários do país são classificados como agricultura familiar,
cerca de 3,9 milhões de estabelecimentos, comportando 67% do total de pessoas
ocupadas na agropecuária no País, cerca de 10,1 milhões de pessoas. Deste 2,1
milhões estão na Bahia.

Resumindo e levando-se em consideração o exposto acima, para os fins deste


trabalho, agricultura familiar é definida como o trabalho agrícola praticado pela
família, tendo esta como a principal responsável pela mão de obra e gestão da
propriedade e ausência de trabalho assalariado..
34

CAPÍTULO 3

O MUNICÍPIO DE ÁGUA FRIA

Com uma unidade territorial de 742,775km² segundo o IBGE, Água Fria é um


município situado na mesorregião do centro norte baiano a cerca de 160
quilômetros de distância da capital baiana, Salvador e com uma população estimada
para 2021 de 17.096 pessoas. Com um PIB de 7.722,13 RS, com apenas 6,9% da
sua população ocupada e com mais da metade da população e com o percentual
da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo
[2010] 56,7 % Água Fria é um município pobre e com lentos avanços no seu
desenvolvimento socioeconômico.

Em 2010 apresentava um IDH de 0,550. É classificado pelo Plano Nacional de


Habitação (PlanHab), no “Estudo Caracterização dos Tipos de Municípios” (2010),
como uma cidade pequena em área rural pobre e com baixo dinamismo (AKAISHI,
2013, p. 61), realidade está também apresentada pela maioria dos municípios
baianos, assim como no Território de Identidade Portal do Sertão, território este do
qual Água Fria faz parte.

Imagem 1- Localização do município de Água Fria no Território de Identidade Portal


do Sertão

Fonte: IGBE
35

Quanto às suas características geográficas e ambientais, localiza-se na


transição entre as sub-regiões climáticas do agreste e do sertão (IBGE, 2020).
possui em seu território dois biomas bem distintos, numa extremidade o bioma
caatinga caracterizado por um solo raso, pedregoso, argilosos e bastante fertil
comportando uma vegetação nativa com maior diversidade e robustez. na outra
extremidade, mais à leste, predomina o tabuleiro costeiro, entendido como área de
transição que antecede a mata atlântica. Este trecho do município é caracterizado
pela presença de solo arenoso, profundo e naturalmente pouco fertil. Outra
característica importante do município de Água Fria é sua localização no semiárido
baiano e, consequentemente, no perímetro designado polígono das secas.

Imagem 2- Localização do município de Água Fria no polígono da seca

Fonte: AKAISHI (2013), com base no mapa da Agência Nacional de Águas (ANA)/Ministério da
Integração Nacional

Devido à sua localização no perímetro do polígono das secas e com a maior


parte de seu território sujeito ao clima e a paisagem semiárida, o fenômeno climático
da seca representa um grande obstáculo para o desenvolvimento da agropecuária
no município.
36

Dos 742,775 km² de extensão territorial citado acima 277,22 compõem segundo
o censo agropecuário de 2017 (IBGE) a área dos estabelecimentos voltados para a
agricultura ou pecuária. Logo, 37.32% do território municipal. A agropecuária,
perfazendo um percentual de 17% é a segunda atividade que mais ocupa os
moradores do município, ficando atrás apenas da administração pública que ocupa
75% da população segundo censo do IBGE. Estes dados refletem uma das
características marcantes das cidades pequenas, a exemplo de Água Fria.:

“(...)vivem quase que exclusivamente dos repasses federais, o Fundo de


Participação dos Municípios (FPM), e estaduais, Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), e como o Estado-município social
é o maior empregador da cidade, menor volume de dinheiro repassado
significa menos recursos financeiros circulando na cidade” (BACELAR, 2009,
p 9).

Em 2016 haviam, segundo o censo agropecuário, 2165 estabelecimentos


agropecuários ocupando 5802 pessoas, deste montante 4494 possui algum vínculo
de parentesco com o produtor. Este último dado evidencia que a agricultura
praticada na região é notadamente de caráter familiar, não há no município a
presença de grandes extensões de terras voltada para alguma monocultura.

A principal exceção que foge da categoria agricultura familiar, e isto nem


sempre, diz respeito à criação de bovinos em que geralmente o dono da
propriedade contrata vaqueiro para fazer o manejo e ocupam extensões de terras
relativamente grandes. Embora não explicitado nos dados do censo agropecuário, a
bovinocultura é em grande medida exercida por proprietários familiares.

Mais um indicativo de caráter familiar da agricultura do município, pode ser


deduzido por meio dos seguintes dados: o feijão, milho e mandioca estão presentes
em 1726, 1151, 414 estabelecimentos respectivamente. culturas estas que
compõem a base alimentar da população local e são comumente cultivados para o
consumo próprio e venda do excedente. Fato semelhante à predominante pecuária
de pequeno porte em que a criação de galináceos está presente em 60% dos
estabelecimentos.

Apesar de ser a segunda área com maior ocupação de pessoal a agricultura


familiar do município está longe de oferecer as condições necessárias para o
agricultor sobreviver com apenas esta ocupação, seja por razões climáticas, visto
que o território está situado numa região de semiárido com índice pluviométrico
quando não baixo, irregular, com invernos curtos e verões longos ou secas que
ocorrem com certa frequência. seja pela ausência de assistência técnica e extensão
rural.
37

No período de referência do censo agropecuário, por exemplo, 90% dos


estabelecimentos não recebiam assistência técnica. E 88% não tinha realizado
nenhum tipo de empréstimo ou financiamento. Desta forma esta atividade devido a
falta de investimento, conhecimento e tecnologia consuma-se como um trabalho
pesado, maçante, incerto e pouco produtivo, tornando estas as principais causas da
aversão das novas gerações para com a agricultura familiar..

CARACTERIZAÇÃO DOS JOVENS AGRICULTORES FAMILIARES DO


MUNICÍPIO

Ainda como consta no censo, em 2010 a maioria dos jovens entre 15 e 29


anos que viviam na zona rural eram 54% do gênero masculino e 46% do gênero
feminino. por estimativa, levando em conta a passagem de uma década desde o
último recenseamento, em 2020 haviam na zora rural aproximadamente 4.834
jovens.

Sabe-se que nem todo jovem rural é agricultor familiar, todavia, no geral,
grande parte dos jovens do município foram ou estão sendo socializados na nesta
atividade econômico-social e iniciam efetivamente o trabalho na UFP a partir dos 10
anos de idade em média. Antes desta idade prevalece uma socialização mais lúdica
com a agricultura.

Ao todo, durante a pesquisa 42 jovens entre 15 e 29 anos de idade


responderam o questionário*. 34,1% entre 19 a 19; 31,7% entre 20 a 24 anos e
34,1% de 25 a 29 anos .Destes 50% do sexo masculino e o restante do sexo
feminino. 90,5% estão solteiros e 9,5% estão casados. 21,4% possuem filhos.
95,2% moram em perimetro rural. conforme o quadro abaixo.

Quadro 1 - Características dos jovens do município

Fonte: O autor
38

Quanto à representação que os jovens fazem de si, 30% se autodefine como


sendo jovem trabalhador rural, 27,5% apenas como estudante, 17,5% como jovem
agricultor familiar e 12,5% apenas como sendo jovem. As demais variáveis juntas
somam 25%.

Tabela 1 - Autodefinição dos jovens

Fonte: O autor

Relativo à cor, dos jovens 87,8% se autodeclaram negro*, 2,4% branco, e os


demais, 9,7% variam entre moreno, castanho, loiro, e moreno. Há nas famílias uma
média de 5 pessoas. Partindo da perspectiva destes jovens, 57,1% têm o pai
morando na mesma casa. 81% estão morando com a mãe, 59,5% possui irmãos na
mesma residência e 50% possui irmãs na mesma residência.

Tabela 2 - Das pessoas que moram com você, elas são o que seu?

Fonte: O autor

Destes dados observa-se uma expressiva presença das mães nas UPF seguido
de filhos homens e um menor percentual de irmãs. Ao longo da pesquisa, notou-se
que as mães desempenham importante papel nos trabalhos e na gestão das UFPs.
39

SITUAÇÃO JUVENIL NA AGRICULTURA FAMILIAR DE ÁGUA FRIA

Já foi dito anteriormente que a situação juvenil trata das diversas formas que a
condição juvenil caracterizada pela subalternidade em relação aos adultos se
manifesta. Este capítulo tem como objetivo, através dos dados empíricos captados
em campo, pôr em evidência a situação juvenil dos jovens agricultores familiares do
município, com base em suas condições materiais e nas relações existentes entre o
jovem e os demais membros da família.

Relativo ao trabalho na produção familiar, os jovens iniciaram efetivamente seus


trabalhos na propriedade com uma média de 10 anos de idade. No geral os jovens
disponibilizam pouco do seu tempo para a atividade na UFP. Por outro lado os pais,
mãe e pai dos jovens são quem mais investe seu tempo na agricultura familiar
conforme as tabelas abaixo.

Tabela 3 - Participação no trabalho agrícola

Fonte: O autor

Tabela 4 - Horas por dia trabalhadas na agricultura familiar

Fonte: O autor

Quanto à propriedade da terra 92,9% da família dos jovens são os proprietários.


Deste percentual 34,1% foi adquirido por meio de herança, 22% através da compra
na mão de parentes e 14,6% através da compra de terceiro, estas foram as três
40

principais formas de aquisição de terras, deixando evidente o papel que tem a


herança e as relações de parentesco.

Destas propriedades, no que diz respeito à sua área em hectares nota-se que
92,7% delas possui uma média de 3,47 hectares. Os demais 7,3% correspondem a
exatos 3 entrevistados que declararam possuir, 43, 44, e 100 hectares. Nos cálculos
estes valores fogem demasiadamente da moda e da média, contaminariam portanto
o resultado final dando a falsa ideia de que as famílias dos jovens teriam uma maior
quantidade de terra do que a real.

Como resultado da pergunta, qual é o principal produto da unidade de produção


familiar, verificou-se que em 38% das UFP cultiva milho, em 47% cultiva mandioca e
em 55% cultiva-se feijão. Lembrando que é prática muito comum, e detectou-se isto
na pesquisa, que as propriedades não cultivam apenas uma desta cultura de forma
isolada, embora um ou outro possa ser o destaque, com frequência vemos dois ou
três destas culturas ao mesmo tempo numa mesma propriedade.

Conforme a tabela abaixo, vemos que a produção da UPF é majoritariamente


destinada ao autoconsumo com um percentual de 69%. Já a produção destinada
exclusivamente para a comercialização é de apenas 9,5%. Os demais 21,4% é
destinado tanto para o consumo quanto para a venda igualmente, revelando desta
forma que o município ainda possui características da agricultura camponesa.

Tabela 5 - Principal destino da produção familiar

Fonte: O autor

Do total da produção destinada ao comércio, 59,5% é comercializada


diretamente com o consumidor. 13,5% através de intermediários. Agroindústria,
cooperativa, e associação de produtores é praticamente inexistente no município.
Das famílias que comercializam sua produção percebeu-se que 75% destas
possuem uma renda líquida mensal abaixo de mil reais, e os 25% restantes entre
mil e 3 mil. Quanto ao critério salarial 57% recebem menos de mil reais e 36%
recebem entre mil e 3 mil e somente 5% possuem uma renda familiar acima de 3
mil, conforme o quadro abaixo.
41

Podemos concluir desses dados que a agricultura familiar praticada pelos pelos
jovens, economicamente proporciona um retorno pequeno, é desta forma
insuficiente para garantir a reprodução da unidade, assim as rendas vindas de fora
da propriedade desempenham um papel importante, seja através do salário dos pais
de família que trabalham fora da propriedade ou do município, ou da aposentadoria
de algum parente próximo, mãe e avós que moram na mesma residência, ou ainda
de trabalhos esporádicos realizados em outras propriedades, além de programas
governamentais de transferência de renda.

Para melhor compreender a situação juvenil na agricultura, é necessário lançar


mão do conceito de “autonomia”. Zatti (2007, p 09) em discussão sobre o conceito,
considera que a “(...) autonomia supõe que o sujeito seja capaz de fazer uso de sua
liberdade e determinar-se.”. E engloba tanto a liberdade de dar a si próprios
princípios, quanto a capacidade de realizar seus próprios projetos. Todavia, as
condições sociais desfavoráveis atuariam como limitadores do poder de ser
autônomo. No caso aqui em estudo, o precário estado da agricultura, configura-se
como um dos obstáculos no caminho rumo à autonomia juvenil.

Zatti (2007), destaca também que, em etimologia, autonomia figura o poder de


dar a si a própria lei, autós (por si mesmo) e nomos (lei). Alerta que este poder não
pode ser entendido como algo absoluto e ilimitado, também não se entende como
sinônimo de auto suficiência. Neste trabalho, a autonomia diz respeito às condições
materiais das famílias e as relações que se estabelecem dentro desta, em especial
entre jovens e adultos.

Do pequeno rendimento mensal que a atividade agrícola proporciona, 18,4% fica


com o que ganha. Para 23,7% a renda é dividida igualmente entre aqueles que
trabalham. 26,3% o pai e a mãe juntos centralizam a renda e 18,4% a mãe
centraliza os rendimentos. as outras respostas juntas somaram 13,1%. observa que
juntos o pai e a mãe centralizam a renda da atividade agrícola em 44,7% dos
estabelecimentos. Os jovens das propriedades desempenham um papel muito
importante na reprodução da unidade, a grande maioria das atividades realizadas
na propriedade é essencialmente realizada pela família, com rara presença de
contratados.

Tabela 6 - Divisão das rendas provenientes da atividade agrícola


42

Fonte: O autor

Assim, segundo a próxima tabela, 45% dos jovens quando precisam de algum
montante da renda agrícola pedem aos seus pais.

Tabela 7 - Recompensa ganha pela participação no trabalho agrícola

Fonte: O autor

Notamos ainda que as mães desempenham papel crucial na administração da


propriedade e os filhos neste quesito ocupam um lugar secundário em relação aos
pais. No gráfico abaixo está registrado que em todas as funções administrativas da
UFP as mães ocupam espaço de destaque.
43

Gráfico 1 - Administração da propriedade

Fonte: O autor

Gráfico 2 - Autonomia

Fonte: O autor

A autonomia dentro da UFP é essencialmente um dos elementos mais


importantes na definição de um projeto de vida que considere a atividade agrícola
como base. No gráfico acima intitulado autonomia vemos que embora 50% dos
jovens possuam DAP, 66,6% carece de terra no próprio nome, logo carece também
de liberdade para implantar eventuais inovações nas atividades agrícolas.
44

Relativo a financiamentos e acessos à políticas públicas de crédito agrário, 88%


dos jovens afirmaram não possuir financiamento no próprio nome mesmo numa
realidade onde 58,8% deles desempenham alguma atividade produtiva autônoma
na propriedade.

Como se sabe, o acesso ao crédito tem o potencial de mudar estruturalmente a


agricultura familiar. Sem este persiste nas pequenas propriedades práticas agrícolas
rudimentares, com baixo nível de tecnologia e equipamentos, e infraestrutura
defasada que resulta principalmente em pequena produtividade, trabalho pesado e
incerteza de renda, estas três as principais reclamações dos jovens agricultores.

Assim, tal como em Weisheimer (2009), aqui também verifica-se que a situação
juvenil na agricultura familiar é marcada por uma baixa autonomia.

Com efeito, pode-se concluir que a situação juvenil na agricultura familiar é


caracterizada por uma precária autonomia material. Isto ocorre porque, um
alto grau de autonomia material é incompatível com a condição subalterna
dos jovens dentro da família. Neste sentido, a autonomia é conquistada com
o fim da juventude, que não será marcada pela idade, mas, pelo acesso a
uma renda própria, pela saída da casa dos pais e formação de uma nova
família e principalmente quando forma sua própria unidade
produtiva.(WEISHEIMER, 2009, p 160)

Renda e casa própria, formação de uma nova família e posse de uma UPF, é, a
partir da aplicação do formulário, a exceção neste estudo.

No geral, conclui-se que as famílias detêm a posse da terra em que trabalham,


todavia, as propriedades apresentam tamanho insuficiente para a prática agrícola e
uma vez subdividida entre os herdeiros tornará a agricultura ainda mais inviável, que
no momento se presta mais à produção para o autoconsumo, gerando pouco
retorno financeiro que é em grande medida centralizado pelos pais, tornando os
filhos,, como se supôs, dependentes destes, posicionando-os num cenário de pouca
autonomia.

PROJETOS DE VIDA DOS JOVENS AGRICULTORES


ÁGUA-FRIENSES

Como foi explicitado na introdução deste trabalho, como hipótese supomos que
os jovens, estes, que desde tenra infância, mantiveram vínculos profundos com a
agricultura familiar e com o modo de vida dos pais e parentes nas UFPs possuiriam
projetos profissionais e educacionais afinados com a sua realidade de agricultor
45

familiar buscando sempre melhorias nas condições materiais. Assim com projetos
ajustados com sua realidade desejariam viver no campo.

Deste modo este tópico tem o objetivo de expor e analisar os dados da pesquisa
no intuito de evidenciar até que ponto a hipótese adotada neste trabalho condiz com
a realidade dos jovens. Começamos pelos projetos educacionais, seguido dos
profissionais e por fim pelo projeto de vida. Todos estes relacionados com sua
condição de jovem agricultor.

Em Velho (2003, p. 101) vemos que este autor define projeto como: “a conduta
organizada para atingir finalidades especificas”, Busca-se neste caso antecipar a
trajetória futura e a biografia do indivíduo. Aqui, na formulação dos seus projetos o
sujeito utiliza-se da dimensão da memória, assim, não considera apenas a ação do
presente mas também as significações impressas nos acontecimentos passados

Sucede atentar que o processo de formulação de projetos não é homogêneo


nem linear, possui múltiplas faces. Por representar um ponto de cruzamento de
diferentes mundos, o indivíduo-sujeito elabora seu projeto influenciado pelo campo
de possibilidades em que está inserido. (Simmel, 2006; Velho, 2006)

Campo de possibilidades trata do que é dado com as alternativas


construídas do processo sócio histórico e com o potencial interpretativo do
mundo simbólico da cultura. O projeto no nível individual lida com a
performance, as explorações, o desempenho e as opções, ancoradas a
avaliações e definições da realidade. Estas, por sua vez, nos termos de
Schutz, são resultado de complexos processos de negociação e construção
que se desenvolvem com e constituem toda a vida social, inextricavelmente
vinculados aos códigos culturais e aos processos históricos de longue durée
(Velho, 2003, p. 28).

Desta maneira, o campo de possibilidades é o leque de caminhos que se


manifesta ao indivíduo a partir de processos sociais e históricos amplos, mas que
passam pelo potencial de ressignificações deste. Em outras palavras, o projeto pode
ser entendido como a formulação racional e consciente de planos,metas e ações
com foco no futuro influenciado por fatores passados e presentes, sociais e
históricos.

PROJETO DE ESCOLARIZAÇÃO

Perguntado se (pretende continuar ou voltar a estudar até quando será?) 23,8%


dos jovens responderam que desejam concluir um curso superior para um trabalho
não agrícola. 16,7% afirmaram desejar concluir um curso técnico em agropecuária e
46

14,4% não sabem ou não responderam. O maior percentual ficou com a categoria
Outros perfazendo 28,9% do total. importante destacar que nesta última categoria
nenhuma das opções que foram suprimidas do questionário aplicado dizem respeito
a alguma área agrícola.

Tabela 8 - Cruzamento entre a questão se você pretende continuar ou voltar a


estudar até quando será? e faixa etária

Fonte: O autor

Como consta na tabela, somando-se a primeira variável com a variável “Outros”


mais de 50% dos jovens efetivamente buscam instruir-se em áreas não diretamente
ligadas à agricultura, com destaque para os adolescentes e os jovens, que em
ambas as variáveis registram um percentual de 7,1% e 11,8% respectivamente. Ao
contrário destes, os jovens adultos são os que menos optaram pelo curso superior
não agrícola e que mais almejam o curso técnico agropecuário com 9,5% dos
16,7%. Salvo os 16,7% que almejam concluir o curso técnico agropecuário e que de
alguma forma pretende permanecer na área. Dos dados adquiridos conclui-se que
76,2% dos jovens possuem um projeto educacional, incluindo na somatória, aqueles
que ainda estão no ensino fundamental ou médio.

Em relação ao sexo dosjovens, conforme a tabela 9 abaixo, nota-se que a


pretensão das mulheres* em seguir estudando é ligeiramente menor que a dos
homens.
47

Tabela 9 - Cruzamento entre a questão se você pretende continuar ou voltar a


estudar até quando será? e sexo

Fonte: O autor

No geral as duas tabelas nos permite afirmar com segurança que os jovens
agricultores do município desejam aprofundar seus conhecimentos através da
educação, sejam em cursos básicos e técnicos como informática ou em
agropecuária, sejam mais complexos como o ensino superior. Relativo aos 23,8%
dos jovens que buscam uma formação superior de trabalho não agrícola, é oportuno
observar que a grande maioria do total dos jovens agricultores consideram que o
processo de escolarização pelo qual passaram pouco ou nada os prepara para a
agricultura.

Este fato, na literatura acadêmica sobre educação, em especial educação rural


ou do campo, encontra-se bastante conhecido e documentado. Quando o aluno não
necessita se deslocar em grandes distâncias até chegar ao centro urbano para
estudar “O ensino levado ao campo é pensado, sistematizado e programado no
urbano, com professores e secretários que trabalham no urbano, seguindo os
mesmos padrões de uma escola de ensino regular da cidade” (GOUVEIA, 2019, p
2). Ribeiro (1985) pondera este quadro , destacando que:

[...] mesmo para as famílias que enviam seus filhos para a escola rural, o
ensino feito através desta escola não os prepara para permanecerem na
terra. Toda a política para a educação rural tem se restringido a oferecer um
arremedo da escola urbana, que nem habilita os filhos dos agricultores para
dar continuidade às lides dos pais, nem os qualifica para os empregos
urbanos. (RIBEIRO, 1985, p3)
48

PROJETO PROFISSIONAL

Relativo ao projeto profissional, quando questionado se pretendia estabelecer-se


profissionalmente na agricultura familiar, 33,3% afirmaram que sim, e os outros
66,7% afirmaram o contrário. Dos 51,3% dos homens que responderam 20,5%
desejam se estabelecer na agricultura, os outros 30,3% não. Das mulheres 12,8%
que demonstraram pretender ficar na agricultura, os demais 35,7% não.

Tabela 10 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor (a) familiar? e sexo

Fonte: O autor

Dos dados nota-se que o maior percentual diz respeito àqueles que não
desejam se estabelecer profissionalmente na agricultura. Todavia, entre aqueles que
não querem, as mulheres são a maioria, 35,7% e dos que querem os homens são a
maioria com um percentual de 20,5%.

Quando separado pela pela faixa etária, percebe-se, mesmo que ligeiramente,
que os mais jovens, entre 15 e 24 anos são quem menos pretende fazer da
agricultura familiar uma profissão, somando-se chega a 46,2%. Do lado oposto, os
jovens adultos com um percentual de 15,4% dentre os que querem permanecer na
agricultura perfazem o maior índice.

Tabela 11 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor (a) familiar? faixa etária

Fonte: O autor
49

Das duas tabelas concluímos que quanto mais jovem e do sexo feminino for
maiores as chances do sujeito não desejar para si a profissão de agricultor familiar.

A análise destes projetos evidencia os dilemas e as contradições que afetam as


disposições dos jovens agricultores familiares em reproduzir o processo de trabalho
no qual estão inseridos e são reflexos diretos da forma como estes avaliam a
agricultura praticada por seus pais e por si mesmos. Prepondera entre os jovens
agricultores projetos profissionais não agrícolas, resultado de todas as dificuldades
enfrentadas, e pondo em xeque a reprodução social desta forma de agricultura.

Spanevello (2008), citando (GASSON; ERRINGTON, 1993; RAMOS, 2004),


entende que sucessão, na agricultura familiar compreende o controle ou
gerenciamento sobre o uso do patrimônio familiar aos filhos sucessores ou à
próxima geração, por meio da transferência legal do patrimônio, principalmente a
terra, ou seja a herança. E por fim a retirada e ou a aposentadoria dos pais, atual
proprietário, do trabalho e do comando do estabelecimento. Ou nas palavras de
Stropasolas (2011)

O processo sucessório é reconhecido como a transferência de poder e do


patrimônio entre gerações no âmbito da produção agrícola familiar, a retirada
paulatina das gerações mais idosas da gestão do estabelecimento e a
formação profissional de um novo agricultor(a). (STROPASOLAS, 2011, p1)

A não sucessão geracional na agricultura familiar é causa e causa um leque de


desafios sociais, econômicos e culturais. Segundo o último censo agropecuário a
agricultura familiar encolheu no país, os dados apontam uma redução de
9,5% no número de estabelecimentos classificados como de agricultura
familiar, em relação ao censo de 2006. “O segmento também foi o único a
perder mão de obra” noticia o portal eletrônico do IBGE.

Embora 66,7% dos jovens rejeitem a ideia da agricultura familiar em seus


projetos de vida. 50% declararam com clareza que possuem um projeto profissional
para o futuro. É o que vemos na tabela que segue.

Tabela 12 - Você tem um projeto que quer exercer no futuro?


50

Fonte: O autor

Ainda que com diferença leve nos percentuais quando distinguido as idades dos
jovens, os dados indicam que os jovens adolescentes é o grupo que menos tem um
projeto profissional definido com clareza, estes perfazem 18,4% dos que dizem não
possuir um projeto profissional para exercer no futuro, diferentemente dos jovens
adultos que com 18,4% das respostas positiva é o grupo etário que mais possui o
projeto de profissão. Quando cruza-se a variável projeto profissional com o gênero
dos jovens agricultores familiares, constata-se que homens e mulheres
comportam-se de modo diametralmente opostos, enquanto 31,6% dos homens
afirmam possuir um projeto e 18,4% afirma não possuir. Já entre as mulheres 18,4%
diz possuir um projeto de profissão para o futuro, 31,6% afirma que não. O que
talvez explique este diferencial entre mulheres e homens é que estes últimos
possuem uma maior tendência em serem agricultores do que as mulheres.

Tabela 13 - Cruzamento entre a questão você tem um projeto que quer exercer no
futuro? e sexo

Fonte: O autor

Até aqui vimos que como projeto de escolarização e de profissão os jovens do


município não vêem a agricultura familiar como meta. O que nos leva a questionar
se eles têm aversão à ocupação agrícola, ou ao perímetro em que residem, no caso
o rural. Isto nos leva para a seguinte pergunta do questionário: “Onde você pretende
morar?” que resultou na tabela que segue:

Tabela 14 - Onde você pretende morar?

Fonte: O autor
51

Do total, 71,8% dos jovens expressam seu desejo de permanecer na zona rural.
Quando cruza-se os dados com a faixa etária, constata-se que entre os que
desejam viver no campo o percentual aumenta de acordo com a idade. Assim, entre
os adolescentes, jovens e jovens adultos os respectivos percentuais são, 17,9%,
20,5% e 33,3%. No sentido oposto, quanto mais jovem, maiores as chances do
indivíduo desejar migrar para a cidade. Ao fazer o cruzamento dos dados com a
variável gênero, não se obteve diferenças significativas.

Dos dados vistos até aqui pode-se pensar que embora não desejem viver do
trabalho agrícola os jovens por outro lado não esperam ter de deixar o campo.
Sendo assim, mostrou-se pertinente cruzar os dados das duas questões, “Onde
você pretende morar” com "Você pretende se estabelecer profissionalmente como
agricultor(a) familiar? resultando na tabela que segue:

Tabela 15 - Cruzamento entre a questão onde você pretende morar? e você


pretende se estabelecer profissionalmente como agricultor(a) familiar?

Fonte: O autor

Do cruzamento dos dados, dois resultados lógicos eram esperados; o de que


quem deseja ser agricultor pretende morar na zona rural, que neste caso resultou na
totalidade dos que seguirão esta ocupação. Já o outro resultado esperado é o de
que quem deseja morar no perímetro urbano não pretende ser agricultor, que no
nosso caso resultou em 28,2% dos 66,7%. Por fim, dos 71,8% jovens que
pretendem viver no campo, 38,5% não consorciam a agricultura familiar com seus
projetos.

Isto pode ser explicado pela representação positiva que estes jovens têm da
zona rural, no geral a consideram como sendo, tranquila, distante do agito de
grandes centros urbanos, mais saudável, com menores índices de violência e maior
contato com a natureza.

Até aqui concluímos que os jovens tem um projeto de escolarização ou


profissional, ou ambos e em sua maioria. Como projeto de longo prazo, logo de vida
desejam viver no campo. Contudo não serão agricultores familiares. Nos resta agora
analisar os dados para responder as perguntas: Por que não ser jovem-agricultor?
52

Quais projetos não agrícola os jovens possuem? Estes projetos estão afinados às
suas realidades?

Para tanto buscou-se estabelecer e analisar quais relações existentes entre a


variável dependente possuir projeto profissional agrícola com outras independentes
relativas às condições materiais, processo de socialização e representações sociais.

No quesito condições materiais (autonomia) cruzou-se a variável, “Sua família é


proprietária da terra em que trabalha?” com a pretensão do jovem em ser agricultor
como segue na tabela abaixo:

Tabela 16 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e sua família é proprietária da terra
em que trabalha?

Fonte: O autor

No cruzamento verifica-se que a totalidade dos que desejam ser agricultores


fazem parte de famílias que são proprietárias da terra em que trabalham. Por outro
lado, dos 66,7% dos jovens que não desejam ser agricultores familiares 61,5% são
membros de famílias proprietárias da terra em que vivem.

Assim, embora a não propriedade da terra seja um fator que impede a execução
de projetos agrícolas, aqui não pareceu ser o caso. É possível que um dos fatores
que explique estes dados seja o tamanho da propriedade, que a cada geração
torna-se cada vez menor quando herdada, e não a sua posse. Por um lado a família
é autônoma em relação à posse da propriedade, mas por outro o jovem não possui
autonomia sobre a propriedade dos pais. E quando vier a herdar as terras dos país
estas terão seu tamanho reduzido, devido à divisão com os demais herdeiros.

A quantidade de tempo diária, e semanal que o indivíduo disponibiliza para as


atividades agrícolas, chamada aqui de socialização, se configura como um fator
explicativo para a escolha do seu projeto profissional. Desta forma, quanto mais
tempo se dedica à agricultura maiores as chances do sujeito adotá-la com atividade
53

profissional (WEISHEIMER, 2009). Pensando assim, as tabelas abaixo buscam


cruzar variáveis que determinem o tempo dedicado à propriedade com o projeto de
ser agricultor. Segue:

Tabela 17 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e você está estudando atualmente?

Fonte: O autor

De imediato reconhece-se que entre os que não estão estudando, as chances


de ser agricultor profissional é maior (18,4%), do que entre aqueles que estão
estudando (13,2%). O oposto também é verdade. Entre os 68,4% que não almejam
o trabalho agrícola, 36,8% ocupam parte do seu tempo com a escola.

Outra forma de analisar, de forma mais específica, o quanto os jovens


despendem seu tempo na socialização agrícola, é averiguando quantas horas por
dia estes dedicam às práticas agrárias. É disto que a tabela abaixo se incumbe.

Tabela 18 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e quantas horas por dia você trabalha
na agricultura familiar?

Fonte: O autor

Aqui, vemos que 39,5% dos jovens permanecem no máximo até 4 horas por dia
trabalhando na UFP. Destes a maior parte, 28,9%, para ser exato não pretendem
tornar-se agricultores. Conclui-se que entre aqueles que possuem um baixo grau de
socialização, são maiores as chances de não pautarem a agricultura em seus
projetos profissionais.
54

Além da socialização, a próxima relação que se analisa entre as variáveis, que


ajuda a explicar os fenômenos que os dados trazem, é a representação que os
jovens fazem da AF. Do modo de vida dos próprios pais que são agricultores e que
pode, ou não, inspirá-los a seguir um projeto profissional e de vida semelhante.
Assim, foi solicitado aos entrevistados que avaliassem o modo de vida dos seus
pais, se ruim, regular, bom ou ótimo. O resultado consta na tabela abaixo.

Tabela 19 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e como você avalia o modo de vida de
seus pais?

Fonte: O autor

Mais da metade dos jovens inquiridos consideram o modo de vida dos pais
regular, destes 38,5% não planejam ser agricultores familiares. Classificam como
um bom modo de vida, 33,3%. destes 25,6% também não serão, por vontade
própria, agricultores. A totalidade daqueles que percebem o modo de viver dos pais
como sendo ótimo, 7,7%, serão, ou pelo menos desejam ser agricultores familiares.

Tal como o baixo grau de socialização, aqui também, uma representação


negativa da AF e do modo de vida dos pais também fazem com que a agricultura
familiar não esteja no horizonte da maior parte dos projetos dos jovens. Soma-se a
isso as precárias condições materiais, de infra-estrutura e climáticas presente nas
UFPs e o pequeno tamanho destas.

Ainda por meio do questionário estruturado, os jovens tiveram a possibilidade


de, em poucas palavras, definir, classificar e avaliar a relação de jovens com a AF.
Desta forma, ao ser solicitado que citassem uma razão para o jovem querer
tornar-se agricultor, obteve-se respostas como: “Ser dono do próprio negócio”,
“Porque não tem outro trabalho”, “Poucas. Só se for por amor mesmo”, “Contato
com a natureza”, “Amor a terra”, “Além da produção mais saudável, e geração de
renda, auxilia no combate à depressão”. Estas não foram as únicas respostas,
todavia, as demais, de maneiras diferentes diziam estas mesmas coisas.
55

Quando solicitados que mencionasse as razões pelas quais o jovem não quer
ser agricultor, obteve-se respostas como: “Trabalho pesado”, “Lucratividade incerta,
Trabalho cansativo”, “Difícil acesso a melhorias de vida''. “Falta de políticas públicas
nessa área para incentivar os jovens”, “Não ter reconhecimentos das pessoas e não
ter um salário garantido”.

Em síntese, as menções mais frequentes sobre a questão aqui tratada,


classificam o trabalho nas UFPs como sendo pesado, cansativo, com baixa geração
de renda e socialmente desvalorizado. Podemos, portanto, afirmar que de algum
modo estes jovens desejam trabalhos com menor esgotamento físico, que de fato
geram renda em quantidade e regularidade satisfatórias, e sejam socialmente
reconhecidos e valorizados.

Resta ,por fim, analisar quais são os projetos profissionais não agrícolas
idealizados pelos jovens e se são afinados com sua realidade sócio-econômica.
Quando feita a pergunta, você tem um projeto profissional que quer exercer no
futuro? 50% afirmaram que sim e os outros 50% não. Cruzando a variável
‘Estabelecer profissionalmente com agricultor com o projeto profissional a ser
exercido no futuro chegou-se na seguinte tabela:

Tabela 20 - Cruzamento entre a questão você pretende se estabelecer


profissionalmente como agricultor(a) familiar? e você tem um projeto que quer
exercer no futuro?

Fonte: O autor

Nesta tabela dois novos dados chamam a atenção, um diz respeito àqueles
jovens que, por um lado não querem ser agricultores, e por outro não possuem um
projeto profissional para o futuro, estes compõem 37,3%. O segundo dado. 29,4%
compõem aqueles que têm um projeto profissional não agrícola. Estes últimos
pretendem se estabelecer profissionalmente através de concurso público, da
assinatura da carteira de trabalho com foco nos direitos trabalhistas e na
estabilidade de renda, atuar no comércio, ou fazer uma graduação em áreas tais
como enfermagem, ciência de dados e pedagogia para expor alguns dos cursos
citados.
56

Verifica-se que, independente do projeto profissional, seja agrícola ou não, estão


afinados com sua realidade social dos sujeitos em análise. Não se apresentam (em
que pese os altos índices de desemprego e baixos de crescimento econômico do
país) projetos alienígenas em que a condição de jovem e agricultor seja um grande
obstáculo a ponto de inviabilizá-los.

Quanto ao referido percentual de 37,3% de jovens que não têm projeto, a


princípio poderia supor que já se encontram estabelecidos profissionalmente, mas
este não parece ser o caso, visto que a maior parte destes são adolescentes ou
jovens abaixo dos 24 anos. Prevalece, entre parte desse percentual, grande
indefinição sobre os projetos profissionais para o futuro.

Em síntese, no que diz respeito ao projeto profissional, os jovens de Água Fria,


tendem a não se estabelecer na agricultura familiar, seja por falta de oportunidade
de renda, tamanho insuficiente da terra, falta de capital para investimento seja pela
rotina pesada na UFP. Entre os que não vêem a agricultura no seu destino
profissional, e aqueles que pretendem ser agricultores, como se supôs na hipótese
central da pesquisa, possuem projetos profissionais adaptados à sua realidade de
agricultor familiar.
57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se ao longo do trabalho analisar os projetos dos jovens do município de


Água Fria que foram socializados na agricultura familiar, e suas disposições de
permanecerem ou não na atividade agrícola.

Para tanto, lançou-se mão de variáveis como: condição fundiária da unidade


produtiva; renda agrícola obtida pela família; socialização dos jovens no processo
de trabalho da agricultura familiar; representações dos jovens sobre o trabalho
agrícola; avaliações sobre modo de vida de seus pais. Todas elas tidas como
independentes para indicar os elementos que interferem na elaboração dos
projetos profissionais desta juventude.

Da análise dos dados empíricos foi possível chegar a duas grandes conclusões.
a) Prevalece entre os jovens agricultores familiares do município a ocorrência de
projetos não agrícolas, b) Entre aqueles que possui um projeto definido, notou-se
que estes estão alinhados com a sua condição de jovem agricultor.

Relativo à primeira conclusão, com base nas variáveis citadas anteriormente


chegamos a alguns elementos com poderes explicativos. No que diz respeito à
condição fundiária notou-se que o tamanho das UFPs e não o acesso a elas é o que
obstaculiza o desenvolvimento de projetos agrícolas.

Com propriedades pequenas, carentes de infraestrutura, de tecnologias,


assistência técnica e capital para investir na UFP, a renda do trabalho agrícola
mostrou-se aquém das necessidades básicas de reprodução da unidade e da
família. Não compensando desta forma o trabalho duro e pesado que ocorre nestas
propriedades. Soma-se a isto o fato de que boa parte dos jovens ainda estão
sujeitos à autoridade dos pais e financeiramente dependentes destes. Este
momento presente no processo de autonomia do jovem não é atravessado sem
uma certa dose de conflito e intranquilidade.

Verificou-se que no geral as famílias muito pouco adotam em suas


propriedades o trabalho assalariado, ou seja, geralmente não se contrata
trabalhadores de fora do núcleo familiar. Desta forma os jovens possuem um
papel importante nas atividades agrícolas. Ocorre porém que entre estes o
tempo dedicado ao trabalho na “roça” é bastante inferior aos dos pais. No
quesito socialização no processo de trabalho agrícola percebeu que entre
aqueles que mais dedicam seu tempo ao trabalho na UFP há mais chances
destes possuírem projetos profissionais agrícolas.
58

Quanto à representação da agricultura familiar, sobressai entre os jovens


uma visão quando não negativa, de desapego, adjetivando-a de trabalhosa,
massante, desvalorizada socialmente e de pouco retorno financeiro. Em
grande medida os jovens classificam o modo de vida dos pais entre bom e
regular, e entre estes prepondera a aversão ao trabalho agrícola.

Embora os jovens não planejem ser agricultores, notou-se que não vêem
no êxodo rural uma solução para a consolidação da sua autonomia. Mesmo
entre aqueles que não possuem um projeto profissional definido ou que não
almejam a agricultura familiar prevalece a intenção de permanecer morando
no campo em atividades não agrícolas.

Quanto à escolarização e os projetos advindos daí, percebeu-se que entre


os jovens que desejam se aprofundar nos estudos predomina os projetos de
escolarização ligados às áreas não agrícolas. Sucede também, que sobressai
entre o projetos profissionais não agrícola dos jovens a necessidade de
aquisição de conhecimentos especializados, que no contexto de expansão
das universidades e dos cursos técnicos e do acesso às tecnologias da
informação se mostram do ponto de vista prático razoavelmente viável,
alinhados, portanto, à sua realidade. Relativo a gênero e idade notou-se que
ser homem e jovem-adulto aumenta as chances de possuir projeto
profissional ligado à agricultura.

O estudo empreendido não se propõe a ser conclusivo, ao longo da análise dos


dados empíricos notou-se que algumas questões merecem, em um possível estudo
posterior, um tratamento mais profundo e apurado tal como a forte presença e papel
das mães na UFPs, e de que forma isso impacta nos projetos juvenis. E uma
segunda questão, diz respeito a quais estratégias os jovens agricultores formulam
para viver no campo em atividades não agrícolas.

Por fim, verificou-se que a categoria sociológica jovens agricultores familiares


mostrou-se adequada para o estudo aqui realizado uma vez que revela as
especificidades dos jovens em questão e tentou-se dar visibilidade aos jovens
agricultores familiares do município que se encontram numa precária situação
juvenil.
59

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Alegre: EDIPUCRS, 2007.
ANEXO: FORMULÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA DE CAMPO

PESQUISA SOBRE A SITUAÇÃO JUVENIL NA


AGRICULTURA FAMILIAR DE ÁGUA FRIA
*Obrigatório

1. E-mail *

2. CIDADE (COMUNIDADE)

3. TELEFONE DO ENTREVISTADO

4. E-MAIL DO ENTREVISTADO

5. NOME DO ENTREVISTADO *

6. SEXO DO ENTREVISTADO

Marcar apenas uma oval.

Masculino

Feminino
7. IDADE

Marcar apenas uma oval.

15 a 19 anos

20 a 24 anos

25 a 29 anos

8. ESTADO CIVIL

Marcar apenas uma oval.

Solteiro

Casado

Divorciado

Viúvo(a)

9. VOCÊ TEM FILHOS?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

10. ONDE VOCÊ MORA É PERÍMETRO:

Marcar apenas uma oval.

Rural

Urbano
11. QUAL DESTAS CATEGORIAS MELHOR DESCREVE COMO VOCÊ SE AUTODEFINE?

Marcar apenas uma oval.

Jovem

Jovem Agricultor Familiar

Jovem Assalariado

Jovem Empresário Rural

Estudante

Jovem Trabalhador Rural

Jovem Operário

NS/NR

Outro:

12. QUAL É A SUA COR?

13. INCLUINDO VOCÊ QUANTAS PESSOAS TÊM EM SUA FAMILIA?

14. DAS PESSOAS QUE MORAM COM VOCÊ, ELES SÃO O QUE SEU?
Marque todas que se aplicam.

Pai
Mãe
Irmão
Irmã
Avô
Avó
Filho
Filha
Cônjuge
Sogro
Sogra
Entrevistado
Outro:
15. ESCOLARIDADE

Marcar apenas uma oval por linha.

Não Fundamental Fundamental Médio Médio Técnico Técnico


escolarizado incompleto Completo incompleto completo incompleto complet

Pai

Mãe

Irmão

Irmã

Avô

Avó

Filho

Filha

Cônjuge

Sogro

Sogra

Entrevistado

Outros
16. TRABALHO NA UNIDADE DE PRODUÇÃO FAMILIAR
Marcar apenas uma oval por linha.

Tempo Integral Não Parcial (4 a 5 Parcial (2 a 3 Parcial (1


NS/NR
(6 dias) Trabalha dias) dias) dia)

Pai

Mãe

Irmão

Irmã

Avô

Avó

Filho

Filha

Cônjuge

Sogro

Sogra

Entrevistado

Outros

17. SUA FAMÍLIA É PROPRIETÁRIA DA TERRA EM QUE TRABALHA?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

NS/NR

18. QUAL É O TAMANHO DA PROPRIEDADE?


19. COMO FORAM OBTIDAS AS TERRAS?

Marcar apenas uma oval.

Herança

Compra de parentes

Compra de terceiros

Parte por herança parte por compra

Por assentamento

NA

NS/NR

Outro:

20. QUAL A FORMA DE USO DA TERRA?

Marcar apenas uma oval.

Arrendamento

Chacreiro ou inquilino

Meeiro

Parceria

Posse

NA

NS/NR

Outro:

21. QUAL É O PRINCIPAL PRODUTO DA UNIDADE DE PRODUÇÃO FAMILIAR ?


22. AS ATIVIDADES PRODUTIVAS DA UNIDADE DE PRODUÇÃO FAMILIAR SÃO
PRINCIPALMENTE VOLTADAS PARA O AUTOCONSUMO OU PARA COMERCIALIZAÇÃO?

Marcar apenas uma oval.

Autoconsumo

Comercialização

Ambas Igualmente

NS/NR

23. QUAL É A PRINCIPAL FORMA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS DA UNIDADE DE


PRODUÇÃO FAMILIAR?

Marcar apenas uma oval.

Através da Associação de produtores

Através de intermediário

Direta ao consumidor

Integrada a Agroindústria Familiar

Integrada a Cooperativa

Integrada a Grande Indústria

Venda na CEASA

NS/NR

Outro:
24. TENDO COMO REFERÊNCIA O ÚLTIMO ANO INDIQUE A ORIGEM E O VOLUME DA RENDA
MENSAL DE SUA FAMÍLIA
Marque todas que se aplicam.

ABAIXO DE ENTRE R$ 1.000,00 ENTRE R$ 3.000,00 ACIMA DE


R$ 1.000,00 E R$2.999,00 E R$5.999,00 R$ 6.000,00

Renda Agrícola Bruta

Renda Agrícola
Líquida

Salários

Transferências e
benefícios sociais

Beneficiamento de
produtos na UPF

Outras rendas

Rendas eventuais ou
sazonais

Renda Familiar Total


25. TENDO COMO REFERÊNCIA O ÚLTIMO ANO INDIQUE A ORIGEM E O VOLUME DA RENDA
ANUAL DE SUA FAMÍLIA
Marque todas que se aplicam.

ENTRE R$ ENTRE R$
ABAIXO DE ACIMA DE
12.000,00 E 36.000,00 E
R$ 12.000,00 R$ 72.000,00
R$35.999,00 R$71.999,00

Renda Agrícola
Bruta

Renda Agrícola
Líquida

Salários

Transferências e
benefícios sociais

Beneficiamento de
produtos na UPF

Outras rendas

Rendas eventuais
ou sazonais

Renda Familiar Total

26. COMO É FEITA A DIVISÃO DAS RENDAS PROVENIENTES DA ATIVIDADE AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

O pai centraliza os rendimentos

A mãe centraliza os rendimentos

O pai e a mãe juntos centralizam os rendimentos

Os filhos(as) centralizam os rendimentos

A renda é dividida entre todos os que trabalham

Cada um fica com o que ganha

NS/NR

Outro:
27. COMO É FEITA A DIVISÃO DAS RENDAS PROVENIENTES DE ATIVIDADES NÃO
AGRICOLAS?

Marcar apenas uma oval.

O pai centraliza os rendimentos

A mãe centraliza os rendimentos

O pai e a mãe juntos centralizam os rendimentos

Os filhos(as) centralizam os rendimentos

A renda é dividida entre todos os que trabalham

Cada um fica com o que ganha

NA

NS/NR

Outro:

28. ENTRE OS ITENS ABAIXO RESPONDA SIM OU NÃO CONFORME SUA SITUAÇÃO:
Marcar apenas uma oval por linha.

Sim Não

Recebo remuneração em dinheiro por minha


participação no trabalho familiar agrícola

Possuo DAP em meu nome

Meu nome consta na DAP de meu pai (ou


mãe)

Tenho área de terra em meu nome

Tenho conta corrente em meu nome

Tenho conta poupança em meu nome

Tenho financiamento em meu nome

Desenvolvo atividade produtiva autônoma na


propriedade
29. QUE RECOMPENSA VOCÊ GANHA POR SUA PARTICIPAÇÃO NO TRABALHO AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

Recebo periodicamente uma quantia em dinheiro para minha despesas.

Fico com os recursos provenientes de atividades autônomas.

Fico com parte dos resultados de produtos que comercializo.

Trabalho em parceria com meus pais e fico com uma parte pré-definida dos resultados.

Quando preciso de alguma coisa ou dinheiro peço para meus pais.

Não obtenho nenhuma recompensa pelo meu trabalho.

NS/NR

30. NO QUE VOCÊ GASTA O DINHEIRO RECEBIDO PELA ATIVIDADE AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

Compro bens de uso pessoal (roupa, calçados,revistas, etc.)

Compro ou pago bem de consumo durável (carro, moto, computador, celular, etc.)

Estou guardando.

Estou investindo em atividade não agrícola.

Estou reinvestindo em atividades agrícola ou de criação.

Gasto em lazer e diversão.

Pago estudos e/ou cursos.

NA

NS/NR

Outro:
31. SE VOCÊ TIVESSE DINHEIRO EM QUE INVESTIRIA?

Marcar apenas uma oval.

Compraria caminhão.

Compraria moto ou carro de passeio.

Compraria terras e equipamentos agrícolas.

Faria uma viagem de férias.

Investiria em agroindústria e beneficiamento de produtos agrícolas.

Investiria em casa no meio rural.

Investiria em casa no meio Urbano.

Investiria em comércio ou prestação de serviços não agrícolas.

Investiria em estudos e formação para o mercado de trabalho.

Investiria em hotelaria para Turismo Rural.

NS/NR

Outro:

32. DESTAS LINHAS DE CRÉDITO QUAIS VOCÊ CONHECE?


Marque todas que se aplicam.

Sim Não

PRONAF

PRONAF Jovem

PRONAF Mulher

Programa Nossa Primeira Terra

Primeiro Crédito Jovem Rural

33. DESTAS LINHAS DE CRÉDITO QUAIS VOCÊ JÁ TENTOU TIRAR EM SEU NOME?

Marcar apenas uma oval.

PRONAF

PRONAF Jovem

PRONAF Mulher

Programa Banco do Nordeste

Programa Banco do Brasil


34. DESTAS LINHAS DE CRÉDITO QUAIS VOCÊ JÁ OBTEVE FINANCIAMENTO EM SEU NOME?

Marcar apenas uma oval.

PRONAF

PRONAF Jovem

PRONAF Mulher

Programa Banco do Nordeste

Programa Banco do Brasil

35. ALGUEM DE SUA FAMÍLA TIROU CRÉDITO DO PRONAF?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

36. QUEM DA FAMÍLIA TIROU CRÉDITO?

37. POR QUAL GRUPO OU DE QUAL LINHA FOI?

Marcar apenas uma oval.

Grupo A

Grupo A/C

Grupo B

Grupo C

Grupo D

Grupo E

PRONAF Jovem

PRONAF Mulher

Outra linha de PRONAF

Não acessou PRONAF

NA

NS/NR
38. COMO VOCÊ OCUPA SEU TEMPO AO LONGO DA SEMANA?

Marque todas que se aplicam.

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo

Trabalho agrícola na
UNIDADE DE
PRODUÇÃO FAMILIAR

Trabalho agrícola fora


da UNIDADE DE
PRODUÇÃO FAMILIAR

Trabalho não agrícola


na UNIDADE DE
PRODUÇÃO FAMILIAR

Trabalho não agrícola


fora da UNIDADE DE
PRODUÇÃO FAMILIAR

Trabalho doméstico na
UNIDADE DE
PRODUÇÃO FAMILIAR

Trabalho doméstico
fora da UNIDADE DE
PRODUÇÃO FAMILIAR

Estudo

Esporte, Cultura e Lazer

Atuação Sindical,
Política e Comunitária

NS/NR

39. VOCÊ ESTA ESTUDANDO ATUALMENTE?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não
40. QUAL A SUA ESCOLARIDADE?

Marcar apenas uma oval.

Não escolarizado

Fundamental Incompleto

Fundamental Completo

Médio Incompleto

Médio Completo

Técnico Incompleto

Técnico Completo

Superior Incompleto

Superior Completo

Pós-Graduação

NS/NR

41. NA SUA OPINIÃO EM QUE MEDIDA A ESCOLA AJUDA OS(AS) JOVENS A PREPARAREM-
SE PARA SER AGRICULTOR (A)?

Marcar apenas uma oval.

Muito.

Mais ou menos.

Pouco

Nada

NS/NR
42. NA SUA OPINIÃO O CONHECIMENTO QUE VOCÊ ADQUIRIU NA ESCOLA É MUITO, MAIS OU
MENOS, POUCO OU NADA IMPORTANTE PARA:
Marcar apenas uma oval por linha.

Conseguir Entender a
um Ser realidade Ser
Fazer Conseguir
emprego agricultor social e valorizado(a) NA NS/
amigos. namorado(a).
fora da familiar. econômica pelos pais.
agricultura. do país.

Muito

Mais ou
Menos

Pouco

Nada
Importante

43. COM QUAL IDADE VOCÊ COMEÇOU A TRABALHAR NA AGRICULTURA?

44. QUAL É SUA PARTICIPAÇÃO NO TRABALHO FAMILIAR AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

Tempo Integral (6 dias)

Não trabalha

Parcial (4 a 5 dias)

Parcial (2 a 3 dias)

Parcial (1 dia)

NS/NR
45. NORMALMENTE QUANTAS HORAS POR DIA VOCÊ TRABALHA NA AGRICULTURA
FAMILIAR?

Marcar apenas uma oval.

Até 4h

mais de 4h a 6h

Mais 6h a 8 hs

mais de 8h a 10 h

mais de 10 h99.

NS/NR

46. QUEM REALIZA AS SEGUINTES ATIVIDADES RELACIONADAS COM ADMINISTRAÇÃO DA UNIDADE


DE PRODUÇÃO FAMILIAR?
Marque todas que se aplicam.

Decidir
Fazer
o que Decidir Decidir Decidir sobre Depositar Falar com
Comprar compras
comprar o que onde os dinheiro Técnico
Insumos para a
para plantar plantar investimentos no banco agrônomo
casa
casa

Pai

Mãe

Irmão(a)

Avô(a)

Filho(a)

Cônjuge

Sogro(a)

Entrevistado

Toda
Família

Contratados

NA

NS/NR.
47. QUEM REALIZA AS SEGUINTES TAREFAS NA UNIDADE DE PRODUÇÃO FAMILIAR?
Marcar apenas uma oval por linha.

Família Contratados

Aplicação de veneno (defensivos)

Beneficiamento de produtos

Capina

Colheita

Consertos da casa, galpão ou estábulos

Embalar produtos

Limpeza da casa

Limpeza de chiqueiro ou estábulos

Manutenção da lavoura ou estufa

Plantio

Preparo das refeições

Preparo do solo p/ plantio

Tirar leite

Trabalho na horta para consumo próprio

Trabalho no pomar

Transformação de alimentos

Tratar do gado

Tratar dos suínos

Tratar pequenos animais

48. DAS TAREFAS QUE REALIZA QUAL A QUE MAIS GOSTA DE FAZER?

49. POR QUÊ GOSTA MAIS DESSA TAREFA?


50. DAS TAREFAS QUE REALIZA QUAL A QUE MENOS GOSTA DE FAZER?

51. POR QUÊ MENOS GOSTA DESSA TAREFA?

52. O QUE VOCÊ MAIS FAZ NO SEU TEMPO DE LAZER?


53. 44) AGORA VOU CITAR ALGUMAS ATIVIDADES DE LAZER E GOSTARIA QUE VOCÊ ME
DISSESSE QUAIS VOCÊ FEZ NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, OU NOS ÚLTIMOS 12 MESES,
ALGUMA VEZ NA VIDA OU SE NUNCA FEZ:
Marque todas que se aplicam.

ÚLTIMOS 30 NOS ÚLTIMOS 12 ALGUMA VEZ OU SE


DIAS MESES NA VIDA NUNCA FEZ

Assistir show musical.

Dançar em bailes ou
danceteria.

Festa em casa de amigos.

Festa ou quermesse na
comunidade.

Ir jantar em restaurante.

Ir a igreja.

Ir a lanchonetes e
sorveteria.

Ir a praia de água doce.

Ir a praia de mar.

Ir a shoping center.

Ir ao cinema.

Ir a estádio de futebol

Passear em parques e
praças.

Praticar esportes
coletivos.

Viajar no fim de semana.


54. QUAIS DESTAS ORGANIZAÇÕES VOCÊ PARTICIPA?
Marque todas que se aplicam.

Sim Não

Sou sócio do Sindicato de Trabalhadores


Rurais ou da Agricultura Familiar.

Participo do Grupo de Jovens do Sindicato.

Participo de Associação de Agricultores


e/ou Produtores.

Participo de Associação de Jovens


Agricultores e/ou Produtores

Participo de Associação Comunitária ou de


Bairro

Participo de Grupo de Jovens da


Comunidade ou Bairro

Participo de Grupo de defesa do Meio-


ambiente

Participo de Grupo de Jovens da Igreja.

Participo de Associação Esportiva ou


Recreativa.

Participo de Associação ou Grupo Cultural

Participo de Grêmio Estudantil ou União de


Estudantes

Sou filiado a Partido Político

Participo de Mov. dos Trabalhadores Sem


Terra

Participo do Mov. dos Atingidos por


Barragens

Sou sócio de Cooperativa de produtores, de


credito ou de consumo

Participo de Conselho Comunitário,


Municipal ou Regional

Não participo de nada.


55. O QUANTO VOCÊ GOSTA DE TRABALHAR NA AGRICULTURA?

Marcar apenas uma oval.

Gosto Muito

Mais ou menos

Não gosto

NS/NR

56. COMO VOCÊ CONSIDERA SUA PARTICIPAÇÃO NO TRABALHO FAMILIAR AGRICOLA


PARA OS RESULTADOS OBTIDOS POR SUA FAMÍLIA?

Marcar apenas uma oval.

Muito importante

Importante.

Pouco importante.

Nada importante.

NS/NR

57. QUE FRASE SE APROXIMA MAIS DO QUE VOCÊ PENSA SOBRE O TRABALHO FAMILIAR
AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

Trabalho digno, importante para a sociedade.

Não é valorizado pela sociedade.

Traz satisfação ver crescer o fruto do próprio trabalho.

Trabalho pesado, insalubre e sem descanso.

Permite ter independência financeira, ser dono do próprio negócio

Não traz retorno financeiro só prejuízo.

NS/NR
58. QUE FRASE SE APROXIMA MAIS DO QUE VOCÊ PENSA SOBRE O TRABALHO
ASSALARIADO E NÃO AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

Trabalho digno, importante para a sociedade.

Não é valorizado pela sociedade.

Trabalho mais leve com direito a descanso nos fins de semana e férias.

Tem muita subordinação e exploração do trabalhador pelo patrão.

Tem a garantia de recebimento de um salário ao final do mês.

Tem muito desemprego, é muito instável e de difícil contratação.

NS/NR

59. COMO VOCÊ AVALIA O MODO DE VIDA DE SEUS PAIS?

Marcar apenas uma oval.

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

NS/NR

60. VOCÊ GOSTARIA DE VIVER DO MESMO MODO QUE SEUS PAIS?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Mudaria poucas coisas.

Mudaria muitas coisas.

NS/NR
61. CITE UMA RAZÃO PARA UM(A) JOVEM QUERER SER AGRICULTOR:

62. CITE UMA RAZÃO PARA UM(A) JOVEM NÃO QUERER SER AGRICULTOR:
63. NA SUA OPINIÃO QUAIS DESTES FATORES SÃO OS DOIS MAIS IMPORTANTES PARA A
PERMANÊNCIA DOS JOVENS NA AGRICULTURA FAMÍLIAR?
Marque todas que se aplicam.

1 2

Ter o reconhecimento, incentivo e apoio da


família.

Ter vontade e dedicação pessoal.

Ter liberdade para introduzir inovações na


UPF.

Ter acesso à propriedade de terra.

Ter políticas públicas que viabilizem a


instalação dos jovens.

Ter conhecimentos adequados sobre a


produção agrícola.

Ser o(a) sucessor(a) do pai na gestão da


propriedade.

Participar de grupos de produtores,


sindicatos e/ou cooperativas.

Obter uma renda considerada satisfatória.

Encontrar um(a) companheiro(a) para


compartilhar as atividades da UPF.

NS/NR

64. VOCÊ TEM UM PROJETO PROFISSIONAL QUE QUER EXERCER NO FUTURO?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

65. QUAL É O PROJETO PROFISSIONAL?


66. VOCÊ PRETENDE SE ESTABELECER PROFISSIONALMENTE COMO AGRICULTOR(A)
FAMILIAR ?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

67. SE SIM, PORQUE PRETENDE SE ESTABELECER AGRICULTOR FAMILIAR?

68. QUE PROFISSÃO VOCÊ ACHA QUE PROVAVELMENTE TERÁ NO FUTURO?

69. ONDE VOCÊ PRETENDE MORAR?

Marcar apenas uma oval.

Meio Rural

Meio Urbano

70. PORQUE ESCOLHEU ESSE PERÍMETRO PARA MORAR?


71. SE VOCÊ PRETENDE CONTINUAR OU VOLTAR A ESTUDAR ATÉ QUANDO SERÁ?

Marcar apenas uma oval.

Concluir o ensino fundamental.

Concluir o ensino médio.

Concluir curso técnico agropecuária

Concluir curso técnico industrial

Concluir curso superior ligado a agropecuária

Concluir curso superior para trabalho não agrícola

Concluir curso de informática

Concluir curso de idiomas.

Não pretendo continuar / voltar a estudar

NA

NS/NR

72. VOCÊ PRETENDE SUCEDER SEU PAI NA GESTÃO DA PROPRIEDADE FAMILIAR?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

NA

NS/NR

73. COMO VOCÊ AVALIA SUAS CHANCES DE SE ESTABELECER PROFISSIONALMENTE NA


AGRICULTURA?

Marcar apenas uma oval.

Ótimas

Boas

Regulares

Ruins

Péssimas

NS/NR

Opção 7
74. COMO VOCÊ AVALIA SUAS CHANCES DE SE ESTABELECER EM UMA PROFISSÃO NÃO
AGRÍCOLA?

Marcar apenas uma oval.

Ótimas

Boas

Regulares

Ruins

Péssimas

75. QUAIS SUAS EXPECTATIVAS DE HERDAR A PROPRIEDADE FAMILIAR?

Marcar apenas uma oval.

Serei o único herdeiro(a) da propriedade.

Não serei herdeiro da terra mais receberei compensação.

Somente herdarei a terra se tivermos área suficiente para todos.

Todos os filhos e filhas herdarão igualmente a propriedade.

NA

NS/NR

76. NA SUA OPINIÃO, O QUE É MELHOR COMO JOVEM NA AGRICULTURA FAMILIAR?

Marcar apenas uma oval.

Ser Homem

Ser Mulher

Tanto faz

NS/NR

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