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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO REGIONAL


FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ
CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA
DISCIPLINA: VIVÊNCIA DE CAMPO II

CAIQUE JORDANO A. PAIVA


DANIEL CASTRO DE OLIVEIRA
THAYS SILVA DE OLIVEIRA

VIVÊNCIA DE CAMPO II: COMUNIDADE RIBEIRINHA JACAREZINHO – NOVA


IPIXUNA - PA.

Marabá – Pará
Junho de 2022.

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO....................................................................................................................4
2 – DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................5
2.1 - HISTÓRICO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO E DO ESTABELECIMENTO
AGRÍCOLA................................................................................................................................5
2.2 - CARACTERIZAÇÃO DA FAMÍLIA ATUAL.................................................................6
2.3 - CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO AGRÍCOLA....................................6
2.3.1 - INVENTÁRIO DA ESTRUTURA PRODUTIVA.........................................................8
2.3.2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE CRIAÇÃO...................................................9
2.3.3 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE CULTIVO...................................................9
2.4 - UTILZAÇÃO DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO..........................................10
2.5 - ANÁLISE DA VIABILIDADE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA...........10
2.5.1 - VIABILIDADE TÉCNICO-PRODUTIVA..................................................................10
2.5.2 - VIABILIDADE SOCIAL..............................................................................................11
2.5.3 - VIABILIDADE AGROECOLÓGICA/AMBIENTAL.................................................12
2.6 – ANÁLISE GLOBAL DA VIABILIDADE/SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA DE
PRODUÇÃO.............................................................................................................................12
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................13
4 - REFERÊNCIAS..................................................................................................................14

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CAIQUE JORDANO A. PAIVA
DANIEL CASTRO DE OLIVEIRA
THAYS SILVA DE OLIVEIRA

VIVÊNCIA DE CAMPO II: COMUNIDADE RIBEIRINHA JACAREZINHO – NOVA


IPIXUNA - PA.

O presente trabalho foi apresentado ao Prof.º Dr.º


Fernando Michelotti e a Prof.ª Simone Silva Nogueira
nas disciplinas Vivência de Campo II e Análise e
Avalição de Projetos, com objetivo de fazer
levantamento e analisa de questionamentos da
realidade rural (social e econômica) características de
um estabelecimento agrícola familiar localizado no
município de Nova Ipixuna – PA.

Marabá – Pará
Junho de 2022.

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1 – INTRODUÇÃO

Desde o início do processo de ocupação do território brasileiro, a agricultura familiar


- também conhecida como agricultura de subsistência - faz parte do cotidiano das atividades
produtivas do país. No entanto, durante todo o período imperial e também nos períodos
seguintes, esse tipo de agricultura praticamente não recebeu apoio estatal para se desenvolver
adequadamente (MATTEI, 2014).
A agricultura familiar ganha cada vez mais importância no espaço nacional como
segmento econômico e profissional capaz de produzir alimentos saudáveis e gerar empregos e
riqueza para o país (JUNIOR 2018).
Na Amazônia, a agricultura familiar é mais característica do que em outras regiões e
constitui a base da extração de recursos naturais e da maior parte da produção de alimentos.
Há o domínio de uma região de agricultores familiares em áreas de fronteira e em antigas
áreas de colonização, que produzem lavouras temporárias e permanentes além da exploração
extrativista, levando a uma mudança na base produtiva em suas posses com
integração de mercado (GALVÃO et al., 2005). As atividades da agricultura familiar em
projetos de assentamento na região são importantes para a produção de alimentos. No entanto,
as atividades agrícolas praticadas influenciam negativamente os serviços do ecossistemas
fornecidos pelo meio ambiente (Santos e Mitja 2011).
Com relação a ocupação amazônica, o estado do Pará foi o que mais sofreu
consequências dos diversos processos de ocupação e desmatamento. Destes processos, deu-se
início a distribuição de terras e criação de assentamentos agrícolas para famílias provindas do
nordeste, com o slogan de “terras sem homens para homens sem terras” (CONGILIO;
IKEDA, 2014).
Projeto de assentamento é, basicamente, um conjunto de unidades agrícolas
independentes entre si, instaladas pelo INCRA, onde originalmente existia um imóvel rural
que pertencia a um único proprietário. Esses projetos de assentamentos possuem, como
características, trabalhadores rurais que recebem o lote e utilizam de mão-de-obra familiar,
sendo projetos de assentamentos de agricultura familiar, sendo áreas pequenas (GRISA;
SCHNEIDER, 2015).
Em meio à este contexto, percebe-se que a agricultura familiar é importantíssima
para toda região sul e sudeste do Pará, tendo em vista que, 72.162 famílias são integrantes de
todos esses projetos de assentamentos, o que contribui para o desenvolvimento desta região,

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proporcionando diversos benefícios econômicos, sociais e ambientais, de modo que esses
produtores são responsáveis por maior parte de todo alimento que chega até nossa mesa
(RADWANSKI; SAMPAIO; SOBRAL, 2014).
A vivência de campo II sucedeu no período de 10 a 14 de Junho de 2019 com os
alunos do curso de Agronomia da UNIFESSPA – turma 2018, no assentamento Jacarezinho –
Nova Ipixuna-PA, localizado as margens do rio Tocantins, latitude -5,1929887, longitude -
49,2917761. Teve como objetivo a análise do histórico da localidade e do estabelecimento
agrícola, bem como a caracterização da família, do estabelecimento, sendo proposto ainda a
análise da viabilidade do sistema de produção agrícola.

2 – DESENVOLVIMENTO

2.1 - HISTÓRICO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO E DO ESTABELECIMENTO


AGRÍCOLA

A comunidade ribeirinha “Jacarézinho” teve seu processo de ocupação e distribuição


dos estabelecimentos por volta dos anos de (1980-1985), onde os primeiros moradores
começaram a dividirem seus lotes, demarcarem e, posteriormente, estabelecerem-se na região.
Muitos destes pioneiros da região acabaram falecendo, outros voltaram pra cidade, deixando,
em alguns casos, os filhos tomarem de conta do lote, os quais posteriormente acabaram
vendendo estes lotes.
A maioria dos primeiros moradores da região vieram a óbito em seus próprios lotes,
como relatado por ambos (senhor Antenor e dona Dilma), por diversos tipos de doenças e
devido às condições precárias de atendimento de saúde entre outros fatores, o que na época
era bastante agravante segundo (GRISA; SCHNEIDER, 2015), pois a exploração e
colonização regional da Amazônia legal haviam sido iniciadas, porém, na época mal tinha-se
desenvolvimento que proporcionasse uma melhor qualidade de vida para os pioneiros de toda
região amazônica, inclusive da região da comunidade “Jacarézinho”, devido aos diversos
fatores limitantes da época, a precariedade tecnológica, aos difíceis acessos a região, devido
seus altos índices pluviométricos, péssimas estradas, entre outros fatores.
A propriedade do senhor Antenor, foi adquirida através da compra, onde o mesmo a
recebeu em troca de seus tempos de serviços. Ele recebeu o lote, cujo dimensões são

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63x1500m, onde mudou-se para o local há pouco tempo, Porém, anteriormente, o mesmo
possuía outro lote em um outro local da mesma comunidade.

2.2 - CARACTERIZAÇÃO DA FAMÍLIA ATUAL

Pessoas que vivem no Estabelecimento


Grau de Atividades
Nome Sexo Idade Escolaridade Benefício social
parentesco no lote
ANTENOR M 59 Analfabeto Esposo Aposentadoria Agricultor
Ensino fundamental Serviços
DILMA F 51 Esposa Bolsa família
incompleto domésticos

Pessoas que vivem fora do Estabelecimento


Grau de Atividades
Nome Sexo Idade Escolaridade Benefício social
parentesco no lote
Auxilia nas
Ensino Médio
ANTEILSON M 26 Filho Nenhum atividades
completo
do lote
Auxilia nos
Ensino Médio
GILMARA F 24 Nora Bolsa família serviços
completo
domésticos
KEMILLY F 06 Pré-escola Neta Bolsa família -
Ensino Médio
ANTEILMA F 35 Filha Nenhum -
completo

2.3 - CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO AGRÍCOLA

A propriedade do senhor Antenor, como explanado anteriormente, foi adquirida no


ano de 2016, onde foi possível visualizar apenas 4 agroecossistemas, que de acordo com o
agricultor é devido seu pouco tempo na propriedade, porém o mesmo demonstra intenção na
criação de um projeto de plantio de açaí. De acordo com relatos de Antenor e sua esposa
Dilma, o estabelecimento agrícola onde os mesmos moravam anteriormente (ao lado do seu
estabelecimento atual) o agricultor deste respectivo estabelecimento agrícola cedeu uma parte
de sua propriedade para o senhor Antenor executar o plantio de milho (figura 1). O fato de o
agricultor está na posse de sua propriedade a pouco tempo inviabiliza fazer uma análise
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histórica mais aprofundada em relação às mudanças do uso da terra, visto que o mesmo
intensificou suas ações em seu estabelecimento agrícola somente a partir do ano de 2019.
A propriedade do senhor Antenor (figura 1), está localizada no município de Nova
Ipixuna – PA, a qual a comunidade ribeirinha, “Comunidade Jacarézinho”, faz parte. A área
do produtor, possui um tamanho total de 9,45 ha, a qual é rodeada pelo rio Tocantins e seus
tributários (lago Aningal e diversos outros), onde a mesma possui um total de 4
agroecossistemas, os quais a família produzem seu próprio alimento e vendem o excedente da
produção. Os 4 diferentes agroecossistemas estão divididos em: quintal agroflorestal, roça,
floresta secundária e área de vazante. O quintal agroflorestal possui cerca de 2.500 m², e a
área de cultivo em vazante possui cerca de 5.000 m².

Figura 01: Croqui da área utilizada e de possível utilização do lote de posse do Sr.
Antenor

Fonte: Adaptado pelos autores com base em imagens retiradas do software Google Earth

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2.3.1 - INVENTÁRIO DA ESTRUTURA PRODUTIVA

O estabelecimento agrícola possui maquinários básicos para o desenvolvimento das


atividades, de acordo com o agricultor dois deles são de fundamental importância para a
execução das tarefas no campo. O motosserra é utilizado para o corte de arvores da floresta
secundária para a abertura de áreas para plantio e também cortar madeiras para lenha. A
utilização da roçadeira auxilia o agricultor na limpeza das áreas de plantio e na limpeza do
quintal agroflorestal.
De acordo com A Portaria Ibama nº 149, de dezembro de 1992 é obrigatório o
registro do equipamento no órgão e conforme a Lei Federal de nº 9.605/1998 e o art. 57 do
Decreto Federal de nº 6.514/2008 é crime ambiental quem utilizá-la em florestas e nas demais
formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente, estando sujeito às
penas de detenção, de três meses a um ano, e multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) por
unidade.
Sabe-se da importância da observação das leis, porém com uma visão holística no
que se refere ao uso deste equipamento é importante que haja por parte das instituições
envolvidas a educação ambiental de forma mais sucinto ao agricultor, que muitas vezes não
tem a assistência necessária para desenvolver suas atividades agrícolas de acordo com as leis
vigentes.
A aquisição dos equipamentos foi possível após o recebimento do benefício de
aposentadoria, visto que somente com as atividades anteriormente não eram suficientes para a
aquisição destes maquinários, por se tratarem de equipamentos com um valor alto de acordo
com o agricultor. Conforme tabela atualizada o valor do motosserra atualmente é de R$
3.048,00 e a roçadeira R$ 1.740,00. Além desses equipamentos, o agricultor adquiriu um
freezer horizontal para o armazenamento de polpas de frutas de seu quintal agroflorestal, onde
na oportunidade estava repleto de polpas de cupuaçu (Theobroma grandiflorum). Devido a
grande safra neste ano e o baixo preço pago pelos atravessadores o agricultor optou pelo
armazenamento da polpa aguardando o momento oportuno para a venda do produto.
Com relação a projeção futura das instalações, o objetivo é de ainda no ano de 2022
inicia o plantio de açaí em uma área ainda a ser determinada, inicialmente o projeto será a
venda do fruto in natura, no entanto conforme as vendas forem aumentando e o projeto for se
desenvolvendo objetiva-se adquirir os equipamentos para processar o fruto na propriedade e
vende-lo no comercio de Itupiranga-PA, tendo em vista que o escoamento da produção é de

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fácil acesso. A idealização do projeto partiu do senhor Antenor, porém a sua esposa Dilma o
auxiliará nas atividades relacionadas ao beneficiamento dos frutos.

2.3.2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE CRIAÇÃO

Conforme dialogo com o agricultor este optou apenas pela criação de galinhas em
seu estabelecimento agrícola, apenas para consumo de carne, bem como de ovos, sendo estes
alimentados pelo resultado da produção de milho de sua roça, considerando que com a alta do
milho ficaria inviável a nutrição deste animais com a compra de milho externo, conforme
levantamento feito na propriedade há 40 galinhas, 25 pintainhos e 2 galos. No que diz respeito
ao manejo reprodutivo é tratado de forma convencional para as galinhas, onde são colocadas
em ninhos para postura, onde parte dos ovos permanecem incubação natural e outra parte para
alimentação. Conforme a EMBRAPA MEIO-NORTE recomenda-se que o local do choco seja
separado das demais aves, para que a galinha em choco não sofra perturbações e
consequentemente abandone o ninho, em concordância com esta recomendação foi possível
observar na pratica do agricultor este manejo. Sobre o manejo em relação a separação de
função produtiva das aves, não existe essa divisão devido a criação ser apenas para fins de
alimentação da família. Conforme já citado, as fontes de nutrição das aves são apenas o milho
resultante da roça e o pastejo no quintal agroflorestal.

2.3.3 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE CULTIVO

Como já é sabido, a localidade é caracterizada como áreas de vazantes, e devido as


fortes chuvas ocorridas no ano de 2022 a roça de mandioca (Manihot esculenta) (plantado no
ano de 2021) do estabelecimento acabou sendo perdida em sua totalidade, devido ao avanço
rápido do rio Tocantins, onde tomou toda a área de cultivo de mandioca e parte do quintal
agroflorestal. Porém ainda no ano de 2022 o senhor Antenor fez o uso da área cedida por seu
vizinho para o plantio de milho, onde na oportunidade pôde-se auxiliá-lo na colheita para
armazenamento. Além do plantio de mandioca o plantio de banana (Musa acuminata) também
foi afetado em quase sua totalidade, restando apenas algumas bananeiras, que serão utilizadas
posteriormente para um novo plantio.
A área total da roça de milho estimada foi de 7.094 m², a área de mandioca perdida
foi de aproximadamente 5.000 m² e a área do bananal tratava-se de cerca de 2.200 m². O Pará
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é o maior produtor brasileiro de mandioca com uma produção média de 15 a 16 tonelada por
hectares, com base nessa informação pode-se avaliar um prejuízo de aproximadamente 7,5
ton/ha, considerando que agricultor iria produzir farinha com a mandioca, de acordo com
informações da EMBRAPA é possível produzir 1500kg de farinha a partir de um hectare, o
que resultaria para a produção do senhor Antenor aproximadamente 750kg de farinha.
No quintal agroflorestal é cultivado algumas espécies frutíferas, porém a com mais
importância econômica são as de cupuaçu, conforme foi dito anteriormente, a polpa é
comercializada, as outras frutíferas são de uso apenas para consumo local.

2.4 - UTILZAÇÃO DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

A produção de cupuaçu é destinada a atravessadores na cidade de Itupiranga, mas de


acordo com o agricultor como na região ocorreu uma safra além do esperado, o mesmo
decidiu armazenar para venda em outra oportunidade, visando comercializar com preço mais
atrativo. O transporte da produção é feito exclusivamente de barco, devido as condições da
vicinal ser precária. Conforme informações os valores das vendas sempre são pagamento
avista, tendo em vista que trata-se de produtos perecíveis. Outro produto que o agricultor
comercializa é a farinha, porém como ocorreu a perca da produção no ano de 2022 o mesmo
precisa mercar a farinha para uso.

2.5 - ANÁLISE DA VIABILIDADE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA

2.5.1 - VIABILIDADE TÉCNICO-PRODUTIVA

Algumas Unidades de Produção Agrícolas enfrentam dificuldades para manter uma


estrutura produtiva e um certo nível em termos de produtividade e de qualidade de vida.
Nas atividades exercidas no estabelecimento do senhor Antenor foi possível observar
que em sua maioria são utilizadas apenas para subsistência, tendo em vista que o mesmo se
encontra aposentado e julga não ter mais forças para trabalhar de forma intensiva. Segundo o
agricultor a venda de alguns produtos como a polpa de cupuaçu, farinha gera uma receita
extra para seu sustento, porém o mesmo não julga de extrema necessidade a venda destes
produtos. No tocante a demanda de mão de obra é necessária esporadicamente de
trabalhadores para o auxílio principalmente na limpeza do lote, visto que o mesmo não utiliza
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de agrotóxico em sua roça, porém conforme relatos do agricultor, a mão de obra na região
escassa, devido todos portarem suas obrigações em seus lotes, o que acarreta na decisão da
implantação de áreas menores para a produção. Como mencionado nos tópico 3.1 e 4, o
escoamento da produção é todo destinado ao município de Itupiranga, com a utilização de
embarcação própria.

2.5.2 - VIABILIDADE SOCIAL

Foi possível observar nesse período de vivência a existência de cordialidade local


entre os vizinhos, onde os mesmos trocam alimentos entre si (peixes, frutos, legumes, etc).
Conforme relatos do entrevistado, as informações adquirida pela comunidade dar-se-
á por reunião organizada pela prefeitura do município de Nova Ipixuna – PA, no entanto não
há na região nenhuma associação para defender os interesses locais. Por se tratar de uma área
de preservação permanente o acesso a credito rural é indisponível, mesmo o agricultor
possuindo um termo de autorização de uso sustentável (TAUS) obtido por meio da
Superintendência do Patrimônio da União no Estado do Pará não é possível acessar a créditos
com este tipo de documento.
Nos meses de inverno o acesso a localidade via terrestre se torna inviável devido as
péssimas condições da vicinal e alguns pontos de alagamento, sendo possível apenas o acesso
apenas por embarcações. Em dialogo com alguns vizinhos com relação a educação, existe
uma embarcação especifica para conduzir as crianças da localidade para a escola que fica
situada também na zona rural de Nova Ipixuna. Os colonos da região não possuem acesso a
assistência técnica, porém sabe-se que a EMATER é uma empresa de assistência técnica rural
e tem por missão Contribuir para a promoção do agronegócio e do bem-estar da sociedade,
com foco na agricultura familiar, através do serviço de extensão rural pública com qualidade,
para o desenvolvimento sustentável e é de fundamental importância para os agricultores
tomarem conhecimento deste acesso para que os mesmos possam usufruir destes meio.
No que diz respeito ao acesso a saúde os agricultores preferem usar da atenção básica
de saúde do município de Itupiranga-PA, uma vez que o acesso via barco para esta localidade
se torna mais rápido. Uma das problemáticas locais que se observou trata-se justamente da
estradas da região encontrarem sempre em péssimas condições de uso, inviabilizando assim o
trafego constante por elas.

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2.5.3 - VIABILIDADE AGROECOLÓGICA/AMBIENTAL

A região onde o PA Jacarézinho é localizado trata-se de uma área de vazante, o que


implica na necessidade do conhecimento das culturas a serem implantadas no local, levando
em consideração aos fatores de encharcamento do solo, sendo necessário a implantação de
plantas tolerantes a este fator. De acordo com CECATOO 2020, o solo encharcado
caracteriza-se pelo excesso de água que ocupa o intervalo proso, causando redução
condensação de oxigênio. Para os tecidos radiculares, o estado hipóxico, redução condensação
de oxigênio, interesse prejuízo a alento aeróbica, dependente de oxigênio, proporcionando
desordens metabólicas, promovidas pela diminuição da disponibilidade de funcionamento
metabólica e ao melhoria da condensação de produtos do metabolismo anaeróbico mesmo
níveis tóxicos. Essas alterações prejudicam processos fisiológicos e bioquímicos das plantas.
O uso do solo no estabelecimento agrícola estudado é de forma racional, visando
apenas a produção para subsistência, apenas uma pequena parte do excedente é utilizada para
comercialização. A madeira da floresta secundária o seu uso é estritamente para lenha, porém
no ano de 2021 foi feito a abertura da área de floresta secundária para o plantio de mandioca
que já foi citado previamente no item 3.3. De acordo com o Código Florestal (Lei nº
4.771/65), são consideradas áreas de preservação permanente (APP) aquelas protegidas nos
termos da lei, cobertas ou não por vegetação nativa, com as funções ambientais de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. E tomando
como base essa e algumas outras informações contidas no referido código, a APP do senhor
Antenor corresponde respectivamente 33% de sua área total, no entanto o que caracterizamos
como os 4 sistemas produtivos do estabelecimento agrícola, todos estão inseridos na APP.
Fazendo uma avaliação história da localidade de modo geral, foi possível perceber que ao
longo dos últimos 3 anos devido ao baixo adensamento da mata ciliar vem ocorrendo o
processo de erosão as margens do rio Tocantins.

2.6 – ANÁLISE GLOBAL DA VIABILIDADE/SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA


DE PRODUÇÃO

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Em virtude das analises visual e considerações do agricultor, foi possível
compreender que a necessidade de assistência técnica local se torna importante para o
aperfeiçoamento das praticas de manejos de modo geral. No que se trata das questões
ambientais seria possível melhores práticas na área da mata ciliar (caracterizada como quintal
agroflorestal), pois traria benefícios relacionado a diminuição dos processos erosivos as
margens do rio. Na área de plantio do agricultor a inserção de algumas técnicas para o uso
sustentável do solo seria importante, tendo em vista que a área que se encontra o
estabelecimento agrícola faz parte de uma área de preservação permanente e é de fundamental
importância ter o conhecimento de praticar racionais de uso alternativo do solo. Se tratando de
projetos futuros do agricultor, como a implantação do cultivo de açaí na área, é importante
salientar que o mesmo pretende utilizar área já aberta, o que não implica em uma atitude
ecologicamente correta, tendo em vista que mesmo se tratando de monocultivo de açaí
agricultor não necessitará de abrir novas áreas para a implantação deste sistema de produção.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi caracterizado e avaliado durante a vivência, é notório a


importância da aproximação de politicas publicas voltada a assistência técnica, assistência
social, com o objetivo de promover melhorias ainda mais eficientes na manutenção da
biodiversidade da região do Jacarezinho, tornando a região um sistema ainda mais sustentável
no ponto de vista, econômico, social e ambiental.

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4 - REFERÊNCIAS
CECATOO, Roberto Júnior. TROCAS GASOSAS E CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS
DE PLANTAS DE SOJA EM CONDIÇÕES DE ENCHARCAMENTO DO SOLO E
RESTRIÇÃO LUMINOSA. MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PR, 2020.
GRISA, Catia; SCHNEIDER, Sérgio, 2015. Três gerações de Políticas Públicas para a
Agricultura Familiar e Formas de Interação entre Sociedade e Estado no Brasil. In: RESR,
Piracicaba-SP, Vol. 52, Supl. 1, p. S125-S146, 2014.
RADWANSKI; SAMPAIO; SOBRAL, 2014. Agregação de valor à agricultura familiar: Uma
alternativa para o desenvolvimento territorial sustentável. In: REDES, Santa Cruz do Sul, v.
19, nº 3, p. 74 - 96, set./dez. 2014.
CONGILIO, Célia R.; IKEDA, Joyce C. O., A ditadura militar, expansão do capital e as lutas
sociais no sudeste paraense. In: Lutas Sociais, São Paulo, vol.18 n.32, p.79-90, jan./jun. 2014.

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