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HOSPITALAR
SUGESTÕES DE TEMAS
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18. O PAPEL DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES;
19. O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA CCIH.
20. POLÍTICAS E PROGRAMAS DE SAÚDE
21. O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL E SEUS NÍVEIS DE ASSISTÊNCIA;
22. ANÁLISE SOBRE AS POLÍTICAS BRASILEIRAS PARA A SAÚDE;
23. O DIRECIONAMENTO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL;
24. OS PROGRAMAS DE SAÚDE;
25. LEGISLAÇÃO E VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE MEDICAMENTOS;
26. A ANVISA E A POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS;
27. A LEGISLAÇÃO SOBRE A VENDA DE MEDICAMENTOS;
28. OS MEDICAMENTOS COM TARJA PRETA E A SUA VENDA;
29. TIPOS DE MEDICAMENTOS;
30. OS MEDICAMENTOS E OS RISCOS À SAÚDE;
31. A COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS;
32. ALGUMAS DEFINIÇÕES SOBRE OS MEDICAMENTOS;
33. DECRETOS, LEIS E RESOLUÇÕES APLICADOS AOS MEDICAMENTOS;
34. OS MEDICAMENTOS E A FARMACOVIGILÂNCIA NO BRASIL.
35. EPIDEMIOLOGIA E VIGILÂNCIA EM SAÚDE
36. INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA;
37. A EPIDEMIOLOGIA E OS SERVIÇOS DE SAÚDE;
38. MEDINDO A FREQUÊNCIA DE CASOS E ÓBITOS;
39. DESCRIÇÃO DA FREQUÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE DADOS GERADOS
EM SERVIÇOS PÚBLICOS;
40. MEDICAMENTOS E MATERIAIS;
41. SELEÇÃO E AQUISIÇÃO;
42. ESPECIFICAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO;
43. ARMAZENAMENTO;
44. SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO - DISPENSAÇÃO
45. FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR;
46. INFRAESTRUTURA DO SETOR DE FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR;
47. FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS;
48. FORMAS FARMACÊUTICAS ESTÉREIS – MISTURAS INTRAVENOSAS;
49. TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL;
50. O CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) E A
EDUCAÇÃO SANITÁRIA;
51. O CIM;
52. EDUCAÇÃO SANITÁRIA;
53. ERROS DE MEDICAÇÃO;
54. PARTICIPAÇÃO DO FARMACÊUTICO NAS COMISSÕES HOSPITALARES;
55. COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA (CFT);
56. COMISSÃO DE LICITAÇÃO E PARECER TÉCNICO;
57. COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS;
58. COMISSÃO DE TERAPIA NUTRICIONAL;
59. COMISSÃO DE TERAPIA ANTINEOPLÁSICA;
60. COMISSÃO DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS;
61. COMISSÃO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE;
62. COMISSÃO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE;
63. PRÁTICAS DA GESTÃO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
64. CONCEITO;
65. HISTÓRICO;
66. GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA;
67. CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA;
68. UTILIZAÇÃO: PRESCRIÇÃO, DISPENSAÇÃO E USO.
69. COMISSÃO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS HOSPITALARES.
70. LEGISLAÇÃO E VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE MEDICAMENTOS
71. A ANVISA E A POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS;
72. A LEGISLAÇÃO SOBRE A VENDA DE MEDICAMENTOS;
73. OS MEDICAMENTOS COM TARJA PRETA E A SUA VENDA;
74. TIPOS DE MEDICAMENTOS;
75. OS MEDICAMENTOS E OS RISCOS À SAÚDE;
76. A COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS;
77. ALGUMAS DEFINIÇÕES SOBRE OS MEDICAMENTOS;
78. DECRETOS, LEIS E RESOLUÇÕES APLICADOS AOS MEDICAMENTOS;
79. OS MEDICAMENTOS E A FARMACOVIGILÂNCIA NO BRASIL.
80. A PSICOLOGIA NOS CENÁRIOS DE ATENDIMENTO À SAÚDE:
HOSPITALAR OU AMBULATORIAL
81. PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO;
82. COMPORTAMENTO E SAÚDE;
83. COMPORTAMENTO SAUDÁVEL X COMPORTAMENTO DE RISCO;
84. PROCURANDO TRATAMENTO;
85. ADESÃO AO TRATAMENTO;
86. EQUIPE INTERDISCIPLINAR;
87. PSICÓLOGO CLÍNICO X PSICÓLOGO HOSPITALAR X PSICÓLOGO DA
SAÚDE;
88. O PSICÓLOGO NA SAÚDE PÚBLICA;
89. HISTÓRICO;
90. PSICÓLOGO NO SUS.
91. POLÍTICAS E PROGRAMAS EM SAÚDE COLETIVA
92. POLÍTICAS PÚBLICAS;
93. ORIGEM DA “POLÍTICA PÚBLICA” – O COMEÇO DA CONVERSA;
94. POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL;
95. CICLO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA;
96. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS;
97. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM CUIDADOS INTENSIVOS
98. AS NECESSIDADES E CUIDADOS BÁSICOS DO PACIENTE;
99. INTERVENÇÕES PARA GARANTIR A SEGURANÇA DO PACIENTE NA UTI;
100. O CUIDADO PROGRESSIVO DO PACIENTE (CPP);
101. A UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS;
102. AS NECESSIDADES BÁSICAS DO PACIENTE;
103. OS SINAIS VITAIS;
104. ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA;
105. EVOLUÇÃO E OBJETIVOS DO SUPORTE VENTILATÓRIO;
106. O CICLO RESPIRATÓRIO;
107. O PAPEL DA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA;
108. PACIENTE COM AFECÇÃO CARDÍACA;
109. AVALIAÇÃO DO PACIENTE CARDÍACO;
110. A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM;
111. SETOR DIGESTIVO;
112. MONITORAÇÃO HEMODINÂMICA;
113. ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA;
114. DOENÇA PERIODONTAL;
115. PNEUMONIA NOSOCOMIAL;
116. RELAÇÕES ENTRE MICROBIOTA BUCAL E DOENÇA
PERIODONTAL;
117. PROCEDIMENTOS DE HIGIENE BUCAL NA UTI E OUTROS
PROCESSOS;
118. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM;
119. EVENTOS ADVERSOS, ERRO MÉDICO E OS INDICADORES DE
QUALIDADE.
120. TEMAS ESPECIAIS EM PSICOLOGIA HOSPITALAR E DA SAÚDE
121. PACIENTE TERMINAL E CUIDADOS PALIATIVOS;
122. DOENÇA TERMINAL E PACIENTE TERMINAL;
123. CUIDADOS PALIATIVOS;
124. MORTE E TANATOLOGIA;
125. MORTE;
126. ESTÁGIOS VIVENCIADOS PELO PACIENTE TERMINAL;
127. TANATOLOGIA;
128. SEXUALIDADE E INTIMIDADE;
129. CUIDANDO DO CUIDADOR;
130. CUIDADOS AO FAMILIAR;
131. CUIDADOS AO CUIDADOR;
132. SÍNDROME DO BURNOUT;
133. QUESTÕES DE BIOÉTICA;
134. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO HOSPITAL: EXAME PSÍQUICO;
135. ROTEIRO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA;
136. ANAMNESE;
137. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA CRIANÇA HOSPITALIZADA;
138. PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL;
139. PSICOPATOLOGIA;
140. A REFORMA PSIQUIÁTRICA;
141. INTERCONSULTA PSICOLÓGICA;
142. PRINCIPAIS TRANSTORNOS E DOENÇAS MENTAIS.
143. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE
144. HUMANISMO;
145. O QUE É HUMANIZAÇÃO?;
146. POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH – HUMANIZASUS);
147. GRUPO DE TRABALHO DE HUMANIZAÇÃO: GHT;
148. COMUNICAÇÃO PROFISSIONAL-PACIENTE;
149. VÍNCULO TERAPÊUTICO;
150. RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO;
151. COMUNICAÇÃO VERBAL;
152. COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL;
153. DESPERSONALIZAÇÃO DO PACIENTE;
154. EMPATIA;
155. AUTOESTIMA;
156. HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR;
157. HISTÓRIA DOS HOSPITAIS;
158. HUMANIZAÇÃO DAS UTIS;
159. HUMANIZAÇÃO DOS SETORES PEDIÁTRICOS;
160. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NAS MATERNIDADES;
161. TRABALHO EM EQUIPE;
162. HUMANIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DO HOSPITAL;
163. AMBIÊNCIA;
164. HOTELARIA HOSPITALAR;
165. TECNOLOGIA E HUMANIZAÇÃO.
166. GESTÃO E LOGÍSTICA HOSPITALAR
167. BREVE HISTÓRIA DOS HOSPITAIS;
168. ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR;
169. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA
HOSPITALAR;
170. FERRAMENTAS OU INSTRUMENTOS DE SUPORTE PARA UMA
GESTÃO EFICAZ E DE QUALIDADE;
171. A GESTÃO DO PATRIMÔNIO E SUPRIMENTOS;
172. LOGÍSTICA HOSPITALAR.
173. O PROGRAMA NO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL;
174. AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS;
175. DAS POLÍTICAS AOS SISTEMAS DE SAÚDE NO BRASIL;
176. CICLO ECONÔMICO DA DOENÇA E CICLO DINÂMICO DA SAÚDE;
177. NOSSO SISTEMA DE SAÚDE;
178. A ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA;
179. OS SISTEMAS DE SAÚDE E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS);
180. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE;
181. CONCEITO E DEFINIÇÃO;
182. O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE;
183. INFORMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM;
184. INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA;
185. MORBIDADE;
186. MORTALIDADE;
187. LETALIDADE;
188. DOENÇAS PREVENÍVEIS E ALGUNS PROGRAMAS ESPECÍFICOS;
189. DOENÇAS PREVENÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO;
190. DOENÇAS VEICULADAS POR ÁGUA E ALIMENTOS;
191. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES;
192. DOENÇAS CAUSADAS POR ECTOPARASITAS.
193. DINÂMICA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS;
194. A VIGILÂNCIA COMO INSTRUMENTO DE SAÚDE PÚBLICA;
195. INVESTIGAÇÃO DE SURTOS EPIDÊMICOS.
196. GESTÃO DOS SERVIÇOS DA SAÚDE
197. SERVIÇOS DE SAÚDE;
198. A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL;
199. A GESTÃO DO SUS;
200. GESTÃO DE SERVIÇOS DE ALTA, MÉDIA COMPLEXIDADE E DA
ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE;
201. A GESTÃO DOS RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE;
202. PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA.
203. OS PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO;
204. AS DOENÇAS EMERGENTES NO BRASIL.
205. POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE, EDUCAÇÃO E HABITAÇÃO
206. OS ANTECEDENTES HISTÓRICOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
SOCIAIS;
207. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA SAÚDE;
208. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO;
209. PRÁTICAS DE GESTÃO EM SAÚDE DA PESSOA IDOSA
210. O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO E SUAS
CONSEQUÊNCIAS;
211. A GESTÃO PÚBLICA VOLTADA PARA A PESSOA IDOSA;
212. CONSEQUÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO PARA O CORPO
HUMANO;
213. PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO PARA UM ENVELHECIMENTO
SAUDÁVEL;
214. O TAFI – TESTE DE APTIDÃO FÍSICA PARA O IDOSO.
215. FUNDAMENTOS BÁSICOS E TEORIA EM SAÚDE MENTAL
216. PERCEPÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA LOUCURA ATRAVÉS DOS
TEMPOS;
217. A DECOMPOSIÇÃO DO SOFRIMENTO MENTAL E O TRABALHO
DO PROFISSIONAL;
218. CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS MENTAIS – CID-10.
219. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA SAÚDE MENTAL
220. A CONQUISTA DA CIDADANIA NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL;
221. LEGISLAÇÃO VERSUS POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL;
222. AS NORMAS TÉCNICAS INTERNACIONAIS;
223. LEGISLAÇÃO E A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL;
224. PARADIGMAS DO CONCEITO DE SAÚDE MENTAL;
225. A GESTÃO ATUAL DA SAÚDE MENTAL NO BRASIL.
226. FUNDAMENTOS DAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM
227. ENFERMAGEM: SURGIMENTO, TEORIAS E FUNDAMENTOS;
228. A ENFERMAGEM DO TRABALHO;
229. CÓDIGO DE ÉTICA E A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
ENFERMAGEM DO TRABALHO – ANENT;
230. AS TENDÊNCIAS ATUAIS: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM SAE – NANDA, NIC E NOC.
231. DOENÇAS OCUPACIONAIS
232. DOENÇA PROFISSIONAL E DOENÇA DO TRABALHO;
233. LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO (LER)/ DISTÚRBIO OSTEO-
MUSCULAR RELACIONADO AO TRABALHO (DORT);
234. RUÍDOS;
235. DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS;
236. DOENÇAS DA PELE;
237. SAÚDE BUCAL;
238. ESTRESSE.
239. AVALIAÇÃO, PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE
OCUPACIONAL
272. EPIDEMIAS;
273. ENDEMIAS;
274. PANDEMIAS;
275. EPIZOOTIA;
276. EPIDEMIOLOGIA;
284. BIOESTATÍSTICA;
304. IMUNIZAÇÃO;
305. NOÇÕES BÁSICAS DE IMUNOLOGIA;
RESUMO
ABSTRACT
This essay initially revisits the democratic thought on citizenship and their respective
requirements, duties and emancipating guarantees focusing on public health. Then, it updates
the understanding on health as social right of citizens from an emancipating praxis of
collective action. Finally, it reflects on the ethical-moral recognition of emancipating rights for
the collective health citizens and life social subjects.
Direitos e cidadania
No período feudal, deixou-se de lado a prática da cidadania, que voltou a ser exercida
aos poucos no sec. XV com a ascensão da burguesia na luta contra o feudalismo.
Entretanto, só quando os burgueses e proletariados já não suportavam mais as injustiças
dos monarcas e da nobreza europeia, foram que as revoluções burguesas, a partir do
sec. XVII, retomaram o saber agir da cidadania, consolidando uma forma de resistência
da modernidade europeia para fazer frente às ingerências da monarquia aristocrática. De
partida, a revolução na Inglaterra em 1688 impôs à monarquia a perda de muito dos
seus poderes absolutistas e os burgueses passaram a predominar no parlamento do país,
logo, influenciadas por essa luta colônias inglesas e outras nações europeias promoveram
revoluções semelhantes no século seguinte.
Vale dizer que o Manifesto Comunista de Marx e Engels, publicado em 1848, foi o
documento político mais importante na crítica ao regime liberal burguês. A partir dele
formou-se uma nova concepção de Estado e sociedade, surgindo também outras
correntes político-filosóficas e sistemas normativos de direitos, como a Constituição
Mexicana de 1917, que, pioneiramente, sistematizou um conjunto de direitos sociais do
homem e cidadão, porém sem romper com o capitalismo da época; e no caso da
Constituição Alemã de 1919, o seu texto incluía os direitos da pessoa humana, e os da
vida social, econômica e religiosa, como da educação e da instituição escolar.
Enfim, nessa esteira histórica e política, o conceito de cidadania apresenta-se hoje muito
mais abrangente do que a simples tradução do direito de votar e ser votado, atualizando-
se na efetiva participação dos sujeitos nos rumos da vida em sociedade e reconhecendo,
inclusive, autonomias e diferenças culturais do seu povo para emancipar-se. Portanto, a
cidadania plena deve e pode abarcar a promoção e a eficácia social dos direitos
fundamentais da pessoa humana, tendo em vista os pilares democráticos do Estado de
Direito sobre os quais a sociedade e seus sujeitos se alicerçam para que possam viver
dignamente (HENRIQUES, 2011).
Dentre esses direitos fundamentais podem ser arrolados o respeito à integridade humana
para ter uma vida digna e de superação individual, de não sofrer qualquer forma de
violência, de não ser forçado a viver em situação degradante, e de não ser excluído
protegendo os seus direitos de cidadão; a partir daí, temos, então, o direito à moradia
para um abrigo, a terra para uma subsistência familiar, ao trabalho para o devir dos
potenciais humanos, e de acesso a um meio ecologicamente saudável e sustentável.
Além disso, temos o direito à saúde não só pela ausência de doenças, mas pelo bem-
estar de todos, à educação para participar incisivamente nos assuntos de interesse
comum, e o de usufruir de serviços públicos universais, igualitários, e equitativos; daí a
necessidade de políticas públicas para a garantia e proteção de todos esses direitos para
que as pessoas possam deles gozar em sua plenitude.
Apesar de ser imprescindível que todos tenham acesso a bens de consumo para ter uma
vida digna, não se pode prescindir dos direitos do cidadão e de suas práticas
reivindicatórias, inclusive para que os sujeitos de direito possam lutar pelo acesso
igualitário a bens e serviços necessários a um bom viver. Aliás, quando se fala da
ascensão da camada pobre brasileira em razão de sua atual entrada no mercado de
consumo, adquirindo bens antes inacessíveis ao seu poder de compra, não se atém que a
significativa ascensão desta ou de outra camada social da população se dá através do
exercício pleno da cidadania, que passa antes pelo reconhecimento dos seus direitos e
deveres como ao acesso a uma educação de qualidade.
A luta por direitos do cidadão na conquista de uma vida social digna passa ao largo da
reificação das mercadorias de consumo, como a inserção dos sujeitos à sociedade não
deve ser condicionada à propriedade desses ou daqueles bens de consumo, mas à sua
capacidade de interferir e participar dos rumos de suas coletividades na busca de uma
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A cidadania deve, de fato, conhecer e
promover os direitos fundamentais, envolvendo a proteção da autonomia dos sujeitos, a
atenção de suas necessidades básicas, e a preservação da sociedade a qual pertencem;
enfim, a cidadania plena é aquela que almeja a transformação da realidade e faz do
cidadão um ativo protagonista que reconhece e reclama os seus direitos e deveres
fundamentais, bem como o seu direito de viver dignamente seja no âmbito de sua
subjetividade seja no contexto de sua vida em sociedade.
Em princípio, como sugerem Nogueira e Pires (2004), os direitos sociais não devem ser
entendidos como uma ficção jurídica distante de situações cotidianas e reais de
existência, obscurecendo as críticas sobre a sua não garantia e reduzindo o seu potencial
emancipador de transformação da ordem societária. Faz-se necessário afastar-se de um
ideário de direito social que não se realiza na concretude da vida cidadã, e que tampouco
releva a autonomia e a igualdade em sua expressão plena e equitativa, para se
aproximar das formas de relações sociais dos sujeitos, transitando entre os planos dos
valores e da materialidade efetiva. É necessário deslocar-se de uma perspectiva
formalista para alcançar o devir cotidiano, onde os interesses e olhares divergentes são
traduzidos dialeticamente em consensos relativizados que devem ser objetivados na
práxis concreta. A cidadania plena contém, assim, uma densidade que é afirmada e
reconhecida na concretude das relações sócio-históricas, espraiando-se para os distintos
setores e áreas da vida e saúde coletiva frente aos modos de reprodução social do
capitalismo tardio.
Já a despeito da saúde como direito social, pode-se abordar, por um lado, em relação à
interface entre escolhas individuais e necessidades coletivas, que responsabilizam os
sujeitos a submeterem-se à vacinação pública, ao tratamento ético e seguro, ao cuidado
oportuno das doenças transmissíveis e notificáveis, ao destino apropriado de produtos
perigosos para a saúde humana e ambiental, à proteção dos meios públicos e à busca de
melhoria das condições de trabalho; e por outro, à garantia de um sistema de saúde
universal e igualitário, de oferta organizada de cuidados a todos que deles necessitem,
de integralidade das ações em saúde pública e de participação e controle social dos bens
e serviços prestados à coletividade. Não obstante, numa perspectiva política mais
progressista, o reconhecimento jurídico-social de direitos de titularidade coletiva vem ao
encontro do pleno desenvolvimento do Estado Democrático de Direitos, efetivando
intervenções sanitárias legitimadas pelos cidadãos para o desfrute do bem comum e de
uma saúde com qualidade de vida.
A dignidade da vida humana, por si só, já exigiria a garantia do direito à saúde ao lado
do direito à vida; a saúde é corolário do direito à vida e da dignidade humana,
constituindo uma tríade que garante o exercício dos demais direitos e liberdades
positivas, e que, por gozarem de uma dimensão ético-moral, espraiam-se por todos os
setores da sociedade sob a forma de deveres sociais e comunitários. A saúde é uma das
condições essenciais da liberdade e da igualdade de todos perante a lei, e o devir do seu
direito, sendo inerente ao viver humano, constitui-se em um direito subjetivo e coletivo
ao mesmo tempo. Diz-se que a saúde tem uma dimensão que transcende à sua própria
positivação no ordenamento jurídico por ser uma das condições relevantes para o
exercício emancipador dos sujeitos da vida social, além de a Constituição ter positivado
amplamente o direito à saúde (SANTOS, 2010).
Aliás, a relação da saúde com as normas culturais liberais não se reduz a uma mera
adaptação a tais normas, mas refere-se, sobretudo à capacidade normativa dos sujeitos
em instituir novas normas em sua realidade intersubjetiva. A saúde como a expressão de
novas normas instituídas pelos sujeitos envolvendo signos e significados não se reduz a
um discurso privativo e hegemônico, tendo a possibilidade de normatividade por meio de
suas práticas cotidianas e cidadãs. Logo, promover a saúde é realizar ações que gerem
bem-estar ou evitem riscos, respeitadas as escolhas e recriações dos sujeitos, em que a
relação entre a saúde e as culturas não se restringe à obediência irrestrita às normas, já
que a dita capacidade normativa pode modificar os fatos sociais frente às condições de
vida e saúde. A saúde relaciona-se, assim, à forma pela qual o sujeito interage com os
eventos da vida como de suas realizações no cotidiano sociocultural (COELHO; ALMEIDA-FILHO,
2003
).
Enfim, a saúde como fenômeno da existência humana implica poder desobedecer, gerar
e acompanhar uma transformação, podendo significar até um desvio das normas sociais
em face das expectativas dos sujeitos de uma coletividade. Já a doença, é a perda da
capacidade normativa como impossibilidade momentânea de mudanças, e as
experiências vivenciadas na doença podem permitir ao sujeito a instituição de novas
normas, mesmo que se restrinjam à sua corporeidade biopsíquica e subjetiva.
Sujeitos e emancipação
A despeito das iniquidades extremas, além de serem injustas e evitáveis, são indignas e
vergonhosas, pois advêm de segregação, exclusão e violação frente a diferentes
subjetividades, práticas cotidianas e culturais distintas, decorrentes do impacto de
estruturas sociais e de políticas iníquas geradoras de desigualdades eticamente
inaceitáveis e desnecessárias. Logo, as iniquidades de saúde determinadas pelas
desigualdades em renda, trabalho, educação, moradia e classe social como produto das
injustiças e desrespeitos aos cidadãos da vida, nos remetem ao campo político dos
conflitos e de luta em face da repartição desigual das riquezas e de bens produzidos na
sociedade capitalista contemporânea. Enfim, os gradientes socialmente perversos, que,
todavia, permanecem atualmente se recrudescem no plano da intersubjetividade, em
diferenças biopsíquicas como em distinções socioculturais, e no plano jurídico-político,
em iniquidades e desigualdades sociais em saúde.
Vale dizer que, no âmbito do Estado Democrático de Direitos, o sistema normativo dos
direitos fundamentais jamais deve se afastar das condições de vida desiguais, tampouco
das formas e tradições culturais marginalizadas, pois uma política de reconhecimento
ético-moral que afirme as identidades coletivas e subjetivas deve ser implantada caso se
queira alçar a integralidade das garantias fundamentais que visam a assegurar aos
cidadãos o bem-estar e a justiça social. Deve-se pautar num reconhecimento jurídico-
social que promova uma repartição mais equitativa de direitos e deveres com o objetivo
de concretizar uma práxis emancipadora para o exercício de autonomias solidárias frente
a distintas posições de poder, e com base num sistema democrático que respeite
igualmente as diferentes culturas, etnias, e gêneros em suas vivências do saber agir na
sociedade como todo (HONNETH, 2003).
Todos devem se sentir responsáveis pelos destinos de sua cidade e comunidade, atuando
em prol dos mais frágeis e desfavorecidos como um dever ético originado da vida, um
dever moral que impõe responsabilidades mútuas de respeito à vida, à natureza, à
cultura dos povos, de se sentir parte de um todo com suas diversidades e paradoxos, e
construir juntos a vida comunitária face às circunstâncias geradas pelo capitalismo. Em
que a solidariedade deve ser incentivada como um valor moral em benefício das
coletividades, uma vez que o Estado não alcança por si só o estabelecimento de uma
cultura de paz social, bem comum e saúde coletiva.
O processo de globalização foi percebido, já nos anos 90, por vários setores da sociedade
e população em geral como o devir de um mundo moldado por uma nova economia e por
suas tecnologias, por novas estruturas sociais e a sua práxis produtiva, e por seus modos
de vida e formas de cultura afins. Uma episteme histórica caracterizada pelo capitalismo
global que influenciaria os múltiplos saberes e práticas cotidianas, como a produção
científico-tecnológica e seus paradigmas, em face de suas relações com a sociedade e
história em particular. Todo esse contexto levaria, inevitavelmente, à desintegração
social, ao desrespeito a democracias de países, às desigualdades sociais, à reificação
coletiva e alienação cultural, à pobreza e à emergência de doenças cada vez maiores.
Diante desse cenário de domínio e concentração do poder, este autor se alia a um bloco
sociocultural dirigido à construção de uma práxis emancipadora do saber agir, crítica e
renovadora dos modos de produção da vida e saúde, como de bens equitativos dos
sujeitos sociais de uma coletividade emancipadora e solidária. Soma-se a isso o
reconhecimento efetivo da diversidade pluricultural, implicando o respeito às diferenças
culturais e sua integração com o intuito de viabilizar a igualdade de direitos e de
oportunidades equânimes às classes, etnias e gêneros pertencentes à sociedade como
um todo (BREILH, 2006).
Para tanto, a interculturalidade pode ser uma relação estratégica e dialógica no confronto
de interesses e realizações que se materializam ao levar adiante um projeto de
emancipação para que sobrevivam e se fortaleçam diferentes culturas, reconhecendo
tanto as suas características comuns quanto as suas respectivas metas de luta com
mútuo enriquecimento. Trata-se de um movimento de integração que respeita e constrói
encontros solidários, visando proteger espaços e instituições que viabilizam toda essa
luta por reconhecimento e poder para uma sociedade mais justa, segura e emancipável.
Segue-se, então, a reflexão crítica de Breilh (2000) sobre o desenvolvimento humano desde
um horizonte emancipador, lembrando que o trabalho, por ser o grande mediador entre
os sujeitos e o meio da vida, demanda premente humanização de suas formas,
finalidades e reparte dos seus produtos. A conquista e expansão das suas modalidades
baseadas na cooperação e solidariedade tanto podem beneficiar a corporeidade dos
sujeitos como enriquecer a sua cultura; ademais, são equitativas no reparte e nas
relações de etnias e gênero, devendo assegurar também interações mais benéficas entre
os sujeitos e o meio em face às suas necessidades de 'cidadãos sociais da vida'.
Além disso, devem-se ampliar os espaços para criação artística e científica desprovidas
de pressões econômicas e suas ideologias dominantes, como uma ordem cultural e
simbólica onde haja lugar para a afetividade e respeito como ingredientes básicos de
uma coletividade solidária. Somam-se a isso vivências com sabedoria e reflexão crítica
que visem a recompor o seu papel emancipador por hora subsumido, mas não extinto
como 'sujeito epistêmico do saber'. Acrescenta-se que o pleno desenvolvimento humano
a partir de uma concepção de integralidade da vida e com um sistema de saúde
equânime conquistado democraticamente, é pilar de qualquer proposta progressista e
construtiva frente à contrarreforma neoliberal com propósitos de tecnicizar a tudo e a
todos (BREILH, 2000).
REFERÊNCIAS
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http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000200028
ARTIGO ARTICLE
RESUMO
ABSTRACT
Family Health Strategy represents one of the major public programs in Brazil covering
5,601 municipalities in 2006 (91.8%). This study evaluated Teresópolis Family Health
Strategy through information and perceptions of adults responsible for children around 0-
5 years that used those health services. It was used evaluation forms answered by family
in waiting rooms or during home visiting. Results for urban and rural areas were
compared and significant differences were observed in some issues. Major findings
include users' strong ties with the program and a highly positive perception about the
children health status. Access was satisfactory as to use criteria when relating to regular
care proceedings. Critical points observed include: low coverage of home visiting, bad
access to labs and image exams and to systematic delivery of medicines. Rural areas
presented a high number of children who treated acute clinical conditions at home
without doctor assistance. Users satisfaction as to physicians, nurses, health community
agents and services were high level. Users not regularly visited at home presented lower
access to medicine delivery.
Key words: Unified Health System, Family Health Strategy, Health services evaluation
Introdução
O Sistema Único de Saúde (SUS), institucionalmente definido por seu caráter público,
universal e integral, financiado por recursos fiscais, apresentou ao longo da década de
noventa um amplo rol de iniciativas orientadas a cumprir com suas disposições
constitucionais. A necessidade de prover o acesso a serviços de saúde para amplos
contingentes populacionais em distintas regiões influenciou diferentes governos a
desenvolver incentivos financeiros para a ampliação da oferta de serviços não-
hospitalares. Modelos simplificados em termos do uso de profissionais de saúde,
instalações, equipamento e meios diagnósticos e terapêuticos foram desenvolvidos em
vários municípios brasileiros e algumas experiências ganharam relevância em ambientes
de alta escassez de recursos e de pobreza. Igualmente em centros urbanos, experiências
de instalações simplificadas e adaptáveis a áreas de difícil acesso e de risco social foram
se multiplicando. Em comum, estas soluções tinham o foco em (i) grupos sociais
altamente vulneráveis e com problemas de acesso a serviços de saúde; e (ii) reunir um
número reduzido de profissionais de saúde seguindo a lógica de equipes sanitárias
integradas.
A magnitude destes programas pode ser medida pelos gastos realizados pelo Ministério
da Saúde no ano de 2005 para o financiamento de ESF, no total de R$ 2.679,27 milhões.
Para o ano de 2006, segundo o Ministério da Saúde, existia em todo o país um total de
219.492 agentes comunitários de saúde; 26.729 equipes de saúde da família e 15.086
equipes de saúde bucal. Muitas destas equipes e agentes comunitários se superpõem nas
mesmas instalações. O programa está presente em 5.601 municípios brasileiros (91,8%
do total).
A literatura sobre atenção básica e estratégia de saúde da família no Brasil foi marcada
durante longo tempo por estudos de caso, propostas organizacionais e de estrutura de
políticas ou difusão de casos supostamente exitosos, mesmo que desacompanhados de
evidências mais sólidas de sucesso. Este tipo de produção refletiu, no entanto, o forte
interesse do tema nos meios políticos, governamentais e acadêmicos. Teses
desenvolvidas em programas de pós-graduação foram orientadas com muita frequência
para estudos de caso de experiências conhecidas em diferentes cidades.
A despeito da controversa sobre o seu uso, outros estudos utilizam traçadores e eventos
sentinelas, baseados em problemas de saúde da população, para avaliar a qualidade dos
serviços em diversos países 3-5. O pressuposto é de que o modo como as equipes médicas
administram a atenção a doenças comuns indica a qualidade geral do sistema6,7. A
seleção de traçadores deve contemplar características que favoreçam a sua
especificidade, tais como impacto perceptível, critérios objetivos de diagnóstico,
prevalência elevada, história natural sensível à intervenção médica, protocolos médicos
bem definidos de intervenção e efeitos conhecidos de fatores não médicos sobre o
traçador escolhido. No caso brasileiro, os estudos mostram que indicadores diferentes
foram utilizados como eventos sentinelas (taxa de mortalidade infantil, índice de mortes
evitáveis, etc.)8.
As análises trazem evidências que precisam ser mais bem compreendidas para uma
avaliação sobre o desempenho do PSF: 1) não há consenso sobre a vantagem na
qualidade do atendimento do PSF em relação à UBS entre os usuários, profissionais de
saúde e gestores, a não ser em alguns indicadores de acesso, enfoque familiar e
orientação para a comunidade; 2) evidência de pior cobertura e qualidade de atenção em
municípios pequenos; 3) maior desigualdade de acesso onde a necessidade de cuidado é
maior, balizada pelo poder de compra do usuário15-18.
Ainda nesta linha de estudos comparados, a literatura tem dado especial atenção às
questões relativas às condições de trabalho dos profissionais. A precarização das relações
de trabalho, as contratações por critérios políticos e o não cumprimento da carga horária
emergem como problemas recorrentes19. Por fim, no tocante ao financiamento ao PSF, a
literatura tem destacado que os incentivos lineares adotados pelos governos federal e
estaduais para incentivar a implementação de grande número de equipes nos municípios
não tem sido uma estratégia adequada em decorrência das características locais
diferenciadas dos municípios, recaindo, em muitos casos, o ônus financeiro da
implementação do PSF sobre os municípios20,21.
Procedimentos metodológicos
O grupo de crianças na faixa etária de 0-5 anos foi utilizado como referência para avaliar
a qualidade do PSF de Teresópolis segundo a percepção de seus usuários. Este tipo de
estudo deve ser combinado a outras estratégias de investigação, como as consultas a
bases administrativas e bancos de dados sobre oferta e produção de serviços. No
entanto, é relevante para capturar de modo sistemático e analítico os pontos de vista dos
usuários de serviços de saúde. A percepção dos usuários ganha importância específica no
caso brasileiro, em que a tradição sanitarista enfatiza em demasia metodologias indiretas
de definição de necessidades em saúde e de qualidade de serviços por meio de
estimativas à distância dos serviços.
, onde
N é o tamanho da população;
S2 é a variância populacional;
d é a precisão desejada.
A atenção destinada às crianças de 0-5 anos, uma das principais clientelas do PSF, foi
avaliada a partir das informações prestadas pelos responsáveis principais ou pelos
acompanhantes das consultas. As respostas foram registradas em questionários
contendo perguntas em sua maioria fechadas. A fase de coleta de dados teve início com
a apresentação e discussão dos objetivos da pesquisa e do questionário com a equipe de
entrevistadores (alunos dos cursos de medicina e enfermagem da FESO) e a coordenação
da Estratégia de Saúde da Família. Para validação da formulação e compreensão do
questionário, foi realizado, em seguida, pré-teste na Unidade Beira Linha. Por fim, o
instrumento foi revisado e sua versão final distribuída para aplicação durante uma
semana típica de atendimento.
A aplicação do instrumento combinou duas estratégias: (i) a ida aos domicílios durante
as visitas domiciliares, acompanhando um dos agentes comunitários de cada equipe, (ii)
a abordagem na própria unidade de saúde após o atendimento. A entrevista a usuários
diretamente nos serviços de saúde ou em domicílios assistidos tem sido utilizada em
estudos sobre atenção primária11,12 como forma de promover avaliações rápidas de
caráter exploratório, embora deixem de cobrir a população que não acessou a estes
serviços, seja por barreiras diretas ou por desinteresse.
Resultados e análise
Outro meio de avaliar o acesso aos serviços é dado pelo tempo médio gasto para chegar
ao seu destino. Aqui se confirma que as caminhadas até as unidades de saúde eram de
curta duração, em sua maior parte: 62,2% dos usuários gastaram até dez minutos,
independente do meio de locomoção para chegar aos módulos e um número menor
(16,1%) gastou mais de vinte minutos. Seguindo a tendência observada, aqui também
as diferenças entre as áreas foram significativas e os moradores em área urbana
apresentaram, proporcionalmente, maior facilidade de acesso aos serviços (70,9%
gastaram menos de dez minutos, contra 49,8% dos moradores em áreas rurais).
Com relação às consultas, os dados da Tabela 1 mostram que apenas 8,7% dos
responsáveis relataram que a criança não foi consultada pelo médico no último ano, o
que mostra que a grande maioria frequentou o médico pelo menos uma vez ao ano. Em
contrapartida, chama a atenção o relato de 33,5% dos responsáveis de que não
receberam nenhuma visita domiciliar neste período e, especialmente, a significativa
diferença (36,5% a 29,6%) observada nas áreas urbanas e rurais, tendo em vista que a
rotina de visitas é considerada elemento-chave na estratégia de saúde da família.
Com relação ao acesso aos serviços de saúde, os dados na Tabela 1 não apresentam
diferenças significativas entre as áreas. Ao mesmo tempo, mostram barreiras no módulo
ao acesso a exames solicitados pelos médicos; por exemplo, 85,3% dos entrevistados
informaram que estes pedidos não foram realizados. Outro dado que chama a atenção é
o do número de consultas realizadas sem agendamento, em torno de 80,6% do total, o
que pode sugerir falhas na rotina de acompanhamento das crianças, na medida em que
os protocolos preconizam a realização de consultas sistemáticas nesta faixa de idade.
Outra possibilidade é a grande disponibilidade de horários médicos ou de enfermagem
terem tornado o agendamento desnecessário. No entanto, estes resultados analisados
em conjunto com outros (como a baixa cobertura de visitas domiciliares) sugerem que os
protocolos mais rígidos da programação em saúde (uma das principais ferramentas do
PSF) não estejam em pleno uso no município. Apesar disso, o contingente de
entrevistados que já utilizaram os serviços do módulo é relativamente alto (67%) o que
mostra adesão da população ao serviço.
Embora os serviços do PSF envolvam um bom contingente de usuários, os dados até aqui
analisados têm mostrado que uma parcela importante da população adscrita fica à
margem de suas rotinas. A estratégia do PSF é de proteção social ampla, em que todos
os moradores da área configuram o público-alvo. Além disso, o programa representaria a
porta de entrada dos moradores ao SUS. No entanto, na Tabela 2, observa-se que para
44,6% dos responsáveis a ida ao posto não ocorre por rotina (como para outros 46,6%),
mas apenas em caso de doença ou malestar (ou seja, em condições agudas). Cabe
destacar que o uso em condições agudas é maior nas áreas rurais do que nas áreas
urbanas, o que pode sinalizar a maior facilidade de acesso a serviços de emergência nas
áreas urbanas, ao passo que nas áreas rurais estes não existem.
O vínculo dos usuários aos serviços do PSF pode ser medido pelo modo como recebem
informações relevantes pelos profissionais de saúde ou como apreendem as informações
prestadas. Na Tabela 2, se nota que 83,5% dos entrevistados conhecem o nome do
médico que realizou a última consulta. As diferenças entre as áreas foram marginalmente
significativas e, neste caso, a adesão de informantes de áreas rurais foi maior (85,6% a
80,0%). Estes dados sugerem uma vinculação positiva dos usuários aos serviços.
Igualmente, 88,1% conhecem o motivo da consulta e suas implicações gerais.
Reforçando as observações em tabelas anteriores, dentre os que conhecem os motivos
da consulta realizada (um total de 512 informantes), para 72,3% ela ocorreu para
tratamento de condições clínicas específicas. Isto sugere que as rotinas nos moldes da
agenda da promoção da saúde (que implicam o uso dos serviços de saúde fora de
condições agudas) ainda não são predominantes nestes serviços.
Para 81,1% dos entrevistados, o atendimento pelos médicos foi muito bom e para
83,7%, o serviço dos agentes de saúde foi muito bom. As diferenças entre áreas foram
significativas para o atendimento médico e a aprovação foi maior na área urbana. Os
resultados para a qualidade do serviço como um todo e de profissionais de enfermagem
seguiram a mesma tendência. Anteriormente, havíamos observado que 189
entrevistados (33,5%) referiram não ter sido objeto de nenhuma visita domiciliar no
último ano. Este número é elevado, pois estas visitas fazem parte da rotina de trabalho
das equipes. Analisamos em seguida o comportamento de dois grupos. Um deles, sem
relato de visita no ano, frente aos demais entrevistados (em total de 387) que
registraram ao menos uma visita domiciliar. Podemos considerar a hipótese de que o
grupo não visitado seja menos aderido ou tenha menor acesso aos recursos do PSF.
Na Tabela 4, observamos que a clientela não visitada tem menor acesso gratuito aos
medicamentos receitados e a consultas agendadas previamente pelos serviços e que
estas diferenças são marginalmente significativas. Notamos ainda que a lembrança do
nome do médico é significativamente maior entre a clientela que recebeu ao menos uma
visita domiciliar no ano. Estes dados sugerem que a visita domiciliar representa um
relevante facilitador do acesso aos serviços e de adesão ao PSF. Com relação à
percepção de qualidade de médicos e de agentes comunitários, a condição de visitado
não se mostrou um fator importante de diferenciação entre os grupos estudados.
Considerações finais
O estudo foi realizado por meio de questionários aplicados aos responsáveis pelas
crianças no momento do acesso aos serviços nos módulos de saúde da família ou em
visitas domiciliares. Isto facilita a avaliação rápida e a economia de recursos, porém
deixa de fora populações que não acessaram os serviços de saúde. A qualidade do acesso
aqui avaliada parte da experiência de usuários diretos destes serviços.
As condições de acesso dos usuários foi positiva, tendo a grande maioria chegado a pé e
gasto menos de dez minutos no deslocamento, sugerindo a proximidade dos serviços aos
locais de moradia. A grande maioria frequentou ao menos uma vez ao médico, embora
em grande parte sem agendamento prévio da consulta. No entanto, cerca de um terço
dos informantes relatou a ausência de visita domiciliar no último ano. Isto pode ser
devido à facilidade de acesso aos módulos de saúde da família ou à fragilidade relativa
nestes procedimentos, especialmente em áreas urbanas.
Um ponto crítico apontado em avaliações destes programas é o acesso aos exames e isto
foi corroborado neste estudo. A grande maioria dos entrevistados disse que os exames
solicitados não foram realizados. Outro ponto crítico apontado em estudos anteriores é o
acesso aos medicamentos. Neste caso, mais da metade dos usuários não recebe
medicamentos gratuitamente de modo regular e constante, embora neste grupo a
maioria os receba de modo eventual, sendo a distribuição mais eficiente em áreas
urbanas. Uma medida importante do acesso aos serviços está nas condições agudas.
Neste estudo, as restrições de acesso foram significativamente maiores nas áreas rurais.
Cerca da metade dos informantes trataram inicialmente em casa condições de risco
clínico como febres e diarréias.
Com relação aos vínculos com os profissionais, a grande maioria conhece o nome do
médico que realizou a última consulta, os motivos da consulta e de suas implicações. A
maior parte das consultas ocorreu por queixas ou sinais clínicos e não pelo cumprimento
de protocolos de prevenção. A satisfação manifestada pelos usuários quanto aos
médicos, aos agentes de saúde, aos profissionais de enfermagem e ao conjunto dos
serviços foi elevada. Observamos que entre a clientela não visitada por agentes de saúde
no último ano houve menor acesso à distribuição de medicamentos e menor lembrança
do nome do médico consultante. Isto sugere que a visita domiciliar representa facilitador
do acesso aos serviços e de adesão ao PSF.
Colaboradores
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INTRODUÇÃO
Como atividade no primeiro dia de aula na disciplina de Exercício da Enfermagem
em um Curso de Graduação em Enfermagem, nos últimos três anos, tenho
solicitado que os alunos
escrevam entre outras coisas, qual é o seu entendimento de enfermagem. O que,
predominantemente, tem aparecido é uma concepção da enfermagem enquanto
ajuda, doação, vocação. Até que não haveria nenhum problema nisso, afinal, é
compreensível que o aluno, na primeira semana de aula, tenha tal entendimento
desta prática, pois a sua elaboração teórica a respeito pode identificar-se à do senso
comum. Contudo, percebo que tal postura não é exclusiva de alunos recém
chegados à área da enfermagem, nos parecendo que a ideologia presente na
enfermagem brasileira, desde sua origem, é perpassada pelo entendimento do
trabalho do enfermeiro como importante por estar permeado da uma atuação
caritativa.
Num estudo feito com enfermeiras alemãs(1) percebemos, nos discursos dos
sujeitos da pesquisa, que esta enfermagem idealizada aparece como um dos
elementos de satisfação profissional e de motivação para o trabalho. Como entender
que os enfermeiros, mesmo após anos de exercício profissional, ainda guardem
aquela visão idealizada da sua prática e se sintam satisfeitos, reconhecidos quando
estão exercendo atividades de ajuda, de doação. O que tal entendimento pode
acarretar ao enfrentamento dos problemas relacionados à saúde do trabalhador
enfermeiro?
Desta maneira, proponho algumas reflexões preliminares acerca de uma possível
relação entre a concepção hegemônica de enfermagem enquanto vocação, serviço,
compatível com o modelo vocacional/religioso e uma, também possível, dificuldade
em se propor ações efetivas no campo da saúde do trabalhador enfermeiro; afinal,
compreendo que ao tomar-se a enfermagem enquanto vocação, subtrai-se dela o
seu caráter de um trabalho realizado em uma sociedade concreta, que tem
carências, e na qual o profissional de enfermagem constitui-se em um trabalhador
que vende a sua força de trabalho para garantir a sua existência.
Tenho como pressuposto o fato de que a concepção que se tem da enfermagem
enquanto ajuda, vocação e não como trabalho, emperra as iniciativas de
organização de seus trabalhadores na busca de condições apropriadas de trabalho,
livre de riscos e menos penosa.
Percebo claramente os limites de tal pretensão. Desta forma, me limitarei a tecer
considerações que indiquem a necessidade de se aprofundar os estudos,
averiguando cientificamente a veracidade ou não de tal pressuposto.
MÉTODOS
Para tecer estas reflexões, fundamentando-as na literatura, pretendo tomar como
orientação um resgate da história da enfermagem, situando o momento em que
acredito estar alicerçada
a atual concepção ainda hegemônica de enfermagem. Além disso, pretendo pontuar
a iniciativa de mudança de concepção que acontece após a década de 80, indicando
a necessidade de um redirecionamento no entendimento da profissão entendendo-a
como uma prática social, como trabalho. A pesquisa bibliográfica foi a fonte para a
construção do texto.
Para ilustrar o que entendo por modelo vocacional/religioso e como isso ainda é
presente nos discursos dos alunos, realizei coleta de dados com alunos do primeiro
e do último ano de graduação em Enfermagem de 1999, solicitando-lhes que
escrevessem o que significa enfermagem para eles, e porque estão fazendo o curso.
Com a quarta série, solicitei ao professor, presente na sala, espaço para expor aos
alunos a proposta e a colaboração em responder às perguntas, os da primeira
responderam como atividade inicial da disciplina de Exercício da Enfermagem. Tive
o cuidado de esclarecer que eles deveriam responder somente se desejassem e que
seria resguardado o sigilo. Esclareci ainda que os dados destinavam-se a trabalho
para publicação. Forneceram resposta, 37 alunos da primeira série e 23 alunos da
quarta série.
Os dados colhidos foram reunidos e agrupados segundo a convergência de
conteúdo, averiguando a ocorrência nas falas do modelo vocacional/religioso, uma
vez que entendo que a concepção que se tem da enfermagem pode interferir na
compreensão da problemática da saúde do trabalhador de enfermagem. Portanto, o
núcleo central de convergência das falas foi a manifestação da concepção de
enfermagem baseada no modelo vocacional/religioso.
Penso que a perspectiva histórica e dialética seria coerente para este estudo, sendo
o referencial adotado.
Nestas falas, percebo que o aluno que está no quarto ano de enfermagem elaborou
entendimento bastante diferenciado do que está no primeiro. Em seus discursos, a
enfermagem deixa de ser remetida a uma atividade de ajuda, de dedicação, para ser
uma profissão, e como percebemos, já apontam para os limites da profissão dentro
do seu meio. Porém, nosso pressuposto era de que o aluno do quarto ano, também,
manifestasse aquela visão idealizada, uma vez que é a corrente na enfermagem.
Questionamos quais os motivos de termos encontrado tal inversão.
Numa primeira reflexão poderíamos atribuir tal transformação ao fato de que esta
turma de alunos constitui-se na primeira turma a ser formada tendo como orientação
o novo Currículo
Mínimo de enfermagem estabelecido pelo Parecer 314/94 do MEC.
Assim, arriscaria dizer, que este novo enfoque, pode estar sendo construído pela
atual disposição das disciplinas e pelo incremento de disciplinas na área de
Administração no segundo, terceiro e quarto anos como, também, as disciplinas
instrumentalizadoras da pesquisa já no terceiro ano, e continuando no quarto ano
(Projeto de Conclusão de Curso I e II). Além dessas, muitas outras alterações nas
disciplinas e no tratamento dos conteúdos foram implementadas e isso com certeza,
redireciona o trabalhador que está sendo formado.
Contudo, são apenas apontamentos e que não podem ser tomados como totalmente
seguros, uma vez que uma análise da nova grade curricular em conjunto com todas
as disciplinas ainda não foi implementada. Porém, acredito que estes dados já
apontam indícios de que diferenças se construíram. E uma das causas pode ser a
mudança do Currículo Mínimo. Por outro lado, as mudanças nas estruturas formais
do ensino estão impregnadas pelo conjunto das transformações que acontecem em
todos os espaços sociais.
Nesse sentido, pergunto-me quais alterações na sociedade estão acontecendo que
determinam uma outra percepção da enfermagem?
Penso que os limites desse trabalho e a natureza dos dados colhidos não me
permitem, nesse momento, aprofundar essa discussão, apontando a necessidade de
uma pesquisa específica para esclarecer essa indagação.
Pude perceber nítidos traços daquela concepção vocacional religiosa da
enfermagem apenas em três falas dos alunos, como se pode ver:
Estou cursando enfermagem, pois gosto de lidar com pessoas e ajudar a suprir as
necessidades básicas biopsicosociais das pessoas que precisam de ajuda e
orientação.
Para mim enfermagem é uma arte, pois cuidar do bem estar do ser humano requer
muito amor, muita dedicação e muita técnica.
(...) é uma profissão linda, quando desenvolvida com responsabilidade,
competência, amor (...).
Desta maneira, acredito poder afirmar que a maioria dos alunos do quarto ano, não
tem como pressuposto para o seu trabalho somente a questão da ajuda. Acredito
que isso seja fruto de um conjunto de determinações, podendo ser incluído ainda o
movimento de crítica da profissão que se iniciou na década de 80 e que, com
certeza, contribuiu para reflexões e mudanças na prática docente e também na
assistencial. É claro que muito ainda há por ser feito.
Gostaria de reforçar a necessidade de intensificar a atitude docente tomando a
enfermagem como uma prática complexa, exercida em uma sociedade concreta,
onde o trabalhador não é muito mais que um artigo descartável como os demais
meios e instrumentos de trabalho. Entendo que a escola por si não possa ser
responsabilizada pelas dificuldades do trabalhador no mercado de trabalho como
também pelas transformações na realidade. Porém, da mesma forma que repassar
uma visão idealizada do enfermeiro pode contribuir para aumentar sua dificuldade
de inserção no trabalho e sua luta por melhores condições no mesmo, uma nova
postura concebendo o trabalho da enfermagem com todos os seus limites e
potencialidades, pode contribuir, grandemente, para transformar as relações de
trabalho na enfermagem e na saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pretensão neste ensaio reflexivo foi apontar algumas questões que me parecem
importantes quando nos propomos a discutir a saúde do trabalhador enfermeiro e
dos demais trabalhadores da equipe. Pretendia levantar a necessidade de direcionar
o entendimento, enquanto docentes em enfermagem, para a enfermagem como um
trabalho, pois acredito que isso reconstrói a postura frente a reivindicações por
melhores condições de trabalho para a enfermagem.
Além desse aspecto específico de saúde no trabalho, acredito que, ao nos
percebermos trabalhadores (nós enfermeiros), muitos dos conflitos entre nós e a
equipe de enfermagem (técnicos, auxiliares, atendentes) são redimensionados.
Afinal passamos a coexistir em igualdade de condições. O que nos aproximaria dos
demais agentes.
Precisamos definir a que classe pertencemos. Somos da classe trabalhadora? Nos
assumimos como tal, ou somos apenas intermediários entre uma elite e os demais
trabalhadores? Acredito que esta última posição seja a dominante até o momento. Aí
podem estar residindo alguns de nossos “conflitos existenciais”. Sua superação,
passa pela compreensão do enfermeiro como um trabalhador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Notas e Informações
A PARTICIPAÇÃO DA ENFERMEIRA DO TRABALHO NO
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA
Maria Cristina Ferreira Baggio1
Maria Helena Palucci Marziale2
INTRODUÇÃO
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO
No início de 2001, durante inspeção aos postos de trabalho observamos que alguns
trabalhadores estavam utilizando o protetor auricular de maneira inadequada, diante
do fato realizamos uma observação sistematizada solicitando a cada um dos 102
trabalhadores fixos da usina a colocação do referido EPI. Como resultado
constatamos que 46(38%) trabalhadores, apesar de afirmarem saber usar
corretamente o protetor auricular, quando solicitados para realizar o procedimento, o
faziam de forma inadequada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O relato ora apresentado nos remete a reflexões sobre quais os fatores que estão
potencialmente associados a não utilização do EPI de maneira adequada pelos
trabalhadores, entre os quais podem ser destacados o desconforto provocado pelo
equipamento, a qualidade e tipo do protetor auricular, a não conscientização da real
necessidade de seu uso, a falta de treinamento, a utilização de ações educativas
inadequadas e sobre a adequacidade da utilização do processo de enfermagem no
direcionamento das ações de enfermagem no Programa de Conservação Auditiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. Russo IP, Santos TM. A Prática da Audiologia Clínica. São Paulo: Cortez; 1993. [
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6. Farias FF, Dantas AA. A Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído (PAIR) nos músicos
de Aracaju 2001; 254(22):46-57. [ Links ]
Artigo de Revisão
INTRODUÇÃO
Com o surgimento da AIDS, maior ênfase passou a ser dada à exposição desses
trabalhadores ao sangue. A prevenção ocupacional do HIV tornou-se um grande
desafio aos profissionais de Controle de Infecção Hospitalar e Saúde Ocupacional,
depois de uma enfermeira ter desenvolvido AIDS, em conseqüência de picada
acidental com uma agulha que continha sangue de um paciente infectado pelo HIV,
internado em um hospital da Inglaterra(8). O Centers for Disease Control CDC,
preocupado com a questão da transmissão de HIV e outros patógenos veiculados
pelo sangue, organiza um sistema informatizado de coleta de informações (EPINet),
a partir do qual propõe estratégias para minimizar o problema dos profissionais
expostos ao risco ocupacional de contaminação(9).
OBJETIVOS
MATERIAL E MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 55 artigos, sendo 39 internacionais e 16 nacionais. As pesquisas
analisadas foram publicadas nos seguintes periódicos internacionais: "Pediatric
Nursing", "Infection Control", "AAOHN Journal", "Arch Surgery", "American Journal of
Preventive Medicine", "Rev. Investigação Clinica", "AJIC", "American Journal of
Public Health", "AORN Journal", "AIDS Care" e "The New England Journal of
Medicine" e periódicos nacionais: Rev. Escola Enfermagem USP, Rev. Brasileira
Enfermagem, Rev. Enfermagem UERJ, Rev. Brasileira de Saúde Ocupacional, Rev.
Saúde Pública.
Em três dos artigos (5,50%), foi utilizada a análise qualitativa dos dados, cujo
objetivo era compreender as causas dos acidentes perfurocortantes. Nos outros 52
(94,50%), foi utilizada a análise quantitativa para tratamento dos dados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que os maiores riscos dos acidentes perfurocortantes não são as lesões,
mas os agentes biológicos veiculados pelo sangue e secreções corporais,
principalmente o HIV e HBV, que estão presentes nos objetos causadores.
REFERÊNCIAS
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profissionais da saúde. Rev Saúde Pública 1992; 26(1):54-6. [ Links ]
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de enfermagem de um hospital universitário. Rev Bras Enfermagem 1987 abr/set;
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22. Hanharan A, Reutter LA. Critical review of the literature on shayes injuries. J Adv
Nurs 1997; 25:144-54. [ Links ]
RESUMO
Este trabalho relata experiência de inversão do modelo tecno-assistencial para a saúde, tendo como
base a diretriz operacional do acolhimento. O acolhimento propõe que o serviço de saúde seja
organizado, de forma usuário-centrada, partindo dos seguintes princípios: 1) atender a todas as
pessoas que procuram os serviços de saúde, garantindo a acessibilidade universal; 2) reorganizar o
processo de trabalho, a fim de que este desloque seu eixo central do médico para uma equipe
multiprofissional – equipe de acolhimento –, que se encarrega da escuta do usuário, comprometendo-
se a resolver seu problema de saúde; e 3) qualificar a relação trabalhador-usuário, que deve dar-se
por parâmetros humanitários, de solidariedade e cidadania. Por meio da investigação realizada, foi
possível observar um aumento significativo do rendimento profissional, dos servidores não-médicos,
que passaram a atuar na assistência; esse elevado rendimento profissional determinou, por
conseqüência, maior oferta e aumento extraordinário da acessibilidade aos serviços de saúde.
Introdução
À medida que nos aproximamos dos momentos de relações dos usuários com os
serviços de saúde e com os seus trabalhadores, para verificarmos o seu
funcionamento, vamo-nos surpreendendo com a descoberta de que, sempre que
houver um processo relacional de um usuário com um trabalhador, haverá uma
dimensão individual do trabalho em saúde, realizado por qualquer trabalhador, que
comporta um conjunto de ações clínicas. Ações clínicas aí significam o encontro
entre necessidades e processos de intervenção tecnologicamente orientados, os
quais visam operar sobre o campo das necessidades que se fazem presente nesse
encontro, na busca de fins implicados com a manutenção e/ou recuperação de um
certo modo de viver a vida.
Esses encontros, que se dão entre dois indivíduos, são produzidos em um espaço
intercessor (Merhy, 1997a) no qual uma dimensão tecnológica do trabalho em
saúde, clinicamente evidente, sustenta-se: a da tecnologia das relações, território
próprio das tecnologias leves (Merhy, 1997b).
Pelo lugar estratégico ocupado por essa proposta, achamos que o acolhimento
deveria ser estudado, para se verificar a sua eficácia e assim oferecer subsídios à
sua consolidação nas Unidades de Saúde, procurando, ao mesmo tempo, viabilizar
seu aperfeiçoamento, enquanto tecnologia de organização de serviços de saúde.
Para este estudo, foi eleita a Unidade Básica de Saúde (UBS) Rosa Capuche,
situada no bairro Jardim Petrópolis, com população de 10.256 pessoas na sua área
de abrangência, para o ano de 1996, de acordo com o IBGE.
Antes do acolhimento
2) Reorganizar o processo de trabalho, a fim de que este desloque seu eixo central
do médico para uma equipe multiprofissional – equipe de acolhimento –, que se
encarrega da escuta do usuário, comprometendo-se a resolver seu problema de
saúde.
Implantação do acolhimento
É importante registrar que, além de utilizar todo seu arsenal técnico, a enfermeira,
com a reorganização do processo de trabalho, vê-se dotada de maior autonomia na
função que exerce. Essa autonomia deve ser entendida dialeticamente como a
condição que o profissional tem de decidir sobre seu trabalho, como o exercício
pleno do ‘saber-fazer’ no momento do procedimento assistencial.
No caso dos médicos, nota-se que seu processo de trabalho não foi modificado
tanto quanto seria necessário para causar impacto na assistência, a partir da sua
atividade específica. O trabalho destes profissionais foi organizado de tal forma que
eles ficaram, às vezes, na retaguarda (consultas aos usuários encaminhados pela
equipe de acolhimento) e, outras vezes, na equipe de acolhimento. Houve inclusive
redução do agendamento, porém sem grande sucesso na sua inserção no novo
modelo. O trabalho médico permanecia incólume à velha lógica da consulta/agenda,
determinante neste processo. Voltaremos a esse tema mais à frente.
Os números do acolhimento
Na UBS Rosa Capuche, essa equipe foi organizada contando com a enfermeira, a
assistente social e as auxiliares de enfermagem.
Tabela 1
1 - Período
2 - Média de atendimentos por mês
3 - Horas trabalhadas
1 - Março/95 a fevereiro/96
2 - 1.342
3 - 1.456/mês
1 - Março/96 a fevereiro/97
2 - 4.455
3 - 1.665,7/mês
Acréscimo (+ 332%) (+ 14,4%)
Fonte: Franco, 1997.
Figura 1
Rendimento dos profissionais de nível superior, da Unidade Básica de Saúde Rosa
Capuche, por período de um ano, antes e após o Acolhimento.
0 rendimento 95
0,5 rendimento 96
1 assistência social
1,5 especialidades
2 consulta de enfermagem
2,5 ginecologia/obstetrícia
3 pediatria clínica médica
Fonte: Franco, 1997.
Figura 2
Distribuição dos problemas de saúde que se apresentaram à equipe de acolhimento
da Unidade Básica de Saúde Rosa Capuche, segundo a resolubilidade e
encaminhamentos adotados, apresentados em freqüência relativa, por períodos
mensais.
0 resolubilidade da equipe de acolhimento (%)set/96
10 resolvido pela equipe de acolhimento ago/96 jul/96
20 marcado atendimento para outro setor da unidade jun/96
30 referenciado para rede SUS80 nov/96 mar/96
40 não anotado mai/96
50 fev/97
60 jan/97 abr/96
70 dez/96
Fonte: Franco, 1997.
Concluindo
O acolhimento como fator de mudança O que transparece de forma enfática em todo
o trabalho de investigação sobre o acolhimento é sua contemporaneidade, ou seja, a
capacidade de se colocar no nosso tempo, mobilizar energias adormecidas,
reacender a esperança e colocar em movimento segmentos importantes dos
serviços de saúde, como grupos sujeito que se propõem à construção do novo, a
fazer no tempo presente aquilo que é o objetivo no futuro.
No imaginário coletivo, ele é a realização da utopia construída com o advento do
SUS e perdida no momento seguinte, com a constituição de uma hegemonia
neoliberal nos serviços de saúde.
O acolhimento associa na forma exata o discurso da inclusão social, da defesa do
SUS, a um arsenal técnico extremamente potente, que vai desde a reorganização
dos serviços de saúde, a partir do processo de trabalho, até à constituição de
dispositivos auto-analíticos e autogestores, passando por um processo de mudanças
estruturais na forma de gestão da Unidade.
Limites do acolhimento
Após um ano de implantação do acolhimento na Unidade, permanecem três
questões que se impõem como limites à nova diretriz, sobre os quais devemos nos
debruçar para encontrar as alternativas técnicas para sua consolidação.
1) A pequena inserção dos profissionais médicos no acolhimento.
2) O agendamento de consultas médicas permanece como uma questão crítica no
serviço. A diretriz do acolhimento pressupõe agenda aberta para os casos que
necessitem.
3) Um terceiro desafio é a conciliação do trabalho da assistência dentro da Unidade
de Saúde com o trabalho externo.
Desafios para a consolidação da inversão do modelo assistencial
Podemos começar por refletir sobre os limites do acolhimento, relacionados acima.
Uma primeira questão que fica evidente é a seguinte:
Por que não se conseguiu incorporar o profissional médico a esse processo, a ponto
de a sua participação específica causar impacto na solução dos problemas de saúde
da população usuária?
A primeira questão a ser pensada é a seguinte: o trabalho nos estabelecimentos de
saúde e, entre eles, na Unidade Básica é organizado, tradicionalmente, de forma
extremamente parcelado. Em eixo verticalizado, organiza-se o trabalho do médico e,
entre estes, de cada especialidade médica. Assim, sucessivamente, em colunas
verticais, vai se organizando o trabalho de outros profissionais. Essa divisão do
trabalho se dá, de um lado, pela consolidação nos serviços de saúde das
corporações profissionais; por outro, no caso dos médicos, pela especialização do
saber e, conseqüentemente, do trabalho em saúde.
A organização parcelar do trabalho fixa os trabalhadores em uma determinada etapa
do projeto terapêutico. A superespecialização, o trabalho fracionado, fazem com que
o profissional de saúde se aliene do próprio objeto de trabalho. Desta forma, ficam
os trabalhadores sem interação com o produto final da sua atividade laboral, mesmo
que tenham dele participado, pontualmente. Como não há interação, não haverá
compromisso com resultado do seu trabalho.
O acolhimento, ao reprocessar o trabalho na Unidade de Saúde, com base na
formação de uma equipe multiprofissional, a equipe de acolhimento, conseguiu
quebrar a verticalidade da organização do trabalho na Unidade, mexendo
radicalmente no processo de trabalho dos profissionais não-médicos. Contudo, não
foi possível romper com a lógica do trabalho médico, que se dá em torno da
agenda/consulta. Assim, enquanto os outros profissionais interagem em equipe, de
forma extremamente dinâmica, acompanhando o resultado do seu trabalho, os
médicos permanecem fechados num círculo vicioso, visualizando parcialmente a
realidade.
E como poderia ser resolvida essa questão finalmente?
Nossas reflexões a partir de então seguem em sintonia e cumplicidade com as
formulações recentes do Laboratório de Planejamento e Administração de Sistemas
de Saúde – Lapa (Departamento de Medicina Preventiva e Social-Unicamp). Estes
consideram o vínculo como a diretriz que, acoplada ao acolhimento, é capaz de
garantir o real reordenamento do processo de trabalho na Unidade de Saúde,
resolvendo definitivamente a divisão de trabalho compartimentada e saindo da lógica
agenda/consulta para uma outra da responsabilização de uma equipe
multiprofissional, com o resultado do trabalho em saúde. Isto é o que Gastão
Wagner de Sousa Campos chama de ‘A Obra’. Assim, “...em relação ao trabalho
clínico, não haveria como valorizar-se ‘A Obra’ sem um processo de trabalho que
garantisse os maiores coeficientes de Vínculo entre profissional e paciente”
(Campos, 1997:235). Considera-se vínculo a responsabilização pelo problema de
saúde do usuário, individual e coletivo.
O atendimento em saúde seria feito por meio da adscrição da clientela a
determinada equipe da Unidade de Saúde, formada, no mínimo, pelo médico,
enfermeiro, pediatra, gineco-bstetra e auxiliares de enfermagem. Esta equipe
passaria a se responsabilizar pelas pessoas inscritas, devendo, para isto, mobilizar
todos os recursos dentro e fora da Unidade que pudessem favorecer este objetivo,
tais como exames, consultas especializadas, internação etc.
A equipe deve ter autonomia para agir, mobilizar os recursos necessários para fazer
saúde. É importante a avaliação permanente do seu trabalho, agora facilitado, na
medida em que este resultado é produto do labor de um mesmo grupo
multiprofissional, ou seja, foram as mesmas pessoas que desenvolveram todo o
processo vivido pelo usuário, individual ou coletivo, no seu processo saúde-doença.
O trabalho externo pode ser feito de duas formas. Na primeira, ele deve ser
realizado pelas equipes multiprofissionais da Unidade de Saúde, que, ao
responsabilizarem-se pela sua clientela, podem mobilizar recursos até mesmo de
visitas e internações domiciliares, ou outros recursos, que se encontram juntos à
comunidade.
A segunda forma diz respeito à vigilância à saúde. Esta deve estar combinada com o
planejamento e gestão dos serviços de saúde e em perfeita sintonia com a realidade
social, econômica, epidemiológica local, bem como com as necessidades dos
usuários da região. Este trabalho deve ser executado por uma equipe, auto-intitulada
Equipe de Saúde Pública, formada especificamente com esse objetivo, podendo
atuar vinculada a uma ou a várias unidades de uma mesma região da cidade.
REFERÊNCIAS
MERHY, E. E., 1997b. A rede básica como uma construção da saúde pública e seus
dilemas. In: Agir em Saúde. Um Desafio para o Público (E. E. Merhy & R. Onocko,
org.), pp. 197-228, São Paulo: Editora Hucitec.
I
Enfermeira. Professor da Faculdade de Enfermagem e Nutrição da Universidade Federal de Mato
Grosso, Doutoranda do Programa de Enfermagem Psiquátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da
pesquisa em enfermagem, E-mail: alicegbo@yahoo.com.br
II
Socióloga, Professor Doutor aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, E-mail: luizalessi@convex.com.br
RESUMO
Este estudo teve por objetivo identificar contradições e desafios que se apresentam
atualmente no trabalho de enfermagem em saúde mental, no contexto da Reforma
Psiquiátrica, tendo por referência a construção histórico-social desse processo de
trabalho. A Reforma Psiquiátrica pressupõe um novo desenho de objeto e
instrumentos de trabalho, que são ainda pouco visíveis na prática dos enfermeiros, e
a possibilidade de se alcançar a condição de sujeito-cidadão para o portador de
sofrimento mental – modo de ser e finalidade do trabalho – que está diretamente
relacionada à consciência de sujeito-cidadão do trabalhador de enfermagem.
REFERÊNCIAS
1. Silva GB. Enfermagem profissional: análise crítica. São Paulo (SP): Cortez; 1989.
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Acompanhamento Domiciliar. Rio de Janeiro (RJ): Fundação Osvaldo Cruz; 1998. [
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24. Kantorski LP, Silva GB. Ensino de enfermagem e Reforma Psiquiátrica. Pelotas
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INTRODUÇÃO
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
Convém destacar que “Trabalho em si” foi a única categoria excluída das situações
consideradas desmotivadoras e a categoria que teve maior número de citações,
quando abordamos as situações motivadoras no trabalho. Isto confirma que os
fatores motivadores referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres
relacionados com o cargo em si, produzindo efeitos duradouros de satisfação e
aumento de produtividade em níveis de excelência (6).
A distribuição das categorias referentes às sugestões apresentadas pelos
profissionais, para elevar a motivação no trabalho, demonstra, a partir da Tabela 4,
que o “Relacionamento interpessoal” apresenta-se com o maior número de citações
(18), seguido de “Organização do trabalho”, com 15; de “Salário”, com 7;
“Desenvolvimento pessoal/profissional”, com 6; “Reconhecimento pelo trabalho” e
“Desempenho profissional”, com 5 cada uma, e “Percepções e expectativas em
relação à chefia”, com 3; “Trabalho em si”, com 2 e “Condições de trabalho” com 1
citação.
Vale ressaltar que a categoria “Resultado do trabalho” não foi citada nas sugestões
apresentadas pelos profissionais, apesar da representativa aparição em relação às
situações motivadoras e desmotivadoras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o tema que abordamos neste estudo, ou seja, a motivação enquanto
aspecto intrínseco e individual, mas influenciada por fatores externos, não
acreditamos que caibam aqui generalizações. A análise percentual dos dados
permite apenas considerar perspectivas comuns no decorrer das experiências
vividas, numa determinada cultura, dentro de uma organização.
Este estudo, portanto, deve ser considerado uma aproximação ao tema proposto,
em especial no trabalho de enfermagem, pois seu intuito é contribuir para a maior
compreensão do fenômeno motivacional.
REFERÊNCIAS
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Nova Fronteira; 1986.
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Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo (SP):
Pioneira 1990. p. 3-24.
RESUMO
A qualidade de vida das pessoas pode ser influenciada por fatores como as
condições de trabalho, satisfação no trabalho, salário, relações familiares,
disposição, estado de saúde, longevidade, lazer, prazer, hereditariedade, estilo de
vida e até espiritualidade.
1.3 Justificativas
Há mais de uma década, as empresas compreenderam que devem investir na saúde
integral do trabalhador, desde então, tem surgido muitas melhorias na relação
homem e trabalho através de programas de promoção da saúde com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida dos empregados (SALOMÓN, 1998).
O trabalho em turnos tem sido apontado como uma contínua e múltipla fonte de
problemas de saúde e de perturbações sócio-familiares. Sendo que, os principais
problemas que afetam os trabalhadores são: os distúrbios do ritmo biológico, as
dificuldades para conciliar o trabalho com a vida doméstica, má postura e
sobrecarga musculoesquelética, exacerbação de sintomas pré-existentes, doenças
mentais e alta demanda mental e psíquica (FISCHER et al. 2000). Todos estes
problemas expõem o trabalhador a um comportamento individual de risco para a sua
saúde e bem-estar, que poderão interferir na qualidade de vida e capacidade para o
trabalho.
Este trabalho é composto por cinco capítulos, no primeiro capítulo estão expostos os
principais aspectos a serem desenvolvidos no trabalho e que irão nortear a pesquisa
e direcionar os demais capítulos. A exposição do assunto contextualiza o tema
pesquisado; o problema de pesquisa mostra a situação a ser pesquisada; a
justificativa apresenta as razões relevantes para o maior aprofundamento do assunto
emergente; o objetivo geral sintetiza o resultado esperado; os objetivos específicos
informam detalhadamente os passos que serão percorridos e para finalizar está a
estrutura do trabalho.
O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica, que expõe as informações
sobre a atividade de enfermagem, a qualidade de vida, a capacidade para o trabalho
e o trabalho em turnos, buscando embasamento teórico e metodológico para
relacionar a qualidade de vida e a capacidade para o trabalho com os turnos de
trabalho.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Inicialmente a formação dos enfermeiros era voltada para a Saúde Pública, porém
no início dos anos vinte os interesses da Medicina Clínica começaram a direcionar a
profissionalização da enfermagem para o campo hospitalar, que por ter um caráter
individualista e curativo, este tipo de assistência exigia uma equipe com maior
número de pessoal de enfermagem. O avanço da Medicina Hospitalar, no Brasil, se
amplia e progressivamente vai se tornando predominante na atenção à saúde
(RIZZOTTO, 1999).
De acordo com Costa, Morita & Martinez (2000) ocorre também uma divisão técnica
do trabalho que opera verticalmente, com base na redistribuição das tarefas entre
profissionais de diferentes níveis de qualificação, gerando uma importante demanda
de pessoal auxiliar de enfermagem.
Para Gonzales (1998) a falta de valor social está concretizado nos baixos salários
que expressam a desvalorização dos profissionais de enfermagem, que trazem
consigo o legado de uma história calcada na submissão, abnegação, caridade e
vocação para cuidar do próximo.
A qualidade de vida sob o enfoque da determinação social, abordado por Silva &
Massarollo (1998), expressa que o trabalho de enfermagem, realizado sob a
necessidade de geração de lucro e competitividade, decorrente da sua inserção
específica na prestação de assistência à saúde da sociedade brasileira, gera um
acúmulo de processos destrutivos que comprometem a potencialidade de saúde e
vida, desfavorecendo a qualidade de vida.
Outro ponto é supor que se pode obter qualidade de produtos e serviços mesmo
quando a qualidade de vida de quem produz apresenta baixos níveis de satisfação.
Desta forma, também é observado no âmbito hospitalar uma preocupação com a
qualidade da assistência prestada ao paciente sem, contudo considerar a satisfação
do trabalhador de enfermagem.
Resultados de uma pesquisa de onze anos realizada por Seitsamo & Ilmarinen
(1997) na Finlândia, com trabalhadores municipais, indicaram que os trabalhadores
que mantiveram uma boa capacidade para o trabalho foram os que se mantiveram
mais ativos e mais satisfeitos com sua vida, que a atividade física aumentou entre os
indivíduos de ambos os sexos e que as mulheres aumentaram seu grau de
satisfação com sua situação de vida. Concluíram que há uma forte associação entre
o estilo de vida, capacidade para o trabalho e saúde, onde indivíduos com atividade
física e mais satisfeitos com sua vida mantiveram uma boa capacidade para o
trabalho durante o período do estudo.
Deve existir um equilíbrio entre a capacidade dos trabalhadores e as exigências e
fatores estressantes do trabalho para que não se perca a capacidade para o
trabalho. Portanto, é necessário uma avaliação freqüente dos agentes que
desencadeiam sintomas, lesões, doenças e das melhorias das condições de
trabalho. Os estudos sobre o ambiente de trabalho, as alterações fisiológicas, as
mudanças na capacidade para o trabalho e a influência da organização e dos
aspectos físicos e ergonômicos do trabalho propiciam soluções para incrementar o
equilíbrio da relação entre capacidades e demandas de trabalho. É também
necessário proporcionar ao trabalhador um estilo de vida ativo e saudável e
condições de trabalho adequadas para otimizar a capacidade funcional e a saúde
dos trabalhadores (BELLUSCI & FISCHER, 1999).
O próprio trabalhador tem um conceito sobre a sua capacidade para o trabalho, que
segundo estudos do Instituto de Saúde Ocupacional na Finlândia, este conceito
pode diagnosticar e permitir um prognóstico confiável das mudanças ocorridas na
capacidade para o trabalho durante a vida laborativa do trabalhador em diferentes
grupos ocupacionais.
O trabalho em turnos vem ocorrendo com uma freqüência cada vez maior; com
razões que vão desde motivos de ordem técnica e econômica e ao atendimento das
necessidades básicas da sociedade, envolvendo assim, o ser humano como
elemento principal do processo de trabalho. Desta forma, os trabalhadores são
expostos a numerosos fatores perturbadores da saúde, como alterações de ritmos
biológicos, perturbações do sono e alterações cardiovasculares, gastrintestinais e
nervosas, trazendo desconforto, restringindo a vida social e familiar e
potencializando doenças. Tais fatores estabelecem uma complexa relação entre
trabalho, qualidade de vida e capacidade para o trabalho.
Costa, Morita & Martinez (2000) estudando os efeitos do trabalho em turnos sobre a
saúde e a vida social de uma equipe de enfermagem hospitalar concluiu que a
saúde é afetada principalmente por distúrbios neuropsíquicos, cardiovasculares e
gastrintestinais; a vida social é prejudicada, em primeiro lugar, pela interferência no
relacionamento pessoal e familiar, em segundo, pelas restrições das atividades
sociais e, em terceiro, pela dificuldade de planejar a vida. Visto que há uma
predominância de indivíduos em plena capacidade produtiva sendo a maioria
casada e com filhos. Desta forma evidencia-se a ligação dos efeitos do trabalho em
turnos na qualidade de vida e capacidade para o trabalho.
Entre os horários de trabalho existentes o que causa um maior número de
perturbações é o trabalho noturno, devido o organismo humano estar adaptado ao
trabalho durante o dia e ao descanso e reconstituição das energias durante a noite.
Assim, o trabalho noturno exige atividade do organismo quando ele está predisposto
a descansar, e vice-versa. Também a sociedade é organizada para um ciclo diário
de trabalho-lazer-sono. A execução do trabalho noturno é influenciada por fatores
como o ritmo circadiano, tipo de atividade e características individuais, acarretando
alterações do sono, distúrbios gastrintestinais e cardiovasculares, desordens
psíquicas e desajustes da vida social e familiar (GRANDJEAN, 1998; IIDA, 1998).
Regis Filho & Lopes (1997) ao estudar o trabalho noturno e o estresse concluíram
que o trabalho noturno possui situações únicas que necessitam soluções
personalizadas, que possibilitem uma melhor qualidade de vida não só no trabalho,
mas que leve em consideração os aspectos psicossociais de cada trabalhador.
Dados semelhantes foram encontrados por Salles et al. (2001) ao realizar a análise
ergonômica do trabalho em turnos de técnicos de enfermagem onde o trabalho
noturno gerou maior carga mental em função da fragilidade dos pacientes neste
horário, exigindo mais atenção e a falta de local adequado para descanso gera
fadiga e insatisfação com as condições de trabalho. No turno da manhã ocorreu
maior desgaste na execução das atividades, por apresentar maior demanda de
esforço físico em função dos procedimentos de higiene dos pacientes. Observou-se
ainda, que em todos os turnos de trabalho os profissionais estavam satisfeitos com
sua qualidade de vida e que os trabalhadores do turno noturno sofrem um grande
desgaste físico e mental por não repor o sono no dia posterior ao plantão.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho trata de uma pesquisa do tipo descritiva correlacional. Este tipo
de pesquisa permite registrar, analisar e correlacionar os dados coletados, assim
como, analisar e interpretar quantitativamente estes dados (RUDIO, 1986; CERVO &
BERVIAN, 1983). Portanto, este é um estudo descritivo correlacional entre a
qualidade de vida e a capacidade para o trabalho desenvolvido na área da saúde
hospitalar com os trabalhadores de enfermagem, nos turnos diurno e noturno.
Caracterizado como um estudo de levantamento, traçando as características de uma
população específica.
A amostra selecionada foi a própria população, onde a partir dos dados fornecidos
pelo Departamento de Recursos Humanos do HUOP, a qual continha o nome de
todos os funcionários da enfermagem da referida instituição, foram excluídos oito
funcionários que se encontravam em atestado médico, férias ou licença
maternidade. Sendo considerados apenas os trabalhadores que se encontravam no
exercício ativo de suas funções durante o período da coleta dos dados, totalizando
260 funcionários (N = 260) como a população de estudo.
O ICT é determinado pelas respostas das várias questões que o compõem, que
levam em consideração as demandas físicas e mentais do trabalho, o estado de
saúde e capacidades. O questionário é preenchido pelo próprio trabalhador,
portanto, o resultado revela a percepção que o trabalhador tem sobre a própria
capacidade para o trabalho (TUOMI et al. 1997). É composto por sete itens, cada um
compreendendo uma, duas ou três questões e a cada resposta é creditado um
número de pontos (escore), como apresentado no Quadro 2.
A análise dos dados foi feita pela estatística descritiva inferencial ANOVA, com
análise de variância pelo teste de Scheffé e tese de LSD (Least Significant
Difference), através do pacote estatístico SPSS 10.0. Efetuou-se o tratamento dos
dados através do cálculo de médias e medianas, desvio padrão, significância e
valores mínimos e máximos. A apresentação dos dados foi feita em tabelas e
gráficos, interpretando as medidas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A distribuição dos funcionários quanto à quantidade deve ser feita de acordo com os
requisitos técnicos e operacionais inerentes à unidade de internação, garantindo a
segurança e a qualidade da assistência ao paciente. Sendo que o quadro de
profissionais de enfermagem estabelecido pelo Conselho Federal de Enfermagem
para as 24 horas de cada unidade de serviço considera o sistema de classificação
de pacientes, as horas de assistência de enfermagem, os turnos e a proporção
funcionário/leito (COFEN, 1996).
Analisando-se a idade dos trabalhadores por turno (Figura 1), observou-se que no
turno da manhã variou de 19 a 59 anos, com média de 35 anos e 6 meses, no turno
da tarde variou de 19 a 55 anos, com média de 31 anos e 7 meses e no turno
noturno variou de 20 a 52 anos, com média de 33 anos e 2 meses. Quanto a faixa
etária prevalente, encontrou-se no turno da manhã a faixa de 29 a 38 anos com
40,30%, no turno da tarde a faixa de 19 a 28 anos com 43,18% e no turno da noite a
faixa de 29 a 38 anos com 42,11%.
Com relação à idade, a amostra constitui-se de adultos jovens, sendo a faixa etária
de 29 a 38 anos a de maior concentração, com 38,69% dos trabalhadores, quando
considerado os trabalhadores de todos os turnos de trabalho. Costa, Morita &
Martinez (2000) ao pesquisar trabalhadores de enfermagem obtiveram resultados
semelhantes com predomínio da faixa etária de 25 a 30 anos.
20,89%
44,78%
17,91%
11,94%
4,48%
34,09%
34,09%
18,18%
11,37%
2,27%
10,53%
7,02%
0%
29,17%
42,86%
15,47%
10,12%
2,38%
35,09%
47,37%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Solteiro
Casado
Vive
Companheiro
Separado
Viúvo
Manhã
Tarde
Noite
Total
Figura 3: Distribuição da população de acordo com o estado civil (n=168).
Neste estudo não se considerou o possível trabalho doméstico, sendo uma situação
que pode subestimar os resultados, pois, de acordo com o descrito na literatura
pesquisada o trabalho doméstico gera uma dupla jornada de trabalho, que de forma
positiva ou negativa influencia a capacidade para o trabalho e a qualidade de vida
das pessoas. Esta consideração associada ao fato de a maioria dos trabalhadores
ter apenas um emprego pode ter contribuído para os altos escores de ICT e QV
apresentados pelos profissionais de enfermagem do HUOP.
28,36%
45,45%
43,86%
38,09%
71,64%
54,55%
56,14%
61,91%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Manhã
Tarde
Noite
Total
Sim
Não
Figura 4: Distribuição da população quanto a ter ou não outro emprego (n=168).
Resultados semelhantes foram encontrados por Costa, Morita & Martinez (2000) que
observaram o predomínio do auxiliar de enfermagem com 64,65% contra 5,45% de
enfermeiros, justificado pela divisão técnica do trabalho que opera verticalmente,
com base na redistribuição das tarefas entre o pessoal de diferentes níveis de
qualificação e por ser menos custoso. A não presença do profissional técnico de
enfermagem no quadro de funcionários do HUOP se deve a ausência desta vaga no
quadro de Recursos Humanos da instituição.
20,45%
10,53%
15,48%
16,42%
83,58%
79,55%
89,47%
84,52%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Manhã
Tarde
Noite
Total
Enfermeiro Auxiliar de enfermagem
Figura 5: Distribuição da população de acordo com o cargo/função (n=168).
A partir destes resultados devem ser tomadas as medidas propostas por Tuomi ET
al. (1997), que de acordo com os escores encontrados neste estudo 1,79% dos
profissionais de enfermagem devem ter sua capacidade para o trabalho restaurada,
58,93% devem ter sua capacidade para o trabalho melhorada e 39,29% devem
manter a capacidade para o trabalho atual. Porém, a necessidade de medidas de
apoio dependem também da capacidade funcional e das próprias condições de
trabalho existentes, o que traz uma limitação ao estudo, pois no presente estudo não
foi possível investigar estas variáveis.
ICT
Manhã
Tarde
Noite
Total
Baixo (7 a 27)
4,48
1,79
Moderado (28 a 36)
16,42
18,18
8,77
14,29
Bom (37 a 43)
41,79
47,73
45,61
44,64
Ótimo (44 a 49)
37,31
34,09
45,61
39,29
A mediana dos escores de ICT foi de 41,18, que quando comparada aos valores de
referência para o ICT resulta em um ICT bom, isto é, de forma geral os profissionais
de enfermagem encontram-se atualmente com uma boa capacidade para o trabalho,
mesmo assim necessitam ter sua capacidade para o trabalho melhorada como
forma de prevenção.
40,58
40,64
42,32
41,18
4,74
4,26
5,24
20
28
33
20
48
49
49
49
6,13
0
10
20
30
40
50
60
Manhã
Tarde
Noite
Total
média
Desvio padrão
Escore mínimo
Escore máximo
Figura 6: Resultados dos escores de ICT por turno de trabalho (n=168).
A partir destes dados, pode-se inferir que o fator envelhecimento cronológico leva a
uma maior probabilidade de diminuir os escores do ICT, portanto quanto mais idade
maior a chance de perda da capacidade para o trabalho. Entretanto, um estudo de
Bellusci et al. (1999) sobre envelhecimento e capacidade para o trabalho não
mostrou associação da idade com perda de capacidade para o trabalho.
O fato de ser uma população de adultos jovens leva a inferir que o tempo de serviço
seja curto tendo contribuído para os bons índices de ICT. O que pode estar
respaldado em um estudo de Bellusci & Fischer (1999) onde observaram que quanto
maior o tempo de serviço maior o risco de ter ICT baixo ou moderado.
A Tabela 4 apresenta os dados sobre ICT e estado civil, onde observou-se que os
solteiros obtiveram escore médio de 41,53, os casados 41,25, os que vivem com
companheiro 39,54, os separados 43,76 e os viúvos 35,50. Estes dados
identificaram que os viúvos apresentaram capacidade para o trabalho moderada e
os demais estados conjugais uma boa capacidade para o trabalho. O que leva a
inferir que o fato dos indivíduos viúvos serem de uma faixa etária de maior idade
tenha contribuído para estes resultados, já que neste trabalho o envelhecimento
está relacionado com a perda de capacidade para o trabalho.
Em relação a análise das respostas por turno de trabalho observou-se que no turno
da manhã 10,45% mostraram-se insatisfeitos; 13,43% nem satisfeitos, nem
insatisfeitos; 58,21% satisfeitos e 17,91% muito satisfeitos. No turno da tarde 6,82%
mostraram-se muito insatisfeitos; 6,82% insatisfeitos; 15,91% nem satisfeitos, nem
insatisfeitos; 50,10% satisfeitos e 11,36% muito satisfeitos. No turno da noite 5,26%
insatisfeitos; 21,05% nem satisfeitos, nem insatisfeitos; 50,88% satisfeitos e 22,81%
muito satisfeitos. Somente o turno da tarde apresentou trabalhadores muito
insatisfeitos com a sua saúde.
Turno de Trabalho
QV por Domínio
Manhã
Tarde
Noite
Total
Domínio 1
(Físico)
73,39
71,70
74,81
73,43
Domínio 2
(Psicológico)
68,67
69,80
71,28
69,85
Domínio 3
(Relações Sociais)
66,78
70,34
69,28
68,56
Domínio 4
(Meio Ambiente)
56,79
54,00
56,28
55,89
Total
66,41
66,46
67,91
66,93
66,41
66,46
67,91
66,93
12,14
9,68
12,3
11,56
37,5
36
39
36
92,5
90,75
90,75
92,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Manhã
Tarde
Noite
Total
média
desvio padrão
Escore mínimo
Escore máximo
Figura 7: Estatística dos escores do WHOQOL-Bref.
Observou-se que no Domínio-1 (físico) houve uma relação linear e crescente, onde,
quanto mais alto o escore do ICT, mais alto o escore obtido no domínio. No
Domínio-2 (psicológico) o menor escore ficou para a categoria de ICT moderado e
as demais tiveram u aumento crescente. No Domínio-3 (relações sociais) o menor
escore ficou para a categoria de ICT moderado e não houve um aumento crescente
dos escores de QV nas demais categorias. No Domínio-4 (meio ambiente) o menor
escore ficou entre os trabalhadores com ICT moderado e nas demais categorias de
ICT houve também um aumento linear e crescente.
Observou-se que no Domínio-1 (físico) todas as categorias de ICT diferiram entre si.
No Domínio-2 (psicológico) os trabalhadores com ICT ótimo diferiram dos
trabalhadores com ICT moderado e bom. No Domínio-3 (relações sociais) o grupo
com ICT ótimo diferiu dos grupos com ICT moderado e bom. No Domínio-4 (meio
ambiente) o grupo com ICT ótimo diferiu do grupo com ICT moderado e bom.
Nas análises feitas a seguir utilizou-se um escore único para a QV, obtido através da
soma dos escores dos domínios.
Os resultados da Tabela 14 mostram que quanto mais alto os escores de ICT mais
alto também foram os escores de QV. Evidenciando-se uma relação entre a
qualidade de vida e a capacidade para o trabalho, porém neste estudo não foi
possível definir qual a relação entre as variáveis e qual variável que sofre
primeiramente a queda.
5 CONCLUSÃO
Com relação ao primeiro objetivo proposto para este estudo, que era avaliar a
qualidade de vida dos profissionais de enfermagem do HUOP, foi alcançado através
dos resultados do questionário WHOQOL-BREF, onde numa escala de 0-100 o
escore médio da amostra foi de 66,93. Este escore define o perfil de qualidade de
vida desses profissionais como muito bom. Não evidenciou-se diferença significativa
entre os turnos de trabalho.
Desta forma conclui-se que estes profissionais têm uma percepção satisfatória de
sua qualidade de vida. Pode-se inferir que estes trabalhadores também estão
satisfeitos com o seu trabalho já que a satisfação no trabalho é um elemento
fundamental na determinação da qualidade de vida.
O segundo objetivo propôs avaliar a capacidade para o trabalho dos profissionais de
enfermagem do HUOP, que foi alcançado através do resultado do questionário de
ICT o qual revelou que em todos os turnos de trabalho predominou uma boa
capacidade para o trabalho. Não encontrando diferença significativa entre os turnos
de trabalho. Portanto, conclui-se que estes profissionais se encontram em sua plena
capacidade laborativa.
E por fim, o quarto objetivo que presumia relacionar a qualidade de vida com o
índice de capacidade para o trabalho dos profissionais de enfermagem do HUOP,
leva a concluir que houve uma forte associação, pois quanto mais alto os escores de
ICT mais alto também foram os escores de qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARTIGO ORIGINAL
RESUMO
INTRODUÇÃO
Este estudo foi realizado em um hospital geral, de grande porte, da cidade de São
José do Rio Preto, região noroeste do estado de São Paulo, que tem finalidades de
prestação de assistência complexa e especializada, de ensino e de pesquisa. Em
1999, esse hospital contava com 700 trabalhadores de enfermagem, sendo 103
enfermeiros, 31 técnicos de enfermagem, 410 auxiliares de enfermagem e 156
atendentes de enfermagem, a maioria com turnos de trabalho de 36 horas
semanais, nos seguintes horários: manhã (7:00 às 13:00 horas); tarde (13:00 às
19:00 horas) e noite (19:00 às 07:00 horas - dias alternados - 12/36 horas).
Verifica-se, na Tabela 6, que 585 afastamentos foram por agravos à saúde (licença-
saúde), sendo que os principais problemas estavam relacionados a problemas
geniturinários: 110 (18,8%), e doenças mal definidas: 108 (18,6%), que incluíram 29
(50,9%) dos enfermeiros, 5 (71,4%) dos técnicos de enfermagem, 180 (36,7%) dos
auxiliares de enfermagem. Já entre os atendentes de enfermagem, os problemas de
saúde foram ocasionados, principalmente, por doenças dos órgãos dos sentidos: 6
(19,3%), infecciosas e parasitárias: 5 (16,1%) e do sistema respiratório: 5 (16,1%).
Por fim, apresentam-se, nas Figuras 3 e 4, as características dos episódios de
afastamentos entre os sujeitos deste estudo, considerando-se o sexo dos
trabalhadores. Observa-se que 499 (75,4%) dos trabalhadores, independente do
sexo, afastaram-se só por agravos à saúde, correspondendo a 408 (75,1%) entre as
mulheres e 91 (76,5%) entre os homens. Ressalta-se a ocorrência de 29 (5,3%)
licenças por gestação, e 34 (6,3%) acidentes de trabalho. Dados da literatura
revelam que a mulher não é mais suscetível a agravos da saúde nas ações
profissionais, mas, sim, possui alterações fisiológicas e morfológicas que,
geralmente, não são consideradas no planejamento do seu trabalho(27).
CONCLUSÃO
Segundo o objetivo definido para este estudo, verificou-se que ocorreram 662
episódios de afastamentos do trabalho em 1999, envolvendo 333 trabalhadores de
enfermagem, principalmente mulheres, na categoria de auxiliar de enfermagem, com
idade entre 21 a 40 anos.
Considerando-se o local de trabalho, houve predominância de afastamentos entre os
enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuavam em unidade de internação,
enquanto que, entre os auxiliares e atendentes de enfermagem, afastaram-se mais
aqueles que trabalhavam em setores especializados e UTI.
A maioria dos episódios de afastamentos foram por agravos à saúde, 75,1% entre
as mulheres e 76,5% entre os homens. As licenças-saúde ocorreram,
principalmente, por problemas geniturinários e doenças mal definidas, entre os
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, enquanto, entre os atendentes de
enfermagem, os afastamentos relacionaram-se, principalmente, a problemas dos
órgãos dos sentidos, doenças infecciosas e parasitárias e do sistema respiratório.
Os dados obtidos neste estudo permitem uma análise mais acurada da situação dos
afastamentos do trabalho entre a equipe de enfermagem do hospital estudado, em
1999. Evidenciou-se que os funcionários afastados nas categorias de auxiliares e
atendentes de enfermagem atuavam em locais para os quais não tinham preparo e
qualificação legal, o que exige uma melhor análise da Chefia de Enfermagem quanto
à situação de trabalho da equipe de enfermagem. Ainda, os resultados dão
subsídios à Chefia de Enfermagem e à Administração Geral do Hospital para intervir
e melhorar as condições de trabalho existentes para a equipe de enfermagem e,
assim, diminuir os custos econômicos e sociais nesse contexto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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26. Meira JBB. Absenteísmo por enfermidade: sugestões para o seu controle. Rev
Bras Saúde Ocup 1982; 10(40):68-76. [ Links ]
ARTIGO ORIGINAL
I
Maria Helena Palucci Marziale ;
II
Karina Yukari Namioka Nishimura ;
II
Mônica Miguel Ferreira
I
Enfermeira, Professor Livre-Docente, e-mail: marziale@eerp.usp.br
II
Graduandas em Enfermagem, Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento
da pesquisa em enfermagem
RESUMO
INTRODUÇÃO
Quando o acidente ocorre com material contaminado pode acarretar doenças como
a Hepatite B (transmitida pelo vírus HBV), Hepatite C (transmitida pelo vírus HCV) e
a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS (transmitida pelo vírus HIV). O
acidente pode ter repercussões psicossociais, levando a mudanças nas relações
sociais, familiares e de trabalho. As reações psicossomáticas pós-profilaxia, utilizada
devido à exposição ocupacional e ao impacto emocional, também são aspectos
preocupantes(1).
O risco de infecção por HCV entre trabalhadores de saúde, que têm exposição
ocupacional à sangue HCV positivo, é baixo, e o índice de soroconversão é entre 0 e
2,8%, assim, recomendam que o seguimento de trabalhadores de saúde pós-
exposição ocupacional deva ser baseado em testes periódicos de Alanine
Aminotransferase (atividade) e anti-HCV, durante um período de 6 meses, sempre
comparando dados de evidência clínica e/ou bioquímica de Hepatite(8).
A contaminação por patógenos veiculados pelo sangue pós-exposição ocupacional
entre trabalhadores de enfermagem tem sido descrita na literatura por vários
autores(9-13). Em estudo sobre acidentes com material pérfuro-cortante entre
trabalhadores de enfermagem de hospitais da região de Ribeirão Preto-SP,
encontramos que, dentre 1662 trabalhadores de enfermagem, lotados em quatro
hospitais da região, foram registrados 46 acidentes com material pérfuro-cortante
durante o ano de 1999. Tais resultados nos motivaram a prosseguir com as
investigações em relação aos fatores associados à ocorrência dos acidentes, à
possível subnotificação, às conseqüências do acidente para os trabalhadores e à
busca de medidas para prevenir a ocorrência dos acidentes(14).
OBJETIVO
MATERIAL E MÉTODO
Local
População/Amostra
Coleta de dados
Aspectos éticos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da consulta aos prontuários dos trabalhadores foram identificados, além dos
acidentes ocorridos em 1999, registros de acidentes ocorridos em datas anteriores e
posteriores. Na Tabela 2 são apresentados dados relativos ao número de acidentes
sofridos pelos trabalhadores e o tipo de acidentes registrados nos prontuários.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos revelaram disparidade quanto ao número de
encaminhamentos de trabalhadores ao SE e o número de trabalhadores
efetivamente atendidos, mostrando a existência de fatores impeditivos à execução
de uma avaliação especializada, após a ocorrência dos acidentes, indicando, assim,
a necessidade de reavaliação da forma de encaminhamento pelos hospitais,
principalmente do hospital da cidade de Sertãozinho, cujo número de trabalhadores
atendidos no SE correspondeu apenas a 22,22% dos encaminhados. Cabe
destacar, ainda, que o pequeno número de notificações dos acidentes ocorridos no
período de 12 meses nos 4 hospitais (2,70%), nos leva à hipótese de subnotificação.
Através dos dados obtidos não foi constatado nenhum caso de contaminação pelos
vírus HBV, HCV e HIV, no entanto, cabe destacar a necessidade de reavaliação do
seguimento dos retornos para verificação de soroconversão, uma vez que 13,33%
dos trabalhadores não compareceram aos retornos e apenas 23,33% trabalhadores
compareceram a todos os retornos agendados.
Embora a contaminação aos vírus da Hepatite e AIDS não tenha sido detectada, a
grande quantidade de manipulação de agulhas e objetos cortantes pelos
trabalhadores de enfermagem, as estimativas da ocorrência de acidentes
percutâneos divulgados e a letalidade das infecções nos leva a considerar que os
hospitais necessitam voltar maior atenção ao problema, direcionar medidas para a
notificação dos acidentes, melhorar o encaminhamento dos trabalhadores
acidentados ao SE e adotar medidas para a prevenção dos acidentes nos locais de
trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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trabalho com material pérfuro-cortante entre trabalhadores de enfermagem. Rev
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13. Canini SEM, Gir E, Hayashida M, Machado AA. Acidentes pérfurocortantes entre
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for occupational accidents among hospital nursing staff. Gesundheitswesen 2002;
64(1):25-32. [ Links ]
SITES E LIVROS PARA CONSULTAS
Estudo dos riscos à saúde das pessoas que trabalham na enfermagem hospitalar
DLS Gomes - Rev. paul. hosp, 1986 - bases.bireme.br
... Id: 75438. Autor: Gomes, Daisy Leslie Steagall. Título: Estudo dos riscos a saúde das
pessoas que trabalham na enfermagem hospitalar. Fonte: Rev. paul. hosp;34(4/6):85-
93, abr.-jun. 1986. Idioma: Pt. Descritores: Enfermagem do Trabalho. ...
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