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I - Conceitos
“Mas não basta ficar o sentido das expressões num vocabulário para que seja
instituído um universo autônomo de sentido, pois é preciso ainda integrá-las em
contextos que concorrem para a construção do seu significado. Não se pode dissociar
um conceito dos usos que são feitos dele. Além do mais estes não permanecem isolados;
um sistema de remissões e de relações tece a meada muito densa que desenha o campo
conceitual de uma doutrina” (COSSUTTA, 2001, p.41)
“A Palavra ‘ser’ apresenta vários sentidos que foram por nós classificados em
nossa exposição dos diversos sentidos em que os termos são empregados.
Primeiramente denota o ‘o que’ de uma coisa, isto é, a individualidade, e em seguida a
qualidade, ou a quantidade ou qualquer outra das demais categorias. Ora, de todos esses
sentidos contemplados por ‘ser’, o primordial é claramente o ‘o que’, o qual denota a
substância; com efeito, quando descrevemos a qualidade de uma coisa particular,
dizemos que é boa, ou má, e não de três cúbitos ou um homem; mas quando
descrevemos ‘o que’ ela é não dizemos que é branca ou quente ou de três cúbitos, mas
que é um homem ou um deus; e diz-se que todas as demais coisas são porque são
quantidades ou qualidades, ou paixões ou qualquer outra categoria do ser no primeiro
sentido(Isto é, do ‘o que é’, da substância).(ARISTÓTELES 2016, Livro VII, p.181).
Percebe-se que o estudo do ser, da ontologia, confunde-se com o estudo do
conceito da substância.
“Não há ideia, das que se apresentam em metafísica, que seja mais obscura e
mais incerta do que as de poder, de força, de energia, de conexão necessária, das quais é
preciso tratar o tempo todo em todas as nossas pesquisas. Tentaremos portanto, nesta
seção, fixar, se possível, o sentido preciso desses termos e assim eliminar uma parte
dessa obscuridade que é motivo de tantas queixas nesse gênero de
Filosofia.”(COSSUTTA, 2001. p.46).
Cossutta nos alerta que Hume antecipa o movimento feito pela Filosofia
analítica anglo-saxã, no século XX, onde a análise da Linguagem nos levaria a
se livrar dos problemas obscuros da Filosofia, que não são, segundo
Wittgenstein, problemas: “A maioria das proposições e questões que se
formulam sobre temas filosóficos não são falsas, mas absurdas”(TLP 4.003).
Outros abusos de Linguagem também são notados:
“Na linguagem corrente acontece com muita frequência que uma mesma palavra
designe de maneiras diferentes - pertença, pois, a símbolos diferentes - ou que duas
palavras que designam de maneiras diferentes sejam empregadas, na mesma proposição,
superficialmente do mesmo modo. Assim, a palavra “é” aparece como cópula, como
sinal de igualdade e como expressão de existência…”(TLP 3.323)