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CLÁUDIO MARTINS NOGUEIRA
Prefácio
Luís Cláudio Rodrigues Ferreira
Apresentação
Pe. Osvaldo Gonçalves SSCC
ALCOOLISMO
E OS 12 PASSOS DO AA
Belo Horizonte
2020
© 2007 Cláudio Martins Nogueira.
© 2020 4º edição Fórum Social.
Este livro, ou parte dele, pode ser reproduzido por qualquer meio
sem autorização escrita do editor, desde que citada a fonte.
Técnica. Empenho. Zelo. Esses foram alguns dos cuidados aplicados na edição desta
obra. No entanto, podem ocorrer erros de impressão, digitação ou mesmo restar
alguma dúvida conceitual. Caso se constate algo assim, solicitamos a gentileza
de nos comunicar através do e-mail editorial@editoraforum.com.br para que
possamos esclarecer, no que couber. A sua contribuição é muito importante para
mantermos a excelência editorial. A Editora Fórum agradece a sua contribuição.
CDD 341.595
CDU 159.9
PREFÁCIO
Luís Cláudio Rodrigues Ferreira........................................................................ 13
APRESENTAÇÃO
Pe. Osvaldo Gonçalves SSCC.............................................................................. 15
ALCOOLISMO..................................................................................................... 17
1 Histórico...................................................................................................... 17
2 A substância álcool.................................................................................... 17
2.1 Processo de fermentação........................................................................... 18
2.2 Processo de destilação............................................................................... 18
3 A doença do alcoolismo............................................................................ 18
3.1 Definição...................................................................................................... 18
3.2 Fase inicial: uso “social”............................................................................ 19
A – Sinal nº 1: um prazer terrível!............................................................ 20
B – Sinal nº 2: o último a cair.................................................................... 20
C – Sinal nº 3: velozes e furiosos.............................................................. 20
Anotações....................................................................................................44
2.7 Sétimo passo: humildemente, rogamos a Ele que nos livre
de nossas imperfeições (e reforce nossas qualidades)..........................44
Exercício do sétimo passo......................................................................... 45
Anotações.................................................................................................... 45
2.8 Oitavo passo: fizemos uma relação de todas as pessoas que
tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos
a elas causados............................................................................................ 46
Exercícios do oitavo passo........................................................................ 46
Anotações.................................................................................................... 47
2.9 Nono passo: fazer reparações diretas aos danos causados
às pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo signifique
prejudicá-las ou a outrem......................................................................... 47
Exercício do nono passo............................................................................ 48
Anotações.................................................................................................... 48
2.10 Décimo passo: continuar fazendo o inventário pessoal e,
quando estamos errados, nós admitimos o erro prontamente........... 49
Exercício do décimo passo........................................................................ 49
Anotações.................................................................................................... 49
2.11 Décimo primeiro passo: procuramos, pela prece e meditação,
melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que
concebíamos, rogamos apenas o conhecimento de Sua vontade
em relação a nós e forças para realizar essa vontade........................... 50
Exercício do décimo primeiro passo....................................................... 51
Anotações.................................................................................................... 51
2.12 Décimo segundo passo: tendo experimentado um despertar
espiritual graças a estes passos, procuramos transmitir esta
mensagem aos nossos companheiros alcoólicos e praticar estes
princípios em todas as nossas atividades .............................................. 52
Exercício do décimo segundo passo....................................................... 53
Anotações....................................................................................................54
3 Conclusão.................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 59
SOBRE O AUTOR................................................................................................... 61
PREFÁCIO
1 Histórico
De todas as drogas psicoativas existentes, o álcool é a mais antiga,
já que tem-se indícios do seu uso datados de até 30 mil anos atrás.
Provavelmente, essa substância foi descoberta por acidente,
quando algum fruto foi deixado em um lugar quente, fazendo com
que seu açúcar fermentasse e gerasse álcool.
Na mitologia grega consta a existência de um “deus” oriundo de
uma “família” desequilibrada. Esse deus, chamado de Dionísio, era filho
bastardo de outro deus, que o escondeu em uma gruta de vegetação,
onde pendiam cachos de uvas. Dionísio colheu e prensou essas uvas,
bebeu do “vinho” produzido e se embriagou.
Dionísio se tornou um “deus” alcoólico, desprezado e humilhado.
Sua avó, a deusa Reia, o acolheu em seu altar e ele passou a ser o “Deus
do Prazer”; o vinho passou a ser sagrado. Na Bíblia existem várias
passagens colocando o vinho como sagrado, inclusive na eucaristia
(Santa Ceia). Apenas no século IX, os homens descobriram o processo
de destilação capaz de alcançar alto valor alcoólico nas bebidas. A partir
de então, o álcool conquistou o mundo, provocando uma verdadeira
tragédia em todas as épocas.
17
2.1 Processo de fermentação
O suco de qualquer fruta ou amido de qualquer cereal, quando
colocado ao ar livre sofre uma ação de microorganismos, que digerem
o açúcar, produzindo uma determinada quantidade de álcool (até 15%),
a partir daí é saturado. Para acelerar esse processo, coloca-se o levedo
de cerveja (fermento).
2.2 Processo de destilação
O suco fermentado (vinho), se aquecido, vai evaporar. Como o
álcool irá evaporar primeiro que a água, o vapor passará por tubos, onde
será resfriado, voltando ao estado líquido (bebida destilada até 54%).
Nesse processo para acelerar a destilação serão misturados ao “suco”
fubá azedo e o levedo de cerveja, ou mesmo animais mortos em alguns
alambiques clandestinos. O processo de aquecer e, depois, resfriar irá
destruir todas as vitaminas das frutas ou cereais, permanecendo apenas
o teor calórico do álcool.
O álcool possui algumas propriedades especificas:
1º) o organismo o considera como alimento (caloria), adaptando-
se a ele e dificultando a ingestão de outros (vitaminas, proteí
nas etc.);
2º) possui temperatura natural acima da temperatura do corpo
humano. Portanto, tende a “cozinhar” todas as células, sem
exceção;
3º) a sua molécula possui estrutura de fácil penetração nas célu
las e órgãos. Não tem barreiras para o álcool;
4º) atua diretamente no cérebro, queimando muitos neurônios.
3 A doença do alcoolismo
3.1 Definição
18
As empresas demitiam os alcoólicos e as famílias os abando
navam a própria sorte, os hospitais os rejeitavam.
Hoje, esse quadro começou a mudar, graças ao avanço da
Medicina, que provou que o alcoolismo é uma doença com algumas
características específicas, sendo considerada:
primária: porque gera outras doenças;
crônica: porque não tem cura e precisa de cuidados constantes
(como o diabetes);
progressiva: porque se instala lentamente e o seu principal
sintoma é a perda de controle sobre o uso da bebida alcoólica;
fatal: porque provoca danos físico, mental, psicológico, espiritual
e social, com consequências irreversíveis que, se não forem
detidas a tempo, poderão levar à morte.
19
Diante desses fatos, nada melhor do que tentar um diagnóstico
no início da doença. Através dele, é possível evitar o avanço da doença
com todas suas consequências maléficas. Na fase inicial, é impossível
distinguir se uma pessoa desenvolverá ou não a dependência. O má
ximo que podemos perceber são alguns sinais:
20
D – Sinal nº 4: o “deus” grego
O dependente alcoólico passa a ver a bebida como um “elixir
dos deuses”. Ele não é nada se não beber. A sua droga passa a ser sua
melhor companhia. É nessa fase que o alcoólico não vai mais a festas
que não têm bebidas e começa a fazer uso dela mesmo sozinho.
Por incrível que pareça, essa atitude começa a acontecer desde
muito cedo. Já na adolescência é possível detectar esse fato. Quem bebe
socialmente não consegue ver o álcool dessa maneira.
21
Está iniciando a doença do alcoolismo, pois o que separa um do outro
é o olhar das pessoas mais próximas de nós.
Se sua namorada, amigos, seus irmãos, pais e demais familiares
estão “pegando no seu pé” por causa da bebida, está na hora de ficar
atento.
22
K – Sinal nº 11: tem costume de beber sozinho?
Se isso já está acontecendo com você é sinal que não está mais
bebendo socialmente. Para que isso ocorra, o mínimo que precisa ter
é alguém bebendo com você. O beber sozinho nos mostra que a sua
companhia é a própria bebida e não outra pessoa.
Se isso está acontecendo com muita frequência, infelizmente você
já está entrando na fase intermediária da doença, na qual a perda de
controle começa a acontecer. Provavelmente, em eventos especiais e nos
fins de semana, você já deve estar perdendo o controle da quantidade
de bebidas consumida.
23
3.3 Fase intermediária: manifestação da doença
O uso constante do álcool obriga o organismo a se adaptar à
droga, aumentando a sua tolerância, ou seja, torna-se necessário o
aumento da quantidade da droga para se obter o mesmo efeito.
Os estados físico e emocional do usuário começam, então, a se
alterar, apresentando mudanças de comportamento, que se tornam tão
evidentes que o convívio social é afetado.
Essa fase caracteriza-se por:
a) ingestão de quantidade cada vez maior de bebida alcoólica;
b) ressaca cada vez mais frequente;
c) começam os primeiros lapsos de memória (esquecimento);
d) amigos e familiares começam a se preocupar;
e) mecanismo de defesa fica aflorado: “Paro quando quiser...”.
f) queda da produtividade (trabalho e estudos);
g) relacionamentos complicados;
h) busca de novos “amigos”;
i) isolamento da família.
24
j) destruição da família;
k) perda da capacidade de trabalho;
l) internações hospitalares e clínicas psiquiátricas;
m) coma alcoólico e morte.
4 Consequências do alcoolismo
4.1 Físicas
2º – Fígado
O fígado é considerado a “usina química” do corpo. É lá que o
organismo produz uma proteína capaz de coagular o sangue em caso
de vasos danificados. O álcool no fígado prejudica a produção dessa
substância, dificultando a coagulação. Este fenômeno provoca manchas
pretas na pele do alcoólico, ou seja, esquimoses.
É também a “usina manufatureira” do corpo. O fígado rece
be a matéria-prima dos intestinos através da corrente sanguínea.
O sangue atravessa rapidamente o fígado graças aos milhares de canais
sanguíneos existentes no seu tecido. Quando o fígado é danificado
pelo álcool, ele se fecha, formando várias cicatrizes (cirrose hepática).
O fluxo de sangue que vem do intestino não consegue passar
pelos tecidos do fígado, então vai “forçar” a passagem pelas veias do
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estômago e duodeno, que podem se romper em função do grande
volume de sangue, provocando, então, a hemorragia interna, muitas
vezes fatal.
3º) Coração
O álcool reduz o fluxo sanguíneo nas artérias coronárias, dimi
nuindo a força do músculo do coração, forçando-o a aumentar o ritmo
cardíaco para compensar o baixo fluxo de sangue (arritmia, hipertensão,
angina) podendo provocar o AVC (Acidente Vascular Cerebral ou
derrame).
26
5º – Órgãos reprodutores
O álcool inibe a produção de hormônios sexuais, dificultando a
ereção no homem e a lubrificação necessária à mulher para que tenham
uma relação sexual satisfatória.
Além de alterar o nível de hormônios sexuais, o álcool, ao atingir
o SNC (sistema nervoso central) o deprime, produzindo um sono pro
fundo que impossibilita o ato sexual.
Portanto, a impotência e a frigidez sexual são as consequências
diretas do alcoolismo.
Na gestante alcoólica, o álcool atravessa a placenta e atinge o
bebê, que pode nascer com as seguintes sequelas:
a) síndrome fetal alcoólica – a criança nasce com crises de
abstinência (tremores, alucinações, agitação etc.);
b) nascimento prematuro – com baixo peso e estrutura óssea
enfraquecida ou danificada por causa da má alimentação;
c) queima de neurônios – deficiência mental irreversível;
d) tendência alcoólica – filhos de alcoólicos têm maior proba
bilidade de se tornarem alcoólicos (quatro vezes mais).
27
Emocionalmente, quando está de ressaca o alcoólico passa por
um sentimento de culpa enorme. Promete a todos que agora vai se
controlar, que não vai beber mais etc., mas na próxima festa a história
se repete.
Milhões de famílias são destruídas por essa doença. Casais
separados, filhos espancados, mulheres violentadas e agredidas etc.
Milhares de acidentes de trabalho e de trânsito em todo o mundo.
Hospitais com metade de leitos ocupados por alcoólicos.
Grande parte dos aposentados por invalidez por causa do álcool
etc.
Em um turbilhão de problemas, cada vez mais o alcoólico vai
se distanciando do seu “Deus-vivo” e sua vida religiosa praticamente
acaba.
Um homem produtivo fica nas “mãos” do álcool, sendo um
“peso” para a sociedade. Prejuízos econômicos incalculáveis para a
família e para a sociedade.
5 Alternativa de tratamento
5.1 Alcoólicos Anônimos
Fundado nos EUA, no ano de 1935, por dois alcoólicos (Bob e
Bill), a organização Alcoólicos Anônimos fundamenta-se na troca de
experiências, na ajuda mútua entre alcoólicos, e em um programa de
recuperação que consiste nos 12 passos e nas 12 tradições.
O programa 12 passos possibilita recuperação individual,
enquanto as 12 tradições são princípios regulamentares da irmandade.
São milhares de pequenos grupos espalhados em todo o mundo, tendo
milhares de recuperandos. Porém, infelizmente, são poucos que conse
guem completar o programa, tendo em vista a grande necessidade
mundial.
5.2 Atendimento profissional
O atendimento é realizado por médicos, terapeutas e psicólogos.
Além de oneroso, especialmente para os países em desenvolvimento,
28
são utilizados pela Medicina tratamentos químicos de desintoxicação
do organismo insuficientes para alcançar a sobriedade do paciente.
Os trabalhos terapêuticos, geralmente em âmbito de atendimento
individual, não atendem à necessidade do grupo familiar, que também
precisa participar do tratamento. Portanto, não atendem à enorme
demanda da população, principalmente pelos graves problemas que
a área de saúde enfrenta atualmente.
5.4 A espiritualidade
A religião é de fundamental importância na vida do homem,
porque o ajuda a buscar valores espirituais capazes de transformá-lo,
possibilitando uma mudança de comportamento necessária, princi
palmente no caso dos alcoólicos.
As instituições religiosas trabalham com essa problemática, in
centivando o dependente e sua família a buscarem conversão espiritual.
Quando essa abordagem é aceita, o tratamento se dá de forma
mais rápida e mais consistente.
Essa alternativa é pouco procurada tanto pelos alcoólicos que
têm aversão às coisas de Deus quanto pelos seus familiares, porque
a sua prática depende de um trabalho constante, que inclui oração,
estudo da Palavra de Deus, participação em reuniões de apoio e
29
orientação familiar promovida pela instituição, além de outros trabalhos
complementares.
A conversão produzirá uma mudança na rotina e até mesmo
no comportamento familiar, surgindo, então, uma nova realidade, que
proporcionará um ambiente adequado ao tratamento do dependente
químico.
Desvantagens:
1º – o amadorismo do tratamento dificulta o processo consistente
de recuperação;
2º – o choque ambiental ao sair da fazenda origina dificuldade
de adaptação à sociedade.
30
5.6 Clínicas e hospitais psiquiátricos
Dirigidas basicamente por médicos psiquiatras, as clínicas e hos
pitais psiquiátricos utilizam medicamentos para reduzir a fissura de
usar as drogas, procurando encontrar ao longo do tratamento algum
outro distúrbio mental no dependente.
Feito esse diagnóstico, a clínica começa a medicar seu paciente
de acordo com a análise que fizer, até controlar as crises e liberá-lo
para a alta.
Vantagens:
1º – internação imediata e compulsória, que muitas vezes pode
salvar a vida de um dependente em crise;
2º – acompanhamento médico diário, viabilizando o tratamento
medicamentoso e de emergência;
3º – maior controle sobre o risco de o paciente misturar a medi
cação com as drogas.
Desvantagens:
1º – custo elevado do tratamento;
2º – não envolvimento da família no tratamento;
3º – normalmente, não trabalha questões espirituais e de dis
ciplina;
4º – internação de curto período de tempo, sendo insuficiente
para a superação de maus hábitos antigos e absorção de
novos hábitos mais saudáveis;
5º – riscos de desenvolver dependência de medicamentos.
31
32
CAMINHANDO COM
OS DOZE PASSOS DO AA
1 Histórico
No dia 4 de novembro de 1934, Bill W. recebeu um convite
de um amigo para participar do grupo evangélico pentecostal de
Oxford – Nova York.
Somente no dia 11 de dezembro de 1934, Bill W. aceitou participar
desse grupo. Bill W. começou a colocar em prática um programa de
seis etapas de recuperação de desvios de comportamento (alcoolismo,
prostituição, violência, drogas etc.). Para surpresa de todos, Bill W.
conseguiu a sobriedade com esse programa.
No mês de maio de 1935, Bill W. procurou seu amigo, o Dr. Bob,
e o convidou para participar do grupo.
Em junho de 1935, os dois amigos resolveram criar um grupo
específico só para o problema do alcoolismo, nascendo, então, os
Alcoólicos Anônimos. A data foi o último dia em que o Dr. Bob bebeu.
Somente em dezembro de 1938 (três anos depois da fundação do
AA), Bill W. escreveu o quinto capítulo do seu livro: Os doze passos do
AA. Ele ampliou as seis etapas do grupo de Oxford e mudou de etapas
para passos, no sentido de que “passos” é um eterno caminhar, diferente
da conotação do termo “etapa”, que indica um final.
Passados mais de 85 anos, os 12 passos continuam intactos, sem
modificações, e o AA ampliou seu trabalho em quase todas as partes
do mundo, formando milhares de grupos de ajuda mútua.
Além disto, grupos como JA (Jogadores Anônimos), NA (Nar
cóticos Anônimos), NA (Neuróticos Anônimos), Al-Anon e Nar-Anon
33
(grupos para familiares de dependentes) e tantos outros utilizam os
mesmos passos com algumas adaptações.
Inspirados na Bíblia Sagrada, os membros acreditam que esses
passos foram passados pelo Poder Superior amantíssimo que, sensi
bilizado com o sofrimento da humanidade com o alcoolismo, inspirou
seus idealizadores, permitindo que milhares de pessoas pudessem ser
libertadas da prisão que o álcool representa.
34
Este é o passo da humildade. Se não abrirmos mão dos nossos
pontos de vista e não reconhecermos a nossa dificuldade diante da
situação, não será possível caminhar.
Anotações
Escreva em um caderno à parte a sua conclusão sobre o seu
“problema”. Você já admitiu sua impotência diante dele? Ou continua
buscando justificativas externas para continuar convivendo com ele?
Você se coloca como portador desse problema ou procura amenizar as
situações constrangedoras pelas quais já teve que passar? Aceita que
perdeu o controle da sua vida por causa do álcool?
35
Autoavaliação do primeiro passo
36
Este passo é considerado o passo da fé.
Acreditar naquilo que não se pode ver.
É o passo da esperança, da possibilidade e da ação.
Anotações
Você acredita que existe uma força superior a você que é capaz
de ajudá-lo?
37
2.3 Terceiro passo: decidimos entregar nossa vontade e
nossa vida aos cuidados de Deus na forma em que o
concebíamos
Reforçamos a nossa fé, viemos a reacender a esperança de uma
possível solução, mas ainda estamos tentando resolver os problemas
com as nossas forças, nossas vaidades e vontades. Não deixamos de
praticar os jogos das chantagens, das preocupações sem fundamento.
Onde está o erro? A nossa falha? A resposta está neste passo.
Não decidimos ainda entregar nossa vida, a vida do nosso filho,
marido etc. aos cuidados de Deus. Ainda temos a ilusão de podermos
controlá-los utilizando os nossos artifícios humanos.
Isso se chama falta de confiança, fruto do nosso desconhecimento
sobre o Poder Superior. Portanto, precisamos aprofundar nossos
estudos, nossas orações, para que possamos perceber a constante pre
sença da proteção divina em nossas vidas. Agindo assim, ficaremos
mais confiantes e capazes de realizar a entrega total e absoluta.
O terceiro passo é o passo da confiança. Decidirmos entregar tudo
nas mãos de Deus é a grande chave para conseguirmos a serenidade e
a sobriedade que tanto buscamos.
Anotações
Existe alguém mais preparado para cuidar de você do que Deus?
Por que, então, você não entrega sua vida para Ele?
38
Autoavaliação do terceiro passo
4 – Por que não acreditar que todas as providências sobre a nossa vida
estão sendo preparadas por Deus?
39
O quarto passo é considerado, para muitos, o mais difícil. Por
que será? Talvez, por nossa cultura colocar sempre em segundo plano
a importância de nos conhecermos, dando ênfase à vida exterior, ou
seja, aos aspectos materiais.
Esse passo é o passo do autoconhecimento. Por meio dele,
teremos condições de nos vermos diante do espelho. Passamos a olhar
para nós mesmos em contraposição ao vício antigo de estar sempre
observando os defeitos alheios.
Anotações
Você realmente se conhece? Você sabe quais são seus defeitos
e qualidades?
Você acha importante se conhecer? Por quê?
40
2.5 Quinto passo: admitimos perante Deus, perante nós
mesmos e perante outro ser humano a natureza exata
de nossas falhas (e nossas qualidades)
No quarto passo, nos dedicamos ao inventário moral sobre nós
mesmos, o que vai nos dar clareza e capacidade para colocarmos este
quinto passo em prática.
Agora, temos o conhecimento de nossas falhas, de nossos de
feitos de caráter, dos aspectos negativos de nossa personalidade que
necessitam ser transformados, mas também temos conhecimento de
nossas qualidades e do nosso potencial a ser desenvolvido.
Neste passo, admitimos perante Deus a necessidade de remover
os aspectos negativos de nossa personalidade, que ficaram em evidência
no inventário moral.
Admitimos perante nós mesmos a natureza exata de nossas
falhas, possibilitando uma mudança de atitude importante no nosso
tratamento. Deixaremos os mecanismos de “desculpas” e justificativas
pelos nossos erros, bem como o defeito de sempre acusar outras pessoas,
coisas e fatos por nossos problemas e dificuldades. Enquanto estivermos
buscando justificativas para a nossa infelicidade, não conseguiremos
crescer espiritualmente, dificultando, assim, a nossa caminhada.
Admitimos perante outro ser humano as nossas falhas. Essa
atitude de humildade vai abrir uma possibilidade de aprendizado
com o próximo, contribuindo de forma incomparável para o nosso
crescimento.
Ao reconhecermos também nossas qualidades e dons, percebe
mos a capacidade que nos foi dada e que poderá ser colocada em prática
para nos ajudar e para auxiliar os demais membros da comunidade.
Este quinto passo é o passo da comunicação. Por meio dele
estabelecemos o contato com Deus, com nós mesmos e com outros
seres humanos.
41
b) Estabelecer um contato com nós mesmos, reservando sempre
alguns minutos de silêncio para refletir sobre o que é pos
sível fazer para cuidar melhor de mim mesmo. Ficar sempre
vigilante sobre a qualidade dos nossos pensamentos, senti
mentos e ações.
c) Estabelecer um contato com outro ser humano de nossa
confiança para expor nossos defeitos e qualidades. Isto pode
ser feito em um grupo de autoajuda ou individualmente.
Anotações
Como você ora? Como é o seu diálogo com Deus? Você cuida
bem de si mesmo? Isso é importante? Por quê? Procura alguém para
expor seus problemas e dificuldades?
42
2.6 Sexto passo: prontificamo-nos inteiramente a deixar
que Deus removesse todos nossos defeitos de caráter
Até o quinto passo, nós trabalhamos a humildade, a fé, a con
fiança, o autoconhecimento, a comunicação, e, se isso foi feito com
dedicação e sinceridade, percebemos que já avançamos no caminho
da nossa recuperação. Já não somos mais os mesmos. Começamos a
perceber que muitos problemas, que antes considerávamos difíceis de
resolver, hoje são considerados até banais.
Conseguimos certo grau de amadurecimento colocando em
prática os passos anteriores. Aprendemos a admitir nossos erros, a
reconhecer nossas dificuldades e a buscar um Poder Superior capaz
de nos dar forças para superar todas as nossas limitações.
Aprendemos também a conhecer nossas qualidades e o potencial
que podemos desenvolver.
No sexto passo, estamos mais conscientes de todos os aspectos
negativos que precisam ser transformados por causa do caminho já
percorrido. Essa conscientização aumenta a necessidade de aprofun
darmos a entrega da nossa vida a Deus.
Ao deixarmos que a Vontade Superior se manifeste em nossa
vida, os obstáculos que estão impedindo a nossa caminhada serão
facilmente removidos, nossas qualidades e potencialidades serão
desenvolvidas ou ampliadas, possibilitando um maior crescimento
espiritual.
O sexto passo é o passo da entrega total e absoluta ao Poder
Superior. Estamos, neste momento, prontos para que seja realizado em
nós o que for necessário, segundo a vontade de Deus.
43
Anotações
Confio em Deus o suficiente para entregar minha vida a Ele?
Ou confio desconfiando, apegado aos meus problemas esperando
outras pessoas resolvê-los?
44
Pela oração cresceremos espiritualmente, adquirindo a paz inte
rior, a serenidade e, como consequência, a nossa sobriedade.
O sétimo passo é o passo da oração. É a submissão na prática.
É o reconhecimento efetivo do Poder Superior dominando a nossa vida.
Anotações
Faço orações com frequência? Participo de alguma atividade
religiosa com amor? Ou apenas cumpro uma obrigação social? Tenho
o hábito de fazer pedidos a Deus de forma honesta e sincera? Ou deixo
sempre para “um depois” que nunca chega?
45
3 – Estamos fazendo orações de entrega a Deus pedindo a Sua inter-
ferência?
( ) Sim ( ) Não
46
Anotações
Acredito que já prejudiquei alguém? Ou acredito que sou apenas
vítima de uma sociedade cruel? Já assumi as minhas responsabilidades
diante das minhas falhas? Já procurei reparar os danos causados às
pessoas? Ou acho que isso é muito humilhante?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
47
Podemos pedir orientação ao Poder Superior para nos ajudar a
discernir o que é possível ser reparado.
O nono passo é o da responsabilidade. Nós somos responsáveis
pela nossa vida. Ninguém pode ser culpado por nossas “trapalhadas”.
Anotações
Você acredita que reparar os seus erros é importante para a
sua recuperação? Ou acha isso bobagem e que a sobriedade pode ser
conquistada sem esse esforço? Você acha muito humilhante pedir
desculpas? Você guarda mágoa de alguém? Ou você tem a capacidade
de perdoar também as falhas dos outros?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
48
2.10 Décimo passo: continuar fazendo o inventário
pessoal e, quando estamos errados, nós admitimos o
erro prontamente
Apesar de termos caminhado até o nono passo, precisamos
reforçar o nosso quarto passo (inventário pessoal). Normalmente,
quando demos o quarto passo não tínhamos maturidade suficente
para fazer nosso inventário pessoal. Agora, chegamos ao décimo passo,
evoluímos espiritualmente e temos condições melhores para fazer um
inventário pessoal mais maduro. Aliás, agora devemos admitir pronta
mente as nossas falhas e procurar corrigi-las imediatamente.
No quarto passo, às vezes, nos esquecemos daquela pessoa que
mais nos magoou, daquela por quem nós nutrimos um sentimento
de ódio insuportável. No décimo passo, devemos nos lembrar dela e
começar um processo de reconciliação com ela.
O décimo passo é o passo da revisão. Revisamos nossos passos,
revisamos nossos valores, revisamos nossas vidas e nossos relacio
namentos anteriores. Neste passo, tomamos a decisão de nos reconciliar
com todas as pessoas, sem nenhuma restrição.
Essa atitude vai provocar um alívio enorme na nossa alma,
cresceremos espiritualmente, fortalecendo a nossa convicção e a nossa
sobriedade.
Anotações
Existem pessoas por quem você alimenta um ódio tão grande
que você não admite reparar os danos causados a elas? Você não acha
que se conseguir ficar livre desse sentimento negativo você vai crescer
muito como ser humano? Por que, então, você não faz isso?
49
Autoavaliação do décimo passo
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
50
5 – participar de grupos de oração da sua igreja;
6 – participar de um grupo de ajuda mútua;
7 – participar de algum movimento voluntário.
Anotações
O que você está fazendo de concreto para melhorar o seu contato
com Deus?
Você acha isso importante? Por que, então, você não está bus
cando Deus? Por que você insiste em não ler a Bíblia? Por que você
insiste em não ir à Igreja? Por que você insiste em fazer orações correndo,
pela metade?
51
Autoavaliação do décimo primeiro passo
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
52
sóbrios e firmes diante das mudanças que realizamos com a prática
dos doze passos.
O contato frequente, por meio de reuniões nos grupos de droga
dictos, estará sempre alertando e reforçando a decisão do ex-dependente
de lutar pela sua sobriedade, na medida em que constantemente ele se
deparará com os “estragos” que as drogas provocam.
Os ex-dependentes, na ânsia de tentar recuperar o tempo per
dido, muitas vezes se dedicam apenas ao trabalho, aos estudos e ao
lazer, esquecendo-se dos grupos de apoio, da religião e da Palavra de
Deus. “Não tenho tempo...” é uma justificativa muito comum entre eles.
É comum também alguns ex-dependentes se recusarem a participar
das reuniões com os drogadictos, justificando com a afirmação de que
“é sofrer de novo ficar recordando o passado...”. Outros até discriminam
os drogadictos, esquecendo-se de que também já foram como eles.
Com o tempo, eles esquecem o seu passado, enfraquecem
espiritualmente, e, aos poucos, ou muitas vezes de forma muito rápida,
começam a ter uma vida muito parecida com a antiga, correndo o risco
de acontecer a famosa “recaída”.
Essas atitudes nos mostram apenas que a recuperação ainda não
foi concretizada, porque ainda possuem dificuldades de doarem a si
próprios para ajudar ao próximo. Eles ainda não compreenderam que
ao se doarem para esse serviço, receberão bênçãos espirituais que vão
acelerar seus processos de recuperação.
O décimo segundo passo é o passo da perseverança, da doação,
do amor, do serviço, da paciência, da solidariedade e do crescimento
espiritual, ou seja, é o passo da sobriedade.
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Anotações
Você recebeu uma dádiva de Deus. Está levando essa dádiva a
outras pessoas? Ou acha que isso é perda de tempo? Você não tem mais
paciência com seus irmãos, que estão sofrendo do mesmo mal que você
sofria? Você se acha melhor do que eles? Você não tem muito tempo
mais para participar de reuniões? Está trabalhando muito?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
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3 Conclusão
Percebe-se que os métodos de tratamentos apresentados ainda
são ineficazes diante de uma problemática tão grave.
O que fazer então? Como enfrentar o problema do alcoolismo
quando ele diretamente ou indiretamente faz parte da minha vida?
A princípio, temos que estabelecer prioridades.
1º – Reconhecer e aceitar o problema de forma imediata: “Sou
um alcoólico ou tenho alguém na família com a doença do
alcoolismo”.
2º – Buscar ajuda para si, para o dependente e para toda a família.
É preciso ter consciência de que todos necessitam de ajuda
e que devem procurar os métodos de tratamento oferecidos
pela sociedade, atentando para perceber o mais adequado
para cada fase da doença e do doente.
3º – Perceber que o problema do alcoolismo atinge muitas famí
lias e que elas precisam se apoiar mutuamente. Ao constatar
que outras pessoas convivem com as mesmas dificuldades,
procure se unir a elas em grupos de ajuda mútua, para que
a troca de experiências possa ajudar no processo de recu
peração.
4º – Estar aberto ao trabalho voluntário. Isso significa apresentar
ideias, sugestões e estar disponível para contribuir com o
próprio trabalho nas atividades da instituição que estiver
lhe oferecendo ajuda, a qual também precisa de voluntários
para ampliar o trabalho, tendo em vista a grande demanda.
5º – Mostrar que você pode contribuir com um mundo melhor.
Ao participar ativamente da sua associação do bairro, da
igreja, da política, de grupos de ajuda mútua e outros, você
estará ajudando a conscientizar a sociedade sobre a neces
sidade de se fazer algo para salvar as crianças, adolescentes,
jovens e adultos das garras do alcoolismo e outras drogas.
Mostre que você pode fazer algo!
Ao analisarmos essas prioridades percebemos que o processo de
recuperação de um dependente de droga é muito mais do que parar
de usar drogas. Ele consiste em um processo de reforma de vida, de
conceitos e de costumes.
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Também notamos que o dependente deverá ter muita paciência,
perseverança e determinação para conseguir caminhar por cada um dos
passos indicados. Porém, os frutos que nascerão da dedicação farão com
que o esforço valha a pena, pois, além de parar de usar drogas, ele terá
a oportunidade de corrigir os seus defeitos de caráter, melhorando o
relacionamento com seus familiares e demais pessoas.
Os 12 passos ainda vão proporcionar um crescimento espiritual
importante, sendo, na verdade, um programa de conversão espiritual
capaz de construir um novo homem.
Normalmente, quando é lançado algum produto novo no
mercado as pessoas ficam apreensivas se esse produto funciona ou
não. No caso dos doze passos do AA, não é um “produto” novo. Há
quase 70 anos eles estão salvando vidas, e, com certeza, poderão salvar
também a sua, depende exclusivamente de você.
Podemos concluir após a leitura desta cartilha que não é possível
realizar os doze passos sozinhos. Precisamos dos nossos semelhantes
para que possamos trocar experiências e nos fortalecer como grupo e
individualmente.
Que Deus possa nos dar forças suficientes para dar os doze
passos e que, juntos, possamos conquistar a nossa serenidade e a nossa
verdadeira liberdade.
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Deixamos aqui mais algumas dicas para os leitores.
1 – Leia os livros do mesmo autor: O outro lado da droga e Prepa
rando seus filhos para a vida.
2 – Visite e assine o nosso canal do YouTube: Criart Vida: O Canal
da Sobriedade
3 – Visite o nosso site: jornalcriartvida.com.br
4 – Contato com o autor:
projetocriar@yahoo.com.br / (31) 4109-1192 / (31) 99206-2492
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REFERÊNCIAS
LAZO, Donald M. Alcoolismo, o que você precisa saber. São Paulo: Paulinas,
1989.
MURAD, José Elias. Drogas, o que é preciso saber. São Paulo: Editora
Formato, 1990.
RAHM, Haroldo. Doze passos para os cristãos. São Paulo: Loyola, 2009.
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SOBRE O AUTOR
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Esta obra foi composta em fonte Palatino Linotype, corpo 10
e impressa em papel Offset 75g (miolo) e Supremo 250g (capa)
pela Laser Plus Gráfica, em Belo Horizonte/MG.
Esta cartilha procura, de maneira simples e objetiva, discorrer CLÁUDIO MARTINS NOGUEIRA
sobre a “doença” do alcoolismo. Os temas da substância álcool,
dos primeiros sinais do problema, das consequências físicas,
emocionais, sociais, econômicas e espirituais do consumo
abusivo de bebidas alcoólicas são descritos em uma lin-
guagem voltada para o leigo. Há também informações sobre
os possíveis tratamentos e uma síntese dos doze passos dos
Alcoólicos Anônimos (AA).
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0800 704 3737