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IFES – VITÓRIA – MESTRADO EM ENGENHARIA METALÚRGICA E DE

MATERIAIS
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS
PROF. DR. ANDRE G. S. GALDINO
AVALIAÇÃO 1
ROGÉRIO FÁBIO SUAVE
RESPOSTAS

1- Um espectro de difração de raios X de um elemento com


estrutura cristalina tanto CCC como CFC apresenta picos de
difração para os seguintes valores de ângulo de difração:
38,60°, 55,71°, 69,70°, 2,55°, 95,00° e 107,67°. O comprimento
de onda  da radiação incidente foi 0,15405 nm.
a) Determine a estrutura cristalina do elemento;
Θ1=38,60 ; Θ2=55,71 ; Θ3= 69,70; Θ4=2,55; Θ5=95,00 ;
Θ6=107,67
Logo:
2Θ1=38,60 ; 2Θ2=55,71 ; 2Θ3= 69,70; 2Θ4=2,55; 2Θ5=95,00 ;
2Θ6=107,67
Portanto:
Sen2 Θ1/ Sen2 Θ2 = Sen2 (38,6/2)/ Sen2 (55,71/2) = 0,109/0,218 =
0,50
Desta forma, como o Fator de Empacotamento da estrutura CFC
= 0,74 ;
Deduz-se que a estrutura é CCC, pois 0,5 ‹ 0,74

b) Determine o parâmetro de rede do elemento;

Como foi dado:  = 0,15405 ; n= 1


Assim:


a = 2 . n. √(h(2) +k 2+l 2 )/(〖 sen 〗2 θ)
2

a = 0,33nm

c) Identifique o elemento em questão.

Sendo a = 0,33:
a .√ 3 0,33. √ 3
2 2
r= ; Logo: r = ; Ou seja: r = 0,143 nm
4 4

Desta forma, pode-se afirmar que o elemento é o Nióbio (Nb),


pois sua estrutura é CCC e raio atômico r equivale a 0,143 nm,
conforme tabelado na página 25 de Callister – “Ciência e
Engenharia dos Materiais” – 9ª Edição.

2- Usando os valores da Tabela 1 abaixo, determine a extensão


de solubilidade relativa, no estado sólido, dos seguintes
elementos no alumínio:
a) Cobre
b) Manganês
c) Magnésio
d) Zinco
e) Silício
Use a seguinte escala:
muito alta, 70-100%; alta, 30-70%; moderada, 10-30%; baixa,
1-10%; e muito baixa, < 1%.

Resolvendo:
Elemento R.Atôm. Est. Crist. Eletronegatividade Valência Sol.
0,122 a Igual Relativa
0,164
Cu Ok SIM Ok Ok Muito
Alta
Mn Menor Não Ok Ok Alta
Mg Ok Não Ok Ok Muito
Alta
Zn Ok Não Ok Ok Muito
Alta
Si Menor Não Ok Ok Alta

3- Qual é a composição, em porcentagem atômica, de uma liga


que contém 33 g de cobre e 47 g de zinco? Dados: ACu =
63,55 g/mol; AZn = 65,41 g/mol.
%Zn = (47/80) . 100 = 58,8
%Cu = (33/80) . 100 = 41,2
C Zn = (58,8 . 63,55) / ((58,8 . 63,55) + (41,2 . 65,41))
C Zn = 3.736,74 / (3.736,74 + 2.694,89) = 3.736,74 / 6.431,63
C Zn = 58,1% a
Logo: C Cu = 100 – 58,1
C Cu = 41,9% a

4- Para as figuras dadas, determinando:

a) Os índices para as direções cristalográficas a, b, c e d.


Temos que em a): [ ¯1 1 0]
x y z
F 0 1 1
I 1 0 1
-1 1 0

Temos que em b): [ 4¯4 1 ]


x y z
F 1 0 ½
I 0 1 ¼
1 -1 1/4 X4
4 -4 1

Temos que em c): [ ¯1 6 6]


x y z
F 1/3 1 1
I 1/2 0 0
-1/6 1 1 X6
-1 6 6

Temos que em d): [4 2 4]


x y z
F 1 3/4 1
I 0 ¼ 0
1 2/4 1 X4
4 2 4

b) Os índices de Miller para os planos cristalográficos a, b, c


e d.

Temos que em a): (0 3 4)


x y z
Interceções ∞ 1 3/4
Valores h, 1/∞ 1/1 4/3 X3
kel
Resultado 0 3 4

Temos que em b): (3 4 3)

x y z
Interceções 1 3/4 1
Valores h, 1/1 4/3 1/1 X3
kel
Resultado 3 4 3

Temos que em c): ( 0 2 ¯3 )


x y z
Interceções ∞ 1 -2/3
Valores h, 1/∞ 1/1 -3/2 X2
kel
Resultado 0 2 -3

Temos que em d): (2 2 3)

x y z
Interceções 1 1 2/3
Valores h, 1/1 1/1 3/2 X2
kel
Resultado 2 2 3

5- Como a anisotropia e as discordâncias se correlacionam com


as características dos produtos fabricados pelos processos
de fabricação que envolvem conformação mecânica
(laminação, forjamento, extrusão, trefilação, estampagem)?
Justifique sua resposta.
De acordo com Callister (2016), as propriedades físicas dos monocristais de
algumas substâncias dependem da direção cristalográfica na qual as medições
são feitas. Por exemplo, o módulo de elasticidade, a condutividade elétrica e o
índice de refração podem ter valores diferentes nas direções [100] e [111].
Ainda conforme Callister (2016), essa direcionalidade das propriedades é
denominada anisotropia e está associada à variação do espaçamento atômico
ou iônico em função da direção cristalográfica.
Logo, o grau de anisotropia aumenta com a diminuição da simetria estrutural
(discordâncias), facilitando o deslizamento dos átomos, o que ocorre
caracteristicamente nos processos de Laminação, Forjamento, Extrusão,
Trefilação e Estampagem.
6- É mais fácil para a rede do ferro encaixar átomos de carbono
em temperaturas ligeiramente superiores a 912°C do que em
temperaturas ligeiramente mais baixas. Por que isso
acontece?

Isto ocorre devido ao polimorfismo do Ferro, que passa da


estrutura CCC para a CFC acima de 912ºC, aumentando a
solubilidade dos átomos de Carbono no Ferro. É a polimorfia
ocorrendo, devido à elevação de temperatura. O fator de
empacotamento altera de 0,68 (CCC) para 0,74 (CFC),
acomodando melhor os átomos de carbono.

7- Determine os sistemas de deslizamento das redes cúbicas de


face centrada (CFC) e de corpo centrado (CCC). De que forma
esses sistemas de deslizamento influenciam em um processo de
conformação mecânica?

A rede Cúbica de Corpo Centrado (CCC) não tem planos tão


compactos como na rede CFC, mas tem uma direção compacta, que
influencia no cisalhamento ou deslizamento. Considerando-se a
família de seis planos (110) com duas direções compactas (111) em
cada, pode-se dizer que o cristal cúbico de corpo centrado tem 12
sistemas de deslizamento (ou cisalhamento).
Os sistemas de deslizamento podem ser para a rede CCC: (111) ;
(110) , (111); (112) e (111);(123).
Na rede CFC, o sistema de deslizamento é o (110);(111).
Desta forma, pode-se deduzir que na rede CCC existe maior
facilidade para se obter o cisalhamento ou deslizamento.

8-Utilizando os conceitos desenvolvidos em sala de aula sobre a


parte de imperfeições nos sólidos (Cap. 4, Callister Jr., 2008),
comente sobre a fabricação da foice de ouro (possibilidades de
fabricação, forma de utilização, tipos de imperfeições, etc.):

O Ouro (Au) é um material metálico cuja estrutura cristalina é CFC e


possui temperatura de fusão de 1064 ºC.
Desta forma, considerando a possibilidade de fabricação em ouro
puro, os processos de fabricação mais aplicados seriam a Fundição,
a Estampagem ou o Forjamento, observando que o Ouro possui fator
de empacotamento de 0,74, portanto maior que os metais de
estrutura CCC, que têm fator de empacotamento 0,68.
Sobre a forma de utilização e embora o Ouro seja um material nobre,
o que certamente inviabilizaria utilizar tal material para corte, a
estrutura CFC confere maior dureza ao material, o que não seria
possível em caso da utilização de um material de estrutura CCC,
onde haveria maior deslizamento/cisalhamento dos átomos.
Sobre os tipos de imperfeições, é possível que ocorram Defeitos
Pontuais do tipo Lacuna. Já o defeito Intersticial não é muito
provável, pois ocorre quando um átomo surge pressionado por
outros. Como se trata de um metal puro, não é crível que ocorram
defeitos do tipo Impurezas, do tipo Substitucional ou Intersticial.
Entre os tipos de imperfeições, podem surgir ainda Discordâncias em
Cunha, Helicoidal ou Mista, oriundas da solidificação, deformação
plástica ou pelo resfriamento rápido.
Entre os defeitos interfaciais, estão as Superfícies Externas, que não
ocorrem em materiais sólidos, e portanto não na foice. Já os
Contornos de Grão também não ocorreriam, pois ocorrem em
materiais policristlinos. Os Contornos de Fase ocorrem apenas em
materiais multiface, que não é o caso do ouro.
Já o Contorno de Macla pode ocorrer, pois aparecem nas estruturas
CFC (caso do Ouro), do tipo maclas de recozimento.
Finalizando, podem surgir Defeitos Volumétricos ou de Massa, como
Poros, Trincas e Inclusões Exógenas, introduzidos pelos processos
de Fabricação.

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