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Fatec Sorocaba

Prof. Marcos Dorigão Manfrinato


Definição

• É o fenômeno de transporte de material através do


movimento dos átomos.
• Muitas reações e processos que são importantes no
tratamento de materiais dependem da transferência
de massa, seja no interior de um sólido específico
(geralmente em um nível microscópico) ou a partir
de um líquido, gás ou outra fase sólida
ALGUMAS APLICAÇÕES:

• Filtros para purificação de gases

• Homogeneização de ligas com segregação

• Modificação superficial de peças

• Dopagem de semicondutores

• Sinterização
Figure is the surface of the poorly carburized 8620 mold (images sent
before) showing decarburization at the surface (note patches of ferrite and
pearlite); below this zone is where the grain boundary carbides are seen,
mag. Bar is 20 um (500x);
Carbide network material - 20
MnCr5 processed in a pit type
gas carburizing furnace .
Etchant - picral
Case depth 1.2 mm

Etchant Nital
Mag 200x
Martensite matrix with
coarse carbide network at
skin. Quench crack seen
along the grain boundary
Interdifusão – átomos de um metal difundem
para o interior de um outro
Autodifusão
• A difusão também ocorre nos metais puros, porém nesse caso todos os
átomos que estão mudando de posição são do mesmo tipo, não estando
sujeita à observação pelo acompanhamento de mudança na composição.

• Inicialmente Após certo tempo

C
C

A D
A
D
B
B
Mecanismos da Difusão
• É a migração em etapas dos átomos de um sítio para outro sítio do
reticulado cristalino
• Duas condições devem ser atendidas:

• 1-Deve existir um sítio adjacente vazio.


• 2-O átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações que o une à
seus átomos vizinhos, e causar alguma distorção na rede cristalina durante o
deslocamento.
• Energia é de natureza vibracional
Efeito da Temperatura
• A uma temperatura específica uma pequena fração do
número total de átomos é capaz de realizar movimentos por
difusão em virtude de suas energias vibracionais.
• Essa fração de átomos aumenta com o aumento da
temperatura, pois aumentam suas energias vibracionais.
• Além disso o número de vazios aumenta com a temperatura
segundo a relação
Mecanismos de Difusão em Metais
• DIFUSÃO POR LACUNA (ou
substitucional) :Envolve o
deslocamento de um átomo de uma
posição normal na rede cristalina para
um sítio vago do reticulado. Em
temperaturas altas maior o número de
lacunas o que aumenta a velocidade de
difusão..Átomos se deslocam em uma
direção e lacunas se deslocam no
sentido oposto.
• DIFUSÃO INTERSTICIAL:
Átomos que Migram de uma posição
intersticial para uma outra que esteja
vazia. Associada normalmente à átomos
pequenos como hidrogênio, carbono,
oxigênio e nitrogênio que possuem
tamanho suficiente para se encaixarem
nas posições intersticiais.
Difusão no estado estacionário
• A difusão é um processo que depende do tempo. A quantidade de um elemento que
é transportado no interior de outro elemento é uma função do tempo. Essa taxa é
expressa em:

• FLUXO DE DIFUSÃO (J):

• Onde M é a massa ou o número de átomos, que está se difundindo através e


perpendicularmente uma área reta A em um tempo t .
• Em formato diferencial:
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tempo
O fluxo durante a difusão é definido

uma unidade de área por unidade de


pelo número de átomos passando por
• As unidades para J são Kg ou átomos por m quadrado por seg.
• Se o fluxo difusivo não variar com o tempo temos a condição de
estacionário.
• Ex. Difusão de um gás através de uma placa metálica onde as pressões
(concentrações) dos gases em ambos os lados da placa são mantidos
constantes.
• Nessa condição o perfil de concentração é linear logo:

• Primeira lei de Fick:

• Onde D é o coeficiente de difusão expresso m2 / s. O sinal negativo indica


que a direção de difusão é contrária ao gradiente.
Exemplo de estado estacionário:
Uma placa de ferro é exposta a uma atmosfera carbonetante de um
de seus lados e uma atmosfera descarbonetante do lado oposto a
700ºC . Se uma condição de estado estacionário é atingida, calcule
o fluxo de carbono através da placa, sabendo que os
concentrações de carbono nas posições a 5mm e a 10mm abaixo
da superfície carbonetante são de 1,2 e 0,8Kg/m3 respectivamente.
Suponha um coeficiente de difusão de 3x10-11m2/ s .
Solução:
Difusão em estado NÃO estacionário
• A maioria das situações práticas Se o coeficiente de difusão é
envolvendo difusão, ocorre em independente da composição e portanto
condições de estado não estacionário. da posição x (o que deve ser verificado
• Ou seja, o fluxo de difusão e o para cada caso específico) ai a equação
gradiente de concentração em um anterior fica:
ponto específico no interior de um
sólido, variam ao longo do tempo.
• A fig. Ao lado mostra o perfil de Conhecendo as condições de contorno é
concentração em 3 momentos possível obter-se soluções para essa
diferentes do processo de difusão. Para expressão (concentração em termos
esses casos deve-se usar a equação tanto da posição quanto do tempo)
diferencial parcial,

• Conhecida por segunda lei de Fick.


• Essas condições de contorno são
representadas pelas expressões:
• Uma solução importante na prática é aquela
para um sólido semi-infinito, em que a
concentração na superfície é mantida constante
(fonte da espécie difusível é uma fase gasosa)
• Além disso as seguintes hipóteses são • As aplicações das condições de contorno
adotadas: acima na segunda lei de Fick fornece a
• 1- Antes do início da difusão os átomos do solução:
soluto em difusão que estejam presentes no
material estão uniformemente distribuídos
mantendo uma concentração Co .
• 2- O valor de x na superfície é zero e aumenta
com a distância para dentro do sólido.
• Onde Cx fornece a concentração em uma
• 3- O tempo zero é tomado como sendo o profundidade x após decorrido um tempo t .
instante imediatamente anterior ao início do
processo de difusão. • O termo a direita é a função erro de Gauss
cujos valores são dados em tabelas
matemáticas. Uma lista parcial aparece no
próximo slide
• A solução para a segunda lei de Fick demonstra a relação que existe entre a
concentração, posição e o tempo, qual seja que Cx, sendo uma função do
parâmetro adimensional pode ser determinado em qualquer tempo e em
qualquer posição, bastando para tanto que os parâmetros Co, Cs e D sejam
conhecidos. Dessa forma, se vamos dobrar a profundidade de penetração, o
tempo de difusão deve ser quatro vezes maior. Se “D” for dobrado o tempo
necessário para se atingir a mesma concentração na mesma profundidade, cairá a
metade.
• Suponha que se deseje atingir uma determinada concentração de soluto C1 em
uma liga, o lado esquerdo da equação se torna então:
• Logo o lado direito da equação também é uma constante, logo
EXEMPLO:
Em um processo de cementação em um aço com 0.25 % de carbono a
950ºC com uma concentração de carbono na superfície externa de 1.2% ,
qual deve ser o tempo de cementação para atingir um teor de carbono de
0.8% na posição de 0.5 mm abaixo da superfície? O coeficiente de difusão
do carbono no ferro nessa temperatura é de 1,6x10-11m2/s

Solução: Problema de difusão no estado não estacionário sendo a


composição da superfície mantida constante . As condições de contorno
do problema são as seguintes:
Necessitamos determinar agora o valor de z cuja função erro é 0.4210. Deve-se
usar uma interpolação:
PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5

% % % % % % % % %
% MASSA
ATÔMICA MASSA ATOMICA MASSA ATOMICA MASSA ATOMICA ATOMICA MASSA

N 58,28 26,83 64,07 29,5 33,28 12,21 1,69 0,44 0,00 0,00
C 0,09 0,03 0,06 0,02 0,07 0,02 0,08 0,03 0,09 0,03
69,1
Fe 27,79 51,00 35,13 64,55 44,38 60,31 67,01 68,7 68,46
0
19,2
Cr 8,55 14,60 9,26 15,84 13,96 17,66 20,11 19,2 20,44
1
Ni 3,11 6,01 2,82 5,44 4,91 7,01 7,28 7,85 7,63 8,10
Mo 0,05 0,15 0,13 0,40 0,31 0,72 0,49 0,87 0,67 1,16
Si 0,44 0,41 0,31 0,29 0,88 0,6 1,09 1,09 0,71 0,66
Mn 0,88 1,58 0,93 1,67 1,63 2,18 2,32 2,34 2,09 2,07
EXEMPLO:
O coeficiente de difusão do cobre no alumínio a 500ºC e 600ºC são
respectivamente 4,8x10-14 e 5,3x10-13 m2/s . Determine o tempo aproximado a
500ºC que produzirá o mesmo resultado de difusão em termos de
concentração de cobre em um ponto específico no alumínio equivalente a
10h de tratamento térmico a 600ºC.
Solução: Na mesma posição teremos a mesma concentração de cobre logo x
é constante assim:
Fatores que influenciam a difusão: A magnitude do coeficiente de
difusão é indicativo da taxa na qual os átomos difundem
Espécies em difusão: Valores de D estão listados na tabela abaixo para
interdifusão e auto difusão:
Fatores de influência
• Tanto os átomos que difundem como • Do = constante pré-exponencial
os átomos do hospedeiro influenciam
independente da temperatura.(m2/s)
no coeficiente de difusão. No Fe
C.C.C. o carbono tem maior D • Qd = Energia de ativação para
(2,4x10-12 m2/s) que o próprio ferro difusão J/mol ou eV/atom .
(3x10-21.m2/s) Isso mostra que a
difusão via vazios é mais lenta que a • R= constante dos gases 8,31 J/mol K
difusão via intersticial. ou 8,62x10-5 eV/atomo K

• A temperatura é o parâmetro que mais • T = temperatura absoluta


influencia o coeficiente e a taxa de • A energia de ativação pode ser
difusão. Por ex. a difusão de Fe em pensada como a energia necessária
ferro C.C.C. o coef. De difusão para produzir a difusão de um mol de
aumenta em 6 ordem de magnitude átomos. Logo uma energia de ativação
de 500 para 900ºC (de 3 x 10 -21 para elevada resulta em um pequeno
1.8 x 10-15 m2/s ) coeficiente de difusão.
EFEITO DA TEMPERATURA – ATIVAÇÃO TÉRMICA

onde: Do, uma constante (m2/s);


Qd energia de ativação paradifusão (J/mol);
R constante universal dos gases (8,31 J/mol.K);
T temperatura absoluta (K).
• Fazendo o log natural da equação
do slide anterior fica:

• Em termos de logaritmo na base 10

• Sendo Do Qd e R constantes. A eq.


Acima é uma eq de uma reta onde y
e x são respectivamente D e 1/T e
o coeficiente linear é log Do e o
angular é
• -Qd/2.3R. Essa é a forma
experimental de determinação dos
valores de Do e de Qd
Outros caminhos de difusão
• Migração atômica pode ocorrer também ao longo de
discordâncias, contornos de grão, ou superfície externa,
(caminhos de difusão em curto circuito) sendo a difusão
muito mais rápida que no interior do metal. No entanto, na
maioria das situações a contribuição da difusão associada a
esses caminhos são insignificantes pela seção transversal
desses caminhos ser extremamente pequena.
Para algumas aplicações, é necessário endurecer a superfície
de um aço (ou liga ferro-carbono) a níveis superiores aos do
seu interior. Uma maneira de se conseguir isso é aumentando
a concentração de carbono na superfície, através de um
processo denominado carbonetação. A peça de aço é
exposta, em uma temperatura elevada, a uma atmosfera rica
em um hidro-carboneto gasoso, tal como o metano (CH4).
Considerando uma dessas ligas contendo uma concentração
inicial uniforme de carbono de 0,25% (aço baixo carbono
SAE 1020), que deve ser tratada a 950°C. Se a concentração
de carbono na superfície for repentinamente elevada e
mantida em 1,3%, quanto tempo será necessário para atingir
um teor de carbono de 0,76% em uma posição a 0,5mm
abaixo da superfície? O coeficiente de difusão do carbono no
ferro nessa temperatura é de 1,6x10-11m2/s
Em um processo de cementação sólida de uma peça
de aço SAE 8620, 0,20%C, o forno foi colocado a
uma temperatura de 980ºC com uma concentração
de carbono na superfície externa da peça é de
2,3%C. Qual deve ser o tempo de cementação para
atingir um teor de carbono de 1,2% na posição de
0.5 mm abaixo da superfície?
Sabe-se que o coeficiente de difusão do carbono no
ferro nessa temperatura é de 1,6x10-11m2/s
Em um processo de cementação sólida de uma peça
de aço SAE 8620, 0,20%C, o forno foi colocado a
uma temperatura de 980ºC com uma concentração
de carbono na superfície externa da peça é de
2,3%C. A peça foi deixada no forno por 9 horas e
qual deve ser a concentração de carbono a 1mm
abaixo da superfície?
Sabe-se que o coeficiente de difusão do carbono no
ferro nessa temperatura é de 1,6x10-11m2/s

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